Baird Spalding - Vida e Ensinamentos Dos Mestres Do Extremo Oriente

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Baird Spalding - Vida e Ensinamentos Dos Mestres Do Extremo Oriente

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  • Baird T. Spalding, cujo nome se tornou lenda nos crculos metafsicos e da verdade na primeira metade do sculo XX, desempenhou papel importante na apresentao, ao mundo ocidental, do conhecimento de que existem Mestres, ou Irmos Mais Velhos, que esto ajudando e guiando o destino da humanidade. O sem-nmero de cartas chegando no correr dos anos, de todas as partes do mundo, testemunho da tremenda ajuda recebida atravs da mensagem contida nestes livros.

    NOTA DA EDIO ORIGINAL

    Tanto o sr. Spalding quanto o sr. DeVorss (que conheceu o sr. Spalding pessoalmente) faleceram na dcada de 50. As pessoas associadas ao sr. Spalding nessa excurso tambm faleceram. No temos, portanto, contato algum com algum que tivesse conhecimento de primeira mo com o trabalho, e os prprios livros so agora a nica fonte de informao. Pelo que nos consta, no existe nenhum mapa disponvel da excurso, e no temos notcia de nenhuma fotografia. Tentamos, em vrias ocasies, localizar registros adicionais, bem como informaes fotogrficas, mas em vo. Lamentamos sinceramente no ter informaes adicionais para oferecer.

    DeVorss & Company

    VOLUME I

    Download realizado do site http://web.1asphost.com/arplivros

  • INTRODUO

    Ao apresentar Vida e Ensinamentos dos Mestres do Extremo Oriente desejo declarar que fiz parte de um grupo de pesquisa, composto de onze pessoas, que visitou o Extremo Oriente em 1894.

    Durante nossa estada - trs anos e meio - estabelecemos contato com os Grandes Mestres dos Himalaias, que nos ajudaram na traduo dos registros, o que foi de grande ajuda no nosso trabalho de pesquisa. Eles permitiram que entrssemos em suas vidas intimamente e assim pudemos assistir operao real da grande Lei tal como era demonstrada por eles. Chamamo-lhes Mestres, mas esse apenas o nome que lhes damos. Quem vive a vida aqui descrita faz jus reverncia e considerao que se devem a um Mestre.

    Registros e manuscritos - nossas verdadeiras experincias com os Mestres - foram preservados. Pessoalmente, naquela ocasio, eu pensava que o mundo no estava preparado para essa mensagem. Membro independente do grupo de pesquisa, estou agora publicando minhas notas sob o ttulo de lida e Ensinamentos dos Mestres do Extremo Oriente com a idia de que o leitor pode aceit-las ou rejeit-las, como bem entender.

    O livro, que ser seguido de outros da srie Sun, narra o primeiro ano de experincia da expedio em relao aos Mestres. Inclui os ensinamentos deles, taquigrafados por ns, na ocasio, com a devida permisso e aprovao.

    Os Mestres admitem que Buda representa o Caminho da Iluminao, mas afirmam claramente que Cristo a Iluminao, a saber, um estado de conscincia que todos estamos procurando - a luz de Cristo de cada indivduo; portanto, a luz de toda criana nascida neste mundo.

    (assinado) Baird T. Spalding

    CAPTULO 1

    H tanta coisa que anda sendo impressa no momento a respeito dos assuntos espirituais e tamanho o despertar e a busca da verdade relativa aos grandes mestres do mundo, que sou levado a colocar diante dos leitores minha experincia com os Mestres do Extremo Oriente.

    Neste livro no tenciono fazer exposio de um novo culto ou religio; limito-me a compendiar minha experincia com os Mestres, em que intento mostrar as grandes verdades fundamentais dos seus ensinamentos.

    Esses Mestres esto espalhados por um vasto territrio e, visto que nossa pesquisa metafsica abrangeu uma extensa poro da ndia, do Tibete, da China e da Prsia, no fiz tentativa alguma para autenticar essas experincias.

    Havia onze homens treinados, prtica e cientificamente, em nosso grupo. A maior parte de nossas vidas fora gasta em trabalhos de pesquisa. Acostumados a no aceitar coisa alguma que no tivesse sido plenamente verificada, nunca pressupnhamos nada. Samos totalmente cticos e regressamos completamente convencidos e convertidos, de tal modo que trs dos nossos voltaram para l, resolvidos a ficar at serem capazes de realizar as obras e viver a vida que os Mestres vivem hoje.

    Os que to grandemente nos assistiram no nosso trabalho pediram que seus nomes fossem omitidos no caso de publicarmos as notas relativas expedio. No relatarei nada alm dos fatos tais como aconteceram, usando, sempre que possvel, as prprias palavras e expresses das pessoas que conheci e com as quais mantive contato dirio durante a expedio.

    Uma das condies do acordo que celebramos antes de encetar o trabalho foi que deveramos, por princpio, aceitar como fatos tudo o que testemunhssemos, e no exigir explicaes enquanto no tivssemos iniciado o trabalho para valer, tomado suas lies, vivido e observado suas vidas cotidianas.

  • Cumpria-nos acompanhar os Mestres, viver-lhes a vida e decidir por ns mesmos. Tnhamos liberdade para estar com eles quando quisssemos, fazer as perguntas que desejssemos, utilizar nossas prprias dedues para obter resultados e, finalmente, aceitar o que vamos como fato ou fraude. No foi feito nenhum esforo, em momento algum, para influir sobre o nosso julgamento. Eles queriam que estivssemos cabalmente convencidos antes de dar crdito ao que vssemos ou ouvssemos. Por conseguinte, colocarei estes acontecimentos diante dos leitores e lhes pedirei que os aceitem ou rejeitem como lhes aprouver.

    J estvamos na ndia h cerca de dois anos, realizando um trabalho rotineiro e comum de pesquisa, quando travei relaes com o Mestre conhecido nestes escritos como Emil. Enquanto eu caminhava por uma rua na cidade em que estvamos na ocasio, minha ateno foi atrada por uma multido. Vi que o centro de interesse era um mgico de rua, ou faquir,

  • figura comunssima nesse pas. Enquanto eu estava ali parado, observei ao meu lado um homem de certa idade, que no era da mesma casta dos que o rodeavam. Ele olhou para mira e indagou se fazia muito tempo que eu estava na ndia. Repliquei: "Uns dois anos, mais ou menos." Ele voltou a perguntar: "O senhor ingls?" Respondi: "Americano."

    Fiquei surpreso e muitssimo interessado por encontrar algum que falasse ingls. Perguntei-lhe o que achava do espetculo que se desenrolava diante de ns. E ele respondeu-me:

    " uma ocorrncia comum na ndia. Essas pessoas so os faquires, mgicos e hipnotizadores. So tudo o que o nome quer dizer; mas, debaixo de tudo, existe um sentido espiritual mais profundo, que poucos discernem e do qual, algum dia, sair alguma coisa boa. Trata-se apenas da sombra daquilo de que brotou. J causou uma infinidade de comentrios, e esses comentrios sobre o assunto parecem nunca ter atinado com o verdadeiro significado, pois h, sem dvida, uma verdade debaixo de tudo isso."

    A essa altura nos despedimos um do outro e no correr dos quatro meses seguintes s o vi ocasionalmente. Nossa expedio teve de enfrentar um problema que nos deu muito trabalho. No meio de nossas preocupaes, voltei a encontrar-me com Emil. Ele me perguntou imediatamente o que me estava apoquentando e ps-se a falar acerca do nosso problema.

    Admirei-me disso, pois tinha a impresso de que ningum do nosso grupo fizera meno do caso, fora do nosso pequeno crculo. Sua familiaridade com a situao era tamanha que ele estava a par de todo o assunto. Emil explicou que, tendo certa notcia a respeito do caso, tentaria ajudar.

    Dali a um ou dois dias, o caso foi deslindado, deixando-nos sem nenhum problema. Ficamos admirados mas, como tivssemos outras coisas com que nos ocupar, logo nos esquecemos do fato.

    medida que outros problemas comearam a surgir, tornou-se um hbito meu conversar sobre eles com Emil. Parecia-me que assim que eu discutia com ele meus problemas, estes deixavam de existir.

    Meus companheiros tinham conhecido Emil e conversado com ele, mas eu lhes dissera pouca coisa a seu respeito. Por esse tempo, eu j lera alguns livros escolhidos por Emil sobre o saber hindu, e estava plenamente convencido de que ele era um dos adeptos. Minha curiosidade fora vivamente despertada e eu estava ficando cada dia mais interessado.

    Num domingo tarde, Emil e eu caminhvamos por um prado quando ele me chamou a ateno para uma pomba que voava em crculos por cima de ns e observei que a ave estava sua procura. Emil se quedou perfeitamente imvel e, dali a poucos momentos, a pomba pousou-lhe no brao estendido. Ele disse que o pssaro trazia uma mensagem de seu irmo no Norte, que se verificou ser um companheiro de trabalho que no lograra dominar o modo de comunicar-se diretamente, de sorte que se valera desse meio. Descobrimos mais tarde que os Mestres so capazes de comunicar-se entre eles instantaneamente pela transferncia de pensamento ou, como lhe chamam, por uma fora muito mais sutil do que a eletricidade ou o rdio.

    Pus-me, ento, a fazer perguntas, e Emil se mostrou capaz de chamar os pssaros a si e dirigir-lhes o vo enquanto estavam no ar; mostrou que as flores e rvores acenavam para ele; que os animais selvagens o buscavam sem medo. Separou dois chacais que brigavam sobre o corpo de um animal menor, morto por eles, e do qual se alimentavam. Quando ele se avizinhou, pararam de brigar e puseram a cabea em suas mos estendidas, num movimento de perfeita confiana, e voltaram a comer sossegados. Ele at me deu uma daquelas jovens criaturas do mato para que eu a segurasse na mo. Em seguida, disse-me:

    ,,No o eu mortal, o eu que o senhor v, que faz essas coisas. E um eu mais verdadeiro, mais profundo, que o senhor conhece como Deus, Deus dentro de mim, Deus Onipotente, que trabalha atravs de mim e faz essas coisas. De mim, do eu mortal, no posso fazer nada. Somente quando me livro inteiramente do exterior e permito ao verdadeiro, ao EU SOU, falar e agir, e deixo o grande Amor de Deus aparecer que posso fazer as coisas que o senhor viu. Quando deixamos o Amor de Deus derramar-se atravs de ns para todas as coisas, nada nos atemoriza e nenhum mal pode suceder-nos."

    Todos os dias, durante esse tempo, estudei com Emil. Ele aparecia de repente em meu quarto, ainda que eu tivesse tido o cuidado de fechar o quarto a chave antes de recolher-me. A princpio, o aparecimento dele a seu bel-prazer me perturbava, mas logo percebi que ele pressupunha a minha compreenso. Acabei me acostumando com os seus modos e passei a deixar minha porta aberta para que ele pudesse entrar e sair quando quisesse. Essa confiana pareceu agradar-lhe. Eu no podia entender todos os seus ensinamentos, no podia aceit-los em sua inteireza, e tampouco podia, apesar de tudo o que vi enquanto estive no Oriente, aceit-los plenamente naquela ocasio. Foram precisos anos de meditao

  • para trazer-me o entendimento do profundo significado espiritual da vida dessas pessoas.A obra deles levada a cabo sem ostentao e com uma perfeita simplicidade infantil. Eles

    conhecem o poder do amor para proteg-los e cultivam-no at que toda a natureza se apaixone por eles e os proteja. Milhares de pessoas comuns so mortas todos os anos por cobras e animais selvagens e, no entanto, esses Mestres produziram de tal forma o poder do amor em si mesmos que as cobras e os animais selvagens no lhes fazem mal. Eles vivem, em certas ocasies, nas matas mais fechadas e, s vezes, deitam seus corpos defronte de uma aldeia a fim de proteg-la contra as devastaes de animais ferozes, e nenhum dano acontece aldeia nem a eles. Quando a ocasio o exige, caminham sobre a gua, passam pelo fogo, viajam no invisvel e fazem muitas outras coisas que nos habituamos a considerar como milagres, praticados apenas por quem julgamos detentores de poderes sobrenaturais.

    Existe notvel semelhana entre a vida e ensinamentos de Jesus de Nazar e a vida e ensinamentos desses Mestres, exemplificados em sua vida de todos os dias. Julgou-se impossvel ao homem tirar o seu suprimento dirio diretamente do Universal, a fim de suplantar a morte e realizar os vrios milagres que Jesus praticou enquanto esteve na terra. Os Mestres provam que todos esses milagres so o seu cotidiano. Eles vo buscar diretamente no Universal tudo o que precisam para suas necessidades dirias, incluindo alimentos, comida, roupas e dinheiro. Eles suplantaram de tal modo a morte que muitos deles, agora vivos, tm mais de quinhentos anos de idade, como ficou provado conclusivamente pelos seus registros. Existem relativamente poucos Mestres na ndia, tendo-se a impresso de que outros cultos parecem simples ramificaes dos seus ensinamentos. Eles compreendem que o seu nmero limitado e que apenas uns poucos homens cultos podem chegar a eles. No mundo espiritual, contudo, alcanam nmeros quase ilimitados e parece ser a maior obra de suas vidas chegar ao mundo espiritual e ajudar todos os que se mostram receptivos aos seus ensinamentos.

    Os ensinamentos de Enl assentaram as bases do trabalho que haveramos de assumir anos depois na nossa terceira expedio queles pases, tempo esse durante o qual vivemos continuamente com os Mestres durante trs anos e meio, viajamos com eles e observamos a vida e o trabalho dirio deles por todo o Extremo Oriente.

  • fica a umas noventa milhas de distncia. Eu me demorarei aqui, por enquanto, pois no me ser necessrio gastar todo esse tempo para cobrir a distncia, mas l estarei para receb. los. Desejo pedir-lhes que deixem um membro do grupo aqui, para fazer observaes e corroborar o que pode acontecer. Dessa maneira, poupar-se- tempo e ele poder juntar-se expedio no mximo daqui a dez dias. Pedir-lhe-erros simplesmente que observe e nos relate tudo."

    Partimos com Jast e Neprow encarregados da expedio e atrevo-me a dizer que no se poderiam imaginar arranjos de aspecto mais profissional. Cada pormenor era completo e entrava na linha com o ritmo e a preciso da msica. Essa harmonia foi mantida durante toda a expedio, que durou trs anos e meio.

    Desejo acrescentar aqui minhas impresses a respeito de Jast e Neprow. Jast era uni belo e ntegro hindu - bondoso, eficiente, sem intrujice nem jactncia. Todas as suas ordens eram dadas num tom quase uniforme e executadas com preciso e energia que nos deixavam admirados. Desde o princpio percebemos nele uma excelncia de carter que provocava um sem-nmero de comentrios. Neprow, pessoa maravilhosa, estava aqui, ali e em toda a parte, sempre tranqilo, senhor de si e um prodgio de eficincia. Era sempre a mesma calma, acompanhada de tranqila preciso de movimentos, com um poder maravilhoso de pensar e executar. Tudo to acentuado que todos os membros da expedio fizeram comentrios a esse respeito. Nosso Chefe observou: "Estas pessoas so maravilhosas. um alvio encontrar gente capaz de pensar e de executar."

    Chegamos aldeia indicada por volta das quatro horas do quinto dia e l estava Emil para receber-nos, como prometera. Pode-se l imaginar o nosso assombro? Estvamos absolutamente certos de ter vindo pela nica rota transitvel e pelo processo mais rpido de locomoo naquele pas, com exceo do mtodo empregado pelos estafetas, que via

    jam com mudas de cavalos de posta e correm noite e dia. Ali estava um homem avanado em anos, segundo nos parecia, e no poderia, de maneira alguma, negociar uma jornada de noventa milhas em menos tempo do que ns poderamos faz-lo - e, no entanto, ali estava ele.

    Est visto que todos tentamos fazer perguntas ao mesmo tempo, ansiosos por ouvirlhe as respostas. Foram estas as suas palavras: "Eu lhes disse, quando partiram, que eu estaria aqui para receb-los - pois aqui estou. Quero chamar-lhes a ateno para o fato de que o homem em seu campo de ao correto no tem limites, no conhece limites de tempo nem de espao. Quando se conhece, o homem no obrigado a arrastar-se penosamente por cinco dias a fio para percorrer noventa milhas. No pleno domnio de si mesmo, o homem percorre qualquer distncia, cuja magnitude no momento no importa. H pouco, eu estava na aldeia da qual os senhores partiram h cinco dias. O que viram como meu corpo ainda descansa ali. O companheiro que deixaram na aldeia lhes dir que, at poucos momentos antes das quatro horas, conversando com ele, eu lhe dissera que precisava sair para receber os senhores quando chegassem aqui, mais ou menos a esta hora. O que viram como meu corpo ainda est l e o companheiro dos senhores ainda o contempla, embora por ora esteja inativo. Isso foi feito simplesmente para mostrar-lhes que somos capazes de deixar nosso corpo e saud-los em qualquer lugar indicado, em qualquer momento especificado. Os dois que os acompanharam poderiam ter realizado a viagem como eu a fiz. Desta maneira compreendero mais prontamente que somos apenas humanos comuns de origem idntica dos senhores; que no existe mistrio, mas que ns desenvolvemos, melhor do que os senhores, os poderes dados a todos pelo Pai, o Grande Onipotente. Meu corpo permanecer onde est at a noite; depois eu o trarei para c e o companheiro dos senhores vir tambm, mas como os senhores o fizeram, chegando no devido tempo. Aps

    urn dia de descanso, viajaremos para uma pequena aldeia, a um dia daqui, onde nos demoremos uma noite; em seguida, voltaremos para c e receberemos o companheiro dos senhores com o seu relatrio. Ns nos reuniremos esta noite na cabana. Por enquanto, adeus,'

    A noite, depois de estarmos reunidos, Emil, sem abrir a porta, apareceu de repente no meio de ns e disse: "Os senhores me viram aparecer desse jeito, como diriam, num lance de mgica. Deixem-me dizer que no h mgica nisso. Aqui est uma simples experincia que podem presenciar. Podem v-Ia e, por conseguinte, acreditaro. Tenham a bondade de aproximar-se de modo que possam ver. Temos aqui um pequeno copo de gua que um dos senhores acaba de trazer da fonte. Como esto vendo, uma diminuta partcula de gelo est se formando no centro da gua. Os senhores vem-na juntar, partcula por partcula, mais gelo, at que toda a gua contida no copo se tenha congelado. Que aconteceu? Retenho os tomos centrais da gua no Universal at que se formem ou, em outras palavras, at que se tornem em gelo e todas as outras partculas se formem volta deles at que o todo se transforme em gelo. Apliquem tudo isso a este copo, banheira, ao tanque, ao lago, ao mar, a toda a massa de gua que existe na terra. Que aconteceria?

  • Tudo secongelaria, no verdade? Com que finalidade? Nenhuma. Os senhores me perguntam com que autoridade? Responderei que o faria usando uma lei perfeita. Mas, neste caso, com que propsito? Nenhum, visto que nada de bom foi realizado nem poderia ter sido realizado. Se eu tivesse prosseguido, decidido a levar a efeito a experincia at o fim, que teria acontecido? A reao. Contra quem? Contra mim. Conheo a lei e tudo o que eu digo volta para mim to certamente quanto o digo. Portanto, expresso apenas o bem e o bem s volta para mim como bem. Os senhores podem perceber prontamente que, se eu tivesse persistido no congelamento, o frio teria reagido contra mim muito antes de eu haver chegado ao fim do experimento e, ao colher os frutos do meu desejo, eu me teria congelado.Ao passo que, se expressar o bem, colherei os frutos do meu bem eternamente.

    "Meu aparecimento neste recinto esta noite pode ser explicado da seguinte maneira. Na saleta onde os senhores me deixaram conservei o meu corpo no Universal aumentando-lhe as vibraes e ele voltou ao Universal ou, como ns dizemos, voltou ao Universal onde toda substncia existe. Em seguida, atravs do meu EU SOU, da minha Conscincia Crstica, retive o meu corpo na minha mente at que suas vibraes diminuram e tomaram forma aqui mesmo neste recinto, e os senhores puderam v-lo. Onde est o mistrio? No estou usando a energia, ou a lei, que me foram dados pelo Pai atravs do Filho Amado? Esse Filho no so os senhores, no sou eu, no toda a humanidade? Onde reside o mistrio? No h mistrio nenhum.

    "Pensem na f representada pela semente de mostarda. Ela nos vem do Universal por intermdio do Cristo dentro de ns, que j nasceu dentro de ns. Como um grozinho minsculo, entra atravs do Cristo, ou mente superconsciente, a sede da receptividade dentro de ns mesmos. Depois precisa ser levada ao monte ou ao ponto mais alto do nossointerior, o topo da cabea. E fica presa ali. A seguir, devemos permitir ao Esprito Santo que desa. Agora vem a advertncia: `Amars ao Senhor teu Deus com todo o teu corao, com toda a tua alma, com toda a tua fora e com toda a tua mente.' Pensem! Atinaram com o significado? Corao, Alma, Fora, Mente. Haver alguma coisa que fazer neste ponto alm de entregar tudo a Deus, ao Esprito Santo, ao Eu-Esprito-Total em ao? Este Esprito Santo entra de muitas maneiras, talvez como entidades diminutas que batem porta e Procuram ingresso. Precisamos aceitar e deixar que o Esprito Santo entre e se una ao diminuto ponto de luz, ou sementes de conhecimento, e revolva em torno dele e adira a ele Precisamente como os senhores viram as partculas de gelo aderir partcula central, e ele

  • crescer, partcula por partcula, crculo por crculo, como o gelo, multiplicar-se- e expressar a semente de conhecimento at que os senhores sejam capazes de dizer montanha de dificuldades: `Sede alijadas e atiradas ao mar', e isso ser feito. Chamem a ist quarta dimenso ou o que quiserem, ns lhe chamamos Deus expressando-se atravs d Cristo em ns.

    "Foi dessa maneira que Cristo nasceu. Maria, a Grande Me, percebeu o ideal; ideal foi conservado na mente, depois concebido no solo de sua alma, conservado ali por algum tempo e dado luz como o Menino Cristo, o Primognito, o nico gerado, o Filho de Deus. Foi alimentado e protegido; recebeu o melhor da me, foi zelado e acalentado at que Ele cresceu e passou da infncia virilidade. E assim que o Cristo vem para todo ns; primeiro como um ideal plantado no solo de nossa alma - a parte central onde Deu est - conservado na mente como o ideal perfeito, depois dado luz ou nascido como Filho perfeito, a Conscincia de Cristo.

    "Os senhores, que viram o que aqui se realizou, duvidam dos prprios olhos. No o censuro. Recebo a idia de hipnotismo da mente de alguns. Meus irmos, haver aqui algum que se sinta incapaz de exercitar cada uma das faculdades dadas por Deus que vil postas em prtica nesta noite? Julgam os senhores, por um s momento, que estou controlar. do, de alguma forma, o pensamento ou a viso dos senhores? Cuidam que eu poderia, se quisesse, lanar um feitio hipntico sobre algum ou sobre todos - pois todos no viram` No est registrado no grande Livro dos senhores que Jesus entrava numa sala com as porta' fechadas? Simplesmente entrava, como eu entrei. Julgais por um momento que Jesus, c Grande Mestre e Professor, precisava hipnotizar? Ele usava o Seu prprio poder dado por Deus como eu fiz esta noite. Deixem-me dizer que no fiz nada que cada um dos senhores no possa fazer. No somente os senhores, mas cada criana que tenha nascido no mundo ou no universo, tem o mesmo poder de fazer o que viram realizado esta noite. Quero deixar isto bem claro diante da mente de cada um. Deixem-me dizer tambm que os senhores so indivduos, no so personalidades; so vontades livres, no so autmatos. Jesus no precisou hipnotizar e ns tambm no precisamos. Duvidem de ns quanto quiserem at ficarem plenamente convencidos da nossa honestidade. Ponham de lado a idia do hipnotismo por enquanto ou, pelo menos, deixem-na permanecer passiva at se haverem aprofundado mais no trabalho. Tudo o que lhes pedimos que mantenham a mente aberta."

    CAPTULO 4

    Como a fase seguinte da nossa jornada seria um desvio da rota principal, deixamos a maior parte do equipamento onde estvamos e, na manh seguinte, encetamos a caminhada para uma aldeiazinha que ficava a umas vinte milhas de distncia, tendo apenas Jast por acompanhante. O caminho no era dos melhores e, s vezes, mostrava-se muito difcil de seguir, pois serpeava pelo meio das densas florestas caractersticas da regio. Chegamos ao nosso destino pouco antes do pr-do-sol daquela tarde, cansados e famintos, visto que tnhamos andado o dia inteiro e feito apenas uma curta interrupo ao meio-dia para almoar. A regio, de um modo geral, era spera e acidentada e a trilha que percorramos dava a impresso de ser muito pouco usada. Fazia-se mister abrir caminho a golpes de faco pelo meio de trepadeiras entrelaadas. A cada demora Jast dava a impresso de ficar impaciente, o que nos surpreen~n, pois ele, at ento, se mostrara muito senhor de si. Foi esta a primeira e nica vez, nos ires anos e meio em que nos acompanhou, que no foi o mesmo Jast, frio e calmo, que comeara conosco. Mais tarde no nos admiramos do seu desassossego luz do que transpirou.

    Entramos na aldeiazinha de cerca de duzentos habitantes meia hora antes do pr-dosol e, quando souberam que Jast estava conosco, creio que todos os aldees, velhos e moos, bem como cada animal de estimao e animal domstico apareceram para saudarnos. Enquanto ramos objeto de maior ou menor curiosidade, observou-se que Jast era o centro de interesse, cumprimentado por todos com a mxima reverncia. Aps alguns momentos, ele disse uma palavra aos aldees e todos, exceto alguns, voltaram aos seus afazeres habituais. Jast virou para ns e perguntou-nos se desejvamos acompanh-lo enquanto se preparava o acampamento para a noite. Cinco membros do nosso grupo alegaram cansao depois de um dia inteiro de caminhada e acrescentaram que queriam descansar. Os restantes seguimos Jast e o punhado de aldees at o extremo da clareira que rodeava a aldeia. Depois de cruzar a clareira, percorremos uma

  • curta distncia no interior da floresta quando demos com a forma de um homem estendido no cho, como se estivesse morto - esta, pelo menos, foi a nossa impresso primeira vista. Um segundo olhar, todavia, revelou que o repouso sugeria mais um sono calmo do que a morte.

    Quedamo-nos a olhar como se estivssemos pregados ao solo, pois vimos que a figura deitada no cho era Jast. De sbito, no momento em que Jast se encaminhou para ela, a figura animou-se e ergueu-se em p. Quando os dois se defrontaram, por um instante, dissiparam-se todas as possibilidades de engano quanto identidade - era Jast. Todos viram que era ele. Logo, num instante, o Jast que conhecamos desapareceu e ficou apenas uma figura de p diante de ns. Claro est que tudo isso aconteceu em muito menos tempo do que o que levamos para descrev-lo, e o surpreendente foi que nenhum de ns contestou o que tinha visto. Os cinco dos nossos que tinham ficado para trs no acampamento vieram correndo, sem ter recebido nenhum sinal de ns. Mais tarde lhes perguntamos por que tinham vindo. As respostas foram: "No sabemos. Quando nos demos conta, estvamos todos de p, correndo para vocs. Simplesmente no sabemos por qu. Nenhum de ns se lembra de ter recebido algum sinal. Surpreendemo-nos correndo na sua direo sem que ningum entendesse o que estvamos fazendo."

    Um da nossa turma observou: "Meus olhos esto to abertos que vejo muito alm do vale da morte e os prodgios que ali se revelam fogem a toda e qualquer concepo." Outro disse: "Vejo o mundo inteiro vencendo a morte. Como me voltam, vvidas, as palavras: `O ltimo inimigo, a Morte, ser vencido.' No este o cumprimento daquelas palavras? Que pigmeus so os nossos intelectos comparados com este gigantesco mas simples entendimento e, apesar de tudo, ns nos atrevemos a considerar-nos gigantes intelectuais. Pois se somos meros bebs! Agora comeo a perceber o significado de `Precisais nascer outra vez'. Como so verdadeiras essas palavras!"

    Deixo o leitor imaginar nossa surpresa ou desnorteamento. Ali estava um homem com o qual tnhamos estado em contato dirio, pelo qual tnhamos sido servidos todos os dias, que era capaz de largar o corpo deitado no cho para proteger outros e sair e servir com tanta eficincia. Poderamos, acaso, deixar de relembrar: "Aquele que for o maior dentre vs, ser servo, ou servir." Creio que no houve mais ningum entre ns que, a Partir desse momento, no perdesse todo o medo da morte.

    Essa gente est acostumada a estender um corpo no cho diante de uma aldeia na floresta de um pas infestado de homens e de animais saqueadores, e a aldeia fica to livre das incurses de homens e animais como se estivesse num pas civilizado.

  • Era mais do que evidente que o corpo de Jast estivera estendido onde o encontramos por um tempo considervel. Nos cabelos, que tinham crescido, compridos e espessos, viam-se ninhos de um passarinho peculiar ao lugar. As avezinhas tinham construdo seus ninhos, criado seus filhotes, e estes haviam voado para longe, fornecendo assim uma prova incontestvel do tempo em que o corpo ficara inativo naquela posio. Muito tmidos, esses pssaros abandonam seus ninhos menor perturbao. O que mostra o grande amor e confiana desses pequenos animais.

    A comoo foi to grande que ningum no nosso acampamento, exceto Jast, dormiu naquela noite. Ele dormiu como uma criana. A intervalos, um ou outro da nossa turma sentava-se na cama e dirigia os olhos para onde Jast estava dormindo. A seguir, tornava a deitar-se, dizendo: "Belisquem-me para ver se estou realmente acordado." De vez em quando, usava-se uma expresso mais vigorosa.

    CAPTULO 5

    Estvamos de p ao nascer do sol na manh seguinte e, nesse dia, regressamos aldeiaonde havamos deixado nosso equipamento. Chegamos aldeia pouco antes do escurecer

    e armamos o acampamento debaixo de uma grande figueira-da-ndia. Na manh seguinte, Emil veio cumprimentar-nos e todos nos pusemos a criv-lo de perguntas. Ele disse: "No me admiro das suas perguntas e responderei com prazer a todas a que puder nesta ocasio, deixando outras para quando se tiverem aprofundado mais no nosso trabalho. Falandolhes como estou, os senhores compreendero plenamente que me prevaleo de sua linguagem para transmitir-lhes o grande princpio fundamental da nossa crena.

    "Quando todos conhecem a Verdade e ela interpretada com justeza, no sero uma e todas provenientes da mesma fonte? No nos identificamos todos com a substncia da mente universal, Deus? No somos todos uma grande famlia? No so todas as crianas, todos os nascidos, sem embargo da casta ou do credo, um membro dessa grande famlia?

    "Perguntam os senhores se acreditamos que a morte inevitvel. Permitam-me responder com as palavras do Siddha: `O corpo humano construdo a partir da clula individual, como os corpos das plantas e dos animais, aos quais nos apraz chamar irmos mais moos e menos evoludos. A clula individual uma unidade minscula, microscpica, do corpo. Por um processo de crescimento e diviso, muitas vezes repetido, este ncleo diminuto de unidade celular resulta, por fim, num ser humano completo, construdo de quase incontveis milhes de clulas. As clulas do corpo se especializam em funes diferentes, mas conservam, de um modo geral, as caractersticas da clula de que surgiram. Essa clula pode ser considerada a portadora do facho da vida animal. Ela transmite de gerao a gerao o fogo latente de Deus -a vitalidade de todos os seres vivos, com uma ascendncia ininterrupta que remonta ao tempo em que a vida apareceu pela primeira vez no planeta.' Essa clula individual tem a propriedade da juventude ilimitada. Mas que dizer das clulas do grupo chamado corpo? As clulas do grupo nasceram da clula individual repetida muitas vezes, que conserva suas caractersticas individuais, uma das quais o fogo latente da vida, da Juventude Eterna. As clulas do grupo, ou corpo, s funcionam como guardies da clula individual durante o breve espao de vida que os senhores conhecem agora.

    "O mais antigo dos nossos professores percebeu por inspirao a verdade da unidade fundamental das reaes vitais na planta e no animal. Podemos imaginar perfeitamente esses professores debaixo da figueira que sobre eles estendia sua copa, dirigindo-se aos discpulos com as seguintes palavras: `Olhem para esta rvore gigantesca. O processo vital que se desenvolve na nossa irm, esta rvore, e em ns, fundamentalmente o mesmo. Contemplem as folhas e rebentos nas extremidades do baniano mais antigo - como so jovens - to jovens quanto a semente da qual o gigante irrompeu para a vida. Sendo idnticas as reaes da planta e do homem, este pode, sem dvida, aproveitar-se da experincia da planta. Assim como as folhas e rebentos nas pontas dos galhos da figueira mais antiga so to jovens quanto a semente de que ela procedeu, assim tambm as clulas de grupo do homem, que lhe formam o corpo, no precisam perder gradativamente a vitalidade e morrer, mas podem crescer jovens e sempre verdes como o prprio ovo ou

  • clula individual. Com efeito, no h razo por que o corpo no cresa to jovem e vital quanto a semente vital de que proveio. O baniano que est sempre a estender-se, que sempre um smbolo de vida perptua, s morre por efeito de algum acidente. Parece que no existe nenhuma lei natural de decadncia no interior do baniano, nenhum processo de envelhecimento que influa de maneira prejudicial na energia vital das suas clulas. O mesmo se pode dizer da forma humana divina.

    "No existe nenhuma lei natural de morte ou decadncia para o homem, a no ser por meio de um acidente. Nenhum processo inevitvel de envelhecimento 'existe dentro do seu corpo ou clulas de grupo - nada que possa paralisar gradualmente o indivduo. Amorte, portanto, um acidente evitvel. A molstia, acima de tudo, ausncia de tranqilidade ou Santi - uma paz suave e lacre do esprito refletida no corpo atravs da mente. A decadncia senil, que a experincia comum do homem, no passa de uma expresso que lhe encobre a ignorncia da causa, certas condies mrbidas da mente e do corpo. At os acidentes so evitveis pela atitude mental apropriada. Diz o Siddha: `O vigor do corpo pode ser preservado de tal modo que ele possa resistir tranqilamente a molstias infecciosas e outras, como a peste e a influenza.' O Siddha capaz de engolir germes e jamais contrair doena nenhuma.

    "Lembrem-se de que a mocidade a semente do amor de Deus, plantada na forma humana divina. De fato, a juventude a divindade dentro do homem; a juventude a vida espiritual - a vida bela. apenas a vida que vive e ama - a nica vida eterna. A velhice no-espiritual, mortal, feia, irreal. Os pensamentos de medo, de dor e de pesar criam a feira chamada velhice. Pensamentos alegres, de amor e ideais criam a beleza chamada juventude. A velhice apenas uma casca dentro da qual jaz o germe da realidade - a jia da mocidade.

    "Pratiquem a aquisio da conscincia da infncia. Visualizem a Criana Divina dentro dela. Antes de adormecer sugiram sua conscincia: ` Agora compreendo que existe dentro de mim um corpo de alegria espiritual, sempre jovem, sempre belo. Tenho a mente, os olhos, o nariz, a boca, a pele, belos e espirituais - o corpo do Divino Infante, que agora, nesta noite, perfeito.' Repitam a afirmao e meditem sobre ela tranqilamente, enquanto adormecem. Ao levantar-se na manh seguinte, digam a si mesmos em voz alta: `Bem, querido (dirigindo-se a si mesmo pelo nome) h um alquimista divino aqui dentro.' Pelo poder espiritual dessas afirmaes, ocorre durante a noite uma transmutao e o desdobramento desde o interior, o Esprito, satura esse corpo e templo espiritual. O alquimista interno fez cair as clulas mortas e gastas e fez aparecer o ouro da pele nova com sade e beleza perptuas. O Amor verdadeiramente divino em demonstrao a juventude eterna. 0 alquimista divino est dentro do meu templo, criando novas e belas clulas de

  • bebs. O esprito da mocidade est dentro do meu templo - divina forma humana, e tudo vai bem. Om Santi! Santi! Santi! (Paz! Paz! Paz!).

    "Aprendam a sorrir do modo doce de uma criana. O sorriso da alma um espairecimento espiritual. O sorriso autntico beleza verdadeira, obra artstica do `Governante imortal Interior'. bom afirmar-se - `Tenho um pensamento bondoso para todo o mundo. Que o mundo todo seja feliz e abenoado!' Afirmem antes de encetar o trabalho do dia - `Dentro de mim h uma forma perfeita - a forma Divina. Sou agora tudo o que eu quero ser! Visualizo diariamente o meu belo ser at eu express-lo com a minha respirao! Sou uma Criana Divina, todas as minhas necessidades esto sendo supridas agora e sempre!'

    "Aprendam a emocionar-se! Afirmem: `O Amor Infinito enche minha mente e comove o meu corpo com a sua vida perfeita.' Tornem tudo brilhante e belo sua volta. Cultivem um esprito de humor. Desfrutem o brilho do sol.

    "Os senhores percebem que estou fazendo citaes extradas dos ensinamentos do Siddha. So os mais antigos professores conhecidos e seu ensino milhares de anos anterior a toda a histria. Eles andavam de um lado para outro doutrinando as pessoas e mostrando-lhes a melhor maneira de viver, antes que o homem viesse a conhecer as artes simples da civilizao. Foi a partir dos seus ensinamentos que o sistema dos governantes se difundiu. Mas esses governantes logo se afastaram da concepo de que era Deus quem se expressava atravs deles. Cuidando que eles mesmos, seu aspecto pessoal, estavam realizando o trabalho, perderam de vista o espiritual e apresentaram o pessoal ou material, esquecidos de que tudo provm de uma nica fonte - Deus. Os conceitos pessoais dos governantes deram origem s grandes separaes na crena e ampla diversidade de pensamento. Este o nosso conceito da Torre de Babel. O Siddha preservou atravs dos sculos os verdadeiros mtodos de inspirao de Deus, que se expressam atravs da humanidade e de todas as Suas criaes, compreendendo que Deus tudo e que Deus se manifesta atravs de tudo. Eles nunca se desviaram desse ensinamento: Em tais condies, preservaram a grande Verdade fundamental."

    CAPTULO 6

    Como tivssemos um trabalho considervel por fazer antes de cruzar os Himalaias, decidimos escolher essa aldeia como o lugar mais oportuno para o nosso alojamento. O homem que tnhamos deixado na aldeia a fim de observar Emil juntou-se a ns e contou que conversara com Emil at quase quatro horas da tarde do dia em que este deveria avistar-se conosco. A, ento, Emil disse que estava na hora de vir ao nosso encontro. Seu corpo tomou-se imediatamente inativo e permaneceu deitado no sof como se estivesse dormindo. Ficou nessa posio at, mais ou menos, sete horas da noite, quando foi se tornando cada vez mais indistinto, at desaparecer. Foi a essa hora da noite que Emil apareceu para ns na cabana da aldeiazinha.

    A estao ainda no estava suficientemente adiantada para tentarmos atravessar os desfiladeiros da montanha. Os senhores notaro que me referi a ns, isto , aos membros do nosso grupinho pois, a esse tempo, tnhamos comeado a considerar-nos meras baga

    geras. Compreendemos que nossos trs grandes amigos - observem que a todos chamo grandes, pois eles, de fato, o eram - poderiam ter negociado a distncia que havamos percorrido entre as aldeias em muito menos tempo do que levamos para percorr-la, mas no se queixaram.

    Tnhamos feito certo nmero de excurses breves a partir do nosso posto, tendo por acompanhante Jast ou Neprow, os quais, em todos os casos, haviam demonstrado suas qualidades e seu valor genunos. Numa das excurses, Emil, Jast e Neprow foram conosco at uma aldeia onde se localiza um templo denominado o Templo do Silncio, O Templo Que No Foi Feito Por Mos. Essa aldeia contm o templo e as casas dos atendentes e situa-se no antigo stio de uma aldeia, quase totalmente destruda pelas incurses de animais selvagens e da peste. Fomos informados de que os Mestres tinham visitado esse lugar e encontrado uns poucos habitantes, restos de uma populao de trs mil. Eles prestaram assistncia aos

  • remanescentes e as incurses dos animais selvagens e a pestilncia cessaram. Os poucos aldees prometeram solenemente que, se fossem poupados, dedicariam a vida, a partir daquele momento, a Deus, servindo-O como Ele quisesse. Os Mestres se foram e, quando voltaram mais tarde, encontraram o templo erguido e atendentes encarregados da sua manuteno.

    O templo muito bonito. Situado numa elevao, acha-se a cavaleiro de ampla extenso de terreno. Tem cerca de seis mil anos de idade, feito de mrmore branco e nunca precisou de reparos, visto que as peas, quando se quebram, substituem-se a si mesmas, como foi constatado por membros do nosso grupo.

    Disse Emil: "Este chamado o Templo do Silncio, a Casa do Poder. Silncio poder pois, quando atingimos o lugar do silncio na mente, atingimos a casa do poder - o lugar em que tudo um, o nico poder - Deus. `Fica em silncio e sabe que Eu sou Deus.' O poder difuso barulho. O poder concentrado silncio. Quando, atravs da concentrao (movendo-se para um centro), reunimos todas as nossas foras num ponto de fora, entramos em contato com Deus em silncio, identificamo-nos com Ele e, portanto, com todo o poder. Essa a herana do homem. `Eu e o Pai somos um.' Existe apenas um modo de identificar-se com o poder de Deus e este entrar conscientemente em contato com Ele. Isto no pode ser feito no exterior, pois Deus se manifesta desde o interior. `O Senhor est em Seu templo sagrado; que toda a terra fique em silncio diante dEle.' Somente quando passamos do exterior para o silncio do interior podemos esperar uma unio consciente com Deus. Compreenderemos que o Seu poder se destina a ser usado por ns e que o usaremos a todo momento. Conheceremos, ento, que nos identificamos com o Seu poder.

    "Nesse momento, a humanidade ser compreendida. O homem aprender a desdenhar das auto-iluses e das vaidades. Compreender sua ignorncia e sua pequenez. A, sim, estar preparado para aprender. Compreender que o orgulhoso no pode ser doutrinado. Saber que apenas o humilde percebe a Verdade. Seus ps sentiro a rocha firme, ele no tropear mais, ser ponderado na deciso.

    "Compreender que Deus o nico poder, substncia e inteligncia pode ser desconcertante a princpio. Mas quando o homem compreende a verdadeira natureza de Deus e O apresenta em expresso ativa, usar esse poder em todos os momentos. Saber que entra conscientemente em contato com o Seu poder em todos os momentos - quando come, quando corre, quando respira e quando efetua o grande trabalho que tem diante de si. O homem no aprendeu a levar a cabo as maiores obras de Deus porque no compreendeu a Wandeza do Seu poder e ainda no sabe que o poder de Deus se destina ao uso do homem.

    "Deus no nos ouve atravs das nossas vs repeties em voz alta, nem do nosso falar destemperado. Precisamos procur-Lo atravs do Cristo dentro de ns, a conexo

  • invisvel que temos em nosso interior. Quando o Pai dentro de ns adorado em Esprito e Verdade, ouve o chamado da alma que se abre sinceramente para Ele. Quem faz a conexo com o Pai em segredo sentir o poder que flui atravs dele como a satisfao de cada desejo. Pois quem v o Pai no lugar secreto da prpria alma e ali habita, ser abertamente recompensado pelo Pai. Quantas vezes Jesus no revelou o seu contato individual com o Pai! Vejam como Ele Se mantinha constantemente em comunicao com Deus dentro dEle. Vejam como Lhe falava, como se O tivesse pessoalmente presente. Vejam quo poderoso fez dEle esta secreta relao interior. Ele reconheceu que Deus no fala no incndio, no terremoto ou no furaco, mas com a voz doce e sutil - a voz doce e sutil no mais profundo de ns mesmos.

    "Quando o homem sabe disso, torna-se ponderado. Aprende a pensar as coisas integralmente. Idias velhas se descartam, ajustam-se as novas. Ele logo descobre a facilidade e eficincia do sistema. Aprende, afinal, a levar todas as questes que o deixam perplexo para a hora silenciosa. Ali pode ser que no as resolva, mas familiarizar-se- com elas. Depois no precisar apressar-se e batalhar o dia inteiro e sentir que o seu propsito malogrou.

    "Se o homem vier a conhecer o maior dos estranhos - ele mesmo - deixe-o entrar em seu gabinete e feche a porta. Ali encontrar o seu inimigo mais poderoso e ali aprender a domin-lo. Encontrar o seu verdadeiro eu. Encontrar o amigo mais verdadeiro, o mais sbio professor, o conselheiro mais seguro - ele mesmo. Ali encontrar o altar sobre o qual Deus fogo imorredouro, a fonte de toda a bondade, de toda a fora, de todo o poder - ele mesmo. Saber que Deus se encontra na parte mais profunda do silncio. Descobrir que no seu interior habita o Santo dos Santos. Sentir e saber que cada desejo seu est na mente de Deus e, portanto, um desejo de Deus. Sentir e conhecer a intimidade da relao entre Deus e o homem, entre o Pai e o Filho. Compreender que somente na conscincia houve alguma separao destes que pareciam dois - assim como o seu esprito e o seu corpo pareciam dois - mas que, em realidade, so um s.

    "Deus enche assim o cu como a terra. Foi esta grande revelao que teve Jac no silncio. Ele adormecera sobre a pedra da materialidade. Numa grande exploso de iluminao divina, viu que o exterior apenas a presso externa ou expresso da imagem que se conserva l dentro. To impressionado ficou ele que exclamou: `Seguramente o Senhor (ou a lei) est neste lugar (a terra ou o corpo) e eu no o sabia. Esta no seno a casa de Deus e esta a porta para o cu.' O homem compreender, como o compreendeu Jac, que a verdadeira porta para o cu se abre na prpria conscincia.

    " esta `escada' da conscincia, revelada numa viso a Jac, que cada um de ns precisa subir antes de poder entrar naquele lugar secreto e silencioso do Altssimo e descobrir que estamos no prprio centro de cada coisa criada, identificado com todas as coisas visveis e invisveis, na Onipresena e dentro dela. Na sua viso, viu Jac a escada que ia da terra ao cu. Viu os anjos de Deus descendo-a e subindo-a - as idias de Deus descendo do Esprito para a forma e subindo outra vez. A mesma revelao teve Jesus quando os `cus se abriram para ele', e ele viu a lei maravilhosa da expresso pela qual as idias concebidas na Mente divina se apresentam em expresso e se manifestam como forma. A lei da expresso foi to perfeitamente revelada ao Mestre que, no mesmo instante, Ele viu que toda forma pode ser metamorfoseada, ou mudada na forma, por uma alterao da conscincia em relao a ela. Sua primeira tentao foi mudar a forma das pedras na forma do po, a fim de satisfazer Sua fome pessoal; porm, com a revelao da lei da expresso veio-lhe a verdadeira compreenso de que as pedras, assim como todas as outras formas visveis, vieram da Substncia da Mente Universal, Deus, e so, em si mesmas, expresses verdadeiras da Mente divina; e que todas as coisas desejadas (no formadas) ainda esto

    nesta Substncia da Mente Universal, prontas para serem criadas ou produzidas para satisfazer a todo desejo. Assim sendo, a necessidade de po mostrou apenas que a substncia da qual se pode criar o po, ou qualquer outra coisa necessria, est nossa disposio sem limitaes, e, o po pode ser criado dessa substncia to bem quanto as pedras podem ser criadas da mesma substncia. Todo bom desejo do homem desejo de Deus; por conseguinte, h um suprimento ilimitado na Substncia Universal de Deus nossa volta para satisfazer a todo desejo. Tudo o que precisamos fazer aprender a usar o que Deus j criou para ns, e Ele quer que o faamos a fim de podermos ser livres de toda limitao e, desse modo, ser `abundantemente livres'.

    "Quando Jesus disse: `Eu sou a porta', Ele quis dizer que o EU SOU em cada alma a porta atravs da qual a vida, o poder e a substncia do grande EU SOU, que Deus, se apresenta em expresso por intermdio do indivduo. Este EU SOU tem apenas um modo de expresso, por meio da idia, do pensamento, da palavra e da ao. Este EU SOU, o Ser de Deus, que poder, substncia, inteligncia,

  • recebe forma da conscincia; e pela mesma razo disse o Mestre: `Segundo a tua f te seja feito', e `Todas as coisas so possveis aquem acredita'.

    "Vemos agora que Deus est dentro da alma como poder, substncia e inteligncia - ou, em termos espirituais, sabedoria, amor e verdade - e evocado em forma ou expresso atravs da conscincia. A conscincia que est na mente infinita de Deus e no homem determinada pelo conceito ou crena conservada na mente. E a crena na separao do Esprito que provocou o envelhecimento e a morte, de nossas formas. Quando virmos que o Esprito tudo e que a forma est sendo expressa a partir do Esprito, compreenderemos que o que nasce do Esprito ou produzido por Ele Esprito.

    "A grande verdade seguinte, que se revela atravs desta conscincia, que cada pessoa, sendo um conceito da Mente divina, se conserva naquela mente como idia perfeita. Nenhum de ns tem de se conceber. Fomos concebidos perfeitamente e nos conservamos sempre na mente perfeita de Deus como seres perfeitos. Sendo esta compreenso trazida nossa conscincia, podemos estabelecer contato com a Mente divina e, assim, reconhecer o que Deus j concebeu para ns. A isto chamava Jesus `nascer de novo'. Esta a grande ddiva que o silncio nos oferece; pois estabelecendo contato com a mente de Deus, podemos pensar com a mente de Deus e conhecer-nos tais como somos em realidade e no como julgvamos ser. Fazemos contato com a mente de Deus atravs do pensamento verdadeiro e, assim, produzimos uma expresso verdadeira; ao passo que, no passado, por intermdio talvez de um pensamento no-verdadeiro, produzimos uma expresso falsa. Mas, seja a forma perfeita ou imperfeita, o Ser da forma o poder, a substncia e a inteligncia perfeitas de Deus. No o Ser da forma que desejamos mudar, seno a forma assumida por esse Ser. Isso deve ser feito atravs da renovao da mente, ou atravs da mudana do conceito imperfeito para o conceito perfeito, do pensamento do homemPara o pensamento de Deus. importante, pois encontrar Deus, contar-Lo, identificar-se com Ele e apresent-Lo em expresso. Igualmente importante o silncio ou a quietao da mente pessoal, para que a mente de Deus, em todo o seu esplendor, ilumine a conscincia. Quando ela o fizer, compreenderemos como `o sol da retido se erguer com asas curativas'. A mente de Deus inunda a conscincia como a luz do sol inunda um quarto escuro. A infuso da Mente Universal na mente pessoal como a entrada da vastido do ar exterior na impureza do que se manteve por muito tempo num compartimento fechado. Ele se ergue s, supremo, e ns compreendemos que nos cabe construir um templo nico. O Templo do Deus Vivo a fuso do maior com o menor, atravs da qual o menor se identifica com o maior. A impureza foi causada pela separao entre o menor e o maior. A

  • pureza causada pela unio entre ambos, de modo que j no haja um maior e um menor, mas to-s um ar bom, integral e puro. Ainda assim precisamos saber que Deus Um e que todas as coisas visveis e invisveis se identificam com Ele. Foi a separao dEle que causou o pecado, a doena, a pobreza e a morte. a unio com Ele que faz de algum um Ser integral ou consciente de que integral.

    "A separao da unidade a descida dos anjos na escada da conscincia. A volta unidade a subida dos anjos pela escada. A descida boa, pois a unidade se expressa ento em diversidade, mas na diversidade no precisa haver nenhum conceito de separao. O que diversidade tem sido mal interpretado, do ponto de vista pessoal ou exterior, como separao. A grande obra para cada alma erguer o ponto de vista pessoal a tais alturas na conscincia que ela se identifique com o todo. Quando todos puderem `encontrar-se em harmonia num lugar', esse lugar na conscincia, onde se acredita que todas as coisas, visveis e invisveis, tm sua origem no Deus nico, estaremos sobre o Monte da Transfigurao. A princpio vemos Jesus e, com Ele, Moiss e Elias; ou a Lei e a Profecia, e o Cristo, (o poder dentro do homem para conhecer a Deus); e vem-nos a idia de edificar trs templos, mas eis que chega o significado mais profundo. Compreendemos a imortalidade do homem e conhecemos que a divindade nunca se perde, que o homem Divino imortal, eterno. Nisso, Moiss - a Lei, e Elias - a Profecia, desaparecem; o Cristo permanece s, supremo, e percebemos que s precisamos edificar um templo - o Templo do Deus Vivo dentro do nosso prprio eu. O Esprito Santo enche a conscincia e as iluses sensuais do pecado, da doena, da pobreza e da morte desaparecem. Esse o grande propsito do silncio.

    "Este templo, do qual os senhores podem tirar um pedao e a cicatriz se cura no mesmo instante, tipifica o templo do nosso corpo, de que Jesus falou, o templo no feito por mos, eterno nos cus, que deveremos produzir aqui na terra."

    CAPTULO 7

    Regressamos da nossa excurso e encontramos um grupo de estranhos reunidos na aldeia, vindos das imediaes, e certo nmero de Mestres congregados para realizar uma peregrinao a uma aldeia que se erguia a cerca de duzentas e vinte cinco milhas de distncia. Ficamos admirados, pois tnhamos estado naquela direo e constatado que a trilha atravessava o que ns chamamos de deserto de areia. Tratava-se, na realidade, de uma chapada coberta de dunas, que o vento carregara de um lado para outro e onde crescia uma vegetao rala. Para alm do deserto, a trilha levava a uma pequena cadeia de montanhas, contraforte dos Himalaias. Nessa noite fomos convidados a acompanhar a expedio e nos disseram que no precisaramos carregar a parte mais pesada do nosso equipamento, pois voltaramos antes de cruzar os Himalaias principais. A expedio teria incio na segundafeira seguinte.

    evidente que Jast e Neprow tinham tudo pronto e, na manh de segunda-feira, cedinho, entramos na fila com, pelo menos, trezentos outros. A maior parte desses outros era portadora de enfermidades para as quais procuravam cura. Tudo correu bem at o sbado seguinte, quando se desencadeou a mais severa tempestade, acompanhada de trovoadas e raios, que j tnhamos experimentado algum dia. Veio com ela um aguaceiro que

    durou trs dias e trs noites, um precursor do vero, como eles dizem. Estvamos acampados num lugar muito conveniente e no sofremos com o temporal. Nossa maior ansiedade tinha por objeto as provises, pois estvamos certos de que a demora prolongada causaria srias inconvenincias a todos os interessados, visto que havia apenas o suficiente para a excurso, sem contar com as demoras. Essa demora nos pareceu duplamente sria, uma vez que no havia lugar onde nos pudssemos reabastecer, a menos de voltarmos para o ponto de partida, que tnhamos deixado possivelmente a uma distncia de cento e vinte milhas, grande parte da qual pertencia ao deserto de areia a que j nos referimos.

    Na quinta-feira de manh o sol levantou-se claro e belo mas, em vez de prosseguir, como espervamos, fomos avisados de que ficaramos esperando onde estvamos at que a trilha houvesse secado e as guas dos rios tivessem abaixado para podermos continuar mais confortavelmente a nossa expedio. Estvamos todos com medo de que nossas provises se esgotassem, e um membro do nosso grupo deu voz a

  • esse medo. Emil, que estava encarregado de todo o equipamento, veio at ns e disse: "Os senhores no precisam ficar com medo. Deus, porventura, no cuida de todas as Suas criaturas, grandes e pequenas, e no somos Suas criaturas? Vero que tenho aqui alguns gros ou sementes de trigo. Vou plant-los. Por esse ato declarei definitivamente que quero o trigo. Formei o trigo na minha mente. Cumpri a lei e, no devido tempo, ele aparecer. Teremos de aguardar o longo e rduo processo que a Natureza, no seu lento crescimento e evoluo, assumir a fim de produzir o trigo? Se assim fosse, seriamos obrigados a esperar um tempo longo e duro para obt-lo. Por que no usar uma lei mais alta, ou mais perfeita, que nos foi dada pelo Pai, para produzi-lo? Tudo o que se faz preciso ficar em silncio e visualizar ou idealizar o trigo, e ns teremos trigo curado, pronto para ser usado. Se duvidarem, podero junt-lo, mo-lo, transform-lo em farinha e da farinha fazer po." Ali, diante de ns, estava o trigo, crescido e curado, de modo que ns o juntamos, moemos e fizemos po.

    Emil continuou dizendo: "Agora os senhores viram e acreditaram, mas por que no usar uma lei ainda mais perfeita, e produzir uma coisa mais perfeita ou exatamente o que querem - po? Usando esta lei mais perfeita ou, como os senhores mesmos diriam, mais sutil, vero que sou capaz de produzir exatamente o de que preciso - po." E, enquanto nos quedvamos ali, arrebatados, vimos em suas mos um po grande, cujo fornecimento s cessou quando se amontoaram quarenta pes sobre a mesa diante de ns, ali colocados aparentemente pelo prprio Emil, que observou: "Como vem, h po suficiente para todos; se no forem suficientes, poder-se-o fornecer mais, at que haja o suficiente para comer e poupar." Comemos todo o po e o proclamamos bom.

    Emil continuou: "Quando Jesus na Galilia perguntou a Filipe: `Onde compraremos po?'Ele fez isso para p-lo prova, porque dentro de Si mesmo sabia muito bem que no haveria necessidade de comprar o po necessrio para alimentar a multido aglomerada, nem de consegui-lo atravs do mercado material ento existente. Ele viu a oportunidade de provar aos Seus discpulos o poder do po levedado, ou aumentado pelo Esprito. Quantas vezes o homem no conceito mortal no pensa como Filipe! Este calculava, como a conscincia humana calcula hoje, com base no suprimento visvel - refletindo que tinha apenas tantos pes ou tamanho suprimento ou tanto dinheiro para comprar. Jesus reconheceu que quem est na Conscincia de Cristo no conhece lintao. Ele, ento, na Conscincia de Cristo, olhou para Deus como fonte e criador de tudo e deu graas pelo poder e substncia que tinha mo para satisfazer qualquer desejo. E distribuiu o po, atravs dos Seus discpulos, entre os que mostravam necessidade exterior at que esta foi satisfeita e sobraram doze cestos. Jesus nunca dependeu do excesso de suprimento alheio para satisfazer sua necessidade nem necessidade de outrem; mas ensinou que o nosso suprimento est bem

  • mo na Substncia Universal, onde existem todos os suprimentos, e tudo o que temos de fazer

    cri-los ou produzi-los. Foi o que aconteceu quando Eliseu multiplicou o leo da viva. Ele no se

    dirigiu a algum que tivesse uma superabundncia de leo pois, se o tivesse feito, o suprimento teria

    sido limitado. Ele entrou em contato com o Universal, e o nico limite para o suprimento foi que todas

    as vasilhas se enchessem. O suprimento poderia estar fluindo at hoje se houvesse vasilhas em nmero

    suficiente para receb-lo.

    "Isto no hipnotismo. Nenhum dos senhores sente que est de algum modo sob o efeito de um encantamento hipntico. Permitam-me dizer-lhes que o nico hipnotismo que existe o auto-hipnotismo de acreditar que cada um de ns, ou todos ns, no somos capazes de realizar as obras perfeitas de Deus e de criar as condies ou coisas desejadas. Pois no a prpria necessidade o desejo de criar? Em vez de evoluir e criar como Deus quer que criemos, os senhores se envolvem nas suas conchinhas e dizem, `No posso', e se autohipnotizam at acreditar realmente que so entidades separadas de Deus. Deixam-se ficar simplesmente aqum da sua criao ou expresso perfeita. No permitem que Deus se expresse atravs dos senhores como do Seu desejo faz-lo. Acaso no disse Jesus, o Grande Mestre: `As obras que fao, vs as fareis tambm, e as fareis ainda maiores do que estas'? No foi a verdadeira misso de Jesus aqui na terra mostrar que ns, como Filhos de Deus, ou o homem em seu estado verdadeiro pode criar to perfeita e harmoniosamente quanto Deus o faz? Quando Jesus ordenou ao cego que banhasse os olhos no tanque de Silo, no intentava com isso abrir os olhos de todos? Todos deveriam ver que Jesus fora mandado pelo Pai para mostrar-nos que o Pai pretendia ver-nos criando exatamente como Ele cria; todos devero fazer a obra perfeita que Jesus fez, reconhecendo o Cristo em si prprio e em todos.

    "Posso dar mais um passo adiante. Este po que acabo de receber e estou segurando na mo se consome como se fosse queimado pelo fogo. Que aconteceu? Usei incorretamente a lei perfeita que produziu a minha concepo e consumi o que eu havia produzido, em virtude do meu uso incorreto da lei perfeita,, ou por no haver usado com acerto a lei, to exata quanto a msica ou a matemtica ou qualquer outra lei dita natural. Se eu persistisse no uso incorreto da lei perfeita, consumiria no somente o que criei, mas tambm meconsumiria a mim, o criador.

    "Foi o po realmente destrudo? Admitiremos que a forma foi mudada pois, em lugar do po, temos uma pequena quantidade de p ou cinzas. No foi ele, na verdade, devolvido Substncia Universal de que proveio? No est agora em forma no-manifesta, esperando ser trazido de novo manifestao? No isso o que acontece com todas as formas que saem da nossa vista, pelo fogo, pela decadncia ou por qualquer outra maneira? No retornam elas Substncia Universal - Deus - de onde provieram? No ser este D sentido de `O que desce do cu precisa subir ao cu'?

    "No faz muito tempo que os senhores viram gelo formado sem nenhuma causa aparente, como talvez lhes ocorra pensar. Deixem-me dizer-lhes que isso o mesmo que criar o po. Posso usar a lei para obter assim o gelo como o po, enquanto utilizar o processo em benefcio da humanidade, ou enquanto estiver trabalhando de acordo com a lei, ou me expressando como Deus quer que todos se expressem. bom para todos fazer po, ou gelo, ou alguma ou todas as coisas desejadas; e todos precisam prosseguir energicamente at chegar ao estgio em que podero fazer essas coisas. No vem os senhores que, usando a lei mais alta, a lei absoluta de Deus, podem produzir o de que precisam ou que concebem em sua mente como sua idia mais elevada e, dessa maneira, agradam mais i Deus manifestando-se mais plenamente e sabendo, como o sabia Jesus, que somos perfeitamente Filhos de Deus?

    "Uma coisa dessas no d a entender a libertao da servido comercial, bem como

    de todas as outras servides? Como eu vejo as coisas, a servido comercial, dentro de poucos anos, tornar-se- a maior de todas as servides. Se tudo prosseguir no ritmo em que est progredindo agora, ela dominar o homem, alma e corpo, e no far outra coisa seno consumir-se e consumir os interessados por ela. No h dvida de que o comercialismo comeou num alto plano espiritual, mas se permitiu ao materialismo penetr-lo, sorrateiro, at que o prprio poder usado para criar seja o poder que consome; precisamente como o prprio poder usado para criar sempre consome se no for usado de maneira correta. No so a presso do comercialismo e as limitaes que nos cerceiam e permitem passar por cima dessas condies, ou super-las? Isto no se faz simplesmente compreendendo que estamos destinados a realizar as obras perfeitas de Deus, a elevar a nossa conscincia Conscincia do Cristo? No foi o que Jesus nos ensinou aqui na terra? Sua vida inteira no um exemplo disso?

    "Meus queridos irmos, acaso no vem que no princpio era o Verbo e o Verbo estava com Deus?

  • Nessa ocasio, tudo o que seria formado mais tarde se achava, em forma no-manifesta, na Substncia da Mente Universal - ou, como se exprimem alguns, no caos. No original, caos era realidade. Mal interpretada, esta palavra significa um estado turbulento ou belicoso, em vez do estado profundo e espiritual da realidade, sempre espera de uma palavra definida, criativa, falada, atravs da qual possa apresentar-se en forma manifesta.

    "Quando o Princpio de Deus desejou produzir o mundo tirando-o da Substncia d, Mente Universal, Deus se achava sereno e contemplativo. Em outras palavras, Deus vil um mundo ideal; conservou na mente a substncia de que o mundo viria a ser formado durante o tempo suficiente para diminuir-lhe a vibrao; em seguida, pronunciou a Palavra e o mundo se formou - ou, como poderamos dizer, Deus visualizou um modelo oi molde mental no qual pudesse fluir a substncia necessria para fazer o mundo e surgis uma forma perfeita, construda sobre o modelo conservado na conscincia.

    "Todas essas coisas podem ter sido pensadas por Deus, Infinito Poder. Ele pode te desejado durante um tempo infinito que elas se formassem e se tornassem visveis. No tivesse sido a palavra falada lanada no ter informe, e nada teria sido criado nem produzido em forma visvel. A fim de fixar em resultados visveis o pensamento e os desejos at de um Criador Infinito Onipotente e tirar da realidade formas ordenadas, foi preciso`Seja' determinado, positivo. Por isso precisamos dar o passo definido.

    "Deus conserva na mente o mundo ideal e perfeito em todas as suas particularidade destinado a surgir como um cu ou lar perfeito onde todos os Seus filhos, todas as Sua criaturas e todas as Suas criaes podem habitar em paz e harmonia. Este o mundo cabal, que Deus viu no incio e faz existir pelo pensamento neste mesmo instante, e o tempo de sua manifestao est na nossa aceitao dele. Quando pudermos vir para o nico lugar e saber que somos todos um, um homem, e soubermos que somos todos membros do corpo de Deus, tanto quanto um membro do nosso corpo uma parte do corpo todo, ento estaremos no reino de Deus, e seremos dele, o cu aqui na terra, agora.

    "Para tornar tudo isto manifesto, compreendam que no h nada material no cu Tudo espiritual. Compreendam que o cu um estado de conscincia perfeito, um mundo perfeito aqui na terra, agora, e a nica coisa que temos de fazer aceit-lo. Ele est aqui em toda a nossa volta, esperando que descerremos o olhar interior. Atravs desse olhar nossos corpos se tornaro luz, a luz que no a do sol nem a da lua mas a do Pai; e o Pai est bem aqui, na parte mais ntima do nosso ser. Precisamos compreender suficientemente que no h nada material, que tudo espiritual. Depois precisamos pensar neste maravilho mundo espiritual, dado por Deus, que est aqui agora; basta-nos poder compreend-lo.

  • "No vem os senhores que Deus criou tudo dessa maneira? Deus, porventura, no ficou primeiro em silncio e contemplativo e viu a luz? E disse ento: `Haja luz', e houve luz. Da mesma maneira disse, `Haja um firmamento', e houve um firmamento; e o mesmo com outras criaes. Ele conservou primeiro cada forma ou ideal firmemente na conscincia, depois pronunciou a palavra e o ideal se produziu. O mesmo aconteceu com o homem. Disse Deus: `Faamos o homem Nossa imagem, conforme a Nossa semelhana, e tenha ele domnio sobre tudo.' Deus, todo bondade, criou todas as coisas boas; o homem, a maior e ltima, com pleno domnio sobre tudo. O homem s viu o bem, e tudo era bom at que ele se separou de Deus e viu a dualidade, ou o dois. E, com o pensamento, criou dois, um bom e o outro o oposto; pois, se houvesse dois, seriam opostos - bom e mau. Assim o mal veio atravs do poder absoluto do homem para expressar ou produzir aquilo em que fitava os olhos. Se no tivesse visto o mal, o mal no teria tido poder de expresso. Somente o bem teria sido expresso e ns seriamos to perfeitos como Deus nos v hoje. No teria o cu estado sempre sobre a terra, como Deus o v, e como todos temos de v-lo para torn-lo manifesto? Jesus tinha todo o direito de dizer que viera do cu; pois no veio tudo do cu, a grande Substncia da Mente Universal?

    "Visto que o homem foi criado imagem e semelhana de Deus, Deus no deu ao homem o poder de criar, exatamente como Ele cria? E Deus no espera que o homem utilize esse poder to livremente quanto Ele o utiliza - e exatamente da mesma maneira? Primeiro, dando tanto da necessidade; depois, concebendo o bem, o ideal, com o qual encher o molde que conservamos na conscincia e que deve ser enchido com a Substncia da Mente Universal; em seguida, proferindo a palavra de que o molde est cheio; isto assim, e isto bom.

    "Quando foi crucificado, Jesus deu Sua carne, a exterior, o que vemos do corpo, para provar que existe realmente um corpo mais profundo ou espiritual; e foi esse corpo espiritual que Ele manifestou quando saiu do tmulo. Este o corpo de que Ele falou quando disse: `Destru este templo e em trs dias o erguerei.' Ele o fez para mostrar-nos que temos o mesmo corpo espiritual e que podemos realizar todas as obras que Ele realizou. No se trata aqui de dizer que, se Jesus tivesse querido, teria podido salvar-se. No h dvida de que Ele viu que uma grande mudana se operava em Seu corpo. Tambm viu que as pessoas Sua volta no eram capazes de ver que tambm poderiam produzir o corpo espiritual, como Ele estava tentando fazer que eles vissem. Elas ainda olhavam para o pessoal, e Ele viu que se Ele produzisse o corpo espiritual sem alguma mudana inegvel, as pessoas no seriam capazes de discernir entre o material e o espiritual; da que adotasse a crucificao para produzir a mudana.

    "No este, verdadeiramente, o Cristo no homem, que o Grande Mestre, Jesus, que todos amamos e reverenciamos, veio mostrar? No revelou Ele Sua vida aqui na terra a fim de indicar-nos o caminho perfeito para Deus? Podemos fazer outra coisa seno amar esse caminho ideal perfeito, depois de t-lo visto, seja plantando a semente, seja fazendo po, seja levando a cabo as mil e uma coisas necessrias existncia humana? No so esses atos meras lies conducentes ao nosso desenvolvimento? Algum dia compreenderemos que somos, na verdade, Filhos de Deus, e no servos; que, como Filhos, podemos ter e temos tudo o que o Pai tem, e podemos fazer uso dele com tanta liberdade quanto nosso Pai o faz.

    `Admito que isto requer a princpio uma poderosa f; uma f que, de ordinrio, precisa ser conseguida passo a passo e praticada fielmente, semelhana da msica e da matemtica, at chegarmos sede do saber. A, ento, seremos grandiosa e belamente livres. Poderia haver um exemplo melhor e mais verdadeiro desta vida que a de Jesus? No reconhecem os senhores o poder que h no Seu nome, Jesus, o Cristo manifesto, ou Deus que se manifesta atravs do homem de carne? Jesus veio ao lugar em que Ele se fiava

    ointeiramente no Seu conhecimento ou compreenso de Deus, e assim realizou Seus milagres. No confiou na prpria fora de vontade nem em pensamentos fortes e concentrados. Tampouco devemos confiar na nossa fora de vontade nem em pensamentos fortes e concentrados, mas na vontade de Deus. `No seja feita a minha vontade, mas a Tua, Senhor.' Vontade de fazer a vontade de Deus. No acham os senhores que Jesus queria, em todas as coisas, fazer a vontade de Deus, ou fazer o que Deus queria que Ele fizesse?

    "Os senhores notaro que se diz, muitas vezes, que Jesus se dirigiu a uma alta montanha. No sei se Ele, fisicamente, escalou ou no uma alta montanha. Mas sei que todos precisamos galgar s alturas, a mais alta das quais a conscincia, para receber a nossa iluminao. Essa altura significa o verdadeiro topo da cabea e ali, se a faculdade no estiver desenvolvida, precisaremos desenvolv-la por meio de pensamentos espirituais. Depois, do corao, do centro do amor, deixamos fluir o amor para equilibrar tudo e, quando isso estiver feito, o Cristo se revela. O filho do homem d-se conta de que ele o Filho de Deus, o nico Filho concebido, em quem o Pai se compraz. A seguir, com amor constante, precisamos compreend-lo em

  • relao a tudo."Detenham-se e pensem profundamente por um momento e dem tento do nmero infindvel de gros

    de areia da praia; do nmero sem conta das gotas d'gua necessrias para formar as guas da terra; do nmero incontvel de formas de vida nas guas da terra. Em seguida, compreendam o nmero sem fim de partculas de rocha contidas em toda a terra; o nmero incontvel de rvores, plantas, flores e arbustos existentes sobre a terra; o nmero imenso de formas de vida animal que habitam na terra. Compreendam que todos so imagens externas do ideal conservado na grande mente universal de Deus; que todos contm a vida nica, a vida de Deus. Em seguida, pensem no nmero sem conta das almas nascidas na terra. E compreendam que cada alma uma imagem ideal, externa, perfeita de Deus, tal como Deus Se v a Si mesmo; que cada alma recebe o mesmo poder, a mesma expresso e o mesmo domnio sobre tudo o que o Prprio Deus tem. Acreditam os senhores que Deus quer ou deseja que o homem revele essas qualidades semelhantes a Deus ou dadas por Deus e realize as obras que Deus realiza atravs da herana dada ao homem pelo Pai, a grande e nica Mente Universal em todos, atravs de todos e acima de todos? Compreendam, ento, que cada pessoa uma expresso ou uma presso (do invisvel, o Esprito) em forma visvel, uma forma atravs da qual Deus se deleita em expressar-se. Quando pudermos compreender e aceitar isso, poderemos realmente dizer como disse Jesus: `Vede, um Cristo est aqui.' Foi dessa maneira que ele logrou Seu domnio sobre o eu mundano ou de carne. Reconheceu, proclamou e aceitou Sua divindade, e depois viveu avida como temos de fazer."

    CAPTULO 8

    Depois de uma demora de oito dias, levantamos acampamento na segunda-feira de manh e seguimos nosso caminho. Ao findar-se a tarde do terceiro dia, chegamos s margens de um rio maior. O curso d'gua media cerca de duzentos ps de largura, cheio at as bordas, e corria a uma velocidade de, pelo menos, dez milhas por hora. Contaram-nos que esse curso d'gua, em pocas comuns, podia ser vadeado naquele lugar sem nenhuma inconvenincia.

  • Decidimos acampar at a manh seguinte e observar a subida e descida das guas. Fomos informados de que seria possvel cruzar o rio mais acima, por intermdio de uma ponte, mas, para alcan-la, teramos de fazer um desvio de pelo menos quatro dias de caminhada dura. Achamos que, se as guas estavam baixando, seria melhor esperar uns poucos dias do que empreender o longo desvio. Fora-nos demonstrado que no devamos sequer pensar em provises, eis que, a partir do dia j mencionado, quando nossas provises se acabaram, toda a companhia, que consistia em mais de trezentas pessoas, fora abastecida com uma abundncia de provises vindas do invisvel, como lhe chamvamos. Esse suprimento conservou-se por sessenta e quatro dias, ou seja, at voltarmos aldeia em que havamos encetado a excurso. At ento, nenhum de ns tivera a menor idia do significado ou sentido verdadeiros das coisas que tnhamos experimentado. Tampouco fomos capazes de ver que aquelas coisas tinham sido executadas por uma lei definida, uma lei que todos podemos usar.

    Quando nos reunimos para tomar o desjejum na manh seguinte, descobrimos cinco estranhos no acampamento. Eles nos foram apresentados e mencionou-se que pertenciam a um grupo acampado do outro lado do rio e que voltava da aldeia a que nos destinvamos. No demos muita ateno a isso na ocasio, pois supnhamos, naturalmente, que eles tinham encontrado um bote e com este haviam cruzado o rio. Um membro do nosso grupo alvitrou: "Se essas pessoas tm um barco, por que no podemos us-lo para atravessar o rio?" Creio que todos vamos a sugesto como um modo de sair da nossa dificuldade; disseram-nos, porm, que no havia barco nenhum, visto que no se dava travessia importncia bastante para justificar a manuteno de um barco.

    Concludo o desjejum, nessa manh, estvamos todos reunidos nas margens do curso d'gua. Reparamos que Emil, Jast e Neprow, em companhia de quatro outros do nosso grupo, conversavam com os cinco estranhos. Jast chegou-se a ns e disse que eles gostariam de cruzar o rio com os outros a fim de chegar ao acampamento do outro lado da corrente, visto que tinham decidido esperar at a manh seguinte para ver se a gua mostrava sinais de estar baixando. Est visto que nossa curiosidade foi despertada e julgamos um tanto ou quanto temerrio tentar cruzar a nado uma corrente to rpida quanto a que tnhamos nossa frente s para cumprimentar um vizinho. Supnhamos que a nica maneira de realizar a travessia seria nadando.

    Quanto Jast voltou ajuntar-se ao grupo, os doze, completamente vestidos, caminharam at a margem do rio e, com a mxima compostura, deram um passo sobre a gua, e no dentro dela. Nunca me esquecerei do que senti quando vi cada um daqueles doze homens passar da terra firme para a gua corrente. Prendi a respirao, esperando, naturalmente, v-los afundar abaixo da superfcie e desaparecer. Verifiquei mais tarde que todo o nosso grupo pensava a mesma coisa. No momento, creio que cada um de ns prendeu a respirao at v-los ultrapassar a metade da corrente, to pasmados estvamos ns de observar aqueles doze homens caminhando tranqilamente sobre a superfcie da corrente, sem a menor inconvenincia, e sem afundar abaixo das solas das sandlias. Quando eles saram de cima das guas e pisaram a margem oposta, tive a impresso de que toneladas de peso tinham sido erguidas dos meus ombros e acredito que esta fosse a sensao de cada um dos membros do nosso grupo, a julgar pelos suspiros de alvio despedidos por eles quando o ltimo homem ps os ps em terra firme. Foi, sem dvida, uma experincia que no se pode descrever com palavras. Os sete membros do nosso grupo voltaram para o almoo. Se bem a comoo no fosse to intensa na segunda travessia, cada um de ns respirou mais aliviado quando viu os sete novamente seguros na praia. Nenhum do nosso grupo deixara a margem do rio nessa manh. Registrou-se muito pouca discusso no tocante ao que tnhamos presenciado, to absortos estvamos em nossos pensamentos.

    Ficou decidido nessa tarde que faramos o desvio para chegar ponte e transpor o rio. Uvantamo-nos bem cedo na outra manh, prontos para enfrentar a longa volta. Antes de comearmos, cinqenta e dois componentes da companhia caminharam calmamente at o rio e por cima dele, como os doze tinham feito na vspera. Disseram-nos que seriamos capazes de cruzar o rio com eles, mas nenhum de ns teve bastante f para fazer a tentativa. Jast e Neprow insistiram em acompanhar-nos. Tentamos dissuadi-los, dizendo que poderamos prosseguir com os outros, poupando-lhes, dessa maneira, a inconvenincia. Eles se mostraram irredutveis e permaneceram conosco, dizendo que no era absolutamente nenhuma inconvenincia para eles.

    O assunto da conversao e dos pensamentos durante os quatro dias que levamos para juntar-nos aos que tinham cruzado o rio foram as coisas notveis que testemunhamos durante o curto lapso de tempo que tnhamos ficado com aquelas pessoas maravilhosas. No segundo dia, a companhia estava escalando o lado ngreme de uma montanha, enquanto o sol quente se derramava sobre ns, quando o nosso Chefe, que tinha

  • dito muito pouca coisa nos ltimos dois dias, de repente perguntou: "Meninos, por que o homem obrigado a rastejar-se e a rojar sobre esta terra?" Respondemos em coro que ele exprimira comexatido nossos pensamentos.

    Ele continuou perguntando:"Se uns poucos so capazes de fazer as coisas que presenciamos, por que nem todos podem realizar as

    mesmas coisas? Como se d que o homem se contente com rastejar, e no s se contente com rastejar mas seja obrigado a faz-lo? Se ao homem foi dado o domnio sobre todas as coisas, foi-lhe dado, de certo, o poder de voar acima dos pssaros. Se este o seu domnio, por que no o afirmou ele h muito tempo? A falha deve estar certamente na prpria mente do homem. Isto deve ter acontecido merc do conceito mortal que o homem tem de si mesmo. Ele s foi capaz, em sua prpria ment, de ver-se rastejando; de sorte que s foi capaz de rastejar."

    Seguindo o pensamento, Jast interveio: "O senhor tem toda a razo, est tudo na conscincia do homem. Ele limitado ou ilimitado, preso ou livre, conforme pensa. Acreditam os senhores que os homens que ontem caminharam sobre o rio para furtar-se ao inconveniente desta volta so, de algum modo, criaes especiais, diferentes dos senhores? No. No foram criados de nenhum modo diferente dos senhores. No tm um tomo sequer a mais de poder do que o que os senhores receberam quando foram criados. Pelo uso correto das foras do seu pensamento, eles desenvolveram o poder que lhes foi dado por Deus. As coisas que os senhores viram realizadas enquanto estiveram conosco, podem ser realizadas do mesmo modo pleno e livre por qualquer um. As coisas que viram foram realizadas de acordo com uma lei definida, que todo ser humano pode usar, se quiser."

    A conversa acabou aqui e ns prosseguimos e nos reunimos aos cinqenta e dois que tinham atravessado a corrente e, ato contnuo, nos encaminhamos para a aldeia.

    CAPTULO 9

    Localizado nessa aldeia erguia-se o Templo da Cura. Afirma-se que somente palavras de Vida, Amor e Paz tm sido proferidas no templo desde a sua edificao, e to potentes so

  • as vibraes que quase todos os que passam pelo templo se curam imediatamente. Afirmase tambm que as palavras de Vida, Amor e Paz tm sido usadas e enviadas h tanto tempo deste templo e suas vibraes so to fortes que, se se usarem palavras de desarmonia e imperfeio a qualquer momento, estas no tero poder. Disseram-nos que isto uma ilustrao do que acontece no homem. Se ele praticar a emisso de palavras de Vida, Amor, Harmonia, Paz e Perfeio, dentro de pouco tempo se tornar incapaz de pronunciar uma palavra desarmoniosa. Tentamos usar palavras inarmnicas e descobrimos, ern cada tentativa, que no podamos sequer pronunci-las.

    O templo era o destino dos membros da companhia que estavam procurando curarse. costume dos Mestres que esto nas cercanias congregar-se na aldeia, a certos intervalos, para uma temporada de devoo e instruo aos que desejam socorrer-se da oportunidade. O templo, inteiramente dedicado cura, est sempre aberto s pessoas. Como nern sempre possvel ao povo chegar at os Mestres, estes animam o povo a ir ao templo a fim de curar-se. Eis a razo por que eles no curam os que se renem para as peregrinaes. Eles acompanham os peregrinos a fim de mostrar-lhes que no so diferentes deles, que todos tm no seu interior o mesmo poder dado por Deus. Desconfio que eles cruzaram o rio nessa manh para mostrar que podiam erguer-se acima de qualquer emergncia e que ns devamos tambm erguer-nos acima de qualquer emergncia.

    Em lugares que no do acesso ao templo, todos os que se chegam aos Mestres procurando ajuda so grandemente beneficiados. evidente que existem os curiosos e os que no acreditam e parecem no receber ajuda alguma. Assistimos a uma srie de reunies, que congregavam de duzentas a duas mil pessoas, e todos os que queriam curar-se foram curados. Muitos nos disseram que tinham sido curados declarando em silncio que almejavam a cura. Tivemos oportunidade de observar grande nmero de curados em diferentes ocasies e descobrimos que perto de noventa por cento das curas eram permanentes, enquanto que todas as curas levadas a efeito no templo pareciam permanentes. Explicou-se que o templo uma coisa concreta, localizada num lugar, e representa o centro de Deus, o Cristo no indivduo - precisamente como todas as igrejas deveriam tipificar esse Deus, ou centro de Cristo, no indivduo - e que ele sempre acessvel aos que l quiserem ir. Eles podiam ir ao templo tantas vezes quantas quisessem e ficar l o tempo que desejassem. Forma-se assim o ideal na mente dos que vo ao templo, e o ideal fixa-se na mente.

    Disse Emil:"Justamente aqui surge a sugesto que conduziu idolatria do passado. Os homens procuravam

    gravar na madeira ou na pedra, no ouro, na prata ou no bronze a imagem do que idealizavam, mas o dolo s pode ser uma imagem imperfeita do ideal. Tanto que se forma a imagem, o dolo, os homens tm conscincia de que o ideal ultrapassa o dolo e percebem que precisam olhar para o amor e idealizar por si mesmos o que desejam produzir, tirando-o do interior, em vez de gravar qualquer dolo na forma externa do ideal que tencionam expressar. Uma forma mais recente de idolatria idealizar a personalidade de quem expressa o nosso ideal. Devemos idealizar o ideal que ele expressa e no a personalidade que expressa o ideal. Isso verdade at em relao a uma pessoa to grande quanto Jesus. Assim, Jesus decidiu ir embora quando viu que as pessoas estavam idealizando Sua personalidade em lugar do ideal que Ele representava. Elas procuravam fazer dEle o seu Rei, compreendendo apenas que Ele poderia suprir a todas as suas necessidades exteriores, e no reconhecendo que eles, dentro de si mesmos, tinham o poder de suprir a cada uma de suas necessidades, e que era isso o que precisavam fazer, assim como Ele mesmo o fizera. Disse ele: ` conveniente que eu me v pois, se no for, o Esprito Santo no vir', querendo dizer com isso que enquanto olhassem para a Sua personalidade no reconhece

    ri os prprios poderes. Pois precisavam olhar para dentro, para dentro dos seus

    prprios eus.Outro pode ensin-los ou dizer-lhes, mas os senhores mesmos precisam fazer o

    trabalho, porque, se olharem para outro, construiro o dolo em lugar de produzir o ideal." Fomos testemunhas de curas maravilhosas. Alguns sofredores apenas andavam pe lo

    interior do templo e se curavam. Outros passavam aqui um tempo considervel. Em m o rrtento algum vimos algum celebrar algum servio religioso, uma vez que as vibraes d a

    palavra falada eram to fortes que todos os que entravam no seu campo de influncia recebiam benefcios. Vimos um homem, que estava sofrendo de ossificao, entrar c a r r e gado no interior do templo e ficar completamente curado. No espao de uma hora, ele s e

  • ps a andar, totalmente restaurado. Depois disso, ele trabalhou para o nosso grupo durante quatro meses. Outro homem que havia perdido os dedos da mo teve-os completamente

    restaurados. Uma criancinha, cujos membros estavam secos e cujo corpo se apresentava distorcido, foi curada instantaneamente e saiu do templo andando. Casos de lepra, ceguei ra, surdez e muitas outras molstias curaram-se no mesmo instante. De fato, todos os q u e entraram no templo se curaram. Tivemos a oportunidade de observar, a intervalos, dois o u

    trs anos depois, certo nmero de curados nessa ocasio, e constatamos que a cura f o r a permanente. Disseram-nos que se a cura no tivesse sido permanente e a enfermidade

    voltasse, voltaria em virtude da falta da verdadeira compreenso espiritual do indivduo.

    CAPTULO 10

    Quando regressamos ao alojamento, encontramos tudo pronto para cruzar as montanhas. Depois de um dia de descanso e uma troca de carregadores, iniciamos a segunda fase da jornada, desta feita realmente para cruzar os Himalaias. Os sucessos dos vinte dias seguintes foram de escasso interesse.

    Emil falou-nos sobre a compreenso da Conscincia de Cristo. Disse ele: " atravs do poder da nossa prpria mente, ou da ao do pensamento, que somos capazes de produzir ou de entender a Conscincia do Cristo. Atravs do poder ou do processo do pensamento, transmudamos e desenvolvemos o nosso corpo ou as nossas condies e imediaes exteriores, por meio do reconhecimento da Conscincia do Cristo dentro de ns mesmos, de modo que nunca experimentaremos a morte nem qualquer mudana chamada morte. Isso se faz inteiramente por intermdio do poder do homem de visualizar, idealizar, conceber e produzir o que ele est olhando. Isto se faz primeiro conhecendo, percebendo ou tendo f em que o Cristo est dentro de ns mesmos; vendo o real significado dos ensinamentos de Jesus; conservando o corpo identificado com Deus, feito imagem e semelhana de Deus e fundindo-o no corpo perfeito de Deus, exatamente como Deus nos v. Idealizamos, concebemos e produzimos de modo que se manifestasse o corpo perfeito de Deus. `Nascemos de novo' realmente do Reino Espiritual de Deus e nesse Reino.

    "Nessas condies, podemos devolver todas as coisas Substncia da Mente Universal, da qual provieram, e traz-las de volta ou devolv-las, perfeitas, nossa forma exterior de manifestao. Em seguida, mantendo-se em seu estado puro, espiritual, inteiro, as vibraes diminuem e as coisas que desejamos criar surgem em forma perfeita.

  • Dessa maneira podemos tomar cada uma das crenas falsas, todas as velhas condies, todos os pecados, tudo da nossa vida passada - pouco importa o que ela tenha sido, quo boa ou quo aparentemente m, pouco importa a montanha de crenas falsas, dvidas, descrena ou medo que ns ou qualquer outra pessoa erguemos nossa volta ou em nossos caminhos - e podemos dizer a todas, `Agora eu as devolvo ao grande oceano da Substncia da Mente Universal, da qual provieram todas as coisas e onde tudo perfeio, e da qual vocs surgiram, para ser novamente transmutadas nos elementos com que foram criadas. Agora as devolvo ou trago-as de volta daquela pura substncia, to perfeitas e puras quanto Deus as v e as mantm sempre naquela perfeio absoluta'. Podemos dizer a ns mesmos: `Agora compreendo, na velha ordem das coisas, que as produzi imperfeitamente, e vocs se manifestam imperfeitamente. Compreendendo a Verdade, agora as produzo perfeitas como Deus as v. Vocs voltaram a nascer perfeitas e "assim ".' Precisamos compreender que o alquimista interior, Deus dentro de ns, se apossou disso e transmudou, refinou e aprimorou o que parecia imperfeito, o que produzimos e estamos agora devolvendo. Precisamos compreender que elas so refinadas, aprimoradas e transmudadas exatamente como o nosso corpo refinado, aprimorado e devolvido a ns como o corpo de Deus, alegremente perfeito e lindamente livre. Por fim, devemos entender que esta a perfeita Conscincia de Cristo em tudo e para tudo. Isso `Escondido com Cristo em Deus'."

    A manh de 4 de julho encontrou-nos no topo do desfiladeiro. Emil nos confessara, na vspera, que se considerava merecedor de um feriado e que no via nenhum momento mais adequado para comemorar do que o dia 4.

    No desjejum, Emil principiou dizendo: "Este o dia 4 de julho, o dia em que os senhores comemoram o nascimento da sua independncia. Que dia apropriadamente expressivo!

    "Acho que todos os senhores depositam mais ou menos confiana em ns; por conseguinte, vou falar-lhes livremente. Daqui a poucos dias seremos capazes de provar-lhes, de modo concludente, a verdade das asseres que estou fazendo.

    "Apraz-nos chamar ao seu pas `Amrica', e a todos os seus habitantes, `americanos'. Os senhores nunca sabero a alegria que estes poucos momentos me trazem, num dia to importante, por poder falar-lhes e ter minha frente um pequeno grupo de americanos nascidos, com uma s exceo, na grande terra. Deixem-me dizer-lhes que foi o privilgio de alguns de ns ter visto o seu pas muito antes de Colombo haver iniciado a memorvel expedio. Tinha havido outras tentativas de descobrimento, mas elas se haviam