BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE...
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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
SUMAIA FAGUNDES DE SÁ
PROPOSTA DE ANTEPROJETO PARA UM
“CONDOMÍNIO CONSCIENTE”
Campos dos Goytacazes/RJ
2018
SUMAIA FAGUNDES DE SÁ
PROPOSTA DE ANTEPROJETO PARA UM
“CONDOMÍNIO CONSCIENTE”
Monografia apresentada ao Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia
Fluminense – IF Fluminense, como
requisito para elaboração do trabalho final
de graduação.
Orientador: Prof. Dr. Luciano Falcão da Silva
Campos dos Goytacazes/RJ
2018
RESUMO
Sabe-se que o planeta terra passa por ciclos e fases de transformações em todos os âmbitos.
Esses ciclos naturais ou não, afetam de alguma maneira o espaço e a vida humana. O impacto
da grande população e seus maus hábitos acarretam nessas transformações que funcionam
como reação.
Estudiosos e acadêmicos estudam os efeitos e transformações das cidades depois da
Revolução Industrial, tanto na área econômica, social como tecnológica. Presume que o
homem é responsável pelo desgaste e sobrecarga da terra.
Diante dos impactos ocasionados pela degradação do meio ambiente, nasce a necessidade e a
chance de fazer algo que inova. A questão Ambiental passou ser pauta de assuntos globais de
grande relevância e se torna ainda mais importante a cada dia pelas novas gerações.
As empresas hoje buscam adotar processos mais eficientes, mais ecológicos. Novos meios de
vida, novos padrões de vida, de habitação e construção surgem com objetivo e ideias ligadas
ao estilo de vida. O setor da construção civil tem papel de grande relevância para o
desenvolvimento, como para a degradação do meio ambiente. Assim o presente trabalho, é
subdividido em dois. Na primeira parte da gleba, propõe um condomínio eficiente, que
engloba conceitos sustentáveis. A 2º parte, é destinado para a parte social, desenvolvida com
ajuda pública e esforço da comunidade e voluntários, para a construção de uma praça pública
com um Centro Cultural e ambiental para a comunidade.
Palavras-chave: Condomínio, Ecovilas, Sustentabilidade.
.
ABSTRACT
It is known that planet earth goes through cycles and phases of transformations in all ranges.
These natural cycles or not, affect in some way the space and the human life. The impact of
large population and their bad habits lead to these transformations that work as a reaction.
Scholars and academics, study the effects and transformations of cities after the Industrial
Revolution, both in the economic area and in the social and technological areas. It assumes
that man is responsible for the wear and tear of the earth.
Faced with the impacts caused by the degradation of the environment, it develop the need and
the chance of something that is innovating. The environmental issue has become a global
subject of great relevance and becomes even more important every day for the new
generations.
Companies today are looking to adopt more efficient, greener processes. New livelihoods,
new standards of living, housing and construction arise with purpose and ideas linked to a
lifestyle. The construction sector has a great role of importance for the development, but also
for the degradation of the environment. Thus the present work is subdivided into two. The
first part of glebe, it proposes an efficient condominium, which encompasses sustainable
concepts. The second part is intended for the social part, developed with public help and
community effort and volunteers, for the construction of a public square with a Cultural and
Environmental Center for the community.
Key-words: Condominium, Ecovillages, Sustainability.
LISTA DE SIGLAS
ONG’s – Organizações Não Governamentais
ONU – Organizações das Nações Unidas
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o meio Ambiente
IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano
IFF – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PMCG – Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes
ZEU – Zona de Expansão Urbana
CMMAD – Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
LISTA DE GRÁFICOS E FIGURAS
Gráfico 1: Crescimento da população e do PIB no mundo: 1950-2000. ..............................................13
Gráfico 2 - Projeções da População mundial: 2000 -2050. .................................................................14
Figura 1: Saneamento básico brasileiro. ............................................................................................14
Figura 2: Escola sustentável, Uruguai. ...............................................................................................23
Figura 3: Relação de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes, RJ. ....................................26
Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes, RJ. ........................................27
Figura 5: Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes, RJ. .....................................................28
Figura 6: Condomínio Bosque das Acácias. ......................................................................................28
Figura 7: Quadra do Condomínio Bosque das Acácias. ......................................................................29
Figura 8: Quadra do Condomínio Bosque das Acácias. ......................................................................29
Figura 9: Construção Orgânica, São Paulo. ........................................................................................30
Figura 10: Construção Orgânica, São Paulo. ......................................................................................31
Figura 11: Construção Orgânica, São Paulo. ......................................................................................31
Figura 12: Corredor da Escola, Uruguai. ...........................................................................................32
Figura 13: Horta, Escola Sustentável, Uruguai...................................................................................37
Figura 14: Muro de Contenção, escola, Uruguai. ...............................................................................33
Figura 15: Parede de Pneus, Escola Sustentável, Uruguai. .................................................................38
Figura 16: Horta, Escola Sustentável, Uruguai...................................................................................34
Figura 17: Vista geral da Eco vila Santa Branca. ...............................................................................35
Figura 18: Vista parcial do viveiro da Eco vila Santa Branca. ............................................................36
Figura 19: Placas de energia solar da Eco vila Santa Branca. .............................................................36
Figura 20: Panorama da Vila Tib,2007. .............................................................................................37
Figura 21: Espaço Comum. ...............................................................................................................38
Figura 22: Espaço Comum ................................................................................................................38
Figura 23: Horta Comunitária. ...........................................................................................................39
Figura 24: Arquitetura. ......................................................................................................................39
Figura 25: Janela. ..............................................................................................................................40
Figura 26: Eco Serenbe. ....................................................................................................................41
Figura 27: Parte da vista do conceito. ................................................................................................42
Figura 28: Localização da proposta do Anteprojeto. ..........................................................................43
Figura 29: Localização da proposta do Anteprojeto. ..........................................................................43
Figura30: Imagem de um pedaço do local da proposta. ......................................................................44
Figura 31: Zoneamento da área de intervenção. .................................................................................44
Figura 32: Estudos de Implantação- Setorização. ...............................................................................46
Figura 33: Vista Implantação ............................................................................................................46
Figura 34: Proposta inicial- Espaço comum. ......................................................................................49
Figura 35: Vista 1 da implantação do espaço comum. ........................................................................49
Figura 36: Vista 2 da implantação do espaço comum. ........................................................................49
Figura37: Vista da Fachada Uni residencial- 1 Quarto. ......................................................................50
Figura 38: Vista unifamiliar. .............................................................................................................50
Figura 39: Vista da Fachada. .............................................................................................................51
Figura 40: Vista da Fachada. .............................................................................................................52
Figura 41: Vista da Fachada. .............................................................................................................52
Figura 42: Vista unifamiliar. .............................................................................................................52
Figura 43: Vista unifamiliar. .............................................................................................................53
Figura 44: Vista unifamiliar. .............................................................................................................53
Figura 45: Vista da Praça. .................................................................................................................54
Figura 46: Vista Do Espaço Social. ...................................................................................................55
Figura 47: Vista Do Espaço Social. ...................................................................................................56
Figura 48: Vista da Praça. .................................................................................................................56
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 8
1 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES URBANAS ..........11
1.1 A Crise Urbana ..............................................................................................................12
1.2 O Crescimento Populacional ..........................................................................................13
2 REVOLUÇÃO AMBIENTAL: ...............................................................................................16
2.1 A Construção Civil e avanços tecnológico e emprego de novos materiais .......................21
2.2 Bioarquitetura ................................................................................................................22
3 CONDOMÍNIO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES:.........................................................25
4 REFERENCIAL DE PROJETO ............................................................................................30
4.1 Casa de pneus, São Paulo ...............................................................................................30
4.1.1 Contextualização ...........................................................................................................31
4.1.2 Aspectos Tipológicos .....................................................................................................31
4.2 Escola Sustentável em Jaureguiberry, Uruguai ...............................................................36
4.2.1 Contextualização ...........................................................................................................31
4.2.2 Aspectos Tipológicos .....................................................................................................32
4.2.3 Aspectos Tecnológico ....................................................................................................33
4.3 Eco Vila Santa Branca/ Go. ............................................................................................36
4.3.1 Contextualização ...........................................................................................................34
4.3.2 Aspectos Tipológicos .....................................................................................................35
4.3.3 Aspectos Tecnológico ....................................................................................................36
4.4 Eco vila Tibá, São Carlos/ SP.........................................................................................37
4.4.1 Contextualização ...........................................................................................................37
4.4.2 Aspectos Tipológicos .....................................................................................................37
4.4.3 Aspectos Plásticos .........................................................................................................39
4.5 Serenbe, Estados Unidos ................................................................................................40
4.5.1 Contextualização ...........................................................................................................40
4.5.2 Aspectos Acessíveis .......................................................................................................41
5 A PROPOSTA ........................................................................................................................42
5.1 O conceito .....................................................................................................................42
5.2 A área da Proposta .........................................................................................................42
5.3 A implantação da proposta do anteprojeto ......................................................................45
5.4 Espaço comum - Condomínio ........................................................................................47
5.5 Unidade Residencial ....................................................................................................50
5.5.1 Unidade Residencial - 1 Quarto ......................................................................................51
5.5.2 Unidade Residencial - 2 Quarto ......................................................................................52
5.6 A área social – Centro Cultural e Praça ..........................................................................52
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................57
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................58
8
INTRODUÇÃO
Nada mais comum nos dias de hoje que a preocupação com o mundo e sua
preservação e qualidade de vida, que quer dizer modos de vida e novos conceitos emergentes.
Apesar do desenvolvimento e feitos vistos desde a Revolução Industrial, junto ao crescimento
da riqueza material do mundo e sua tecnologia inovadora e dominante, vemos também,
desiquilíbrio social, ambiental e a perda forte de sentidos comunitários, coletivistas e sociais,
essenciais e primordiais em qualquer sociedade. Parece que estamos, numa sociedade que se
encontra numa condição negativamente abstrata, em uma crise civilizatória. Uma crise
humana.
A cidade é o mundo que o homem criou. Ao fazer a cidade o homem refaz a si mesmo,
ao fazer a si mesmo, o homem refaz a cidade. Além do homem ter um grande poder de
adaptação, também tem outro poder, o de transformação. E cabe ao homem a mudança, essa
que vem de dentro. Mudanças de vida, de conceito, mudança de intelecto, mudança de
respeito.
Assim sendo, como mudar seu próprio meio, é uma outra maneira de modificar o
cenário urbano. Viver em um espaço, privado ou coletivo, com menor impacto, respeitando a
vizinhança em todos os âmbitos e condições.
Alguns temas como moradia, sustentabilidade, tecnologia se relacionam com o tema
condomínios e ecovilas presente no trabalho.
Uma forma de habitar mais decorrente hoje em dia são os condomínios. São áreas que
podem gerar mais qualidade de vida com alguma segurança e praticidade, mas que por outro
lado pode se tornar um transtorno, quando não implantado com devidas precauções, tornando
se um investimento mal aplicado.
Outra maneira de habitação são as Ecovilas. Comunidades que são estruturadas com
conceito de não agredir o meio que a engloba. Uma forma de vida estruturada sobe um
critério de convivência que é integrada a natureza e bem-estar comum. As Ecovilas vêm
sendo umas das alternativas de construção de comunidades que diferentemente uma das
outras, têm como norte a sustentabilidade, porém possuem características específicas- desde
sua concepção ao gerenciamento e a prática. Esse estudo expõe métodos de organização do
espaço relacionados a exemplos de comunidades e condomínios já existentes, e método de
pesquisa para entender os desafios para se aplicar iniciativas sustentáveis. Além disso, esse
estudo pretende aproximar o condomínio à natureza, seus valores e cuidado, assim como o
zelo e a preocupação com a comunhão, a sociedade e o bem-estar.
9
O objetivo geral é elaborar um anteprojeto de um condomínio, inserido no contexto
urbano, que atenda conceitos ecológico, de modo a minimizar seu impacto. Um lugar que
proporcione um novo padrão de vida, um novo conceito de comunidade, para quem acredita
que pode transformar uma realidade e viver em um mundo melhor. A ideia não é segregar,
como muitos condomínios e sim cuidar. É se unir, é praticidade, qualidade de vida.
Os objetivos específicos a serem realizados são:
• Criar um anteprojeto de um condomínio sustentável, que aposta em uma vida
consciente, capaz de produzir alguns de seus alimentos orgânicos, se
inspirando numa produção subsistente; separando seu próprio lixo e dejetos,
para que dessa forma se torne mais independente e consciente;
• Empregar na construção do condomínio, biodiversidade dos materiais aliada à
inteligência das novas tecnologias;
• Incentivar e criar esquemas sociais e familiares, ligados ao envolvimento dos
moradores, a educação ambiental e a novos valores estéticos e morais. Os
moradores, desde criança aprendem a cuidar do seu ambiente, usufruindo com
zelo e consciência do mesmo; promover programas de cultivo e cuidado, com
participação infantil na produção de seus alimentos orgânicos.
• Preservar e cultivar as áreas verdes, assim como as árvores existentes.
A proposta tem como justificativa a necessidade de se buscar meios que possam
reverter o atual quadro de desorganização social e espacial urbana. As cidades vivem hoje
numa civilização antiquária, em paradigmas e atitudes que sobrecarregam o mundo,
prejudicando a qualidade de vida e degradando o meio ambiente.
O grande consumo descontrolado e supérfluo da sociedade gera um amontoado de lixo
jogado por todo lado e em meio a lugares de aterros que acabam com a terra que o consome.
Os grandes valores na sociedade não estão sendo voltados a valores pessoais e comuns
ligados ao desenvolvimento humano pessoal, espiritual e ao bem comum. Passaram a serem
conceitos superficiais que estão mudando os hábitos e ate mesmo o caráter humano. A
sociedade não tem se cuidado enquanto um todo, tampouco cuidado do próximo e do seu
habitat.
A má distribuição de renda, ou seja, o acúmulo de riquezas sem uma distribuição
equilibrada, e a grande aglomeração populacional, têm transformado a cidade numa
contradição da sociedade e dos sistemas urbanísticos. As grandes moléstias das intenções
políticas duvidosas não garantem nem ao menos as necessidades básicas dos habitantes.
10
Pode-se chamar de comunidade, um grupo, ou alguma parcela da sociedade que não
necessariamente precise estar afastada do meio urbano, pela necessidade de contato com meio
natural, mas que se constrói essa comunidade de maneira inteligente, independente de padrões
tradicionais de construção. As ecovilas, como inspiração, são outras comunidades alternativas
de requalificação do espaço, com inovação e diversidade de ideias construtivas.
O condomínio tem como finalidade viver como uma comunidade mesmo inserida no
meio urbano, que se consegue manter um padrão de controle social e ecológico. Um local que
coopera com o solo e seus benefícios sem sobrecarregá-lo.
A metodologia de pesquisa adotada resume-se em analisar por pesquisas bibliográficas
jornalísticas, acadêmicas e materiais instrucionais as características e as diferentes formas de
organização de algumas comunidades de qualquer natureza, como Ecovilas existentes
principalmente no Brasil, fundamentada em bibliografias que abordam outros assuntos
relacionados diretamente ao tema: a crise ambiental, a cidade-Campo, padrões e hábitos da
sociedade, tecnologia da construção entre outros.
A metodologia do trabalho além de adotar meios tecnológicos de informação que
tenham acesso às pesquisas, adotará softwares que possibilitem apresentar de forma clara e
objetiva a proposta do anteprojeto.
Também serão selecionados referenciais projetuais de edificações e projetos paralelos
como influência. Os referenciais são: referenciais tecnológicos, tipológicos e plásticos.
As boas referências e acervo que guardamos ao vivenciar a cidades, a arquitetura, e as
pesquisas é fundamental para o desenvolvimento de um bom trabalho. O mesmo está
subdividido da seguinte maneira: no Capítulo 1 – Revolução Industrial, analisando as
transformações urbanas desde a era Pré-Industrial, o aumento populacional exorbitante, os
pontos positivos e principalmente os impactos negativos, no âmbito social e urbanístico
especificamente; O Capítulo 2 – Revolução Ambiental, tratará de questões relacionadas à
sustentabilidade, técnicas construtivas. Já no Capítulo 3, discute sobre os condomínios da
cidade de Campos dos Goytacazes; Capítulo 4, referencias projetuais e no capítulo 5, a
proposta do anteprojeto.
11
1 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES URBANAS
Para entender a cidade deve-se analisar sua gênese, sua história e suas transformações.
Nela acumulam-se capital, conhecimentos, pessoas, relacionamentos, riquezas diversas, na
cultura, história e estilos de vida. A mais valia que se formou no campo, transformou todo
contínuo desenvolvimento das cidades. Desde então a mais valia modificou os centros
urbanos se transformando na centralidade do poder baseada na produção capitalista
(HARVEY, 2001).
Na antiga cidade medieval, no ápice da boa forma, sem perder o carácter político, se
organizavam democraticamente, mas principalmente a cidade consistia nas atividades
artesanal, comercial e bancária. Devido à crescente produção agrícola, se acumulou riquezas
nos centros das cidades trocando a direção que devia seguir o excedente de produção em
baixa dos feudos.
A cidade se transformava numa sede de produção, do artesanato, e depois das
industrias. A mais valia que inicialmente se fez no campo, se deslocava para a cidade à
medida que esse se transformava na sede das negociações. Antes mesmo de se afirmar, se via
entre o urbano e o rural.
Toda movimentação de expansão das trocas e da produção mercantil desenvolveu as
relações externas e as cidades, resultando na cidade pré-industrial até chegar à revolução
industrial. O crescimento era contínuo, crescia a riqueza, o conhecimento de novas
informações e técnicas, as invenções, o acumulo de coisas e de capital. Lá se acumulava todo
tipo de glórias e feitos.
A cidade urbana rendeu-se à industrialização. Antes mesmo de se afirmar, o urbano se
viu dividido entre o campo e a cidade, o território que se submetia as requisições das grandes
empresas. Há mais de um século e meio a industrialização modifica a sociedade. Pelo
crescimento e desenvolvimento rápido, o momento industrial ocorrente transmitia perspectiva
positiva de prosperidade (LEFEBVRE, 2001).
A cidade passou a ser submetida às exigências das empresas, tratadas com a
racionalidade empresarial. O feito da industrialização submergiu os feitos urbanos, que se
reduz a ele. O que faz o capitalismo mais forte que qualquer outra proposta, mais forte até
mesmo que os próprios preceitos e necessidade humana.
12
1.1 A Crise Urbana
A Revolução Industrial é a representatividade das atividades humanas que mais
influenciou as cidades urbanas e suas transformações no âmbito social, político e econômico.
A princípio só se via pontos positivos, mas gradativamente aumentam as desordens sociais.
As cidades e suas relações se tornaram mais amplas, mais complexas e cheias de conflitos.
Nas grandes cidades que se formavam, o aglomerado de pessoas e famílias se
encontravam em péssimas condições de vida. Ludibriados aos olhares satisfeitos pelos feitos
capitalistas e seus novos produtos revolucionários, a política pública não cumpria as
demandas de salubridade, saneamento e distribuição de água dilatada a eixos da cidade. Por
muito tempo não havia um real entendimento e preocupação com o meio ambiente. E com
isso as consequências de imediato apareceram ocasionando além de problemas sociais,
problemas ambientais de vários níveis e também de saúde pública. Dia a dia a cidade é
usurpada de maus hábitos, da grande massa populacional, cheias de costumes vaidosos que
atinge seu próprio mundo. A quantidade de dejetos, poluição de atividades industriais e de
toda população.
A formação do lixo é resultado da formação da sociedade em massa que
sobrecarregava o habitat natural impactando a cidade devido ao grande fluxo de pessoas e
seus consumes que transformava na direção do supérfluo. Os rios desde a cidade antiga eram
essenciais para a produção excedente agrícola e já eram explorados servindo de descarte de
dejetos. Na era industrial os rios já se encontravam em péssimas condições que ocasiona em
poluição das águas, perda de vida animal e desencadeia todo um equilíbrio natural; O
chamado aterro cresce em grande proporção prejudicando também o solo urbano.
O crescimento populacional e o despreparo de estruturas urbanas públicas, ocasionou a
problemas de moradia sendo até hoje um desafio a ser enfrentado. A organização espacial, a
condições de moradia, e as condições de vida humana.
O Texto “A questão ambiental urbana, estúpido” de Ermínia Maricato, 2013, fala da
herança das cidades brasileiras sobre a desigualdade social, uma das maiores da América
Latina, dos moradores em áreas invadidas ou adquiridas de loteamento ilegais. Uma força de
trabalho e sobrevivência que não se enquadra no mercado especulativo e capitalista. Maricato
afirma que a melhoria dos bairros é fonte de inesgotável de um sistema de política de troca.
Troca-se por votos a providencia por melhorias públicas.
13
1.2 O Crescimento Populacional
Em 1804, a população mundial atingiu um milhão de pessoas. Por volta de 1850, a
população do mundo era cerca de 1,3 bilhões de habitantes. Depois da Revolução Industrial já
se constatava o impacto da população que chegara a dois bilhões de pessoas. Estima-se um
total de cinco milhões de habitantes imigrantes no Brasil entre 1887 e 1957 pela oferta de
trabalho que ocorria devido à abolição da escravatura e a precariedade de mão-de-obra. O
aumento ainda mais representativo se deu na última década do século XIX no qual mais de
um milhão de imigrantes se misturaram no país representando um quarto do crescimento
populacional no período (IBGE, 2001).
Em 1900 atingiu aproximadamente 1,7 bilhão chegando a 2,5 bilhões de pessoas no
mundo em 1950. Como a progressão é constante, as estatísticas para períodos atuais são ainda
mais impressionantes (dados do IBGE, 2001). Houve um crescimento ainda maior do PIB,
relativamente ao crescimento populacional por conta da Revolução Industrial.
Nas décadas seguintes, o volume da população cresceu em mais de quatro bilhões de
habitantes, atingindo seis bilhões de pessoas no ano 2000. Houve um crescimento
significativo de renda per capita nesse período levando a melhorias das condições econômicas
que acelerou e acelera o tempo (IBGE, 2001).
A taxa de crescimento estimada pela ONU, para o último século atingiu em média o
nível de 1,63% anualmente (Gráfico 1) e projetando-se para 2020 uma estimativa de
crescimento populacional em torno de 0,71% (Gráfico 2).
Gráfico 1: Crescimento da população e do PIB no mundo: 1950-2000.
Fonte: José Eustáquio Diniz Alves (IBGE, 2001).
14
Gráfico 2: Projeções da População mundial: 2000 -2050.
Fonte: José Eustáquio Diniz Alves (IBGE, 2001).
À medida que a população aumenta, aumenta também a necessidades de recursos
naturais, hídricos e de saneamento básico. Segundo a ONU em 2001, nos países em
desenvolvimento, quase 60% dos 4,4 bilhões de pessoas vivem sem saneamento básico e um
terço não tem acesso ao fornecimento de água. Já no Brasil, 90% em média das edificações
não tem acesso à água e o abastecimento é concludente de canalização interna de rede geral
pública. Metade dos domicílios brasileiros não necessariamente estão ligados a rede de
tratamento de esgotos sendo ligados indiretamente (Figura 1).
Figura 1: Saneamento básico brasileiro 1992 1999
Fonte: IBGE, 2001.
Segundo relatório da ONU os efeitos da pobreza são prejudiciais à vida humana e os
efeitos dela destroem o ambiente. Mas a riqueza consome muito mais energia e gera toneladas
15
de resíduos em maiores amplitudes que a pobreza. A concentração de riqueza, de consumo, e
os maus hábitos modificam o ecossistema, pressionando o meio ambiente (IBGE, 2001).
Várias são as ações e consequências positivas e principalmente negativas da
industrialização. A consequência do grande número populacional resulta também em conflitos
que é outra questão marcante advinda das relações humanas que se vê por todos os âmbitos da
sociedade em graus que acompanham a evolução tecnológica e urbana. A desigualdade social
e a violência e as guerras são fatores de grande peso nas gestões políticas e toda a população.
Também desencadeiam toda uma vida equilibrada e saudável que a cidade deveria
proporcionar (MARICATO, 2013).
As transformações ocorridas na história das cidades foram conquistadas por meio de
lutas comuns. Atos e vanguarda que incidem e manifestações mudam o rumo de uma
sociedade. Os desenvolvimentos do processo de comunicação ampliaram-se depois da
industrialização e os atos de conflitos de grupos sociais e a segregação principalmente com
feitos da tecnologia.
Com toda essa evolução do Brasil e o desenvolvimento ligado à infraestrutura
econômica social e à globalização, os comuns problemas continuam a existir. A taxa de
desemprego que voltou em repressão nos dias atuais. A terra urbana permanece refém dos
interesses do capital imobiliário e as leis foram flexibilizadas. A classe de baixa renda
continua pagando o preço e saem prejudicados pela imobilidade e pela falta de outros recursos
e infraestrutura. Há mais subsídios para circulação de automóveis do que para o transporte
coletivo (MARICATO, 2013).
Com a globalização o território brasileiro passa por notável transformação,
demográfica, urbana, ambiental, além de social e econômica, além da conscientização e
mudanças na Legislação e Códigos Ambientais. Esse movimento criou um novo quadro
jurídico e institucional ligado às cidades, o Conselho das cidades e o Estatuto da Cidade, Lei
Federal, 2001 (MARICATO, 2013).
O processo de mobilização tornou-se cada vez mais acessível e as lutas pela cidadania
permeiam todo o sistema capitalista. O processo de mobilização está ligado à mudança, na
forma como as do processo de formação da consciência social. A cidadania precisa ser
concretamente exercida como uma prática sócio espacial, cotidiana.
Por toda problemática e mais algumas apresentadas do desenvolvimento capitalista e
crescimento populacional, entre lutas e conquistas, o quadro das cidades e sociedade continua
o mesmo. Os movimentos acontecem e as lutas aumentam, lutas de direitos, lutas de guerras,
lutas de interesses...modificando e construindo uma história.
16
2 REVOLUÇÃO AMBIENTAL:
Antes mesmo desses protestos e movimentos marcantes do século XXI, houve um dos
movimentos sociais mais significativos da história ainda no século XIX, que ainda vem
transformando o comportamento de toda uma sociedade, no âmbito político e econômico
desde então: A revolução Ambiental.
Depois da Revolução Industrial as primeiras preocupações que levaram essa questão
em pauta no século XX emergiram depois do impacto ocasionado pelo desastre da 2ª Guerra
Mundial e o trágico ataque em Hiroshima e Nagasaki. A degradação das cidades e os efeitos
da revolução Industrial. Logo após a Guerra, as questões ambientais tomaram uma expansão
mundial. Hábitos e conceitos foram questionados conscientizando a importância de cuidar do
nosso habitat para se viver em melhores condições no presente e no futuro. A tecnologia e a
ciência também foram questionadas, uma vez que as evoluções cientificas e tecnológicas
deveriam ser voltadas ao real benefício à vida da sociedade.
Até o século XX, o meio natural era considerado como um obstáculo, como uma
barreira que condicionasse bloqueando o desenvolvimento mundial, apenas como elemento
levado em consideração. A ciência e a tecnologia sempre vinculadas se desenvolveram
rapidamente nesse século com o ápice da revolução industrial e desenvolvimento tecnológico.
A diversidade e a agilidade causadas pela pratica do “sem apego”- no qual produtos não são
bens duráveis gerando um fluxo de compra, e consumo muito grande entre os maus, está
destruindo o espaço.
Com tanta gana para tirar mais lucros das maquinarias, a pressão econômica muitas
vezes provoca impactos negativos irreversíveis ou de difícil recuperação. As ações dos
homens de péssima intenção, como o desmatamento, como as próprias atividades produtoras,
como (as corrupções e falcatruas), as atividades petrolíferas, a agricultura, as pastagens para a
criação de gado, a mineração, entre outros, também contribuem para a degradação do meio
ambiente. Sem esquecer-se dos lamentáveis acontecimentos catastróficos naturais. Hoje as
negativas pressões exercidas pelo impacto ambiental são sentidas de alguma forma em todas
as partes do mundo. O que se faz ver notavelmente, a rever o cotidiano, as atitudes e modo
que agimos sobre o meio e com as relações do meio social. A questionar hábitos, consumo e
uso de recursos naturais.
No final dos anos 60, um derramamento de óleo na Costa Oeste da Inglaterra atingiu
consideravelmente o ecossistema. Horríveis cenas de animais mortos e várias praias
17
contaminadas repercutindo no resto do mundo. Mais tarde um acidente ainda mais grave de
derramamento de óleo de um navio de petróleo encalhou, atingiu o Alasca. Pelo acidente 40
milhões de litros de óleo petrolífero foram derramados em área com extensão de 250km².
Ainda assim, depois de anos cientistas tentam verificar, medindo o impacto ambiental
causado por esse derramamento. Porém o mal não se mede, pois se alastra prejudicando a
sobre pesca, o equilíbrio ambiental, com a cadeia alimentar, entre doenças e mudanças
climáticas e desastres climáticos e naturais (RICCIARDI, 2009).
Em 1984, um acidente na fábrica de pesticidas Union Carbide na Índia, na cidade de
Bhopal, cerca de 200 mil pessoas foram mortas ou cegas devido ao gás tóxico. Até hoje
muitos sobreviventes sentem sinais de deficiências respiratórias entre outros danos (O
GLOBO, 2010).
Logo em 1986 aconteceu o maior acidente nuclear na Usina de Chernobil, na Ucrânia.
Produziu nuvens de radioatividade que atingiu boa parte da Europa. Algumas áreas da
Ucrânia principalmente foram muito afetadas pela contaminação resultando na evacuação das
cidades. Os danos são irreparáveis e inúmeras vidas foram prejudicadas pelo desastre não
tendo ideia da quantidade de mortos devidos a doenças que vieram aparecer em longo prazo e
dificuldade de saber ao certo o motivo real dessas doenças, se estaria ou não ligados à
catástrofe. Naquela época o relatório da ONU constatou 56 mortes incluindo crianças e
estimulou a morte de mais de 3000 mil pessoas porvindouras de doenças relacionadas aos
danos do acidente (G1, 2016).
No Brasil, em setembro de 1987, um dos maiores casos de contaminação radioativa do
País aconteceu em Goiânia (GO). Dois catadores de lixo acharam um aparelho radiológico,
onde encontraram um pó branco que emitia luminosidade no escuro- florescência- nas ruínas
de um hospital. Esse material ao ser levado para um destino comum contaminou pessoas,
água, solo e ar, após 16 dias da exposição da radiação, que se descobriu o fato real e
começaram a combater a contaminação gerada. No mínimo cinco pessoas morreram, outros
sofreram as consequências em longo prazo originando doenças (G1, 2012).
Não deixando de citar outro dano mais recente no Brasil foi um vazamento
petroquímico na Bacia de Campos, na região norte fluminense do Estado do Rio de Janeiro
em 2011. Um vazamento de 15 mil barris de óleo correspondente a 2.384.809 litros numa área
de atividades petroleira, no campo Frade. São 2.379 quilômetros quadrados estimados pelo
satélite, de onde faz o cálculo médio de óleo derramado, se espalhando pela costa norte do
Rio de Janeiro. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
garantiu o controle de vazamento seguindo o cronograma estabelecido (G1, 2011).
18
Essa considerada a maior tragédia ambiental do Brasil, ainda mais recente, o
rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) em 2015. O rompimento da
barragem provocou uma onda de lama com 10 metros de altura e 62 milhões de metros
cúbicos de despejos. Moradias e vidas, história dos habitantes que a lama levou e que tentam
se reerguer. São visíveis o estrago e os danos causados na flora, fauna e na economia, além de
pessoas desaparecida.
A diversidade do bioma brasileiro é riquíssima, própria dos climas tropicais, a
biodiversidade é algo valioso e se encontra vulnerável diante dos maliciosos interesses
políticos e econômicos que giram o mercado capital. As florestas estão sendo devastadas por
motivos individuais gananciosos e nem sempre ilegal. Seja pelo desmatamento, seja por
tráfego de recursos naturais e da fauna, seja por interesses de concessionárias movidos ao
capital. E o prejuízo recai sobre todo ecossistema. Segundo Vitor, (2002) a Mata Atlântica é a
mais ameaçada e a quinta no mundo, tendo sido devastados 97% e sua área. São 150 mil km²
de floresta tropical são devastadas por ano, e no Brasil são 20 mil km² de floresta Amazônica.
A fauna brasileira é uma das mais ricas do mundo, contendo a maior diversidade de
aves na América do Sul. Nessas terras encontram-se espécies raras (IBGE, 2015). Apesar de
todo desmatamento e práticas maliciosas- legais ou ilegais- o bioma brasileiro se encontra
diverso e sendo zelado por proteção e institutos ambientais para se controlar as espécies.
Segundo Wallaver, (2000), o Brasil continha 10% das espécies de répteis e mamíferos do
mundo, 17% das espécies de aves. Além de 100.000 espécies de invertebrados, sendo o maior
país em diversidade de primatas e anfíbios.
Toda essa diversidade na fauna brasileira, distorce a ideia de abundância, que não
procede. Vários fatores no país, tem provocado a diminuição drástica da diversidade da fauna,
de modo a comprometer algumas espécies em determinadas regiões. São 218 espécies de
animais, dentre 67 mamíferos, 109 aves, 01 repteis, e 32 invertebrados e outros (IBGE, 2018).
Infelizmente os acidentes ambientais são inúmeros, maiores do que os citados, o que
abala todo ecossistema. A consciência já existe. Nos anos 60 surgiram as ONGs-
Organizações Não Governamentais de ação que trata do movimento ambientalista e das ideias
de autogestão. O objetivo principal das ONGs é pressionar as inciativas privadas e
principalmente os Estados, que muitas vezes, por sua vez, estão ligadas aos interesses
econômicos e financeiros das indústrias e do capital. A grande influência desse movimento se
posiciona no mundo atual, com expressão de políticas públicas e alertando o resto do mundo.
19
Antes da ocupação do território brasileiro pelos portugueses, os milhões de indígenas
que aqui habitavam sobreviviam basicamente da exploração de recursos naturais, por isso,
usufruíam de forma consciente (WALLAVER, 2000).
A primeira grande conferência internacional sobre a importância do meio ambiente foi
a Conferência das Nações Unidas em Toronto entre os dias 5 e 16 junho de 1972. Foi o
desastre no Japão, na baia de Minamata que despertou a urgência dessa pauta. O evento foi
um marco que conta com princípios que representam um manifesto ambiental global. A
iniciativa estabeleceu bases para a agenda ambiental da ONU. Segundo o trecho da declaração
da conferência de Estocolmo 1972, o meio ambiente tornou-se uma meta fundamental para a
humanidade e diz defender e melhorar o mesmo, para as futuras gerações (ONU, 2017).
A conferência de Estocolmo criou programas e comissões importantes como o
Programa das Nações Unidas para o meio Ambiente (PNUMA), também a (CMMAD),
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Tais pautas estavam na
agenda dos assuntos nas discussões da ONU. A proposta desse conceito sustentável é
prioritária para países ricos que contribuem excessivamente para esse quadro crítico ambiental
(ONU, 2017).
Em 1981 foi criado um Órgão consultivo, o CONAMA, o Conselho Nacional do Meio
Ambiente que dispõe da política nacional pelo Decreto nº 88.351 de 1º de junho de 1983, art.
48 para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo art.18:
Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam:
I - A saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - As atividades sociais e econômicas;
II - A biota;
IV - As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V- A qualidade dos recursos ambientais.
A importante conferência aconteceu no Rio de Janeiro em 1992. A Conferência do
Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92) foi um grande feito resultando na Agenda 21 e
em Fundo Global. Uma das preocupações da reunião ECO 92 foi sobre a alteração Climática,
que procurou implementar regras de contenção de emissão de gases poluentes. Além de
abordar os padrões de desenvolvimento que causam danos ao meio ambiente, a Agenda 21
20
inclui a pobreza e dívida externa dos países em desenvolvimento; padrões insustentáveis de
produção e consumo entre outras chamadas e programas (ONU, 2017)
Castells (1999) define ambientalismo como formas de vida que visam à
conscientização e a boa relação do homem para com o ambiente natural. Ele enfatiza que a
melhor forma de ambientalismo é a mobilização de comunidades, é a mobilização de acordo
com os sonhos e as vontades de idealização de um espaço em defesa do mesmo contra a
devastação do meio local.
Devido a esses movimentos ocorridos ao longo do tempo, graças às influencias dessas
correntes a questão ambiental tomou seriedade e faz parte de pautas políticas e tema de jornais
e mídia. Um processo lento mais não menos significativo no sentido de desenvolvimento e
evolução.
No livro “O direito a Cidade”, Lefebre (2004), aponta os filósofos Lewis Mumford, G.
Bardet, que imaginam o modelo de cidade ideal, feita por cidadãos livres, libertados da
divisão de trabalho de sexo, divisão de classes, formando uma comunidade como associados
para gestão social comum.
A cidade descrita pelo sociólogo urbano Robert Park (1967) é:
[...] a mais consistente e, no geral, a mais bem-sucedida tentativa do
homem de refazer a o mundo onde vive de acordo com o desejo de seu
coração. Porém, se a cidade é o mundo que o homem criou, então é
nesse mundo que de agora em diante ele está condenado a viver.
Assim, indiretamente, e sem nenhuma ideia clara da natureza de sua
tarefa, ao fazer a cidade, o homem refaz a si mesmo (p.3).
O filósofo britânico Jonh Gray em uma entrevista à Revista Época (29/05/2006)
expõe sua negativa suposição para o futuro:
A espécie humana expandiu-se a tal ponto que ameaça a existência
dos outros seres. Tornou-se uma praga que destrói e ameaça o
equilíbrio do planeta. E a Terra reagiu. O processo de eliminação da
humanidade já está em curso e, a meu ver, é inevitável. Vai se dar pela
combinação do agravamento do efeito estufa com desastres climáticos
e a escassez de recursos. A boa notícia é que, livre do homem, o
planeta poderá se recuperar e seguir seu curso.
21
O censo de 2000, realizado pelo IBGE, aponta um crescimento de 22,5% de novas
favelas em 9 anos. Há 3.905 favelas no país, sendo 1.548 em São Paulo e 811 no Rio de
Janeiro.
Segundo Cozetti, 2001, cada brasileiro produz 1 Kg de lixo doméstico por dia, que se
equivaleria a toneladas no fim da vida. Se multiplicarmos pela população brasileira, não
conseguiria imaginar e ter a noção em média do tamanho do problema que é quantidade lixo
descartado.
O lixo é uma das problemáticas de todo mundo e o fato ainda se agrava quando o
mesmo é encontrado a céu aberto, podendo ocasionar em problemas diretamente na saúde da
população, como pode infectar todo ambiente. Muito material reciclável descartado na
natureza e muito material orgânico. O que poderia ser aproveitado, é descartado. O que
poderia se tornar um bem, não faz bem algum, gerando poluição ambiental.
Segundo a ONU, em um seminário em novembro de 2017, o Brasil desperdiça mais de
1 bilhão de toneladas de comida por ano, ou se perde antes mesmo de chegar a mesa dos
brasileiros. O que corresponde a 30% de toda comida do mundo. Não se entende como não
tem explicação, haver tanta gente passando fome. Essa tonelada desperdiçada seria o
suficiente para matar a fome dessa população carente.
Dados recentes fornecidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) mostraram que o mundo está consumindo 40% além da capacidade de reposição da
biosfera (energia, alimentos, recursos naturais) e o déficit é aumentado 2,5% ao ano
(COZETTI, 2001).
Relatórios da ONU apontam que 85% de produção e do consumo no mundo estão
localizados nos países industrializados que tem apenas 19% da população (VITOR, 2002).
De acordo com Bisso (2001), é estimado que sejam gastos no planeta 435 bilhões de
dólares/ano em publicidade. 15 bilhões de dólares seriam suficientes para acabar com a fome
do mundo, que mata 10 milhões de crianças por ano. Nós também somos culpados por essas
mortes uma vez que atendemos aos apelos da mídia e da sociedade de consumo (compre,
compre!).
2.1 A construção civil e os avanços tecnológico e emprego de novos materiais.
Como ressaltado os grandes impactos causados pelo homem, não deixando de citar, o
setor bem relevante pela importância das atividades humanas, o setor da construção civil.
22
A construção é uma das maiores atividades humanas e mais antiga. Sempre vai haver a
necessidade de moradia, suas problemáticas, mas também, descobertas e possibilidades. Ser
sustentável em construção é entender que cada proposta se vê diferente, em determinado
lugar. O espaço é o ponto principal para se pensar num projeto como todo. Cada lugar tem
uma necessidade, já tem uma história e carrega suas características boas e ruins.
Principalmente uma obra com conceito sustentável, antes de construir, antes mesmo do
desenvolvimento do projeto, deve-se pensar nas condicionantes do local e suas influencias
sobre o meio.
Além dessas etapas de um projeto, a tecnologia na construção civil vem evoluindo e se
tornando crucial para o desenvolvimento dessa atividade, assim como vem evoluindo na
busca de opções entre a eficiência e produtividade do setor e do mercado. A tecnologia bem
aproveitada, deve estar relacionada a eficiência dos materiais à mão de obra. Permite curto
prazo de construção, racionalizando o tempo, sendo eficiente. Como está também presente em
todas as fases do projeto. Desde o princípio com softwares de desenhos, à cálculos estruturais.
Na relação do tempo com a gestão e organização de materiais que permitem um controle mais
eficaz das etapas da construção. Dessa forma otimiza o trabalho, tornando mais produtivo,
evitando desperdícios e perda.
A tecnologia na construção civil, como o próprio mercado de materiais ecológicos e
considerados sustentáveis, faz parte de uma mudança lenta de cultura, em que buscar algo
eficiente, não requer só a tecnologia de nova geração e sim uma tecnologia de inovação. O
que implica, na maioria das vezes em custos, mas também é um investimento viável no
mínimo ao longo do tempo, uma vez que a tecnologia se comprometa a trazer benefícios de
conforto junto a diminuição de uso dos principais elementos naturais no decorrer da vida, do
uso.
Nada mais eficiente que opções inteligentes junto com respeito a matéria prima.
2.2 Bioarquitetura
Apesar da falsa ideia de que uma construção verde é mais cara, tornar uma edificação
sustentável é no mínimo economizar algumas fontes como economia de energia e água, e por
isso o custo maior inicial é compensando com o tempo pela redução das tarifas de
consumo. O tratamento de resíduos e outras práticas sustentáveis, como a reciclagem, têm por
23
objetivo construir obras e espaços com custo zero para o meio ambiente e junto, proteger o
entorno.
Um nome importante que irradiou a esfera da arquitetura ligando-a com lixo reciclado
é Michael Reynolds. Ele visa alcançar a habitação que se sustente, mas também se adapta as
mudanças climáticas e ações do tempo. Sua ideia de “lar” é única. Uma chance de dar uso a
materiais descartados como pneus de borracha, garrafas de vidro, latas de alumínio entre
outros resíduos. Essas são ajustadas e empilhadas com bastante terra batida. As aberturas, a
ventilação, são devidamente ajustadas de acordo com a orientação geográfica e climática para
melhor ganho em conforto (ARCH20).
As técnicas de construção de Reynolds são eficazes, não exige mão de obra
qualificada. Ele uniu os materiais renováveis, com a tecnologia (Figura 2). Michael Reynolds
e sua empresa Earthip Biotecture, entregam suas obras acessíveis, sustentáveis em curto prazo
(ARCH20).
Figura 2: Escola sustentável, Uruguai.
Fonte: ArchDaily, 2016
24
3 CONDOMÍNIO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES:
Cada cidade tem sua caraterística e tem uma forma de realizar a gestão pública. E essa
forma faz diferença.
A cidade é força de trabalho, e também de juros e rendas. É uma disputa entre aqueles
que querem uma cidade bem estruturada com melhores condições de vida e aqueles que visam
ganhar lucros (MARICATO, 2013).
Ao observar as cidades, as configurações territoriais e suas transformações, que
marcam o processo de urbanização brasileira, observa-se também as formações chamadas de
condomínio. Seu surgimento é recente, década de 70, e ainda cresce esse tipo de formação de
habitat.
Existe discussões e falta de compromisso por parte dos interesses públicos em relação
à Legislação do parcelamento do solo da cidade de Campos dos Goytacazes, Rio de janeiro.
Segundo a Lei nº 7.975/2008, o parcelamento do solo urbano deve ser feito pelo
desmembramento e loteamento, tendo a obrigatoriedade de oferecer ruas, circulação,
equipamentos comunitários e espaços livres para uso público. Na Legislação do parcelamento
do solo não respalda especificamente pautas sobre condomínios, deixando uma brecha para
cada fórmulas-normas- internas com respectiva independência. Dessa forma, da oportunidade
de surgimento de condomínios de variados enclaves (Manhães; Arruda).
A Legislação urbanística da cidade se encontra completamente atrasada se tratando da
regulamentação, de controle de novos projetos de condomínios e organização da cidade como
todo. Afinal, a cidade não para ela só cresce. As Leis deveriam seguir esse desenvolvimento
inevitável (Manhães; Arruda).
Foi feita uma tese, sobre os condomínios fechados de Campos, que contém um
levantamento de espacialidade dos condomínios de médio e alto existentes na malha urbana
do território, para se ter a relação e paralelo entre eles e notar como esses condomínios estão
sendo responsáveis pela transformação do solo.
Condomínio horizontal fechado, é um conjunto de unidades residenciais, que é
privilegiado pela praticidade, cercada e protegida por muros, guaritas e responsáveis. Contém
toda uma estrutura urbanística podendo haver espaços comuns e verdes, onde os moradores
socializam e compartilham esses espaços. As áreas comuns pertencem a todos os condôminos,
não sendo permitida a divisão ou alienação dessas áreas, nem a utilização exclusiva por
qualquer morador, segundo a Lei Federal nº 4.591/1964, art. 3º.
25
De acordo com a constituição Federal de 1988, inciso I e VIII, artigo 30, compete aos
municípios, legislar sobe assuntos de interesse social, também promover ordenamento
territorial, planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano.
Como não existe legislação municipal, alinhada, coerente que atue perfeitamente em seus
ofícios, a terra fica à mercê da especulação atendendo somente aos interesses individuais e
imobiliários.
Em muitos empreendimentos, nota-se um claro descuido da implantação da proposta
de determinados condomínios. Sabe-se que cada pessoa já é o próprio impacto, imagina um
condomínio ou um empreendimento multe-residencial, um edifício, que aglomera e modifica
o espaço? Alguns projetos fazem aumentar a aglomeração de pessoas por todo âmbito do
empreendimento, agitando e modificando todo cenário. Muitos dos condomínios fecham ruas,
mexendo todo traçado urbano e sobrecarregando outras ruas, até mesmo bairros, como por
exemplo os condomínios ao lado do shopping Boulevard, entre outros, nos quais nota-se uma
diária aglomeração em determinados horários do dia (Manhães, Arruda).
Importante apresentar a Legislação municipal do parcelamento do solo urbano, para
fins urbanos, o art. 4º, inciso III: Condomínios. Lei 7.975/2008, de Campos dos Goytacazes. E
no art. 2º, inciso XIV, trata de condomínio urbanístico integrado: a edificação: “[...]
modalidade de condomínio em que a construção das edificações nos lotes é feita pelo
empreendedor, concomitante à implantação das obras de urbanização; [...]”. Geralmente são
muitos condomínios aprovados em várias condições.
Os condomínios horizontais fechados surgiram na década de 80, e Lei vigente é de
2008. Logo, nota-se que até então nada mudou, não houve revisão da lei e a mesma não
resguardou esse tipo de habitação. A aprovação do Plano Diretor não contemplou as leis de
condomínios.
O Plano Diretor é a principal lei que trata da organização territorial da cidade. Na qual
se intervém de opinião pública e moradores. Portanto, é o Plano Diretor, do estatuto da cidade
que informa e destina cada área no âmbito territorial da cidade.
Campos dos Goytacazes, é uma cidade em desenvolvimento e uma expansão territorial
razoavelmente grande, com grande oferta de terras. Terras que outrora era ocupado por
plantação canaviais por toda parte.
A cidade se expande ainda mais, pelo valor mais alto estimado nas áreas centrais. Com
a grande exploração petrolífera e toda as descobertas, Campos dos Goytacazes teve um
crescimento apreciável e com as oportunidades, consequentemente, houve também um
crescimento significativo no mercado imobiliário (Manhães, Arruda).
26
Um levantamento realizado em Campos dos Goytacazes, constatou 32 condomínios
fechados, de médio e alto padrão no período de 1991 a 2014 (Figura 3). Com mapa de
localização dos mesmos (Figura 4).
Figura 3: Relação de condomínios fechados em Campos dos Goytacazes, Rj.
Fonte: Elaborado pela autora (2016), com dados fornecidos por Campos dos Goytacazes, Rj.
27
Figura 4: Mapa de condomínios fechados em Campos dos Goytacazes, Rj.
Fonte: Campos dos Goytacazes (Município).
Em 1980 formava os primeiros condomínios da Av. Alberto Lamego, local que na
época não havia muito habitação, de pouco uso. O cenário muda drasticamente, depois da
sede da Universidade Estadual do Norte-Fluminense-UENF, em 91. A avenida passou a ter
mais estrutura e equipamentos comerciais.
Observa-se, contudo, que nos últimos anos a cidade desenvolveu, e com isso se
instalaram as corretoras, as empreendedoras de imóveis e as muitas construtoras brasileiras de
empreendimentos, como a MRV, TENDA e ARCO.
Na figura 5, a localização desses condomínios, se expande nas extremidades, para
incentivar o crescimento naquele meio urbano e a valorização da especulação imobiliária.
28
Figura 5: Condomínios fechados em Campos, Rj.
Fonte: Autora (2016), com dados obtidos no Google, Earth (2016).
A organização da cidade e da malha urbana vão sofrendo transformações ao longo do
tempo, e essa transformação é decorrente de diversos fatores.
Para se ter base sobre o domínio e controle sobe o uso do solo, foi feito um
levantamento de condomínios na própria cidade de Campos dos Goytacazes, além dos estudos
acima realizado, para ter além de referência, um paralelo de condomínios.
O condomínio Bosque das Acácias, localizado na Av. Alberto Lamego, tem 45.534,00
m² de área, implantado com 89 lotes. São 29.548,60m² de lotes de 12x36, m². Um condomínio
de casas de 300m² em média (Figura 6), com uma pequena e desconfortável salão (sala) de
encontros, quadra de esporte pequena (Figura 7), pouco aproveitada segundo morador, e não
provê nenhuma área verde (Figura 8).
Figura 6: Condomínios Bosque das Acácias.
Fonte: Própria.
29
Figura 7: Quadra do Condomínios Bosque das Acácias.
Fonte: Própria.
Figura 8: Condomínios Bosque das Acácias.
Fonte: Própria.
Com todos os contra partidos sobre implantações de condomínio fechado, citados
acima, entre outras preocupações sobre a organização espacial e uso do solo, como tipologia
habitacionais, da cidade Norte Fluminense, o desafio é grande e de interessante
contextualização e conceituação. Passando pelo pressuposto que os condomínios existem e
vão continuar a existir, cabe aos profissionais civil apresentarem proposta de menor agressão
e impacto em todo seu entorno. Cabe aos profissionais não se conformar diante das mazelas
dos grandes senhores, agindo pelos interesses de alguns, beneficiando somente os interesses
dos empresários e imobiliários.
30
4 REFERENCIA DE PROJETO:
4.1 Casa de Pneus, São Paulo.
4.1.1 Contextualização
Em São Paulo foi construída uma casa ecológica, uma das pioneiras no Brasil. A dona
da casa disse que a casa de pneus é resultado dos anos vividos pelo mundo que pode
acrescentar e enriquecer suas ideias. Segundo eles, são as paredes que sustentam a casa, não
as colunas. (Ciclo vivo, 2013).
4.1.2 Aspectos Tipológicos
Toda a casa é feita de pneus, contando com muros, escada, e até na estrutura da
piscina, contando com uso de mais de 4 mil pneus ao todo (Figura 9).
As paredes grossas mantêm o ambiente fresco a 25° C, independente do clima e
estação do ano (Figura10).
Figura 9: Construção casa Orgânica, São Paulo.
Fonte: Ciclo Vivo, 2013.
31
Figura 10: Casa Orgânica, São Paulo.
Fonte: Ciclo Vivo, 2013.
4.2 Escola Sustentável em Jaureguiberry, Uruguai.
4.2.1 Contextualização
A primeira escola pública sustentável da América Latina foi projetada pelo método
construtivo alternativo, desenvolvido pelo arquiteto norte americano Michael Reynolds já
mencionado (Arch Daily, 2016).
A edificação de 270m² em Jaureguiberry, é composta de 60% de materiais reciclados
em média e foi levantado em apensas sete semanas (Figura 11).
Figura 11: Casa Orgânica, São Paulo.
Fonte: Ciclo Vivo, 2013.
32
4.2.2 Aspectos Tipológicos
O grupo Reynolds, a equipe Earthship, procuram o máximo aproveitamento dos
elementos naturais. Na escola foi implantada de acordo com a orientação do Norte, para
aproveitamento máximo da luz e energia solar. Ainda usa vidro em todo corredor das 3 salas
de aula e das duas áreas de serviço. (Figura 12). O que contribui para uma fachada simples de
vidro e madeira.
Esse corredor, por sua vez, caminha para produção de alimentos, por uma horta no
exterior (Figura 13).
Figura 12: Corredor da Escola Sustentável, Uruguai.
Fonte: Arch Daily, 2016.
Figura 13: Horta, Escola Sustentável, Uruguai.
Fonte: Arch Daily, 2016.
33
4.2.3 Aspectos Tecnológicos
Além de autossuficiente, a escola sustentável, utiliza cisterna e água capitada da chuva
para usos diários domésticos. Além de conter fossa séptica também criada com materiais
reciclados. É usado painéis fotovoltaicos para geração de energia além de um armazenamento
central.
Foi feito um muro de contenção a base de pneus preenchidas com pedregulhos
compactado, onde contém o talude na parte de traz da edificação (Figura 14). A parede de
pneus e a técnica usada, permitiu a climatização das salas (Figura 15).
Figura 14: Muro de contenção, escola, Uruguai.
Fonte: Arch Daily, 2016.
Figura 15: Parede de pneus, Escola Sustentável, Uruguai.
Fonte: Arch Daily, 2016.
34
A proposta de Reynolds, envolve a participação social de mais de 150 pessoas, que
além de viabilizar a construção da escola em prazos mais curtos, transfere o conhecimento do
próprio sistema utilizado para a comunidade (Figura 16).
Figura 16: Horta, Escola Sustentável, Uruguai.
Fonte: Arch Daily, 2016
4.3 Eco Vila Santa Branca/ GO
4.3.1 Contextualização
O projeto Ecovila Santa Branca é um condomínio no município de Teresópolis de
Goiás que funciona desde 2003, moderno segue diretrizes de uma unidade sustentável e
ecologicamente correta. É um condomínio horizontal com florestas temáticas, viveiro, trilhas
e ciclovias, ruas em nível, jardins produtivos, praças, centro de convivência e quadras de
esporte, além de todos os outros benefícios que um condomínio horizontal comum pode
oferecer como energia, água, segurança etc.
Além da preocupação com a biodiversidade da fauna e flora preocupa-se também com
o solo. Em todo condomínio há canais de infiltração e apenas as ruas principais são asfaltadas.
Como a proposta da Ecovila Santa Branca, outra exigência será implantada no projeto
do condomínio, na qual cada casa possuirá sua própria fossa ecológica para destinação da
água negra.
35
4.3.2 Aspectos Tipológicos
A Santa Branca foi planejada totalmente dentro dos conceitos da permacultura. No
condomínio são aplicadas algumas normas de melhoria como a proibição de muros e cercas
de arames por questões estéticas e principalmente por não impor limite aos animais de
algumas espécies facilitando a mobilidade; não são aconselháveis gatos cachorros e outros
animais da região para evitar a prática de caça aos animais da área, mais de acordo com os
conceitos de “liberdade” das Ecovilas.
De acordo com os registros feitos, mostra condomínio horizontal com florestas
temáticas, viveiro com mais de 5.000 mudas, trilhas, ciclovias, ruas em nível, jardins
produtivos, praças, centros e convivência e quadras esportivas (Figura 17).
Figura 17: Vista geral da Eco vila Santa Branca.
Fonte: Mayara Cruvinel.
Essas características de preservação e incentivo às espécies de biomas brasileiros
principalmente nativos serão sugeridas como atividades corporativistas ligadas a adultos e
principalmente empregada como atividades educativas para as crianças, na proposta da Vila.
É de suma importância a sagacidade de cada indivíduo de produzir e preparar seu próprio
alimento. Replantando e adubando o solo, como se aproveita da terra, retribui da mesma
forma, dando-a condições de continuar semeando.
Pela questão do controle das plantações praticadas pelas atividades da comunidade
Santa Branca, implantou-se um viveiro com mais de 5 mil mudas na qual utilizam para
plantio e replantio (Figura 18).
36
Figura 18: Vista parcial do viveiro da Eco vila Santa Branca.
Fonte: Mayara Cruvinel.
4.3.3 Aspectos Tecnológicos
O uso de energia solar é usado em mais de 90% das residências (Figura 19).
Figura 19: Placas de energia solar da Eco vila Santa Branca.
Fonte: Mayara Cruvinel.
É de extrema importância que se consiga suprir maior parte da enérgica elétrica da
Ecovila, seguindo a referência da comunidade Santa Branca, seja como energia elétrica ou
para aquecimento de água. A sustentabilidade e a tecnologia, juntas são indispensáveis para a
excelência e execução de um projeto.
37
4.4 Ecovila Tiba, São Carlos/ SP
4.4.1 Contextualização
A Ecovila Tiba funciona sem fins lucrativos, de cunho associativo, um pouco parecida
com a o modelo jurídico de um clube recreativo. A comunidade busca proteger a harmonia do
grupo de moradores, evitar que haja especulação quanto ao valor da propriedade e permitir
que um associado contribua com o meio natural e com as tarefas (Figura 20).
O objetivo é a criação de sistemas ecologicamente corretos e economicamente viáveis,
com um mínimo de trabalho humano e o máximo de benefício.
A proposta da Ecovila seria concebida basicamente:
• Área de convivência social
• Área de moradias
• Área destinada à agricultura, reflorestamento e preservação.
Figura 20: Panorama da Vila Tib,2007.
Fonte: TIBÁ, 2012.
4.4.2 Aspectos Tipológicos
A entrada única de acesso a Ecovila se daria por uma estrada principal entre um
bosque (nativo ou reflorestado) levando diretamente ao Centro da comunidade, área de
convivência social bem como a maior parte dos equipamentos comunitários distribuídos da
área. A área central é uma área comum recreativa de todo gênero (Figura 21 e 22). Existe uma
área de recepção da Vila para qualquer dúvida e informação.
Ao redor ficam distribuídos os demais setores de atividades profissionais, cursos,
oficinas, ateliês e as moradias. Existem três propostas de implantação das moradias visando
atender melhor às necessidades de cada um:
38
• Uma proposta de implantação em Vilas, com implantação isoladas nos lotes de
forma singular, com traçado orgânico acompanhando a topografia, com
relativa à proximidade com outros moradores, usando cerca viva para a
separação e privacidade.
• A segunda proposta, as casas se concentrariam nas muito próximas umas das
outras, criando-se uma área central comum de convivência- uma varanda
comum, por ex.- possibilitando a convivência.
• A terceira proposta é dissipar a distribuição das casas localizadas no bosque,
mantendo uma relativa distância entre elas.
Figura 21: Espaço Comum.
Fonte: Rede Social- Facebook- Ecovila Tibá
Figura 22: Espaço Comum.
Fonte: Rede Social- Facebook- Ecovila Tibá
39
A comunhão é um dos conceitos da Ecovila a ser empregado e incentivado. Áreas de
convívio e socialização são fundamentais para que funcione um sistema cooperativo. Será
proposto diversas áreas para diversas atividades comuns de modo que se consiga um conforto
e que dê aos usuários a mesma tranquilidade de estar em casa.
A prática de plantio de diversos alimentos orgânicos é outro fator comum entre as
ecovilas existentes como a Ecovila Tibá (Figura 23). Parte dos alimentos consumidos pela
comunidade são alimentos próprios que garantem a qualidade dos alimentos e a saúde de
quem consome- maior parte, moradores.
Figura 23: Horta Comunitária.
Fonte: Rede Social- Facebook- Ecovila Tibá.
4.4.3 Aspectos Plásticos
Figura 24: Arquitetura.
Fonte: TIBÁ, 2012.
40
O projeto da Ecovila, é baseado em sistema de construção Permacultura que é um
sistema de design de ambientes humanos sustentáveis. Ela lida com animais, plantas,
edificações e infraestruturas estabelecendo relacionamentos entre eles através da forma de
implantação no terreno (Figura 24).
Algumas janelas de alguns sanitários são circulares se destacando com a
parceria da cor escolhida para as edificações. Um tom avermelhado complementa a paisagem,
se juntando com verde, tornou a vila ainda mais agradável aos olhos (Figura 25).
Figura 25: Janela.
Fonte: http: TIBÁ, 2012.
4.5 Serenbe, Estados Unidos
4.5.1 Contextualização
A comunidade de Serenbe foi projetada com objetivo de ser uma sociedade
autossustentável. É uma área rural, porém com padrões urbanos.
A Vila de Serenbe, se destaca pela quantidade de flores além do verde. Existe jardins e
vasos com flores na porta das casas. Em todas as ruas, há verde e cores alegres suas ruas
(Figura 26).
41
Figura 26: Eco Serenbe.
Fonte: Instituto de Arquitetos, 2015.
Ótima referência para se adaptar no anteprojeto Ecovila, de muito bom gosto a
organização das casas, a distância entre elas e principalmente as cores das casas e das flores.
Além da harmonia do meio diante da disposição das residências e pelas cores, se vê também
harmonia no ambiente, no clima entre alguns perfumes.
4.5.2 Aspectos Acessíveis
Suas lojas e restaurantes ficam em ruas feitas para priorizar a circulação de pedestres,
estimulando a caminhada e diminuindo consideravelmente o tráfego de carros no lugar.
O piso da comunidade hora é saibro hora é chão batido facilita o percurso e prioriza o
pedestre.
42
5 PROPOSTA:
5.1 O conceito
Este trabalho tem como conceito o respeito à vida. O orgânico é o conceito da
proposta do condomínio e a praça de todos. A valorização da vida e a terra que se vive a vida.
O orgânico da implantação ao estilo de vida. Com preceitos humanos e sociais de uma
comunidade que busca se unir e trazer mais qualidade de vida, respeitando os limites da terra
e seus limites. A consolidação do projeto da Vila emprega o conceito social agregando todo
entorno e toda a cidade uma vez que se torna referência de proposta inovadora no âmbito
social e na construção civil (Figura 27).
Figura 27: Parte da vista do conceito.
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
5.2 A área da proposta
A proposta do projeto foi desenvolvida na área posterior pertencente anteriormente ao
anexo que hoje é as instalações do Asilo do Carmo no Bairro Alphaville, entre a avenida
Arthur Bernardes e a rua José Ildefonso Evangelista na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ
(Figura 28, 29). Este local conta com 7 unidades de habitação social, na Avenida Arthur
Bernardes e conta com arborização e árvores mantidas (Figura 30).
43
Localizada na zona residencial 4, de perímetro urbano da cidade de fácil acesso e fluxo
(Figura 31).
Figura 28: Localização da proposta do Anteprojeto.
Fonte: Google, 2017.
Figura 29: Localização da proposta do Anteprojeto.
Fonte: Google, 2017.
44
Figura 30: Imagem de um pedaço do local da proposta.
Fonte: Própria, 2017.
Figura 31 – Zoneamento da área de intervenção.
Fonte: Campos dos Goytacazes, 2008.
No perímetro, contém todos os comércios e serviços necessários, entre padarias,
supermercados e farmácia para todo lado.
Nota-se no bairro Alphaville e nos bairros vizinhos, uma carência de praças e lugares
públicos. Os arredores permanecem escuro, sem iluminação, sem movimento, sem segurança.
Contém hoje iluminação apenas em alguns pontos em volta da gleba inteira.
Partindo dessa carência de equipamentos para comunidade, foi notado essa
necessidade, e além de propor o condomínio consciente, foi pensado em uma praça pública
que atenderá a parte necessária que conta com praça, um centro social cultural ambiental e
horta pública.
45
Na gleba da proposta contém unidades residenciais já existentes no local, no lado da
Arthur Bernardes. Um local já transformado uma vez e que ainda precisa de cuidados. Esses
são os vizinhos do condomínio e que contemplará com a praça ao lado e com as vantagens
que a área social proporciona.
5.3 A implantação
A disposição dos locais do condomínio foi elaborada levando em conta a insolação, e
a direção predominante do vento. Também foram respeitadas como parte do conceito as
árvores do local, que não são poucas. Essa área continua, demarcou limitando a disposição
dos anexos do condomínio, servindo de área verde e contemplação.
O acesso ao condomínio se faz pela Rua Antônio Manoel. Todo acesso e toda
setorização foi simplesmente pensada tendo em vista as prioridades. Ao acessar o condomínio
percebe-se o caminho da rua que o leva para qualquer setor diretamente, com linhas simples e
continuas que se seguidas levam ao portão de saída do condomínio. O fluxo segue rápido e
simples. Causando pouco impacto quanto dentro quanto fora do condomínio.
O Anteprojeto elaborado para as instalações do condomínio, tem 24.728,86m². Consta
na implantação (Figura 32):
O projeto da Gleba conta com o seguinte programa:
- Unidades pré-existentes
- 38 Unidades residenciais
- Área saúde-exercício físico
- Horta Vila
- Espaço comum (Espaço criança, área de reciclados, área de apoio, área comum)
- Áreas verdes
- Centro cultural ambiental - Externo
- Horta comum- Externo
46
Figura 32: Estudos de Implantação- Setorização
Fonte: Arquivo pessoal, 2017
Perspectiva da Implantação (Figura 33).
Figura 33: Vista Implantação.
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
47
5.4 Espaço comum- Condomínio
Na estrada da Vila, do lado esquerdo, conta com a horta do condomínio, onde a feira é
toda deles. Mas sem desperdício é claro. Além de ser livre para os moradores, os alimentos
poderão ser utilizados também na área comum ou destinado ao Asilo do Carmo quando
exceder o cultivo.
O objetivo da edificação comum é tornar o condomínio unido. Um local de encontro,
socialização, aulas e muito aprendizagem em conjunto. A proposta dos setores levou a área
implantação do espaço comum para a área central, certificando-se melhor localização estando
no centro, no coração do condomínio. De fácil acesso e fluxo.
O Anteprojeto elaborado para as instalações da área comum, tem 743,00m² de área
ocupada. Consta na implantação:
- Salas de aula criança (sanitários)
- Salas de depositar o lixo
- Salas de apoio e DML
- Área Comum (cozinha, salão, sanitários)
- Área verde
Nessa edificação comum, central, foi erguida paredes de pneus, em toda parede
externa. O processo é mais demorado, mas como não é uma unidade unifamiliar, vale a pena
a opção. A medida que for construindo o condomínio, vai se erguendo a edificação comum. A
cinta feita de pneu e as paredes externas, ajuda na estrutura da cobertura, protege a edificação
das intempéries e contribui para o conforto, principalmente o conforto sonoro. Dessa forma,
os pneus protegem o salão de encontros e festas, contribuindo para não propagar o som para
fora do mesmo, abafando-o, protegendo o condomínio e para o bem comum. Ainda contribui
para a economia e gastos do empreendimento e vantagens já citadas.
Os pneus serão preenchidos com terra compactada, amontoando-os verticalmente com
a mesma técnica, uns nos outros, deixando-a bruta, firme.
As salas destinadas às aulas, é uma iniciativa para que as crianças possam passar seus
dias ou suas tardes em salas, brincando e aprendendo, sendo coordenado pelos próprios
moradores, organizados por eles, seja com o que for de útil e bom grado. Seja mulher,
homem, criança ou jovem.
Os pais poderão sair para as suas atividades enquanto seu filho está seguro, tendo
atividades construtivas de responsabilidade recreativa ou educativa.
48
Aos poucos, com muita responsabilidade e organização, com a ajuda de muitos, a
pequena área comum, pode agregar tamanho desenvolvimento que poderá até substituir
escolas infantis, antes de irem para a escola, para o ensino fundamental. Ao invés de pagar
uma creche abusivamente cara, longe e muita das vezes não tão preparada, os pais e o
condomínio, podem contribuir para construção desse desafio.
Juntos, uns com os outros, as crianças além de aprenderem coisas básicas essenciais
para a vida, frequentemente se deparar com temas também sobre: terra, horta, plantio,
educação alimentar, lixo- reciclar. Muito lazer e muitas atividades que incentivara o
desenvolvimento criativo da criança. Até mesmo o lixo da Vila que é separado pode servir
paras várias atividades criativas, como serve também de exemplos que as crianças vão
crescendo tendo racionalidade e um nível de consciência mais coesa.
Vivenciando na vila, além de entenderem sobre o problema do lixo por toda parte,
sobre a separação do lixo em seu condomínio, vão entender o caminho que as embalagens
fazem depois que sai de casa virando lixo.
Muito bom seria deixar seus filhos nas salas de atividades de seu próprio condomínio.
Seguro, no quintal de casa, que os próprios pais, com união de moradores educadores decidam
junto com as aprendizagens básicas, os caminhos das demais aprendizagens.
Quanto mais a sociedade se unir com cooperativismo, cuidado, empatia, envolvimento
um do outro, mas ela se tornará independente. É cuidar da sua volta, é fazer o que pode, é ter
o poder de transformação. É não aceitar os problemas sociais e urbanos, é não se acomodar.
A área de recolhimento do lixo fica próximo à área das crianças. Esse local é onde
separa o lixo todo o condomínio. Todas as unidades residenciais têm que cooperar e enviar os
resíduos secos para esse local, que é separado e descartado a seus devidos destinos. Também
pode ser utilizado para alguma atividade tanto com as crianças, quanto na Escola Educativa.
Qualquer utilidade do lixo transformado, é menos resíduo acumulado e mais ganho para o
ambiente.
As salas de apoio servem para guardar qualquer tipo de maquinário do condomínio.
Objetos de trabalho de jardinagem, hortas, terra, ect.
A edificação comum conta também com o salão comum de festas e reuniões, os
sanitários e uma cozinha comum, para qualquer eventualidade. Atrás da edificação comum,
conta com uma área verde. Veja a foto da proposta inicial (Figura 34). Outras perspectivas da
edificação comum do condomínio (Figura 35, 36).
49
Figura 34: Proposta inicial- Espaço comum.
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Figura 35: Vista 1 da implantação do espaço comum.
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Figura 36: Vista 2 da implantação do espaço comum.
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
50
5.5 Unidade Residencial
Para construção das unidades no condomínio, o pré-requisito de acordo com o
conceito, é apenas seguir algumas exigências sustentáveis ou ecológica de próprio interesse,
não podendo apenas, ser construídas edificações com paredes de alvenaria tradicional, de
tijolo de barro. Além de seguir as normas sobre o lixo que será recolhido. As demais técnicas
de construção e tecnologia que sustente o discurso de construção sustentável, será aceita.
Foi proposto, duas unidades residenciais, apenas como protótipo de projeto unifamiliar
para se implantar na área do condomínio. Com dois e três quartos (Figura 37,38).
Figura 37: Vista da Fachada Unifamiliar- 1 Quarto.
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Figura 38: Vista Unifamiliar
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
51
As unidades estão projetadas de acordo com a posição geográfica e insolação. As
aberturas estão devidamente atendendo a ventilação cruzada e assim o conforto interno.
Contribuindo com o conceito e contribuindo para retenção de gastos.
Um dos materiais utilizados, foi o tijolo ecológico que é uma outra alternativa de
emprego sustentável na construção civil, com ótimo desempenho. Pela sua composição,
cimento, terra e água e pelo seu processo de fabricação simples, por prensagem, o tijolo
coopera com o conceito sustentável, não havendo queima e poluente (Mapa da Obra, 2018).
Há vários tipos desses tijolos no mercado. Tijolos de encaixe sem argamassa, com
argamassa de PVA, com argamassa e de encaixe e outros. Além desses vários tipos, os tijolos
poderão conter resíduos, como a fibra natural de coco ou cana (Mapa da Obra, 2018).
É importante conhecer o produto, consultar as informações técnicas e ambientais para
saber se o produto respeita as normas técnicas. O tijolo de solo-cimento atinge, como está
normalizada na ABNT. O cuidado para não haver desperdício, faz parte do conceito
sustentável.
5.5.1 Unidade Residencial - 1 Quarto
Abaixo algumas vistas da unidade residencial de um quarto (Figura 39, 40, 41).
Figura 39: Vista da Fachada
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
52
Figura 40: Vista da Fachada
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Figura 41: Vista da Fachada
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
5.5.2 Unidade Residencial - 2 Quarto
Abaixo algumas vistas da unidade residencial de um quarto (Figura 42, 43, 44).
Figura 42: Vista unifamiliar
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
53
Figura 43: Vista Unifamiliar
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Figura 44: Vista Unifamiliar
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
5.6 A área social - Centro Cultural e Praça
Objetivo: Centro Cultural Ambiental, com estrutura curricular diferenciada, que
proporciona oportunidade de conhecimento e habilidades entre prática e teoria sobre assuntos
que estão ligados a conscientização ambiental e a socialização. O desenvolvimento dessas
atividades promove além de aprimoramento de técnicas construtivas, gera conscientização,
educação e assim multiplicação dessa ação nessas pessoas, crianças, jovens, pais e
educadores. Dando suporte e prioridade às pessoas de pouca renda. Melhorando suas vidas e o
futuro em geral.
Curso: Aulas, vivências, entre projetos alternativos e interdisciplinares, com os tais
temas: horta, solo, lixo, desmatamento, reciclagem, produção agrícola, entre outros.
O objetivo é resumido na necessidade da sociedade de cunho social, que seja voltado
ao conhecimento, envolvimento, ao fazer, ao saber fazer. Pode ser usado para atender a
comunidade (sociedade Campista) para quaisquer atividades como, aulas, palestras, bazares,
54
eventos especiais gourmets como jantar sociais, entre outros. Dessa forma agrega as relações
sociais, agrega valores culturais e retoma os elos urbanos.
A área social é de responsabilidade pública e a intenção para viabilizar e materializar o
sonho, é contar com a comunidade e voluntários, entre estudantes e profissionais. Com ajuda
de muitos envolvidos, o local cria uma identidade, cria vínculos, tornando possível sua
implantação. Não esquecendo da importância de usar materiais renováveis, como foi usado, as
paredes de pneus também nessa edificação. Vista (Figura 45).
Outra maneira eficiente da utilização de pneus, é confecção os pisos de borracha. Os
Pisos ecológicos, estão se consagrando cada vez mais no ramo civil também para pisos e
revestimentos. Podem ser usados em qualquer área, sendo útil para todos os ambientes. É
ótimo para higienização e limpeza, e também é permeável, servindo e cooperando para
drenagem e escoamento de áreas externas (Pensamento Verde, 2014).
Se destaca pela grande resistência e durabilidade. Antiderrapante, a peça não quebra,
não lasca e não desenvolve fungos. Os pneus são coletados pelas empresas. Os fabricantes
fazem uma parceria com cooperativas de reciclagem, que contém hoje, mais de 700 postos
espalhados pelo Brasil. Os pneus são triturados e misturado com resina, com espessura de
15mm. A cada metro quadrado de placa corresponde equivalente a 3 pneus (Pensamento
Verde, 2014). Devido ao custo, pode-se variar entre o piso intertravado, mesmo propondo o
piso de borracha.
Figura 45: Vista da Praça.
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Anteprojeto elaborado para as instalações do Centro Cultural Ambietal, com área de
1.356,10m² de área construída, podendo ser ampliada de acordo com a aceitação da proposta e
demanda de projetos. Consta na implantação:
55
- Salas de aula com capacidade
- Laboratórios com capacidade
- Espaço multiuso com capacidade
- Salas administrativas
- Sala de Apoio e DML
- Sanitários
- Refeitório
- Cozinha
Todos os dias ativos da escola contará com lanches preparados na cozinha, com
dedicação e cuidado, aproveitando a horta urbana em frente a mesma. Dessa forma estimula a
alimentação saudável tornando divertido o lanche, mudando o habito de todos envolvidos e
reforça o conceito social da escola. Reforça também o estímulo, sempre pensando no bem-
estar dos que mais precisam, tornando mais acessível a agregação social.
A ideia é criar novos meios de crescimento alcançar uma nova proposta e
desenvolvimento de pessoas. Como tudo e principalmente tudo que é novo, precisa de ideias e
exemplos de quem sabe e das experiências do que já é seguido na mesma linha de objetivos,
para sempre seguindo evoluindo entre objetivo e objetivos, erros e acertos. Existem algumas
escolas de ensino diferenciado no Brasil. São escolas com estrutura curricular próprio. Zelam
pela união e entre teoria e prática básico sobre a terra, a produção de alimentos. Colher,
manejando as hortas e lavouras. Preparam alunos para o mundo e para o mundo que vivem.
Os alimentos são aproveitados para a própria merenda da escola.
Figura 46: Vista do espaço social.
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
56
O efeito dessa inovação e conhecimento, desse tipo de iniciativa, voltada para
qualquer área específica, favorece toda a comunidade. Desde cada um que adquire e se
transforma com o conhecimento e com sua capacidade de fazer algo produtivo, até o reflexo
que isso traz para a sociedade uma vez eu ela se replica.
Imagem da praça e centro cultural ambiental (Figura 46).
A horta pública é suspensa, e dispersada no caminho para o centro cultural ambiental,
de forma que não atrapalha o fluxo de pedestres. Funciona também como algo convidativo da
praça. Plante! (Figura 47, 48).
Figura 47: Vista do espaço social.
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Figura 48: Vista da Praça.
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
57
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A arquitetura faz parte da relação do homem com o espaço. A arquitetura permite
reunir um amontoado de fatores para se definir e redefinir o espaço em si e (ou) o habitat.
Mas o que fazer como arquitetos? Como se faz essa relação? Quais opções temos? De
que forma contribuir para essa relação?
Diante dos impactos social e espacial e diante dos interesses da cidade como todo,
sempre e, cada vez, se torna mais importante a participação da população para opinar e assim
ajudar para melhoria de um bem comum, para implementação do Plano Diretor da cidade,
uma vez que as melhorias e bem feitos só são apresentadas se houver quem apresente, quem
se envolve e acredita.
O Plano Diretor é um processo político de envolvimento de todos os interessados,
participativo, para definir e estabelecer ideias e projetos de desenvolvimento urbano. Dessa
forma se constitui a cidadania. Mas falta ainda essa participação, essa informação e interesse
da população.
É importante entender, nos dias de hoje assim como sempre, que o habitat (a
construção), deve ser uma ferramenta que deve sempre evoluir, inovar, tendo em vista que a
vida humana está em questão e que é necessária o pensar diferente, que é necessário pensar.
58
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