Avic - Apostila - Notas de Aula - UFLA

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Universidade Federal de Lavras Departamento de Zootecnia Disciplina ZOO 152 Avicultura (Notas de Aula) Prof. Antonio Gilberto Bertechini - (Postura) Prof. Fábio Augusto Gomes - (Corte) Lavras / MG / Brasil 2º Semestre / 2007

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Universidade Federal de Lavras Departamento de Zootecnia

Disciplina ZOO 152

Avicultura (Notas de Aula)

Prof. Antonio Gilberto Bertechini - (Postura)

Prof. Fábio Augusto Gomes - (Corte)

Lavras / MG / Brasil 2º Semestre / 2007

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SUMÁRIO

AVICULTURA DE CORTE

1 Introdução..................................................................................................................... 3

2 Origem e características dos frangos de corte......................................................... 4

3 Evolução e situação atual da avicultura de corte..................................................... 10

4 Sistemas de produção................................................................................................. 12

5 Sistemas de criação..................................................................................................... 13

6 Localização da granja.................................................................................................. 15

7 Construção do galpão................................................................................................. 16

8 8 8 Detalhes de construção para minimizar o efeito do calor........................................ 25

9 Materiais e equipamentos...........................................................................................

26

10 Manejo da criação...................................................................................................... 38

11 Programa de luz......................................................................................................... 52

12 Alimentação dos frangos.........................................................................................

52

13 Avaliação de desempenho do lote...........................................................................

58

14 Manejo sanitário......................................................................................................... 63

15 Principais doenças das aves.................................................................................... 65

16 Doenças modernas ou doenças de produção........................................................ 68

17 Vacinas para frangos de corte.................................................................................. 69

18 Restrição alimentar em frangos de corte................................................................. 72

19 Criação de frangos com separação de sexo........................................................... 73

20 Referências bibliográficas.................................................................................. 75

AVICULTURA DE POSTURA

1 Introdução.................................................................................................................... 76

2 As poedeiras comerciais modernas.......................................................................... 78

3 Manejo geral da granja de postura............................................................................ 87

4 ANEXOS........................................................................................................................

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AVICULTURA DE CORTE (Prof. Fábio Augusto Gomes)

1 INTRODUÇÃO O Brasil é o terceiro maior produtor de frangos de corte do mundo e o maior exportador

de carne de aves atualmente, com perspectivas de manter esta posição nos próximos 10 anos.

A importância econômica da atividade avícola é incontestável. Inúmeras atividades hoje

existentes estão direta ou indiretamente ligadas à avicultura. Pode-se citar neste contexto as

indústrias de rações e concentrados, as indústrias de equipamentos, os laboratórios de produção

de vacinas e medicamentos, as indústrias de abate e processamento dos frangos, entre outras.

Outro setor que tem íntima relação com a avicultura é a agricultura, principalmente relacionada a

produção de milho e soja. Para ter-se uma idéia, basta citar que mais de 50% da produção

brasileira de milho é destinada à fabricação de rações para frangos de corte. Também se pode

citar o setor de construção civil que atua na construção das instalações de granjas, fabrica de

ração, abatedouros entre outros.

Estima-se que o setor avícola é responsável por mais de dois milhões de empregos diretos

e indiretos no país.

Apesar de relativamente nova, a avicultura industrial brasileira apresenta hoje os

melhores resultados do mundo, muitas vezes superiores aos obtidos em países como os Estados

Unidos, França e Alemanha. Vários fatores têm influência sobre esse ótimo desempenho, entre

eles pode-se citar o clima adequado para a criação, à extensão de terras apropriadas para

produção de soja e milho, a disponibilidade de mão-de-obra, entre outros.

A necessidade de mão-de-obra especializada faz-se necessária, e cada vez com maior

intensidade, haja vista a alta tecnologia aplicada atualmente na atividade avícola. Assim, cada

vez mais Zootecnistas, Agrônomos, Veterinários e técnicos especializados são necessários para

atender a demanda crescente do setor.

A constante atualização dos conhecimentos é pré-requisito básico para ingressar na

atividade, haja vista a rápida e constante evolução a que é submetido o setor avícola. A cada ano

surgem novas tecnologias, novas linhagens, novos equipamentos.

Atualmente nota-se um crescente interesse pela avicultura alternativa, em que as aves são

criadas de uma maneira mais natural e abatidas com idade superior, aproximadamente 90 dias,

no entanto, seu custo é bastante superior ao frango criado nas granjas convencionais, portanto

trata-se de uma iguaria para um nicho de mercado com consumidores de maior poder aquisitivo.

As grandes indústrias do setor trataram de reforçar a sua presença no mercado

internacional nos anos recentes. Os esforços apareceram, pois as exportações crescem a cada ano

em média de 5-6% , sendo que em 2006, foram exportadas 2.949 mil toneladas.

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2 ORIGEM E CARACTERÍSTICAS DOS FRANGOS DE CORTE

As aves, segundo as teorias da evolução de Darwin são descendentes dos répteis, tanto é

que até hoje todas as aves possuem restos de escamas nas pernas. A origem da galinha data cerca

de 150 milhões de anos atrás, a partir do Archaeopterix que teria tido seu habitat na região hoje

conhecida como a Índia.

A galinha doméstica (Gallus domesticus) tem origem Asiática ou mais precisamente na

Índia. As maiores evidências são devido a que lá ainda existem em estado selvagem as aves que

deram origem à galinha doméstica, O Gallus Bankiva ou Gallus gallus (galinha vermelha da

floresta). A domesticação da galinha data de pelo menos 3.200 a.C. com a finalidade de adorno e

briga e os indivíduos que não mais serviam a estes fins eram então abatidos para consumo. Da

Ásia a galinha passou para a Europa, primeiramente para Grécia e depois para a Itália. No século

XVI as brigas de galo eram muito difundidas na Europa. Com a era da navegação a galinha foi

espalhada por todos os continentes do planeta. Para o Brasil a galinha foi trazida pelas primeiras

navegações após o descobrimento.

Em 1849, foram proibidas as brigas de galo na Inglaterra e realizou-se a primeira

Exposição Avícola. Pode-se dizer que daí nasceu o interesse pela exploração econômica de aves.

Desta forma podemos dizer que do Archaeopterix ao galo de briga, levou-se 150 milhões de

anos, e do galo de briga a poedeira atual 150 anos.

Até a década de 50, a avicultura era uma atividade desenvolvida de maneira artesanal,

nos quintais e terreiros das casas, sítios e fazendas. Esta atividade era exercida geralmente pelas

mulheres e objetivava simplesmente alimentar a própria família.

Este tipo de avicultura, chamado atualmente de “caipira” ainda existe nos sítios e

fazendas, porém é cada vez mais rara e pouco representativa do ponto de vista econômico. A

avicultura como atividade econômica teve início a partir de 1950.

Atualmente nota-se um crescente interesse pela avicultura alternativa, em que as aves são

cridas de uma maneira mais natural e abatidas com idade superior, aproximadamente 100 dias,

no entanto seu custo é bastante superior ao frango criado nas granjas convencionais, portanto

trata-se de uma iguaria para um nicho de mercado com consumidores de maior poder aquisitivo.

É importante lembrar que o termo “raça” em avicultura é completamente obsoleto. Não

se criam raças, mas, sim, “linhagens” ou “marcas comerciais” de frangos. Apesar do termo

raça não ser mais usado na avicultura moderna, sabe-se que todo o melhoramento genético tem

origem em raças puras.

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2.1. Classificação biológica da galinha doméstica

Filo: Chordata Sub-filo: Vertebrata (coluna vertebral) Classe: Aves (penas) Sub-classe: Neornithes (sem dentes) Super ordem: Neognathae Ordem: Galliformes Sub-ordem: Galli Familia: Phasianidae Sub-família: Phasianinae Gênero: Gallus Espécie: Domesticus

2.2. Classificação oficial da “American Poultry Association" - "Standart of Perfection”.

A primeira exposição avícola, realizada em Boston, em 1849 serviu de motivação para

melhorar as características dos indivíduos, através de outras exposições e culminou com o

estabelecimento de padrões de raças e variedades através da fundação da "Americam Poultry

Association" em 1873 e a publicação da primeira edição do "Standart of perfection” na cidade de

Búfalo, em 1874. Nesta classificação as aves foram reunidas em 86 linhagens e 235 variedades.

Hoje estão classificadas 280 variedades (incluindo galinhas, perus, patos, gansos e marrecos).

Estas 280 variedades estão agrupadas em 15 classes, no entanto só quatro tem

importância econômica, conforme a origem geográfica, que são descritas a seguir:

Classe Americana: As raças que pertencem a esta classe tem como características principais à pele amarela,

brincos vermelhos, ovos vermelhos, tamanho médio e pernas sem penas. Algumas raças desta

classe são: New Hampshire, Rhode Island Red, Plymouth Rock, Wyandotte e Jersey black giant.

Classe Inglesa: As raças da classe inglesa possuem a pele branca (exceto Cornish - amarela), brincos

vermelhos, ovos vermelhos (exceto Redcaps e Dorking), tamanho médio ou grande e pernas sem

penas. Como exemplos desta raça podemos citar a Cornish, Orpington, Australorp, Sussex,

Dorking e Redcaps.

Classe Mediterrânea: As raças desta classe possuem a pele amarela, brincos de cor branca, ovos brancos,

tamanho pequeno e pernas sem penas. Alguns exemplos são a Leghorn, Ancona, Minorca e

Andaluza Azul.

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Classe Asiática: São raças de pele amarela (exceto Langshan - branco), brincos e ovos vermelhos,

tamanho grande e pernas recobertas por penas. Exemplos desta classe são a Brahma, Cochin e

Langshan.

2.3. Linhagens puras e obtenção das “marcas” comerciais:

As linhagens puras são fruto do trabalho de melhoristas que criaram “raças” próprias,

guardadas em segredo pelas empresas que as formaram.

Até a década de 50, a avicultura era uma

atividade desenvolvida de maneira artesanal,

nos quintais e terreiros das casas, sítios e

fazendas. Esta atividade era exercida

geralmente pelas mulheres e objetivava

simplesmente alimentar a própria família. O

frango era considerado um produto de luxo, a

ser consumido nos finais de semana ou

destinado às pessoas doentes e mulheres após

o parto, durante o período de resguardo.

Figura 1. Gallus bankiva que deu origem as

espécies domésticas da galinha.

Este tipo de avicultura, chamado atualmente de “caipira” ainda existe nos sítios e

fazendas, porém é cada vez mais rara e pouco representativa do ponto de vista econômico. A

avicultura como atividade econômica teve início a partir de 1950, com os cruzamentos de

algumas raças entre as quais a Cornish, a New hampshaire e Plymout rock branca. Com isso

obtinha-se frangos de 1,5 kg com 9 semanas de idade.

A década de 60, com os conhecimentos de hibridação que já eram aplicados na produção

de milho, consolidou-se a técnica dos cruzamentos. Assim, o frango de corte atual é na verdade

um “híbrido duplo” ou seja, é produzido por meio do cruzamento de 4 linhagens diferentes. O

processo de formação do frango envolve as seguintes etapas:

Linhagens puras: Isolamento das linhagens de determinadas raças, com características

desejáveis e cruzamentos consangüíneos dentro destas linhagens por várias gerações.

Bisavós: São originadas do acasalamento entre machos e fêmeas de uma linhagem pura.

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Avós: São somente os machos ou somente as fêmeas resultantes do acasalamento das bisavós e,

portanto, representam apenas um dos sexos de cada linhagem pura.

Matrizes: São somente os machos ou somente as fêmeas do cruzamento de um avô proveniente

de uma linhagem com a avó de outra linhagem. Assim cada matriz é um híbrido.

Frango comercial: São os machos e as fêmeas resultantes do cruzamento das matrizes. Um

macho híbrido e uma fêmea híbrida, resultando, portanto num “híbrido duplo”.

Entre o inicio deste processo de obtenção do frango de corte híbrido até a chegada ao

pintinho comercial de um dia leva-se 4 anos.

O progresso genético registrado nos últimos 40 anos no desempenho dos frangos de

corte é bastante expressivo. Este progresso foi conseguido por meio da seleção de características

de maior importância econômica. As principais características desejáveis na seleção das

linhagens resumem-se em:

- Precocidade: Alcançar o peso desejado em menos tempo;

- Alta eficiência na conversão de alimento em peso corporal;

- Boa resistência às doenças;

- Pele amarela;

- Boa porcentagem de carnes nobres (coxa e peito);

- Pouca porcentagem de gordura;

- Pernas curtas, robustas e perfeitas,

- Empenamento adequado.

As etapas que envolvem a formação dos frangos de corte atuais podem ser

esquematizadas conforme esquema abaixo.

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Nas Tabelas 1, 2 e 3 estão apresentados dados sobre evolução do desempenho dos

frangos nas últimas décadas.

Tabela 1. Evolução no tempo de abate, para atingir um mesmo peso.

ANO Idade para atingir 1,6 kg Conversão Alimentar 1955 70 dias 2,5 1965 56 dias 2,25 1975 49 dias 2,00 1990 35 dias 1,70 1996 31 dias 1,67

Tabela 2. Evolução no peso de abate, para uma mesma idade.

ANO Peso aos 42 dias (g) Conversão Alimentar 1969 1.183 1,79 1987 1.940 1,80 1989 2.000 1,82 1992 2.030 1,88 1996 2.112 1,88 2002 2,370 1,76

RAÇAS Cornish New Hampshaire Plymont R. branca Plymont R. barrada

Linhagens puras AA BB CC DD (avós)

Avós Macho AA x Fêmea BB Macho CC x Fêmea DD

Matriz Macho AB e Fêmea AB Fêmea CD e Macho CD (Híbrido)

Eliminadas Eliminados

MACHO AB x FÊMEA CD

Frango de Corte ABCD (machos e Fêmeas) (Híbrido duplo)

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Tabela 3. Evolução no peso, idade e conversão alimentar do frango de corte.

ANO Idade para abate (dias) Peso ao abate(g) Conversão Alimentar 1930 105 1,50 3,5 1940 98 1,56 3,0 1950 70 1,60 2,5 1960 56 1,60 2,25 1970 53 1,60 2,0 1980 50 1,70 2,0 1990 46 1,94 1,98 2000 41 2,24 1,78 2002 42 2,37 1,76

É importante lembrar que o termo “raça” em avicultura é completamente obsoleto. Não

se criam raças, mas sim, “linhagens” ou “marcas” de frangos. Apesar do termo raça não ser

mais usado na avicultura moderna, sabe-se que todo o melhoramento genético tem origem em

raças puras. No caso dos frangos de corte basicamente 4 raças tem participação: Plymout rock

branca e Plymout rock barrada para formar a linhagem fêmea; Cornish e New hampshaire para

formar a linhagem macho.

As principais linhagens ou marcas comerciais de frango existentes hoje no mercado são:

HUBBARD ARBOR-ACRES ROSS ISA VEDETE HYBRO COBB PETTERSON AVIAN FARMS

Estas marcas são geralmente produzidas por empresas que dominam a tecnologia do

melhoramento genético, e competem entre si para produzir e vender o melhor produto, isto é, as

aves (avós) que darão origem aos frangos de corte.

O Brasil, infelizmente, ainda não domina totalmente a tecnologia de

desenvolvimento do frango de corte, dependendo, portanto da importação, geralmente das avós,

de outros países tais como os Estados Unidos, França e Alemanha. São gastos anualmente mais

de 15 milhões de dólares na importação de aves reprodutoras (avós). Algumas entidades

brasileiras, entre elas a Embrapa/Concórdia, a Universidade Federal de Viçosa e a Escola

Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/Piracicaba) trabalham há anos na tentativa de

produzir um frango totalmente brasileiro, que possa competir com as linhagem importadas.

Apesar dos esforços, os frangos até hoje produzidos ainda não conseguem competir e,

provavelmente levará mais alguns anos para que isso aconteça.

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3 EVOLUÇÃO E SITUAÇÃO ATUAL DA AVICULTURA DE CORTE

O Brasil é o terceiro maior produtor de frangos de corte do mundo e o maior exportador

de carne de aves atualmente, com perspectivas de manter esta posição nos próximos 10 anos.

A importância econômica da atividade avícola é incontestável. Inúmeras atividades hoje

existentes estão direta ou indiretamente ligadas à avicultura. Pode-se citar neste contexto as

indústrias de rações e concentrados, as indústrias de equipamentos, os laboratórios de produção

de vacinas e medicamentos, as indústrias de abate e processamento dos frangos, entre outras.

Outro setor que tem íntima relação com a avicultura é a agricultura, principalmente relacionada a

produção de milho e soja. Para ter-se uma idéia, basta citar que mais de 50% da produção

brasileira de milho é destinada à fabricação de rações para frangos de corte. Também se pode

citar o setor de construção civil que atua na construção das instalações de granjas, fabrica de

ração, abatedouros entre outros.

Estima-se que o setor avícola é responsável por mais de dois milhões de empregos diretos

e indiretos no país.

Apesar de relativamente nova, a avicultura industrial brasileira apresenta hoje os

melhores resultados do mundo, muitas vezes superiores aos obtidos em países como os Estados

Unidos, França e Alemanha. Vários fatores têm influência sobre esse ótimo desempenho, entre

eles pode-se citar o clima adequado para a criação, à extensão de terras apropriadas para

produção de soja e milho, a disponibilidade de mão-de-obra, entre outros.

A necessidade de mão-de-obra especializada faz-se necessária, e cada vez com maior

intensidade, haja vista a alta tecnologia aplicada atualmente na atividade avícola. Assim, cada

vez mais Zootecnistas, Agrônomos, Veterinários e técnicos especializados são necessários para

atender a demanda crescente do setor.

A constante atualização dos conhecimentos é pré-requisito básico para ingressar na

atividade, haja vista a rápida e constante evolução a que é submetido o setor avícola. A cada ano

surgem novas tecnologias, novas linhagens, novos equipamentos.

Atualmente nota-se um crescente interesse pela avicultura alternativa, em que as aves são

criadas de uma maneira mais natural e abatidas com idade superior, aproximadamente 90 dias,

no entanto, seu custo é bastante superior ao frango criado nas granjas convencionais, portanto

trata-se de uma iguaria para um nicho de mercado com consumidores de maior poder aquisitivo.

As grandes indústrias do setor trataram de reforçar a sua presença no mercado

internacional nos anos recentes. Os esforços apareceram, pois as exportações crescem a cada ano

em média de 5-6% , sendo que em 2006, foram exportadas 2.949 mil toneladas.

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O Estado do Paraná lidera a produção industrial de frangos de corte com 23 % de toda

produção nacional (Tabela 4).

Tabela 4 Estados brasileiros maiores produtores de frango de corte.

ESTADO % do Total

Ano 2005 2006 Crescimento 05/06

Paraná 22,83 23,00 0,17

Santa Catarina 19,19 16,24 -2,95

São Paulo 16,52 14,77 -1,75

Rio Grande do Sul 16,90 14,42 -2,48

Minas Gerais 6,12 5,83 -0,29

Goiás 3,90 4,17 0,27

Mato Grosso do Sul 2,77 2,35 -0,42

Mato Grosso 1,53 1,99 0,46

Bahia 1,16 1,27 0,11

Distrito Federal 1,38 1,16 -0,22

Fonte: UBA/2007

A região Sul do Brasil lidera a produção de frangos de corte com 53,4% do total, seguido

pela região Sudeste com 26,3% e Centro-oeste com 10,6%. Existe tendência em redução da

produção nas regiões Sul e Sudeste, com incrementos para o Centro-Oeste, principalmente pela

estratégia de produção de grãos. Dentre os principais fatores responsáveis pela expansão avícola

no Centro-Oeste brasileiro pode-se citar:

- Clima favorável (menos frio do que as regiões sul e sudeste);

- Aumentos constantes na produção de milho e soja;

- O aumento significativo da população na região, principalmente a partir do meio da

década de 70;

- O isolamento da região em relação às outras regiões de criação de frangos,

consideradas “contaminadas”, tais como o sul e sudeste;

- O alto custo do frete, tanto para o transporte de matérias primas para as rações (milho,

farelo de soja) do Centro-Oeste para o Sul e Sudeste, como para transportar os frangos

produzidos nestas regiões para abastecer o Centro-Oeste e a região Norte do país.

Na Tabela 05 é apresentada a participação das 10 maiores empresas de abate de frangos

no ano de 2006.

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Tabela 5 Abate de frangos no Brasil em 2006 – 10 maiores empresas.

Empresa Aves abatidas (Cab.) Crescimento 05/06

(%)

Participação no Brasil

(%)

Sadia 645.111.245 2,58 14,68

Perdigão 530.850.657 6,27 12,06

Seara

Frangosul

257.320.934

214.471.190

7,15

9,53

5,86

4,88

Dagranja 114.665.884 2,16 2,61

Aurora 108.743.902 18,42 2,47

Diplomata 87.636.118 3,44 1,99

Penabranca 75.173.127 8,50 1,71

Copacol 70.089.917 2,76 1,59

Total 47,85

Fonte: UBA/ABEF/2007

4 SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Existem no Brasil, basicamente 4 sistemas diferentes de produção de frangos de corte,

cada um com suas características próprias e com suas vantagens e desvantagens. Estes sistemas

são resumidamente apresentados a seguir:

4.1) Produtor Independente

Neste sistema o avicultor assume todos os riscos da criação. Adquire os pintos, ração e

outros insumos e comercializa os frangos na idade de abate a quem melhor lhe pagar. Está,

portanto, sujeito às oscilações do mercado, tanto dos insumos como do próprio frango, podendo

em determinadas épocas ganhar muito, mas em outras perder tudo e abandonar a atividade. Por

isso, poucos são os avicultores que se arriscam neste tipo de sistema.

4.2) Microempresa avícola

Neste sistema o criador abrange todas as fases de criação, até o abate e comercialização.

Em geral fabrica a sua própria ração. Este tipo de sistema é típico de cidades de médio porte, ou

em regiões onde não existem grandes integrações, pois as mesmas, por produzir em maior

quantidade, tem preços mais competitivos do que as microempresas.

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4.3) Sistema Cooperativo

A criação de frangos que geralmente é realizada por pequenos produtores favorece a

organização em cooperativas avícolas. Neste caso a cooperativa, que é administrada pelos

associados, adquire e distribui os pintos, adquire as matérias primas e prepara as rações, fornece

assistência técnica, compra medicamentos e vacinas, além de abater e comercializar os frangos.

Desta maneira, os custos de produção são reduzidos, permitindo uma margem de lucro maior na

produção. Entretanto, em épocas de prejuízos, estes são repassados aos associados.

4.4) Sistema Integrado de Criação

É o sistema pelo qual uma empresa denominada integradora assume todas as etapas até

a produção do pinto de um dia, produz e fornece a ração, fornece assistência técnica e

veterinária, orienta na construção do galpão, responsabiliza-se pelos transportes (pintos, ração,

frangos), além de abater, processar e comercializar os frangos. Ao criador, chamado de

integrado cabe a tarefa da criação do frango responsabilizando-se, portanto na adequação das

instalações e equipamentos, mão-de-obra, aquecimento, cama, e do manejo diário da criação.

Assim, ao final da criação o criador recebe um pagamento, de acordo com o rendimento dos

frangos e, conforme condições especificadas em contrato que é realizado entre as partes. Neste

contrato são especificados os direitos e obrigações da empresa integradora e do criador.

Este tipo de sistema apresenta algumas vantagens importantes, entre elas pode-se citar a

garantia de escoamento da produção, facilidades de crédito sem recorrer ao sistema bancário,

assistência técnica adequada e garantia de insumos durante a criação. Além disso, o criador fica

livre dos riscos decorrentes da oscilação dos preços de insumos e dos frangos que ocorrem no

mercado. Estes riscos são em grande parte absorvidos pela empresa integradora. Como

inconveniente do sistema pode-se citar a remuneração obtida, que geralmente é considerada

baixa. Outro inconveniente é que o avicultor se torna dependente da empresa, sem forças para

opinar ou contestar as decisões tomadas. Entretanto, o sistema de integração, que foi introduzido

no Brasil na década de 70, é o grande responsável pelo sucesso da avicultura brasileira dos

últimos 30 anos e, até hoje pelo menos 80% da produção brasileira de frangos de corte é

realizada através do sistema de integração.

5 SISTEMAS DE CRIAÇÃO

Normalmente os frangos de corte são criados num sistema chamado “all in, all out” ou

tudo dentro, tudo fora. Este sistema adotado no mundo todo há algumas décadas, obedece

algumas regras:

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Entrada dos pintos de uma só vez no galpão e saída também ao mesmo tempo;

Criação num galpão de aves de uma única idade;

Limpeza e higienização completa entre a criação de um lote e outro (intervalo de pelo

menos 12 dias);

Distância de pelo menos 100 metros entre galpões;

Isolamento de mão-de-obra. Quem trabalha num galpão não pode trabalhar em outro;

Isolamento de equipamentos. Cada galpão tem que ter seus próprios equipamentos.

A aplicação deste sistema de criação tem como principal objetivo evitar ou reduzir a

propagação de doenças. Além disso, o sistema padroniza as operações de manejo com

aquecimento, cortinas, alimentação, regulagem de equipamentos, etc.

Este sistema tem como desvantagem à subtilização do galpão e dos equipamentos por

determinado período, já que a necessidade de espaço das aves no galpão aumenta com a idade.

Na primeira semana de criação apenas 20% do galpão é ocupado. Nas duas semanas seguintes

40% da instalação fica desocupada. Apenas após a terceira semana os frangos ocupam e

necessitam realmente de todo a área do galpão.

Outros sistemas de criação já foram utilizados no passado ou ainda existem em outros

países, porém em menor escala. Entre eles pode-se citar:

a) Criação em bateria/gaiola: Neste sistema os frangos são criados em baterias nas primeiras

semanas em altas densidades que podem chegar a 50 pintos/m2. Em seguida os frangos são

transferidos para gaiolas semelhantes às usadas em galinhas de postura.

b) Criação em bateria/cama: Semelhante ao sistema anterior. Porém a Segunda fase realizada

em galpões com cama em densidade variando de 10 a 12 frangos/m2.

c) Criação em duas etapas em cama: Inicialmente os pintos são alojados em galpões

apropriados chamados “pinteiros” por duas ou três semanas. Em seguida os frangos são

transferidos para galpões de criação chamados “frangueiros” em densidade normal de criação.

As criações em gaiolas e/ou baterias não tiveram total sucesso principalmente no Brasil

devido a uma série de fatores, entre eles pode-se citar os altos custos iniciais de instalação,

problemas de “calo de peito”, fragilidade óssea, aquecimento, etc. Estes sistemas são usados em

outros países como Estados Unidos e Europa, porém também em pequena escala.

A criação em duas etapas em cama foi abandonada já na década de 70 devido

principalmente ao estresse causado pela transferência de galpão e o agravamento de algumas

15

doenças principalmente a DCR (doença crônica respiratória), que causou enormes prejuízos à

avicultura dos anos 70 e 80.

6 LOCALIZAÇÃO DA GRANJA

Na instalação de uma granja avícola, o primeiro passo a ser tomado é a escolha correta do

local. Deve-se, portanto considerar alguns aspectos importantes:

6.1) Distância dos mercados

Deve-se localizar a granja o mais próximo possível das fontes de abastecimento, tais

como incubatório, fábrica de ração, etc. e também próximo aos pontos de distribuição ou entrega

dos frangos. Quando o granjeiro produz a sua própria ração é importante também observar a

distância para obtenção de insumos tais como milho, farelo, etc.

6.2) Estradas de acesso

O local da granja deve ter fácil acesso, para evitar problemas futuros com caminhões que

fazem a entrega de pintinhos, da ração e fazem a retirada dos frangos.

6.3) Água

Ponto de fundamental importância, pois se deve preocupar tanto com a qualidade como

com a quantidade da água fornecida. Em idade próxima ao abate o consumo de água pode chegar

a 0,4 litros por frango/dia. Isto, se considerarmos um galpão com 15.000 frangos, representa um

consumo diário de 6.000 litros de água.

6.4) Energia elétrica

Com a automação das granjas, a energia elétrica tornou-se um fator limitante. Muitos

equipamentos funcionam com força elétrica e podem comprometer a criação com a sua falta.

Além disso, para o sucesso da criação há necessidade da execução de programas de luz

apropriados para cada idade.

6.5) Terreno

Deve-se preferir terrenos planos ou levemente inclinados no sentido norte-sul. Terrenos

planos diminuem os custos de instalação, pois diminuem os trabalhos de terraplanagem. Locais

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secos e bem drenados são também importantes, pois se deve sempre lembrar que umidade é

sinônimo de doença.

6.6) Condições climáticas

Os frangos desenvolvem-se bem em temperaturas entre 15 e 25 0C e umidade relativa

entre 60 e 70%. A escolha do local pode colaborar com estes índices. Locais bem arejados,

porém onde não haja incidência de ventos muito fortes são adequados.

6.7) Isolamento

O galpão deve ser instalado em local isolado, o mais distante possível de outras granjas,

de estradas muito movimentadas, de locais onde haja trabalho de pessoas, tratores ou outras

máquinas, de galinhas caipiras.

7 CONSTRUÇÃO DO GALPÃO

Após a escolha adequada do local, o passo seguinte será a construção do galpão. Uma

série de fatores deverão ser levados em conta na hora de construir, entre eles as condições

climáticas da região, a origem e/ou disponibilidade de recursos, as exigências das empresas

integradoras, o tipo e a disponibilidade dos materiais de construção da região, entre outros.

Em resumo, a construção do galpão visa atender duas condições básicas: a zootécnica e a

econômica. Assim, atualmente procura-se aplicar a chamada solução ABC, ou seja, Aviários de

Baixo Custo, principalmente no Brasil, onde os avicultores geralmente são pequenos produtores,

via de regra, de baixo poder aquisitivo.

Aviário de baixo custo não significa construí-lo de qualquer maneira. Deve-se sempre Ter

em conta que o local da criação deve permitir o máximo de conforto ao frango, para que o

mesmo expresse todo o seu potencial de produção. Assim, dentro da solução ABC, mas sem

deixar de lado o conforto da ave, deve-se seguir algumas características básicas que serão

tratadas a seguir:

7.1) Terraplanagem

No local da construção o terreno deve ser plano, utilizando-se para isso máquinas moto-

niveladoras. É importante que o galpão seja construído acima do nível normal do terreno, pelo

menos uns 20 ou 30 cm, para facilitar o escoamento da água da chuva nas laterais.

17

7.2) Canais de drenagem

Devem ser construídos quando o terreno é de difícil drenagem. Tem por objetivo desviar

e drenar as águas da chuva, rebaixando o lençol freático do terreno. Quando necessário, poderá

ser construído da seguinte maneira:

Distância do galpão: 3 metros. Os Escoamentos direcionados à parte mais baixa do

terreno;

Profundidade: 1 metro;

Largura: 0,8 metros;

Preencher com pedras irregulares e na parte superior com uma camada de 15 a 20 cm de

terra. Os detalhes estão ilustrados na figura 4:

Figura 4. Detalhes da construção de canais de drenagem.

7.3) Orientação do galpão

O galpão deve sempre ser construído no alinhamento leste-oeste. Desta maneira a

trajetória do sol coincide com a cumieira do galpão, evitando a incidência do sol sobre as aves

em qualquer horário do dia.

0,80 m

3 m

PedrasIrregulares (80 cm)

Galpão

Terra (20 cm)

18

Figura 5. Orientação correta para construção de galpão para frangos de corte.

7.4) Dimensões do galpão

a) Largura:

A largura mais adequada para o galpão é de 12 metros. Larguras maiores não devem ser

usadas, pois dificultam a renovação de ar dentro do galpão. Larguras menores do que 12 metros

aumentam o custo do galpão. Em regiões muito quentes pode-se adotar a largura de 10 metros,

para melhorar a ventilação interna, mesmo sabendo-se do seu custo maior.

b) Comprimento:

O comprimento do galpão vai variar em função do número de aves que se deseja alojar.

Para o cálculo do tamanho do galpão recomenda-se utilizar 12 frangos/m2. Esta densidade pode

variar em função de alguns fatores que serão vistos em outro capítulo. Serão mostrados a seguir

dois exemplos para calcular o tamanho e a capacidade de lotação de um galpão. As empresas

integradoras normalmente utilizam galpões com 50 metros de comprimento, quando os

equipamentos utilizados são manuais, e galpões de 100 ou 120 metros para galpões com

equipamentos automáticos, uma vez que desta forma é possível otimizar a utilização destes

equipamentos.

Exemplo 1:

Deseja-se construir um galpão para criar 6.000 frangos. Como dimensioná-lo?

Largura: 12 metros (constante)

Área necessária: A recomendação é 10 frangos/m2. Portanto 6.000 ÷ 12 = 500 m2 de área

Comprimento: Área = largura x comprimento

19

Comprimento = área ÷ largura

= 500 ÷ 12

= 41,6 metros ≅≅≅≅ 42 metros;

ou

= 500 ÷ 10 m de largura = 50 metros

Resposta: Necessitamos de um galpão com 12 m de largura e 42 m de comprimento; ou

10 metros de largura e 50 metros de comprimento

Exemplo 2:

Um galpão mede 11 metros de largura e 23 m de comprimento. Qual a sua capacidade de

lotação?

Área = Largura x comprimento

A = L x C

A = 11 x 23

A = 253 m2

Recomendação: 12 frangos ----------- 1 m2

X ------------- 253 m2

Resposta: 3036 ≅≅≅≅ 3.000 frangos

c) Aviário Padrão

Na avicultura moderna adota-se um tamanho considerado padrão para aviários de frango

de corte, medindo 12 metros de largura por 100 a 120 metros de comprimento, com capacidade

para alojar de 12.000 a 14.400 frangos. Este tamanho parece adequado tanto para atender o lado

econômico como o lado zootécnico da criação. Este tipo de galpão geralmente é adotado pelas

empresas integradoras e cooperativas. As indústrias tais como de comedouros, nebulizadores,

etc., já projetam seus equipamentos adequando-os a este tipo de galpão. Aviários maiores do que

120 metros tornam-se zootecnicamente inviáveis.

7.5) Altura do pé-direito

A altura do pé-direito nunca deve ser inferior a 2,8 metros. Deve haver uma relação direta

com a largura do galpão, ou seja, quanto maior a largura, maior deve ser a altura do pé-direito,

para que a ventilação natural dentro do galpão não seja comprometida. A relação entre altura e

largura pode ser a seguinte:

20

Tabela 6. Relação entre largura do galpão e altura do pé direito.

Largura do Galpão (m) Altura do pé-direito

(m)

8,0

9,0

10,0

11,0

12

2,8

2,9

3,0

3,1

3,2

Esta recomendação parece ser adequada para regiões de clima ameno tais como a região

sul e sudeste do país. Para regiões mais quentes como a centro-oeste pode-se recomendar uma

altura de 3,5 metros ou mais para galpões com 12 metros de largura. Entretanto, alturas muito

maiores não são recomendadas devido à dificuldade e/ou economia na construção.

7.6) Paredes laterais e frontais

As paredes frontais do galpão devem ser totalmente fechadas. Nestas paredes são

construídos os portões para a entrada de caminhões e tratores para o carregamento dos frangos e

da cama. Devem medir 4,0 metros de largura e 3,5 metros de altura. Estes portões, em dias muito

quentes, podem ser abertos para facilitar a ventilação. Deve-se também, em cada parede frontal,

prever uma porta de 1,0 metro de largura para entrada e saída de pessoas.

As paredes laterais serão sempre de tela com uma pequena mureta. A mureta tem por

finalidade proteger os frangos da incidência direta do vento, dos respingos de chuva e da entrada

de animais. A altura da mureta pode variar de 20 a 40 cm, conforme as condições climáticas da

região. A tela tem por finalidade proteger a cortina, regular a temperatura e não permitir a

entrada de pássaros no interior do galpão. Para isso recomenda-se tela com malha de 30 mm e fio

n0 16. Nas paredes laterais serão instaladas lonas plásticas (cortinas) que serão manejadas

conforme a necessidade de calor e ventilação dentro do galpão.

2,8 a3,2 m

± 0,4 m

8 a 12 m

21

7.7) Piso

O piso do galpão pode ser de cimento ou simplesmente de “chão batido”. O piso de

cimento tem como vantagem à facilidade da desinfecção após a retirada dos frangos. Entretanto,

o custo elevado, contrariando a solução ABC, tem levado avicultores a optar por piso de chão

batido. O piso de chão batido não representa custos ao criador e tem mostrado não haver

diferença de desempenho dos frangos em relação ao piso de cimento. Há inclusive, que prefira o

piso de chão batido sob a alegação de haver melhor infiltração da umidade das fezes e urina dos

frangos e da água que é derramada dos bebedouros, mantendo assim a cama mais seca. Em

aviários de chão batido deve-se tomar cuidado, principalmente em épocas de muita chuva, pois

pode “brotar” água do chão, prejudicando a criação. Neste caso é recomendado construir canais

de drenagem dentro do galpão, semelhantes aos canais externos.

7.8) Calçadas

São importantes para proteger as laterais do galpão. A largura deve ser de 1,0 a 1,2

metros. Atualmente, visando economia, muitas vezes não é construída e em seu lugar coloca-se

uma camada de brita.

7.9) Cobertura

O tipo de cobertura utilizado tem importante função na manutenção do conforto térmico

dos frangos. O calor produzido pelos raios solares penetra no galpão através da cobertura

irradiando calor sobre os frangos e esta irradiação vai ser maior ou menor conforme o material

utilizado. Portanto, o material usado deve ser o mais isolante possível e que ao mesmo tempo

não seja muito caro. Assim, este assunto tem gerado inúmeras pesquisas visando encontrar o tipo

de material que tenha alta refletividade na parte superior e baixa condutividade térmica na parte

inferior. A seguir são apresentados alguns materiais, fruto de diversas pesquisas, classificados do

melhor para o pior, que poderão servir de cobertura em um aviário.

a) Isopor entre duas lâminas de alumínio: É o melhor isolante, porém seu custo é

extremamente alto, inviabilizando sua utilização, pelo menos na maioria das granjas brasileiras.

b) Cimento amianto + poliuretano: Ainda está em pesquisa. É um ótimo isolante, mas muito

caro.

c) Sapé: É ótimo isolante. Não é muito usado devido ao perigo de fogo, aparecimento de pragas

e dificuldade para realizar as desinfecções necessárias. Além disso, tem baixa durabilidade.

22

d) Cimento amianto + maderit: Também apresenta o problema do custo, dificultando a

utilização.

e) Alumínio simples: Tem o inconveniente do barulho causado pela chuva e granizo. Ao

envelhecer perde a cor inicial devido à oxidação, perdendo a capacidade de refletir os raios

solares.

f) Telha de barro: É melhor do que comento amianto e do alumínio envelhecido. Tem uma

vantagem de apresentar frestas entre as telhas que permitem uma pequena ventilação. É o tipo de

cobertura mais usado nos galpões atuais, pois é o que mais equilibra a parte econômica com o

desempenho zootécnico dos frangos.

g) Cimento amianto: É de fácil construção, porém esquenta muito e pioram com o

envelhecimento, quando ficam mais escuros.

Outro fator importante, relativo ao telhado, é a sua declividade. Teoricamente, quanto

maior a declividade melhor, pois as telhas que irradiam calor, estariam mais distantes dos

frangos e isso permite uma maior dissipação do calor produzido sob o telhado. Recomenda-se

que o telhado tenha 35% de declividade. Declividades maiores tornam a construção

antieconômica.

7.10) Lanternim

Os frangos, no interior do galpão, poluem o ar direta e indiretamente. Diretamente através

principalmente do calor produzido pelo seu corpo e do gás carbônico e vapor d’água

provenientes da respiração. Indiretamente através da cama que libera calor, umidade e gases (gás

carbônico, gás sulfídrico e amônia). Todos estes produtos precisam ser eliminados do interior do

galpão. Grande parte é eliminada pelas laterais, porém, o lanternim pode funcionar como sifão,

permitindo uma ventilação contínua mais eficiente. Isso ocorre devido o ar quente Ter uma

tendência a subir e, sairá pelas aberturas mais próximas ao teto, permitindo a penetração do ar

externo nas aberturas mais baixas. Assim, embora de custo relativamente alto, o lanternim é

extremamente importante para melhorar a qualidade do ar no interior do galpão.

O lanternim deve ser construído seguindo-se a seguinte recomendação:

Altura: 50 cm;

Largura da abertura: 10% da largura total do telhado;

Declividade: a mesma do telhado do galpão;

23

Para evitar a penetração de água da chuva, as pontas do telhado do lanternim devem

coincidir com uma linha imaginária que passa pelas pontas do telhado do galpão.

A figura 6 é um exemplo de um lanternim em galpão com 12 metros de largura e 1,2 m

de abas.

Figura 6. Detalhes para construção de lanternim.

7.11) Iluminação Interna

A iluminação artificial é um recurso utilizado para aumentar o tempo de alimentação dos

frangos bem como permitir que esta alimentação seja realizada nas horas mais frescas, ou seja, à

noite e de madrugada.

Na instalação das lâmpadas deve-se seguir algumas recomendações:

a) A distribuição deve ser uniforme. A primeira fileira de lâmpadas deve ficar a uma distância da

tela igual ou menor a altura do pé direito do galpão. A distância entre fileiras deve ser igual ou

menor do que o dobro da altura do pé direito;

b) A distância entre lâmpadas na fileira será em função do tipo e do número de watts das

lâmpadas a serem instaladas;

c) As lâmpadas fluorescentes são mais caras na instalação, porém duram mais e são menos

prejudiciais aos frangos (causam menos estresse);

d) A intensidade de luz é um fator importante. Luz muito fraca dificulta a alimentação. Luz

muito forte incomoda os frangos, aumentando o estresse, além de gastar mais energia. Portanto,

14,4 m

12 m

1,2 m1,2 m

14,4 m

1,44 m

0,50 m

linha imaginária

24

recomenda-se uma intensidade de 22 lúmens/m2 de galpão. Na Tabela 11 está e relação entre

número de lúmens e número de watts das lâmpadas mais usadas.

Tabela 7: Relação entre lúmens e watts de lâmpadas fluorescentes e incandescentes e a área de galpão para uma lâmpada.

Incandescente Fluorescente

N0 De Watts

N0 de Lúmens

Uma Lâmpada para:

N0 de Watts

N0 De Lúmens

Uma lâmpada para:

25 225 10 m2 15 500 23 m2 40 430 19 m2 20 800 36 m2 60 810 37 m2 40 2.000 91 m2

100 1.600 73 m2 75 4.000 182 m2 150 2.500 114 m2 200 10.000 454 m2 200 3.500 159 m2 - -

EXEMPLO:

Num galpão com 1.200 m2 (12 x 100 m), deseja-se instalar lâmpadas de 60 watts, para

que o galpão fique com iluminação adequada para a criação de frangos.

Necessidade de lúmens para todo o galpão: 1200 x 22 = 26.400 lúmens

1 lâmpada de 60 watts � 810 lúmens

26.400 ÷ 810 = 32,5 � 32 lâmpadas

Distribuição: 2 fileiras, distantes 3 metros da tela e 6 metros entre si. Como são 2 fileiras, instala-

se 16 lâmpadas por fileira. A distância entre lâmpadas na mesma fileira será de 6,25 m

(100 ÷ 16).

7.12) Água

A instalação de água deve adequar-se ao tipo de galpão, ou seja, o tipo de bebedouros que

serão instalados, a utilização ou não de nebulizadores, etc.

Recomenda-se uma caixa d’água externa que tenha capacidade de pelo menos abastecer

os frangos durante 3 dias no período de maior consumo. Além da caixa externa, faz-se necessário

à instalação de uma caixa interna de 250 ou 500 litros para eventuais tratamentos ou vacinações

nos frangos.

Deve-se instalar torneiras externas para lavagem de equipamentos durante a criação.

25

7.13) Outras instalações

Silo: Podem ser instalados interna ou externamente e no centro ou numa extremidade do galpão,

dependendo da automatização ou não dos comedouros.

Fossa séptica: Local para depósito de aves mortas (normalmente 4 a 6 % dos frangos morrem

durante a criação). A fossa consiste num buraco feito na terra e fechado com pranchões de

madeira ou concreto, deixando-se apenas uma pequena abertura para jogar as aves. Evita-se

assim o mau cheiro e a contaminação das demais aves, pois, se jogadas ao ar livre, as aves

mortas podem transmitir doenças às aves do galpão através de moscas, mosquitos e do próprio

vento. Outro destino das aves mortas pode ser a incineração. Para isso existem incineradores

apropriados que são fabricados e vendidos por empresas especializadas do ramo.

8 DETALHES DE CONSTRUÇÃO PARA MINIMIZAR O EFEITO DO

CALOR

O Brasil, país de clima tropical, tem o calor como um fator que pode limitar ou

comprometer a produção de frangos. Sabe-se que o calor causa enormes prejuízos nas aves,

principalmente quando estas estão confinadas em galpões em altas concentrações por m2. Este

problema é muito mais grave em regiões como a centro-oeste onde o calor atinge níveis

incompatíveis a criação de frangos durante quase todo o ano. Na construção do galpão e durante

a criação alguns detalhes podem ajudar a amenizar tal problema e, portanto, sempre que possível,

devem ser observados, para evitar um futuro comprometimento da criação. Algumas destas

medidas são enumeradas a seguir.

a) Localização: Preferir locais mais altos e secos, com boa ventilação.

b) Orientação: Sempre no sentido leste-oeste, para o sol não incidir sobre os frangos,

principalmente no verão.

c) Distância entre construções: Deve-se evitar que outras construções sirvam de barreira para

uma boa ventilação natural. Assim recomenda-se que à distância entre uma construção e outra

seja 5 vezes a sua altura máxima:

D = 5 x H D = distância recomendada

H = Altura máxima da construção

26

d) Tipo de telha: detalhe já citado anteriormente

e) Lanternim: detalhe já citado anteriormente

f) Pintura do telhado: A pintura de cor branca reflete os raios solares e, portanto, seria ideal na

face superior do telhado. Na face inferior pode-se pintar de preto, pois, a cor preta absorve o

calor, reduzindo-o sobre as aves.

g) Caixa d’água: Cobrir com telha de barro. Os canos que conduzem a água ao galpão devem

ser sempre enterrados.

h) Cobertura do solo: O solo em volta do galpão, quando sem nenhuma vegetação reflete calor

para dentro do galpão. Por isso o ideal é que o terreno em volta seja todo gramado. O plantio de

árvores também é de extrema importância, pois servem de “quebra vento”, ou seja, reduzem a

ação dos ventos muito fortes ou muito frios. Além disso, os quebra ventos reduzem a transmissão

de doenças entre criações.

i) Aspersão de água sobre o telhado: Ajuda a diminuir a temperatura interna do galpão. Neste

caso deve-se equipar o galpão com calhas no beiral para reaproveitamento da água.

j) Uso de equipamentos: Ventiladores, nebulizadores ou sistemas acoplados de ventilação e

umidificação. O dimensionamento correto de cada equipamento depende das orientações do

fabricante.

9 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

9.1) Círculos de Proteção

São pequenos cercados em forma de círculo, necessários no início das criações. Utilizam-

se folhas de eucatex, compensado ou outro material similar. Para cada círculo de 500 pintos

necessita-se de 5 folhas de eucatex de 2 metros de comprimento por 0,40 m de altura. Na figura

7 você observa detalhes de construção de círculos de proteção construídos com folhas de

eucatex.

27

Figura 7. Detalhes de círculos de proteção com aquecedores a gás infravermelhos com sensores

automáticos de temperatura.

9.2) Aquecedores

Os pintos, nos primeiros dias, devem ser aquecidos artificialmente. Estes aquecedores

podem ser:

a) Aquecedores elétricos

São lâmpadas especiais (infravermelhas) de 200 ou 250 watts, com refletor. São de custo

elevado e não fornecem um bom aquecimento. Só são utilizadas em pequenas criações.

Normalmente uma lâmpada é suficiente para cada 50 pintos.

b) Campânulas a lenha

Caracteriza-se por utilizar lenha como combustível. São mais eficientes no aquecimento

do ambiente interno do galpão como um todo. Apresentam como desvantagem o excesso de

fumaça e gases (CO2) prejudiciais aos frangos e o alto custo da lenha. É um sistema ainda usado

no sul do país, para complementar o aquecimento das campânulas a gás, nos dias rigorosamente

frios de inverno.

c) Aquecedores a gás

São os mais utilizados na avicultura

industrial, apresentando um menor custo

para a geração do calor. Existem no

mercado inúmeros modelos de

aquecedores a gás, com capacidade de

aquecimento variando de 500 a 2500

pintos, possuindo um ou vários

queimadores.

Figura 8. Aquecedor tipo campânula.

Entre os aquecedores a gás pode-se citar os tipo campânula simples (Figura 8), as

campânulas com placa cerâmica e aquecedores tipo infravermelhos (Figura 9). Os

aquecedores podem ser controlados manualmente ou automaticamente, através de um

termostato instalado próximo aos pintos, que registra a temperatura, ligando e desligando

conforme programação prévia (Figura 7 e 9). Em galpões mais sofisticados o controle de

temperatura pode ser feito através de comandos eletrônicos que, além das campânulas,

podem acionar os ventiladores, os nebulizadores, as cortinas, os comedouros, a iluminação

artificial, etc.

Figura 9. Aquecedores a gás com placa de cerâmica, infravermelho com controle manual,

infravermelho com sensor de temperatura e comandos eletrônicos.

29

d) Aquecimento no piso:

É realizado através de placas pré moldadas, com resistência elétrica. Estas placas

formam o piso do círculo de proteção, sobre as quais coloca-se a cama. A vantagem deste

sistema é que o aquecimento é feito de baixo para cima, diminuindo a perda de calor, já que

o ar mais quente tende a subir. É um sistema novo, e, portanto ainda não usado em granjas

comerciais.

e) Aquecimento por estufa:

Também é um sistema novo. Neste sistema utiliza-se as campânulas a gás normais,

porém uma parte do galpão (25%) é totalmente fechado com lonas até o teto, permitindo

um melhor isolamento com o meio externo. A economia de gás pode chegar a 80%, em

relação ao sistema normal de campânulas.

9.3) Bebedouros

Basicamente são necessários dois tipos de bebedouros para a criação: bebedouros

infantis para pintos até 5 a 6 dias de idade e bebedouros para frangos dos 6 dias até a idade

de abate.

Bebedouros infantis

Os mais usados são o tipo “copo de pressão”. Podem ser de plástico ou alumínio e

tem capacidade de 4 a 5 litros de água. Os bebedouros infantis podem ser também do tipo

automáticos, ou seja, são interligados uns aos outros, e abastecidos automaticamente,

conforme a água é consumida. Recomenda-se um bebedouro infantil para cada 80

pintos.

Existem alguns modelos de bebedouros para frangos, que adequam-se para os pintos

desde o primeiro dia de idade.

30

Figura 10. Modelos de bebedouros infantis: A) Tipo copo de pressão; B) Tipo copo de

pressão com rosca; C) automático infantil; D) Bebedouro para frangos adequado para

utilização desde o primeiro dia de idade.

Bebedouros para frangos

a) Bebedouro tipo calha

São cochos de alumínio em forma de “V” com 2,5 ou 3,0 metros, com bóia

reguladora em uma das extremidades. Para este tipo de bebedouro calcula-se que cada ave

necessite de 2,5 cm de espaço de acesso ao bebedouro. Considerando que o acesso pode ser

feito dos dois lados da calha, podemos afirmar que um metro de calha é suficiente para

80 frangos. Este tipo de calha praticamente não é mais usado, porém ainda existe em

algumas granjas mais antigas.

A B

D C

31

b) Bebedouro automático pendular

São bebedouros que funcionam

automaticamente, através de válvulas

controladoras do fluxo de água, pelo

próprio peso da água dentro do bebedouro.

Tem como vantagem à economia de água.

Recomenda-se um bebedouro para cada

80 a 100 frangos. São os mais usados

atualmente.

c) Bebedouro tipo Nipple

É cada vez maior a utilização de bebedouros “nipple” em frangos de corte. É

possível que em alguns anos todos os aviários estejam equipados com esse tipo de

bebedouro. Suas principais vantagens são:

Não há necessidade de mão-de-obra para lavagens periódicas;

Pode ser usado desde o primeiro dia de vida das aves;

Não ocupa espaço no galpão, permitindo uma melhor circulação das aves;

Evita a transmissão horizontal de doenças através da água;

Evita derramamento de água na cama, mantendo-a mais seca.

Figura 11. Bebedouro pendular

32

Figura 12. Bebedouros tipo “nipple”. Adequados para uso desde o primeiro dia de vida.

Ainda há dúvidas com relação ao benefício final dos bebedouros tipo “nipple” pois

há citações de que ocorre uma pequena redução no ganho de peso, variando de 50 a 100 g

por frango em relação aos frangos criados com bebedouros pendulares, isso em função de

uma maior dificuldade da ave de beber água, pois a vazão é pequena.

Para a instalação de bebedouro “nipple” deve-se observar algumas condições:

Os bebedouros entopem com facilidade. Portanto deve-se instalar um filtro antes das linhas

de abastecimento;

A pressão da água é fator importante para evitar vazamentos e ao mesmo tempo fornecer

água suficiente para todas as aves. Cada “marca” de bebedouro tem uma recomendação

técnica de vazão. Esta vazão pode variar de 0,4 mL/seg. (baixo fluxo) a 2,5 mL/seg. (alto

fluxo).

Existem várias marcas de bebedouros, algumas de boa e outras de qualidade inferior. Em

aviários grandes normalmente os “nipple” são adquiridos de empresas que fazem inclusive

a sua montagem e prestam assistência técnica posterior.

33

Recomenda-se de 15 a 20 frangos por bico de nipple. No início da criação pode-

se utilizar um bico para até 30 pintos.

9.4) Comedouros

Comedouros para pintos

São usados até os 8 a 10 dias de idade.

Existem vários modelos tais como: tubular

infantil, tipo bandeja, tipo copo de pressão,

etc. Os comedouros tipo bandeja podem ser

de plástico, madeira ou alumínio, medindo

aproximadamente 50 cm X 50 cm X 5 cm de

altura. Os comedouros tubulares infantis e os

bebedouros tipo copo de pressão também

podem ser de plástico ou alumínio.

Recomenda-se um comedouro infantil

para cada 80 pintos. Figura 13. Comedouro tipo bandeja

Comedouros para frangos

São usados após 8 a 10 dias de idade. Podem ser de 3 tipos:

a) Comedouros tubulares

Tem capacidade para 10 a 15 kg de ração. São chamados também de “semi-

automáticos” pois a ração desce para o prato conforme ocorre o consumo pelos frangos.

Podem ser de plástico ou de chapa galvanizada. Os mais comuns têm o prato com

circunferência de 110 a 120 cm. Recomenda-se um comedouro tubular para cada 30

frangos.

34

b) Comedouro automático de corrente

Foram muito usados antes do surgimento dos comedouros automáticos atuais

(tuboflex). Hoje existem somente em granjas mais antigas. Este tipo de comedouro consiste

numa calha em forma de “U” que percorre o galpão em linha de ida e volta. Dentro da calha

há uma corrente (esteira) movida por um motor que fica na extremidade do galpão, junto ao

depósito de ração. Esta corrente, ao ser ligada, passa pelo depósito e carrega-se de ração que

será distribuída por toda a extensão da linha. O comedouro pode ser acionado manualmente ou

programado para ligar a cada determinado tempo (ex: 5 min a cada hora). É importante

ressaltar que se necessita de 5,0 cm de acesso ao comedouro por frango. Considerando-se

os dois lados da calha, conclui-se que 1 metro de calha é suficiente para 40 frangos.

c) Comedouros automáticos de prato (tuboflex)

Apresentam um cano com uma rosca rígida “sem fim” no seu interior, movida por um

motor na extremidade da linha. Acoplado ao cano estão os “pratos”, que serão abastecidos de

ração. Cada prato é suficiente para atender de 30 a 40 frangos. Todo o sistema funciona

automaticamente através de dispositivos instalados no último prato da linha (prato controle)

que liga e desliga conforme a quantidade de ração depositada neste prato. O sistema é ainda

composto por dispositivos que ligam o abastecimento de ração do silo para os depósitos

internos e um sistema de roldanas para regular a altura das linhas, conforme o tamanho dos

frangos. Atualmente são os comedouros mais usados em granjas comerciais, existindo vários

modelos (plástico, chapa galvanizada) com vários tipos de regulagem, para controlar a

quantidade de ração depositada em cada prato. São mais caros do que os comedouros

tubulares, porém elimina a necessidade de distribuição de ração manualmente, o que no final

das contas, pode ser vantajoso.

35

Figura 14. Comedouro automático de prato adequado para ser utilizado desde o primeiro dia

de idade. No detalhe, cano com rosca rígida para o transporte da ração.

Figura 15. Modelos de comedouros: A) Comedouro automático de corrente; B) Comedouro

automático de prato (tuboflex); C) Comedouro pendular infantil; D) comedouros

pendulares para frangos.

36

9.5) Cortinas

Embora não seja um equipamento, as cortinas são incluídas aqui, pois exigem a

instalação de um equipamento que permita um manejo fácil e rápido. Assim, as cortinas são

instaladas com roldanas e catracas ou outros sistemas que permitem abrir e fechar a lateral do

galpão em alguns segundos. Atualmente, em galpões sofisticados, existem sistemas

automáticos que regulam o funcionamento das cortinas conforme dados climáticos registrados

no interior do galpão (temperatura, umidade e velocidade do ar). A cor da cortina deve ser

clara (amarela, azul) para não necessitar de luz artificial durante o dia e também porque a cor

clara absorve menos calor do que as cores escuras.

9.6) Ventiladores

Existem vários modelos de ventiladores para aviários, exigindo conhecimento técnico

para sua instalação. Geralmente recomenda-se um ventilador para cada 20 metros de

galpão. Entretanto, existem outras maneiras de instalação de ventiladores, que proporcione

ventilação negativa de ar.

Figura 16. Modelos de ventiladores para aviário: 3, 6 e 8 pás.

9.7) Nebulizador

Os nebulizadores consistem basicamente de uma bomba de alta pressão, com

tubulações de pvc (1/2 “) e bicos aspersores instalados a cada 3 metros, ao longo da tubulação.

Estes bicos pulverizam a água, em partículas finíssimas, de tal maneira que permanecem

suspensas no ar, aumentando a umidade e diminuindo o calor no interior do galpão.

37

9.8) Botijões de gás

Depende do tipo de aquecimento que será utilizado. Nos sistemas convencionais, ou

seja, campânulas a gás, deve-se providenciar 2 botijões para cada campânula. Pode-se também

instalar o gás de tal maneira que um botijão abasteça 2 campânulas. O importante é que se

deve possuir um número de botijões de reserva igual ao número que esteja sendo usado.

9.9) Outros equipamentos

Pulverizador costal;

Carrinho de mão;

Lança chamas (flambador);

Termômetros, etc.

9.10) Quantidade de equipamentos necessários para a criação

A quantidade de equipamentos necessários para uma criação vai depender do tamanho

da criação. Assim na Tabela 9, é apresentada a quantidade para um aviário padrão de 1200 m2.

Para outros tamanhos de criação basta fazer os cálculos adequados.

Tabela 8. Equipamentos básicos para um aviário padrão (1200 m2)

Equipamento Recomendação Quantidade necessária Chapas de eucatex para círculos (2,0 x 0,4 m) 5 para 500 pintos 120 Campânulas a gás 1 para 500 pintos 24 Botijões de gás 1 para 500 pintos 24 Comedouros para pintos 6 para 500 pintos 144 Bebedouros para pintos 6 para 500 pintos 144 Comedouros tubulares 1 para 30 frangos 400 Bebedouros pendulares 1 para 100 frangos 120 Ventiladores 1 para 20 metros 5 Pulverizador costal - 1 Carrinho de mão - 1 Sistema nebulizador - 1 Lança-chamas - 1 Termômetros - 3

38

10 MANEJO DA CRIAÇÃO

10.1) Cama

A primeira atividade de manejo de um galpão, visando a criação de frangos, diz

respeito à “cama”. A cama é um material absorvente distribuído sobre o piso do galpão e tem

por objetivo absorver a umidade produzida pelas fezes, urina e vazamentos dos bebedouros e

isolar o piso de cimento ou terra. O material para servir como cama deve possuir algumas

características:

- Ser um material leve e absorvente;

- Possuir partículas de tamanho médio;

- Ser macio e que não se compacte (ter boa capacidade de amortecimento);

- Ser isolante térmico;

- Ser livre de substâncias estranhas (plásticos, pregos, madeiras);

- Não possuir substancias tóxicas;

- Ser disponível e de baixo custo.

Dentre os materiais que podem ser usados como cama pode-se citar a maravalha

(cepilho de madeira), casca de arroz, casca de café, casca de amendoim, sabugo de milho

triturado, bagaço de cana, capins secos e picados (napier, braquiária).

Considerações:

- Alguns materiais podem apresentar problemas de fungos tais como bagaço de cana, casca de

café e casca de amendoim;

- A maravalha quando proveniente de madeiras tratadas pode ser tóxica aos frangos;

- A casca de arroz pode ser perigosa devido o perigo na ingestão das partículas. Uma

alternativa, neste caso, seria moer a casca de arroz. A casca de arroz moída elimina o perigo

pela ingestão, além de diminuir consideravelmente a sujeira nos comedouros e bebedouros nos

primeiros dias da criação e pode melhorar a qualidade da cama na alimentação de bovinos.

- A utilização de camas na alimentação de bovinos acrescenta a exigência de que o material

usado tenha bom valor nutritivo. Neste caso os melhores são o sabugo de milho e os capins

picados.

39

- Apesar da diferenças entre camas, o tipo a ser utilizado dependerá sempre da sua

disponibilidade na região.

- Com a escassez de materiais nas regiões produtoras de frangos, é provável que no futuro as

camas tenham duas origens: fabricação de maravalha (máquina apropriada), utilizando

madeiras provenientes de reflorestamento ou plantio de capins próximo ao aviário para

posteriormente cortá-lo, secá-lo e triturá-lo para o fim específico de produção de cama.

A cama deve se espalhada em todo o galpão numa altura de 5 a 6 cm. Assim, 1 m3 de

cama é suficiente para espalhar em 20 m2 de galpão. Alturas maiores não beneficiam a criação

e podem até prejudicar, devido ao maior perigo de fermentação no seu interior, produzindo

gases tóxicos aos frangos (amônia).

10.2) Preparo dos círculos de proteção

Os círculos de proteção tem a função de:

- Proteger os pintos contra correntes de ar;

- Limitar a área disponível, para que os pintos fiquem próximos do alimento, da água e da

fonte de calor;

- Concentrar o calor numa pequena área, economizando o gasto com aquecimento

- Evitar a concentração de pintos em cantos, quando estes estão com frio ou por falta de

energia elétrica.

A montagem dos círculos de proteção pode variar de acordo com o tipo e capacidade

da campânula usada e também em função do clima da região e época do ano (inverno/verão).

Dois modelos de preparo do círculo de proteção são apresentados a seguir:

40

Figura 17. Modelos de círculos de proteção para inverno e verão; detalhes da distribuição dos

equipamentos dentro do círculo.

Figura 18. Galpão com círculos de proteção para 500 pintos e detalhe de círculo para 500

pintos com campânula a gás no centro do círculo.

Um círculo de proteção para 500 pintos deve ter aproximadamente 7,0 m2.

Isso equivale a um círculo de 3,0 metros de diâmetro (1,5 m de raio).

Quando as campânulas utilizadas forem para capacidade diferente (ex: 1000 ou 2500

pintos) deve-se proceder o cálculo para saber qual o tamanho ideal do círculo:

41

Ex: Utilizando-se campânulas para 1000 pintos. Qual o tamanho do círculo?

500 pintos -------- 7,0 m2

1000 pintos -------14,0 m2

a =π . R2

14 = 3,14. R2

R2 = 14 ÷ 3,14 = 4,458

R = 4 458,

R = 2,11 m

Considerações:

- Círculos muito grandes dificultam o manejo e podem provocar uma maior “concorrência”

dentro do círculo, podendo aumentar os problemas de desuniformidade do lote;

- A campânula deve sempre ser instalada no centro do círculo;

- Os comedouros e bebedouros devem sempre ser dispostos alternadamente. Nunca devem

ficar encostados ao cercado do círculo e nem em baixo da campânula.

- Quando possível deve-se forrar o piso dos círculos com papel, geralmente jornais velhos.

Esta prática tem como objetivo evitar que os pintos sujem os comedouros e bebedouros e

diminuir a perda de calor pelo piso. Atualmente, por medidas de economia de mão-de-obra,

muitos avicultores tem abandonado esta prática.

Aviários sem círculo de proteção

Com a modernização dos aviários, tem sido introduzido o bebedouro tipo “nipple” que

são utilizados desde o primeiro dia da criação. Como estes bebedouros são distribuídos no

galpão em linhas longitudinais, torna-se difícil à montagem dos círculos de proteção. Assim,

embora não seja o mais recomendado, avicultores tem substituído os círculos normais por

grandes cercados no sentido longitudinal do galpão até aproximadamente 1/3 deste, deixando-

se um corredor central para circulação e colocando-se algumas divisórias no sentido

transversal do galpão.

2,11 m

42

Quando o avicultor utilizar-se desta prática, deve redobrar os cuidados, pois há um

maior perigo de amontoamento dos pintinhos, principalmente na falta de energia elétrica ou

uma queda repentina de temperatura.

10.3) Manejo na chegada dos pintos

Os preparativos para a chegada dos pintos devem ser iniciados com alguma

antecedência.

- A cama deve estar espalhada em todo o galpão;

- As cortinas em bom estado e funcionando;

- Todas as lâmpadas funcionando. Antes de cada criação deve-se limpá-las;

- Círculos de proteção preparados;

- Campânulas instaladas e testadas com antecedência;

- As campânulas devem ser ligadas com 1 a 2 horas antes da chegada, para que a temperatura

esteja, na hora da chegada, em 30 a 32 0C dentro do círculo.

Na chegada dos pintos, estes devem ser colocados cuidadosamente no círculo de

proteção. Quando não for possível contá-los, deve-se pelo menos fazer uma amostragem,

contando algumas caixas. Deve-se também fazer uma média de peso dos pintos. O ideal é que

os pintos pesem pelo menos 42 g. Pesos menores certamente comprometerão o desempenho

da criação. Além de bom peso os pintos devem te uniformidade de peso. Considera-se

uniforme um lote de pintos com intervalo de peso 5 % abaixo ou acima do peso médio.

Deve-se observar se os pintos estão sadios. Para isso estes devem apresentar as

seguintes características:

- Apresentar penugem seca e macia;

- Ter olhos brilhantes e arredondados;

- O umbigo deve estar cicatrizado;

- O abdômen deve estar firme;

- Canelas brilhantes, enceradas;

- Cloaca seca.

Deve-se descartar todos os pintos defeituosos, com pernas tortas, bico cruzado e raquíticos.

43

No momento da chegada, os bebedouros já devem ter sido colocados nos círculos.

Pode-se adicionar a água, 2 a 3 % de açúcar. O açúcar (glicose) é um alimento prontamente

absorvido e, portanto importante para repor as energias e diminuir o estresse dos pintos,

principalmente quando estes são provenientes de incubatórios distantes.

Se possível, ao serem soltos no círculo, pelo menos alguns pintos devem ser colocados

com o bico na água, para que a encontrem mais rapidamente.

Deve-se iniciar o controle zootécnico do lote. Para isso deve-se preparar uma ficha,

onde se registre os seguintes dados: data de chegada; quantidade; marca dos pintos;

procedência; vacinações efetuadas; peso médio dos pintos; uniformidade dos pintos,

porcentagem de pintos descartados, etc.

10.4) Temperatura

A temperatura é, sem dúvida, o fator de maior preocupação no manejo da criação de

frangos. Na fase inicial deparamo-nos com o problema do frio. Na fase adulta, invertem-se os

papéis e todo o cuidado é com os problemas causados pelo calor.

Os ovos são incubados a uma temperatura de 38,5o C. Os pintos nascem com uma

temperatura corporal de 39,8o C e atingem em uma semana a temperatura de 41,8o C.

Ao nascer o centro de termorregulação dos pintos não está desenvolvido. Isso faz com

que tenham um comportamento idêntico aos animais “pescilotérmicos”, ou seja, variam a

temperatura corporal conforme varia a temperatura ambiente. O centro de termorregulação só

fica completamente desenvolvido após a 2a semana de vida. Além disso, os pintos nascem

desprovidos de penas e tem uma grande relação área/volume que diminui a capacidade de

perda de calor. O pintinho até os 8 a 10 dias de idade sofre influência direta da temperatura do

meio ambiente, pois não consegue manter a sua temperatura corporal. Assim torna-se de

extrema importância o controle de temperatura na fase inicial. Na Tabela 12 é apresentada a

temperatura ideal para o bom desempenho dos frangos de acordo com a idade.

44

Tabela 9. Temperatura ideal para os frangos segundo a idade.

Idade (dias) Temperatura no círculo Temperatura no interior do galpão

1 - 7 31 - 33 28

7 - 14 29 - 31 28

14 - 21 _ 24 – 26

21 - 42 _ 22 – 24

COMPORTAMENTO DOS PINTOS NO CÍRCULO DE PROTEÇÃO

Os pintos, quando em situação de desconforto térmico, adotam comportamentos que

são facilmente identificáveis pelo criador. A figura 19 e a Tabela 13 apresentam os diferentes

comportamentos dentro dos círculos de proteção.

Tabela 10. Indicativos sobre comportamento dos pintos.

Frio Quente Normal - Piando - Aglomerado no centro - Reduz alimentação - Problema respiratórios - Congestão pulmonar - Atraso no crescimento - Empenamento fraco - Alta mortalidade

- Piando, bico e asas - Fuga para a periferia - Respiração ofegante - Diarréia - Reduz alimentação - Emplastamento da cloaca - Atraso no crescimento - Empenamento fraco - Alta mortalidade

- Silenciosos - Bem distribuídos - Alimentação normal - Saudáveis - Sem diarréia - Sem emplastamento - Crescimento normal - Empenamento normal - Baixa mortalidade

45

Figura 19. Comportamento dos pintinhos dentro do círculo, conforme a temperatura.

10.5) Manejo na 1a e 2a semanas

O manejo na 1a semana abrange alguns itens importantes:

a) Temperatura: Controle rígido da temperatura através do manejo das campânulas e

cortinas.

b) Abertura de espaço: Os pintos têm uma taxa de crescimento muito rápida. Em apenas 4

dias já estão pesando o dobro do seu peso. Com 7 dias o seu peso é 3 vezes maior do que o

46

peso inicial. Portanto, o espaço inicialmente fornecido torna-se insuficiente. Um esquema

proposto é o seguinte:

→→→→ Aos 3 dias: aumentar a área dos círculos juntando-os de 2 em dois.

→→→→ Aos 6 - 7 dias: juntar os cercados maiores de 2 em dois, de modo que junte os pintos que

inicialmente pertenciam a 4 círculos.

→→→→ Aos 10 - 12 dias: retirar os círculos de proteção, deixando-se apenas uma separação no

galpão de tal maneira que os pintos ocupem ½ da área total do galpão.

→→→→ De 12 a 18 dias: aumentar gradativamente o espaço, de 2 em 2 dias de tal maneira que aos

18 dias os frangos ocupem todo o galpão.

Esquema para aumento dos círculos de proteção

Este esquema proposto pode variar, principalmente em função do clima da região, e

também em função da época do ano.

c) Bebedouros: Devem ser lavados várias vezes ao dia (pelo menos 2).

1 a 3 dias 3 a 6

6 a 10 dias 10 a 18

47

A troca dos bebedouros deve ser iniciada aos 3 ou 4 dias de idade. Deve-se fazer a

substituição gradativa. Ex: substituir 25% dos bebedouros diariamente. Assim com 6 a 7 dias

todos os bebedouros infantis já foram substituídos.

Obs: Existem bebedouros pendulares que já são usados desde o 1o dia. Neste caso não há

substituição. Os bebedouros tipo “nipple” também são usados desde o primeiro dia.

d) Comedouros: Sempre que possível (pelo menos 1 vez ao dia) a ração deve ser peneirada,

principalmente quando a cama for de material leve (ex: casca de arroz).

A substituição também deve ser gradativa e ser iniciada aos 4 a 5 dias.

Quando os comedouros para frangos forem do tipo tuboflex, a ‘linha” deve ser baixada

aos 4 a 5 dias e a partir daí faz-se à retirada gradativa dos comedouros infantis.

e) Vacinação: Devido a seu curto ciclo de vida, na maioria das regiões, nenhuma vacina é

aplicada aos frangos após estarem na granja.

Entretanto em algumas regiões, onde já ocorreram problemas, vacina-se os pintos

contra a doença de Newcastle, aos 7 a 10 dias. A vacinação pode ser realizada individualmente

pingando-se uma gota no olho ou na narina ou realizada simultaneamente no lote todo através

da água de bebida ou por nebulização.

Obs: É obrigatória a vacinação dos pintos, no incubatório, contra a doença de Marek. Esta

vacina é de responsabilidade do produtor de pintinhos.

10.6) Manejo da 3a semana ao abate

A partir da 3a semana, o manejo dos frangos se torna mais fácil, em relação a fase inicial.

a) Cama

O manejo da cama tem como objetivo mantê-la com umidade adequada. Para isso

deve-se revolvê-la 1 a 2 vezes por semana para permitir a aeração e amaciamento. Sempre que

houver partes molhadas ou placas, deve fazer a substituição por cama nova.

48

O revolvimento semanal da cama, por causar estresse e acelerar a liberação de amônia,

não é utilizado por muitos criadores. Portanto, deve-se sempre que possível, evitar as causas

de umedecimento da cama para evitar a necessidade de revolvimento. Assim é importante:

• Escolher um material adequado para cama;

• Evitar vazamentos;

• Regular corretamente a altura do bebedouro e a quantidade de água no seu interior;

• Permitir ventilação adequada;

• Retirar e substituir imediatamente cama de locais que ocorreram vazamentos.

b) Ventilação

A ventilação adequada é fator importante para: fornecer oxigênio; remover gás

carbônico; remover gás amoniacal e regular a temperatura ambiente levando o ar quente e

trazendo ar fresco para o interior do galpão. Para isso o manejo adequado das cortinas é

importante. Entretanto, não existem regras fixas para este manejo, dependendo exclusivamente

do bom senso e da capacidade de observação do criador.

A ventilação artificial (ventiladores) visa complementar a ventilação natural,

principalmente em dias muito quentes.

c) Bebedouros

• Devem estar distribuídos uniformemente no galpão;

• Devem ser lavados uma a duas vezes ao dia;

• Devem ser regulados a cada 2 ou 3 dias, de modo que a altura do bebedouro fique na altura

da cabeça ou 5 cm acima do dorso.

• A quantidade de água dentro do bebedouro deve ser de 1/3 da altura da sua borda.

• A figura 20 mostra como deve ser a altura do bebedouro.

• Quando da utilização de bebedouros tipo “nipple” a regulagem deve seguir o mostrado na

Figura 12, ou seja, para os pintinhos nos primeiros dias o bico do “nipple” fica na altura do

olho, enquanto que para os frangos maiores o bico do “nipple” fica 5 cm acima da cabeça do

frango para que o mesmo beba água com o pescoço bem esticado.

49

Figura 20. Altura adequada para bebedouros pendulares.

•••• Quantidade de água que os frangos bebem:

Uma série de fatores influenciam a ingestão de água pelos frangos. A idade e a

temperatura são os principais (Tabela 14). Esta informação é importante para que o avicultor

não cometa erros no dimensionamento das caixas d’água ou no abastecimento diário destas

caixas.

Tabela 11. Consumo de água pelos frangos de acordo com a idade e temperatura

IDADE Temperatura (0 C) (semanas) 21,1 26,7 32,2 37,8

Consumo em mL por dia por frango 1 23 23 26 30 2 61 72 102 163 3 91 129 208 360 4 121 174 273 462 5 155 216 333 553 6 185 254 390 613 7 216 288 428 613 8 235 295 450 693

Fonte: Bampi (1994)

50

d) Comedouros

• Devem ser regulados a cada 2 ou 3 dias;

• A altura da borda superior deve ficar na altura do dorso dos frangos. (figura 21)

Figura 21. Altura adequada para comedouros tubulares ou automáticos de prato.

• A quantidade de ração dentro do comedouro deve ser no máximo de 1/3 da altura da borda.

Pesquisam mostram que em comedouros muito cheios há desperdício de ração que

pode chegar a 20%. Este desperdício é tanto menor quanto menor for a quantidade de ração

dentro do comedouro (tabela 15).

Tabela 12. Desperdício de ração em função do enchimento do comedouro

Quantidade de Ração % de desperdício Totalmente cheio 15-20%

3/4 com ração 1/2 com ração 1/3 com ração

8-10% 4-5% 2-3%

Há recomendações atuais de que se obtém melhor desempenho dos frangos quando a

altura do comedouro for abaixo da altura do dorso. Deve-se, entretanto tomar cuidado para que

51

os frangos não se alimentem “sentados” pois ocorrem “problemas de pernas” e “calo de

peito”, que levam a condenação da carcaça no abatedouro.

e) Avaliações

Se possível, deve-se realizar avaliações semanais de desenvolvimento, baseadas no

peso corporal, porcentagem de mortalidade, consumo de ração, conversão alimentar, etc.

Deve-se também fazer avaliações visuais tais como empenamento, uniformidade do

lote, e umidade da cama.

Sempre que necessário, realizar o descarte dos “refugos” e de aves com problemas

principalmente de ordem esquelética. Lembre-se: Os refugos e aves “aleijadas” são mais

susceptíveis às doenças e desperdiçam a ração consumida, pois dificilmente chegarão à idade

de abate.

O empenamento das aves deve estar completo por volta dos 25 dias, entretanto deve-se

observar que:

• O empenamento varia com a linhagem;

• O macho tem empenamento mais tardio do que a fêmea;

• Estresse induz a ingestão de penas, que pode retardar o empenamento no dorso;

• Excesso de lotação falta de equipamentos, deficiências nutricionais também resultam em mau

empenamento.

10.7 Manejo pré abate

Os cuidados nesta fase visam a redução de contusões e fraturas que depreciam o valor

das carcaças. Além disso, o consumo de ração nas últimas horas torna-se um desperdício, pois

não será transformada em carne, além de causar problemas no abatedouro. As principais

atividades no manejo pré-abate são:

• Retirar a ração 6 horas antes do abate;

• Retirar os bebedouros somente na hora do carregamento;

• Realizar o carregamento de preferência à noite;

• Reduzir a intensidade de luz ou usar lâmpadas de cor azul;

52

• Realizar o carregamento de modo organizado, sem tumultos, com pessoas orientadas e

responsáveis, pois os cuidados no carregamento refletem-se nas qualidades da carcaça.

11 PROGRAMA DE LUZ

A utilização da iluminação artificial tem como objetivo aumentar o tempo de

alimentação e favorecê-la nas horas mais frescas do dia, ou seja, à noite e de madrugada. Para

que estes objetivos sejam alcançados é importante seguir as recomendações já citadas no item

Construção de galpão: Iluminação interna.

Atendidos os requisitos de instalação, podem ser adotados um dos seguintes

programas:

a) Contínuo: Iluminação à noite inteira

b) Contínuos com interrupção: Iluminação à noite inteira exceto das 23 às 24 horas, ou seja,

apenas uma hora de escuro por noite.

c) Escuro/claro: Manter a luz desligada até 23 horas e em seguida ligada até o amanhecer.

Outra opção é deixar desligada até 3 horas de madrugada e depois ligá-la até o amanhecer.

d) Intermitente: São os programas que dão resultados mais satisfatórios, porém de mais

difícil aplicação devido à necessidade de equipamento apropriado (relógio “timer”). Várias são

as alternativas do programa intermitente, entre eles:

• 1 hora de luz e 1 hora de escuro

• 3 horas de luz e 1 hora de escuro

• 2 horas de luz e 1 hora de escuro

Obs: Qualquer que seja o programa adotado, é importante que nos 3 a 4 primeiros dias a luz

fique ligada à noite toda.

12 ALIMENTAÇÃO DOS FRANGOS

Os frangos são alimentados exclusivamente com ração. Esta ração deve fornecer ao

frango todos os nutrientes necessários em qualidade e quantidade para o seu desenvolvimento

saudável, com a melhor conversão possível e com máximo de rapidez.

53

Do ponto de vista econômico, a alimentação é o fator de criação de maior importância,

tanto por ser a responsável pelo bom desenvolvimento da ave e, sobretudo por representar

mais de 70% do custo da criação, conforme Tabela 16.

12.1) Formas de Obtenção de Rações

Basicamente são 4 as maneiras de obtenção da ração para os frangos.

a) Adquirir as rações prontas, dispensando-se a adição de qualquer outro produto. Estas rações

são de custo mais elevado. O criador deve atentar para a fase de criação, já que existem rações

distantes para cada fase.

b) Adquirir os “concentrados” que exigem do produtor a aquisição de milho para a mistura. A

porcentagem de mistura pode variar de um fabricante para outro e de uma fase para outra.

Normalmente variam entre 60 e 70% de milho e 40 a 30% de concentrado. A recomendação

do fabricante vem expressa na embalagem e deve ser seguida rigorosamente pelo criador sob

pena de comprometer a criação. A granja deve possuir triturador de grãos e misturador.

c) Adquirir os chamados “premix” ou “núcleos” que são uma mistura de minerais e vitaminas,

exigindo do criador a mistura de milho, farelo de soja e às vezes farelo de trigo. São

geralmente de custo menor, porém exigem maior trabalho na moagem e mistura. As

quantidades de milho, farelo de soja e premix dependem da fase de criação, e sempre estão

especificadas na embalagem do produto. O produtor deve certificar-se da possibilidade da

aquisição dos ingredientes, principalmente do farelo de soja, já que o mesmo não é encontrado

em qualquer região, acarretando altos custos de transporte.

d) Outro tipo de “premix” que pode ser adquirido é o premix mineral que contém os

microminerais exigidos e o premix vitamínico que contém as vitaminas. Neste caso o

produtor deve misturar na ração outros ingredientes além do milho e farelo de soja tais como

calcário (Ca) fosfato bicálcio (Ca e P), sal (Cl e Na) e óleo vegetal (energia). Neste caso é

necessário um certo domínio em balanceamento de ração, conhecendo a composição química

dos alimentos e as necessidades nutritivas dos frangos nas diferentes fases. Estas necessidades

são apresentadas na Tabela 17.

54

Assim, o criador prepara a sua ração podendo alterar alimentos, buscando alternativas

mais econômicas.

e) Adquirir todos os ingredientes individualmente e preparar os “premix” mineral e

vitamínico. Para isso é necessário ter um misturador adequado para fazer esta pré-mistura, já

que alguns ingredientes são adicionados em pequeníssimas quantidades, às vezes menos de 1

grama por tonelada. Após o preparo do “premix”, este será adicionado aos demais

ingredientes como no item anterior. Este tipo de procedimento só é realizado por fábricas de

ração ou grandes empresas que trabalham no sistema de integração, e por isso tem um grande

volume de produção. Neste tipo de fabricação o produtor não deve esquecer-se de que além

dos minerais e vitaminas, o premix deve outros ingredientes tais como: coccidiostático,

antioxidante, antibiótico (promotor de crescimento), entre outros.

Tabela 12. Composição química dos principais alimentos usados para ração de aves.

Alimento P.B. (%)

Gordura (%)

F.B. (%)

Cálcio (%)

Fósforo* Total (%)

Sódio (%)

E.M.V. (Kcal/kg)

Metionina (%)

Lisina (%)

Milho (grão) 8,57 3,46 1,95 0,03 0,24 0,029 3.450 0,17 0,25 Sorgo BT (grão) 8,80 2,82 2,23 0,04 0,27 0,02 3.738 0,16 0,22 Farelo de soja 45,54 1,38 5,92 0,32 0,59 0,07 2.495 0,65 2,78 Farelo de arroz 13,21 13,51 10,32 0,11 1,61 0,04 3.143 0,23 0,58 Farelo de trigo 16,54 3,37 8,97 0,13 0,94 0,034 2,360 0,22 0,63 Farinha de peixe 57,60 6,07 0,26 6,10 3,0 0,30 2.183 1,66 4,66 F. carne e osso 45,37 11,10 1,28 11,29 5,91 0,70 2.243 0,61 2,25 Calcário - - - 38,4 - - - - - Fosf. bicálcio - - - 24,8 18,5 - - - - Sal - - - - - 39,74 - - - F. penas/vísceras 65,90 13,63 1,56 1,58 1,02 0,42 3.482 0,72 2.44 Óleo de soja - 99 - - - - 9.200 - - F. de sangue 78,40 0,42 0,34 0,30 0,24 0,40 3.067 0,96 7,04 Fonte: Rostagno (2000) P.B. = Proteína Bruta; F.B.= Fibra Bruta

55

Tabela 13. Recomendação da composição de ração para frangos de corte machos ou misto segundo a fase (por kg de ração).

Fases Nutriente unidade inicial (1-21 dias) 22-42 dias 43-49 dias Energia Metabolizável Kcal/kg 3.000 3.100 3.200 Proteína Bruta % 21,40 19,30 18,00 Ácido linoléico % 1,071 1,032 1,992 Aminoácidos Total Digest. Total Digest. Total Digest. Metionina % 0,492 0,444 0,453 0,406 0410 0,368 Metionina. + Cistina % 0,897 0,807 0,825 0,741 0,742 0,669 Lisina % 1,263 1,143 1,156 1,045 1,040 0,941 Triptofano % 0,207 0,183 0,202 0,177 0,182 0,160 Treonina % 0,795 0,675 0,701 0,595 0,634 0,538 Arginina % 1,290 1,200 1,212 1,128 1,101 1,024 Glicina + Serina % 1,440 - 1,317 - 1,187 - Isoleucina % 0,831 0,744 0,784 0,701 0,710 0,637 Leucina % 1,380 1,257 1,265 1,150 1,136 1,034 Valina % 0,996 0,879 0,949 0,837 0,851 0,752 Histidina % 0,399 0,366 0,366 0,335 0,330 0,301 Fenilalanina % 0,816 0,744 0,747 0,679 0,672 0,611 Fenilanina+tirosina % 1,443 1,314 1,317 1,200 1,187 1,082 Minerais Cálcio % 0,960 0,874 0,800 Fósforo disponível * % 0,450 0,406 0,365 Sódio % 0,222 0,192 0,192 Cloro % 0,195 0,171 0,160 Potássio % 0,501 0,471 0,454 Ferro mg 50 50 50 Cobre mg 8,5 8,5 8,5 Iodo mg 1,0 1,0 1,0 Manganês mg 70 70 70 Zinco mg 60 60 60 Selênio mg 0,25 0,25 0,25 Cobalto mg 0,2 0,2 0,2 Vitaminas A U.I/kg 10.000 8.000 3.000 D3 U.I/kg 2.000 1.500 700 E U.I/kg 20 15 10 K3 mg 1,7 1,5 0,6 B1 mg 1,5 1,2 0,4 B2 mg 4,5 3,8 3 B6 mg 2,4 1,8 0,6 Niacina mg 35 26 12 Ac. Pantotênico mg 10 9 5 Ac. Fólico mg 0,74 0,60 0,25 Biotina mg 0,07 0,04 0,025 Colina mg 250 200 150 Vit B12 mg 0,012 0,010 0,005 Fonte: Rostagno (2000).

56

12.2) Cuidados no preparo da ração

Uma ração bem balanceada, geralmente com uso de computador, pode ser totalmente

prejudicada pelo uso de ingredientes fora de padrão, pesagens erradas, moagens mal feitas,

misturas mal feitas, etc.

Assim, todos os cálculos realizados podem ter sido em vão. Alguns cuidados são

enumerados a seguir:

a) Moagem: o milho, farelo de soja e outros ingredientes devem ser moídos em peneira de 2, 3

ou 4 mm.

b) Pesagem: todos os ingredientes devem ser pesados com exatidão. Em hipótese alguma se deve

estimar ou “adivinhar” o peso.

c) Adição no misturador: os ingredientes de alta densidade (+ pesados) não devem ser

colocados no início ou no final da mistura. Também os ingredientes usados em pequena

quantidade (sal, premix) não devem ser colocados no início ou no final. Recomenda-se se

possível, fazer uma pré-mistura dos ingredientes usados em pequena quantidade em um balde,

utilizando-se também um pouco de milho moído.

d) Tempo de mistura: para que a ração fique bem homogênea deve-se deixar de 10 a 12 min

de mistura.

12.3) Manejo do arraçoamento

O objetivo da criação de frangos é proporcionar o maior desenvolvimento possível, no

menor período de tempo e com menor custo. Isso nos leva a concluir que o fornecimento de

ração deva ser constante e suficiente para que a ave satisfaça plenamente seu apetite. A

prática de utilizar ração à vontade predomina nas maiorias das granjas, embora em algumas

situações utiliza-se o procedimento chamado de restrição alimentar. Este assunto será tratado

em capítulo à parte.

Normalmente, formula-se rações para 3 fases da vida do frango de corte:

1 - Ração inicial →→→→ Fornecidas até o fim da 3a semana (1-21 dias);

2 - Ração crescimento →→→→ Fornecidas da terceira até a 5a semana (21 a 35 dias);

3 - Ração final →→→→ Fornecidas na última semana (35-42 dias).

57

Estas idades para troca de ração não significam uma regra geral, já que a idade de abate

é muito variável. Além disso, há quem utilize apenas dois tipos de ração (inicial e final) e

também há quem prefira 4 tipos diferentes de ração (pré-inicial, inicial, crescimento e final).

Com o rápido crescimento dos frangos, na verdade, as necessidades nutritivas variam

quase que diariamente. Logicamente, na prática é inviável mudar de formulação de ração

diariamente.

Tabela 14. O consumo de ração por fase é mais ou menos o seguinte.

Fase Ração / frango (g) Inicial 1100

Crescimento 2300 Final 1000

Total: (±) 4.400 Para frangos abatidos aos 42 dias de idade.

12.4) Aspectos físicos da Ração

Existem basicamente 3 formas de apresentação da ração:

a) Rações fareladas: São as rações comumente encontradas na maioria das granjas, em que os

produtos são moídos, misturados e fornecidos às aves.

b) Rações peletizadas: São rações fareladas, que depois de prontas passam por uma prensa de

alta temperatura e vapor d’água, sofrendo um “pré-cozimento” e após passando por um molde

e saindo sob a forma de pequenos cilindros (pellets).

c) Rações trituradas: São as rações peletizadas que após estarem prontas são levadas

novamente a um triturador fazendo com que fiquem com partículas menores. São usadas para

os pintinhos nos primeiros dias que não conseguem comer “pellets”.

58

13 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO LOTE

Durante toda a fase de criação realiza-se a coleta de um conjunto de dados que visam

produzir informações para avaliar o desempenho do lote. Caso o desempenho não tenha sido

satisfatório deve-se procurar identificar as causas e tentar corrigi-las para as próximas

criações.

Para isso é indispensável à utilização de fichas de controle da granja, para que ao final

os dados nos permitam a elaboração dos resultados relativos ao desempenho e que possam ser

interpretados e comparados com o padrão da linhagem, com outros lotes, com lotes de outros

criadores, etc.

Normalmente os índices utilizados para avaliar um lote são:

a) Mortalidade (%) e Viabilidade (%):

Mortalidade (%) é a porcentagem de aves que morreram (ou foram descartadas)

durante a criação.

% M = No aves mortas x 100 No inicial de pintinhos

Viabilidade (%) é a porcentagem de aves que sobreviveram durante a criação.

% Vb = 100 - % M

ou

% Vb = No de frangos vendidos x 100 No inicial de pintos

b) Peso médio (PM): é o peso médio dos frangos vivos no dia do abate.

PM = Peso vivo do lote (kg) No de frangos vendidos

c) Consumo médio de ração (CMR): é quanto cada frango consumiu de ração durante toda a

criação

CMR = Consumo total de ração (kg) No de frangos vendidos

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d) Conversão alimentar (CA): este valor indica quanto de ração o frango consumiu para

produzir um kg de peso vivo.

CA = Consumo total de ração (kg) peso vivo total do lote (kg)

e) Eficiência alimentar (EA): é um índice muito usado pelos americanos. Nada mais é do que

o inverso da C.A., ou seja:

EA = peso total do lote (kg) consumo total de ração (kg)

f) Ganho médio diário (GMD): este índice indica quanto de peso os frangos ganharam por

dia.

GMD = peso médio dos frangos (kg) idade de abate

Obs: Normalmente não se desconta o peso inicial do pintinho.

Os índices até agora calculados são chamados de DIRETOS. Estes índices não medem

de maneira global o desempenho do lote e, portanto, nem sempre fornecem informações

conclusivas da criação, ou às vezes podem iludir o criador.

Devemos nos lembrar que “bom desempenho” é o lote que tem: BOM GANHO

DE PESO COM BAIXO CONSUMO DE RAÇÃO E COM BAIXA MORTALIDADE.

A melhor maneira de avaliar o lote é através de um ÍNDICE INDIRETO, que envolva

os índices diretos de maneira global.

g) Fator de produção (FP) ou Índice Europeu de Eficiência Produtiva (IEEP): O FP e o

IEEP produzem o mesmo resultado embora calculados de maneira um pouco diferente.

FP = GMD x Vb x EA x 100 ou IEEP = P.M. x Vb x 100

I.A.xCA

(I.A. Idade de abate)

60

Este índice, oriundo da Europa, é que indica de maneira completa o desempenho do

lote, pelo menos em termos comparativos. Quanto maior o valor do índice melhor foi o

desempenho. O FP é usado por muitas empresas integradoras para determinar o valor a ser

pago aos criadores (integrados).

Exemplo: Calcular os índices diretos e indiretos de um lote de frangos, conforme os

dados abaixo:

Dados do lote

- No de pintinhos: 13.000

- No de aves vendidos: 12.480

- Consumo total de ração: 52.416 kg

- Peso total do lote: 26.208 kg

- Idade de abate: 42 dias

Cálculo dos índices

a) Mortalidade e Viabilidade

% M = (13.000 - 12.480) x 100 = 520 x 100 = 4,0% 13.000 13.000

% VB = 100 - 4 = 96%

b) Peso médio

P.M = 26.208 = 2,1 kg 12.480

c) Consumo médio de ração

CMR. = 52.416 = 4,2 kg 12.480

d) Conversão alimentar

CA = 52.416 = 2,00 26.208

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e) Eficiência alimentar

EA = 26208 = 0,50 52416

f) Ganho médio diário

GMD = 2,1 = 0,050 kg ou 50 g/dia 42

g) Fator de produção

FP = 0,05 x 96 x 0,5 x 100 = 240 pontos

IEP = 2,1 x 96 x 100 = 240 pontos

42 x 2

Índices ideais

Não existem índices considerados ideais, pois estes podem variar devido a vários

fatores, tais como:

- Linhagem criada;

- Sexo de ave;

- Época do ano;

- Valor energético de ração;

- Densidade de criação;

Atualmente, de maneira bem geral, podemos classificar os índices da seguinte maneira,

em aves abatidas com 42 dias.

Índice Conceito

Ótimo bom Ruim

Mortalidade < 3,0 3,0 - 4,0 > 4,0

Peso médio (g) (lotes mistos) > 2,150 2,050 - 2,150 < 2,050

CA < 1,90 1,9 - 2,00 > 2,00

EA > 0,52 0,48 - 0,52 < 0,48

GMD (g) > 50 g 47 - 50 < 47

FP > 260 230 - 260 < 230

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CUSTO DE PRODUÇÃO DO FRANGO DE CORTE Na Tabela 18 é apresentado o custo de produção de frangos de corte no estado de São

Paulo. Estes valores podem ser diferentes dependendo da região e da época do ano, más de

qualquer maneira nos mostram uma distribuição dos diferentes componentes do custo de

produção, em que a alimentação é o de maior peso.

Tabela 15. Custo de produção de frangos em São Paulo. Descrição Custo US$/kg % do custo Período Jan. 1999 Jan. 2000 Média Media A – custos variáveis Ração 0,256 0,322 0,253 62,00 Vacinas 0,008 0,008 0,008 1,96 Medicamentos 0,001 0,001 0,001 0,25 Transporte de ração 0,009 0,008 0,008 1,96 Energia/combustível 0,003 0,002 0,002 0,49 Gás 0,007 0,006 0,006 1,47 Cama (palha de arroz) 0,005 0,004 0,004 0,98 Pintinhos 0,080 0,062 0,081 19,85 Perdas 0,008 0,008 0,007 1,72 Impostos 0,032 0,032 0,029 7,11 Conservação e reparos 0,002 0,001 0,001 0,25 Sub-total A 0,410 0,454 0,400 98,04 B- Custos fixos Depreciação 0,004 0,003 0,003 0,73 Mão-de-obra + encargos 0,006 0,005 0,005 1,23 Sub-total B 0,010 0,008 0,008 1,96 Custo final (A+B) 0,420 0,389 0,408 100 Receita

Venda de frangos 0,476 0,488 0,443 97,36 Venda de cama 0,013 0,008 0,012 2,64 Sub total receita 0,489 0,496 0,455 100

Lucro/prejuízo 0,069 0,033 0,046 11,27

Fonte: ANUALPEC 2000

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14 MANEJO SANITÁRIO

Os grandes avanços ocorridos na avicultura são fruto do melhoramento na área de

genética, nutrição, manejo e sanidade. Muitas doenças que antes causavam enormes prejuízos

hoje estão praticamente sob controle, seja através do melhoramento das aves, da boa

alimentação ou de um adequado manejo. Como podemos ver, estes fatores tendem a agir de

forma interligada, conforme esquema a seguir.

As doenças podem chegar a uma criação através do pintinho, do vento, do homem, da

ração, dos equipamentos, de animais (galinhas caipiras, cães, gatos, ratos, etc.), da água, de

insetos (moscas, mosquitos), da cama, etc.

Em avicultura, assim como em outras atividades, geralmente o tratamento de doenças é

inviável devido ao seu alto custo e a demora da obtenção dos resultados. Portanto, a grande

preocupação atual, é evitar a instalação das doenças. Para isso são adotados um conjunto de

medidas que vão desde a construção do aviário, até vários dias após o final da criação de um

lote e que antecede o próximo lote. A este conjunto de medidas é dado o nome de

biossegurança.

Isolamento:

- A granja deve ser isolada, se possível com cerca;

- Os quebra ventos exercem importante função na diminuição da transmissão de doenças pelo

vento;

- Evitar presença de animais, principalmente galinhas caipiras;

- Evitar o trânsito de pessoas, máquinas agrícolas e veículos nas proximidades do galpão.

MANEJO

GENÉTICA SANIDADE

NUTRIÇÃO

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Atividades durante a criação:

- Deve-se manter o galpão o mais isolado possível, tanto de outros animais como de pessoas.

Visitas só devem ser realizadas quando de extrema necessidade.

- Os visitantes devem usar roupas e calçados limpos e não devem ter passado por outras

granjas anteriormente.

- O uso de pé-de-lúvio, com desinfetantes líquidos (amônia quaternária, fenóis, cresóis) ou

cal auxiliam na prevenção de possíveis contaminações.

- Aves mortas devem ser retiradas do galpão o mais rápido possível, pois podem transmitir a

doença tanto diretamente como pelo contato com insetos (moscas, mosquitos).

- Aves doentes e raquíticas também devem ser descartadas, pois se constituem em focos de

doenças.

- De um modo geral, o estresse predispõe a ave ao aparecimento de doenças. Portanto, tudo o

que for possível ser feito para reduzi-lo ajudará na manutenção de um lote sadio.

Atividades após a retirada do lote:

Após a retirada do lote, uma série de atividades devem ser realizadas para que o galpão

fique pronto para o próximo lote.

1) Retirada da cama:

O ideal é que a cama seja totalmente substituída após cada lote. Entretanto, em função

da dificuldade de obtenção de material e de mão-de-obra necessária para a troca, é comum,

atualmente, a reutilização da cama por 4 a 5 lotes. Se isto for necessário alguns cuidados

devem ser observados:

a) Não reutilizar no caso de ter ocorrido problemas sanitários graves no lote anterior;

b) Retirar todas as partes que se encontram úmidas ou emplastadas (placas);

c) Queima e requeima das penas com vassoura de fogo;

d) Amontoar a cama por alguns dias para facilitar a fermentação, diminuindo a quantidade de

microorganismos. Se estiver muito seca deve-se umedecê-la para que atinja 35 a 40% de

umidade;

e) Dentro dos círculos de proteção a cama deve ser sempre substituída;

f) Tratar a cama com cal. Um saco de 8 kg de cal para cada 120 m2 de área;

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g) Controle do cascudinho, geralmente realizado com produto químico (inseticida);

2) Limpeza a seco:

Consiste em varrer telas, cortinas, paredes, pisos, silos, etc. para remoção de resíduos

de sujeira e penas. Em seguida realiza-se a queima com vassoura de fogo nas telas, paredes e

pisos.

3) Lavagem das instalações e equipamentos:

O correto seria lavar as instalações após cada lote. Entretanto, normalmente a lavagem

completa do galpão é feita a cada 4 ou 5 lotes, por ocasião da troca de cama. Os equipamentos

devem ser lavados e desinfetadas adequadamente após cada lote. Maior importância deve ser

dada aos equipamentos que serão usados na fase inicial dos pintinhos. As caixas d’água e

encanamentos também devem ser lavados e desenfeitados.

4) Vazio sanitário:

Após a lavagem e desinfecção do galpão, este deve ficar fechado por alguns dias (pelo

menos 10 a 12 dias). Este procedimento chamado de vazio sanitário tem como objetivo

interromper o ciclo de desenvolvimento de muitas doenças, já que com o galpão limpo e sem

aves, os agentes causadores das doenças (bactérias, vírus, parasitas) não encontrando um

hospedeiro, acabam morrendo.

15 PRINCIPAIS DOENÇAS DAS AVES

15.1) Doença da Marek:

É provocada por um vírus do tipo Herps. A doença da marek ocorre em galinhas jovens

de um modo geral com lesões nervosas e oculares, além de tumores nas gônodas, vísceras e

pele. Nas aves de postura ocorrem lesões no nervo ciático com paralisia típica, podendo causar

a morte de 30% das aves. Em frangos de corte é comum ocorrer tumores disseminados em

toda a pele, causando rejeição da carcaça nos abatedouros.

O vírus é eliminado por células epiteliais e por células de descamação da pele, podendo

permanecer na cama contaminada por mais de 6 meses.

66

Não existe tratamento adequado para a doença, por isso a prevenção ainda é a única

maneira de se evitar a doença. A vacina foi descoberta em 1971 e hoje é obrigatória a sua

aplicação em pintos de um dia, ainda no incubatório, por via subcutânea na região do pescoço.

15.2) Bouba aviária:

É causada por um vírus muito comum em aves caipiras. Pode ocorrer em aves de

qualquer idade, causando febre e erupções (nódulos) na pele. Daí existirem outros sinônimos

como “varíola aviária”, “caroço”, “pipoca” e “bexiga”. Estas lesões ocorrem nas áreas sem

penas como crista, barbela, bico, em volta dos olhos, pernas e pés. Pode também causar placas

e bolhas na boca, faringe, laringe e traquéia.

A doença é transmitida através de mosquitos. Por isso nos meses mais quentes e

úmidos, quando há maior proliferação de mosquitos, há um maior perigo do aparecimento da

doença.

Os principais prejuízos são devido à diminuição do consumo alimentar, reduzindo o

crescimento das aves, devido às placas formadas nas vias internas do sistema digestivo e

respiratório.

Não existe tratamento para a doença e a prevenção é feita através de vacinação.

15.3) Gumboro:

Também causada por vírus e existe no Brasil desde 1978. O vírus ataca a “bolsa de

Fabrício”, que é um órgão localizado na região superior da cloaca e é responsável pela

produção de linfócitos B, que são os produtores de anticorpos. Portanto, a doença diminui as

defesas imunológicas das aves, permitindo que outras doenças se manifestem. A bolsa de

Fabrício infectada fica edêmica e hemorrágica, alem de causar diarréia, tremores e

incoordenação das aves. O vírus pode se manter viável em locais contaminados por vários

meses e pode se tornar resistente aos desinfetantes. A vacinação em vários lotes seguidos pode

ser uma medida para erradicar a doença.

15.4) Newcastle:

É causada por um vírus que se propaga rapidamente e produz sintomas respiratórios

em geral acompanhados por sintomas nervosos. Os principais sintomas respiratórios da doença

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são espirros, tosse, dificuldade de respiração, exudato nasal, muco no interior da traquéia,

sacos aéreos opacos e amarelos. Quando a doença está em estágio avançado aparecem os

problemas nervosos causando paralisia parcial ou incompleta, torcicolo e incoordenação do

pescoço, fraqueza das pernas, cambalhotas para trás e caminhar em círculo. Os sintomas

nervosos são irrecuperáveis.

Não existe tratamento para a doença. Como preventivo utiliza-se a vacinação, além das

medidas de limpeza e isolamento já citadas anteriormente.

15.5) Bronquite infecciosa:

É uma doença respiratória muito contagiosa, causada por vírus que se propaga

rapidamente entre as aves (em 48 horas todas as aves podem ficar atacadas). Os principais

sintomas são tosse, ronqueira, descarga nasal, espirros, olhos lacrimejantes e cara inchada.

Ataca principalmente aves jovens (até 3 semanas).

Não existe tratamento. Antibióticos e vitamina A podem ajudar na recuperação das

aves. A vacinação pode ser usada para evitar a doença, porém, deve ser orientada e

acompanhada por médico veterinário, pois vacinas mal aplicadas podem causar reações muito

fortes, semelhante à própria doença.

15.6) Doença crônica respiratória (DCR):

É causada por um microorganismo, o Micoplasma Gallisepticum, que ataca de forma

crônica o sistema respiratório das aves. A doença causa lesões na traquéia, pulmões e sacos

aéreos. Ocorrem também corrimento nasal, ronqueira e tosse. Esta doença aparece

principalmente quando a resistência das aves está diminuída por problemas de estresse ou após

o surgimento de outras doenças.

O tratamento pode ser realizado com antibióticos (terramicina, estreptomicina, tylan).

Para prevenção existe vacina, porém só recomendada para matrizes.

15.7) Coccidiose:

É uma doença de muita importância pelos elevados prejuízos que ela causa à

avicultura. É causada por protozoários que invadem e destroem as células intestinais após

intensa multiplicação. Os protozoários pertencem ao gênero Eimeria, e as espécies mais

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comuns são E. Acervulina, E. Maxima, E. Necatrix, E. Tenellla. Em geral as lesões podem ser

hemorrágicas, ocorrendo diarréia com fezes escuras e sanguinolentas. Os prejuízos devem-se a

mortalidade e redução no consumo, ganho de peso e conversão alimentar.

Estes protozoários desenvolvem parte do seu ciclo evolutivo na cama, voltando para

atacar novos lotes. Atualmente, é impossível criar frangos sem o uso de medicamentos.

Portanto, estes medicamentos, chamados de coccidiostáticos são adicionados na ração

durante toda a fase inicial e de crescimento dos frangos. Apenas nos últimos dias de criação

pode-se usar rações sem coccidiostáticos.

16 DOENÇAS MODERNAS OU DOENÇAS DE PRODUÇÃO

O termo doenças de produção é usado para definir doenças que estão diretamente

ligadas ao alto nível de produção, e são resultado de algum desequilíbrio biológico do animal.

Portanto, nas doenças de produção não existe um agente causador como nas demais doenças.

As de maior importância por causar grandes danos econômicos na avicultura moderna são:

Síndrome de Ascite (SA), Síndrome de Morte Súbita (SMS) e Síndrome de pernas tortas.

16.1) Síndrome de Ascite

Caracteriza-se por um acúmulo de líquido de cor esverdeada na cavidade abdominal

das aves. As aves afetadas apresentam respiração ofegante, com bico aberto, crista e barbelas

de cor roxa, e morte após 3 ou 4 dias.

Esta doença ocorre em frangos de crescimento rápido, principalmente em machos,

geralmente após a 4a semana de idade. O fator principal parece ser uma insuficiência

respiratória e circulatória devido a grande necessidade de oxigênio requerido pelo frango, sem

que o mesmo consiga obtê-lo do ambiente em quantidades suficientes. O coração e os pulmões

são relativamente pequenos em relação ao tamanho do frango que, com o melhoramento

genético, cresce rapidamente. Este doença agrava-se em períodos frios, em regiões coma alta

altitude, e em linhagens que tem crescimento mais rápido.

A Síndrome de ascite é hoje, possivelmente a doença de maior preocupação em

avicultura, devido aos seus grandes prejuízos causados. As mortes ocorrerem no período final

de criação e, além disso, ocorre grande número de aves condenadas no abatedouro. Mesmo

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que não cheguem a morrer, a inspeção veterinária no abatedouro condena as aves que

apresentam os sinais da doença, ou seja, líquido depositado na cavidade abdominal.

16.2) Síndrome de Morte Súbita (SMS)

A morte súbita (ou ataque cardíaco) ocorre em frangos de bom desempenho,

principalmente machos na fase final de criação, ou seja, alguns dias antes do abate. Não

existem sintomas ou lesões causadas pela doença. As aves que morrem tem aparência normal

e com bom peso. O problema é idêntico a ascite, ou seja, insuficiência circulatória, devido a

grande necessidade de oxigênio requerida pelo frango. Porém o ataque é mais agudo, levando

à ave a morte imediata.

Redução do estresse e restrição alimentar para reduzir a taxa de crescimento são, até

hoje, as únicas medidas possíveis para reduzir a mortalidade por SMS.

16.3) Síndrome de pernas tortas

O rápido crescimento dos frangos faz com que haja uma deficiência nos suprimentos

de minerais necessários a formação óssea, principalmente cálcio e fósforo. Tais distúrbios

levam a formação incompleta dos ossos das pernas. Isto é agravado pelo fato dos frangos

atingirem pesos corporais muito altos em pouco tempo, sendo que as pernas são as

responsáveis pela sustentação deste peso. Assim, muito peso sobre pernas fracas resulta em

problemas que comumente chamamos de “pernas tortas”. Isto traz como conseqüência

condenações de abatedouro e principalmente a redução do consumo de ração e ganho de peso

devido à dificuldade de locomoção, que impede o acesso ao bebedouro e comedouro.

17 VACINAS PARA FRANGOS DE CORTE

Na moderna avicultura a prevenção das doenças é a única forma viável de criar

frangos de corte, uma vez que o tratamento curativo de um lote é dispendioso e inviável.

Desta forma deve-se dar especial atenção ao manejo sanitário.

Em condições normais de criação a única vacina realizada em frangos de corte é a

contra a doença da Marek. Em regiões com intensa atividade avícola e que já teve problemas

70

sanitários outras vacinas podem se fazer necessárias, principalmente a vacina contra

Newcastle, muito usada em determinadas regiões do país.

Vacina nada mais é do que um vírus ou uma bactéria, preparada em laboratório

(atenuada ou inativada), que será administrada na ave com a finalidade de fazer com que a ave

produza anticorpos para matar ou expulsar aqueles vírus ou bactérias. Assim a ave adquire

aptidão para se defender adequadamente quando o organismo por ventura vier a ser atacado

pela doença.

17.1) Vias de aplicação de vacinas

Basicamente as vias de aplicação podem ser divididas em massais ou individuais. As

vacinações individuais proporcionam uma melhor proteção, porém envolvem mais mão-de-

obra. A vacinação massal é vantajosa em relação à mão-de-obra, mas não fornece um nível de

proteção uniforme. A via de aplicação individual pode ser via ocular, via nasal, via membrana

da asa ou via injetável. A via de aplicação massal pode ser via água de bebida ou por

nebulização.

a) Via água de bebida:

É o método mais empregado na vacinação de frangos de corte, principalmente contra a

Newcastle. Tem como principal vantagem à rapidez, praticidade e economia de mão-de-obra

na aplicação.

Para aplicação deste método deve-se tomar alguns cuidados:

1) Retirar a água das aves por pelo menos duas horas;

2) Na vacinação não usar água clorada;

3) Lavar adequadamente os bebedouros, somente com água, antes da colocação da vacina;

4) Seguir corretamente todas as instruções da vacina;

5) Fornecer bebedouros em quantidade suficiente par que todas as aves bebam água em curto

espaço de tempo.

Outro fator importante é a quantidade de água a ser utilizada para a vacinação, pois

todas as aves precisam beber suficientemente a água com vacina, num prazo máximo de duas

horas. Após este prazo a vacina perde sua validade. A quantidade de água que se deve diluir a

vacina para 100 aves pode ser a seguinte:

71

Idade Litros de água (para 1.000 aves)

1 a 4 semanas 7 a 10

4 a 8 semanas 15 a 20

acima de 8 semanas 30 a 40

b) Via nebulização:

É um método usado principalmente para doenças respiratórias. Consiste na utilização

de um equipamento que nebulize o ambiente em forma de pequenas partículas de água que

ficam suspensas no ar por algum tempo e as aves ao respirarem, aspiram o ar com a vacina. É

importante neste método, que o tamanho das partículas de água formada sejam o menor

possível para que permaneçam no ar por mais tempo e sejam mais facilmente absorvidas pelo

sistema respiratório. Outro fator importante é que o galpão seja bem fechado com as cortinas

para que as partículas de vacina não saiam facilmente do galpão.

c) Vacinação via ocular ou nasal:

É uma via individual, na qual cada ave recebe uma gota de vacina podendo ser no olho

ou na narina. Utiliza-se para isso um conta-gotas comum. É o método bem confiável, porém

necessita de muita mão-de-obra.

Uma gota equivale a 0,03 mL, ou seja, 33 gotas equivalem a 1 mL Esta informação é

importante, pois a vacina deve ser adicionada em um diluente (água destilada ou água fervida)

para ser aplicada, e esta quantidade de diluente deve ser em função do número de doses do

frasco da vacina.

d) Vacinação na membrana da asa:

Esta vacinação é realizada especificamente para a doença da Bouba. A membrana da

asa é perfurada com um estilete de duas pontas, as quais são embebidas na solução de vacina

e, ao perfurarem a membrana, deixam aí dose adequada da vacina.

72

e) Vacinação injetável:

A via intramuscular é mais usada em galinhas de postura e matrizes. Em frangos de

corte a via mais utilizada é a subcutânea, principalmente porque são aplicadas em pintos

jovens (1 dia). O local de aplicação deve ser na região do pescoço pela facilidade que a pele se

distancia da parte interna do pescoço. É assim que é aplicada a vacina contra a Marek no

primeiro dia de vida dos pintinhos, ainda no incubatório. Outras vacina tais como Gumboro,

Newcastle e Bronquite Infecciosa, quando se fizerem necessárias, são aplicadas no primeiro

dia, juntamente com a Marek, via subcutânea. Existem, nos incubatórios, equipamentos

apropriados para a realização da vacinação subcutânea em pintinhos, com os quais uma pessoa

treinada pode vacinar 3.000 pintos por hora.

18 RESTRIÇÃO ALIMENTAR EM FRANGOS DE CORTE

O melhoramento genético propiciou aos frangos um ganho de peso extremamente alto

e rápido, com ótima conversão alimentar. Inúmeros problemas vieram acompanhando esta

evolução, a tal ponto que hoje, tenta-se reduzi-los limitando-se a alimentação dos frangos para

que cresçam de maneira mais lenta. Assim a prática da restrição alimentar pode ser aplicada

quando se pretende atingir um dos seguintes objetivos:

a) Reduzir a taxa de crescimento para reduzir as doenças de produção: Ascite, morte súbita e

pernas tortas. Para atingir este objetivo as restrições são realizadas nas primeiras semanas de

vida dos frangos (geralmente entre 7 e 15 dias). Assim, ao invés dos frangos crescerem rápido

no início e mais lentamente no final, ocorreria uma inversão reduzindo o crescimento no início

e aumentando-o na fase final.

b) Reduzir a gordura corporal reduzindo-se a reprodução de células gordurosas (adipócitos) no

período em que elas estão com alta taxa de reprodução, que é até a 3a semana. Diminuindo-se

a alimentação nesta idade haverá menor número de adipócitos e assim nas semanas seguintes

haverá menor depósito de gordura por haver menos adipócitos, resultando em diminuição da

gordura dos frangos.

c) Reduzir o estresse calórico dos frangos. A produção de calor de um frango em jejum é 25 a

40% menor do que um frango se alimentando. Após o consumo de alimento, a temperatura

corporal de um frango aumento devido o aumento da atividade metabólica. Em dias muito

73

quentes, observa-se mortalidade acentuada algumas horas após o pico de calor. Portanto,

retirar a alimentação nas horas mais quentes do dia podem ajudar na redução da mortalidade

por estresse calórico. Geralmente deve-se retirar a ração algumas horas antes do pico máximo

de temperatura. É necessária a complementação de luz à noite para suprir a restrição aplicada

durante o dia.

19 CRIAÇÃO DE FRANGOS COM SEPARAÇÃO DE SEXO

A criação de frango com sexo separado já era realizada desde a década de 60.

Entretanto o custo que a sexagem representava para uma criação de frangos de corte,

inviabilizava esta prática. A sexagem era feita pela cloaca, sendo uma técnica dispendiosa,

lenta e dominada por poucos especialistas.

Com os avanços da genética, houve a introdução de um gen ligado ao sexo,

responsável pelo empenamento das aves. Assim, as fêmeas, desde o nascimento, tem as penas

primárias maiores do que as penas de cobertura. Isto caracteriza um empenamento precoce. Os

machos apresentam as penas primárias do mesmo tamanho que as penas de cobertura

(empenamento tardio). Esta diferença no tamanho das penas tende a desaparecer algumas

horas após o nascimento dificultando ou confundindo a diferenciação. Entretanto, quando

realizada logo após o nascimento, a sexagem se tornou uma prática extremamente fácil e

conseqüentemente de baixo custo. Uma pessoa treinada pode sexar até 4.000 pintos por hora.

74

Diferença de empenamento entre machos e fêmeas:

MACHOS FÊMEAS

Penas primárias iguais às Penas primárias maiores que as penas de cobertura penas de cobertura

Figura 22. Diferença de empenamento da asa entre machos e fêmeas, à esquerda o macho e a

direita fêmea.

A criação com separação de sexo apresenta algumas vantagens, tais como:

a) Maior uniformidade do lote, já que as fêmeas ganham menos peso do que os machos. Com

o passar das semanas esta diferença vai aumentando e, aos 42 dias de idade uma fêmea pode

estar pesando 300 a 400 g a menos do que o macho.

b) As diferenças no ganho de peso e conseqüentemente no tamanho permitiriam uma

regulagem mais adequada dos equipamentos. A altura de comedouros e bebedouros não fica

adequada quando a criação é em lote misto. Isto pode propiciar maior desperdício de ração,

derramamento de água na cama, bem como dificuldade de acesso aos bebedouros e

comedouros pelas aves menores (fêmeas).

c) As fêmeas poderiam ser criadas em densidade maiores, já que tem um crescimento menor.

É possível criar de 2 a 3 fêmeas a mais por m2 do que quando a criação é em lote misto.

d) A criação com separação de sexos permite que os abatedouros regulem seus equipamentos

em função do tamanho das aves. Assim a maior uniformidade do lote permite maior eficiência

dos equipamentos do abatedouro.

75

e) Numa mesma idade, as fêmeas acumulam mais gordura do que os machos. Devido a isso

algumas empresas programam o abate das fêmeas em idades mais precoces (32-35 dias) para

evitar o acúmulo de gordura. Estas aves são utilizadas principalmente para exportação a países

que exigem frangos menores.

f) As exigências nutricionais são diferentes entre machos e fêmeas. Os machos por se

alimentarem mais e ganharem peso mais rapidamente necessitam de mais energia e proteína na

ração em relação às fêmeas. Assim, quando se adequa uma ração para os machos pode estar

sobrando para as fêmeas. Ao contrário, se a ração é adequada às fêmeas, os machos podem

estar ganhando menos peso do que poderiam, devido à ração deficiente.

g) Os machos tem alta taxa de mortalidade por Ascite e Morte súbita. Medidas para amenizar

estas mortes poderiam ser aplicadas nos lotes de machos, enquanto que nos lotes de fêmeas

não haveria necessidade.

h) Outros fatores tias como iluminação do galpão e temperatura ambiente tem ação

diferenciada sobre os machos e fêmeas.

Devido a estas inúmeras vantagens, a criação com separação de sexo vem ganhando

espaço entre os avicultores e, é possível que dentro de alguns anos, a maioria das granjas

pratiquem este sistema de criação.

O que ainda não está bem definido é à maneira de remuneração dos avicultores que

trabalham com integração, já que não existe diferenciação no Fator de Produção (F.P.). Isto

prejudica quem cria somente fêmeas.

20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MENDES, A. A.; NAAS, I. A.; MACARI, M. Produção de Frangos de Corte. Campinas:

FACTA, 2004. 356p.

ROSTAGNO, H.S. et al. Composição de alimentos e exigências nutricionais de aves e

suínos (tabelas brasileiras). Viçosa: UFV, 2000. 139p.

76

AVICULTURA DE POSTURA (Prof. Antonio Gilberto Bertechini)

1 INTRODUÇÃO O setor de avicultura pode ser considerado o segmento mais desenvolvido e tecnificado

da agropecuária mundial.

Até 1930, este segmento não tinha nenhuma expressão, sendo que a partir de 1940,

devido ao aparecimento de diversas doenças nas pequenas criações, fornou-se nos EUA, uma

comissão de saúde, para investigar e resolver os problemas. Assim, se iniciou processos de

seleção e controles de pequenos planteis, sem tecnologia, com baixa produção sendo indicado

nesta época 10 m2 por ave nas criações.

Os avanços do melhoramento genético aliado ao desenvolvimento da nutrição,

sanidade e manejo, resultaram na avicultura industrial atual, de alta eficiência e organização,

para produção de proteína animal do mais alto valor biológico para o consumo humano e de

menor custo.

O segmento da avicultura está alicerçado na evolução da produção de insumos,

principalmente milho e soja, principais ingredientes das rações das aves. No Brasil, o maior

consumo desses insumos são para a avicultura, que têm seus preços regulados pelo mercado

mundial. Assim, a lucratividade do setor depende diretamente da situação de produção desses

cereais ao nível mundial, já que, os preços de ovos e carne de frangos apresenta certa

estabilidade nos mercados importadores.

As estatísticas de produção indicam evolução da avicultura mundial, principalmente

nos países asiáticos, com maiores incrementos. Atualmente, pode-se informar que os EUA são

os maiores produtores de frangos de corte, ainda por algum tempo. O Brasil ocupa a 3ª posição

na produção de frangos de corte e 1º exportador. Na produção de ovos, destaca-se a China ,

estando o Brasil em 7º lugar, com produção em 2006 foi de 73.712.494 caixas de 30 dúzias de

ovos.

A avicultura de postura no Brasil está mais ou menos estabilizada em

aproximadamente 84.000.000 (UBA, 2006) de aves alojadas, sendo que o baixo consumo de

ovos é o fator de estabilização deste plantel. O Brasil tem um consumo de ovos muito baixo

(Tabela 1) sendo o segundo mais baixo da América Latina, perdendo somente para o Panamá,

que tem o menor consumo de ovos per capta. Na Tabela 2 estão informados os consumos per

capta dos países que apresentam maiores consumos de ovos anuais. O consumo de ovos no

77

Brasil é pequeno devido a efeitos significativos da mídia e dos profissionais de saúde, que, por

desconhecimento dos resultados científicos do uso de ovos, inibem a sua ingestão, que

representa o produto de melhor valor biológico da natureza, com uma composição completa de

todos os nutrientes necessários para a boa saúde humana.

Tabela 1 Evolução da produção de ovos e consumo per capta no Brasil.1

Ano Plantel, milhares Produção, caixas Consumo per capita

1991 56.450 37.930 92

1994 56.018 37.639 89

1997 52.074 35.404 88

2000 60.860 41.100 91

2001

2003

2004

2006

63.152

79.396

82.214

84.000

42.433

62.855

66.318

67.500

92

105

125

126 1Relatório UBA/2007

Tabela 2 Consumo per capta de ovos/ano (2005) e número de poedeiras por habitante de alguns países.

País Consumo per capita País Poedeiras/habitante

Dinamarca (1º) 419 Países Baixos 2,0

Japão 371 Japão 1,2

China 349 USA 1,0

Holanda 333 França 0,9

México 327 Espanha 0,9

França 318 Rússia 0,7

USA 312 Argentina 0,6

Alemanha 310 Brasil 0,4

Hong Kong 310 Índia 0,1

Canadá 308

Espanha

Paraguai

300

299

Colômbia

Brasil (67º)

220

126

Fonte: Adaptado de FAO (2005).

78

No Brasil, os principais produtores de ovos encontram-se no Sudeste enquanto

a produção de frangos de corte tem sua maior concentração na Região Sul. A tabela 3 indica

as principais empresas produtoras de ovos, sendo a maioria delas, com uso de alta tecnologia

de produção.

Tabela 3. Principais empresas produtoras de ovos no Brasil.

Empresa Cidade Número aves

Aviário Mantiqueira

Granja Yabuta

Itanhandú-MG

Bastos-SP

3.200.000

3.000.000

Somai Nordeste Montes Claros-MG 2.200.000

Grupo EMAPE Barreiras-CE 1.500.000

Granja Shigheno Tatuí-SP 1.200.000

Granja Katayama Guararapes – SP 1.200.000

Solar Salvador do Sul-RS 1.000.000

Granja Sumaré Sumaré-SP 1.000.000

Granja Antunes Avaré-SP 1.000.000

Aviário Santo Antonio Nepomuceno-MG 1.000.000

Gaasa Goiás – GO 1.000.000

Granja Sossego Entre Rios-BA 800.000

Granja Shinoda Porto Feliz – SP 600.000

Fonte: Relatório UBA/2007

2 AS POEDEIRAS COMERCIAIS MODERNAS

A avicultura de postura tem por objetivo a produção de ovos para consumo . A maior

parte dos ovos produzidos no Brasil é consumido diretamente (95%), enquanto que pequena

parcela é utilizada pela indústria de processados. No processamento se produz ovo em pó

integral, gema, albúmen e no futuro, outros produtos de ovos poderão ser produzidos como

ovo integral pasteurizado, congelado, resfriado, associado a outras substâncias para

modificação de odor e/ou sabor, bem como ovo com sal ou açúcar, para serem utilizados como

matérias primas na confecção de outros produtos. Nos EUA, o processamento de ovos chega a

aproximadamente 36%.

O consumo de ovos no Brasil é heterogêneo em relação a sazonalidade e classes

sociais. O maior consumo de ovos ocorre no período de frio, sendo que em janeiro, registra-se

79

o menor consumo do produto. Quanto ao poder aquisitivo, existe maior consumo de ovos nas

classes com poder aquisitivo médio, sendo que as classes com alto e baixo poder aquisitivo,

registra-se menores consumo. Apesar de ser produto de melhor valor biológico, a maioria das

crianças e as pessoas idosas, praticamente não consomem o ovo, devido principalmente às

informações inverídicas da mídia e dos profissionais de saúde.

As poedeiras comerciais produzem ovos tanto de casca branca como marrom. Apesar

da diferença de cores da casca, os produtos possuem o mesmo valor nutricional. As aves de

origem da raça Leghornia, produzem ovos com casca branca, sendo que as aves que

produzem ovos de cor, são de origem de cruzamentos de raças como New Hampshire e Rhod

Island Red .

2.1 Modelo de cruzamentos para produção da galinha poedeira moderna Linha 1 Linha 2 Linha 3 Linha 4 A B C D Alta Alto Peso Resistência Baixo Produção Ovo Casca Peso AB CD ABCD Linha Comercial

Ovos Brancos

A partir de 1950, iniciou-se os trabalhos de melhoramento genético utilizando estas

aves, em cruzamentos com a finalidade de explorar o vigor híbrido, produzindo aves cada vez

produtivas, seja para corte ou postura. Atualmente, o termo raça ou linhagem não se aplica,

LEGHORNIAS

80

pois, as diversas gerações de seleção e cruzamentos direcionou as linhas puras com o objetivo

final da produção de híbridos. Aproximadamente 12 criadores principais, sendo a maioria nos

EUA, mantém as raças primárias, onde são realizados os trabalhos de genética e satisfazem

entre 80 a 90% de toda a demanda mundial de reprodutores.

Na Tabela 2.1 estão as mais importantes raças de aves e suas características, separadas

pelas classes de origem.

Tabela 2.1 Principais raças de aves e suas características Peso

macho,g Peso

fêmea, g

Crista Cor orelha

Cor pele

Cor canela

Penas nos pés

Cor dos ovos

AMERICANAS

Plymouth Rock 4300 3400 Simples Vermelha Amarela Amarela Não Marrom Wyandotte 3860 2950 Rosa Vermelha Amarela Amarela Não Marrom Rhode Island Red 3860 2950 Simples Vermelha Amarela Amarela Não Marrom Jersey Black Giant 5900 4540 Simples Vermelha Amarela Preta Não Marrom New Hamphire 3860 2950 Simples Vermelha Amarela Amarela Não Marrom ASIÁTICAS

Brahma 5450 4300 Ervilha Vermelha Amarela Amarela Sim Marrom

Cochin 5000 3860 Simples Vermelha Amarela Amarela Sim Marrom

Langshan (black) 4300 3400 Simples Vermelha Branca Azulada Sim Marrom

INGLESAS

Australorp 3860 2950 Simples Vermelha Branca Escura Não Marrom

Cornish (escura) 4540 3400 Ervilha Vermelha Amarela Amarela Não Marrom

Orpington 4550 3500 Simples Vermelha Branca Branca Não Marrom

Sussex 4000 3180 Simples Vermelha Branca Branca Não Marrom

MEDITERRÂNEA

Leghorn 2700 2000 Simples/rosa Branca Amarela Amarela Não Branca

Minorca 4000 3400 Simples Branca Branca Escura Não Branca

Ancona 2700 2000 Simples/rosa Branca Amarela Amarela Não Branca

Andalusia 3100 2500 Simples Branca Branca Azulada Não Branca

Fonte – Austic & Neshein (1990)

81

2.2 Principais poedeiras comerciais – Brasil Ovos brancos Ovos vermelhos Empresa 1. Hy-line Hy-line W-36 Hy-line Brown Hy-line do Brasil Ltda 1. Hy-line Hy-line W-98 2. Lohmann Lohmann – LSL Lohmann Brown Granja Planalto S/A 3. Hisex Hisex White Hisex Brown Globoaves Ltda 4. Shaver Shaver White Shaver Brown Coop. Cotia S/A 5. Babcock Babcock B-300 Babcock B-380

ISA Brown ISA Avícola Ltda

2.3 Características das poedeiras modernas

• Peso corporal – 1300 – 1350 g no início de postura • Peso corporal – 1500 –1600 g - adulta • Alta produção de ovos – 290 – 318 ovos/52 semanas (1º ciclo de produção) • Ovos de tamanho bom – média de 57 g • Conversão alimentar – 20-60 semanas (kg ração/dz ovos) – 1,40 • Conversão alimentar - 20-80 semanas (kg ração/dz ovos ) – 1,46 • Conversão alimentar – 20- 60 semanas (kg ração/kg ovos) - 1,98 • Conversão alimentar - 20-80 semanas (kg ração/kg ovos) – 2,04 • Viabilidade de 20 a 60 semanas – 98 % • Viabilidade de 20 a 80 semanas – 96% • Dias do nascimento a 50% de produção - 140 a 155 dias • Resistentes à doenças

- Alta viabilidade na cria e recria (97 –98 %) - Alta viabilidade na fase de produção (94 – 96 %)

2.4 Características fisiológicas das aves de postura

Dias Semanas Características

01 - Pintinhas de 1 dia – início da criação

35 5 Desenvolvimento dos orgãos viscerais, trato digestório e corporal

84 12 Desenvolvimento corporal e esquelético 112 16 Desenvolvimento e amadurecimento do aparelho reprodutivo – inicia-

se a deposição de gordura para a pré-postura 126 18 Início da fase de postura – 5% do plantel começam a produzir ovos

(aves adultas) 154 22 Plantel sexualmente maduro – 50% de produção de ovos 175 25 Aves no pico de produção de ovos ( mais de 90%) – (94 – 96 %) 315 45 Aves encontram-se no pico de produção (90%) 420 60 Aves encontram-se com aproximadamente 85% de produção 504 72 Aves no final do primeiro ciclo de produção – 70% de produção

82

2.4.1 Fisiologia da produção de ovos

As poedeiras híbridas modernas possuem o ovário esquerdo funcional. O

desenvolvimento folicular segue rítmo circadiano, onde um conjunto de folículos se

desenvolve, com diferencial de maneira a participar da ovulação sequencial diária que ocorre

durante a fase de produção. A seguir será ilustrado os vários segmentos e características do

oviduto da ave.

A liberação do óvulo próximo ocorre entre 40 e 60´ após a oviposição.

Normalmente as ovulações ocorrem no período da manhã. Assim, tem-se a oviposição com

maior frequência realizada nas primeiras horas do dia. A formação das estruturas moles do

ovo, ocorrem praticamente durante o dia , sendo que a casca, tem seu início no período da

tarde, prolongando-se durante a noite. A formação do ovo é uma verdadeira maravilha

bioquímica pluridimensional. O maior tempo de retenção do ovo no oviduto ocorre durante a

formação e calcificação da casca . Este é um processo lento, onde existe todo um processo

fisiológico voltado para a manutenção da hipercalcemia para suportar a normalidade de

formação do carbonato de cálcio da casca. A formação final da casca ocorre quando a ave não

está ingerindo ração, assim, deve-se preocupar com o aporte adequado e granulomentria do

calcário para que durante a fase final, onde os níveis séricos de cálcio chega a 250 mg%, se

tenha algum suporte de cálcio a nível de duodeno, evitando assim, uma maior intensidade de

reabsorção óssea, quando os osteoclástos estão ativados, por ação principalmento do hormônio

PTH. Mesmo considerando um suporte adequado de cálcio, ainda assim , ocorre reabsorção

óssea, para regular a acidose respiratória durante a formação da casca, onde a produção de íons

bicarbonato, resulta em alta produção de H+ que possibilita a acidificação sanguínea. O P

neste caso, ajuda a carrear estes íons, evitando acidose respiratória excessiva.

83

Segmento Função Medida Tempo

Infundíbulo Captar óvulos 9 cm 18´

Magno Secreção de albúmen 33 cm 2, 54´

Ístimo Formção membranas 10 cm 1,40´

Útero ou câmara

calcífera

Produção da casca 12 cm 20,40´

Vagina Dar passagem ao ovo

e lubrificação

12 cm

Total 76 cm 25,52´

2.5 Características das granjas de postura modernas

• Plantéis de poedeiras acima de 50.000 aves em produção ( grandes empresas com

grandes volumes de produção)

• Alta competitividade devido ao consumo estagnado

• Uso de alta tecnologia para redução dos custos de produção

• Produção de ração na própria granja

• Ração a granel

• Assistência técnica constante e particular

• Classificação e processamento dos ovos (lavagem + classificação + embalagem)

para melhorar qualidade e atendimento das normas legais

• Produção independente não integrada

• Sistemas simples de produção até totalmente automatizado (tendência geral)

• Utilização do sistema de produção ALL IN ALL OUT

• Exploração das galinhas por mais de um ciclo de produção, dependendo da situação

de preços dos ovos no mercado consumidor e período do ano

• Planejamento da produção com produção aproximadamente constante, com uso de

várias entradas de pintinhas ao ano.

• Controle zootécnico informatizado

• Possuem bom controle da biosseguridade da granja

84

2.6 Exploração das poedeiras comerciais

Na exploração das poedeiras comerciais, dois segmentos distintos podem ser

considerados. O primeiro refere-se a fase de criação das frangas de reposição e o segundo, a

fase de produção de ovos para consumo.

2.6.1.1 Fase de produção das frangas de reposição

Objetivos - produção de frangas saudáveis, com peso adequado para a linhagem,

maturidade sexual adequada, alta uniformidade, idade adequada ao início de postura e

imunizadas quanto as doenças.

Sistemas de criação

A . Pinteiro no piso até 16 semanas

Cria-se as aves de 1 dia até 42 dias ou de 1 a 16 semanas (transferência para gaiolas de

postura) em sistema cama, no piso, semelhante a criação de frangos de corte. O sistema de

circulo de proteção e sistema de aquecimento é semelhante tambeém. Normalmente a criação

no piso é somente até 42 dias, em uma densidade de até 30 aves/m2 e depois dessa fase de

cria, transfere-se para as gaiolas de recria, onde ficarão as franguinhas até 16 semanas de

idade. Quando as aves são criadas desde um dia até 16 semanas no chão, muda-se a densidade

de maneira que na fase de 7 a 12 semanas a densidade seja de 20 aves/m2 e de 12 a 16

semanas de 12 - 14 aves/m2 . As granjas mais tecnificadas tem abolido este sistema de criação

em piso devido a dificuldade de controles e manejo das aves. Porém, ainda é muito usado

devido ao seu baixo custo.

85

Equipamentos Idade, semanas Dimensionamento

Comedouro tipo bandeja

60 x 40 x 4 cm

1 1 : 80 aves

Bebedouro copo,

Pressão,

Bebedouro tipo nipple ou

Bebedouro pendular

1

1

1

1

1 : 80 aves

1 : 16 aves – cria

1 : 12 aves – recria

1 : 80 aves

Comedouro tubular ou

Comedouro tuboflex autom.

Até 16 semanas

Até 16 semanas

1 : 30 aves

1 : 20 aves por prato

B. Pinteiro no piso até 42 dias e depois gaiolas de recria

Este sistema é o mais usado atualmente, pois, se tem maiores controles das doenças, as

práticas individuais como vacinações, debicagem, controles de pesos e consumo de ração são

mais eficientes, além de redução de mão-de-obra. As aves seriam criadas até 42 dias no

sistema piso normal e depois transferidas para as gaiolas de recria. As gaiolas de recria são

padronizadas no tamanho de 2 (50 x 50 x 38 cm), onde são alojadas de 7 a 8 aves brancas ou

de 6 a 7 aves vermelhas em cada boxe, resultando nas densidades aproximadas de 357 e 416

cm2 para cada ave, branca e vermelha, respectivamente. A gaiola total possui 1 m de frente e

50 cm de fundo. Neste sistema uma pessoa pode cuidar de até 50.000 aves, realizando as

práticas de manejo normais.

C. Sistema de criação em gaiola de 1 a 16 semanas de idade

Este sistema é o mais moderno, onde as pintinhas são alojadas em gaiolas com

sistemas de aquecimento do ambiente ou individuais, não tendo contato com o piso até a sua

transferência para as gaiolas de postura. Normalmente estas gaiolas possuem as dimensões de

100 cm de comprimento, 80 cm de profundidade e 30 cm de altura, comportando 40 pintinhas

até 42 dias de idade. A partir dessa idade faz-se a redução da densidade de maneira que as aves

86

tenham no mínimo 310 e 360 cm2 de área para cada ave, branca e vermelha, respectivamente

((24 aves brancas e 22 vermelhas por gaiola) .

2.6.2 Fase de produção

As aves iniciam a fase de produção por volta de 18 a 19 semanas de idade, sendo que

neste período deve se evitar ao máximo o estresse das aves. Porisso que existe a

recomendação de transferência das frangas por volta de 16 semanas de idade, para que se

adaptem a gaiola e se estabeleça a ordem de bicagem antes de iniciarem a postura. Assim, o

início da produção ocorre sem interferência externa e sm tem melhores resultados de

produção.

Existem várias configurações de gaiolas de recria. Uma muito utilizada é o modelo

Flórida, com as dimensões de 25 x 45 x 38 cm, sendo alojada 3 aves brancas ou 2 aves

vermelhas, resultando em 375 e 562 cm2 por ave, respectivamente. Esta gaiola possui 4

boxes nestas dimensões, totalizando 12 aves brancas ou 8 aves vermelhas por gaiola total.

No entanto, as gaiolas mais modernas atualmente são as que possui somente duas divisões e

são nas dimensões de 50 x 45 x 38, abrigando 6 aves brancas e 5 vermelhas. Existe na

Europa, recomendações de densidades mínimas para criar galinhas em gaiolas, devido a

pressão dos ambientalistas. Estas recomendações são maiores das praticadas no Brasil

(Tabela 2.2)

Tabela 2.2. Densidade ideal para criação de poedeiras em gaiola, segundo o país.

País Área (cm2) Dinamarca 600 Alemanha 550 Suécia 480 Suíça 700 Inglaterra 550 (3 aves) 740 (2 aves) Campos, 2000. O tipo de bebedouro mais recomendado é do tipo nipple, sendo colocado um em cada

gaiola. A recomendação máxima para este tipo de bebedouro seria para 10 aves em produção.

No entanto, se tem usado um bebedouro para 12 aves (uma gaiola), com bons resultados. O

87

outro tipo de bebedouro seria o tipo calha. Neste sistema, é preciso de água corrente, além de

aumentar a mão-de-obra com limpezas diárias. O gasto de água seria maior neste sistema.

Os comedouros comumente utilizados nas criações em gaiolas são do tipo calha.

São confeccionados em chapa galvanizada, madeira ou plástico, em forma de “U”. As

dimensões podem ser observadas na figura abaixo. A ração é distribuída manualmente ou

mecanicamente com auxilio de carinhos distribuidores de ração. As gaiolas de postura já são

fabricadas com o local de encaixe de bebedouros e comedouros. Não se esquecer que o

comedouro sempre é instalado acima do bebedouro, quando este for do tipo calha.

5 cm

6 a 8cm

9 cm

15 cm

9 cm 10 cm

BEBEDOURO

COMEDOURO

3 MANEJO GERAL DA GRANJA DE POSTURA

O manejo geral da granja compreende todas as atividades diárias para manter o sistema

de produção em seu funcionamento normal. As atividades devem ser direcionadas seguindo

prioridades e pode ser dividida nas seguintes etapas:

3.1 Manejo nas fases de cria e recria das aves de reposição

O manejo da recria compreende todos os procedimentos necessários para o

recebimento das pintinhas e se inicia pelo preparo das instalações. Considerando o sistema de

cria no piso até 42 dias de idade, tem-se as atividades de desinfecção prévia, colocação da

cama, com as características desejáveis a seguir: ser um material leve e absorvente, possuir

partículas de tamanho médio, ser macio e que não se compacte (ter boa capacidade de

88

amortecimento), ser isolante térmico, ser livre de substâncias estranhas (plásticos, pregos,

madeiras), não possuir substancias tóxicas, ser disponível e de baixo custo. A camada de cama

deve ser em torno de 5 a 7 cm de espessura. Os materiais mais indicados são a maravalha

(cepilho de madeira - evitar pó), casca de arroz, sabugo de milho triturado, casca de café, e

outros materias como fenos de gramíneas triturados.

3.1.1.Preparo do círculo de proteção, que pode ser conjugado ou individual.

Os círculos de proteção têm as seguintes funções:

� Evitar corrente de ar sobre as pintinhas

� Evitar dispersão das aves, mantendo-as em torno do bebedouro e comedouro

� Concentrar as aves próxima a fonte de calor

� Redução do gasto com aquecimento, concentrando o calor

� Evitar cantos para que as pintinhas se percam ou se escondam, prejudicando o seu

aquecimento

Os círculos de proteção são montados individualmente ou conjugados, de acordo com

os equipamentos disponíveis. O importante é evitar hipotermia nas aves, prejudicando o seu

desenvolvimento posterior. A capacidade de aquecimento da campânula deve ser conhecido

para poder dimensionar o número de aves para cada equipamento. Outro fator importante que

determina o tipo de círculo a ser construído é a utilização de bebedouro tipo nipple. Quando

estes bebedouros são utilizados desde o primeiro dia de vida dos pintinhos e estão dispostos

em linhas contínuas, o círculo deve adaptar-se a este novo sistema de bebedouros. O exemplo

abaixo ilustra a disposição dos equipamentos quando se utiliza bebedouros tipo nipple e

comedouros tuboflex.

89

Círculo para 2.000 pintos ( + 30 m2 de área)

2 linhas de bebedouros nipple (70 bicos)

Campânulas infravermelho para 1000 pintos

Linha de comedouros (20 pratos)

Um outro modelo de círculo de proteção mais utilizado abriga 500 pintos e deve ter

aproximadamente 7,0 m2. Isso equivale a um círculo de 3,0 metros de diâmetro (1,5 m de

raio).

No caso do uso de campânulas com capacidade maior de 500 pintos, deve-se

redimensionar o circulo de proteção. Existem campânulas para 500, 1000 e até 2500 pintos.

Exemplificando o uso de campânula com capacidade de aquecimento de 1000 pintos.

500 pintos -------- 7,0 m2

1000 pintos -------14,0 m2

a = π . R2

14 = 3,14. R2

R2 = 14 ÷ 3,14 = 4,458

R = 4 458,

R = 2,11 m

2,11 m

A campânula deve sempre ser instalada no centro do círculo;

90

Os comedouros e bebedouros devem sempre ser dispostos alternadamente. Nunca

devem ficar encostados ao cercado do círculo e nem em baixo da campânula.

Quando possível deve-se forrar o piso dos círculos com papel, geralmente jornais

velhos. Esta prática tem como objetivo evitar que os pintos sujem os comedouros e

bebedouros e diminuir a perda de calor pelo piso. Atualmente, por medidas de economia de

mão-de-obra, muitos avicultores tem abandonado esta prática.

3.1.2 Preparo para a recepção das aves

� Montagem dos círculos, campânulas ou aquecedores , testando seu funcionamento

– manter a temperatura a 32 ºC próximo a pintinha

� Distribuir os comedouros e bebedouros, forrando o piso dos circulos com papel

� Nos momentos que antecedem a chegada prevista das pintinhas, deve-se completar

os bebedouros com água e os comedouros com ração

� Espalhar pequena porção de ração ao longo do forro de papel

� Manter as cortinas fechadas evitando correntes de ar

� Quando utilizar bebedouro tipo nipple, deve-se reduzir a pressão da água para

facilitar o consumo pela pintinha

� Manter as luzes acesas a uma intensidade alta 24 horas por dia, durante os

primeiros dois dias

Deve-se avaliar as pintinhas observando a sua atividade, os olhos brilhantes, umbigo

bem cicatrizado, tamanho e cor uniforme. Caso haja desuniformidade alojar separadamente os

menores. As canelas devem ser lustrosas e brilhantes, livres de deformidades. A plumagem

deve ser seca e macia, sem emplastamento de cloaca.

As pintinhas devem ser vacinadas contra a Marek no incubatório e transportados em

caixas desinfetadas com forração nova.

A distância do incubatório ao aviário não deve ser superior a 500 km por via rodoviária

ou 12 horas de transporte. Entregas distantes podem prejudicar as pintinhas pela demora no

fornecimento de ração e água.

91

No momento da soltura das aves, deve-se exercitar algumas aves no bebedouro e no

comedouro para que todas as aves possam aprender consumir água e ração o mais rápido

possível.

Deve-se iniciar o controle zootécnico do lote. Para isso deve-se preparar uma ficha,

onde se registra os seguintes dados: data de chegada; quantidade; marca das pintinhas;

procedência; vacinações efetuadas; peso médio das pintinhas; uniformidade das pintinhas,

porcentagem de pintinhas descartadas, etc.

Ao nascer o centro de termoregulação dos pintos não está desenvolvido. Isso faz com

que tenham um comportamento idêntico aos animais “pecilotérmicos”, ou seja, variam a

temperatura corporal conforme varia a temperatura ambiente. O centro de termoregulação só

fica completamente desenvolvido após a 2a semana de vida. Além disso, os pintos nascem

desprovidos de penas e tem uma grande relação área/volume que aumenta a perda de calor. O

pintinho até os 8 a 10 dias de idade sofre influência direta da temperatura do meio ambiente,

pois não consegue manter a sua temperatura corporal. Assim torna-se de extrema importância

o controle de temperatura na fase inicial. Na Tabela 3.1 é apresentada a temperatura ideal para

o bom desempenho das aves de acordo com a idade. De uma forma geral, pode-se trabalhar

com aquecimento suplementar até os 21 dias de idade.

Tabela 3.1. Temperatura ideal para as aves segundo a idade.

Idade (dias) Temperatura no interior do galpão

1° 32 °C

2° - 7° 30 °C

8° - 14° 29 °C

15° - 21° 27 °C

22° - 28° 24 °C

Após 28° 15 – 24°C

92

3.1.3 Comportamento das aves no círculo de proteção em função da temperatura

ambiente

As aves, quando em situação de desconforto térmico, adotam comportamentos que são

facilmente identificáveis pelo criador. A tabela 3.2 apresenta os diferentes comportamentos

dentro dos círculos de proteção em função do conforto térmico.

Tabela 3.2 Comportamento dos pintos em função da temperatura ambiente

Frio Quente Normal

- Piando

- Aglomerado no centro

- Reduz alimentação

- Problema respiratórios

- Congestão pulmonar

- Atraso no crescimento

- Empenamento fraco

- Alta mortalidade

- Piando, bico e asas

- Fuga para a periferia

- Respiração ofegante

- Diarréia

- Reduz alimentação

- Emplastamento da cloaca

- Atraso no crescimento

- Empenamento fraco

- Alta mortalidade

- Silenciosos

- Bem distribuídos

- Alimentação normal

- Saudáveis

- Sem diarréia

- Sem emplastamento

- Crescimento normal

- Empenamento normal

- Baixa mortalidade

3.1.4 Manejo na primeira semana

A primeira semana de criação das pintinhas é uma fase extremamente importante para

se conseguir bons resultados de peso e uniformindade das pintinhas aos 35 dias de idade.

Assim, vários fatores devem ser observados:

a) Temperatura: Deve ser realizado controle rígido da temperatura através do manejo das

campânulas e cortinas.

c) Círculos de proteção: O espaço inicialmente fornecido no círculo de proteção torna-se

insuficiente com o decorrer dos dias. Deve-se aumentar gradativamente a área disponível

as aves. Um esquema de aumento da área é proposto a seguir:

93

→ Aos 3 dias: aumentar a área dos círculos juntando-os de 2 em dois.

→ Aos 6 - 7 dias: juntar os cercados maiores de 2 em dois, de modo que junte os pintos que

inicialmente pertenciam a 4 círculos.

→ Aos 10 - 12 dias: retirar os círculos de proteção, deixando-se apenas uma separação no

galpão de tal maneira que os pintos ocupem ½ da área total do galpão.

→ De 12 a 18 dias: aumentar gradativamente o espaço, de 2 em 2 dias de tal maneira que aos

18 dias as frangas ocupem todo o galpão.

Os círculos conjugados dão segurança quanto ao aquecimento caso alguma campânula

esteja desregulada.

1 a 3 dias 3 a 6 dias

6 a 10 dias 10 a 18 dias

3.1.5 Debicagem

A debicagem nas frangas de reposição é uma prática recomendada pois, as estas aves

possuem habitos de bicagem, causando canibalismo e alta mortalidade das aves. Os objetivos

da debicagem são além de evitar o canibalismo, auxiliar no consumo uniforme de ração,

melhorando a uniformidade do plantel. As aves tornam-se desarmadas e ficam mais dóceis,

melhorando o comportamento de bicagens nos plantéis.

94

A primeira debicagem deve ser realizada próximo aos 10 dias e a segunda à 10ª

semana de idade das aves. A primeira, corta-se 1/3 do bico e a segunda, corta-se 2/3 do bico

superior e 1/2 do bico inferior. O corte do bico superior deve resultar em comprimento de 5 a

6 cm nas narinas da ave.

Condições para debicagem:

• Não debicar aves doentes

• Debicar as aves nas idades recomendadas pela linhagem

• O debicador deve estar com temperatura da lâmina adequada para o corte e

cauterização adequados

• O operador deve Ter conforto no momento da debicagem

• Deve-se evitar cortes desuniformes

• A lâmina do debicador deve estar ao rubro (550 ºC), para garantir uma eficaz

cauterização

• Aumentar a quantidade de ração no cocho por pelo menos 2 dias após a debicagem

• Quando possível fornecer ração antiestresse, rica em vitaminas , principalmente a

C.

• O processo da debicagem deve ser preciso e ordeiro, sem aumentar os estresse nas

aves

3.1.6 Controle do desenvolvimento corporal

O desenvolvimento corporal é um fator importante de controle de manejo. Mede-se o

peso médio do lote, através de amostragem que permite comparar o desenvolvimento da ave

em relação a Tabela de Peso da linhagem. Ao mesmo tempo, faz-se o teste de uniformidade do

lote, que serve para avaliar o desenvolvimento global frente as práticas de manejo

implementadas. Existe indicativos de padrão das linhagens que devem ser seguidos para se

obter bons resultados de produção na fase de postura. As principais idades que deve-se

conhecer a uniformidade são ao final da 5ª, 12ª e 16ª semanas de idade das aves. As

uniformidades dessas idades, possuem correlação com a fase de postura. A 5ª semana de idade

possui a maior correlação entre estas idades.

Para verificar a uniformidade de um plantel pode-se realizar as seguintes etapas:

95

• Pesar semanalmente durante toda a fase de recria. Definir um dia da semana para

esta atividade, sendo realizada sempre no mesmo horário

• Pesar uma amostra entre 1 a 3 % do lote, e, nunca deve ser inferior a 100 aves

• Pesar aves de diferentes locais ao longo do galpão, sendo sempre amostradas aves

ao acaso

• As aves devem ser pesadas individualmente e seus pesos anotados em ficha

apropriada para cálculos posteriores de uniformidade. A balança deve Ter precisão

para pesagens com divisões de gramas

• Apanhar as aves pelas duas pernas, impedindo que se debatam e evitando contusões

• Para se calcular a uniformidade, tomar o peso médio e a ele deduzir e adicionar

10%, tendo-se assim, os limites inferior e superior da amostra. Verificar em seguida

o número de aves em cada faixa de peso. A relação percentual entre o número

achado e o total de aves pesadas indica o grau de uniformidade do lote, como

exemplificado a seguir:

Número de aves pesadas = 150

Peso médio das aves = 1600 g

Limites de pesos - -10% = 1440 g

+10% = 1760 g

Número de aves dentro do limite entre +10% e – 10% = 122 aves

UNIFORMIDADE = 122 / 150 x 100 = 81,33%

Interpretação:

90 –100 % = ótima

80 – 90 % = muito boa

70 – 80 % = boa

60 – 70 % = regular

Menor 60% = ruim

São vários os fatores que afetam a uniformidade, e são listados a seguir:

96

• Ambiente – temperaturas elevadas

• Debicagem mal realizada

• Densidade de alojamento inadequada

• Qualidade da ração – níveis de EM, aminoácidos, vitaminas, etc.

• Sanidade – presença de doenças e qualidade sanitária das instalações e

equipamentos

• Falta de controle de estresses do plantel

3.1.7 Iluminação na recria

A luz exerce importantes efeitos sobre a fisiologia da ave. Pesquisas já demonstraram

que as aves possuem dois receptores dos estímulos luminosos. O primeiro é um receptor

superficial da retina e o segundo, um receptor hipotalâmico profundo, também denominado

receptor extra-retinal, que atua mesmo em aves cegas geneticamente ou por cirurgia. A luz

atuando no receptor extra-retinal, estimula uma porção do cérebro denominado hipotálamo,

que libera estímulos à glandula hipófise para a produção de hormônios gonadotróficos. Esses

hormônios, lançados na corrente sanguínea, irão promover o desenvolvimento ovariano e a sua

posterior liberação dos óvulos. Desta maneira, a quantidade de luz diária influencia na

maturidade sexual das aves e na taxa de produção de ovos. No Brasil, a quantidade de luz

diária é suficiente para o desenvolvimento fisiológico da ave durante a fase de recria. Tem-se

o menor dia do ano em 23 de junho e o maior em 23 de dezembro. Assim, aves criadas no

inicio do ano, estão sob luz decrescente, e desta forma, são mais tardias do que as criadas a

partir de agosto. Por outro lado, as diferenças são pequenas e não influenciam a produção das

aves . Assim, não é recomendado fornecer luz artificial complementar na recria de frangas no

Brasil, a não ser que algum problema de baixo desenvolvimento de plantéis, sejam necessários

estímulos para o seu desenvolvimento.

3.2 Manejo na fase pré-postura

A fase de pré-postura é importante para avaliar como o plantel se comporta no início

de produção. Nesta fase, as metas de peso corporal devem ser atingidas e representa o período

do início do programa de estimulação de luz para a produção. Deve-se fornecer aumentos

continuos de luz semanalmente, até atingir 16 ou 17 horas totais de iluminação diária. Iniciar

97

o programa de luz quando se inicia o fornecimento de ração de produção. A fase de pré-

postura pode variar dependendo da linhagem. Por outro lado, algumas considerações deverão

ser feitas :

• Procurar considerar que todas as galinhas estão no semestre

• Iniciar a iluminação juntamente com a ração de postura

• Oferecer pequena quantidade inicial de iluminação artificial (total de claridade de 14

horas por dia)

• Dar 4 aumentos semanais de 30 minutos

• Dar aumentos semanais de 20 minutos até completar 17 horas por dia

• Nunca permitir redução de luminosidade nesta fase

A seguir está exemplificado um programa de luz:

Semanas Dias Total Luz Ligar Desligar Ligar Desligar

1ª 140 – 147 14 h 5 h Após nascer sol Antes do ocaso 19 h

2ª 147 – 154 14:30 h 4:30 h Após nascer sol Antes do ocaso 19 h

3ª 154 – 161 15 h 4 h Após nascer sol Antes do ocaso 19 h

4ª 161 – 168 15:30 h 3:30 h Após nascer sol Antes do ocaso 19 h

5ª 168 – 175 16 h 3 h Após nascer sol Antes do ocaso 19 h

6ª 175 – 182 16:20 h 3 h Após nascer sol Antes do ocaso 19:20 h

7ª 182 – 189 16:40 h 3 h Após nascer sol Antes do ocaso 19:40 h

8ª 189 – 196 17 h 3 h Após nascer sol Antes do ocaso 20 h