Avaliação do efeito da gabapentina em modelo de dor ... · Chronic musculoskeletal disorders are...

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Alyne Santana Rosa Avaliação do efeito da gabapentina em modelo de dor muscular crônica em ratos Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Morfofuncionais do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências. São Paulo 2018

Transcript of Avaliação do efeito da gabapentina em modelo de dor ... · Chronic musculoskeletal disorders are...

Alyne Santana Rosa

Avaliação do efeito da gabapentina em modelo de dor

muscular crônica em ratos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Morfofuncionais do

Instituto de Ciências Biomédicas da

Universidade de São Paulo para obtenção do

título de Mestre em Ciências.

São Paulo

2018

Alyne Santana Rosa

Avaliação do efeito da gabapentina em modelo de dor

muscular crônica em ratos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Morfofuncionais do

Instituto de Ciências Biomédicas da

Universidade de São Paulo para obtenção do

título de Mestre em Ciências.

Área de concentração: Ciências Morfofuncionais

Orientadora: Profa. Dra. Marucia Chacur

Versão original

São Paulo

2018

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS

___________________________________________________________________________

Candidato (a): Alyne Santana Rosa

Título da Dissertação: Avaliação do efeito da gabapentina em modelo de dor muscular crônica

em ratos

Orientador (a): Marucia Chacur

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Dissertação de Mestrado, em sessão

pública realizada a ................./................./................., considerou

( ) Aprovado(a) ( ) Reprovado(a)

Examinador(a): Assinatura: ..............................................................................................

Nome: ......................................................................................................

Instituição: ..............................................................................................

Examinador(a): Assinatura: ..............................................................................................

Nome: ......................................................................................................

Instituição: ..............................................................................................

Examinador(a): Assinatura: ..............................................................................................

Nome: ......................................................................................................

Instituição: ..............................................................................................

Presidente: Assinatura: ..............................................................................................

Nome: ......................................................................................................

Instituição: ..............................................................................................

Dedico este trabalho a minha mãe, quem sempre me

inspirou e me deu forças para prosseguir, te amo muito!

AGRADECIMENTOS

Primeiramente e acima de tudo, agradeço a Deus por ter me capacitado e me dado

ânimo para concluir este trabalho.

Agradeço a minha família por todo incentivo, especialmente aos meus pais Sueli e

José, irmãos Felipe, Mayara, Tamires e Matheus, meu sobrinho Arthur, e ao meu esposo

Paulo. Vocês são minha base e quem eu sei que posso contar em todas as horas e em qualquer

situação. Amo vocês infinitamente! De nada valeria essa caminhada se eu não tivesse vocês!

Agradeço à minha orientadora, Profª Dra. Marucia Chacur, pela oportunidade e

paciência. Aos meus colegas de laboratório, Daniel, Igor, Rafael, Camilla, Lívia, Daniel

Marques, Cassio e Natalia, cada um de vocês contribuíram de alguma forma para que eu

chegasse até aqui, guardarei as boas lembranças! Também agradeço a Regina, Priscila, Aline

e Luana, pessoas que passaram pelo laboratório e ajudaram a construir nossa linha de

pesquisa!

Em especial, agradeço ao Fabio, sem o qual eu nem teria iniciado na pesquisa, serei

eternamente grata, por tudo! À Milena, quem me acompanhou desde o início e me ensinou

grande parte do que desenvolvi neste trabalho, muito obrigada! À Bianca e a Joyce, pessoas e

cientistas incríveis, por muito tempo foram meu braço direito aqui, obrigada, aprendi muito

com vocês!

Agradeço ainda a Mara e a Marina, amigas queridas que me apoiaram, enxugaram

minhas lágrimas e que não me deixaram desistir nas muitas vezes em que me abati e me

fizeram acreditar que não seria capaz. Meninas, eu amo vocês e desejo que vocês colham tudo

de bom que vocês plantaram aqui e que sejam reconhecidas pelo esforço e dedicação de

vocês, não se deixem vencer!

Aos professores e profissionais do Departamento de Anatomia e Programa de Pós-

graduação em Ciências Morfofuncionais do Instituto de Ciências Biomédicas da USP,

obrigada por todo suporte na execução deste projeto, bem como à FAPESP pelo

financiamento.

Sou muito grata a todos vocês!

Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do

homem foram conquistadas do que parecia impossível.

Charles Chaplin

Resumo

Resumo

Rosa AS. Avaliação do efeito da gabapentina em modelo de dor muscular crônica em ratos.

[Dissertação (Mestrado em Ciências Morfofuncionais)] São Paulo: Instituto de Ciências

Biomédicas, Universidade de São Paulo; 2018.

Afecções musculoesqueléticas crônicas são um problema de saúde pública devido à sua alta

prevalência, seu alto custo econômico e por seu impacto negativo na qualidade de vida de

pacientes e seus familiares. Diante disso, pesquisadores têm estudado lesões musculares em

modelos animais para melhor compreensão dos mecanismos envolvidos na iniciação e

manutenção de distúrbios musculoesqueléticos. Na tentativa de esclarecer os mecanismos

nociceptivos envolvidos neste processo e encontrar terapias efetivas, nosso grupo de pesquisa

vem utilizando modelos experimentais de dor e potenciais tratamentos farmacológicos e não

farmacológicos como objeto de estudo. O presente estudo teve como finalidade avaliar se o

tratamento farmacológico com gabapentina é eficaz em reverter a dor muscular de ratos com

miosite crônica induzida pela injeção de Adjuvante de Freund Completo (CFA) no músculo

gastrocnêmio, e ainda, analisar a influência da gabapentina em células gliais e citocinas pró e

anti-inflamatórias no sistema nervoso central e periférico destes animais. Nossos resultados

demonstram o efeito da gabapentina em células gliais. Esta ação induz uma diminuição na

expressão de astrócitos e microglias, levando a um aumento de citocinas anti-inflamatórias e

inibição de citocinas pró-inflamatórias e consequentemente uma melhora do quadro

nociceptivo em nosso modelo experimental.

Palavras-chave: Dor muscular crônica. Gabapentina. Hiperalgesia. Alodinia. Astrócitos.

Microglia.

Abstract

Abstract

Rosa, AS. Evaluation of the gabapentin effect in model of chronic muscle pain in rats.

[Masters thesis (Morphofunctional Sciences)]. Sao Paulo: Biomedical Sciences Institute,

University of São Paulo; 2018.

Chronic musculoskeletal disorders are a public health problem due to its high prevalence,

high economic cost and negative impact on patients and their relatives quality of life. Due to

this, researchers have been studying muscle injury in animal models to better understand the

mechanisms involved in the initiation and maintenance of musculoskeletal disturbs. To

elucidate the nociceptive mechanisms involved in this process and seek for effective

therapies, our research group has been using experimental models of pain and potential

pharmacological and non-pharmacological treatments as object of study. The aim of this study

was to assess whether the treatment with gabapentin is effective in reversing the muscle pain

injury in rats with chronic myositis induced by the injection of Complete Freund's Adjuvant

(CFA) in the gastrocnemius muscle. Also to analyze the influence of gabapentin on glial cells

and pro-and anti-inflammatory cytokines in the central and peripheral nervous system of these

animals. Our results demonstrate the effect of gabapentin on glial cells. This action are able to

decrease expression of astrocytes and microglia, leadind to an increase in anti-inflammatory

cytokines and inhibition of proinflammatory cytokines and an improvement of the nociceptive

picture in our experimental mode,

Keywords: Chronic muscle pain. Gabapentin. Hyperalgesia. Allodynia. Astrocytes.

Microglia.

Lista de abreviaturas

LISTA DE ABREVIATURAS

AMPA ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolepropionico

ANOVA Analysis of variance (Analise de Variância)

BSA Bovine Serum

CEUA Comissão de Ética em Uso Animal

CFA Complete Freund’s Adjuvant (Adjuvante Completo de Freund)

Cg Carragenina

CMD Concentração mínima detectada

COBEA Colégio Brasileiro de Experimentação Animal

CPME Corno/Coluna Posterior da Medula Espinal

DRG Dorsal Root Ganglia (Gânglio da Raiz Dorsal ou Gânglio da Coluna Posterior)

DTT Ditiotreitol

ECL Enhanced chemiluminescence

ELISA Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (Ensaio de Imunoabsorção Enzimática)

e.p.m Erro padrão da média

EUA Estados Unidos da America

FMUSP Faculdade de Medicina da USP

GABA ácido γ-aminobutírico

GBP Gabapentina

GFAP Anti-Glial Fibrillary Acidic Protein

IASP International Association for the Study of Pain

Lista de abreviaturas

ICB Instituto de Ciências Biomédicas

IL-1 Interleucina 1

IL-1β Interleucina 1 beta

IL-4 Interleucina 4

IL-6 Interleucina 6

IL-10 Interleucina 10

i.m. Intramuscular

i.p. Intraperitoneal

i.t. Intratecal

L3 Segmento lombar 3 da medula espinal

L4 Segmento lombar 4 da medula espinal

L5 Segmento lombar 5 da medula espinal

M. Músculo

MI Medida Inicial

MP Medida Parcial

MF Medida Final

NMDA N-metil D-aspartato

PFA Paraformaldeído

Ph Potential of hydrogen (Potencial hidrogeniônico)

Sal Salina

SNC Sistema Nervoso Central

TNF-α Tumor Necrosis Factor alpha (Fator de Necrose Tumoral alfa)

Lista de abreviaturas

USP Universidade de Sao Paulo

vs. Versus

6º d Sexto dia

12º d Décimo segundo dia

13º d Décimo terceiro dia

14º d Décimo quarto dia

1 h Uma hora

3 h Três horas

5 h Cinco horas

7 h Sete horas

24 h Vinte e quatro horas

Unidades

cm Centímetros

oC Grau(s) Celsius

G Gauge

g Grama(s)

h Horas

log logaritmo

M Molar

mA Miliampère

mg Miligramas

Lista de abreviaturas

µg Microgramas

min Minutos

mL Mililitros

µL Microlitros

mM Milimolar

µm Micrometro

µM Micromolar

% Porcentagem

rpm Rotações por minuto

V Volts

Lista de figuras

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Linha do tempo com as diferentes fases experimentais ao longo dos dias e horas.

Figura 2 - Ilustração do teste Von Frey eletrônico.

Figura 3 - Ilustração do teste de Hargreaves.

Figura 4 - Ilustração do teste Filamentos de Von Frey.

Figura 5 - Análise comportamental de animais com miosite crônica induzida por CFA após

tratamento com gabapentina.

Figura 6 - Análise comportamental da pata ipsilateral à lesão de animais com miosite crônica

induzida por CFA após tratamento com gabapentina.

Figura 7 - Análise comportamental da pata contralateral à lesão de animais com miosite

crônica induzida por CFA após tratamento com gabapentina.

Figura 8 - Dosagem de citocinas anti-inflamatórias no tálamo de animais com miosite crônica

induzida por CFA após tratamento com gabapentina.

Figura 9 - Dosagem de citocinas pró-inflamatórias no tálamo de animais com miosite crônica

induzida por CFA após tratamento com gabapentina.

Figura 10 - Dosagem de citocinas pró e anti-inflamatórias na medula espinal de animais com

miosite crônica induzida por CFA após tratamento com gabapentina.

Figura 11 - Dosagem de citocinas anti-inflamatórias no gânglio da coluna posterior de

animais com miosite crônica induzida por CFA após tratamento com gabapentina.

Figura 12 - Dosagem de citocinas pró-inflamatórias no gânglio da coluna posterior de

animais com miosite crônica induzida por CFA após tratamento com gabapentina

Figura 13 - Ilustração esquemática da região encefálica analisada.

Figura 14 - Imunorreatividade para astrócitos no tálamo de ratos com miosite crônica

induzida por CFA após tratamento com gabapentina.

Figura 15 - Imunorreatividade para microglia no tálamo de ratos com miosite crônica

induzida por CFA após tratamento com gabapentina.

Figura 16 - Expressão proteica de células gliais satélites de ratos com miosite crônica

induzida por CFA após tratamento com gabapentina.

Sumário

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA...........................................................18

1.1 DOR - CONSIDERAÇÕES GERAIS.................................................................................18

1.2 SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL E PERIFÉRICA.............................................................20

1.3 DOR MUSCULOESQULÉTICA.......................................................................................22

1.4 DOR E CÉLULAS DA GLIA.............................................................................................23

1.5 GABAPENTINA................................................................................................................24

2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS.....................................................................................26

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................................26

3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................................27

3.1 ANIMAIS............................................................................................................................27

3.1.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL..............................................................................27

3.2 INDUÇÃO DE MIOSITE CRÔNICA................................................................................27

3.3 AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE NOCICEPTIVA....................................................28

3.3.1 TESTE DE HIPERALGESIA MECÂNICA - VON FREY ELETRÔNICO........................28

3.3.2 TESTE DE HIPERALGESIA TÉRMICA - HARGREAVES TEST ...................................29

3.3.3 ALODINIA MECÂNICA – FILAMENTOS DE VON FREY.............................................30

3.4 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO.............................................................................30

3.5 ENSAIO PARA DOSAGEM DE CITOCINAS POR TECNOLOGIA MULTIPLEX......31

3.6 ENSAIO DE IMUNO-HISTOQUÍMICA...........................................................................31

Sumário

3.7 ENSAIO DE WESTERN BLOTTING...............................................................................32

3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................................................33

4 RESULTADOS.....................................................................................................................34

4.1 PADRONIZAÇÃO DO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO COM

GABAPENTINA......................................................................................................................34

4.2 EFEITO DO TRATAMENTO COM GABAPENTINA NA RESPOSTA NOCICEPTIVA

DE ANIMAIS COM MIOSITE CRÔNICA.............................................................................35

4.3 ANÁLISE DE CITOCINAS NO TÁLAMO DE RATOS COM MIOSITE

CRÔNICA.................................................................................................................................38

4.4 ANÁLISE DE CITOCINAS NA MEDULA ESPINAL DE RATOS COM MIOSITE

CRÔNICA.................................................................................................................................41

4.5 ANÁLISE DE CITOCINAS NO GÂNGLIO DA COLUNA POSTERIOR DE RATOS

COM MIOSITE CRÔNICA......................................................................................................43

4.6 ANÁLISE DE CÉLULAS GLIAIS NO TÁLAMO DE RATOS COM MIOSITE

CRÔNICA ................................................................................................................................46

4.7 ANÁLISE DE CÉLULAS GLIAIS SATÉLITES NO GÂNGLIO DA COLUNA

POSTERIOR DE RATOS COM MIOSITE CRÔNICA..........................................................49

5 DISCUSSÃO.........................................................................................................................50

6 CONCLUSÃO......................................................................................................................56

REFERÊNCIAS........................................................................................................................57

Introdução

18

1. INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA

1.1 DOR - CONSIDERAÇÕES GERAIS

Em 1994, a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) definiu a dor como

uma “experiência sensitiva e emocional desagradável associada a dano tecidual real ou

potencial ou à descrição desses danos” (Loeser; Treede, 2008; Merskey; Bogduk, 1994). Em

2016, Willians e Craig propuseram um novo conceito de dor: “experiência angustiante

associada a uma lesão tecidual atual ou potencial com componentes sensoriais, emocionais,

cognitivos e sociais” (Williams; Craig, 2016). Ainda, mais recentemente, Cohen e

colaboradores a definiram como “experiência somática mutuamente reconhecível que reflete a

apreensão de uma pessoa a ameaças à sua integridade corporal ou existencial” (Cohen et al.,

2018). Portanto, a dor é um complexo processo cognitivo subjetivo que depende de memória,

fatores sócio-culturais, crenças e emoções do indivíduo, e não apenas de seus aspectos

anatômicos e fisiológicos (Teixeira; Okada, 2010).

A experiência dolorosa é comum a todos os seres humanos e considerada o quinto

sinal vital (Casey, 2011; McCaffery; Pasero, 1997). A dor é uma das comorbidades mais

frequentes na atualidade e a principal queixa em unidades de emergência e pronto

atendimento (Cassell et al., 2018; McLean; Mercer, 2017; Oliveira et al., 2011). É

responsável por aproximadamente 80% da procura pelos serviços de saúde e está presente em

mais de 70% dos pacientes que buscam os consultórios brasileiros por motivos diversos

(Bottega; Fontana, 2010; Rocha et al., 2007). Embora seu tratamento seja um direito humano

fundamental, a dor ainda é um sintoma subtratado que gera sofrimento e prejuízo econômico

aos indivíduos e à sociedade (IASP, 2010).

A dor pode ser classificada em aguda e crônica. A dor aguda é um sintoma que alerta

para a ocorrência de lesões no organismo, sendo fundamental para a preservação da

integridade do indivíduo. Contudo a dor crônica não possui este papel biológico (Teixeira,

2001; Teixeira et al., 1999). A dor crônica perdura por mais de seis meses, é de difícil

tratamento e se constitui um problema de saúde pública por seu alto custo econômico e

impacto negativo na qualidade de vida de pacientes e seus familiares (Andrade, 2014;

Fernandes; Gomes, 2011). Este tipo de dor atinge 30 a 40% dos brasileiros e é a principal

causa de absenteísmo, licenças e aposentadorias por doença, baixa produtividade e

indenizações trabalhistas (Bottega; Fontana, 2010). Além disso, é predominante no sexo

Introdução

19

feminino (56%), possui maior prevalência nas regiões sul e sudeste e 49% dos índividuos com

dor crônica estão instisfeitos com o manejo de sua dor (Souza et al., 2017).

Os termos dor e nocicepção se diferem. Nocicepção se refere aos sinais que chegam ao

sistema nervoso central (SNC) resultante da ativação de terminações nervosas livres de alto

limiar, denominadas nociceptores, que fornecem informações sobre a lesão tecidual

ocasionada por estímulos nocivos. Dor é a experiência emocional desagradável, que

geralmente acompanha a nocicepção. O processo nociceptivo é composto por quatro etapas:

transdução, transmissão, modulação e percepção (Fein, 2011).

Na transdução, os neurônios que transmitem a informação nociceptiva captam

estímulos nocivos da periferia por meio dos receptores sensoriais especializados,

nociceptores, e os transformam em potencial de ação. Na transmissão, as fibras nervosas

conduzem a informação nociceptiva ao sistema nervoso central por meio de fibras aferentes

primárias mielinizadas de grande calibre (fibras Aδ), com velocidade de condução de 5-30

m/s e resposta a estímulos térmicos e mecânicos e fibras não mielinizadas de pequeno calibre

(fibras C), com baixa velocidade de condução (0,5-2 m/s) e resposta a estímulos de origem

térmica, mecânica e química (Fernandes; Gomes, 2011; Julius; Basbaum, 2001).

Os corpos celulares dos neurônios aferentes primários localizam-se nos gânglios da

coluna posterior (DRG). As fibras desses neurônios são projetadas a partir da periferia em

direção à coluna posterior da medula espinal (CPME), chegando nas lâminas I e II de Rexed,

onde fazem sinapse com neurônios de segunda ordem. É no DRG e na CPME que o impulso

gerado é modulado. Então, os axônios dos neurônios de segunda ordem cruzam o plano

mediano da medula espinal pela comissura branca e ascendem cranialmente, constituindo as

principais vias de transmissão da informação nociceptiva (Costigan; Woolf, 2000; Millan,

1999).

Esses neurônios podem fazer conexões com os de terceira ordem em várias regiões da

formação reticular e com os de quarta ordem nos núcleos intralaminares do tálamo,

difundindo-se para diferentes regiões do córtex (trato espino-reticular) ou então conectar-se a

neurônios de terceira ordem no tálamo e projetar-se ao córtex somatossensorial (trato espino-

talâmico lateral). Suas projeções vão para áreas localizadas do córtex cerebral e correspondem

a diferentes regiões do corpo, ocorrendo assim, a percepção da dor (Costigan; Woolf, 2000;

Millan, 1999).

Introdução

20

Tecidos ilesos, ao sofrerem estímulos nocivos, ativam o reflexo de retirada, impedindo

a ocorrência de lesão tecidual. Essa dor é fisiológica e possui função protetora. Entretanto,

quando o tecido é inflamado ou de fato sofre uma lesão, ocorre a dor patológica com

sensibilização periférica e central. Esses mecanismos envolvem a liberação de mediadores

nociceptivos no local e em regiões do sistema nervoso central que reduz o limiar de ativação

da via nociceptiva e amplifica sua resposta, resultando em hiperalgesia (aumento da

sensibilidade à dor) e alodinia (resposta de dor a estímulos não nocivos) (Besson, 1999;

Kidd; Urban, 2001). Sabe-se, atualmente, que a alodinia ocorre em consequência ao

brotamento de fibras Aβ para a lâmina II da coluna posterior da medula espinal (Woolf et al.,

1992).

1.2 SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL E PERIFÉRICA

Sensibilização é o fenômeno que corresponde à modificação no estado funcional dos

neurônios e das vias nociceptivas por todo o neuroeixo, sendo o aumento da atividade dessas

circuitarias muito importante na geração da dor crônica. Esse processo se desenvolve com a

presença de estímulos nocivos intensos ou repetitivos, resulta em redução do limiar de

ativação da via nociceptiva e amplificação de sua resposta. Assim, o indivíduo passa a

apresentar hiperalgesia e alodinia (Ashmawi; Freire, 2016; Latremoliere; Woolf, 2009).

A sensibilização pode ocorrer em nível periférico ou central. A sensibilização

periférica é aquela que se desenvolve no local da lesão tecidual e que ocorre devido a

mudanças nos limiares dos nociceptores locais. Enquanto que a sensibilização central pode ser

compredida como uma facilitação do sistema nervoso central à passagem de estímulos

nociceptivos. O processo de sensibilização pode se desenvolver por meio de alguns

mecanismos bioquímicos, como o aumento da excitabilidade da membrana, aumento da

eficácia sináptica e/ou pela redução da atividade da via inibitória nociceptiva (Ashmawi;

Freire, 2016; Latremoliere; Woolf, 2009).

Como elucidado, a ativação de nociceptores e canais iônicos na periferia geram

correntes de despolarização em resposta ao estímulo nocivo. Essas correntes são conduzidas

até a medula espinal e moduladas por meio de sinapses excitatórias mediadas pela ação de

glutamato em receptores de N-metil D-aspartato (NMDA) e de ácido α-amino-3-hidroxi-5-

metil-4-isoxazolepropionico (AMPA) e em canais iônicos kainato. Isto ocorre por meio da

Introdução

21

ativação de neurônios descendentes inibitórios, os quais liberam glicina e ácido γ-

aminobutírico (GABA). O impulso nervoso, projetado para o tálamo e para diversas outras

regiões encefálicas, segue até o córtex, onde a dor é percebida (Price, 2000).

No processo de sensibilização, há plasticidade do sistema nociceptivo, que se

manifesta por aumento na atividade deste sistema a estímulos repetitivos ou intensos. Os

nociceptores podem reduzir seu limiar aos estímulos nocivos devido a alterações na sua

conformação proteica ou devido à entrada de cálcio para o interior do neurônio. Além disso,

também ocorrem alterações plásticas de neurônios na coluna posterior da medula espinal, a

modulação da transmissão nociceptiva, desinibição e modificação neuronal. Estímulos de alta

frequência gerados por estímulos nociceptivos intensos ou sustentados resultam em liberação

de glutamato, gerando potenciais excitatórios pós-sinápticos (wind-up) (Thompson et al.,

1993; Woolf; Costigan, 1999).

A modulação da transmissão sináptica nociceptiva envolve ativação de uma cascata de

sinalização intracelular e resulta em facilitação sináptica excitatória e redução da sua inibição.

O envolvimento dos receptores de NMDA nessa modulação se dá por dois mecanismos.

Primeiro, a supressão do bloqueio dos receptores de NMDA pelo magnésio iônico gerada pela

somação de potenciais de ação com a ativação dos nociceptores. Segundo, o aumento da

atividade dos receptores de NMDA pela convergência dos sinais provindos de outros

receptores, como os receptores de tirosina quinase, que estão presentes na coluna posterior da

medula espinal. Receptores AMPA também são importantes na facilitação do processo de

transmissão sináptica. Esses receptores permitem o influxo de cálcio em quantidades

suficientes para produzirem uma facilitação da transmissão sináptica em nível medular. A

sensibilização não só envolve facilitação de sinapses excitatórias, mas também a falta da

inibição dessas sinapses. A inibição da transmissão sináptica nos neurônios da substância

gelatinosa pode ser desencadeada pela ativação de fibras Aδ. A desinibição requer a ativação

de receptores de NMDA e o aumento de cálcio na fenda sináptica (Thompson et al., 1993;

Woolf; Costigan, 1999).

Outro processo envolvido é a modificação dos neurônios nociceptivos.

Perifericamente, o aumento da liberação de substância P pelo primeiro neurônio nociceptivo

alteraria a atividade de neurônios na coluna posterior da medula espinal. E no sistema nervoso

central, haveria um aumento na expressão de receptores em neurônios da coluna posterior

com o aumento da ativação de neurônios sensitivos periféricos (Traub, 1996).

Introdução

22

1.3 DOR MUSCULOESQUELÉTICA

Pesquisas recentes e de caráter epidemiológico têm apontado a dor musculoesquelética

como um dos tipos de dor mais prevalente na população. Na Europa, 36% da população

referem apresentar dor musculoesquelética crônica (Cimas et al., 2018), nos Estados Unidos,

33% (Yelin et al., 2016). No Brasil, a dor muscular foi apontada em terceira posição entre as

dores mais prevalentes (Teixeira et al., 2001) e em primeira posição entre as dores mais

frequentes em Centros de Referencia em Dor no estado de São Paulo (dados FMUSP). Ainda,

a dor musculoesquelética esteve presente em 64% das brasileiras entrevistadas (dados

Mundipharma) e em 86% dos idosos (Miranda et al., 2012).

Distúrbios musculoesqueléticos representam um grupo de condições que afetam os

músculos, tendões, ligamentos, articulações, nervos periféricos e vasos sanguíneos de suporte

no corpo. A dor no tecido musculoesquelético pode resultar de uma variedade de desordens,

como inflamações dos tendões, distúrbios de compressão do nervo, osteoartroses, dores

miofasciais, fibromialgia, miosite ou distensões (Punnett; Wegman, 2004).

A dor no sistema musculoesquelético é frequentemente classificada como inflamatória

ou não inflamatória. A dor inflamatória pode ser localizada em um local, como a tendinite, ou

dispersa, como a artrite reumatóide. Em paralelo, a dor pode ser localizada no local da lesão

(hiperalgesia primária) ou pode se difundir para locais não lesionados (dor referida ou

hiperalgesia secundária), dependendo do local e da natureza da inflamação. As condições de

dor musculoesquelética não inflamatória são mais complexas e muito mais difíceis de

caracterizar ou diagnosticar devido à falta de dano tecidual observável ou inflamação

(Abdelhamid; Sluka, 2015). A lesão muscular resulta na liberação de substâncias pró-

inflamatórias e sensibilização de nociceptores na periferia e na coluna posterior da medula

espinal, transmitindo a informação nociceptiva para centros cerebrais superiores (Sluka,

1996).

Modelos animais de dor muscular são comumente usados para obter uma melhor

compreensão dos mecanismos relacionados ao processamento da dor. Geralmente, os modelos

de dor muscular são gerados por meio de inflamação muscular, injeção de soluções ácidas e

exercício físico intenso (Pratt et al., 2013). Ainda, pode-se gerar dor aguda ou crônica, como

nos modelos de inflamação muscular por Carragenina (Ren, Dubner, 1999; Radhakrishnan et

al., 2003) e Adjuvante Completo de Freund (Chacur et al., 2009; Rosa et al., 2017). O

Introdução

23

Adjuvante Completo de Freund (CFA) é uma solução de antígeno emulsionada em óleo

mineral utilizada como imunopotenciador e é composto por micobactérias inativadas. Após a

sua administração, este composto é capaz de atrair células do sistema imune e provocar uma

cascata de eventos ligados a este processo, induzindo um efeito inflamatório de longa duração

(Larson et al., 1986).

Estudos demonstraram que a inflamação crônica no músculo gastrocnêmio de ratos

induz alterações em neurônios da coluna posterior da medula espinal, sendo esta

sensibilização central a base para a dor espontânea, hiperalgesia e alodinia observada após a

lesão (Hoheisel et al., 2000, 2005; Tenschert et al., 2004). Estes estudos também

demonstraram que lesões no nervo ou inflamação muscular induzem alterações morfológicas

em neurônios algumas horas após lesão (Hoheisel et al., 1998) e que a miosite crônica

induzida no tecido musculoesquelético leva também a alterações morfológicas e funcionais de

astrócitos na medula espinal (Tenschert et al., 2004). Estudos eletrofisiológicos in vivo

também demonstraram que as células da glia participam da despolarização das fibras

nociceptivas no modelo de miosite crônica induzida pela injeção de CFA (Chacur et al.,

2009). Ainda, estudos demonstram um aumento de interleucinas (IL) dos tipos 1 e 6 após

indução de dor muscular aguda pela injeção de Carragenina no músculo gastrocnêmio de

animais (Loram et al., 2007).

1.4 DOR E CÉLULAS DA GLIA

Pesquisas têm demonstrado que as células da glia participam dos processos

nociceptivos, especialmente em condições crônicas, como em situações de inflamação

periférica e neuropatias (Milligan; Watkins, 2009; Tsuda et al., 2005), por meio da liberação

de substâncias que modulam a resposta nociceptiva, como prostaglandinas, glutamato, ácido

araquidônico, óxido nítrico e citocinas (Marchand et al., 2005), exercendo papel relevante na

transmissão da informação nociceptiva no SNC (Watkins; Maier, 2003; Watkins et al., 2003)

e geração de alodinia e hiperalgesia (Milligan et al., 2000; Sweitzer et al., 1999).

Modelos de dor crônica investigados até agora resultaram em mudanças fenotípicas da

glia, principalmente na medula espinal (Hains; Waxman, 2006) e no sistema nervoso

periférico (Ohtori et al., 2004; Rothermundt et al., 2007), mas também em estruturas

superiores, como o tálamo, onde ocorre a interpretação das informações transmitidas pela via

nociceptiva (LeBlanc et al., 2011). Isto sugere que a ativação da glia pode ser um mecanismo

Introdução

24

importante para a persistência de hipersensibilidade. Além disso, a inibição de células gliais

em modelos animais demonstrou atenuar dor inflamatória e neuropática (Bastos et al., 2013;

Chacur et al., 2004; Milligan et al., 2003).

Microglia e astrócitos parecem ser a fonte principal de citocinas no sistema nervoso.

Uma lesão neuronal induz a expressão de IL-1, primeiramente pela microglia, que

subsequentemente libera IL-1, IL-6 e TNFα. IL-1 formada a partir da microglia estimula

produção astrocítica de TNFα, IL-1 e IL-6. A ativação microglial aumenta a permeabilidade

da barreira hemato-encefálica, permitindo a invasão de mais células imunes, tornando a

inflamação persistente (Deleo, 2004).

Para que a resposta inflamatória ocorra, citocinas são necessárias. Elas podem ser

reconhecidas por neurônios e utilizadas para desencadear diversas reações celulares que

influenciam na atividade, proliferação e sobrevida da célula imune e na produção e atividade

de outras citocinas. Elas podem ser pró-inflamatórias, como por exemplo, IL-1 e TNF, ou

anti-inflamatórias, como a IL-10. Citocinas desempenham papel importante no processo

doloroso por meio de diferentes mecanismos ao longo das vias de transmissão da dor, desde a

condução da resposta inflamatória aos locais de lesão, cicatrização apropriada da ferida e são

essenciais para manutenção do processo nociceptivo (Kraychete et al., 2006; Marchand et al.,

2005; Oliveira CMBd et al., 2011).

1.5 GABAPENTINA

A gabapentina (Neurontin ®) foi originalmente desenvolvida como um análogo

químico do ácido gama - aminobutírico (GABA) para reduzir o reflexo da medula para

tratamento de espasticidade e mostrou ter efeito anticonvulsivo. Clinicamente, a gabapentina é

indicada como droga adjuvante para tratamento de crises convulsivas parciais e dor

neuropática.

Após seu efeito analgésico em pacientes com dor neuropática intratável, a gabapentina

passou a ter seu efeito antinociceptivo relatado em vários modelos de nocicepção animal, até

mesmo em modelos de dor inflamatória induzida e lesões de tecidos (Cheng; Chiou, 2006).

Um estudo realizado por Yang e colaboradores demonstrou que o uso de gabapentina foi

capaz de atenuar hiperalgesia térmica e ativação da microglia na medula espinal de ratos com

monoartrite (Yang et al., 2012). Ainda, estudos demonstraram que a gabapentina foi capaz de

Introdução

25

reverter alodinia mecânica em modelos de dor neuropática e artrite (Park et al., 2015;

Zvejniece et al., 2015).

Atualmente, para alívio da dor muscular crônica são muito utilizados opióides, como a

codeína e o tramadol, ou ainda, medicamentos tricíclicos como a ciclobenzaprina. Apesar de

seus diversos efeitos colaterais, como sedação, depressão respiratória, constipação e

dependência, os opióides e os tricíclicos ainda são os fármacos mais empregados para dor

crônica. Entretanto, a gabapentina pode ser útil na redução da dependência e da tolerância ao

opióide, pois em vários estados de dor o uso de opióides foi reduzido quando a gabapentina

foi coadministrada clinicamente. Além disso, a gabapentina é caracterizada por doses eficazes

toleráveis e poucos efeitos colaterais ou indesejados clinicamente, sendo que por via intratecal

(10-300μg) sua eficácia é maior (Cheng; Chiou, 2006).

Apesar de ser um aminoácido com a estrutura do neurotransmissor GABA, a

gabapentina não interage de modo significativo com esse ou outro neurotransmissor. Seu

mecanismo de ação consiste na redução da hiperexcitabilidade dos neurônios do corno dorsal

da medula espinal induzida pela sensibilização central. É possível que sua ação analgésica

ocorra por ligação pré-sináptica da gabapentina à subunidade α2δ de canais de cálcio

dependentes de voltagem do tipo N presentes nos neurônios, diminuindo a entrada de cálcio

nas terminações nervosas e reduzindo a liberação de neurotransmissores (Clivatti et al., 2009).

Estudos mais recentes sugerem que a gabapentina se liga especificamente na subunidade α2δ1

destes canais de cálcio (Morioka et al., 2015; Tsukumo et al., 2011; Yang et al., 2012;

Zhou; Luo, 2014).

Justificativa e objetivos

26

2. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

A dor musculoesquelética é um dos tipos mais recorrentes e persistentes de dor que

não responde satisfatoriamente às intervenções convencionais e sua fisiopatologia permanece

não totalmente esclarecida. Ainda, há poucos estudos com modelos de dor muscular. Portanto,

investigar os mecanismos envolvidos nesse quadro nociceptivo e novas alternativas

terapêuticas são necessárias.

Até o momento, nossas pesquisas vêm indicando que a indução de miosite crônica

pela administração de CFA é capaz de diminuir o limiar nociceptivo de ratos em testes

comportamentais e aumentar astrócitos e microglia no corno dorsal da medula espinal e

gânglio da coluna posterior desses animais, quando comparado aos animais controle (Rosa et

al., 2017).

Uma vez observado o envolvimento de células gliais em nosso modelo experimental,

optamos pelo uso da gabapentina como um tratamento potencial por seu efeito

antinociceptivo relatado em modelos experimentais (Cheng; Chiou, 2006; Quintao et al.,

2012) e por atenuar a ativação de células da glia na medula espinal de ratos (Yang et al.,

2012). Dessa forma, nosso objetivo neste trabalho é observar se a intervenção farmacológica

com gabapentina é capaz de reverter o processo nociceptivo dos animais com miosite crônica,

interferir em células gliais e na liberação de citocinas produzidas a nível central e periférico.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliação da sensibilidade nociceptiva dos animais com miosite crônica induzida após

tratamento farmacológico com gabapentina;

Analisar citocinas pró e anti-inflamatórias (IL-1β, IL-6, IL-10, TNFα) no gânglio da

coluna posterior, tálamo e porção lombar da medula espinal dos animais com miosite

crônica por meio de técnica de dosagem de citocinas Multiplex, após tratamento

farmacológico com gabapentina;

Analisar a imunorreatividade de células gliais (astrócitos e microglia) no tálamo dos

animais com miosite crônica por meio da técnica de imuno-histoquímica, após

tratamento farmacológico com gabapentina;

Analisar a expressão de astrócitos no gânglio da coluna posterior dos animais com

miosite crônica por meio da técnica western blotting, após tratamento farmacológico

com gabapentina;

Material e métodos

27

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 ANIMAIS

Foram utilizados ratos da linhagem Wistar, machos, pesando entre 200-220 gramas,

fornecidos pelo Biotério Central do Instituto de Ciências Biomédicas e mantidos no Biotério

do Departamento de Anatomia, ambos da Universidade de São Paulo (ICB-USP). Os animais

foram mantidos em sala apropriada, com ciclo claro e escuro (12/12 h), isolamento acústico,

temperatura controlada (22 ºC 1) e acesso livre à água e ração. Todos os procedimentos

foram realizados de acordo com o protocolo aprovado pelos Princípios Éticos de

Experimentação Animal adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal

(COBEA) e pela Comissão de Ética no Uso de Animais do ICB (protocolo aprovado nº47, fls.

18, livro 03). Para a realização dos experimentos, os animais foram manipulados

considerando os princípios e o guia de uso de animais de laboratório envolvendo dor e

nocicepção (Zimmermann, 1983).

3.1.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL:

Os animais foram alocados conforme divisão dos grupos abaixo:

Naive (animais controle) n=30

CFA + gabapentina (i.t., 200µg/50µl) n= 30

CFA (intramuscular - i.m., 150µg/300µl) + salina (veículo de diluição da gabapentina,

intratecal - i.t., 50µl) n=30

3.2 INDUÇÃO DE MIOSITE CRÔNICA

A miosite crônica foi induzida no músculo gastrocnêmio do membro posterior direito

de ratos, pela injeção de CFA (Sigma, St Louis, Mycobacterium tuberculosis) na dose de

150µg/300µl. Cada animal recebeu duas injeções de 150µL, uma na porção medial e outra na

porção lateral da cabeça do músculo gastrocnêmio. Animais com o músculo intacto foram

utilizados como controle (Chacur et al., 2009). Cabe mencionar que a injeção de CFA no

músculo foi realizada em um único dia. Os testes comportamentais foram aplicados antes de

Material e métodos

28

quaisquer procedimentos (medida inicial - MI), no 6º dia (medida parcial - MP), no 12º dia

após a injeção do irritante (medida final - MF) e em diferentes tempos (horas) após

administração da gabapentina.

Figura 1 - Linha do tempo com as diferentes fases experimentais ao longo dos dias e horas.

3.3 AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE NOCICEPTIVA

Para a realização dos testes comportamentais, todos os ratos foram inicialmente

habituados por aproximadamente 30 minutos, em dois dias alternados que antecederam os

experimentos, na sala de experimentação e nos equipamentos utilizados. Realizamos um

estudo “duplo cego” e randomizado. Todos os resultados dos testes comportamentais foram

avaliados por meio de comparações das médias obtidas nos diferentes grupos experimentais.

Os testes foram aplicados nas patas experimental e contralateral à lesão.

3.3.1 TESTE DE HIPERALGESIA MECÂNICA - VON FREY ELETRÔNICO

Para determinação da hiperalgesia mecânica foi utilizado o teste de Von Frey

eletrônico (Anesthesiometer, IITC Inc. Life Science Instruments, Woodland Hills, Ca, USA),

ilustrado na figura 2, segundo método descrito por Guerrero et al. (Guerrero et al., 2006),

modificado. Neste teste, uma ponteira do próprio aparelho é pressionada e aplicada contra o

músculo gastrocnêmio do membro posterior dos animais. Neste teste, o limiar nociceptivo é

representado pela força em gramas necessária para a retirada do membro do animal.

Material e métodos

29

Figura 2 - Von Frey Eletrônico. Teste utilizado para aferir a hiperalgesia mecânica dos animais.

3.3.2 TESTE DE HIPERALGESIA TÉRMICA - HARGREAVES TEST

A determinação da hiperalgesia térmica foi feita por meio do teste plantar descrito por

Hargreaves (Hargreaves et al., 1988), conforme ilustrado na figura 3. Neste teste, os animais

são alocados em compartimentos de acrílico e posicionados sobre uma plataforma de vidro

que permite a passagem de luz e calor. Uma fonte de luz infravermelha com temperatura

constante acoplada a um monitor digital é colocada sob o vidro, sendo posicionada e acionada

sob o membro posterior direito do animal. Quando a fonte de luz é posicionada e acionada,

um cronômetro digital é deflagrado no monitor acoplado a fonte luminosa, até que o animal

retire a pata, quando, então, a fonte de luz cessa e o cronometro para automaticamente. Neste

teste, o limiar nociceptivo é representado pelo tempo em segundos necessário para a retirada

da pata.

Figura 3 - Teste de Hargreaves. Teste utilizado para aferir a hiperalgesia térmica dos animais.

Material e métodos

30

3.3.3 ALODINIA MECÂNICA - FILAMENTOS DE VON FREY

A determinação da alodinia mecânica foi avaliada por ensaio quantitativo, em resposta

a estímulo tátil aplicado à pata posterior do rato, segundo método descrito por Chaplan

(Chaplan et al., 1994), modificado, conforme ilustrado na figura 4. Neste teste, os ratos são

colocados, individualmente, em caixas de acrílico com base aberta. A caixa de acrílico fica

sobre base de arame fixada na parede, que mede 1 m de comprimento por 45 cm de largura,

com espaço entre os arames de 1 cm para permitir acesso às patas destes animais. Para o

ensaio de alodinia, é empregada uma série logarítmica de 10 filamentos de Von Frey

(Anesthesiometer Semmes-Weinstein, Stoelting Co., EUA). Os filamentos e seus valores

respectivos em gramas são: 3.61 (0.407g.); 3.84 (0.692g.); 4.08 (1.202g.); 4.17 (1.479g.); 4.31

(2.041g.); 4.56 (3.630g.); 4.74 (5.495g.); 4.93 (8.511g.); 5.07 (11.749g) e 5.18 (15.136g.). O

filamento capaz de induzir a retirada da pata, duas vezes consecutivas, foi considerado como a

força em gramas necessária para induzir a resposta (100% de resposta).

Figura 4 - Filamentos de Von Frey. Teste utilizado para aferir a sensibilidade tátil dos animais.

3.4 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

O tratamento farmacológico com gabapentina foi realizado por via intratecal, uma via

de administração que consiste na injeção de substâncias diretamente no líquido

cefalorraquidiano, no espaço subaracnóideo. Para padronização do tratamento, utilizamos as

doses de 100µg e 200μg de gabapentina diluídas em salina 0,9% (Takasusuki; Yaksh, 2011).

A gabapentina foi aplicada no 13º dia após a lesão induzida por CFA. Sua aplicação foi feita

sob anestesia inalatória com Isoflurano. Para análise da ação do fármaco, os testes

comportamentais foram repetidos 1, 3, 5, 7 e 24 horas após administração a fim de melhor

identificar o período de resposta a este medicamento.

Material e métodos

31

3.5 ENSAIO PARA DOSAGEM DE CITOCINAS POR TECNOLOGIA

MULTIPLEX

Após os ensaios comportamentais, os animais utilizados nesta metodologia foram

eutanasiados três horas após administração do fármaco para a retirada de tecido (gânglio da

coluna posterior, tálamo e porção lombar da medula espinal) de todos os grupos descritos

anteriormente e analisados para cada citocina específica. Os tecidos foram homogeneizados

com tampão extração de suplementado com inibidor de protease (Roche). Os homogenatos

foram centrifugados (12000RPM por 20 min a 4°C) e o sobrenadante recolhido. Para a

dosagem de citocinas IL-1β, IL-4, IL-6 e IL-10 e TNFα foram utilizados reagentes específicos

contidos no kit Milliplex®TM Map (Millipore Corporation, Darmstadt- Germany), conforme

protocolo especificado pelo fabricante. Foram adicionados 200μL de solução tampão por

poço (placa de 96 poços) e a placa foi fechada e homogeneizada por dez minutos à

temperatura ambiente. O sobrenadante foi retirado e 25μl da solução padrão/poço foram

adicionados. Em seguida, foram adicionados os controles, as amostras e as beads. A

incubação teve um total de tempo de 1 hora à temperatura ambiente e em seguida foi realizada

a incubação overnight à temperatura de 4ºC, sob agitação constante. Após a incubação

overnight a placa foi deixada por mais uma hora sob agitação constante à temperatura

ambiente. Em seguida, o conteúdo foi despejado e a placa lavada com tampão Wash buffer,

200µl em cada poço, por 3 vezes. Após a lavagem foram adicionados 25µl dos anticorpos de

detecção na placa que foi mantida sob agitação constante em temperatura ambiente.

Posteriormente foram adicionados 25µl do complexo estreptavidina-ficoeritrina por poço e a

placa permaneceu em agitação por 30 minutos em temperatura ambiente. Após o tempo

determinado de incubação a placa foi lavada novamente por 3 vezes com solução tampão

Wash buffer. Após as lavagens foi adicionada uma solução de parada (Sheat Fluid), 125μl por

poço. A placa foi levada para a leitura no aparelho Bioplex-200 System (Bio-Rad). A

concentração mínima detectada (CMD) foi calculada pelo aparelho em pg/ml e a dada curva

padrão comparada com cada amostra para as diferentes citocinas (Oliveira et al., 2017).

3.6 ENSAIO DE IMUNO-HISTOQUÍMICA

Após realização dos testes comportamentais e três horas após administração do

fármaco, os animais utilizados nesta metodologia foram eutanasiados com os grupos de

animais foram anestesiados (quetamina e xilazina 1:1, 100µL/100g de peso corpóreo) e

Material e métodos

32

submetidos à perfusão transcardíaca, com solução salina (300 ml), seguida de solução

fixadora (300 ml) constituída de paraformaldeído 4% dissolvido em tampão fosfato 0,1 M

(PB, pH 7,4). Após a perfusão, o tálamo dos animais foi coletado e armazenado em

paraformaldeído 4%, durante 4 horas e transferido para solução contendo sacarose a 30% em

PB para crioproteção. Após 24 horas, o tecido foi cortado por micrótomo de congelamento na

espessura de 40μm. Para análise de células gliais, os cortes foram incubados e submetidos à

metodologia de Imuno-histoquímica com anticorpo primário GFAP - marcador de astrócitos

(1:1000; Clone G-A-5 – Sigma/EUA) e OX-42 - marcador de microglia (1:1000; BD

Bioscience Pharmigen/EUA). A imunorreatividade foi analisada ao microscópio de luz. A

quantificação das células foi realizada por meio do software Image (NIH-EUA). Este método

consiste em análise por meio de microscopia de campo claro e contraste de interferência. A

densidade óptica encontrada no grupo controle será considerada 100% para a análise

comparativa entre o grupo controle e o experimental. Posteriormente, a média da diferença

porcentual de cada corte analisado foi calculada (média de 5 cortes para cada animal). A

determinação das regiões de interesse foi feita de acordo com o Atlas de Neuroanatomia “The

rat brain in stereotaxic coordinates” (Paxinos, Watson. 5. ed., 2005).

3.7 ENSAIO DE WESTERN BLOTTING

O conteúdo proteico do material isolado - gânglio da coluna posterior (L4-L6) foi

extraído e dosado pelo método de Bradford (Amresco, U.S.A) (Bradford, 1976). Após a

quantificação de proteína total pelo método de Bradford, os materiais foram diluídos em um

mesmo volume de tampão Laemmli, contendo 54 mg/ml de DTT, e o material foi aplicado em

gel de poliacrilamida a 12% e submetido a eletroforese com corrente contínua de 120V. Após

a separação eletroforética, as proteínas foram transferidas para uma membrana de

nitrocelulose (Millipore, 0,2 μm de diâmetro) de acordo com a técnica descrita por Towbin e

colaboradores (Towbin et al., 1979). Os antígenos presentes na membrana de nitrocelulose

foram submetidos à caracterização imunoenzimática. Após bloqueio com leite desnatado

(Molico, Nestlé, Brasil) 5% em tampão Tris-Salina (Tris 10 mM e NaCl 0,15 M, pH 7,5), por

2 horas, as membranas foram incubadas com anticorpos monoclonais específicos para

detecção de células gliais satélites, GFAP (1:1000 - Sigma Aldrich) em solução bloqueadora

(1% de BSA) por 18 horas a 4ºC. Em seguida, as membranas foram lavadas com Tris-Salina e

incubadas por 2 horas com o anticorpo secundário marcado com peroxidase de raiz forte

Material e métodos

33

(1:5000 AmershanBiosciences, NJ/EUA). O excesso de conjugado foi removido com mais de

um ciclo de lavagens. As membranas foram reveladas utilizando o Kit ECL

(AmershanBiosciences, NJ/EUA) de quimioluminescência e analisadas quanto à densidade

das bandas marcadas, com o programa ScionImage (Scion Corporation, Frederick, MD/EUA).

A análise dos dados foi feita pela média das diferenças percentual entre os diferentes grupos

experimentais. A correção foi realizada pela densidade óptica para a β-actina (1:10000 Sigma,

St. Louis, MO/USA), considerando as amostras dos animais controle como o padrão para a

normalização dos resultados.

3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram representados como média ± e.p.m. e a análise estatística foi gerada

utilizando o programa GraphPad Prism 5.01 (GraphPad Software Inc., CA, USA). Para os

ensaios comportamentais, a comparação estatística entre os grupos e tempos foi realizada

usando a análise de variância de duas vias (Two-way ANOVA) e no grupo CFA diferentes

tempos usando a análise de variância de uma via (One-way ANOVA), seguidas pelo pós-teste

de Bonferroni. O índice de significância foi considerado de p < 0,05. Nos ensaios de

westernblotting, a comparação estatística entre os grupos foi realizada usando a análise de

variância de uma via (One-way ANOVA), seguidas pelo pós-teste de Bonferroni. O índice de

significância foi considerado de p < 0,05 (Sokal; Rohlf, 1981).

.

Resultados

34

4. RESULTADOS

4.1 PADRONIZAÇÃO DO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO COM

GABAPENTINA

Para padronização do tratamento farmacológico, utilizamos o teste comportamental de

hiperalgesia mecânica - Von Frey Eletrônico, conforme detalhado anteriormente. Após

determinação do limiar nociceptivo dos animais (MI) por meio deste teste, realizamos a

injeção de CFA no músculo gastrocnêmio para induzir a miosite crônica, e então, repetimos o

teste comportamental no 6º (MP) e no 12º dia (MF - quando a miosite crônica está instalada)

após a lesão.

No 13º dia, o grupo experimental recebeu a aplicação intratecal de gabapentina (GBP)

sob anestesia inalatória com Isoflurano. Para avaliarmos o efeito do fármaco, o teste

comportamental foi repetido nas 1ª, 3ª, 5ª, 7ª e 24ª horas após administração do medicamento.

Para padronização do tratamento, testamos duas doses descritas na literatura, 100µg e 200µg

de gabapentina intratecal, diluídas em salina 0,9% (Takasusuki; Yaksh, 2011).

De acordo com nossos resultados (Figura 5), a dose de 200µg foi mais eficaz na

reversão do quadro nociceptivo em comparação a dose menor. Nota-se que o tratamento com

a dose mais alta de gabapentina (CFA + GBP 200µg) melhorou o quadro nociceptivo já na

primeira e terceira hora após a administração da droga (P<0,001 em comparação com o grupo

CFA). Após, na 5ª e 7ª hora, a ação analgésica do fármaco começou a diminuir. Na 24ª hora,

observou-se que já não havia qualquer efeito do medicamento.

Ainda, observamos que não houve alteração estatística após tratamento com

gabapentina na dose de 100µg (CFA + GBP 100µg) em nenhum dos tempos analisados. O

grupo CFA, sem tratamento farmacológico, permaneceu com nocicepção durante todo o

período analisado (P<0,05 em relação ao grupo controle), enquanto que o grupo naive,

utilizado como controle, manteve seu limiar estável ao longo do tempo. Portanto, elegemos a

dose de 200µg para aplicação da terapia farmacólogica com gabapentina intratecal.

Resultados

35

Figura 5 - Análise comportamental de animais com miosite crônica induzida por CFA após

tratamento com gabapentina. O limiar nociceptivo, avaliado pelo teste de Von Frey eletrônico e

expresso em gramas, foi determinado antes (tempo zero - MI), 6, 12 e 13 dias após a lesão com CFA -

i.m. Os animais foram tratados com gabapentina (GBP - nas doses de 100 ou 200μg) i.t., no 13º dia após

injeção do CFA. O teste comportamental foi novamente mensurado nos tempos 1, 3, 5, 7, e 24 horas após

administração do fármaco. Os resultados representam a média epm de 4 animais por grupo. #p<0.05

entre os grupos NAIVE e CFA. *p<0.05 entre os grupos CFA + GBP 200ug e CFA.

4.2 EFEITO DO TRATAMENTO COM GABAPENTINA NA RESPOSTA

NOCICEPTIVA DE ANIMAIS COM MIOSITE CRÔNICA

Após padronização do tratamento, foram realizados ensaios comportamentais para

avaliação de hiperalgesia térmica (painel A), alodinia tátil (painel B), e hiperalgesia mecânica

(painel C) nas patas ipsilateral (Figura 6) e contralateral à lesão (Figura 7). Novamente, os

testes foram aplicados na 1ª, 3ª, 5ª, 7ª e 24ª hora após administração do medicamento.

Nossos resultados demonstraram que a dose de 200μg de gabapentina aumentou o

limiar nociceptivo dos animais com miosite crônica nos testes de hiperalgesia térmica e

alodinia, no lado ipsilateral à lesão, durante cinco horas após sua aplicação, em comparação

ao grupo CFA + salina (Figura 6A e B, respectivamente). Em relação à hiperalgesia

mecânica, foi observado o aumento do limiar nociceptivo até a sétima hora após a

administração do fármaco, quando comparado ao grupo CFA + salina (Figura 6C).

MI

6 dia

s

12 d

ias

13d 1

h

13d 3

h

13d 5

h

13d 7

h

14d 2

4h

0

100

200

300

400

500

NAIVE

CFA

CFA+GBP 100ug

CFA+GBP 200ug

# ###

#

# #

**

Dias após injeção

Lim

iar

No

cic

ep

tivo

(g)

Resultados

36

Quanto à análise comportamental realizada na pata contralateral à lesão, também foi

observado uma diminuição do limiar nociceptivo nos testes de hiperalgesia térmica e

mecânica, após a injeção de CFA (Figuras 7B e C). Por outro lado, não foi observado

nenhuma alteração no teste de alodinia no lado contralateral após indução de miosite crônica

por CFA (Figura 7A). Após tratamento com gabapentina, houve reversão da hiperalgesia

contralateral durante três horas após administração do medicamento (Figuras 7B e C).

A)

B)

C)

MI

6 dia

s

12 dia

s

13d 1h

13d 3h

13d 5h

13d 7h

14d 24h

0

10

20

30

*

#

# # # # ##

* *

CFA + salina ipsilateral

CFA + GBP ipsilateral

NAIVE

Dias após injeção

Lim

iar

No

cic

ep

tivo

(s)

MI

6 dia

s

12 dia

s

13d 1h

13d 3h

13d 5h

13d 7h

14d 24h

0

5

10

15

20

*

#

# ##

## #

**

NAIVE

CFA+salina ipsilateral

CFA+GBP ipsilateral

Dias após injeção

Lim

iar

no

cic

ep

tivo

(g

)

MI

6 dia

s

12 dia

s

13d 1h

13d 3h

13d 5h

13d 7h

14d 24h

0

100

200

300

400

*

*

*

*

# # ## #

##

NAIVE

CFA + salina ipsilateral

CFA + GBP ipsilateral

Dias após injeção

Lim

iar

No

cic

ep

tivo

(g

)

Resultados

37

Figura 6 - Análise comportamental da pata ipsilateral à lesão de animais com miosite crônica

induzida por CFA após tratamento com gabapentina. O limiar nociceptivo, avaliado por Teste de

Hargreaves (A - expresso em segundos), Filamentos de Von Frey (B - expresso em gramas) e Von

Frey Eletrônico (C - expresso em gramas), foi determinado antes (tempo zero - MI), 6 e 12 dias após a

lesão com CFA - i.m. No 13º dia após injeção de CFA, os animais foram tratados com gabapentina

200μg (GBP) por via intratecal e os testes comportamentais foram novamente mensurados nos tempos

1, 3, 5, 7, e 24 horas. Os resultados representam a média epm de 8 animais por grupo. # p<0,05 por

comparação entre os grupos NAIVE e CFA + salina ipsilateral. * p<0,05 por comparação entre os

grupos CFA + GBP ipsilateral e CFA + salina ipsilateral.

A)

B)

C)

MI

6 dia

s

12 dia

s

13d 1h

13d 3h

13d 5h

13d 7h

14d 24h

0

10

20

30

NAIVE

*

## # # # ##

CFA + salina contralateral

*

CFA + GBP contralateral

Dias após injeção

Lim

iar

No

cic

ep

tivo

(s)

MI

6 dia

s

12 dia

s

13d 1

h

13d 3

h

13d 5

h

13d 7

h

14d 2

4h

0

5

10

15

20

* * *

NAIVE

CFA + salina contralateral

CFA + GPB contralateral

####

# ###

Dias após injeção

Lim

iar

No

cic

ep

tivo

(g

)

MI

6 dia

s

12 dia

s

13d 1h

13d 3h

13d 5h

13d 7h

14d 24h

0

100

200

300

400

* *

#

## # #

##

NAIVE

CFA + salina contralateral

CFA + GBP contralateral

Dias após injeção

Lim

iar

No

cic

ep

tivo

(g)

Resultados

38

Figura 7 - Análise comportamental da pata contralateral à lesão de animais com miosite crônica

induzida por CFA após tratamento com gabapentina. O limiar nociceptivo, avaliado por Teste de

Hargreaves (A - expresso em segundos), Filamentos de Von Frey (B - expresso em gramas) e Von

Frey Eletrônico (C - expresso em gramas), foi determinado antes (tempo zero - MI), 6 e 12 dias após a

lesão com CFA - i.m. No 13º dia após injeção de CFA, os animais foram tratados com gabapentina

200μg (GBP) por via intratecal e os testes comportamentais foram novamente mensurados nos tempos

1, 3, 5, 7, e 24 horas. Os resultados representam a média epm de 8 animais por grupo. # p<0.05

entre os grupos NAIVE e CFA + salina contralateral. # p<0,05 entre os grupos NAIVE e CFA + salina

contralateral. * p<0,05 entre os grupos CFA + GBP contralateral e CFA + salina contralateral.

4.3 ANÁLISE DE CITOCINAS NO TÁLAMO DE RATOS COM MIOSITE

CRÔNICA

Para quantificação de citocinas pró e anti-inflamatórias no tálamo experimental e

contralateral dos animais, foi realizado ensaio para dosagem de citocinas pela tecnologia

Multiplex. As citocinas quantificadas foram IL-1β, IL-4, IL-6, IL-10 e TNF-α. Em relação à

análise de citocinas anti-inflamatórias, podemos observar que houve uma redução de

interleucina 4 nos tálamos experimental e contralateral do grupo em que a dor muscular

crônica foi induzida (CFA) e que esta alteração apenas foi revertida no tálamo experimental

após tratamento farmacológico com gabapentina (CFA+GBP), como demonstrado na Figura

8A-B.

Já em relação à interleucina 10, não foi observado alteração estatística entre os grupos

analisados, embora tenha sido observado uma tendência de diminuição dessa citocina nos

tálamos experimental e contralateral do grupo CFA (Figura 8C-D). Ainda, observa-se que o

grupo tratado apresentou uma tendência em ter maior nível dessa citocina, em comparação ao

grupo com miosite.

Quanto à dosagem de citocinas pró-inflamatórias, apenas foi encontrado diferença

estatística na dosagem de interleucina 1β entre os grupos controle e CFA no tálamo

experimental, contudo observou-se uma tendência de aumento dessa citocina após indução da

dor muscular crônica no lado contralateral. Além disso, foi demonstrado que o grupo tratado

com gabapentina obteve redução desta interleucina pró-inflamatória no tálamo experimental e

uma tendência de sua redução no tálamo contralateral (Figura 9A-B).

Ao quantificar a citocina TNFα, observamos que houve um aumento em sua dosagem

nos tálamos experimental e contralateral do grupo CFA, bem como houve reversão dessa

Resultados

39

alteração nos tálamos experimental e contralateral do grupo tratado com gabapentina (Figura

9C-D). Em relação à análise de interleucina 6, somente se observou diferença estaística entre

os grupos controle e CFA do tálamo experimental, enquanto que no lado contralateral apenas

foi encontrado uma tendência de redução. Entretanto, foi encontrado diminuição na dosagem

dessa citocina em ambos os lados após tratamento com gabapentina (Figura 9E-F).

A) B)

C) D)

Figura 8 - Dosagem de citocinas anti-inflamatórias no tálamo de animais com miosite crônica

induzida por CFA após tratamento com gabapentina. A quantificação de interleucinas 4 e 10

presentes no tálamo experimental (A e C) e contralateral (B e D) dos animais, expressa em pg/ml, foi

determinada por tecnologia Multiplex. Os resultados representam a média epm de 6-9 animais por

grupo. * p <0,05 ** e p <0,001 por comparação com o grupo CFA.

IL-4 contralateral

0 50 100

150

200

Naive

CFA

CFA+GBP

*

pg/mL

Gru

pos

IL-4 experimental

0 50 100

150

200

Naive

CFA

CFA+GBP

**

*

pg/mL

Gru

pos

IL-10 experimental

0 20 40 60 80 100

Naive

CFA

CFA+GBP

pg/mL

Gru

pos

IL-10 contralateral

0 20 40 60 80 100

Naive

CFA

CFA+GBP

pg/mL

Gru

pos

Resultados

40

A) B)

C) D)

E) F)

Figura 9 - Dosagem de citocinas pró-inflamatórias no tálamo de animais com miosite crônica

induzida por CFA após tratamento com gabapentina. A quantificação de interleucina 1β, fator de

necrose tumoral α e interleucina 6 presentes no tálamo experimental (A, C e E) e contralateral (B, D e F)

dos animais, expressa em pg/ml, foi determinada por tecnologia Multiplex. Os resultados representam a

média epm de 4-9 animais por grupo. * p <0,05 e ** p <0,001 por comparação com o grupo CFA.

IL-1 experimental

0 10 20 30 40

NAIVE

CFA

CFA+GBP *

*

pg/mL

Gru

pos

IL-1 contralateral

0 10 20 30 40

NAIVE

CFA

CFA+GBP

pg/mL

Gru

pos

TNF-a contralateral

0 10 20 30

Naive

CFA

CFA+GBP

*

*

pg/mL

Gru

pos

TNF-a experimental

0 10 20 30

Naive

CFA

CFA+GBP

**

**

pg/mL

Gru

pos

IL-6 contralateral

050

010

0015

00

Naive

CFA

CFA+GBP *

pg/mL

Gru

pos

IL-6 experimental

050

010

0015

00

Naive

CFA

CFA+GBP

**

*

pg/mL

Gru

pos

Resultados

41

5.4 ANÁLISE DE CITOCINAS NA MEDULA ESPINAL DE RATOS COM

MIOSITE CRÔNICA

Igualmente, foi realizado quantificação das citocinas IL-1B, IL-4, IL-6, IL-10 e TNF-α

na medula espinal dos animais. Neste ensaio, foi observado menor dosagem de interleucina 10

na medula dos animais com miosite crônica (CFA), em comparação ao grupo naive, porém

não foi encontrado diferença estatística na interleucina 4 entre estes dois grupos (Figura 10A-

B).

Ainda em relação à dosagem de interleucina IL-10, não foi encontrado diferença

estatística no grupo tratado com gabapentina, somente foi observado uma tendência de seu

aumento após tratamento. Por outro lado, observa-se que houve aumento de interleucina IL-4

no grupo que recebeu tratamento farmacológico (Figura 10A-B).

Quanto à quantificação de citocinas pró-inflamatórias na medula espinal, foi

encontrado diferença estatística na dosagem de interleucina 1β entre os grupos naive e CFA.

No entanto, não foi observado alteração estatística desta citocina no grupo tratado com

gabapentina (Figura 10C).

Não encontramos diferença estatística na dosagem de TNFα entre os grupos controle e

CFA quando a medula espinal foi analisada. Entretanto, foi evidenciado a diminuição dessa

citocina nos animais tratados (Figura 10D).

Em relação à dosagem de interleucina 6, não foi encontrado diferença entre nenhum

dos grupos analisados, mas observa-se uma tendência de aumento dessa citocina após indução

da dor muscular crônica e uma tendência de sua diminuição no grupo tratado (Figura 10E).

Vale ressaltar que foi feita análise da medula completa, sem divisão de lado ipsi ou

contralateral, visto que nosso grupo já havia constatado alteração bilateral na morfologia da

medula espinal de ratos com dor muscular crônica induzida por CFA (Rosa et al., 2017).

A) B)

IL-10

0 50 100

150

Naive

CFA

CFA+GBP

*

pg/mL

Gru

pos

IL-4

010

020

030

040

050

0

Naive

CFA

CFA+GBP **

pg/mL

Gru

pos

Resultados

42

C) D)

E)

Figura 10 - Dosagem de citocinas pró e anti-inflamatórias na medula espinal de animais com

miosite crônica induzida por CFA após tratamento com gabapentina. A quantificação de interleucina

4, 10, 1β, fator de necrose tumoral α e interleucina 6 presentes na medula espinal (A, B, C, D e E,

respectivamente), expressa em pg/ml, foi determinada por tecnologia Multiplex. Os resultados

representam a média epm de 4-6 animais por grupo. * p <0,05 e ** p <0,001 por comparação com o

grupo CFA.

TNF-a

0 20 40 60

Naive

CFA

CFA+GBP *

pg/mL

Gru

pos

IL-6

050

010

0015

0020

0025

00

Naive

CFA

CFA+GBP

pg/mL

Gru

pos

IL-1

0 20 40 60 80

NAIVE

CFA

CFA+GBP

*

pg/mL

Gru

pos

Resultados

43

5.5 ANÁLISE DE CITOCINAS NO GÂNGLIO DA COLUNA POSTERIOR DE

RATOS COM MIOSITE CRÔNICA

Também foi realizado quantificação de citocinas no gânglio da coluna posterior

experimental e contralateral dos animais. Novamente, as citocinas quantificadas foram IL-1B,

IL-4, IL-6, IL-10 e TNF-α.

Quanto à análise de interleucina 4 no gânglio experimental, não foi encontrado

diferença estatística entre os grupos analisados, mas uma tendência de diminuição dessa

citocina no grupo com dor muscular crônica e tendência de seu aumento após tratamento com

gabapentina foi obervado. (Figura 11A). Já no gânglio contralateral, encontrou-se diferença

estatítisca entre os grupos naive e CFA, mas não se observou alteração no grupo tratado

(Figura 11B).

Sobre a dosagem de interleucina 10 no gânglio experimental, não foi observado

diferença estatística entre os grupos analisados, somente uma tendência de aumento dessa

citocina no grupo tratado com gabapentina (Figura 11C). No gânglio contralateral, não foi

encontrado diferença entres os grupos controle e CFA, no entanto, observou-se o aumento de

IL-10 após tratamento (Figura 11D).

Quanto à quantificação de citocinas pró-inflamatórias no gânglio, foi encontrado

diferença estatística na dosagem de interleucina 1β entre os grupos naive e CFA, assim como

no grupo tratado com gabapentina, em comparação aos grupo CFA (Figura 12A). No lado

contralateral, apenas oberva-se a tendência de aumento dessa citocina após indução da dor

muscular crônica e a tendência de redução no grupo tratado com gabapentina (Figura 12B).

Ainda, não encontramos alteração estatística na dosagem de TNFα nos gânglios

experimental e contralateral de nenhum dos grupos analisados, apenas uma tendência de

aumento dessa citocina no grupo CFA (Figura 12C-D). Também, foi observado a diminuição

dessa citocina no gânglio experimental dos animais tratados (Figura 12C) e a tendência de

redução no gânglio contralateral (Figura 12D).

Em relação à dosagem de interleucina 6 nos gânglios experimental e contralateral, não

foi encontrado diferença entre os grupos controle e CFA, mas observou-se o aumento dessa

interleucina após tratamento farmacológico (Figura 12E-F).

Resultados

44

A) B)

C) D)

Figura 11 - Dosagem de citocinas anti-inflamatórias no gânglio da coluna posterior de animais com

miosite crônica induzida por CFA após tratamento com gabapentina. A quantificação de

interleucinas 4 e 10 presentes no gânglio da coluna posterior experimental (A e C) e contralateral (B e D)

dos animais, expressa em pg/ml, foi determinada por tecnologia Multiplex. Os resultados representam a

média epm de 4-6 animais por grupo. * p <0,05 por comparação entre os grupos CFA e CFA+GBP.

IL-4 experimental

0 20 40 60

Naive

CFA

CFA+GBP

pg/mL

Gru

pos

IL-4 contralateral

0 20 40 60

Naive

CFA

CFA+GBP

*

pg/mL

Gru

pos

IL-10 contralateral

0 10 20 30 40

Naive

CFA

CFA+GBP *

pg/mL

Gru

pos

IL-10 experimental

0 10 20 30 40

Naive

CFA

CFA+GBP

pg/mL

Gru

pos

Resultados

45

A) B)

C) D)

E) F)

Figura 12 - Dosagem de citocinas pró-inflamatórias no gânglio da coluna posterior de animais com

miosite crônica induzida por CFA após tratamento com gabapentina. A quantificação de interleucina

1β, fator de necrose tumoral α e interleucina 6 presentes no gânglio da coluna posterior experimental (A,

C e E) e contralateral (B, D e F) dos animais, expressa em pg/ml, foi determinada por tecnologia

Multiplex. Os resultados representam a média epm de 4-7 animais por grupo. *p <0,05 e **p <0,001

por comparação com o grupo CFA.

TNF-a experimental

0 5 10 15 20 25

Naive

CFA

CFA+GBP *

pg/mL

Gru

pos

TNF-a contralateral

0 5 10 15 20 25

Naive

CFA

CFA+GBP

pg/mL

Gru

pos

IL-6 contralateral

050

010

0015

0020

00

Naive

CFA

CFA+GBP **

pg/mL

Gru

pos

IL-6 experimental

050

010

0015

0020

00

Naive

CFA

CFA+GBP **

pg/mL

Gru

pos

IL-1 experimental

0 10 20 30 40

NAIVE

CFA

CFA+GBP *

*

pg/mL

Gru

pos

IL-1 contralateral

0 10 20 30 40

NAIVE

CFA

CFA+GBP

pg/mL

Gru

pos

Resultados

46

5.6 ANÁLISE DE CÉLULAS GLIAIS NO TÁLAMO DE RATOS COM MIOSITE

CRÔNICA

Para análise de células gliais no tálamo experimental e contralateral dos animais,

utilizamos à técnica de imuno-histoquímica para marcação de GFAP (marcador de astrócitos)

e Ox-42 (marcador de microglia). A área analisada foi referente ao núcleo ventral póstero-

lateral (VPL) e ao núcleo ventral póstero-medial (VPM), núcleos intralaminares do tálamo

que fazem parte do processamento da informação nociceptiva transmitida pelas vias aferentes,

como descrito anteriormente (Figura 13).

Pela imunorreatividade observada para estes marcadores, podemos observar que

houve aumento de astrócitos no tálamo experimental do grupo CFA, quando comparado ao

grupo controle. No entanto, não encontramos diferença estatística no tálamo contralateral,

apenas uma tendência de aumento de astrócitos nos animais com miosite crônica. Além disso,

notou-se que há inibição na imunorreatividade de astrócitos em ambos os lados analisados

após tratamento farmacológico com gabapentina (Figura 14).

Ainda, observou-se que houve aumento de células microgliais nos tálamos

experimental do grupo com miosite crônica, porém não no tálamo contralateral, em

comparação aos animais naive. Da mesma forma, observamos que a imunorreatividade para

microglia foi reduzida após tratamento farmacológico nos tálamos experimental e

contralateral (Figura 15).

Figura 13 - Ilustração esquemática da região encefálica analisada. Imagens adaptadas do Atlas

The Rat Brain (Paxinos e Watson) que demonstra a região encefálica analisada durante o experimento,

os núcleos ventral póstero-lateral (VPL) e ventral póstero-medial (VPM) do tálamo.

Resultados

47

A)

B)

Figura 14 - Imunorreatividade para astrócitos no tálamo de ratos com miosite crônica induzida

por CFA após tratamento com gabapentina. A) Imagens digitais com imunomarcação de astrócitos

nos núcleos VPL e VPM do tálamo experimental e contralateral. B) Quantificação de astrócitos nos

núcleos VPL e VPM do tálamo experimental e contralateral. Os resultados representam a média epm

de 4 animais por grupo. * P<0,05 por comparação entre os grupos NAIVE e CFA+salina. # P<0,05

por comparação entre os grupos CFA+salina e CFA+GBP.

Experimental Contralateral

Naive

CFA+SAL

CFA+GBP

0

100

200

300

NAIVE

CFA+salina

CFA+GBP

Experimental Contralateral

#

*

#

GFAP

Den

sid

ad

e O

pti

ca (

pix

els

)

Resultados

48

A)

B)

Figura 15 - Imunorreatividade para microglia no tálamo de ratos com miosite crônica induzida

por CFA após tratamento com gabapentina. A) Imagens digitais com imunomarcação de microglia

nos núcleos VPL e VPM do tálamo experimental e contralateral. B) Quantificação de microglia nos

núcleos VPL e VPM do tálamo experimental e contralateral. Os resultados representam a média epm

de 4 animais por grupo. * P<0,05 por comparação entre os grupos NAIVE e CFA+salina. # P<0,05 por

comparação entre os grupos CFA+salina e CFA+GBP.

Experimental Contralateral

Naive

CFA+SAL

CFA+GBP

0

100

200

300

400NAIVE

CFA+salina

CFA+GBP

Experimental Contralateral

Ox-42

#* #

Den

sid

ad

e O

pti

ca (

pix

els

)

Resultados

49

5.7 ANÁLISE DE CÉLULAS GLIAIS SATÉLITES NO GÂNGLIO DA COLUNA

POSTERIOR DE RATOS COM MIOSITE CRÔNICA

Para análise de células gliais satélites no gânglio da coluna posterior, os tecidos foram

extraídos e submetidos à técnica de Western Blotting, sendo analisados os gânglios da porção

lombar da medula espinal (L4-L6). Como marcador de células gliais satélites, utilizamos o

anticorpo GFAP.

A partir da quantificação da proteína realizada, foi possível observar um aumento de

71% na expressão proteica de células gliais satélites no gânglio dos animais com miosite

crônica (CFA), em comparação ao grupo naive. Ainda, o grupo tratado com gabapentina

demonstrou uma diminuição de 62% na expressão dessas células gliais, em comparação ao

grupo CFA (Figura 16).

Figura 16 - Expressão proteica de células gliais satélites de ratos com miosite crônica induzida

por CFA após tratamento com gabapentina. Gráfico representativo para a quantificação proteica

das células glais satélites no gânglio da coluna posterior direito dos animais. Os resultados

representam a média epm de 5 animais por grupo. *P<0,05 por comparação entre os grupos CFA e

CFA+GBP.

GFAP

Naive CFA CFA + GBP0

50

100

150

200*

71%

62%Den

sid

ad

e ó

pti

ca

(%)

Discussão

50

5. DISCUSSÃO

O tecido musculoesquelético é um sítio muito comum de dor e, provavelmente, todos

irão vivenciar um episódio de dor muscular na vida. As afecções musculares crônicas

representam alto custo econômico e não respondem bem às intervenções convencionais,

afetando a qualidade de vida das pessoas. Deste modo, pesquisadores têm utilizado

substâncias algiogênicas, dentre elas o Adjuvante Completo de Freund (CFA), como modelo

experimental para estudo da dor muscular crônica (Chacur et al., 2009; Hoheisel et al., 1998;

Hoheisel et al., 2013; Reinert et al., 1998).

Neste trabalho, nós induzimos quadro de miosite crônica pela injeção de CFA no

músculo gastrocnêmico de ratos e avaliamos o efeito da gabapentina na dor muscular gerada.

Deste modo, este estudo tem como finalidade avaliar se o tratamento farmacológico com

gabapentina é eficaz em reverter a dor muscular crônica de animais induzida neste modelo

experimental de dor e analisar sua influência em células gliais, canais de cálcio dependentes

de voltagem e na produção e/ou liberação de citocinas a nível central e periférico.

Em nossos testes comportamentais, observamos que a dor muscular crônica induzida

pela injeção de CFA no músculo gastrocnêmio direito dos animais, não apenas diminui o

limiar nociceptivo em testes comportamentais realizados na pata experimental, como também

gera nocicepção na pata contralateral à lesão, o que corrobora com pesquisas anteriores. No

entanto, não observamos alodinia tátil na pata contralateral em nossos testes comportamentais.

Dessa forma, além de alodinia unilateral, foi observado que o quadro de miosite crônica

induzido produz hiperalgesia térmica e mecânica bilateral.

Um estudo de Sluka e seus colaboradores havia descrito anteriormente que ratos

injetados com salina ácida apresentavam quadro de hiperalgesia mecânica na pata

contralateral à lesão (Sluka et al., 2001). Este grupo também observou que ratos com dor

musculoesquelética aguda induzida por injeção de carragenina, além de apresentar

hiperalgesia mecânica na pata contralateral, também manifestavam hiperalgesia térmica

bilateral (Radhakrishnan et al., 2003). Por outro lado, outro grupo de pesquisa demonstrou

que a injeção de CFA no músculo masseter induz alodinia bilateral em ratos (Tariba Knezevic

et al., 2016).

Ainda, no teste Von Frey Eletrônico, observamos que o tratamento farmacológico com

gabapentina via intratecal na dose de 200μg foi mais eficaz em reverter a nocicepção dos

animais com miosite crônica, quando comparado com a dose de 100μg. Após padronização do

Discussão

51

tratamento, ao aplicarmos os testes Filamentos de Von Frey, Hargreaves e novamente o Von

Frey Eletrônico, foi demonstrado que o limiar nociceptivo dos animais aumentou em todos

eles, revertendo alodinia e hiperalgesia bilateral - térmica e mecânica (Rosa et al., 2017).

Desta forma, o efeito antinociceptivo da gabapentina em modelo de dor muscular crônica

induzida por CFA foi constatado. Estes resultados corroboram com um único estudo prévio de

dor musculoesquelética tratada com gabapentina que demonstrou seu efeito analgésico em

ratos com hiperalgesia mecânica após injeção de salina ácida no músculo gastrocnêmio (Kang

et al., 2014).

Nós escolhemos a gabapentina como um tratamento potencial para dor muscular

crônica por seu efeito antinociceptivo relatado na literatura (Allchorne et al., 2012;

Krzyzanowska et al., 2011; Mimenza Alvarado; Aguilar Navarro, 2016; Zhang et al., 2009;

Zhang et al., 2015), e também, devido à sua ampla eficácia em casos clínicos de dor crônica

(Atkinson et al., 2016; Beladi Mousavi et al., 2015; Cheng; Chiou, 2006; Dolgun et al.,

2014; Lewis et al., 2016; Robertson; Marshman, 2016; Rowbotham et al., 1998). Estudos

têm demonstrado que a gabapentina pode inibir respostas dolorosas por meio de sua ligação à

subunidade α2/δ-1 de canais de cálcio dependentes de voltagem presente em neurônios e

redução de substâncias como glutamato, substância P, NF-kB e CGRP (Fink et al., 2000;

Kukkar et al., 2013; Park et al., 2008; Quintero et al., 2011; Yaksh, 2006). Além disso,

sabe-se que a gabapentina apenas prejudica funções motoras em doses elevadas (Kang et al.,

2014).

As células da glia são células não condutoras que modulam a neurotransmissão a nível

sináptico e desempenham papel importante no desenvolvimento e manutenção da informação

nociceptiva. Após uma lesão, células microgliais são ativadas e liberam mediadores pró-

inflamatórios como prostaglandinas, óxido nítrico e citocinas, dando início ao processo

doloroso. A microglia propaga a neuroinflamação recrutando outras microglias e ativando

astrócitos, o que prolonga o estado inflamatório em condições de dor crônica (Milligan;

Watkins, 2009; Old et al., 2015; Tsuda et al., 2005; Vallejo et al., 2010).

Tendo em vista pesquisas anteriores que demonstraram que astrócitos e microglia da

medula espinal podem estar envolvidas na dor ipsilateral (Chacur et al., 2009; Tenschert et

al., 2004) e contralateral à lesão muscular crônica de ratos (Rosa et al., 2017), decidimos

avaliar estas células no tálamo experimental e contralateral dos animais após indução de

miosite e tratamento com gabapentina. Assim, durante análise de células gliais no tálamo

Discussão

52

experimental e contralateral dos animais, analisamos os núcleos ventral póstero-lateral e

ventral póstero-medial, que são relé das vias sensitivas e projetam suas fibras para o córtex do

giro pós-central (área somestésica primária).

Pela imunorreatividade observada para GFAP e Ox-42 na técnica de imuno-

histoquímica, pudemos observar que houve aumento de astrócitos no tálamo experimental do

dos animais com miosite crônica induzida, quando comparado aos animais controle. Contudo,

não encontramos diferença estatística no tálamo contralateral, apenas uma tendência de

aumento de astrócitos nos animais com miosite crônica. Além disso, observou-se que há

inibição na imunorreatividade de astrócitos em ambos os lados analisados do tálamo após

tratamento farmacológico com gabapentina. Ainda, observou-se que houve aumento de

células microgliais no tálamo experimental dos animais com dor muscular crônica, em

comparação aos animais brancos, porém não no tálamo contralateral, apesar da forte

tendência encontrada. Da mesma forma, observamos que a imunorreatividade de microglia foi

inibida nos tálamos experimental e contralateral após tratamento farmacológico.

Previamente, havia sido demonstrado na literatura que ratos com dor neuropática

expressam maior reatividade microglial no núcleo ventral póstero-lateral (LeBlanc et al.,

2011) e maior imunorreatividade de astrócitos e microglia no tálamo e mesencéfalo (Giardini

et al., 2017). Deste modo, sugerimos que há contribuição de astrócitos e microglia dos

núcleos talâmicos VPL e VPM na geração da hiperalgesia bilateral encontrada nos animais

com miosite crônica induzida por injeção de CFA. Além disso, sugerimos que a gabapentina

possui ação em núcleos intralaminares do tálamo, visto que pesquisadores encontraram

analgesia em casos de dor após acidente vascular encefálico em regiões talâmicas após

tratamento com gabapentina (Hesami et al., 2015; Yang et al., 2014) e que, neste trabalho,

encontramos inibição de microglia e astrócitos nos núcleos ventral póstero-lateral e ventral

póstero-medial de ratos com dor muscular crônica revertida após tratamento com gabapentina.

O gânglio da coluna posterior é um aglomerado de corpos de neurônios aferentes

primários localizado no SNP que modula de estímulos sensitivos, tais como a informação

nociceptiva, antes que estes cheguem ao SNC. Cada corpo celular existente no gânglio da

coluna posterior é envolvido por células gliais satélites, células que desempenham no SNP

atividade semelhante à dos astrócitos e têm sido relatadas por participar de processos

nociceptivos (Costa; Moreira Neto, 2015; Liu et al., 2012). Dessa forma, analisar a expressão

de células gliais no gânglio de animais foi mais um objeto de estudo neste trabalho.

Discussão

53

Pela quantificação da proteína marcadora de célula glial satélite no gânglio neste

trabalho, pudemos observar que os animais com miosite crônica induzida por CFA

apresentam maior expressão células gliais satélites, em comparação aos animais controle,

demonstrando modulação da dor muscular crônica por estas células. Além disso, foi

evidenciado neste estudo que o tratamento farmacológico com gabapentina é eficaz em inibir

a expressão destas células, contribuindo para o efeito antinociceptivo observado. Até o

momento, alguns estudos evidenciavam que animais com dor neuropática quando tratados

com gabapentina apresentavam redução da ativação dessas células (Park et al., 2008 ; Reda et

al., 2016; Suto et al., 2014).

Como mencionado, as células glias podem liberar citocinas pró-inflamatórias que

desempenham papel chave em desordens do SNC, como dor neuropática, epilepsia e doenças

neurodegenerativas. As citocinas são pequenas proteínas secretadas pelas células e têm um

efeito específico sobre as interações e comunicações celulares. Citocinas podem atuar sobre as

células que as secretam (ação autócrina), nas células próximas (ação parácrina) ou, em alguns

casos, em células distantes (ação endócrina). Há evidências significativas de que citocinas

estão envolvidas não apenas na iniciação, mas também na persistência de dor patológica por

ativação direta de neurônios sensoriais nociceptivos. Citocinas inflamatórias também estão

envolvidas na sensibilização central induzida por lesão nervosa e estão relacionadas com o

desenvolvimento de hiperalgesia e alodinia contralateral (Oliveira et al., 2017; Skaper; Facci,

2012; Zhang; An, 2007). Em razão disso, um de nossos objetivos foi quantificar algumas

citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias relacionadas à dor patológica.

A respeito do ensaio para dosagem de citocinas no tálamo, demonstrou-se que há

redução de interleucina IL-4 nos tálamos experimental e contralateral do grupo com dor

muscular crônica, no entanto não houve alteração dessa citocina após tratamento

farmacológico com gabapentina. Ainda, apesar de não ter sido observado alteração estatística

em interleucina IL-10 entre os grupos analisados, observa-se uma tendência de diminuição

desta citocina no tálamo contralateral do grupo CFA.

Já ao dosar citocinas pró-inflamatórias no tálamo, foi verificado maior marcação de

TNFα nos tálamos experimental e contralateral dos animais com dor muscular crônica, bem

como foi constatado a diminuição desse fator no tálamo experimental e tendência de redução

no tálamo contralateral dos animais após tratamento com gabapentina. Ao quantificar

interleucina IL-6, não foi encontrado alteração entre os grupos controle e CFA, todavia foi

Discussão

54

encontrado diminuição desta citocina após tratamento com gabapentina. Também não foi

verificado alteração estatística na interleucina 1β entre os grupos controle e CFA, mas

observou-se uma tendência de aumento dessa citocina após indução da dor muscular crônica e

redução desta interleucina no grupo tratado com gabapentina, tanto no tálamo experimental

quanto no tálamo contralateral.

Quando analizamos as mesmas interleucinas, porém no gânglio da coluna posterior

dos mesmos grupos de animais, observamos uma tendência de diminuição das interleucina IL-

4 no gânglio experimental do grupo CFA, bem como uma tendência de seu aumento após

tratamento com gabapentina. Apesar do pequeno número de animais por grupo, foi observado

uma tendência de aumento de interleucina IL-10 no lado experimental dos animais com dor

muscular, enquanto que no gânglio contralateral seu aumento foi constatado apenas após

tratamento. Ressalta-se que esses resultados podem sofrer alteração ao aumentar-se o número

de animais no experimento.

Já em relação à dosagem de citocinas pró-inflamatórias no gânglio da coluna posterior,

foi observado uma tendência de aumento na dosagem de interleucina 1β após indução de dor

muscular crônica, especialmente no lado contralateral. Ainda, foi encontrado redução desta

interleucina nos gânglios experimental e contralateral após tratamento com gabapentina. Não

foi observado alteração estatística na dosagem de TNFα nos gânglios experimental e

contralateral de nenhum dos grupos analisados, mas uma tendência de diminuição dessa

citocina no gânglio experimental dos animais após tratamento. Além disso, não foi encontrado

diferença na dosagem de interleucina IL-6 no gânglio experimental dos grupos analisados,

mas uma tendência de aumento dessa citocina no grupo tratado. Contudo, foi encontrado o

aumento dessa interleucina no gânglio contralateral dos animais tratados com gabapentina,

talvez em função do número pequeno de animais neste ensaio.

Em relação a análise da porção lombar da medula espinal, foi observado um aumento

estatisticamente significativo apenas na IL-4 quando tratados com a gabapentina. Já em

relação as citocinas pro-inflamatórias, observamos uma diminuição na dosagem de TNFα

após tratamento com gabapentina.

Desta forma, tais resultados sugerem que a dor muscular crônica interfere nas

interleucinas anti-inflamatórias IL-4 e IL-10 do tálamo e gânglio da coluna posterior dos

animais e apenas IL-4 em relação a avaliação da porção lombar da medula espinal. Ainda, há

participação das citocinas pró-inflamatórias IL-1β, IL-6 e TNF-α no tálamo, da IL-1β no

Discussão

55

gânglio da coluna posterior e do TNF-α na porção lombar da medula espinal durante este

processo nociceptivo.

Até o momento, estudos haviam encontrado aumento de IL-1β, IL-6 e TNF-α no

músculo gastrocnêmio de animais com dor muscular aguda (Loram et al., 2007; Manjavachi

et al., 2010) e apenas de IL-1β na medula espinal de ratos com dor muscular (Borghi et al.,

2014).

Além disso, sugere-se que a ação da gabapentina ocorre indiretamente por meio da

estimulação de citocinas anti-inflamatórias e, principalmente, pela inibição de citocinas pró-

inflamatórias. Estes dados complementam pesquisas que observaram que a gabapentina pode

reduzir IL-6, TNF-α e IL-1β e aumentar IL-10 na medula espinal de ratos com dor

neuropática (Hayashi et al., 2013; Kremer et al., 2016).

Portanto, concluímos que a gabapentina além de inibir a nocicepção bilateral induzida

em nosso modelo experimental também é capaz de reverter a reatividade glial e a

neuroinflamação existentes na dor muscular crônica. Diante da necessidade de inovação e

aperfeiçoamento das terapêuticas atuais, mais estudos são necessários, tanto para

compreensão da fisiopatologia da dor muscular crônica, como para conhecimento do efeito

benéfico da gabapentina.

* *

*

Em síntese, nossos resultados sugerem que o processo nociceptivo em nosso modelo

de dor muscular crônica interfere na produção e/ou liberação das interleucinas anti-

inflamatórias e pró-inflamatórias. Ainda, observamos que a este processo nociceptivo provoca

aumento de astrócitos e microglia no tálamo dos animais após indução de miosite crônica. No

que tange ao tratamento farmacológico, sugerimos que a gabapentina possui ação nos núcleos

intralaminares do tálamo e inibe astrócitos e microglia nos núcleos ventral póstero-lateral e

ventral póstero-medial em modelo de dor muscular crônica. Além disso, sugerimos que a ação

da gabapentina ocorre indiretamente por meio da estimulação de citocinas anti-inflamatórias

e, principalmente, pela inibição de citocinas pró-inflamatórias.

Conclusão

56

6. CONCLUSÃO

Nossos resultados em conjunto podem concluir que a modulação da dor muscular

crônica causada pelo aumento de neurotransmissores e citocinas pró-inflamatórias no tecido

musculoesquelético, como descrito na literatura, segue para o gânglio da coluna posterior e

ascende ao tálamo em terminais aferentes primários ipsilaterais à lesão, o que possibilita

ativação glial. As células gliais uma vez ativada, liberam mais mediadores que chegam aos

terminais do lado contralateral à lesão, levando também, à ativação de microglia e astrócitos

do lado contralateral. Os produtos gliais poderiam levar à uma liberação exacerbada de

neurotransmissores, sensibilização da membrana pós-sináptica, ativação de outras células

gliais e aumento da propagação glial de neuromediadores, facilitando o desenvolvimento de

hipersensibilidade neuronal, hiperalgesia e alodinia. Podemos concluir que, nosso tratamento

com a gabapentina, diminui a liberação de neurotransmissores que ativam células microgliais

e astrócitos no gânglio da coluna posterior e tálamo, inibindo a liberação de citocinas pró-

inflamatórias e estimulando a liberação de citocinas anti-inflamatórias; modulando assim a

resposta nociceptiva e por conseguinte, reversão do quadro doloroso.

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