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AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES DE GESSO ODONTOLÓGICO SUBMETIDO A DIFERENTES CICLOS DE SECAGEM POR RADIAÇÃO DE MICROONDAS
R. Calveyra**, H. L. R. Alves*, C. P. Bergmann*, C. B. B. Fortes**, S. W. Samuel** * Laboratório de Materiais Cerâmicos – LACER
Departamento de Materiais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Av. Osvaldo Aranha, 99, sala 705 c, Centro, 90035-190, Porto Alegre/RS, Brasil
[email protected] ** Laboratório de Materiais Dentários
Departamento de Odontologia Conservadora, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Av. Ramiro Barcelos, 2492, sala 400, Santana, 90035-003, Porto Alegre/RS, Brasil
RESUMO
A estequiometria da reação de cristalização do gesso está na proporção de
100g de pó para 18,6g de água. No entanto, seguindo esta proporção não é possível
obter uma pasta fluida para que o gesso odontológico escoe e copie detalhes.
Sendo assim, obedecendo as especificações do fabricante, adiciona-se mais água
com a finalidade de obter a consistência desejada. Esta água em excesso é
responsável pela diminuição de propriedades mecânicas do gesso. Portanto, deve-
se aguardar 24 horas para que a água em excesso evapore e o gesso atinja
propriedades mecânicas adequadas (incluindo aí a retenção de forma a partir de re-
trabalho de acabamento/detalhamento) após secagem. O objetivo deste trabalho foi
otimizar o tempo de secagem do gesso pedra tipo III via secagem por microondas.
Os resultados obtidos variaram de acordo com a potência e o tempo empregados na
secagem, que influíram significativamente nas propriedades mecânicas finais do
gesso.
Palavras-Chave: Secagem, Gesso, Microondas, Odontologia.
INTRODUÇÃO
A reação estequiométrica de cristalização do hemiidrato de sulfato de cálcio em
diidrato está na proporção de 100g de pó para 18,6g de água (1). Assim é, também,
para o gesso pedra tipo III, que é largamente utilizado na odontologia. No entanto,
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seguindo esta proporção, não é possível obter uma fase coloidal com a fluidez
necessária para que o gesso copie detalhes (segundo a especificação ADA –
American Dental Association, o mínimo referente a uma linha de 50 µm de
espessura e 30 mm de comprimento). Sendo assim, segundo a recomendação de
cada fabricante, adiciona-se mais água com a finalidade de obter a consistência
ideal. Esta água em excesso é responsável pela diminuição das propriedades
mecânicas do gesso, como a resistência à compressão e à abrasão. Portanto, deve-
se aguardar 24 horas para que a água em excesso evapore e obtenha-se melhores
propriedades a fim de preservar a integridade dos modelos de gesso, conservando
as condições adequadas para a confecção e adaptação dos trabalhos laboratoriais (2). Um dos métodos utilizados na clínica odontológica para a otimização do tempo
de secagem é a submissão dos modelos de gesso ao calor de fornos e estufas. No
entanto, ultrapassada uma temperatura crítica em um período de tempo
relativamente longo, ocorre a inversão da reação de cristalização, o que confere ao
material propriedades indesejáveis. A radiação de microondas é bem conhecida
para o aquecimento de alimentos, mas recentemente encontrou novas aplicações
em muitos processos industriais, tais como aqueles que envolvem secagem,
sinterização e fusão de materiais cerâmicos. O processo de secagem de materiais
cerâmicos, em particular, apresenta inúmeras variáveis cinéticas que determinam a
qualidade do produto final. A radiação de microondas apresenta peculiaridades
pertinentes no que diz respeito à otimização do tempo de secagem de produtos
cerâmicos, visto que a secagem não depende da transferência de calor da superfície
para o interior dos corpos, o que torna o processo mais prático. Assim, aplicar a
energia de microondas à secagem de materiais cerâmicos é uma boa alternativa em
relação a alguns dos problemas associados aos métodos de secagem
convencionais ao ar quente (3).
No presente trabalho, são apresentados resultados de comparação de
propriedades de corpos-de-prova de gesso odontológico tipo III distribuídos num
grupo controle, com amostras secas pelo processo convencional (24hs ao ar) e nove
grupos com amostras secas em diferentes ciclos de secagem com radiação de
microondas. Este trabalho tem como objetivo apresentar todos os aspectos
relacionados ao desenvolvimento de uma metodologia tecnologicamente inovadora
que propõe a otimização de tempo na secagem de modelos odontológicos, via
radiação de microondas, utilizando um processo de alto padrão de qualidade e
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reprodutibilidade, que diminuindo o tempo o tempo de presa final do gesso,
disponibiliza de forma rápida a sua a aplicação na clínica odontológica.
MATERIAIS E MÉTODOS
A matéria-prima escolhida para a realização deste trabalho foi gesso pedra,
classificação tipo III de acordo com a especificação Nº 25 da ANSI/ADA (4), da marca
comercial Mossoró (Empresa Industrial Gesso Mossoró – São Paulo). Os dados de
caracterização da matéria-prima apresentados nas Tabelas I e II foram fornecidos
pelo fabricante.
Tabela I. Propriedades físicas do gesso pedra tipo III Mossoró.
Propriedades ValoresConsistência: 30 a 35 ml de água para 100g de pó
Tempo de presa: 8 a 12 minutosExpansão de presa: 0,09% a 0,15%
1 hora - acima de 26 MPa Resistência à
compressão: 24 horas - acima de 57,8 MPa
Tabela II. Análise química do gesso tipo III Mossoró.
Óxidos % em pesoSO3 54,8220CaO 43,5807MgO 0,3590SiO2 0,3441NaO 0,2693Al2O3 0,1768Fe2O3 0,0604
Foram fabricadas 40 peças cilíndricas de iguais dimensões (r=10mm e
h=40mm), de acordo com a ANSI/ADA Nº 25, que foram distribuídas em 10 grupos,
sendo 09 grupos para secagem com radiação de microondas e 1 grupo controle,
cuja presa final foi obtida através do processo de secagem convencional ao ar
durante 24 horas.
Para fabricação do molde de silicone, utilizou-se quatro matrizes cilíndricas de
alumínio usinadas com 20 mm de diâmetro e 40 mm de altura. As matrizes foram
incluídas no silicone, em um recipiente apropriado, para conformar o molde
conforme a Figura 1.
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Figura 1. Matriz de silicone contendo quaro cavidades cilíndricas de 20mm de
diâmetro e 40mm de altura para confecção dos corpos-de-prova conforme
ANSI/ADA Nº 25.
Para a formulação e mistura da massa plástica de gesso seguiu-se à
recomendação do fabricante, sendo utilizada a proporção água/pó de 30ml/100g, e o
tempo de espatulação de 1 minuto. A mistura foi realizada em gral de borracha. A
fabricação dos corpos-de-prova se deu via vazamento da suspensão de gesso no
interior do molde cilíndrico, limitando-o com lâmina de vidro quando totalmente
preenchido. Utilizou-se uma mesa vibratória para facilitar o preenchimento do
mesmo, evitando o acúmulo de bolhas de ar no interior da amostra e nas paredes do
molde (5). Logo após se colocou um peso de 1 kg sobre a placa de vidro superior
para manter a massa comprimida durante os 30 minutos de inclusão.
O forno de microondas usa o magnetrôn para criar as microondas. Estas ondas
ressoam dentro da câmara de cozimento, devido à reflexão nas paredes metálicas.
Isto provoca o aparecimento de regiões onde o campo elétrico tem grandes
amplitudes e outras em que ele é mais fraco. Além das paredes metálicas espessas,
a porta tem janela de vidro recoberta com uma grade metálica também refletora de
microondas. A reflexão é tão boa que, se não houver nada dentro do microondas
que absorva as ondas, elas retornarão ao magnetrôn e, eventualmente, poderão
superaquecer o aparelho (6). Para a secagem via radiação de microondas utilizou-se
um forno de microondas de marca BlueSky, modelo BLU-M191, com potência
máxima de 700 W a uma freqüência de 2,45 GHz. Identificou-se que a configuração
da potência está diretamente relacionada com a fração de tempo que o forno está
efetivamente irradiando as microondas. Ou seja, para um programa de potência de
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50%, o forno fornece 100% de potência pela metade do tempo programado em
intervalos de tempo iguais.
O forno de microondas não fornece calor, ele atua exclusivamente sobre as
moléculas de água mediante o processo de ressonância, embora o calor possa ser
transferido por condução. Como as moléculas de água têm uma carga elétrica
diferente em seus pólos, giram com a polaridade variável (direção) do campo
elétrico. O aquecimento se deve principalmente a fricção devido às vibrações das
moléculas de água (7). Desconsiderando as perdas por convecção numa dada
potência, pode-se considerar que o tempo de aquecimento é proporcional à
quantidade de água colocada. Assim, por exemplo, um litro de água deve ferver
aproximadamente no dobro do tempo do que meio litro.
Caracterização dos corpos-de-prova
A caracterização física e mecânica das amostras foi realizada por meio de
ensaios normalizados que orientaram os procedimentos laboratoriais (8).
A avaliação estética se deu via análise visual direta do grau de acabamento
superficial dos corpos-de-prova quando do momento da desinclusão dos mesmos,
que foi meia hora após o vazamento, tendo-se como critério de exclusão as peças
com defeitos macroscópicos, como superfície rugosa, bolhas subsuperficiais ou
trincas.
A perda de massa foi medida em uma balança analítica com precisão de
centésimo de grama, da marca comercial Marte, modelo AL 500. As medições
iniciais de massa foram realizadas após o tempo de presa úmida (após uma hora da
espatulação). As medições finais de massa foram realizadas logo após os ciclos de
secagem, nos corpos dos grupos teste, e após 24 horas, nos corpos do grupo
controle.
A resistência mecânica, definida como a tensão máxima do carregamento na
falha, foi realizada em uma máquina universal de ensaios ATS modelo 1105 C. Os
corpos-de-prova foram submetidos a um carregamento de compressão a uma taxa
de 5,0 mm/minuto (9). Cálculo de amostra
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Foi realizado um teste piloto para estimar o desvio padrão do grupo controle.
O cálculo de amostra foi realizado através da equação (A):
n = Z² SD²/ L² (A)
Onde:
SD é a estimativa do desvio padrão;
L é a precisão necessária, o intervalo dentro do qual a média da população se
encontra com a probabilidade estabelecida i.e Z (nível de confiança);
Z é o nível de confiança desejado, que, no caso deste trabalho, foi de 95%.
A partir dos resultados do cálculo de amostra, foi estabelecido que o número
mínimo necessário de corpos de prova para cada grupo seria quatro.
Um fator relevante para a utilização clínica da energia de microondas para a
secagem do gesso odontológico é a padronização dos ensaios em relação à
quantidade de gesso submetido à secagem. Normalmente, para a confecção de
modelos odontológicos de trabalho, principal peça para o qual o gesso é utilizado,
são necessários aproximadamente 100 g de pó. No entanto, os corpos de prova
para a realização do ensaio de resistência mecânica à compressão devem ser
padronizados em cilindros de 20 mm de diâmetro por 40 mm de altura, conforme a
norma ANSI/ADA Nº 25, o que corresponde a uma massa total de 25 g. Portanto,
para que a quantidade de massa do corpo de prova seja semelhante àquela que é
usada pelo odontólogo, foi necessário utilizar, para cada ciclo de microondas, quatro
corpos de prova, totalizando aproximadamente 100 g de gesso. Assim, a quantidade
de água em excesso a ser retirada dos quatro corpos de prova foi semelhante
àquela que deve ser retirada de um modelo gesso odontológico.
Determinação dos ciclos de microondas Durante o desenvolvimento dos nove ciclos de secagem mostrados na Tabela
III, e com a finalidade de proteger o magnetrôn do aparelho, cada conjunto de quatro
corpos de prova foi acompanhado de um copo de Becker com 400 ml de água, a 20º
C, no interior do forno de microondas.
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Tabela III. Parâmetros de secagem com radiação de microondas.
Grupo Teste Nº de repetições Tempo Potência1 1 1 min 100%2 1 1 min 50% 3 1 1 min 10% 4 1 45 s 30% 5 1 3 min 30% 6 1 7 min 30% 7 1 5 min 30% 8* 10 7 min 20% 9 21 7 min 20%
Controle** 1 0 0% * Utilizou-se tempo de 3 minutos de intervalo entre os ciclos. ** Utilizou-se secagem ao ar a temperatura ambiente durante 24 horas.
RESULTADOS
Os resultados referentes à variação da massa e da resistência mecânica média
estão apresentadas nas Tabelas IV, V e VI e ilustradas nas Figuras 1 e 2. Salienta-
se que a duração total do ensaio do grupo 9 foi de 3 horas e 20 minutos.
Tabela VI. Variação de massa e média de resistência mecânica dos grupos teste 1 a
7 comparadas com o grupo controle.
Teste Massa Inicial
Massa Final
Variação de Massa (%)
Média da Resistência Mecânica
Teste 1 99,5 91,689 7,85 12,35
Teste 2 101,142 96,924 4,17 23,35
Teste 3 100,311 99,321 0,99 25,99
Teste 4 100,817 98,922 1,88 23,36
Teste 5 100,622 95,464 5,13 23,65
Teste 6 100,865 90,355 10,42 25,03
Teste 7 101,052 91,746 9,21 20,63
Controle 96.950 87.780 9.46 47.69
Tabela V. Variação de massa e média de resistência mecânica do grupo teste 8.
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Teste 8 Massa
Massa Inicial 99,8
Ciclo 1 97,92
Ciclo 2 97,312
Ciclo 3 96,18
Ciclo 4 95,36
Ciclo 5 94,45
Ciclo 6 94,068
Ciclo 7 93,526
Ciclo 8 93,13
Ciclo 9 92,85
Massa Final 92,65
Resistência Mecânica média
28,04
Tabela VI. Variação de massa e média de resistência mecânica do grupo teste 9.
Teste 9 Ciclo 11 91,214
Massa Inicial 100,612 Ciclo 12 91,089
Ciclo 1 98,345 Ciclo 13 90,983
Ciclo 2 96,329 Ciclo 14 90,889
Ciclo 3 94,825 Ciclo 15 90,774
Ciclo 4 93,654 Ciclo 16 90,651
Ciclo 5 92,996 Ciclo 17 90,582
Ciclo 6 92,394 Ciclo 18 90,535
Ciclo 7 91,952 Ciclo 19 90,483
Ciclo 8 91,71 Ciclo 20 90,454
Ciclo 9 91,517 Massa Final 90,412
Ciclo 10 91,348
Resistência Mecânica média
34,54
Figura 2. Gráfico de barras referente à resistência mecânica média de cada teste.
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Figura 3. Gráfico de barras referente à variação da massa total de cada teste.
DISCUSSÃO
No decorrer do desenvolvimento do trabalho foram identificadas inúmeras
dificuldades que levaram ao aperfeiçoamento da metodologia empregada.
Primeiramente verificou-se que o tempo total utilizado para mistura,
espatulação e vazamento no molde tem forte influencia sobre as propriedades finais
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dos corpos-de-prova. Para minimizar este efeito, padronizou-se o tempo de
espatulação em 1 minuto e o tempo total de trabalho em 2 minutos.
Outra questão importante está na proporção da massa total das amostras e na
massa média de gesso que reproduz uma arcada dentária, visto que este é um
parâmetro relevante com relação à energia necessária para a remoção de uma
determinada quantidade de água em excesso ao se utilizar a radiação de
microondas. Verificou-se que a massa de quatro corpos-de-prova se aproxima da
massa média de 100g, que reproduz o molde de uma arcada dentária. O que levou
ao procedimento padrão de secagem simultânea de quatro amostras, por ciclo de
secagem com radiação de microondas.
A determinação dos respectivos parâmetros (potência, tempo) referente aos
ciclos de secagem no formo de microondas exigiu um exaustivo estudo preliminar
para identificação da magnitude de eficiência de remoção de umidade ao se utilizar
radiação de microondas em relação ao processo convencional de secagem ao ar.
Nesse sentido, foi fundamental o entendimento do mecanismo de
funcionamento e os respectivos parâmetros e características intrínsecas do forno de
microondas utilizado.
Segundo os estudos anteriores (3), a radiação de microondas não deveria ser
usada para secar peças extremamente umedecidas, o que favoreceria o
aparecimento de trincas indesejáveis no que se refere à manutenção de
propriedades mecânicas ótimas. Este trabalho apresenta resultados que concordam
com esta afirmação, já que nos grupos onde a remoção de água, constatada através
da perda de massa dos corpos de prova, foi semelhante ao grupo controle, o
desempenho da resistência mecânica foi substancialmente inferior.
Trabalhos anteriores (2) concluíram que o gesso tipo IV é passível de secagem
em microondas, sem aumentar significativamente a resistência de presa inicial, em
um ciclo de secagem durante 10 minutos com uma potência de 600 W. Neste
trabalho, o grupo teste 1, que foi submetido a um ciclo de secagem durante 1 minuto
com uma potência de 630 W, apresentou valores de resistência mecânica
significativamente inferiores ao do grupo controle, mesmo tendo perdido uma
quantidade de água semelhante.
Alguns trabalhos (6), concluem que a energia de microondas, quando utilizada
em altas potencias, não é favorável para a secagem do gesso, já que com a rápida
saída da água em excesso os corpos de prova poderiam apresentar falhas que
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influenciariam negativamente suas propriedades. Por outro lado, quando a saída da
água é lenta, não é possível atingir os mesmos índices de resistência mecânica,
conservando uma otimização do tempo de secagem interessante, como mostra o
grupo teste 9 deste trabalho.
.
CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos neste trabalho, pode-se concluir que:
1. A radiação de microondas foi capaz de produzir uma perda de massa
semelhante à perda de massa do grupo controle;
2. As médias de resistência mecânica à compressão dos grupos submetidos à
radiação de microondas foram significativamente inferiores à média do grupo
controle;
3. A secagem do gesso odontológico tipo III via radiação de microondas não
alcançou a resistência mecânica requerida para trabalhos laboratoriais.
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Evaluation of dental gypsum submitted to microwaves drying in different cycles
R. Calveyra**, H. L. R. Alves*, C. P. Bergmann*, C. B. B. Fortes**, S. W. Samuel** * Laboratory of Ceramic Materials – LACER
Departament of Materials, Federal University of Rio Grande do Sul - UFRGS St. Osvaldo Aranha, 99, 705 c, Centro, 90035-190, Porto Alegre/RS, Brazil
[email protected] ** Laboratory of Dental Materials
Departament of Conservative Dentistry, Federal University of Rio Grande do Sul St. Ramiro Barcelos, 2492, Santana, 90035-003, Porto Alegre/RS, Brazil
Abstract
The stoichiometric reaction of the crystallization of plaster is in the ratio 100/18,6 g of water. However, with this ratio is not possible to get a fluid paste of plaster able to copy dental details. Thus, according with specifications of the manufacturer, water excess is added to get the ideal consistency, that it’s responsible for the reduction of mechanical properties of the ceramic body. Therefore, the plaster should remain 24 hours in air to remove the leaftover water and plaster reaches proper mechanical properties. The objective of this work was to optimize the die stone’s set time by microwaves radiation. The results had varied according to the microwave power and time during drying cycle, which had influenced significantly in the final mechanical properties of plaster bodies. Key-words: Dental Gypsum, Microwave Drying, Dentistry.
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