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Atualidades Ornitológicas, 191, maio e junho de 2016 - www.ao.com.br 49 Avifauna de Mucugê: Levantamento de avifauna na fazenda Caraíbas, Bahia Marco Antonio de Freitas 1 , Thiago Filadelfo 2 , Daniella Pereira Fagundes de França 3 & Elbano Paschoal de Figueiredo Moraes 4 (in memoriam). Introdução O município de Mucugê está localizado na região central da Chapada Diamantina, porção norte da cadeia do Espinha- ço no estado da Bahia. A história do município começou no século XVIII com a descoberta das minas de ouro e, pos- teriormente, de diamante e carbonato, o que fez a pequena cidade de Mucugê passar para uma população estimada em 20 mil pessoas no passado, a grande maioria garimpeiros. Hoje, parte de seu patrimônio histórico é conservado através do tombamento da pequena cidade pelo Instituto do Patri- mônio Histórico, Artístico e Natural (IPHAN). Atualmente, Mucugê possui uma economia totalmente voltada para a agricultura irrigada. Diversas culturas são manejadas nesta região, principalmente a batata e o café, além das chamadas “frutas nobres” como morango, pêsse- go, maçã, pera e ameixa. O turismo histórico e ecológico aparece como segunda fonte de arrecadação financeira do município. Um breve estudo sobre a economia e conservação dos re- cursos naturais de Mucugê pode ser aferido pelos modelos econômicos que marcaram o município no passado e no pre- sente, havendo duas frentes: a da mineração, que não existe mais, e a do turismo voltado para os patrimônios histórico e natural principalmente em função do Parque Nacional da Chapada Diamantina, criado em 1984 com 152 mil hectares, e o Parque Municipal Sempre-Viva, criado em 1999, com 540 hectares de área, ambos modelos sustentáveis de unida- des de conservação. A forte influência da agricultura irrigada instalada em Mucugê é bastante controversa sobre sua sustentabilidade, principalmente quanto a conservação e uso das águas do rio Paraguaçu pelo uso excessivo e crescente da água represada na Barragem do Apertado.A agricultura local possui apro- ximadamente 10.000 hectares plantados por este sistema e o projeto do Agropolo pretende aumentar este plantio para cerca de 80.000 hectares (SEAGRI 2015). A área conhecida como “Gerais de Mucugê” está locali- zada a oeste do Parque Nacional da Chapada Diamantina e desempenha importante papel na zona de amortecimento que, no caso deste Parna, é de cerca de 10 km a partir dos seus limites periféricos segundo seu plano de manejo (SE- AGRI 2015). Apesar de a região estar inserida no domínio morfoclimá- tico da Caatinga, é possível encontrar diversas fitofisiono- mias. Os “gerais de Mucugê” são o ambiente predominante na região de estudo, caracterizados por diferentes formas de Cerrado, apresentando-se como campo sujo, cerrado stricto senso, cerradão, carrasco e florestas estacionais de encos- tas. Nas porções mais elevadas é possível registrar também campos rupestres. Esta região é caracterizada por um relevo levemente acidentado devido à sua proximidade com a Serra do Sincorá. Bubulcus ibis Cariama cristata

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Avifauna de Mucugê: Levantamento de avifauna na fazenda Caraíbas, Bahia

Marco Antonio de Freitas1, Thiago Filadelfo2, Daniella Pereira Fagundes de França3&

Elbano Paschoal de Figueiredo Moraes4 (in memoriam).

IntroduçãoO município de Mucugê está localizado na região central

da Chapada Diamantina, porção norte da cadeia do Espinha-ço no estado da Bahia. A história do município começou no século XVIII com a descoberta das minas de ouro e, pos-teriormente, de diamante e carbonato, o que fez a pequena cidade de Mucugê passar para uma população estimada em 20 mil pessoas no passado, a grande maioria garimpeiros. Hoje, parte de seu patrimônio histórico é conservado através do tombamento da pequena cidade pelo Instituto do Patri-mônio Histórico, Artístico e Natural (IPHAN).

Atualmente, Mucugê possui uma economia totalmente voltada para a agricultura irrigada. Diversas culturas são manejadas nesta região, principalmente a batata e o café, além das chamadas “frutas nobres” como morango, pêsse-go, maçã, pera e ameixa. O turismo histórico e ecológico aparece como segunda fonte de arrecadação financeira do município.

Um breve estudo sobre a economia e conservação dos re-cursos naturais de Mucugê pode ser aferido pelos modelos econômicos que marcaram o município no passado e no pre-sente, havendo duas frentes: a da mineração, que não existe mais, e a do turismo voltado para os patrimônios histórico e natural principalmente em função do Parque Nacional da

Chapada Diamantina, criado em 1984 com 152 mil hectares, e o Parque Municipal Sempre-Viva, criado em 1999, com 540 hectares de área, ambos modelos sustentáveis de unida-des de conservação.

A forte influência da agricultura irrigada instalada em Mucugê é bastante controversa sobre sua sustentabilidade, principalmente quanto a conservação e uso das águas do rio Paraguaçu pelo uso excessivo e crescente da água represada na Barragem do Apertado.A agricultura local possui apro-ximadamente 10.000 hectares plantados por este sistema e o projeto do Agropolo pretende aumentar este plantio para cerca de 80.000 hectares (SEAGRI 2015).

A área conhecida como “Gerais de Mucugê” está locali-zada a oeste do Parque Nacional da Chapada Diamantina e desempenha importante papel na zona de amortecimento que, no caso deste Parna, é de cerca de 10 km a partir dos seus limites periféricos segundo seu plano de manejo (SE-AGRI 2015).

Apesar de a região estar inserida no domínio morfoclimá-tico da Caatinga, é possível encontrar diversas fitofisiono-mias. Os “gerais de Mucugê” são o ambiente predominante na região de estudo, caracterizados por diferentes formas de Cerrado, apresentando-se como campo sujo, cerrado stricto senso, cerradão, carrasco e florestas estacionais de encos-tas. Nas porções mais elevadas é possível registrar também campos rupestres. Esta região é caracterizada por um relevo levemente acidentado devido à sua proximidade com a Serra do Sincorá.

Bubulcus ibisCariama cristata

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Diversos fatores ambientais clamam por cuidados espe-ciais nesta região, mas podemos destacar a alta biodiver-sidade de plantas ameaçadas de extinção e com graus de endemismos restritos como a sempre-viva-de-mucugê Syn-gonanthus mucugensis Giulietti, além de outras dezenas de espécies botânicas (Giulietti 1996).

Para a conservação da fauna, o município vem se desta-cando com a descrição de diversas espécies novas, prin-cipalmente de aves, lagartos e anfisbênios (Rodrigues 1987,Rodrigues et al. 2006, 2009,Gonzaga et al. 2007,Mott et al. 2008,Freitas et al. 2012).Por sua raridade e endemis-mo, algumas espécies destas entraram na lista de espécies ameaçadas de extinção como a cobra-cega-de-mucugê (Am-phisbaena uroxena), e os lagartos bibrinha-do-carrasco (Heterodactylus septentrionalis) e papa-vento-de-mucugê (Enyalius erythroceneus) (MMA 2014).

Um fator ambiental de extrema importância da região são as nascentes do Rio Paraguaçu; a principal nasce no municí-pio vizinho de Ibicoara e recebe diversos pequenos afluen-tes no município de Mucugê. Este rio segue para a depres-são sertaneja de Itaetê mantendo a Barragem de Bandeira de Melo e de Pedra do Cavalo, esta última, localizada próximo à Baía de Todos os Santos, e que abastece a Região Metro-politana de Salvador e há alguns anos também gera energia elétrica.

Além dos impactos causados pelos cultivos e barragens, a Chapada Diamantina, de maneira geral, vem recentemen-te sofrendo uma forte pressão do setor de energia eólica; o primeiro complexo eólico em funcionamento da Bahia está instalado em Seabra, extremo norte da Chapada Diamanti-na. Com mais esta nova e crescente especulação dos parques eólicos na região, torna-se ainda mais urgente a produção de conhecimento acerca da biodiversidade local. A captação de energia eólica ocasiona um impacto mais direcionado para a quiropterofauna e avifauna, principalmente para as espécies que tem potencial de voo alto e hábitos migratórios (Drewitt & Langston 2006).

Levantamentos faunísticos são de extrema importância para o conhecimento da distribuição das espécies de uma região (Straube et al. 2010) e servem como subsídio para conservar habitat únicos que abriguem espécies endêmicas ou ameaçadas. A avifauna da Chapada Diamantina e seu en-torno ainda encontra-se sub-amostrada, com publicações de-poucas listas de espécies como em(Coelho et al. 2008,Frei-tas et al. 2006,Machado et al. 2007,Machado 2009, 2014).

Entre os vários endemismos da Chapada Diamantina, o recém descrito, e já ameaçado, papa-formigas-do-sincorá (Formicivora grantsaui) evidencia a importância dos cam-pos rupestres de Mucugê, município que é localidade tipo da espécie (Gonzaga et al. 2007). Este município, em parti-

Formicivora melanogaster

Herpsilochmus sellowi

Eupsittula cactorum

Hemitriccus margaritaceiventer

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cular, foi inventariado por Parrini et al. (1999) e Machado (2005); entretanto, ambos os trabalhos contaram com uma amostragem curta e restrita a áreas de campo rupestre e cer-rado. Desta maneira, o presente estudo objetivou inventa-riar, com um maior esforço amostral, a avifauna da fazenda Caraíbas, localizada no município de Mucugê, analisando a estruturação da comunidade de aves quanto à sua riqueza, frequência de ocorrência, abundância relativa, sensitividade a distúrbios ambientais, uso do habitat quanto à dependên-cia florestal e possíveis diferenças de composição durante os períodos seco e chuvoso.

Material e métodosO presente artigo apresenta os dados gerados a partir do

licenciamento ambiental da fazenda Caraíbas (coordenada central 13°09’S, 41°24’W, elevação média de 1.110 m) - que localiza-se no distrito de Cascavel, município de Mu-cugê, Bahia, e mantém um empreendimento agrícola com cultivos de batata.

As expedições de campo começaram em novembro de 2004 e terminaram em agosto de 2007.Foram realizadas nove campanhas, com duração de cinco dias cada, distribuí-das quadrimestralmente. O principal método de registro das aves foi através da captura com redes-de-neblina (Licença Ibama nº 1.252); avistamentos realizados oportunisticamen-

te durante o deslocamento da equipe contribuíram com a lista geral de espécies, mas não foram utilizados para os cálculos de abundância e frequência.

Em cada campanha foram armadas 10 redes-de-neblina (com 12 metros de comprimento e malhas de 15 a 31 mm) dispostas em linha contínua em ambiente predominante de mata estacional arbóreo-arbustiva e carrasco. As redes per-maneciam abertas das 05 às 10 horas da manhã, totalizando ao fim do estudo um esforço de captura de 2.250 horas-rede. Seguindo Roos et al. (2006) as horas-rede foram calculadas multiplicando-se o número de redes pelo tempo de operação das mesmas (1 hora-rede significa uma rede de 12 m aberta por 1 hora).

As aves avistadas ou capturadas eram identificadas com o uso de guias de campo (Grantsau 1988, Ridgely & Tudor 1989, 1994, Sick 1997), com o auxílio de binóculos (Ni-kon Monarch 10 x 50 e Bushnnel 10 x 50) ou registro de gravações e playback (Johnson et al. 1981). A classifica-ção científica seguiu o padrão proposto pelo Comitê Brasi-leiro de Registros Ornitológicos (Piacentini et al. (2015) e foram utilizados os nomes vulgares mais populares na re-gião da Bahia em que os autores estão acostumados com o conhecimento popular. A determinação do grau de ameaça das espécies seguiu a lista vermelha nacional (MMA 2014) e internacional (IUCN 2015). A classificação das espécies

Cyanocompsa brissonii

Hydropsalis longirostris

Celeus ochraceus

Lepidocolaptes angustirostris

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endêmicas e de distribuição restrita foi baseada em Stotz et al. (1996), Silva & Bates (2002), Olmos et al. (2005) e Vasconcelos (2008).

O monitoramento da avifauna, com captura e marcação individual utilizando anilhas metálicas fornecidas pelo Ce-mave/ICMBio,foi iniciado antes da abertura dos primeiros pivôs de irrigação da fazenda e seguiu de forma contínua até o funcionamento dos pivôs. Por questões logísticas e de organização administrativa do empreendimento, os meses do período úmido (entre novembro e abril) foram amostra-dos em maior quantidade do que o período seco (entre maio e outubro); desta forma, o período chuvoso foi dividido em duas partes- período úmido I e II, buscando ter dados mais confiáveis e proporcionais nas análises estatísticas de sazo-nalidade. Para a comparação das médias de captura entre os períodos do ano – sazonalidade – foi utilizado um teste Z, a fim de verificar se há diferença para captura de aves entre os meses secos e chuvosos. Diferenças com p ≤ 0.05 foram consideradas estatisticamente significantes.

As espécies foram classificadas quanto ao uso do habi-tat como independentes, espécies associadas apenas a ve-getações abertas (exemplo: fitofisionomias de Caatinga e Cerrado); semi-dependentes, espécies que ocorrem nos mosaicos formados pelo contato entre florestas e formações vegetais abertas ou semi-abertas; e dependentes, espécies

que só ocorrem em ambientes florestais (exemplo: florestas estacionais, caatinga arbórea e cerradões) (Stotz et al. 1996; Silva et al. 2003).O nível de sensitividade das espécies aos distúrbios humanos também foi avaliada. Três categorias foram seguidas: alta, média e baixa sensitividade (Stotz et al. 1996; Silva et al. 2003).

Para o cálculo da abundância relativa (AR) de cada táxon capturado foi aplicada a seguinte fórmula: AR = Nx100/n, onde: Ne o número de indivíduos do táxon capturado e ne o número total de indivíduos capturados. Foi calculada tam-bém a frequência da ocorrência (FO) de cada espécie captu-rada através da fórmula: FO=Mx100/m, onde: Me o número de campanhas onde o táxon ocorreu e me o número total de campanhas realizadas. Na interpretação destes dados para cada táxon foi utilizada a seguinte escala: FO < 25 % - es-pécie rara; FO de 25 a 50 % - espécie pouco comum; FO de 50 a 75 % - espécie comum; FO > 75 % - espécie muito frequente.

Resultados e Discussão

Foram registradas188 espécies de aves pertencentes a54 famílias (Tabela 1). Destas, 12 espécies são consideradas endêmicas do bioma Caatinga, três do bioma Cerrado, uma do bioma Mata Atlântica e uma espécie restrita aos cam-pos rupestres da cadeia do Espinhaço. Ainda oito espécies e

Piculus chrysochloros

Sakesphorus cristatus

Milvago chimachima

Picumnus pygmaeus

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sub-espécies são classificadas como quase ameaçada ou sob algum risco de ameaça na lista vermelha nacional (MMA 2014) ou global (IUCN 2015).

A família mais representativa foi Tyrannidae (27 espé-cies,14.36%), seguida por Thraupidae (22 espécies,11.70%) e as famíliasTrochilidae, Thamnophilidae e Furnariidae (com oito espécies cada,4.25%).A comunidade de aves se es-truturou quanto ao uso do habitat por 107 espécies (56.91%) independentes, 57 espécies (30.32%) semi-dependentes e 24 espécies (12.77%) dependentes de habitat florestados. Não houve uma dominância de espécies unicamente de fitofisio-nomias abertas, destacando a forte influência dos enclaves de florestas próximos(matas estacionais e grotões) como refúgios para espécies dependentes de ambientes florestais como o surucuá-variado (Trogon surrucura aurantius).

A comunidade também apresentou uma maior prevalência de espécies com baixa sensitividade aos distúrbios huma-nos (131 espécies, 69,68%). Silva & colaboradores (2003) sugerem que este perfil da comunidade de aves do bioma Caatinga deve-se ao contínuo estresse causado pela distri-buição irregular de chuvas neste bioma, o que tornaria estas espécies mais resilientes às alterações causadas pelas ativi-dades humanas.

Quanto à frequência de ocorrência das aves capturadas na área de estudo, 32 espécies (42.67%) foram categorizadas como raras, 18 espécies (24%) como pouco comuns, nove espécies (12%) como comuns e 16 espécies (21.33%) como muito frequentes. As espécies mais abundantes neste estu-do foram a maria-olho-de-ouro (Hemitriccus margaritacei-venter), com 54 indivíduos capturados;o vite-vite-coroado (Hylophilus amaurocephalus), com 43 capturas; e o choro-rozinho-da-bahia (Herpsilochmus sellowi), com 36 captu-ras.

Ao fim do trabalho de monitoramento foram capturados e anilhados 712 indivíduos de 75 espécies. Houve diferença significativa na quantidade de capturas entre estação seca e estação chuvosa (Período Úmido I e Período Seco: Z = 2,6576, P = 0,0079 / DPs = 4,6 e 4,7 – Período Úmido II e Período Seco: Z = 1,84, P = 0,0652 / DPs = 4,6 e 4,7). Para Período Úmido I o número de capturas foi de 330 espécimes de 57 espécies, para o Período Úmido II, 239 espécimes de 52 espécies e para o Período Seco 176 espécimes represen-

tantes de 41 espécies. Essa diferença pode ser ocasionada devido à maior disponibilidade de recursos alimentares du-rante a época mais chuvosa do ano, de modo que as aves estão se movimentando com uma intensidade maior em bus-ca de itens alimentares. Além disso, essa maior quantidade de alimento disponível no ambiente faz com que essas aves adotem essa época do ano como mais favorável a reprodu-ção, motivo pelo qual a movimentação também aumenta em seus devidos territórios, aumentando também a chance das aves caírem nas armadilhas. Também não podemos descar-tar que no período seco a diversidade e quantidade de aves capturadas sejam menores porque pode haver deslocamento regional em busca de áreas com melhores condições de re-cursos alimentares.

Os inventários avifaunísticos disponíveis na literatura não são passíveis de comparação com o presente estudo visto o emprego de diferentes métodos de amostragem, esforço de coleta de dados e fitofisionomias amostradas. Parrini et al. (1999) apresenta uma listagem de 359 espécies para 19 localidades da Chapada Diamantina, discriminando 65 es-pécies registradas exclusivamente para o entorno da cidade de Mucugê, ao longo de faixas de cerrado, campo rupestre e grotões de mata na estrada BA-142 em 8,5 horas de bus-ca. Enquanto que Machado (2005), em uma amostragem de quatro dias em dois pontos diferentes de campo rupestre e cerrado ralo no município de Mucugê, encontrou um total de 69 espécies. Assim, fica evidente que o presente trabalho possui uma riqueza superior em virtude do maior esforço de coleta empregando técnicas de captura e marcação.

A ausência de espécies típicas de campo rupestre no pre-sente trabalho pode ser em decorrência da baixa influência desta fitofisionomia na área amostrada. Embora próximos de fragmentos de cerrado e campo rupestres, algumas es-pécies parecem não cruzar trechos de mata estacional ou carrasco, justificando dessa forma a ausência de registros de captura.

Vale ressaltar que o presente registro de cabeça-seca (Mycteria americana) para o piemonte da Chapada Diaman-tina é de certa forma curiosa vista a ausência de grandes rios próximos da região amostrada e que sugeririam um possível percurso de deslocamento da espécie. Freitas e colaborado-res (2010) sugerem, em artigo de revisão da ocorrência da

Taraba major Sporagra yarrellii

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espécie no Nordeste, que a mesma esteja em franca expan-são e utiliza qualquer açude do piemonte da Chapada Dia-mantina com água na Caatinga para de deslocar.

A alta riqueza de aves apresentada neste estudo evidência a importância da conservação de parcelas significativas da região do “Gerais de Mucugê” nos municípios de Mucugê e Ibicoara, devendo o Agropolo já instalado reservar amplas faixas de corredores ecológicos em sentido leste/oeste para favorecer o fluxo gênico da fauna que habita desde o Parque Nacional da Chapada Diamantina a leste até as áreas mais baixas da depressão sertaneja localizada a oeste. O elevado número de espécies listadas se deve, em grande parte, à va-riedade de fitofisionomias presentes na região, bem como à proximidade com o Parna Chapada Diamantina – área deli-mitada e protegida pelo ICMBio.

AgradecimentosAos amigos estagiários na época do inventário Breno Ha-

mdan, Patrícia Fonseca e Saymon Albuquerque pelo apoio em campo nas atividades. Aos amigos funcionários e gesto-res da Fazenda Caraíbas, Zé Cláudio, Mitsuro Horigushi e Eduardo Varejão. Ao Centro Nacional de Pesquisa e Conser-vação de Aves Silvestres (Cemave) pelas anilhas e licenças de captura e marcação de aves silvestres.

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some bird species from campos rupestres of the Espinhaço Range are not endemic to the Cerrado region? Revista Brasileira de Ornitolo-gia 16(4): 348-362.

1Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Parna do Catimbau,

Vila Catimbau, CEP 56537-000, Buíque, PE, Brasil. E-mail: [email protected]

2 Universidade de Brasília (UNB), Campus Universitário Darcy Ribeiro S/N, CEP 70910-900, Brasília, DF, Brasil.

3 Universidade de São Paulo (USP), Instituto de Biociências, Departamento de Zoologia, Ipiranga S/N,

CEP 05509-090, São Paulo, SP, Brasil.4 Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá),

Avenida Lucaia, 230, Rio Vermelho, CEP 70000-000, Salvador, Bahia, Brasil.

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Tabela 1. Lista das aves da Fazenda Caraíbas, município de Mucugê, Bahia. Os nomes populares utilizados são os no-mes utilizados na região semiárida da Bahia. Status: R = espécie residente, E = espécie endêmica do Brasil, I = espécie invasora, NT = espécie quase ameaçada de extinção, EN = espécie em perigo de extinção, VU = espécie vulnerável, VS = espécie migratória visitante do Hemisfério Sul, VN = espécie migratória visitante do Hemisfério Norte. Tipo de registro: Foto = registro fotográfico, Obs = registro visual, Voc = registro de vocalização, Rede = capturado em rede-de-neblina, Arm = capturado em armadilha Tomahawk. Sensitividade aos distúrbios humanos: A = alta, M = média, B = baixa. Uso do habitat: 1 = independente de habitat florestal, 2 = semi-dependente de habitat florestal, 3 = dependente de habitat flo-restal. Frequência de Ocorrência: X = registro da espécie na área sem dados quantitativos, RR = espécie rara (< 25%), PC = espécie pouco comum (25-50%), CM = espécie comum (50-75%), MF = espécie muito frequente (>75%).

Família / Espécie Nome Popular Status Registro Habitat Sensitividade Abundância FrequênciaTINAMIDAE Crypturellus noctivagus zabele zabelé R, NT¹, VU² Voc 3 M X XCrypturellus tataupa nhambú R Voc 3 B X XRhynchotus rufescens perdiz R Voc 1 B X XNothura boraquira codorna R Voc 2 M X XANATIDAE Dendrocygna viduata marreca-irerê R Obs 1 B X XSarkidiornis sylvicola pato-de-crista R Obs 1 M X XAmazonetta brasiliensis marreca-ananaí R Obs 1 B X XCRACIDAE Penelope superciliaris jacu R Foto 3 M X XOrtalis araucuan aracuã R Obs 2 B X XPODICIPEDIDAE Podilymbus podiceps mergulhão R Foto 1 M X XPHALACROCORACIDAE Nannopterum brasilianus biguá R Foto 1 B X XANHINGIDAEAnhinga anhinga biguatinga R Obs 1 M X XARDEIDAE Tigrisoma lineatum socó-boi-ferrugem R Obs 1 M X XButorides striata socozinho R Foto 1 B X XBubulcus ibis garça-vaqueira I Foto 1 B X XArdea cocoi garça-real R Obs 1 B X XArdea alba garça-branca-grande R Foto 1 B X XEgretta thula garcinha-branca R Foto 1 B X XCATHARTIDAE

Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha R Arm 1 B 0.7 33.33 - PC

Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça-amarela R Arm 1 M 0.7 33.33 - PC

Coragyps atratus urubu-comum R Foto 1 B X XSarcoramphus papa urubu-rei R Obs 2 M X XCICONIIDAE Mycteria americana cabeça-seca R Obs 1 B X XPANDIONIDAE Pandion haliaetus águia-pescadora VN Obs 1 M X XACCIPITRIDAE Elanus leucurus gavião-peneira R Obs 1 B X XAccipiter striatus gaviãozinho R Rede 2 M 0.14 11.11 - RRRupornis magnirostris gavião-carijó R Foto 1 B X XGeranoaetus albicaudatus gavião-fumaça R Foto 1 B X XGeranoaetus melanoleucus gavião-pé-de-serra R Obs 1 M X XARAMIDAEAramus guarauna carão R Obs 1 M X X

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Família / Espécie Nome Popular Status Registro Habitat Sensitividade Abundância FrequênciaRALLIDAE Gallinula galeata frango-d'água R Obs 1 B X XCHARADRIIDAEVanellus chilensis quero-quero R Foto 1 B X XSCOLOPACIDAETringa solitaria maçarico VN Foto 1 B X XActitis macularius bate-bunda VN Obs 1 B X XJACANIDAE Jacana jacana jaçanã R Foto 1 B X XCOLUMBIDAE Columbina minuta rolinha-asa-de-canela R Rede 1 B 0.14 11.11 - RRColumbina talpacoti rolinha-roxa R Rede 1 B 1.54 33.33 - PCColumbina picui rolinha-picui R Foto 1 B X XColumbina squammata fogo-apagou R Rede 1 B 0.42 11.11 - RRPatagioenas picazuro pomba-asa-branca R Obs 2 M X XZenaida auriculata avoante R Obs 1 B X XLeptotila verreauxi juriti-gemedeira R Foto 2 B X XCUCULIDAEPiaya cayana alma-de-gato R Obs 2 B X XCrotophaga ani anu-preto R Foto 1 B X XGuira guira anu-branco R Obs 1 B X XTapera naevia saci R Voc 1 B X XTYTONIDAE Tyto furcata suindara R Obs 1 B X XSTRIGIDAE Megascops choliba corujinha R Voc 2 B X XGlaucidium brasilianum caburé R Obs 2 B X XAthenecunicularia coruja-buraqueira R Foto 1 M X XNYCTIBIIDAE Nyctibius griseus urutau-comum R Obs 2 B X XCAPRIMULGIDAE Nyctidromus albicollis curiango-comum R Foto 2 B X XHydropsalis longirostris bacurau R Foto 1 B X XHydropsalis torquata curiango-tesoura R Rede 1 B 0.22 11.11 - RRChordeiles acutipennis bacurau R Obs 1 B X XAPODIDAE

Streptoprocne biscutata andorinhão-de-coleira-falha R Obs 1 M X X

Chaetura meridionalis andorinhão R Obs 2 B X XTROCHILIDAE Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado R Rede 2 B 0.56 44.44 - PCEupetomena macroura beija-flor-tesoura R Foto 1 B X X

Colibri serrirostris beija-flor-de-orelha-violeta R Obs 2 B X X

Chrysolampis mosquitus beija-flor-dourado R Rede 1 B 0.28 11.11 - RR

Chlorostilbon lucidus esmeralda-de-bico-vermelho R Rede 2 B 0.56 33.33 - PC

Amazilia fimbriata beija-flor-de-garganta-verde R Rede 2 B 1.82 77.78 - MF

Augastes lumachella beija-flor-de-gravata-vermelha

R, E, NT¹, EN² Rede 1 M 0.28 11.11 - RR

Heliactin bilophus beija-flor R Obs 1 M X X

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Família / Espécie Nome Popular Status Registro Habitat Sensitividade Abundância FrequênciaTROGONIDAE Trogon surrucura aurantius surucuá-variado R, E Obs 3 M X XALCEDINIDAE

Megaceryle torquata martim-pescador-grande R Foto 1 B X X

Chloroceryle amazona martim-pescador-verde R Obs 2 B X X

Chloroceryle americana martim-pescador pequeno R Rede 2 B 0.42 11.11 - RR

BUCCONIDAE Nystalus maculatus joão- bobo R Foto 2 M X XPICIDAE Picumnus pygmaeus pica-pau-anão-pintado R, E Rede 3 M 1.26 66.67 - CMVeniliornis passerinus pica-pau R Rede 2 B 0.28 22.22 - RRPiculus chrysochloros pica-pau-da-copa R Rede 3 M 0.56 44.44 - PCColaptes melanochloros pica-pau-verde R Foto 2 B X XColaptes campestris pica-pau-do-campo R Obs 1 B X XCeleus ochraceus pica-pau-velho R Rede 3 M 0.7 33.33 - PCCARIAMIDAECariama cristata seriema R Obs 1 B X XFALCONIDAECaracara plancus carcará R Foto 1 B X XMilvago chimachima carrapateiro R Foto 1 B X XHerpetotheres cachinnans acauã R Obs 2 B X XFalco sparverius quiri-quiri R Foto 1 B X XFalco femoralis falcão-de-coleira R Foto 1 B X XPSITTACIDAEEupsittula cactorum periquito-vaqueiro R, E Rede 2 M 0.14 11.11 - RRForpusxanthopterygius cuiubinha R Obs 1 B X XTHAMNOPHILIDAE Myrmorchilus strigilatus piu-piu R Rede 2 M 1.68 55.56 - CMFormicivora melanogaster formigueiro R Rede 2 M 4.77 100 - MFFormicivora rufa formigueiro-ruivo R Rede 1 B 0.42 11.11 - RRHerpsilochmus sellowi chororozinho-da-bahia R, E, NT¹ Rede 2 M 5.05 100 - MFThamnophilus torquatus choca-de-asa-ruiva R Rede 2 B 0.56 22.22 - RRThamnophilus pelzelni choca-bate-cauda R Rede 3 B 2.95 88.89 - MFTaraba major choró-boi R Rede 2 B 1.54 44.44 - PCSakesphorus cristatus choca-do-nordeste R, E Rede 2 M 3.51 100 - MFMELANOPAREIIDAE Melanopareia torquata meia-lua-do-cerrado R, E Obs 1 M X XCONOPOPHAGIDAE Conopophaga lineata lineata chupa-dente R, VU² Foto 3 M X XDENDROCOLAPTIDAE Lepidocolaptes angustirostris arapaçu-do-cerrado R Rede 1 M 2.81 88.89 - MFFURNARIIDAE Furnarius figulus joão-barreiro R Obs 1 B X XFurnarius rufus joão-de-barro R Rede 1 B 0.56 33.33 - PCMegaxenops parnaguae bico-virado-grande R, E Rede 3 A 3.09 88.89 - MFPhacellodomus rufifrons joão-graveto R Rede 2 M 0.56 33.33 - PCCerthiaxis cinnamomeus marrequito-do-brejo R Rede 1 M 0.14 11.11 - RRSynallaxis hellmayri joão-xique-xique R, E, NT¹ Rede 1 M 0.14 11.11 - RRSynallaxis frontalis tifli R Rede 3 B 2.39 77.78 - MFClibanornis rectirostris fura-barreira R Rede 3 A 0.14 11.11 - RR

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Família / Espécie Nome Popular Status Registro Habitat Sensitividade Abundância FrequênciaRHYNCHOCYCLIDAE Todirostrum cinereum sebinho-relógio R Rede 2 B 0.56 33.33 - PCHemitriccus margaritaceiventer maria-olho-de-ouro R Rede 2 M 7.58 100 - MFTITYRIDAE Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto R Rede 2 B 0.56 22.22 - RRTYRANNIDAE Hirundinea ferruginea gibão-de-couro R Foto 2 B X XEuscarthmus meloryphus maria-barulhenta R Rede 2 B 0.14 11.11 - RRCamptostoma obsoletum risadinha R Rede 1 B 1.4 55.56 - CMElaenia chiriquensis chibum R Rede 1 B 0.7 22.22 - RRElaenia cristata guaracava-de-topete R Rede 1 M 1.26 44.44 - PCElaenia flavogaster maria-é-dia R Rede 2 B 0.42 22.22 - RRElaenia obscura guaracava-de-óculus R Rede 3 M 0.28 11.11 - RRSerpophaga subcristata alegrinho-do-leste R Rede 2 B 0.7 22.22 - RRLegatus leucophaius bem-te-vi-pirata R Obs 2 B X XMyiarchus tuberculifer siriri R Rede 3 B 0.7 22.22 - RRMyiarchus swainsoni maria-irrê R Rede 1 B 0.84 22.22 - RRMyiarchus ferox maria-cavaleira R Rede 2 B 0.14 11.11 - RRMyiarchus tyrannulus maria-de-asa-ferrugem R Rede 2 B 1.54 55.56 - CMPitangus sulphuratus bem-te-vi R Rede 1 B 0.42 11.11 - RRMachetornis rixosa suiriri-cavalheiro R Foto 1 B X XMegarynchus pitangua nei-nei R Obs 2 B X XMyiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado R Obs 3 B X XMyiozetetes similis bem-te-vi-brejeiro R Foto 2 B X XTyrannus melancholicus suiriri-comum R Rede 1 B 0.84 33.33 - PCTyrannus savanna tesourinha-do-campo R Obs 1 B X XFluvicola nengeta lavadeira-mascarada R Obs 1 B X XArundinicola leucocephala viuvinha-do-brejo R Foto 1 M X XLathrotriccus euleri enferrujado R Rede 3 M 0.28 11.11 - RRKnipolegus nigerrimus maria-preta R Foto 2 M X XXolmis cinereus primavera R Obs 1 B X XXolmis irupero noivinha R Foto 1 B X XMyiophobus fasciatus felipe-de-peito-riscado R Rede 1 B 1.12 44.44 - PCVIREONIDAE Cyclarhis gujanensis pitiguari R Rede 2 B 3.09 88.89 - MFHylophilus amaurocephalus vite-vite-coroado R Rede 3 M 6.04 100 - MFVireo chivi juruviara R Foto 3 B X XCORVIDAE Cyanocorax cyanopogon cancã R, E Foto 2 M X XHIRUNDINIDAE Pygochelidon cyanoleuca andorinha-de-casa R Obs 1 B X XStelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora R Foto 1 B X XProgne tapera andorinha-comum R Foto 1 B X XProgne chalybea andorinha-grande R Obs 1 B X XTachycineta albiventer andorinha-de-rio R Obs 1 B X XTROGLODYTIDAE Troglodytes musculus corruíra R Rede 1 B 0.98 44.44 - PC

Cantorchilus longirostris garrincha-de-bico-grande R, E Rede 3 B 1.82 66.67 - CM

POLIOPTILIDAE

Polioptila plumbea balança-rabo-de-chapéu-preto R Rede 2 M 2.39 88.89 - MF

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Família / Espécie Nome Popular Status Registro Habitat Sensitividade Abundância FrequênciaTURDIDAE

Turdus leucomelas sabiá-de-cabeça-cinzenta R Rede 2 B 1.26 44.44 - PC

Turdus rufiventris sabiá-laranjeira R Rede 1 B 0.28 22.22 - RRTurdus amaurochalinus sabiá-bico-de-osso R Rede 2 B 0.42 33.33 - PCMIMIDAE Mimus saturninus sabiá-do-campo R Obs 1 B X XPASSERELLIDAE Zonotrichia capensis tico-tico-verdadeiro R Rede 1 B 0.14 11.11 - RRAmmodramus humeralis tico-tico-do-campo R Obs 1 B X XPARULIDAE Setophaga pitiayumi mariquita-do-sul R Rede 3 M 0.28 22.22 - RRGeothlypis aequinoctialis pia-cobra R Foto 1 B X XMyiothlypis flaveola pula-pula-amarelo R Rede 3 M 1.4 55.56 - CMICTERIDAEIcterus pyrrhopterus pêga R Obs 2 M X XIcterus jamacaii sofrê R, E Obs 2 B X XGnorimopsar chopi pássaro-preto R Obs 1 B X XChrysomus ruficapillus doremi R Obs 1 B X XMolothrus bonariensis chopim R Obs 1 B X XSturnella superciliaris polícia-inglesa R Obs 1 B X XTHRAUPIDAE Neothraupis fasciata tiê-do-cerrado R, NT¹ Obs 1 M X XSchistochlamys ruficapillus tiê-veludo R Rede 1 B 4.49 66.67 - CMParoaria dominicana cardeal R, E Foto 1 B X XTangara sayaca sanhaço-cinza R Rede 2 B 1.54 44.44 - PCTangara palmarum sanhaço-do-coqueiro R Obs 2 B X XTangara cayana saíra-cabocla R Rede 1 M 3.23 88.89 - MFSicalis flaveola canário R Obs 1 B X XSicalis luteola canário-tipio R Obs 1 B X XVolatinia jacarina tiziu R Rede 1 B 0.7 55.56 - CMCoryphospingus pileatus tico-tico-rei-cinza R Rede 2 B 2.39 77.78 - MFTachyphonus rufus pipira-preta R Obs 3 B X XDacnis cayana saí-azul R Obs 2 B X XCoereba flaveola sebinho R Rede 2 B 1.4 55.56 - CMSporophila nigricollis papa-capim R Rede 1 B 0.56 22.22 - RRSporophila leucoptera chorão R Obs 1 B X XSporophila bouvreuil caboclinho R Foto 1 M X XSporophila angolensis curió R Rede 1 B 0.42 11.11 - RRSporophila albogularis coleirinha R, E Obs 1 M X XSaltatricula atricollis batuqueiro R, E Obs 1 M X X

Saltator similis trinca-ferro-de-asa-verde R Rede 2 B 4.6 88.89 - MF

Cypsnagra hirundinacea bandoleta R Obs 1 A X XPorphyrospiza caerulescens campainha-azul R, E, NT¹ Obs 1 M X XCARDINALIDAE Piranga flava sanhaço-fogo R Obs 1 B X XCyanoloxia brissonii azulão-verdadeiro R Rede 3 M 1.54 77.78 - MFFRINGILLIDAE

Spinnus yarrellii pintassilgo-do-nordeste R, E, VU¹ ² Rede 3 A 0.14 11.11 - RR

Euphonia chlorotica guriatã R Rede 2 B 0.14 11.11 - RRESTRILDIDAE Estrilda astrild bico-de-lacre I Obs 1 B X XPASSERIDAE Passer domesticus pardal I Obs 1 B X X