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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Centro de Educação
Programa de Pós-Graduação em Educação
Thais Thalyta da Silva
AVALIAÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO: UM EXAME DE DIFERENTES
EDIÇÕES DA PROVINHA BRASIL
Recife/2013
THAIS THALYTA DA SILVA
AVALIAÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO: UM EXAME DE DIFERENTES
EDIÇÕES DA PROVINHA BRASIL
Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado em Educação, do Programa de
Pós-Graduação em Educação, da
Universidade Federal de Pernambuco,
como requisito parcial para a obtenção do
grau de Mestre em Educação.
Orientador: Prof. Dr. Artur Gomes de
Morais
Recife/2013
Catalogação na fonte
Bibliotecária Andréia Alcântara, CRB-4/1460
S586a Silva, Thais Thalyta da.
Avaliação da alfabetização: um exame de diferentes edições da
provinha Brasil / Thais Thalyta da Silva. – Recife: O autor, 2013.
166 f.: il. ; 30 cm.
Orientador: Artur Gomes de Morais.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco, CE.
Programa de Pós-graduação em Educação, 2013.
Inclui Referências e Anexos.
1. Alfabetização. 2. Aprendizagem - Avaliação. 3. Provinha Brasil.
4. UFPE - Pós-graduação. I. Morais, Artur Gomes de. II. Título.
372.412 CDD (22. ed.) UFPE (CE2014-03)
THAIS THALYTA DA SILVA
AVALIAÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO: UM EXAME DE DIFERENTES EDIÇÕES DA
PROVINHA BRASIL
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Educação, do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação.
_________________________________________ Prof. Dr. Artur Gomes de Morais
1ª examinador
_________________________________________
Prof. Dra. Ana Cláudia Rodrigues Gonçalves Pessoa
2ª examinadora
_________________________________________
Prof. Dra. Magna do Carmo Silva Cruz
3ª examinadora
DEDICATÓRIA
Às grandes mulheres da minha vida, Zilda,
minha avó, e Silvana, minha mãe, que
sempre batalharam e torceram por mim.
Ao meu companheiro, Marcio, pelo
incentivo e carinho que tem comigo ao
longo dos anos que caminhamos juntos.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, que me concedeu a vida e tem me dado força para
conseguir alcançar meus objetivos pessoais e profissionais.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Artur Gomes de Morais que, com toda a sua
dedicação, disponibilidade e sabedoria, ajudou-me na produção dessa dissertação.
Aos grandes mestres que tive na graduação em Pedagogia e na Pós-
Graduação em Educação pelas valiosas contribuições para a minha formação, em
especial Prof. Dra. Eliete Santiago, Prof. Dra. Ana Claudia Pessoa, Prof. Dra. Telma
Leal e Prof. Dra Carolina Perrussi.
Ao Centro de Estudos de Educação e Linguagem, que me oportunizou novas
experiências no campo de formação.
À escola participante da pesquisa por abrir-me as portas para a realização da
mesma, e às professoras e alunos que se disponibilizaram a participar desse
trabalho de investigação.
Aos colegas de Mestrado da turma 29, especialmente Sandra, Tarciana,
Josemar, Vinicius, Renata e Adna pelo incentivo e trocas de conhecimentos.
Aos queridos amigos, Thais, Juanna, Natália, Panmela, Sthenio, Rafael e
Débora, que conquistei na graduação, por toda torcida e carinho.
À minha mãe, Silvana, e minha avó, Zilda, pelo incondicional amor que tem
dedicado a mim.
À minha tia, Rosangela, meu tio Osman, minha madrinha Auxiliadora e meus
primos: Felipe, Renata, Marcelo, Carla e Thiago, por torcerem pelo meu sucesso.
À meu pai, Rogério, sua esposa Tuzinha, e meus irmãos, Diógenes e Rogério,
que sempre incentivam-me, mesmo à distância.
Ao meu amado companheiro, Marcio, por ser um grande incentivador e estar
sempre cuidando de mim.
À minha sogra, Marcia, e meu sogro Jarbas, pelo carinho e apoio de sempre;
e ao meu cunhado, Rafael, e Tamisa pelo grande incentivo.
A todos vocês, sou extremamente grata!
EPÍGRAFE
�A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.�
Manoel de Barros
RESUMO
Defendendo o uso de avaliações diagnósticas que permitam à escola pública acompanhar os progressos dos alfabetizandos durante o primeiro ciclo, buscamos, na presente pesquisa, analisar a adequação do instrumento Provinha Brasil para a avaliação da aprendizagem da alfabetização. Nessa perspectiva, nossos objetivos específicos foram: Identificar as concepções de professoras a respeito da Provinha Brasil; Investigar como se dava a aplicação da Provinha Brasil e se esta poderia interferir nos resultados revelados pelos aprendizes; Avaliar a complexidade dos itens da Provinha Brasil, a fim de verificar se existia comparabilidade entre as edições de 2011 e 2012; e Examinar a evolução dos conhecimentos dos alunos pesquisados, na Provinha Brasil, verificando se os erros e acertos teriam a ver exclusivamente com os conhecimentos deles ou se poderiam ser influenciados pelo instrumento. Para tal, observamos a aplicação dos testes da edição de 2012 em duas turmas de uma escola que serviu como nosso campo de investigação e realizamos a aplicação (para fins de pesquisa), em períodos próximos, dos testes da edição de 2011 da Provinha, em uma das turmas. Ademais, analisamos tais provas, buscando verificar se havia comparabilidade entre o nível de complexibilidade dos itens. Os resultados demonstraram que as crianças têm interesse em responder às questões do exame e que obedecem as orientações dadas durante a aplicação. Constatamos que é necessário uma maior participação das docentes, na aplicação e no uso da Provinha, sendo adequado, também, ter certos cuidados e discussões anteriores à prova. As variações no tempo de resolução de itens ligados a diferentes descritores pareceu ter relação com o nível de complexidade das questões do exame. Embora os alunos tenham revelado progressos, ao longo do ano letivo, a comparabilidade das diferentes edições do instrumento parecia bastante questionável. A cada prova analisada, variava a distribuição quantitativa dos itens que avaliavam diferentes habilidades de alfabetização e letramento, além de terem sido constatados outros detalhes, na própria elaboração dos itens, que implicavam evidente oscilação do grau de complexidade do que as crianças eram chamadas a responder. Entre tais aspectos, ressaltamos o gênero textual utilizado, o auxílio ou não de imagens, além do fato de a criança precisar ler (ou não) o enunciado das questões.
Palavras chave: Provinha Brasil; Avaliação; Alfabetização.
ABSTRACT
Defending the use of diagnostic assessments to enable the public school monitor progress of the students, during the elementary school, we seek, in this research, analyze the adequacy of instrument Provinha Brazil to assess literacy learning. In this perspective, our specific objectives were: to identify the conceptions of teachers about Provinha Brazil; Investigate how was the application of Provinha Brazil and this could interfere with the results shown by the learners; Evaluate the complexity of the items Provinha Brazil in order to check if there was comparability between the 2011 and 2012 editions; and Examine the evolution of the knowledge of students surveyed in Provinha Brazil, checking if the rights and wrongs have to do exclusively with the knowledge of them or if they could be influenced by the instrument. To do this, we observe the application of the 2012 tests edition in two classes at a school that served as our field research, and realize the application (for research purposes) in the next periods of the Provinha 2011 edition, in one of the classes. Furthermore, we analyze such tests, seeking to verify if there was comparability between the level of complexity of the items. The results showed that the children are interested in answering exam questions and follow the directions given during application. We find that it takes a greater participation of teachers in the application and use of Provinha, suitable, also, have to be careful and discussions prior to the test. Changes in resolution time items related to different descriptors seems to be related to the level of complexity of the exam questions. Although students have shown progress throughout the school year, the comparability of the instrument different editions seemed quite questionable. The quantitative distribution of the different items that assessed literacy skills varied for each test analyzed, plus other details have been verified, like the development of the items, which implied evident oscillation complexity of the children were asked to respond. Among these aspects, we emphasize the text genre used, the aid or not images, besides the fact that the child needs to read (or not) the wording of the questions.
Keywords: Provinha Brazil; Evaluation; Literacy.
LISTA DE QUADROS
Quadro 01- Tempo total de realização das provas ................................................... 95
Quadro 02- Tempo total de resposta no descritor D1- Reconhecer letras e em cada
sub-habilidade deste descritor em cada edição ....................................................... 96
Quadro 03- Tempo total de resposta no descritor D2- Reconhecer sílabas e em cada
sub-habilidade deste descritor em cada edição ....................................................... 97
Quadro 04- Tempo total de resposta no descritor D3- Estabelecer relação entre
unidades sonoras e suas representações gráficas e em cada sub-habilidade deste
descritor em cada edição ......................................................................................... 98
Quadro 05- Tempo total de resposta nos descritores de leitura por descritor e edição
................................................................................................................................... 98
Quadro 06- Percentual de instruções segundo manual por descritor e edição
................................................................................................................................. 101
Quadro 07- Quantidade absoluta de casos de resposta em voz alta pelos alunos por
descritor e edição ................................................................................................... 104
Quadro 08- Quantidade percentual de casos de expressão de dúvidas pelos alunos
por descritor e edição ............................................................................................. 106
Quadro 09- Quantidade percentual de casos de busca de apoio nos colegas por
descritor e edição ................................................................................................... 110
Quadro 10- Quantidade percentual de casos de antecipação individual das respostas
por descritor e edição ............................................................................................. 111
Quadro 11� Quantidade percentual de indícios de motivação / interesse por descritor
e edição .................................................................................................................. 113
Quadro 12- Identificação das questões por sub-habilidades do D1 nas diferentes
edições da Provinha analisadas ............................................................................ 117
Quadro 13- Identificação das questões por sub-habilidades do D2 nas diferentes
edições da Provinha analisadas ............................................................................ 120
Quadro 14- Identificação das questões por sub-habilidades do D3 nas diferentes
edições da Provinha analisadas ............................................................................ 123
Quadro 15- Identificação das questões por tipo no D4 nas diferentes edições da
Provinha analisadas ............................................................................................... 126
Quadro 16 - Identificação das questões por tipo no D5 nas diferentes edições da
Provinha analisada ................................................................................................. 128
Quadro 17- Acertos ou erros das crianças nas sub-habilidades do Descritor 1 das
quatro provas realizadas ........................................................................................ 139
Quadro 18- Acertos ou erros das crianças nas sub-habilidades do Descritor 2 das
quatro provas realizadas ........................................................................................ 140
Quadro19- Acertos ou erros das crianças nas sub-habilidades do Descritor 3 das
quatro provas realizadas ........................................................................................ 142
Quadro 20- Acertos ou erros das crianças no Descritor 4 das 4 provas realizadas
................................................................................................................................. 143
Quadro 21- Acertos ou erros das crianças no Descritor 5 das quatro provas
realizadas ............................................................................................................... 144
Quadro 22- Acertos ou erros das crianças no Descritor 6 das quatro provas
realizadas ............................................................................................................... 146
Quadro 23- Acertos ou erros das crianças no Descritor 7 das quatro provas
realizadas ............................................................................................................... 147
Quadro 24- Acertos ou erros das crianças no Descritor 8 das quatro provas
realizadas ............................................................................................................... 148
Quadro 25- Acertos ou erros das crianças no Descritor 9 ...................................... 149
Quadro 26- Acertos ou erros das crianças no Descritor 10 das quatro provas
realizadas ............................................................................................................... 149
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Identificação das questões por descritor e percentual do quantitativo de
questões por descritor em cada prova ................................................................... 115
Tabela 2- Apresentação do desempenho global dos alunos da tarde nas provas I1,
F1 e I2 .................................................................................................................... 136
Tabela 3- Desempenho global dos alunos nas provas I2 e F2 .............................. 138
SUMÁRIO
Resumo
Abstract
Lista de quadros
Lista de tabelas
1. Introdução ........................................................................................................... 15
2. Capítulo 1 - Fundamentação teórica ................................................................. 17
2.1 Provinha Brasil: breve histórico, descrição e seu julgamento pelos
pesquisadores do campo da educação .................................................................... 17
2.2 Fracasso escolar .............................................................................................. 36
2.2.1 Fracasso da escola brasileira em alfabetizar .............................................. 42
2.2.2 Tentativas de enfrentar o fracasso: sistema de ciclos e programas de
remediação .......................................................................................................... 44
2.3 Mudanças recentes nas teorizações sobre alfabetização ................................ 46
2.3.1 A Teoria da Psicogênese da Escrita e suas repercussões .......................... 47
2.3.2 Letramento: não basta dominar o sistema alfabético ................................. 51
2.3.3 Consciência fonológica: o papel da reflexão metafonológica no aprendizado
da escrita alfabética ............................................................................................. 55
2.4 Alfabetizar no Brasil, hoje: mudanças recentes nas concepções e práticas e
indefinições sobre o que é alfabetizar e sobre como fazê-lo ................................. 57
2.4.1 Mudanças recentes nas propostas voltadas ao ensino-aprendizagem da
escrita alfabética e da linguagem escrita ............................................................. 57
2.4.2 Influências das mudanças conceituais e metodológicas nas práticas de
ensino de alfabetização, nos livros didáticos e nos documentos oficiais ............ 59
2.5 Avaliação .......................................................................................................... 66
2.5.1 Avaliação: mudanças de paradigma nas últimas décadas, ou de uma
perspectiva seletiva e classificatória à perspectiva da avaliação formativa-
reguladora ............................................................................................................ 66
2.5.2 Avaliação da língua portuguesa na alfabetização ....................................... 70
2.5.3 O recente emprego de avaliações em larga escala em nosso país ............ 73
3. Capítulo 2 - Metodologia .................................................................................... 76
3.1 Caracterização das professoras ....................................................................... 77
3.2 Caracterização dos alunos ............................................................................... 79
4. Capítulo 3 - Análise dos dados ......................................................................... 80
4.1 Concepções das professoras a respeito da Provinha Brasil e Análise da
aplicação da Provinha Brasil .................................................................................. 82
4.1.1 Concepções das professoras ...................................................................... 82
4.1.1.1 Existência de avaliações na escola antes e além da Provinha Brasil ... 82
4.1.1.2 Experiências anteriores com a Provinha ................................................ 83
4.1.1.3 Avaliação da Provinha Brasil pelas docentes (aspectos positivos e
negativos) ........................................................................................................... 85
4.1.1.4 Reações dos alunos a Provinha ............................................................ 87
4.1.1.5 Participação dos outros segmentos da escola (direção, coordenação) na
aplicação e uso da Provinha .............................................................................. 88
4.1.1.6 Expectativas após os resultados da Provinha ....................................... 89
4.1.1.7 Conhecimento da aplicação e do resultado da Provinha pelos familiares
............................................................................................................................ 90
4.1.1.8 Uso da Provinha Brasil pela rede e/ou escola na formação continuada
das professoras .................................................................................................. 91
4.1.2 Análise da aplicação da Provinha Brasil ....................................................... 92
4.1.2.1 Análise dos cuidados anteriores às aplicações da Provinha Brasil nas
turmas observadas ............................................................................................. 92
4.1.2.2 Análise da conduta de aplicadores e alunos durante a aplicação dos
quatro testes das duas edições da Provinha que compuseram a pesquisa ...... 94
4.1.2.3 Análise do tempo de aplicação das questões no eixo de apropriação do
sistema de escrita alfabética .............................................................................. 96
4.1.2.4 Análise do tempo de aplicação das questões no eixo de leitura ........... 98
4.1.2.5 Análise das instruções dadas pelos aplicadores .................................. 100
4.1.2.6 Análise das situações onde os alunos respondiam em voz alta .......... 104
4.1.2.7 Análise das situações onde os alunos expunham dúvida .................... 106
4.1.2.8 Análise das situações onde os alunos buscavam apoio dos colegas .. 109
4.1.2.9 Análise das situações onde os alunos antecipavam as respostas das
questões ........................................................................................................... 111
4.1.2.10 Análise dos indícios sobre a motivação / interesse dos alunos na
Provinha ........................................................................................................... 113
4.2 Análise das Provinhas (equivalência � ou não � do nível de complexidade dos
itens) ....................................................................................................................... 115
4.2.1 Análise dos descritores do eixo de apropriação do sistema de escrita
alfabética .............................................................................................................. 116
4.2.1.1 Análise do descritor D1- Reconhecer letras ......................................... 116
4.2.1.2 Análise do descritor D2- Reconhecer sílabas ...................................... 119
4.2.1.3 Análise do descritor D3- Estabelecer relação entre unidades sonoras e
suas representações gráficas .......................................................................... 122
4.2.2 Análise dos descritores do eixo de leitura ................................................... 125
4.2.2.1 Análise do descritor D4- Ler palavras .................................................. 126
4.2.2.2 Análise do descritor D5- Ler frases ...................................................... 127
4.2.2.3 Análise do descritor D6- Localizar informação explícita em textos ...... 128
4.2.2.4 Análise do descritor D7- Reconhecer assunto de um texto ................. 130
4.2.2.5 Análise do descritor D8- Identificar a finalidade do texto ..................... 132
4.2.2.6 Análise do descritor D9- Estabelecer relação entre partes do texto .... 133
4.2.2.7 Análise do descritor D10- Inferir informação ........................................ 133
4.2.3 Outras considerações ................................................................................. 135
4.3 Análise do desempenho dos alunos na Provinha Brasil .................................. 136
4.3.1 Análise do desempenho global dos alunos na Provinha ............................. 136
4.3.2 Análise do desempenho dos alunos em cada um dos descritores da Provinha
.............................................................................................................................. 138
4.3.2.1 Resultados relativos ao D1- Reconhecer letras .................................. 139
4.3.2.2 Resultados relativos ao D2- Reconhecer sílabas ............................... 140
4.3.2.3 Resultados relativos ao D3- Estabelecer relação entre unidades sonoras
e suas representações gráficas ....................................................................... 141
4.3.2.4 Resultados relativos ao D4- Ler palavras ............................................ 142
4.3.2.5 Resultados relativos ao D5- Ler frases ................................................ 144
4.3.2.6 Resultados relativos ao D6- Localizar informação explícita em textos
.............................................................................................................................. 145
4.3.2.7 Resultados relativos ao D7- Reconhecer assunto de um texto ........... 146
4.3.2.8 Resultados relativos ao D8- Identificar a finalidade do texto ............... 147
4.3.2.9 Resultados relativos ao D9- Estabelecer relação entre partes do texto
.............................................................................................................................. 148
4.3.2.10 Resultados relativos ao D10- Inferir informação ................................ 149
5. Considerações finais ....................................................................................... 152
6. Referências bibliográficas ............................................................................... 156
7. Anexos ............................................................................................................... 163
15
1. Introdução
Com a difusão de uma teoria psicogenética da aquisição da escrita, proposta
pelas pesquisadoras argentinas Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, a concepção de
alfabetização sofreu, ao longo dos últimos anos, uma grande mudança conceitual e
metodológica (GOLBERT, 1988). A psicogênese da escrita parte de uma concepção
construtivista da aquisição da linguagem e compreende a apropriação do sistema de
escrita alfabética (doravante SEA) como o resultado de um longo e trabalhoso
processo de construção vivenciado pelas crianças, que se dá ao longo de etapas.
Paralelamente, o avanço dos estudos sobre linguagem numa perspectiva
textual e discursiva e, de modo particular, os estudos no campo do “Letramento”
(SOARES, 2008), mudaram nossas expectativas sobre o que esperar que indivíduos
recém-alfabetizados possam fazer com a língua escrita.
Todas essas mudanças influenciaram no âmbito metodológico, ou seja, na
prática do ensino da alfabetização, tanto nas questões de natureza didática, relativas
a definições dos conteúdos a ensinar; quanto nas de natureza pedagógica, que
dizem respeito à organização do trabalho pedagógico (ALBUQUERQUE, MORAIS e
FERREIRA, 2008). Em alguns métodos não há “(...) preocupação com a inserção
dos alunos em eventos em que a escrita apareça de forma dinâmica” (GALVÃO e
LEAL, 2005), em outros, o letramento se sobrepõe às especificidades da
alfabetização. Tudo isso vem ocasionando o que Soares (2003) tem chamado de
desinvenção da alfabetização, ou perda de especificidade da mesma.
Dessa forma, diante da ausência de consenso sobre o que é alfabetizar e
como fazê-lo, da falta de explicitação de metas de aprendizagem, da ineficácia ou
inexistência de mecanismos que ensinem, respeitando a diversidade de ritmos dos
aprendizes, do fracasso escolar ainda presente em nosso país, percebemos que é
fundamental analisar o que se faz nas salas de alfabetização, a fim de melhorar o
ensino. Foi nesse contexto que se deu o surgimento da Provinha Brasil. Segundo
Morais, Leal e Albuquerque (2009), tal avaliação surgiu
como resposta às necessidades de melhor delimitação das metas de aprendizagem, em meio a uma cobrança da sociedade que deseja ver as crianças de escolas públicas alfabetizadas mais precocemente do que vem ocorrendo no país, e, ao mesmo tempo, como resposta às indagações dos sistemas de ensino sobre como avaliar essas crianças e o que
16
esperar delas, ante a falta de clareza sobre o currículo dos anos iniciais (p.307).
Sabemos que a Provinha Brasil existe, desde 2008, para diagnosticar a
alfabetização de crianças no segundo ano do Ensino Fundamental, com fins de
subsidiar o planejamento de alfabetização de professores e redes de ensino
(BRASIL, MEC, 2008).
Apesar de julgarmos válido esse objetivo, nos questionamos se este
instrumento é adequado para tal. Em participação de outra pesquisa sobre a mesma
temática (cf. MORAIS, LEAL e PESSOA, no prelo), vimos que este instrumento nem
sempre mantém a complexidade de seus itens no pré e pós teste, realizados no
início e no final do segundo ano letivo do ensino fundamental, o que pode nos levar
questionar o princípio de “comparabilidade” que, segundo a política do INEP, estaria
subjacente a diferentes edições do instrumento.
Diante disso, nos questionamos: O instrumento é eficaz na avaliação
diagnóstica dos alunos? Ele permite traçar um comparativo do desempenho das
crianças no pré-teste (início do ano) e no pós-teste (final do ano)? Os itens de cada
descritor têm o mesmo nível de complexidade no início (pré-teste) e no final do ano
(pós-teste)? A forma de aplicação desta avaliação pode interferir em seus
resultados?
Para responder a estas indagações, aplicamos edições antigas (pré e pós-
testes) e observamos as aplicações do ano de 2012 (pré e pós-teste) em duas
turmas do 2° ano do 1° ciclo do ensino fundamental, para analisar o instrumento,
conforme descrevemos em nossa proposta metodológica. Assim, nosso objetivo
geral foi analisar a adequação do instrumento Provinha Brasil para avaliação da
aprendizagem da alfabetização. Já nossos objetivos específicos foram: Identificar as
concepções das professoras a respeito da Provinha Brasil; Investigar como se dava
a aplicação da Provinha Brasil e se esta poderia interferir nos resultados revelados
pelos aprendizes; Avaliar a complexidade dos itens da Provinha Brasil, a fim de
verificar se existe comparabilidade entre as edições de 2011 e 2012; e Examinar a
evolução dos conhecimentos dos alunos pesquisados, na Provinha Brasil,
verificando se os erros e acertos teriam a ver exclusivamente com os conhecimentos
deles ou se poderiam ser influenciados pelo instrumento.
17
2. Capítulo 1 - Fundamentação Teórica
Para fundamentar as discussões sobre nosso objeto de pesquisa, trataremos,
inicialmente, sobre o instrumento de avaliação da alfabetização, a Provinha Brasil.
Após isso, refletiremos sobre o fracasso da alfabetização em nosso país, discutindo
sobre o fracasso escolar e o fracasso na aprendizagem da leitura e da escrita, e as
tentativas de enfrentamento dessa problemática. Ainda em nossa fundamentação
teórica, revisaremos sobre as mudanças recentes nas concepções e práticas de
alfabetização, enfocando os temas psicogênese, letramento, consciência fonológica,
desinvenção/reinvenção da alfabetização, antigos métodos, influências dessas
mudanças nos livros didáticos e nas práticas de ensino de alfabetização; e,
finalmente, discorreremos sobre avaliação da alfabetização e sobre avaliação em
larga escala.
2.1 Provinha Brasil: breve histórico, descrição e seu julgamento pelos
pesquisadores do campo da educação
Nessa sessão, aprofundaremos as discussões sobre a Provinha Brasil,
apresentando um breve histórico e descrição sobre esta avaliação, bem como seu
julgamento pelos pesquisadores do campo da educação.
Sabemos que, nas últimas décadas, os Governos do nosso país têm
reconhecido as deficiências na educação brasileira e têm criado algumas medidas
destinadas a modificar e melhorar a sua qualidade. Nessa esteira, assistimos, mais
recentemente, à ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos, que
possibilita mais tempo de aprendizagem e desenvolvimento às crianças, e o
lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), com o fim de
sistematizar as ações que poderiam conduzir a uma boa educação.
Nesse contexto, o PDE estabeleceu, através da Portaria Normativa n. 10 de
26 de abril de 2007, a Provinha Brasil, para sistematizar as ações que objetivam
uma boa educação no âmbito da alfabetização de crianças. Nesse sentido, a
Provinha Brasil foi apresentada, a partir do ano de 2008, como uma ferramenta
pedagógica investigativa, sem fins classificatórios, que objetiva a realização de uma
18
avaliação diagnóstica das habilidades essenciais para a alfabetização e o
letramento, de crianças cursando o segundo ano de escolarização das escolas
públicas brasileiras (BRASIL-MEC, 2008). Este objetivo possibilitaria, segundo seus
documentos, o
- estabelecimento de metas pedagógicas para a rede de ensino; - planejamento de cursos de formação continuada para os professores; - investimento em medidas que garantam melhor aprendizado; - desenvolvimento de ações imediatas para a correção de possíveis distorções verificadas; - melhoria da qualidade e redução da desigualdade de ensino. (BRASIL-MEC, 2008).
Elaborada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), a Provinha foi inicialmente concebida juntamente com os
Centros de Estudos em Alfabetização e Letramento da Rede Nacional de Formação
Continuada de Professores, composta pelos seguintes centros: Centro de
Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais (CEALE),
Centro de Formação Continuada de Professores da Universidade de Brasília
(CEFORM), Centro de Formação Continuada, Desenvolvimento de Tecnologias e
Prestação de Serviços para as Redes Públicas de Ensino da Universidade Federal
de Ponta Grossa (CEFORTEC), Centro de Estudos em Educação e Linguagem da
Universidade Federal de Pernambuco (CEEL), e o Centro de Políticas Públicas e
Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAED).
Através da Provinha, que prevê “a utilização dos resultados obtidos nas
intervenções pedagógicas e gerenciais com vistas à melhoria da qualidade da
alfabetização” (BRASIL-MEC, 2008), docentes e gestores teriam a possibilidade de
perceber e reconhecer as habilidades já construídas pelos alunos no que diz
respeito ao domínio do sistema de escrita alfabética e da leitura, e o que eles ainda
precisariam construir, ao longo do ano, para assim poder redimensionar e planejar
as práticas de ensino.
As habilidades avaliadas pela Provinha, que estaria embasada na nova
perspectiva de alfabetização e letramento, estão de acordo com a “Matriz de
Referência para Avaliação da Alfabetização e do Letramento Inicial”. Essa Matriz foi
elaborada, pois “como nem todas as habilidades a serem desenvolvidas durante o
19
processo de alfabetização e letramento, como a oralidade, são passíveis de
verificação em uma prova objetiva, foram selecionadas as habilidades consideradas
essenciais para a alfabetização e letramento” (BRASIL-MEC, 2008). Partindo desse
fato, tal Matriz apresenta os conhecimentos e competências a serem avaliados e
subdivide aquelas capacidades em dois grandes eixos que poderiam ser aferidos em
prova objetiva, através dos descritores, que se referem às habilidades mais
específicas que compõem um eixo. O primeiro eixo abrange as aprendizagens do
reconhecimento de letras, de sílabas, e o estabelecimento de relações entre as
unidades sonoras e suas representações gráficas; e o segundo envolve os
conhecimentos de leitura de palavras, frases, localização de informações explícitas
em textos, reconhecimento de assuntos de um texto, identificação da finalidade do
texto, o estabelecimento de relações entre partes do texto, e a inferência de
informações.
Nesse sentido, compreendemos, assim como Morais, Leal e Albuquerque
(2009, p.308), que esta avaliação pode conseguir “diagnosticar tanto conhecimentos
relativos a etapas iniciais da apropriação da escrita alfabética como aqueles ligados
à compreensão leitora de alunos recém-alfabetizados”. Como criticam esses
autores, a Provinha deixaria de lado, contudo, a avaliação da escrita de palavras
(que estava presente no primeiro teste, mas que por dificultar a correção foi retirada
da prova) e a avaliação da competência para produzir pequenos textos.
Como “a participação na Provinha Brasil é voluntária e depende do interesse
das secretarias de educação” (BRASIL-MEC, 2008), sua adesão e aplicação, assim
como a utilização dos resultados ficam sob critério e responsabilidade das
Secretárias de Educação municipais, estaduais e do Distrito Federal, que recebem
todos os anos, além de terem acesso, via internet, ao kit impresso da prova. Este kit
traz as informações voltadas à compreensão da Provinha Brasil, seu contexto de
criação, objetivos, características, orientações de aplicação, correção e identificação
dos níveis de desempenho de cada criança, que variam de 1 a 5, dependendo da
quantidade de acertos, assim como a média e nível geral da turma. Oferece também
discussões sobre as aprendizagens das crianças que estão em cada nível e
sugestões de atividades específicas para os cinco níveis de alfabetização e leitura,
por assim dizer. Com isso, fica clara a ideia de querer provocar uma mudança nas
práticas de ensino, de forma a levar os docentes a ajudar cada aluno a avançar em
seu nível de aprendizagem.
20
Sendo assim, concordamos com Morais, Leal e Albuquerque (2009) que
ressaltam que “os instrumentos de avaliação usados na Provinha Brasil merecem ter
sua qualidade reconhecida, tanto do ponto de vista dos critérios gerais de concepção
como de sua operacionalização” (p.308).
Até o ano de 2010 a prova dispunha de 28 páginas, com 1 exemplo
demonstrativo e 24 questões de múltipla escolha, cada uma com quatro opções de
resposta, listadas entre A e D. A partir do ano de 2011 houve uma diminuição na
quantidade de questões da prova, e estas passaram a apresentar 20 questões mais
1 exemplo demonstrativo no inicio da prova. Tal mudança revela uma busca de
melhoria do instrumento e adequação ao contexto. Cada questão avalia somente
uma habilidade da Matriz.
A aplicação desta avaliação se dá de forma padronizada, buscando o
controle. Dessa maneira, recomenda-se um ambiente tranquilo e motivador. Além
disso, o enunciado das questões é padrão e o número de vezes para repetição das
perguntas é limitado a duas vezes. A leitura dos comandos das questões da prova
deve ser feita pelo aplicador, a partir de três tipos: totalmente (tipo 1), quando são
lidos o comando e as alternativas, ou parcialmente (tipo 2), quando só é lido o
comando. Em outros itens do exame as questões deverão ser lidas apenas pelos
alunos (tipo 3).
Os níveis de desempenho na Provinha Brasil são classificados pelo
quantitativo de acertos e foram, segundo os documentos,
identificados a partir das análises pedagógica e estatística das questões de múltipla escolha. A partir da identificação das habilidades e da medida do grau de dificuldade das questões, foram definidos quantitativos mínimos de questões que caracterizam cada nível de alfabetização e letramento inicial que as crianças demonstraram. Por isso, cada teste possui um número distinto de questões para identificação de cada nível (BRASIL-MEC, 2008).
Estes níveis são descritos, de forma geral, como:
- o Nível 1 (de 10 acertos quando a prova tinha 24 itens, e, atualmente, de 4 acertos
nas provas de 20 itens), como o início da aprendizagem da escrita, quando a criança
começaria a assimilar o domínio das regras que orientam o uso do sistema
alfabético para ler e escrever;
21
- o Nível 2 (de 11 a 15 acertos quando a prova tinha 24 itens, e, atualmente, de 5 a 9
acertos nas provas de 20 itens), quando a criança faria associação entre letras e
sons, e já conseguiria ler palavras com diversas estruturas silábicas;
- o Nível 3 (de 16 a 18 acertos quando a prova tinha 24 itens, e, atualmente, de 10 a
14 acertos nas provas de 20 itens), no qual a leitura de palavras se estabilizaria e já
seria possível ler frases com sintaxe simples;
- o Nível 4 (de 19 a 22 acertos quando a prova tinha 24 itens, e, atualmente, de 15 a
18 acertos nas provas de 20 itens), onde já se leria e interpretaria textos simples;
- e o Nível 5 (de 23 a 24 acertos quando a prova tinha 24 itens, e, atualmente, de 19
a 20 acertos nas provas de 20 itens), quando a criança dominaria o sistema de
escrita e compreenderia textos complexos.
Segundo os documentos, estes níveis seriam cumulativos, ou seja, as
habilidades de um nível estariam contidas no nível seguinte e assim por diante.
O esperado pela proposta da avaliação é que as crianças avaliadas consigam
atingir, até o final do segundo ano de escolarização, o Nível 3 ou o Nível 4. É
importante, ainda, ressaltar que quando a criança alcançar o Nível 5, apesar deste
ser o último dentro da escala descrita no kit, ela ainda não teria concluído todo o seu
processo de aprendizagem do sistema de escrita alfabética, pois a Provinha Brasil
só contemplaria a avaliação de algumas das habilidades da alfabetização (BRASIL-
MEC, 2008).
Acreditamos que esta classificação em níveis não tem validade e não é
adequada do ponto de vista pedagógico, pois o resultado medido por aquela escala
não faz uma descrição detalhada das habilidades desenvolvidas ou não pelos
aprendizes. Aqueles níveis podem confundir mais do que descrever o desempenho
dos alunos. Além disso, “não é possível estabelecer uma hierarquia de
complexidade linear para todas as capacidades avaliadas e as escalas assim
fabricadas carecem de sustentação teórica” (MORAIS, LEAL e ALBUQUERQUE,
2009, p.309). Nesse sentido,
para que o impacto da avaliação sobre as opções metodológicas dos professores e sobre a delimitação das metas das secretarias seja maior, parece ser mais importante informar o diagnóstico individual do aluno em cada uma das habilidades avaliadas. Entendemos que, para o professor, este é o tipo de informação que importa, de modo a saber como ajudar a criança a se apropriar das capacidades que ainda não
22
dominou” (MORAIS, LEAL e ALBUQUERQUE, 2009, p.309).
A Provinha deve acontecer em dois momentos cruciais: o Teste 1, no início do
ano letivo, e o Teste 2, no final. O documento sugere, ainda, que “o Teste 1 seja
aplicado, preferencialmente, até o mês de abril, e o Teste 2, até o final de novembro”
(BRASIL-MEC, 2008). E que “cada secretaria de educação possa marcar uma
mesma data para que todas as suas escolas façam a aplicação dos testes”
(BRASIL-MEC, 2008).
Assim, fica clara a perspectiva construtivista da Provinha, pois “avaliam-se as
conquistas que os alunos vão apresentando ao longo do ano escolar, e não apenas
as condutas finais e acabadas” (ALBUQUERQUE e MORAIS, 2007, p.135),
permitindo, dessa forma, a percepção dos avanços das crianças, ao longo do ano,
assim como avaliar os planejamentos e práticas pedagógicas e administrativas
desenvolvidas no ano letivo na escola, e, principalmente, com isso reafirmar ou
modificar tais ações pedagógicas e administrativas a serem postas em prática.
Os resultados da prova, que não compõem diretamente o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), devem ser verificados com o apoio do
Guia de Correção e Interpretação de Resultados, e podem ser obtidos já ao término
da prova (BRASIL-MEC, 2008). Inclusive, esse é um diferencial da Provinha Brasil,
pois esta avaliação possibilita que tanto a aplicação quanto a correção possam ser
feitas pelos próprios professores das escolas, em suas turmas ou não, pelos demais
funcionários dessas instituições, ou por pessoas indicadas e preparadas para
desempenhar tal função.
Assim, esta avaliação fornece respostas diretamente aos alfabetizadores
sobre o desempenho de cada um de seus alunos e, dessa forma, dá subsídios para
que estes possam agir no processo da apropriação do sistema de escrita alfabético
pelos mesmos. Assim, “a identificação, pelo próprio professor, das capacidades em
que cada um de seus alunos se saiu bem ou não favorece que o Provinha assuma
um papel balizador de prioridades no ensino e de ajustes do mesmo às
necessidades dos diferentes aprendizes” (MORAIS, LEAL e ALBUQUERQUE, 2009,
p.317).
Com isso, vemos que a lógica adotada pela Provinha Brasil é compatível com
a proposta de avaliação formativa da alfabetização defendida por Albuquerque e
Morais (2007) onde o objetivo é “‘mapear’ os percursos de aprendizagem dos
23
educandos e avaliar os efeitos obtidos com as estratégias de ensino adotadas, de
modo a adequar estas últimas às possibilidades do sujeito-aprendiz” (p.138).
Segundo Morais, Leal e Albuquerque (2009), a Provinha poderia, nesse
sentido, representar uma importante política para a qualificação do ensino. Além
disso, esta avaliação no segundo ano do ensino fundamental “teria o papel de criar
condições para redimensionar o ensino, de modo a garantir, aos que não tenham
atingido as metas, que a aprendizagem ocorra” (MORAIS, LEAL e ALBUQUERQUE,
2009, p.308).
Julgamos que essa avaliação é, portanto, fundamental, pois permite, de forma
bastante objetiva, a verificação do nível de alfabetização de cada criança,
designando as suas aprendizagens consolidadas e alertando para os conhecimentos
que ainda falta construir e desenvolver; além disso, permite a percepção das
possíveis falhas do ensino em cada sala de aula, em cada escola e nas redes.
Desse modo, através dos resultados dessa prova, parece-nos possível traçar metas
de intervenção pedagógica e ter elementos para fazer revisão dos planejamentos,
das formações e dos currículos escolares, a fim de obter o efetivo avanço no ensino
da alfabetização e letramento.
A partir desse instrumento, entendemos que o professor pode refletir sobre
suas práticas de ensino e perceber a evolução de seus alunos, a partir de novas
avaliações. Com o apontamento das necessidades específicas de cada criança, na
aquisição da leitura e da escrita, o diagnóstico pode servir para orientar a adoção de
estratégias de ensino do professor, traçando linhas de ação, de acordo com o perfil
apresentado pela turma e por cada aluno.
Portanto, esta avaliação cumpre sua função educacional de ser “um sistema
de informações que tem como objetivos fornecer diagnóstico e subsídios para a
implementação ou manutenção de políticas educacionais” (KLEIN, FONTANIVE,
1995, p.1), bem como de monitoramento do sistema educacional.
Por ser uma política de avaliação ainda recente, ainda é limitado o número de
estudos e produções publicadas a respeito da Provinha. A seguir trataremos das
publicações encontradas, relacionadas ao tema.
Os primeiros textos publicados discutindo a Provinha Brasil, a que tivemos
acesso, foram divulgados em Junho/Julho de 2008 numa edição especial do Jornal
Letra A, produzido pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade
Federal de Minas Gerais (CEALE), que tratou especialmente sobre este instrumento.
24
Aquele número do jornal trouxe comentários de vários professores e pesquisadores
das áreas de Linguagem e Avaliação (em maioria pesquisadores do próprio CEALE),
fazendo um tipo de apresentação do instrumento, apontando seus benefícios e
qualificando-o como uma política válida para mudanças qualitativas na educação,
mas também reconhecendo seus limites.
Dentre os benefícios, o Jornal apontava que a Provinha pode contribuir para
que as avaliações sejam consideradas por seu valor diagnóstico, voltadas para o
aprimoramento da qualidade da educação e não como prática de medição; que esta
política permitiria a participação do professor, principalmente na análise dos
resultados, mostrando o que precisa ser alvo da prática do professor e favoreceria a
elaboração de ações; afirma também que a matriz de referência poderia auxiliar na
compreensão das capacidades essenciais da alfabetização. Quanto às limitações,
eram destacadas as fragilidades de uma avaliação em larga escala, mas que
poderiam ser “sanadas”, segundo o CEALE, pela forma de aplicação e interpretação
dos resultados; outra limitação seria a impossibilidade de avaliar todos os elementos
envolvidos na alfabetização, que vinha acompanhada do alerta de que os efeitos da
Provinha são inseparáveis de seus usos (Jornal Letra A, 2008).
Por ser a primeira discussão sobre a Provinha, e esta ainda estar na ocasião
muito recente, o texto parecia muito mais ter o objetivo de divulgar o instrumento que
tecer uma análise mais aprofundada sobre seu material ou sua relação com a
prática. No mesmo jornal, contudo, o professor Miguel Arroyo (2008) antecipava
críticas à Provinha, argumentando que “provas e provinhas doem, classificam e
segregam” (p.3). E que, além disso, elas restringem a concepção da educação como
formação e desenvolvimento pleno dos educandos, proposta pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB), visto que privilegiam apenas o domínio de algumas
competências. Ainda segundo este autor, provas desse tipo “induzem as escolas a
abandonar a preocupação com a formação plena dos educandos e a ensinar apenas
o que cairá nas provas oficiais” (ARROYO, 2008, p.3).
Após essa publicação, encontramos mais dois outros textos sobre a Provinha,
publicados em 2008 e 2009, pela pesquisadora Esteban, que têm uma visão
extremamente contrária a esta avaliação e fazem um apelo totalmente diferente da
publicação do CEALE-UFMG, destacando apenas aspectos negativos.
Para esta autora, a Provinha “se conduz por uma compreensão reducionista
do processo de alfabetização, que não a vê como prática sócio-cultural, e por uma
25
concepção de avaliação predominantemente quantitativa e classificatória”
(ESTEBAN, 2009, p.47). Nesse sentido, ela questiona a capacidade dessa avaliação
oferecer contribuições, afirmando que a Provinha Brasil “não reúne as condições
necessárias para imprimir melhor qualidade ao processo de alfabetização realizado
nas escolas públicas brasileiras” (p.53), pois esta avaliação qualificaria a diferença
como insuficiência.
Esteban (2008) questiona também a falta de participação dos docentes no
processo da avaliação, julgando-a como uma política de controle escolar, e critica
inclusive a própria nomenclatura do instrumento, julgando que o diminutivo Provinha
desqualificaria a criança e a consideraria incapaz.
A nosso ver, a autora tem uma visão bastante simplória, e questionável, sobre
esse instrumento, pois o confunde com outras avaliações em larga escala,
desconsiderando, assim, suas especificidades e diferenças. Como sabemos, a
Provinha não teria fins classificatórios, mas, sim, buscaria diagnosticar o
aprendizado das crianças, no que se refere a algumas habilidades da alfabetização.
Além disso, esta avaliação permite, e até aconselha, a participação do professor
tanto na aplicação, quanto na correção e tratamento dos resultados (BRASIL-MEC,
2008).
Contemporaneamente a estas publicações de Esteban, foi publicado um
artigo de Morais, Leal e Albuquerque (2009), já citado em nossas discussões iniciais.
Esse estudo examinou os instrumentos e materiais da primeira versão da Provinha
Brasil e analisou o caso de uma rede pública municipal que, desde 2006, utilizava a
avaliação para orientar políticas públicas e redefinir suas prioridades na formação
continuada de alfabetizadores e que, em 2008, utilizou também a Provinha para
esse fim.
A pesquisa apontou que as mudanças na alfabetização colocaram quase que
inevitavelmente uma necessidade de avaliar o ensino e a aprendizagem, e por isso
os autores se mostraram favoráveis a tal política. O artigo discutia os resultados de
avaliações realizadas entre 2006 e 2008, quando o Provinha entrou na rede de
ensino pesquisada. Os testes de 2006 evidenciaram que havia muita dificuldade no
ensino do SEA. Mesmo assim, houve avanços entre o pré e o pós teste. Com os
dados desse teste foram definidas como prioridades a necessidade de acelerar a
apropriação do SEA pelos alunos, e a formação, destinada aos professores do ano 1
e 2, foi guiada nessa meta. Em 2007, houve um grande avanço na rede e os
26
resultados foram melhores que os do ano anterior. Em 2008 a formação enfocou a
organização da rotina para a alfabetização e o uso de recursos didáticos.
Segundo Morais, Leal e Albuquerque (2009), os primeiros resultados da
Provinha foram bons, principalmente no que se refere à leitura de palavras. E num
teste próprio da rede o resultado também foi positivo. Assim, o estudo ressaltou a
importância de conciliar a Provinha com outros instrumentos avaliativos e o valor da
avaliação diagnóstica para a apresentação dos desempenhos de estudantes,
turmas, escolas e da rede como fundamental na criação de políticas de
redimensionamento da formação e do ensino, com fins de qualificar e melhorar os
processos de ensino e de aprendizagem.
Outro estudo sobre esta avaliação foi o de Schwartz (2009) que investigou,
através da análise documental, os princípios teóricos e metodológicos que
fundamentariam a Provinha Brasil. A autora apontou algumas fragilidades da
Provinha (edição 2008), como as questões que avaliam a habilidade de identificar a
relação fonema/grafema tomando por base palavras descontextualizadas que,
segundo ela, somente permitiriam avaliar a habilidade de decodificar grafemas em
fonemas, a partir do ditado de palavras. Quanto às questões de leitura de texto, as
críticas recaíam sobre o fato de predominarem os textos curtos e a ênfase maior se
dar na leitura para a localização de informações no texto. Diante disso, ela concluiu
que, apesar da prova avaliar conhecimentos pertinentes à alfabetização, ela
enfocaria esses conhecimentos partindo de unidades menores da língua, e
expõe as crianças a fragmentos da língua (sons e letras em palavras isoladas, frases descontextualizadas). Deixa de lado o significado no contexto e enfatiza componentes grafofônicos. Assim, a leitura e a escrita são tratadas na Provinha apenas como mera aquisição da técnica de ler e escrever e dissociadas das diferentes práticas de uso da linguagem escrita na sociedade. (SCHWARTZ, 2009, p.10).
Tais críticas nos parecem absolutamente questionáveis, já que em todas as
suas edições, de 2008 até o presente, o exame tem dedicado uma razoável
quantidade de itens à avaliação da compreensão de leitura de textos reais,
produzidos, por exemplo, por escritores profissionais ou jornalistas. Ademais, note-
se que em todas as edições vêm sendo avaliadas outras habilidades que não a
localização de informações explícitas no texto (como as habilidades de inferir,
27
identificar assunto e identificar finalidade dos textos).
Maia (2009) também desenvolveu um estudo sobre a Provinha Brasil, tendo
como foco o impacto desta avaliação no desenvolvimento das práticas do ensino das
habilidades de leitura nas escolas públicas do país. A autora, que buscou
compreender como os professores veem a realização dessa avaliação externa e
quais são os impactos que esse tipo de avaliação poderia ter para o
desenvolvimento das práticas do ensino das habilidades de leitura, nas escolas
públicas do país, realizou entrevistas com oito professores alfabetizadores de duas
escolas da rede municipal de Belo Horizonte (uma escola com bom desempenho e
outra com baixo desempenho no Programa de Avaliação da Alfabetização de Minas
Gerais - Proalfa em 2008).
Os resultados revelaram que a aplicação da Provinha seria uma política que
dá espaço para a avaliação do trabalho do professor, e que estaria tendo
repercussões para a prática cotidiana de alfabetizadores; que as professoras se
preocupavam quando os alunos não apresentavam bom resultado na Provinha; e
que o professor trabalhava, ao longo do ano, em cima dos resultados obtidos por
seus alunos no teste 1 para melhorar seus rendimentos na avaliação do teste 2.
Depreende-se, assim, que o objetivo principal da Provinha não seria monitorar os
professores no sentido negativo de vigiá-los ou controlá-los, mas, sim, de ajudá-los a
melhorar suas práticas cotidianas, podendo, consequentemente, ajudar seus alunos
a avançarem no processo de aprendizagem da alfabetização.
Outra publicação desse período é a de MELLO (2009a), que buscou analisar
os gêneros textuais presentes na Provinha Brasil, na edição de 2008. A autora se
posiciona contrária a esta política e a qualifica como “modos de regulação e
governamento das populações de risco em processo de alfabetização” (MELLO,
2009a, p.2). Além disso, ela destaca que esta, assim como outras políticas públicas
(Ensino Fundamental de Nove Anos, Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) ou do
Programa de Formação Continuada: Rede Nacional de Formação), legitimam o
sucesso dos que compartilham de certos “habitus letrados”.
Em seu estudo, Mello (2009a) faz a análise da aplicação da Provinha em uma
turma de uma escola situada numa comunidade periférica de Porto Alegre. Nesta,
verifica que grande parte dos alunos erram as questões de leitura, pois, segundo ela,
os gêneros textuais de algumas questões (convites de aniversário) não fariam parte
do contexto cultural das crianças e, portanto, das suas práticas sociais de leitura.
28
Diante disso, ela conclui que o
uso de determinados gêneros textuais na Provinha Brasil poderiam ser contestados, uma vez que, colocam as crianças pobres em desvantagem. Tais crianças poderiam não ter qualquer dificuldade de identificação de gêneros textuais se tais gêneros fizessem parte de suas práticas sociais e escolares (MELLO, 2009a, p.15).
De fato, é possíveis que alguns gêneros tornem-se mais fáceis ou mais
difíceis, de acordo com os contextos culturais e sociais das crianças, porém, cremos
que isso não anula a validade a avaliação. Pelo contrário, tal questão pode levar a
uma ampliação das práticas de leitura. Não é porque as crianças de determinadas
classes sociais não veem circular convites de aniversário que elas não devem
conhecer a forma composicional deste gênero. Questões como essa revelam o
quanto carecemos de currículos nacionais para a alfabetização (SOARES, 2012).
Melo (2009b) publicou ainda mais um estudo sobre a Provinha, onde retomou
a discussão do artigo anteriormente citado, utilizando, inclusive, os mesmos dados e
o foco da análise (gêneros textuais de algumas questões que não fazem parte do
contexto cultural das crianças).
Um outro estudo que trata das concepções de letramento da Provinha Brasil
é o de Cristofolini (2010). Esta autora compreende que existem habilidades leitoras e
escritoras que deveriam ser desenvolvidas da mesma forma em todo o país, porém
questiona o fato do letramento, que é um fenômeno social, poder ser mensurável
através de uma avaliação nacional em larga escala, sem considerar cada sujeito e a
comunidade em que vive.
Nessa perspectiva, Cristofolini (2010) aponta que a Provinha Brasil se
estrutura a partir de uma concepção do letramento escolar, do modelo autônomo, e
para isso está bem estruturada. Porém, afirma que “quando amplia-se o conceito de
letramento para a perspectiva antropológica, quando discutem-se os modelos
autônomos e ideológicos e a relação entre letramentos global e local”
(CRISTOFOLINI, 2010, p.27), o instrumento se torna contraditório, pois, segundo a
autora, é problemático impor “um padrão de letramento ao qual todos devem chegar;
que algumas práticas de letramento são melhores que outras e, consequentemente,
outras são piores, menores” (CRISTOFOLINI, 2010, p.28).
29
Cristofolini (2010) ressalta que não é uma questão de defender “que pessoas
em locais diferentes têm capacidades diferentes e/ou que “mereçam” letramentos
melhores ou piores” (p.33), mas sim de considerar o letramento sob o contexto do
grupo. Por fim, a autora conclui seu estudo ressaltando que, apesar de tudo, as
avaliações padronizadas, dependendo da forma como são tratadas, podem ajudar
na melhoria da educação.
Em 2010, encontramos o estudo de Corrêa e Dornelles (2010), que buscaram
investigar se havia ou não relação entre o foco do ensino de língua portuguesa e as
habilidades avaliadas na Provinha Brasil (edição de 2009). Para isso, fizeram a
análise de duas aulas (sendo uma em cada turma) de duas turmas do segundo ano
do ensino fundamental de um município de Santa Catarina.
As autoras afirmam, conforme análise das aulas, que as docentes
trabalhavam numa perspectiva onde a língua era tida “como uma estrutura fixa, de
código”. No que se refere à Provinha Brasil, as pesquisadoras dizem que há um
descompasso entre a sua proposta e os Parâmetros Curriculares Nacionais e os
documentos do Pró-letramento, pois, segundo elas, a Provinha foca apenas no nível
de alfabetização e praticamente não se refere ao letramento. Os resultados do
estudo apontaram que “o objeto de ensino de português em ambas as turmas
analisadas é a alfabetização centrada no código, que também parece ser a
exigência principal da Provinha Brasil” (CORRÊA e DORNELLES, 2010, p.11).
Tais análises nos parecem muito superficiais visto que, conforme discutido
anteriormente, os documentos da Provinha Brasil afirmam compartilhar, e reafirmar,
as concepções de alfabetização como apropriação do SEA e de letramento como
práticas e usos sociais da língua. Além disso, é difícil julgar a concepção de uma
docente observando apenas uma única aula sua. Não esqueçamos, ainda, que,
desde 2008, em todas as edições da Provinha, boa parte dos itens avalia diferentes
habilidades de compreensão de gêneros textuais que circulam fora da escola.
Num estudo recente, Costa (2011) analisou a Provinha em seus aspecto
pedagógico e o conceito de alfabetização e letramento presentes neste instrumento,
investigando as opiniões dos professores que aplicaram a Provinha no Distrito
Federal (DF). Para isto, a autora fez uma análise documental do Kit da Provinha e
entrevistas com três professoras de três escolas de cidades-satélite do DF.
Na análise do Kit, Costa (2011) aponta que a Provinha tem a concepção de
alfabetização e letramento como fenômenos diferentes, apesar de complementares.
30
E, para ela, ao dividir as habilidades avaliadas em diferentes eixos, o instrumento
“resolve” um pouco seu erro de tentar medir alfabetização e letramento ao mesmo
tempo. A autora fala, ainda, da organização da prova, ressaltando que a distribuição
dos itens por ordem de progressão de dificuldade pode cansar os alunos e
comprometer os resultados.
Nos chama atenção uma análise da autora sobre o fato de a avaliação ser
nacional. Sobre isso, ela afirma que a prova tem um nível mínimo de dificuldade,
pois “deve ser aplicável às crianças do Distrito Federal, possuidor de um dos
melhores índices da educação no Brasil (...) e às crianças do Nordeste brasileiro,
onde, em geral, possuem nível educacional em estado crítico” (COSTA, 2011, p.53-
54). Cremos que a educação em todo o Brasil ainda é muito deficiente e discursos
preconceituosos e etnocentristas assim não se sustentam.
Com relação às docentes entrevistadas, estas revelaram ter uma ótima
aceitação da Provinha, ressaltando que tal avaliação as auxilia no reconhecimento
das dificuldades dos alunos, para, assim, ajudá-los a avançar. Porém a autora
afirmou que a concordância e aceitação da Provinha pelas docentes pode ser devido
à falta de regulação do poder público sobre os resultados desta avaliação.
De modo geral, a pesquisa apresenta algumas fragilidades e potencialidades
desta avaliação e conclui apontando que “a Provinha Brasil é um instrumento que,
dependendo de sua utilização, pode contribuir positivamente para a prática, na
medida em que contribui para o diagnóstico das condições dos alunos” (p.66).
No ano de 2012 apareceram mais estudos sobre a Provinha, revelando uma
ampliação da discussão sobre esta avaliação. Abaixo apresentaremos alguns destes
trabalhos e as contribuições que eles trazem.
Um dos estudos publicados neste ano foi o de Lauschner e Cruz (2012) que
buscaram verificar a importância da realização da Provinha Brasil, percebendo a
influencia dos seus resultados no replanejamento das ações pedagógicas da escola.
Tal estudo partiu de dez entrevistas semi-estruturadas com professores, gestores e
responsáveis (as autoras não dão maiores informações a respeito do quantitativo de
cada grupo desse) pelas Secretarias de Educação Municipal e também Estadual de
Xanxerê.
Lauschner e Cruz (2012) identificaram certa contradição nos dados coletados,
pois a maioria (não informam a quantidade) dos sujeitos afirmou que a Provinha
auxilia no processo de ensino e aprendizagem, devido à possibilidade de
31
diagnosticar os alunos e reformular os planejamentos a partir dos resultados. Porém,
esta mesma maioria afirmou “que os resultados são jogados nos estatísticos da
educação básica e não consideram a evasão escolar, e o objetivo da Provinha Brasil
é avaliar o professor e não o aluno” (LAUSCHNER e CRUZ, 2012, p.14). Com isso,
as autoras expõem um desconhecimento da avaliação por parte da equipe escolar.
Isso nos parece alarmante, pois revela que mesmo a avaliação existindo desde
2008, não foi investido um tempo de apropriação e discussão sobre tal política.
Apesar disso, o estudo conclui que a aplicação da Provinha “é uma política
que ganha cada vez mais espaço para a avaliação não somente do desempenho do
aluno, mas também do trabalho do professor, o que tem trazido repercussões para a
prática em sala de aula dos professores alfabetizadores” (LAUSCHNER, CRUZ,
2012, p.15).
Outro estudo deste ano foi o de Simões e Pereira (2012) que analisaram as
formas de aplicação e utilização dos resultados da Provinha Brasil nas redes
públicas de dois municípios de Pernambuco. Para tal, foram realizadas trinta e duas
entrevistas semi-estruturadas, sendo quinze em Caruaru com oito professoras, duas
gestoras e cinco supervisoras, e dezessete em Recife (em pelo menos duas escolas
de cada RPA – Região Político-Administrativa) da rede pública municipal, sendo oito
professoras, seis gestoras e três coordenadoras.
Os resultados apontaram para uma distância entre as propostas do MEC
como objetivos da Provinha e as suas efetivas condições de realização nas escolas
dos dois municípios investigados. Assim como na pesquisa de Lauschner e Cruz
(2012), esta investigação revelou um desconhecimento da proposta da Provinha
pela maioria dos professores, bem como uma baixa participação destes no processo
de aplicação, avaliação e discussão dos resultados. Tal desconhecimento revelou
ainda uma confusão sobre a obrigatoriedade da Provinha, pois, conforme dados da
pesquisa,
a opção por participar da Provinha Brasil não é referida como um desejo da rede municipal ou da escola em conhecer sobre os resultados do ensino nas séries iniciais, nem em reorientar suas práticas pedagógicas. A decisão faz parte de uma opção gerencial, que procura satisfazer as consideradas “exigências” do MEC (SIMÕES, PEREIRA, 2012, p.15).
32
A avaliação proposta pela Provinha é questionada em seu formato e conteúdo
e, segundo as autoras, não se configura como uma ação pedagógica, já que a prova
é aplicada como uma atividade fora do processo de ensino-aprendizagem.
A pesquisa nos parece trazer reflexões importantes, pois aponta para a
contradição imposta pela Provinha, já que, mesmo estando, no geral, distante do
projeto pedagógico de cada escola, ela interfere no currículo, pois nos municípios
analisados, a valorização da avaliação ficou expressa na busca pelos melhores
resultados.
Outra pesquisa contemporânea a esta é a de Correia (2012). Esta, que em
nosso ponto de vista, retoma a visão simplista e enviesada deste instrumento, faz
uma análise da concepção de leitura presente nas questões da Provinha Brasil. A
autora coloca a avaliação externa como um meio de controle da educação e
compara a Provinha ao antigo Teste do ABC, de Lourenço Filho.
Correia (2012) questiona a linearidade da avaliação, que apresenta suas
questões partindo das letras, para as sílabas, para as palavras, para as frases, para
só depois chegar aos textos. No geral, as provas iniciam com as questões mais
fáceis, mas a ordenação não é tão linear assim, na realidade as questões
envolvendo unidades linguísticas de diferentes tamanhos se mesclam do inicio ao
fim. Além disso, questiona, ainda, os textos apresentados na prova, apesar de
reconhecer a melhoria dos textos no teste de 2011, e o fato de questões
direcionarem o olhar para apenas um aspecto do texto com fins de encontrar a
resposta correta. Discordamos desse questionamento, pois, conforme instruído pelo
guia de aplicação, as crianças devem primeiro ler os textos para só depois ouvir/ler a
questão de compreensão. Com isso, a leitura não será limitada à busca da resposta
correta.
A autora, que analisou o teste do primeiro semestre de 2008 e o teste do
segundo semestre de 2011 (duas provas dentre as dez até então já aplicadas),
concluiu que “a concepção subjacente é a velha relação fonema grafema, o que, de
certa forma, vem contradizer as atuais propostas dos cursos de formação
continuada que defendem o domínio do ato de ler como atribuição de sentido”
(CORREIA, 2012, p.14).
Outro estudo deste período é o de Gontijo (2012) que buscou examinar o
Programa de Avaliação da Alfabetização (Provinha Brasil), analisando os
documentos do kit da Provinha, em todos os anos de sua aplicação, bem como a
33
Matriz de Referência para Avaliação da Alfabetização e do Letramento Inicial,
buscando entender as concepções de alfabetização, letramento inicial,
língua/linguagem e de leitura que sustentam a Provinha.
A autora aponta que as únicas mudanças ocorridas teriam sido: a retirada do
eixo de escrita, a mudança no eixo de apropriação e a diminuição da quantidade de
questões. Há ainda uma mudança ocorrida em 2010, no Guia de aplicação, onde foi
acrescentado um comentário relativo a cada item da prova.
No que se refere às concepções da Provinha, os resultados sugeriram que
as análises da Provinha Brasil apontam para um modelo de alfabetização concebido como um conjunto de competências autônomas. Essas competências estão listadas na Matriz de Referência sob a forma de descritores, habilidades e capacidades no eixo apropriação do sistema de escrita. Se a introdução do letramento inicial visava a dar conta da dimensão pragmática, funcional, de uso da linguagem escrita de modo a garantir a participação e a inserção das crianças na cultura escrita, podemos dizer que as capacidades elencadas na Matriz referentes à leitura e os itens da Provinha relacionados não contribuem para isso (GONTIJO, 2012, p.619).
A concepção de língua/linguagem, segundo a autora, seria de “um sistema
pronto e acabado”, onde a criança agiria sobre a língua “como se ela fosse uma
língua morta” (GONTIJO, 2012). Questionamos esta afirmação reducionista. Muitos
dos estudos que vão na mesma linha de crítica parecem desconsiderar que uma
avaliação em larga escala, ao avaliar, por exemplo, a compreensão leitora, sofrerá
sempre inevitáveis restrições. A compulsória falta de contextualização na
apresentação de textos e de questões sobre os mesmos não nos parece transformar
a escrita em língua morta.
O mesmo estudo revela a importância da avaliação, mas acrescenta que
modificações se fazem necessárias, pois, conforme afirmativa da autora, “se
permanecer dessa forma, ela certamente só poderá contribuir para a formação de
massas silenciosas e adaptadas à realidade socioeconômica” (GONTIJO, 2012,
p.620). Cremos que fica evidente o reducionista viés ideológico subjacente à
investigação.
Mais um estudo publicado neste período é o de Esteban (2012), que objetivou
refletir sobre os sentidos que a avaliação vem adquirindo, no contexto das políticas
públicas, em especial a Provinha Brasil, que considera “um sistema de avaliação
34
baseado em exames estandardizados”. Suas reflexões partem de diálogos que a
autora mantém com professoras, em diversos contextos e pelo desenvolvimento de
dois projetos de pesquisa, apesar de não apresentar nenhum dado concreto de
pesquisa.
A autora retoma as críticas feitas em seus dois primeiros artigos sobre o
instrumento, que já revisamos anteriormente, reiterando sua opinião sobre o caráter
classificatório, normativo e descontextualizado da prova, bem como questionando a
forma simplória como os documentos concebem avaliação (como exame) e
alfabetização (como aquisição de convenções do código escrito). Para ela, “a
política de avaliação apresenta-se como meio para se alcançar melhor qualidade na
educação brasileira, porém se fundamenta na redução de seu sentido e na
simplificação nas análises sobre a produção dos resultados escolares” (ESTEBAN,
2012, p.576).
Dentre os diversos questionamentos levantados pela autora, concordamos
com a crítica que ela faz aos níveis propostos na “escala” de interpretação de
resultados, já que, tal qual estão definidos, não descrevem os reais conhecimentos
das crianças.
A autora questiona, ainda, o fato de serem avaliadas apenas algumas
habilidades, conforme citação:
As provas estandardizadas não realizam uma avaliação da aprendizagem, elas aferem o desempenho nas habilidades previamente selecionadas como fundamentais para a leitura e escrita, por meio de um teste objetivo. Os estreitos e rígidos limites do exame delimitam as habilidades que serão verificadas. Entre os cinco eixos considerados imprescindíveis para o desenvolvimento da alfabetização e do letramento no documento citado – apropriação do sistema de escrita; leitura; escrita; compreensão e valorização da cultura escrita; desenvolvimento da oralidade –, apenas os dois primeiros são efetivamente incorporados à Provinha (ESTEBAN, 2012, p.578).
Tais críticas nos parecem parcialmente questionáveis, pois o instrumento não
poderia avaliar o desenvolvimento da oralidade. Ademais, os documentos que
descrevem o exame não tratam essas habilidades como as mais importantes, nem
colocam a Provinha como a única forma de avaliar, nem a única avaliação a ser
proposta aos alunos.
35
O artigo reassume a postura da autora diante da Provinha Brasil, que, para
nós, continua sendo uma visão simplória sobre a avaliação, marcada por aprioris
ideologicamente orientados.
Contemporaneamente a estes estudos, Morais (2012) e Morais, Leal e
Pessoa (no prelo), compararam as práticas de ensino de uma amostra de doze
professoras de três redes de ensino do estado de Pernambuco, com o desempenho
de seus alunos, nos descritores da Provinha que mediam a compreensão de leitura,
no ano de 2010.
A pesquisa evidenciou que havia um descompasso entre o que as professoras
ensinavam e o que a Provinha testava. Ou seja, as atividades voltadas à
compreensão de textos, eram muito pouco frequentes, nas salas de aula de 2º. ano.
As habilidades de compreensão avaliadas pela Provinha – localizar informação
explícita, reconhecer assunto, identificar finalidade e inferir informação de textos –
foram pouco, ou quase nunca, trabalhadas nas salas observadas. Além disso, com
exceção de dois dos municípios investigados, nos demais municípios as atividades
de interpretação ocorriam somente na modalidade oral, diferentemente do que
ocorria na Provinha. Isso “parece sugerir não a “inadequação”, “fragmentação” ou
“descontextualização” do exame elaborado pelo INEP, mas uma necessidade
urgente de qualificarmos as práticas de ensino de alfabetização desenvolvidas em
nossas redes de ensino” (MORAIS, 2012, p.566).
Quanto ao desempenho dos alunos, Morais, Leal e Pessoa (no prelo)
constataram que parecia haver uma relação entre o tipo de ensino praticado e o
rendimento dos alunos, já que nas poucas turmas onde as habilidades de
compreensão leitora eram praticadas os alunos avançavam mais. Porém, verificaram
que em todos os descritores, havia casos de alunos, de diferentes turmas, que, ao
final do ano letivo, tinham médias de acertos inferiores ao teste do início do ano
letivo. E isso se teria ocorrido, possivelmente, pela oscilação do nível de
complexidade existente entre itens nos dois testes do exame.
Nesse sentido, mesmo sem fazer uma análise exaustiva, os autores
revelaram que os itens apresentavam variação no nível de complexidade e que
estas variações poderiam ser influenciadas por fatores como o gênero textual, a
complexidade linguística, o suporte textual e o tamanho dos textos; a presença
explícita ou a ausência de palavras que identificariam o assunto no texto; o trabalho
inferencial implicado; o local em que apareciam as informações que permitiam
36
identificar o assunto; e a presença ou ausência de palavras da superfície do texto
dentre os distratores.
Além disso, questionaram a ausência da escrita de palavras e de produção de
textos na avaliação; propuseram uma discussão sobre a Matriz de referência da
Provinha e sugeriram que o tratamento dos resultados abandone a lógica de
alocação dos aprendizes em “escalas de níveis“.
Esta pesquisa apresenta dados relevantes que alertam para uma necessidade
de melhoria das práticas de ensino da compreensão leitora, bem como do próprio
instrumento de avaliação da Provinha Brasil. Além disso, desmistifica o discurso de
que a Provinha tem o poder de induzir os professores a priorizarem o ensino de
determinados conteúdos ou habilidades.
De modo geral, vemos que ainda há muito o que discutir sobre a Provinha,
visto que grande parte dos estudos divulgados faz, a nosso ver, uma análise
simplória sobre esta avaliação, partindo de evidentes preconceitos e enviesamentos
ideológicos, buscando apenas apontar seus defeitos, principalmente no que se
refere ao fato de ser uma avaliação nacional, que desconsideraria os diferentes
contextos culturais e pela formalidade da avaliação que, para os críticos, pareceria
prejudicar as crianças.
Vemos, ainda, que são poucos os estudos que buscam analisar os impactos
da Provinha nas práticas escolares e, também, que fazem uma análise dos
documentos que compõem o kit da Provinha, em especial o instrumento avaliativo
em si. Em nossa pesquisa não buscamos nem desqualificar nem elogiar a avaliação,
apesar de concordarmos com sua existência. Pretendemos, porém, compreendê-la
de forma mais ampla, buscando analisar tal instrumento, verificando suas
fragilidades e apontando futuros ajustes.
2.2 Fracasso escolar
A Provinha Brasil surge num contexto de fracasso escolar. Contexto esse que,
no Brasil, temos vivenciado há tempos, já que o fracasso escolar tem ocupado lugar
de destaque há muitos anos. Este fenômeno é definido pela ocorrência da
reprovação ou evasão e/ou pela dificuldade de aprendizagem. Porém, como alerta
Arroyo (2000, p.34) não se deve “confundir sucesso/qualidade com aprovação, e
37
fracasso com reprovação”, pois este ‘sucesso’ nem sempre garante o direito de
acesso à educação, à cultura e ao desenvolvimento humano, já que a definição
deste ‘sucesso’ depende da forma de avaliação utilizada para aferição de tal e do
sentido ou conceitualização que recebe.
Esta temática tem sido bastante estudada ao longo dos anos e não perde sua
atualidade devido a sua recorrente frequência nas escolas brasileiras, principalmente
públicas. Recorrência esta que pode ser apontada como fator motivador para a
criação da Provinha Brasil, que surgiu como uma política pública de requalificação e
melhoria do ensino.
Este fato – o fracasso escolar - é, segundo Collares (1990), um dos mais
graves problemas com que a realidade educacional brasileira vem convivendo ao
longo de muitos anos. E isto nos revela “o quanto a escola, o professor, a família e a
própria ciência estão despreparados para a complexidade desse fenômeno”
(BOSSA, 2002, p.17), que resulta em sofrimento para a criança, para a família, para
o professor e para a escola, além de prejuízos para o país como um todo. E, mesmo
já se tendo um amplo conhecimento sobre os danos deste fenômeno, ainda não se
tem, como alerta Bossa (2002), previsão de erradicá-lo, pois para isso exige-se
vontade política, consciência crítica e conhecimento científico.
Apesar de o fracasso escolar se manter ao longo dos tempos, não devemos
caracterizá-lo como um “fenômeno natural que, por ser esperado, já que é natural,
não é problematizado nem questionado” (BAETA, 1990, p.17). Pelo contrário,
devemos pensá-lo na sua historicidade, para melhor compreender seus significados
e tentar superá-lo.
O surgimento da evidência desse fenômeno pode ser resultado, segundo
Bossa (2002), do histórico da democratização do sistema escolar que se deu através
da ampliação de vagas para crianças de todas as classes sociais. Ou seja, antes
não existia fracasso escolar, porque a maioria das pessoas não tinha acesso às
escolas. Porém, esta ampliação, apesar de ser uma ação positiva, ocorreu sem se
tornar eficiente ou possibilitar o acesso à cidadania. Dessa forma, ao invés de
resolver os problemas da sociedade, o sistema escolar, cujo “modelo vigente reforça
a educação a serviço da exclusão, não da inclusão social” (SPOZATI, 2000, p.27),
acabou produzindo a marginalização e as injustiças sociais.
Soma-se a isto, no caso das escolas públicas, o ideário da escola sobre sua
clientela, pois “quando a cultura postulou para a escola um ideal de criança, acabou
38
por impedir a emergência do singular, daquilo que, como diferença, distancia-se do
ideal” (BOSSA, 2002, p.158). Ou seja, “se a instituição escolar não reconhece a
criança real e vive à espera do aluno ideal, fatalmente não pode constituir-se em um
meio suficientemente bom e fazer frente às necessidades da criança” (BOSSA,
2002, p.158), já que existe uma contradição entre o seu público ideal e seu público
real.
Além disso, sabemos que “o fracasso escolar é uma expressão do fracasso
social, dos complexos processos de reprodução da lógica e da política de exclusão
que perpassa todas as instituições sociais e políticas” (ARROYO, 2000, p.34). Essa
desescolarização do fracasso nos leva a compreender a escola “enquanto
materialização de uma lógica seletiva e excludente que é constitutiva do sistema
seriado, dos currículos gradeados e disciplinares” (ARROYO, 2000, p.34). Com isso,
não é que se deva desconsiderar o papel das escolas na produção de tal fracasso;
Há apenas de se reconhecer o contexto mais amplo de sua ocorrência. Assim,
podemos concluir que o fracasso escolar tem uma íntima relação com o fracasso
social e que, sem naturalizar a questão, “quanto mais exclusão social, mais fracasso
escolar e vice-versa” (SPOZATI, 2000).
A gênese dos estudos sobre este tema surgiu, como afirma Patto (1990), na
psicologia, através da ‘Teoria da Carência Cultural’, elaborada nos Estados Unidos
no final da década de 50 e no começo da década de 60, que afirmava que as
crianças não se davam bem na escola devido a várias deficiências no seu
desenvolvimento biopsicossocial. Vários estudos foram desenvolvidos com
profissionais de várias áreas no sentido de comprovar tal teoria. Diante disso, a
pesquisa criou, fortaleceu e sacramentou uma imagem negativa da criança de classe
popular. E esse preconceito criou muitos mitos, sobreviventes até hoje, que
carregam a crença de que os alunos das classes populares são os únicos que
fracassam na escola, que têm deficiências de linguagem, de inteligência, são
desnutridos, sofrem de carência afetiva, são filhos de pais que também fracassaram,
entre outros.
Ou seja, das muitas pesquisas, pioneiras, realizadas sobre este tema, a
maioria delas obteve seus resultados a partir de uma perspectiva bastante simplória
da escola e de sua problemática, pois faziam considerações acríticas quanto à
natureza econômica, política, social e cultural da relação escola/sociedade, e/ou
referências a dimensões pedagógicas e psicológicas do processo, que
39
culpabilizavam única e exclusivamente os alunos e os consideravam deficientes
intelectuais (PATTO, 1988).
Sendo assim, o campo das dificuldades escolares foi sendo constituído por
concepções que privilegiavam apenas um aspecto do homem, de forma isolada,
como as concepções médicas, que apontavam os fatores biológicos como
causadores do fracasso; as concepções psicométricas, que consideravam o
insucesso escolar como resultado de um déficit intelectual; e as concepções
sociopolíticas, que tratavam o fracasso como problema social politicamente
construído (BOSSA, 2002). Neste último caso, é importante reconhecer o quanto
tardamos em tratar fatores intraescolares como também constitutivos ou produtores
de fracasso educacional.
Dessa forma, tais estudos, e, consequentemente, as aplicações destes
estudos, foram influenciados por concepções preconceituosas, que previam que a
classe social, e até a cor ou o sexo das crianças influenciavam e determinavam o
seu aprendizado. Além disso, como já afirmava Patto (1988), há mais de vinte anos,
o poder desta crença é tão grande – dadas as suas profundas raízes na cultura brasileira – que não só ainda resiste a resultados de pesquisa que a invalidam e a análises críticas da teoria da carência cultural já disponíveis, como também subjaz a muitas das medidas técnicas e administrativas tomadas pelos órgãos competentes que visam a melhorar a qualidade do ensino. (p.75)
A única positividade dessa perspectiva é o reconhecimento de que a escola,
em sua constituição tradicional, é inadequada às crianças pobres devido ao
distanciamento existente entre esta a suas realidades, e também aponta que
“vivemos em um país em que a distribuição de conhecimento como fonte de poder
social é feita privilegiando alguns e discriminando outros” (BOSSA, 2002, p.19).
Diante desse fato, faz-se a denúncia da existência de um ensino precário sendo
oferecido às classes populares, o que revela o insucesso, parcial, pois há também
de se reconhecer e considerar seus avanços, das medidas técnicas e
administrativas, tomadas ao longo dos anos. E se instala o alerta de que para
diminuir a recorrência desse fenômeno é necessário “intervir no sistema escolar
crente de que esse sistema, sua cultura, rituais, lógicas, estruturas podem ser mais
democráticos, menos seletivos” (ARROYO, 2000, p.34).
40
Patto (1988) verificou ainda, através de suas pesquisas, uma mudança, na
década de 80, nas concepções inerentes às pesquisas sobre o fracasso escolar. Ela
observou que estas pesquisas estavam fundamentadas a partir de dois aspectos
fundamentais: uma ruptura temática e teórica, que passou a incluir os aspectos
estruturais e funcionais da escola nos resultados por ela obtidos, e uma repetição de
algumas das características do discurso vigente, que atribuía a responsabilidade do
fracasso escolar única e exclusivamente aos alunos que dele sofriam.
Porém, apesar do avanço no aspecto da ruptura, o discurso da repetição se
mantém muito mais forte, se comparado ao da ruptura, já que é ainda bastante
mencionado até hoje. Essa visão ainda prevalece tanto em uma parcela das
pesquisas, como nas representações dos educadores (PATTO, 1990). Isso pode ser
resultado, como alerta Collares (1990), de uma tentativa de minimizar ou ocultar as
falhas existentes em nosso sistema educacional. E este efeito tranquilizador
transformou o fracasso escolar em um mito guiado pela medicalização /
psicologicação.
Além disso, a explicação do fracasso escolar tem sofrido mais algumas
mudanças ao longo dos anos no sentido da ruptura (PATTO, 1990). O que antes era
considerado ‘deficiência cultural’, passou a ser ‘diferença cultural’. Ou seja, como se
passou a entender que os contextos e experiências das crianças de classes
populares têm especificidades que diferem dos programas escolares (produzidos
para crianças idealizadas – de classe média ou alta), elas teriam dificuldades para
aprender. Diante dessa concepção, a escola precisaria (e ainda precisa!) levar em
conta essas diferenças culturais e se adequar à realidade dessas crianças, para
conter o seu insucesso. Partindo dessa perspectiva, Bossa (2002) considera o
fracasso escolar como um sintoma social que deve ser compreendido e analisado a
partir do contexto individual, cultural e escolar de cada aprendiz.
Depois dessa concepção, surgiu ainda outra, uma mais atual, que busca
verificar as contribuições das práticas pedagógicas para a produção do fracasso
escolar. Assim, agora são a escola, a legislação educacional, a situação dos
docentes, a formação dos professores, entre outros, os causadores do insucesso de
seus alunos. Ou seja, agora são os fatores intraescolares os produtores de fracasso.
Diante do que foi exposto, já se sabe que diversos fatores podem condicionar
as dificuldades das crianças na escola (BAETA, 1990). Estes podem ser agrupados
em dois tipos de fatores produtores do fracasso escolar, são eles: os extraescolares
41
e os intraescolares. Os primeiros, como já sugere o nome, dizem respeito aos
fatores ‘externos’ à escola, como as condições econômicas, por exemplo. Estes, que
são historicamente preferidos pelo discurso escolar, podem até não facilitar a
aprendizagem das crianças, porém não são determinantes fundamentais de seu
rendimento escolar. E os segundos se referem aos fatores ‘internos’ à escola, como
o currículo, os programas, a avaliação e a prática pedagógica. Estes últimos podem
contribuir para a reprodução da desigualdade social, por meio da exclusão, e são
indicados, como já dito anteriormente, como os principais responsáveis pela
produção de tal fracasso (COLLARES, 1990).
Sintetizando o ‘caminho’ das pesquisas sobre este tema, Angelucci, Kalmus,
Paparelli e Patto (2004) observaram que, entre os anos 1991 e 2002, quatro
concepções sobre o fracasso escolar conviveram no cenário das pesquisas
educacionais e, consequentemente, nas instituições escolares. São elas: 1- “O
fracasso escolar como problema psíquico: a culpabilização das crianças e de seus
pais”; 2- “O fracasso escolar como um problema técnico: a culpabilização do
professor”; 3- “O fracasso escolar como questão institucional: a lógica excludente da
educação escolar”; e 4- “O fracasso escolar como questão política: da cultura
escolar, cultura popular e relações de poder”.
Na primeira concepção, o fracasso escolar seria resultado de déficits na
capacidade intelectual dos alunos, derivados de problemas emocionais. Neste caso
“não se trata da tese tradicional de que as crianças das classes populares têm
rendimento intelectual baixo por carência cultural, mas de afirmar uma inibição
intelectual causada por dificuldades emocionais adquiridas em relações familiares
patologizantes” (ANGELUCCI, KALMUS, PAPARELLI, PATTO, 2004, p.60).
Na segunda, “afirma-se que o fracasso escolar é produzido na e pela escola,
mas reduz-se esta produção à sua inadequação técnica” (ANGELUCCI, KALMUS,
PAPARELLI, PATTO, 2004, p.61). Ou seja, as crianças não aprendem e fracassam
porque a prática pedagógica do professor, que segundo essa concepção poderia
sanar todas as dificuldades dos alunos, não estaria sendo adequada ou eficaz.
A terceira concebe “a escola como instituição social que contraditoriamente
reproduz e transforma a estrutura social” (ANGELUCCI, KALMUS, PAPARELLI,
PATTO, 2004, p.62) e afirma que os determinantes do fracasso estão nas políticas
públicas.
Já a última concepção enfatiza a dimensão política da escola, tendo como
42
foco a incidência nas relações de poder da instituição escolar, “mais especificamente
na violência praticada pela escola ao estruturar-se com base na cultura dominante e
não reconhecer – e, portanto, desvalorizar – a cultura popular” (ANGELUCCI,
KALMUS, PAPARELLI, PATTO, 2004, p.62).
Dessa forma, compreende-se que este é “um campo de produção de
conhecimento que não caminha por meio da superação de concepções examinadas
em suas raízes epistemológicas e ético-políticas, mas de acréscimos estanques, que
não fazem o conhecimento avançar” (ANGELUCCI, KALMUS, PAPARELLI, PATTO,
2004, p.63).
Com isso, percebemos que há ainda muito o que discutir e, principalmente,
agir. A Provinha tenta, nessa perspectiva, ser uma política de combate ao fracasso a
medida que ajuda professores e redes a diagnosticarem o que seus alunos sabem e
o que ainda precisam saber, indicando caminhos e possibilidades no avanço da
aprendizagem destes. Além disso, ela aponta competências que os alunos devem
saber no 2° ano do 1° ciclo, produzindo, informalmente, uma espécie de “currículo”
que não existe e que é necessário.
No tópico a seguir trataremos do recorrente fracasso escolar no âmbito da
aprendizagem da leitura e da escrita.
2.2.1 Fracasso da escola brasileira em alfabetizar
Como temos discutido e observado, tem persistido na escola brasileira uma
cultura do fracasso, principalmente na aprendizagem da leitura e da escrita, que tem
sido justificada através de várias perspectivas, como:
falta de prontidão da criança, carência cultural, diferença cultural, reprodução das desigualdades sociais, diferentes níveis de compreensão da natureza simbólica da escrita, distância entre a variedade da escrita e a variante oral das crianças, diferentes funções atribuídas à leitura e à escrita pelos diversos setores sociais, conflito entre contexto cultural familiar e a cultura da escola, dificuldades para definir com clareza o que uma criança deve conhecer, que habilidades de leitura e de escrita deve adquirir e dificuldades para trabalhar, na sala de aula, com a diversidade cultural e ritmos de aprendizagem (RESENDE, 2006, p.99).
43
Porém, as pesquisas desenvolvidas por Ferreiro e Teberosky (1986),
baseadas na psicologia genética de Piaget, trouxeram outra perspectiva sobre o
processo de construção do conhecimento sobre a escrita. Nesse sentido, o fracasso
na apropriação da escrita não seria explicado, na realidade, como um fracasso, mas
sim como o resultado das diferenças em relação ao momento de desenvolvimento
conceitual em que cada criança está. Assim, “sucesso e fracasso na alfabetização
são explicados a partir de características individuais de desenvolvimento cognitivo e
da inadequação da escola em identificar e considerar essas características na
apropriação da leitura e da escrita pela criança” (RESENDE, 2006, p.103).
Uma dessas características seria a variante dialetal, pois
estando o fracasso escolar em alfabetização maciçamente concentrado nas crianças pertencentes às camadas populares, não há como negar que esse fracasso se deve, fundamentalmente, aos problemas decorrentes da distância entre a variedade escrita do dialeto padrão e os dialetos não padrão de que são falantes essas crianças (SOARES, 2008, p.64).
Além desses fatores relativos às características dos alfabetizandos, é
necessário ainda considerar a questão do ensino, já que a problemática da
aprendizagem da alfabetização iniciou “quando se decidiu que escrever não era uma
profissão, mas uma obrigação, e que ler não era marca de sabedoria, mas de
cidadania” (FERREIRO, 2009, p.12). Dessa forma, com a escolarização da
alfabetização e a democratização da leitura e da escrita “criamos uma escola pública
obrigatória precisamente para dar acesso aos inegáveis bens do saber contidos nas
bibliotecas, para formar o cidadão consciente de seus direitos e de suas obrigações”
(FERREIRO, 2009, p.13), mas sem se afastar da antiga tradição de ensinar uma
técnica. Ou seja, o ensino da leitura e escrita, desde suas origens, foi compreendido
como a aquisição de uma técnica. Assim sendo, é preciso mudar a concepção da
leitura e escrita e sua aprendizagem, para modificar também o seu ensino.
Com relação a este ensino da leitura e da escrita, vale ressaltar, ainda, que,
por muito tempo, essas técnicas ou métodos para alfabetizar desconsideravam o
processo de letramento, e que as crianças deveriam se alfabetizar em apenas um
ano, caso contrário eram retidas. A avaliação, nesse sentido, considerava aspectos
psicomotores e outros que não influenciavam tanto na compreensão do SEA.
44
2.2.2 Tentativas de enfrentar o fracasso: sistema de ciclos e programas de
remediação
Diante do reconhecimento da problemática desse fenômeno, ao longo dos
anos várias ‘soluções’ foram, e ainda são, traçadas para que
“a escola seja eficaz no sentido de promover o conhecimento e, assim, vencer problemas cruciais e crônicos do nosso sistema educacional, como: evasão escolar, aumento crescente de alunos com problemas de aprendizagem, formação precaríssima dos que conseguem concluir o ensino fundamental, desinteresse geral pelo trabalho escolar” (BOSSA, 2002, p.19).
A mais difundida delas foi a implementação do sistema de ciclos, iniciada a
partir dos anos 80, com o objetivo de “criar uma organização escolar que supere a
escola graduada e suas limitações” (MAINARDES, 2009, p.7). O regime ciclado
propõe uma transformação da educação através da ruptura com a reprovação e o
fracasso escolar e a fundação de um sistema não excludente e não seletivo. Assim,
os anos de escolarização são divididos em ciclos, com duração de 2 ou 3 anos, e a
reprovação só é possível ao final de cada ciclo.
Em 1996 “a nova LDB legitimou e deu alento a essas propostas, uma vez que
enfatiza que a finalidade da educação é o pleno desenvolvimento dos educandos
(Arts. 2 e 22) e propõe a organização do trabalho educativo por ciclos (Art. 23)”
(ARROYO, 2000, p.35). Esta perspectiva refere-se à consideração dos ciclos de
desenvolvimento humano, onde deveria ser oferecido um acompanhamento
pedagógico mais longo, respeitando a temporalidade dos educandos e possibilitando
uma ampliação do período para cumprimento dos objetivos do ensino/aprendizagem,
bem como a diminuição das rupturas e a continuidade do processo.
A mudança do regime seriado para o regime ciclado representa um avanço,
pois o sistema seriado “foi reconhecido por diversos autores como aquele que
“selecionava “os melhores”, ou seja, os que mais se adaptavam às exigências
escolares, e encaminhava os alunos aos tipos de educação oferecida: ensino
primário para muitos, médio para alguns e universitário para poucos” (FERREIRA e
LEAL, 2006, p.15). Ou seja, a organização do sistema educacional em séries é um
modelo excludente, no qual muitos alunos, em idade escolar, são colocados para
45
fora do processo, devido às reprovações sucessivas que ocorrem, porque o foco da
avaliação é apenas o resultado final do aluno.
Já os regimes ciclados, que surgiram “paralelamente a uma necessidade de
eliminar o gargalo na passagem da 1ª para a 2ª série, um vez que os índices de
retenção de alunos, nessa série, eram os mais elevados em relação a outros países
da América Latina” (FERREIRA e LEAL, 2006, p.17), fundamentam-se na
compreensão de que
- a aprendizagem é um processo contínuo e progressivo que não se restringe ao tempo de um ano letivo apenas; - a escola precisa atender as diferenças individuais no processo de aprendizagem; - a eliminação da reprovação e a possibilidade de progressão na aprendizagem contribuem para a preservação da autoestima dos alunos; - o fato de as classes tornarem-se mais heterogêneas (diversidade) permite a ampliação das possibilidades de interação na sala de aula; - a escola em ciclo permitiria alterar o foco da transmissão do conhecimento para a construção, na qual os alunos poderiam assumir um papel mais ativo (MAINARDES, 2009, p.15).
Nesse sentido, essa forma de organização escolar dá margem a uma preocupação
em conduzir o ensino sob uma perspectiva formativa de avaliação onde o papel da
escola seria favorecer, “por meio de diferentes estratégias, oportunidades de
aprendizagem, e avaliar se tais estratégias estão de fato sendo adequadas”
(FERREIRA e LEAL, 2006, p.14), fazendo com que fossem mais respeitados os
tempos e ritmos dos alunos e praticando uma lógica de inclusão e partilha de
saberes.
Outra espécie de ‘solução’ para o recorrente problema do fracasso escolar no
Brasil são os programas de remediação ou correção de fluxo, que têm sido adotados
por diversas secretarias estaduais e municipais de educação para servirem como
instrumentos emergenciais para o enfrentamento da distorção idade/série.
Dourado (2011) realizou uma pesquisa com o objetivo de analisar os materiais
didáticos do programa de correção de fluxo “Se Liga”, usado no ano de 2010, na
Rede Pública de Ensino de Pernambuco, buscando identificar suas concepções de
ensino e aprendizagem e sua proposta de ensino da escrita alfabética. A autora
verificou que o uso desse tipo de programa é questionável, visto que o material
partia de uma concepção associacionista de aprendizagem e, além de desconsiderar
46
a diversidade dos alunos, tratava a escrita alfabética como um código, que deveria
ser aprendido através da memorização e da repetição (DOURADO, 2011).
Segundo essa autora, apesar de o material do “Se liga” apresentar o aspecto
positivo de propor um ensino sistemático da escrita alfabética, ele
não promove a consciência fonológica dos aprendizes; tem poucas atividades, que, se seguidas à risca, não ocupam os alunos durante toda a jornada escolar; tem, do início ao final do ano letivo, atividades que desconsideram completamente a heterogeneidade entre os aprendizes. Apesar de introduzir textos e atividades de interpretação dos mesmos, trabalha de forma muito limitada a compreensão leitora, priorizando, em cerca de 75% das ocasiões, inclusive nos diagnósticos, questões de localização de informação explícita na superfície do texto e tem poucas, mal elaboradas e mal distribuídas propostas de produção de texto (DOURADO, 2011, p.11-12).
Além disso, a autora revelou que o programa ofereceu pouca contribuição,
considerando o perfil inicial das turmas avaliadas no estudo, e que este se pautava
em uma concepção bastante conservadora de enfrentamento do fracasso, tratando
de forma homogeneizante a heterogeneidade (DOURADO, 2011).
Ou seja, este programa, que, como outros do mesmo tipo, é subsidiado por
investimentos que deveriam ser direcionados ao setor público para melhorar a
qualidade das turmas com funcionamento regular, teria grande qualidade e ainda
imporia um ‘círculo vicioso’, onde o fracasso é esperado para que estes programas
“dêem conta” da aprendizagem. Sendo assim, como afirma Dourado (2011), o Se
liga é apenas uma política de remediação, e não de efetivo enfrentamento ou
prevenção do fracasso escolar em nossas redes públicas.
Além disto, a própria criação da Provinha, bem como outras avaliações
nacionais, tem uma relação com a persistência do fracasso e a necessidade de
enfrentamento.
2.3 Mudanças recentes nas teorizações sobre alfabetização
Nas seções seguintes abordaremos, em primeiro lugar, a perspectiva
psicolinguística, mais conhecida em nosso país como “teoria da psicogênese da
escrita”. Em seguida, analisaremos as influências de outras duas linhas teóricas que
47
têm contribuído para o debate no campo da alfabetização: os estudos sobre
letramento e sobre consciência fonológica.
2.3.1 A Teoria da Psicogênese da Escrita e suas repercussões
Sendo a escrita alfabética um sistema notacional, a aprendizagem desse
objeto de conhecimento é muito diferente da memorização de um código, pois
envolve aprendizagens conceituais. Dessa forma, as crianças desvendam a lógica
do sistema e reconstroem o mesmo, respondendo, assim, a duas grandes questões
conceituais: o que a escrita representa (nota)? e como a escrita cria representações
(notações)?. Segundo a teoria da psicogênese da escrita, que tem uma explícita
orientação piagetiana, esse processo de reconstrução implica um trabalho
assimilador, no qual a criança vai “absorvendo a informação dada, deixando de lado
parte da informação disponível, mas não-assimilável e introduzindo sempre um
elemento interpretativo próprio” (FERREIRO, 1996, p.10).
A tarefa de compreensão do sistema de escrita alfabética (SEA) pela criança
não poderá se dar de forma tão rápida e simples, como concebem muitos autores de
cartilhas ou professores, pois a própria “criação” da escrita alfabética foi resultado de
um longo processo histórico. Sendo assim, para a criança se apropriar desse
sistema, precisa reconstruí-lo, pois “é preciso reconstruir um saber construído em
certo domínio para aplicá-lo a outro” (FERREIRO, 1997, p.87).
Nessa perspectiva, a compreensão do princípio alfabético é vista, portanto,
como um processo evolutivo, construído por meio de aproximações. Assim, esta
aprendizagem é “marcada por conflitos cognitivos e ‘erros construtivos’, que vão
desestabilizando progressivamente as hipóteses sobre as características, o valor e a
função da escrita” (MORTATTI, 2000, p.264). E é por isso que a apropriação do SEA
ocorre ao longo de etapas, estágios ou níveis de conceitualização, que iniciam antes
do reconhecimento da escrita como substituta da pauta sonora das palavras, até que
se avance ao estágio alfabético. Ou seja,
há uma série de modos de representação que precedem a representação alfabética da linguagem; sabemos que esses modos de representação pré-alfabéticos se sucedem em certa ordem: primeiro, vários modos de representação alheios a
48
qualquer busca de correspondência entre a pauta sonora de uma emissão e a escrita; depois, modos de representação silábicos (com ou sem valor sonoro convencional) e modos de representação silábico-alfabéticos que precedem regularmente a aparição da escrita regida pelos princípios alfabéticos (FERREIRO, 1996, p.10).
Existem, portanto, vários passos a percorrer, até que se compreenda a
natureza do SEA, e cada um deles caracteriza-se por esquemas conceituais
específicos, nos quais são construídas hipóteses e estratégias que possibilitam as
produções escritas dos alfabetizandos.
Nesse sentido, a apropriação do SEA é explicada a partir de três grandes
níveis fundamentais, “no interior dos quais cabem múltiplas subdivisões”
(FERREIRO, 2010, p.22). Porém, é importante destacar, ainda, que a caracterização
desses níveis não é totalmente determinante e estática, visto que existe a
possibilidade de uma criança estar numa determinada hipótese e misturar alguns
conceitos do nível anterior, demonstrando, assim, que sua hipótese ainda não está
totalmente formada. Ou seja, “o que é aprendido num estágio é aperfeiçoado, e não
necessariamente abandonado, no estágio seguinte” (NUNES, BUARQUE e
BRYANT, 2007, p.57).
No primeiro grande período, definido por Ferreiro, “as crianças parecem supor
a existência de uma relação geral entre os elementos mais significativos da
linguagem e as partes identificadas na escrita” (NUNES, BUARQUE e BRYANT,
2007, p.58). Depois, ainda ao longo desse período, conseguem realizar duas
distinções básicas: “a diferenciação entre as marcas gráficas figurativas e as não
figurativas, por um lado, e a constituição da escrita como objeto substituto, por outro”
(FERREIRO, 2010, p.22). Ou seja, a criança começa a diferenciar o icônico
(desenho) do não icônico (escrita), e, com isso, descobre duas regularidades
básicas do SEA: que as letras não reproduzem a forma ou propriedades funcionais
dos objetos e que a organização da representação escrita é linear. E passam ainda a
perceber as letras como objetos em si, a ver as letras como objetos substitutivos.
Como chamam atenção Ferreiro e Teberosky (1991), nesse período a criança vai
começando a perceber que a escrita funciona como um veículo de transmissão de
informações.
No segundo período, dá-se a construção de formas de diferenciação entre as
escritas, que são inicialmente intrafigurais; surge o princípio da quantidade mínima,
49
que prevê uma quantidade mínima de letras para escrever uma palavra; e, depois,
as crianças realizam diferenciações interfigurais, que se dão através das variações
qualitativas internas, onde definem que as letras que notam uma palavra devem ser
diferentes umas das outras (FERREIRO e TEBEROSKY, 1991). A semelhança entre
esses dois primeiros períodos é que nestes “o escrito não está regulado por
diferenças ou semelhanças entre os significantes sonoros” (FERREIRO, 2010, p.22).
No terceiro grande período acontece a “fonetização” da escrita, que tem início
no período silábico e culmina no alfabético. No início deste período, “a criança
começa por descobrir que as partes da escrita (suas letras) podem corresponder a
outras tantas partes da palavra escrita (suas sílabas)” (FERREIRO, 2010, p.27).
Sendo assim,
não é a quantidade de grafias aprendidas, mas a descoberta de semelhanças que pode facilitar o ingresso da criança no próximo estágio, em que parece descobrir a existência de relações sistemáticas entre elementos fonológicos na linguagem e elementos gráficos na escrita (NUNES, BUARQUE e BRYANT, 2007, p.59).
Nesse sentido, dois subníveis se impõem: em um deles a criança escreve uma letra
para cada sílaba (silábico quantitativo), geralmente sem se preocupar com a escolha
de letras que substituam sons das sílabas orais da palavra em foco; E, em outro
subnível, existe a tentativa de dar valor sonoro a cada letra que compõe a escrita,
correspondendo partes do texto e partes da expressão oral (silábico qualitativo).
Assim, em seguida aos níveis silábico quantitativo e silábico qualitativo, surge
o nível silábico-alfabético, que “marca a transição entre os esquemas prévios em
vias de serem abandonados e os esquemas futuros em vias de serem construídos”
(FERREIRO, 2010, p.29). Dessa forma, surge a compreensão de que a escrita
representa os sons da fala menores que a sílaba e passa-se a realizar uma leitura
termo a termo (não global).
Após isso, finalizando esse terceiro grande período, dá-se a consolidação da
apropriação do SEA. Essa ocorre quando se compreende que cada caractere da
escrita faz correspondência direta com um fonema, ou seja, quando a criança
consegue “aprofundar ainda mais a análise fonológica da palavra, chegando a
unidades mínimas – os fonemas” (NUNES, BUARQUE e BRYANT, 2007, p.63).
Segundo Ferreiro, Palácios e et al. (1982), este nível se subdivide em três
50
subcategorias. Sendo a primeira a do alfabético com poucas correspondências
grafofônicas, onde a escrita alfabética não tem predomínio do valor sonoro
convencional; a segunda do alfabético com dificuldades nas sílabas complexas,
quando a escrita tem algumas falhas ou dificuldades na utilização do valor sonoro
convencional nas sílabas que não apresentam a estrutura consoante-vogal; e a
última do alfabético consolidado, onde as escritas alfabéticas têm valor sonoro
convencional e inteira correspondência com o SEA, revelando dificuldades apenas
de ordem ortográfica.
Enfim, a psicogênese na escrita trouxe como grande mudança para a
alfabetização a descoberta de que a aprendizagem do SEA se dá através de um
processo, por meio do qual os sujeitos vão construindo, ativamente, hipóteses sobre
o SEA, até se apropriarem de suas convenções e propriedades. Além disso, essa
nova perspectiva superou as antigas concepções que viam as produções escritas
não-convencionais das crianças apenas como tentativas de escrever e não como
escrita de fato. Portanto, o que antes era considerado erro, por falta de
conhecimento, “surge-nos agora como uma das provas mais tangíveis do
surpreendente grau de conhecimento” (FERREIRO, 1991, p.22) das crianças.
De forma geral, passou-se a conceber
a língua escrita como um sistema de representação e objeto cultural, resultado do esforço coletivo da humanidade e não como código de transcrição de unidades sonoras nem como objeto escolar; sua aprendizagem como conceitual e não como aquisição de uma técnica, ou seja, como um processo interno e individual de compreensão do modo de construção desse sistema, sem separação entre leitura e escrita e mediante a interação do sujeito com o objeto de conhecimento; e a criança que aprende como um sujeito cognoscente, ativo e com competência lingüística, que constrói seu conhecimento na interação com o objeto de conhecimento e de acordo com uma sequência psicogeneticamente ordenada (MORTATTI, 2000, p.266-267).
Assim, essa teoria representou uma “revolução conceitual” em relação às
tradicionais concepções de alfabetização, demandando o abandono da visão
adultocêntrica do processo de aprendizagem da escrita e a crença de que é o
método que alfabetiza.
51
2.3.2 Letramento: não basta dominar o sistema alfabético
O conceito de letramento surge, no Brasil, a partir da década de 1980, quando
o ensino da leitura e escrita com foco na “codificação” e “decodificação”,
“...desenvolvido com o apoio de material pedagógico que priorizava a memorização
de sílabas e/ou palavras e/ou frases soltas, passou a ser amplamente criticado”
(ALBUQUERQUE, 2005, p.15). Através das contribuições das pesquisas sobre esse
objeto de estudo e ensino, principalmente as ligadas à teoria da psicogênese da
escrita, passou-se a compreender que “é interagindo com a língua escrita através de
seus usos e funções que essa aprendizagem ocorreria, e não a partir de textos
“forjados” como os presentes nas “cartilhas tradicionais” (ALBUQUERQUE, 2005,
p.16).
Letramento é a “versão para o Português da palavra da língua inglesa literacy”
(SOARES, 2010), que significa “o resultado da ação de ensinar ou aprender a ler e
escrever: o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como
consequência de ter-se apropriado da escrita” (SOARES, 2010, p.18). Sendo assim,
aprender a ler e escrever – alfabetizar-se, deixar de ser analfabeto, tornar-se alfabetizado, adquirir a tecnologia do ler e escrever e envolver-se nas práticas sociais de leitura e de escrita – tem consequências sobre o indivíduo, e altera seu estado ou condição em aspectos sociais, psíquicos, culturais, políticos, cognitivos, lingüísticos e até mesmo econômicos. (...) O “estado” ou a “condição” que o indivíduo ou o grupo social passam a ter, sob o impacto dessas mudanças, é que é designado por literacy (SOARES, 2010, p.17-18).
Diferentemente do que ocorreu em outros países, como a França e os
Estados Unidos, onde seu surgimento se deu de forma independente das
discussões sobre a alfabetização, no Brasil esta concepção de letramento é
relacionada ao conceito de alfabetização, , aparecendo até de forma enraizada com
o mesmo.
No Brasil, como comenta Soares (2004), a alfabetização foi considerada, até
o Censo de 1940, como a capacidade de escrever o próprio nome; do Censo de
1950 em diante foi considerada como a capacidade de “ler e escrever um bilhete
simples”, ou seja, a capacidade de exercer uma prática de leitura e escrita, mesmo
que simples. Diante disso, fica claro que
52
(...) após alguns anos de aprendizagem escolar, o indivíduo terá não só aprendido a ler e escrever, mas também a fazer uso da leitura e da escrita, verifica-se uma progressiva, embora cautelosa, extensão do conceito de alfabetização em direção ao conceito de letramento: do saber ler e escrever em direção ao ser capaz de fazer uso da leitura e da escrita (SOARES, 2004, p.7).
E, assim, surge também o conceito de “analfabetismo funcional” para
caracterizar as pessoas que, “tendo se apropriado das habilidades de “codificação” e
“decodificação”, não conseguem fazer uso da escrita em diferentes contextos
sociais” (ALBUQUERQUE, 2005, p.16). Dessa forma, evidencia-se um novo
fenômeno: aprender a ler e escrever não basta. É preciso incorporar a competência
para usar a leitura e a escrita e envolver-se com tais práticas sociais. o letramento,
que “se relaciona aos usos efetivos da escrita em atividades de leitura e escrita de
textos, em contextos diversos” (ALBUQUERQUE, MORAIS, FERREIRA, 2010, p.18),
passa a fazer parte do vocabulário brasileiro.
Vale ressaltar que, como alertou Ferreiro, “a escrita é importante na escola
porque é importante fora da escola, e não o inverso” (1997, p.20), ou seja, a escrita
tem antes uma função social do que uma função escolar. Em consonância com essa
perspectiva, a aprendizagem da leitura e da escrita também deveria se dar por meio
de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através do letramento. A
alfabetização e o letramento, apesar de serem processos de natureza diferente, que
envolvem conhecimentos e habilidades específicos, formas de aprendizagem e
ensino diferenciados, são processos interdependentes e indissociáveis (SOARES,
1998).
Sabemos que, atualmente, na sociedade em que vivemos, não seria exagero
afirmar que todas as pessoas participam, mais ou menos, de práticas envolvendo a
língua escrita. Mas,
por outro lado, a inserção em práticas que envolvem a leitura e a escrita de diferentes textos não possibilita, por si só, que crianças, jovens e adultos analfabetos desenvolvam uma autonomia para ler e escrever os diferentes textos que circulam na sociedade (ALBUQUERQUE, MORAIS e FERREIRA, 2010, p.14).
Assim como não é possível afirmar que o domínio do SEA garanta a capacidade de
53
ler e produzir todos os gêneros de texto. “Esse fenômeno foi evidenciado, pela
primeira vez, na primeira metade do século 20, durante a 1ª Guerra Mundial”
(ALBUQUERQUE, 2005, p.17) quando se percebeu que soldados americanos com
alto grau de escolaridade apresentavam, contudo, dificuldades em ler e
compreender textos instrucionais da guerra.
Por outro lado, é importante ressaltar também que não é apenas o convívio
intenso com os textos de circulação social que garante que os alunos se apropriem
do SEA, “uma vez que essa aprendizagem não é espontânea e requer que o aluno
reflita sobre as características do nosso sistema de escrita” (ALBUQUERQUE, 2005,
p.18). Até porque propiciar práticas reais de leitura e produção de textos não
significa tão somente trazer para a sala de aula textos de circulação social, mas, sim,
trazê-los objetivando “uma finalidade clara e explícita para os envolvidos na situação
de leitura e produção” (SANTOS e ALBUQUERQUE, 2005, p.97), em que se possa
compreender as características textuais dos gêneros, em razão de suas funções
sociais.
Nesse sentido, Soares (2010) alerta sobre a necessidade de que sejam
garantidas algumas condições para o letramento. Uma condição seria a efetiva e
real escolarização da população, ou seja, uma escolarização de qualidade; e a outra
seria a disponibilidade de diversos materiais de leitura para todos. Acrescentamos,
ainda, que essa disponibilidade de materiais de leitura demanda ainda uma
mediação qualitativa.
Diante do discutido, vemos que alfabetização e letramento são ações
distintas, apesar de inseparáveis. E “ser alfabetizado, hoje, é mais do que
“decodificar” e “codificar” os textos. É poder estar inserido em práticas diferenciadas
de leitura e escrita e poder vivenciá-las de forma autônoma, sem precisar da
mediação de outras pessoas que sabem ler e escrever” (ALBUQUERQUE, 2005,
p.21). E é por isso que se defende que se deve alfabetizar letrando, ou seja, deve-se
“levar os alunos a apropriarem-se do sistema alfabético ao mesmo tempo em que
desenvolvem a capacidade de fazer uso da leitura e da escrita de forma competente
e autônoma” (SANTOS; ALBUQUERQUE, 2005, p.95-96).
Sendo assim, alfabetizar letrando é ensinar a ler e escrever através das
práticas sociais de leitura e escrita, ou seja, é “(...) oportunizar situações de
aprendizagem da língua escrita nas quais o aprendiz tenha acesso aos textos e a
situações sociais de uso deles, mas que seja levado a construir a compreensão
54
acerca do funcionamento do sistema de escrita alfabético” (SANTOS;
ALBUQUERQUE, 2005, p.95-96).
Nesse contexto, “o ensino inicial da leitura deve garantir a interação
significativa e funcional da criança com a língua escrita” (SOLÉ, 1998, p.62). E para
isso, faz-se necessário que os alunos leiam diferentes tipos de texto; e que os
professores conversem e questionem os alunos sobre os textos, ajudando, assim,
na sua compreensão.
Segundo Solé (1998), a compreensão leitora é produto de três condições: 1.
Da clareza e coerência do conteúdo do texto, bem como do conhecimento de sua
estrutura. 2. Do conhecimento prévio do leitor sobre o conteúdo do texto. 3. Das
estratégias de compreensão.
Portanto, é de fundamental importância ensinar as estratégias, pois são estas
que possibilitam a construção de uma interpretação para o texto. Tais estratégias
são:
1. Compreender os propósitos implícitos e explícitos da leitura. 2. Ativar e aportar à leitura os conhecimentos prévios relevantes para o conteúdo em questão. 3. Dirigir a atenção ao fundamental, em detrimento do que pode parecer mais trivial (em função dos propósitos perseguidos). 4. Avaliar a consistência interna do conteúdo expressado pelo texto e sua compatibilidade com o conhecimento prévio e com o “sentido comum”. 5. Comprovar continuamente se a compreensão ocorre mediante a revisão e recapitulação periódica e a auto-interrogação. 6. Elaborar e provar inferências de diverso tipo, como interpretações, hipóteses e previsões e conclusões. (SOLÉ, 1998, p.73-74).
Vale ressaltar que “o ensino dessas competências antecede, acompanha e sucede
o processo de alfabetização, mas é independente delas” (OLIVEIRA, 2005, p.377).
Algumas dessas competências são avaliadas pela Provinha Brasil, são elas:
Localizar informação explícita em textos, Reconhecer assunto de um texto,
Identificar a finalidade do texto e Inferir informação.
Como veremos em seção posterior, a ampliação do conceito de alfabetização,
de modo a incluir a capacidade de exercer minimamente práticas de leitura e escrita
de gêneros textuais extra-escolares, tem também influenciado as expectativas sobre
o desempenho dos alfabetizandos e, consequentemente, influído sobre o processo
de avaliação da alfabetização: passamos a avaliar, também, em que medida os
55
aprendizes vão se tornando capazes de compreender e produzir textos escritos
(ALBUQUERQUE; MORAIS, 2006).
2.3.3 Consciência fonológica: o papel da reflexão metafonológica no
aprendizado da escrita alfabética
Esta linha teórica, muito mais difundida no exterior que a “Psicogênese da
Escrita”, defende que no processo de apropriação do SEA a criança faz uso de suas
habilidades metafonológicas para descobrir o que a escrita nota e como a escrita cria
essas notações.
As habilidades metafonológicas, também chamadas de consciência
fonológica, representam uma capacidade humana de reflexão consciente sobre a
linguagem em sua dimensão sonora e se constitui de uma constelação de
habilidades com diversos níveis de segmentação, que demandam distintos níveis
cognitivos (MORAIS; LEITE, 2005), como segmentar, contar, unir, adicionar, suprimir,
substituir e transpor sílabas ou fonemas. Assim, considera-se “a consciência
fonológica não como um construto unitário e organizado, mas como uma habilidade
cognitiva geral, composta de uma combinação complexa de diferentes habilidades,
cada uma com suas próprias peculiaridades” (NAVAS, 2008, p.158), cujo
funcionamento é metalinguístico porque envolve reflexão sobre a própria língua, “e é
fonológico porque opera sobre segmentos sonoros (sílabas, rimas, fonemas) que
estão no interior das palavras” (MORAIS, 2006, p.59).
Nesse sentido, para que as crianças possam avançar nas hipóteses de
escrita, elas precisam pensar na sequência de partes sonoras das palavras
(MORAIS e LEITE, 2005), e esse “pensar” acontece, geralmente, em um crescente
de dificuldade que inicia com a tomada de consciência sobre as palavras, depois
sobre as rimas, depois as silabas, e, por fim, a consciência fonêmica.
A partir dos anos 1970 surgiram várias pesquisas sobre as relações entre a
consciência fonológica e a aprendizagem da leitura e escrita. Os resultados desses
estudos formaram dois grandes pólos de explicação, visto que alguns deles
verificaram que “as habilidades metafonológicas são indispensáveis para o processo
de alfabetização” (PESSOA, 2007, p.54), enquanto que outros perceberam que, na
realidade, “essas habilidades aparecem vinculadas ao aprendizado da leitura e
56
escrita” (PESSOA, 2007, p.54).
No primeiro caso, geralmente, existe uma tendência redutora da consciência
fonológica à consciência fonêmica. Essa redução nos parece absurda, pois as
habilidades de consciência fonêmica são apenas uma parte das habilidades
metafonológicas que compõem a consciência fonológica. E a maioria das
habilidades de consciência fonêmica é, por sua vez, considerada difícil até para
quem já está alfabetizado, pelo fato de “... os fonemas, ao serem emitidos no
discurso, não serem percepcionados isoladamente, mas no contexto do fonema
imediatamente precedente ou conseqüente” (MARTINS; SILVA, 1999, p.51). Assim,
dentro da consciência fonêmica podem existir diferentes capacidades, mas apenas
algumas seriam consideradas importantes para o aprendizado do SEA, como é o
caso da identificação e produção de palavras com fonema inicial igual (MORAIS,
2006).
Já no segundo caso se admite que algumas habilidades estão mais
diretamente ligadas à aprendizagem inicial do SEA, como as reflexões sobre os
segmentos silábicos. Por concordar com essa perspectiva, consideramos adequado,
e necessário, promover atividades de reflexão fonológica desde a educação infantil
para que
os aprendizes sejam ajudados não só a observar certas propriedades do sistema alfabético (como a ordem, a estabilidade e a repetição de letras nas palavras), mas que atentem também, por exemplo, para a quantidade de partes faladas e partes escritas, ou que possam identificar palavras que se pronunciam de forma parecida e escrevê-las, ao mesmo tempo (MORAIS, 2006, p.64).
O que difere totalmente de validar as metodologias de treino em segmentação e
síntese de fonemas, como os métodos fônicos, que, através de uma lógica
empirista/associacionista de aquisição do conhecimento, expõem as crianças
apenas a pseudotextos de apoio ao treino fônico, adiando, assim, seus contatos com
os textos reais de circulação social, fundamentais na aprendizagem da alfabetização
(MORAIS, 2006).
Dessa forma, compreendemos que “a consciência fonológica é uma condição
necessária para o sucesso na alfabetização, mas não constitui condição suficiente
para que o sujeito aprenda o SEA” (MORAIS, 2006, p.62). E isso não significa
57
afirmar que essas habilidades precisam necessariamente já estar disponíveis no
início da alfabetização, sendo cobradas e medidas através de testes de prontidão.
Até porque “não se trata de o aprendiz apenas “desenvolver a consciência
fonológica” e “memorizar as correspondências som-grafia” para se alfabetizar. O
sistema notacional tem propriedades que precisam ser compreendidas,
reconstruídas mentalmente” (MORAIS, no prelo, p.6).
2.4 Alfabetizar no Brasil, hoje: mudanças recentes nas concepções e práticas e
indefinições sobre o que é alfabetizar e sobre como fazê-lo
Nesta sessão, discutiremos as recentes mudanças nas propostas de ensino
da escrita alfabética, bem como a influências das mudanças conceituais e
metodológicas nas práticas de ensino de alfabetização, nos livros didáticos e nos
documentos oficiais.
2.4.1 Mudanças recentes nas concepções sobre o ensino-aprendizagem da
escrita alfabética e da linguagem escrita
A alfabetização é considerada, na atualidade, como um processo de
aprendizagem de conceitos complexos que envolvem as habilidades de
compreensão das propriedades do sistema de escrita, assim como as de leitura e
entendimento de textos, ou seja, as marcas gráficas e a interpretação dessas
marcas gráficas, ao lado da capacidade de escrever pequenos textos. Assim, a
alfabetização “refere-se à capacidade para criar e compreender mensagens
impressas, bem como às mudanças trazidas por essa capacidade” (COOK-
GUMPERZ, 1991, p.29).
Ademais, desde os anos 1970, a condição de alfabetizado implica uma
habilidade mínima de escrever certos textos curtos, de circulação social, como é o
caso de um bilhete (SOARES, 2010). Na atual perspectiva, portanto, o processo de
alfabetização tem que levar
à aprendizagem não de uma mera tradução do oral para o
58
escrito, e deste para aquele, mas à aprendizagem de uma peculiar e muitas vezes idiossincrática relação fonemas-grafemas, de um outro código, que tem, em relação ao código oral, especificidade morfológica e sintática, autonomia de recursos de articulação do texto e estratégias próprias de expressão/compreensão (SOARES, 2008, p.17).
Nesse contexto, a escrita, como afirma Ferreiro (1997), não é uma codificação
e decodificação da linguagem, mas, sim, um instrumento que “representa a língua”
(p.27); Assim “a escrita é uma representação abstrata e não fonética da fala”
(MARCUSCHI, 2005, p.21). Partindo dessas perspectivas, aprender a ler e a
escrever com o alfabeto não significa apenas aprender a decifrar um código (ou usá-
lo para “codificar”), e por isso não se reduz a associar grafemas e fonemas, pois se
trata de uma aprendizagem conceitual que acontece através da interação entre o
sujeito cognoscente e o objeto de conhecimento, que é a notação escrita. Ou seja, a
alfabetização, nesse sentido, “não é mais entendida como mera transmissão de uma
técnica instrumental, realizada numa instituição específica (a escola)” (FERREIRO,
2009, p.64), e “esse objeto – a escrita – que parecia tão simples tornou-se
consideravelmente complexo” (FERREIRO, 2009, p.65).
A partir desta nova conceituação de alfabetização, que descobriu que a
criança aprende a língua quando compreende a sua natureza, as antigas
concepções associacionistas, apesar de ainda possuírem muitos “adeptos”, foram
amplamente questionadas. Dessa forma, “a aquisição da escrita é um processo de
aprendizagem dirigido pela atividade criadora da criança, a qual reconstrói, em sua
mente o sistema de escrita” (GOLBERT, 1988, p.14).
Nessa nova perspectiva, compreende-se que a criança é um sujeito
cognoscente e ativo em seu processo de alfabetização, já que “compara, exclui,
ordena, categoriza, reformula, comprova, formula hipóteses, reorganiza, etc., em
ação interiorizada (pensamento) ou em ação efetiva (segundo seu nível de
desenvolvimento)” (FERREIRO e TEBEROSKY, 1991, p.29).
Com as mudanças históricas já mencionadas, a alfabetização passou a
envolver dois objetos de conhecimento.
Por um lado, o aluno precisa apropriar-se do sistema de notação alfabética ou sistema de escrita alfabética; essa é uma tarefa complexa, que envolve compreender as propriedades do sistema, de modo a poder dominar suas convenções, a fim de ler e escrever com autonomia. Por outro lado, temos a
59
aprendizagem da linguagem que se usa ao escrever, isto é, a linguagem própria dos gêneros escritos que circulam socialmente, cuja internalização é necessária, para que o aprendiz possa exercer, sem a mediação de um outro sujeito mais experiente, as práticas letradas de leitura e escrita (MORAIS, 2006, p.58).
E essa nova concepção de alfabetização, que inclui tanto a apropriação do
SEA quanto o letramento, vem provocando mudanças nas práticas de ensino e nos
livros didáticos destinados às séries iniciais, bem como nos documentos oficiais de
organização do ensino. É sobre isso que trataremos no tópico a seguir.
2.4.2 Influências das mudanças conceituais e metodológicas nas práticas de
ensino de alfabetização, nos livros didáticos e nos documentos oficiais
Historicamente o ensino da alfabetização foi caracterizado por uma excessiva
especificidade, ou seja, “a autonomização das relações entre o sistema fonológico e
o sistema gráfico, em relação às demais aprendizagens e comportamentos na área
da leitura e da escrita” (SOARES, 2003, p.9), considerando apenas uma faceta da
alfabetização.
Até meados dos anos 1980, o ensino da alfabetização se dava a partir dos
métodos sintéticos ou analíticos. Já que
a alfabetização considerada como o ensino das habilidades de “codificação” e “decodificação” foi transposta para a sala de aula, no final do século XIX, mediante a criação de diferentes métodos de alfabetização – métodos sintéticos (silábicos ou fônicos) x métodos analíticos (global) –, que padronizaram a aprendizagem da leitura e da escrita (ALBUQUERQUE, 2005, p.11-12).
Assim, ensinar a ler e escrever, nessa perspectiva, “era ensinar a “decodificar”, ou
seja, traduzir em sons as letras ou sílabas que formavam as palavras, frases e
textos” (ALBUQUERQUE, MORAIS e FERREIRA, 2010, p.14). Dessa forma, o
sujeito deveria memorizar letras, fonemas e sílabas para ler e escrever qualquer
palavra.
Todas as mudanças teóricas revisadas nas seções anteriores influenciaram
diretamente o ensino da leitura e da escrita, em nosso país. Se antes a
60
aprendizagem da língua escrita era concebida como uma simples aquisição de um
código, e por isso era considerada uma aprendizagem técnica; a partir dos estudos
psicogenéticos a aprendizagem da língua escrita passa a ser considerada como a
compreensão de um sistema de representação, tornando-se uma questão de
aprendizagem conceitual.
Porém, “uma vez que as pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita não
pretendem resultar em um método de alfabetização, chegando mesmo a negar a
validade dos existentes para os novos fins” (MORTATTI, 2000, p.280), as práticas de
ensino desenvolvidas nas salas de aula não conseguiam acompanhar totalmente
essa “revolução conceitual”.
Diante disso, os anteriores métodos tradicionais de alfabetização, como os
sintéticos (silábico, fônico, alfabético) e os analíticos (global, sentenciação,
palavração), “que concebiam a língua como o aprendizado de um “código”, e a
alfabetização como processos de “codificação” e “decodificação”” (ALBUQUERQUE
e MORAIS, 2007, p.128), passaram a ser alvo de severas críticas, já que
se aceitarmos que a criança não é uma tábula rasa onde se inscrevem as letras e as palavras segundo determinado método; se aceitarmos que o “fácil” e o “difícil” não podem ser definidos a partir da perspectiva do adulto, mas da de quem aprende; se aceitarmos que qualquer informação deve ser assimilada (e portanto transformada) para ser operante, então deveríamos também aceitar que os métodos (como sequência de passos ordenados para chegar a um fim) não oferecem mais do que sugestões, incitações, quando não práticas rituais ou conjuntos de proibições. O método não pode criar conhecimento (FERREIRO, 2010, p.32).
Assim, em nosso país, a partir das grandes mudanças teóricas na
alfabetização, especialmente em função das contribuições advindas da teoria da
psicogênese e do letramento, houve, como afirma Soares (2003), uma perda da
especificidade do processo de alfabetização, que pode explicar, em parte, o fracasso
na aprendizagem e ensino da escrita. Essa perda de especificidade, que Soares
(2003) chama também de “desinvenção da alfabetização”, é resultado de uma
inadequada junção do letramento com a alfabetização, onde ocorre uma
supervalorização do letramento em prejuízo da especificidade da alfabetização.
Porém, como já expusemos, adotamos a perspectiva de que alfabetização e
letramento são ações distintas. Alfabetização é o processo pelo qual se adquire a
61
tecnologia da escrita alfabética e as habilidades para utilizá-la; já o letramento é o
exercício autônomo desta tecnologia, nas situações de leitura e produção de textos
(SOARES, 2010).
Nesse contexto de “desinvenção da alfabetização”, muitas práticas de ensino
de alfabetização, nas últimas décadas, teriam se baseado em uma “concepção
holística da aprendizagem da língua escrita, de que decorre o princípio de que
aprender a ler e a escrever é aprender a construir sentido para e por meio de textos
escritos, usando experiências e conhecimentos prévios” (SOARES, 2003, p.12), o
que tem sobreposto as práticas de leitura e escrita à instrução direta e específica do
sistema alfabético e da norma ortográfica.
Concebemos que o ensino da leitura e da escrita deve atender as diversas
facetas da alfabetização, sem sobrepor umas às outras. Compreendemos, como
afirmam Galvão e Leal (2005, p.26), que “a apropriação do sistema de escrita
alfabética comporta especificidades que demandam um professor com capacidade
de entender, por um lado, que a aprendizagem da leitura e da escrita se faz se o
aluno reconhecer as relações entre fonemas e grafemas”. Por outro lado, exige
também um professor que tenha o letramento como foco da ação pedagógica.
Enfim, há de se encontrar um contraponto.
No plano da ação educativa, há de se compreender que o ensino da língua
portuguesa se dá como reflexo da compreensão que o professor tem sobre a
alfabetização, assim como sobre a educação e o educando, já que “nenhuma prática
pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas em certo modo de conceber o processo
de aprendizagem e o objeto dessa aprendizagem” (FERREIRO, 2010, p.33).
Como o desenvolvimento teórico desse campo impôs questionamentos fortes
aos métodos tradicionais de ensino, atualmente, existe em nosso país uma falta de
consenso sobre o ensino da alfabetização, sobre o que é alfabetizar e sobre como
fazê-lo.
Albuquerque, Morais e Ferreira (2008) realizaram uma pesquisa longitudinal
com nove professoras do 1º ano do primeiro ciclo da rede municipal de Recife para
analisar como estas docentes estavam transpondo as “mudanças didáticas”
relacionadas à alfabetização para suas práticas de ensino e como “fabricavam” suas
práticas pedagógicas cotidianas. Os resultados da pesquisa demonstraram que dois
tipos de prática conviviam: o ensino sistemático da escrita, que contemplava
cotidianamente atividades que levavam à reflexão sobre os princípios do SEA,
62
praticado por cinco docentes dessa amostra; e o ensino assistemático da escrita,
que priorizava atividades de leitura e produção de textos e contemplavam muito
pouco as atividades de apropriação do SEA, praticado pelas outras quatro docentes
dessa amostra (ALBUQUERQUE, MORAIS e FERREIRA, 2008).
Segundo Albuquerque, Morais e Ferreira (2008), a prática das docentes se
apoiava na forma como elas concebiam e compreendiam o processo de
alfabetização; forma essa que estava muito ligada a sua história pessoal. E isso
parecia refletir diretamente na fabricação das práticas das professoras, mais até do
que os modelos cientificamente elaborados. O estudo demonstrou, portanto, que as
transformações das práticas pedagógicas não se apresentavam da mesma forma
que foram pensadas ou escritas, pois era na dinâmica da sala de aula que as
professoras recriavam as novas orientações de ensino (ALBUQUERQUE, MORAIS
e FERREIRA, 2008).
Todas as grandes mudanças conceituais e metodológicas ocorridas no campo
da alfabetização modificaram e influenciaram também os livros didáticos (doravante
LD) de língua portuguesa. Essas mudanças se deram, principalmente, a partir do
final da década de 1990, com a institucionalização das avaliações do Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD), implementadas pelo MEC (MORAIS e
ALBUQUERQUE, 2005).
Diante disso, Morais e Albuquerque (2005) realizaram um estudo investigando
como os novos LD aprovados pelo PNLD se diferenciariam das antigas cartilhas e
como estes novos LD estavam operacionalizando o ensino do SEA, bem como as
influências das mudanças conceituais em tais LD. Para tal, foram analisadas duas
cartilhas antigas (SARLI, E. G, e SARLI, E. Este mundo maravilhoso: cartilha de
alfabetização. 15 ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1992; e ALMEIDA, P.
N. Pipoca – método lúdico de alfabetização. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 1991), e
dois novos livros recomendados (ROCHA, G. A. S. Português – uma proposta para
o letramento – alfabetização. São Paulo: Moderna, 2003; e SETÚBAL, M. A.;
LOMÔNACO, B. P. e BRUNSIZIAN, I. Novo letra viva – um programa de leitura e
escrita – alfabetização. São Paulo: Formato, 2003.).
Os resultados demonstraram que as atividades de leitura eram as mais
frequentes em todos os quatro livros. Porém nas cartilhas as leituras eram, de forma
geral, de sílabas, palavras, frases e textos cartilhados, enquanto que nos livros
recomendados predominava a leitura de palavras e de textos autênticos e de
63
diferentes gêneros. Quanto às atividade voltadas à apropriação do SEA, não eram
muito frequentes nos quatro livros, mas estavam mais presentes nos livros
recomendados. Além disso, as atividades de produção de texto só estavam
presentes nos livros recomendados.
De forma geral, foi verificado que “uma possível maior influência dos estudos
sobre o letramento no campo da alfabetização, em nosso país, poderia estar
produzindo como consequência uma ausência de proposta de ensino sistemático da
notação alfabética” (MORAIS e ALBUQUERQUE, 2005, p.232). Sendo assim, os
autores defenderam que o ideal seria que os novos livros de alfabetização
apresentassem propostas que contemplassem tanto a alfabetização quanto o
letramento, e não sobrepor um ao outro.
Além das mudanças expostas nos livros, temos ainda evidências de que os
professores não são passivos nas formas como utilizam esses novos LD para
alfabetizar seus alunos. Silva (2005), que realizou uma investigação sobre como as
professoras alfabetizadoras das escolas públicas utilizavam as propostas dos LDs
fundamentados no construtivismo e aprovadas pelo PNLD. Para tal, a autora coletou
depoimentos de docentes e supervisoras de sete escolas de Belo Horizonte e
verificou que as professoras tendiam a utilizar os Lds, modificando suas propostas
originais para
ora adaptar as propostas dos livros de alfabetização às suas experiências com o ensino da língua escrita, ora complementar a proposta do livro didático, tendo em vista as necessidades de aprendizagem que vão detectando em seus alunos e as limitações encontradas nas propostas pedagógicas dos livros (SILVA, 2005, p.187).
Sendo assim, o uso do livro didático não é realizado como um manual instrutivo,
mas, sim, partindo de reflexões do docente que medeia a atividade.
Além disso, essa autora verificou que as professoras fazem a seleção de
alguns componentes dos livros para utilização nas suas práticas de alfabetização.
Nesse sentido, foram citados como presentes nas práticas três diferentes tipos de
componentes dos livros. Uma delas foi o uso dos elementos ilustrativos para
contextualização de palavras no desenvolvimento do método da palavração; outro foi
o uso das atividades de leitura com foco no letramento; e, por fim, a preferência pelo
trabalho com as unidades temáticas para desenvolver projetos didáticos (SILVA,
64
2005).
Ademais, a organização oficial do ensino também sofreu influências e, em
2006, com a aprovação da Lei n° 11.274, ocorreu a ampliação do ensino
fundamental de oito para nove anos. Esta mudança objetivou garantir não só um
maior tempo de convívio escolar, como maiores oportunidades de aprendizagem
(BRASIL, 2006).
Como tais modificações exigem tratamento político, administrativo e
pedagógico, o Ministério da Educação elaborou o documento Ensino Fundamental
de Nove Anos: orientações para a inclusão das crianças de seis anos de idade, que
se propunha a dar orientações pedagógicas no que se refere ao trabalho com as
crianças de seis anos, bem como com as crianças das demais faixas etárias que
compõem essa etapa de ensino.
Neste livro, Leal, Albuquerque e Morais (2006) fazem uma reflexão a respeito
dos aspectos constitutivos de uma prática de alfabetização na perspectiva do
letramento. Tais autores defendem que a escola contemple:
1. situações de interação mediadas pela escrita em que se busca causar algum efeito sobre interlocutores em diferentes esferas de participação social (circulação de informações cotidianas, como, por exemplo, por meio de escrita e leitura de textos jornalísticos; comunicação direta entre pessoas e/ou empresas, mediante textos epistolares (cartas, convites, avisos), circulação de saberes gerados em diferentes áreas de conhecimento, por meio dos textos científicos; orientações e prescrições sobre como realizar atividades diversas ou como agir em determinados eventos, mediante textos instrucionais; compartilhamento de desejos, emoções, valorização da realidade vivida, expressão da subjetividade, por meio dos textos literários, divulgação de eventos, produtos e serviços, mediante textos publicitários, entre outros; 2. situações voltadas para a construção e a sistematização do conhecimento, caracterizadas, sobretudo, pela leitura e produção de gêneros textuais que usamos como auxílio para organização e memorização, quando necessário, de informações, tais como anotações, resumos, esquemas e outros gêneros que utilizamos para estudar temas diversos; 3. situações voltadas para autoavaliação e expressão “para si próprio” de sentimentos, desejos, desejos, angústias, como forma de auxílio ao crescimento pessoal e ao resgate da identidade, assim como ao próprio ato de investigar-se e resolver seus próprios dilemas, com utilização de diários pessoais, poemas, cartas íntimas (sem destinatários); 4. situações em que a escrita é utilizada para automonitoração de suas próprias ações, para organização do dia a dia, para apoio mnemônico, tais como agendas , calendários,
65
cronogramas, entre outros. (LEAL, ALBUQUERQUE e MORAIS, 2006, p.71-72).
Além disso, ressaltam a necessidade de trabalhar, constantemente, com uma
diversidade textual, para que as crianças tenham contato com textos da ordem do
narrar, do relatar, do descrever, do expor e do argumentar.
No que se refere mais especificamente à alfabetização, os autores reiteram
que este processo não deve mais ocorrer da forma mecânica e repetitiva de antes,
onde os alunos eram levados a memorizar segmentos das palavras, sem
compreensão nenhuma. Por outro lado, a escola deve cedo levar as crianças a
compreender que a escrita possui relação com a pauta sonora, e que existem
princípios que regem essa relação. Com isso, indicam atividades de familiarização
com as letras, bem como as que levam o sujeito a vir a tratar as letras como classes
de objetos substitutos; atividades com palavras significativas e freqüentes;
brincadeiras com a língua, como trava-línguas, parlendas, poemas; e jogos
fonológicos e de reflexão sobre o SEA.
No mesmo documento, Goulart (2006) trata da organização do trabalhão
pedagógico, que é uma dimensão importante para o desenvolvimento político
pedagógico da escola. Em sua reflexão, a autora aponta para a necessidade de que
todos que integram a comunidade escolar, principalmente as crianças, devem
participar da organização escolar, criando, assim, um espaço democrático. Segundo
a autora, a organização da escola para as crianças das séries iniciais deve objetivar
a inserção no mundo letrado. Assim, “o espaço da sala de aula deve ser um espaço
de formação de leitores. Um espaço, portanto, com muitas leituras” (GOULART,
2006, p.93). Através disso, as crianças poderão começar a desenvolver
conhecimentos sobre as funções da escrita, bem como conhecimentos textuais e de
mundo.
Vemos, portanto, que as pesquisas iniciadas por Ferreiro e Teberosky (1991),
bem como os estudos sobre letramento (SOARES, 1998) provocaram mudanças
nas concepções de ensino, aprendizagem e aluno que buscaram influir tanto sobre a
organização escolar como sobre os recursos utilizados e as práticas desenvolvidas
nas salas de aula.
Nesse contexto, também a avaliação, que já vinha sendo reconceituada,
assumiu novas propostas, quando examinamos, especificamente, o campo da
66
alfabetização.
2.5 Avaliação
A avaliação é algo intrínseco ao ser humano, que, mesmo inconscientemente,
está sempre julgando a realidade à luz de critérios. Trata-se de uma prática
cotidiana, inevitável, consciente ou não. Assim como em outros âmbitos, a avaliação
é uma prática essencial à educação, já que “uma das principais dimensões da
avaliação é a de promover a construção do conhecimento” (FERREIRA; LEAL, 2006,
p.12). Após grandes mudanças, a avaliação é hoje “concebida como
problematização, questionamento, reflexão sobre a ação” (HOFFMANN, 2009, p.15).
Nessa perspectiva
a avaliação é transformada em ação. Ação, essa, que nos impulsiona a novas reflexões. Reflexão essa, que nos impulsiona a novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre sua realidade, e acompanhamento de todos os passos do educando na sua trajetória de construção de conhecimento. Um processo interativo, através do qual educandos e educadores aprendem sobre si mesmos e sobre a realidade escolar no ato próprio da avaliação” (HOFFMANN, 2009, p.17).
Nas seções seguintes abordaremos, primeiramente, diferentes perspectivas
que a avaliação assumiu num passado recente. Em seguida, analisaremos como ela
tem se dado no ensino da alfabetização. Por fim, trataremos do recente emprego de
avaliações em larga escala em nosso país.
2.5.1 Avaliação: mudanças de paradigma nas últimas décadas, ou de uma
perspectiva seletiva e classificatória à perspectiva da avaliação formativa-
reguladora
Podem-se reduzir as concepções de avaliação em dois paradigmas com
concepções antagônicas de educação (ROMÃO, 2008; SUASSUNA, 2006a). O
primeiro paradigma engloba uma “teoria da avaliação baseada no julgamento de
67
erros e acertos que conduzem a prêmios e castigos” (ROMÃO, 2008, p.58), e se
caracteriza pelo controle, a competição e a classificação, chamada de avaliação
somativa, tradicional ou classificatória. E o segundo paradigma é o da avaliação
formativa, reguladora ou formativa-reguladora, que se propõe a ser processual,
contínua e democrática.
No primeiro grupo, a avaliação educacional é compreendida única e
exclusivamente como julgamento de valor baseado em padrões de referência, e
desempenha uma função classificatória e burocrática. Nessa perspectiva,
consideram-se “apenas as modificações que se produzem de um lado – o do aluno”
(HOFFMANN, 2009, p.17). Esse modelo, que valoriza provas desvinculadas da
razão de ser no processo de aprendizagem, acaba por impedir que “professores e
alunos estabeleçam uma relação de interação a partir da reflexão conjunta, do
questionamento, sobre hipóteses formuladas pelo educando em sua descoberta do
mundo” (HOFFMANN, 2009, p.17).
Sendo assim, a avaliação consiste “em verificar se os alunos fizeram o que
lhes foi pedido: memorizar, aplicar uma fórmula...” (BARLOW, 2006, p.109). O
objetivo é apenas certificar se há conformidade ou não entre o ensinado e o aferido,
para constatar o sucesso ou o fracasso ao término de um processo.
Esse paradigma, segundo Suassuna (2006a), desdobra-se em quatro fases
históricas. Vale ressaltar que tais marcações históricas são também dinâmicas e,
quando se determina um período de ocorrência de determinada concepção, não
queremos dizer que só existia aquela concepção e que ela terminava ali, mas, sim,
que foi o espaço de tempo em que predominou.
A primeira delas, que vai do princípio do século XX até a década de 30, toma
a avaliação como medida. Tem como base conceitual a psicologia/psicometria e
assume “uma concepção racionalista-empirista, com ênfase em escalas
quantitativas e em sistemas de notação, verificação e controle” (SUASSUNA, 2006a,
p.29).
A segunda fase, referente ao período que vai do final dos anos 30 até o início
dos anos 60, concebe a avaliação como gestão e redimensiona o enfoque da
avaliação da medida para o gerenciamento de sistemas, onde “avaliar significaria
otimizar, controlar a funcionalidade, evitar desperdícios, racionalizar” (SUASSUNA,
2006a, p.30).
A terceira fase ocorreu entre as décadas de 60 e 70 e caracteriza-se pela
68
profissionalização do campo da avaliação. Nesse período, de lutas sociais, a
avaliação adota um papel sociopolítico com a função de “identificar adequadamente
os problemas sociais para que estes fossem resolvidos por meio de políticas
adequadas e da racionalização da distribuição de recursos, com base nos princípios
das diferentes ciências sociais e humanas” (SUASSUNA, 2006a, p.30). Porém,
ainda traz alguns resquícios do positivismo, visto que a definição do sucesso das
políticas era medido por indicadores objetivos de avaliação do aumento da
produtividade.
A quarta fase deste paradigma é relativa ao final dos anos 70 até parte dos
anos 90, quando se consolida a racionalidade neoliberal que iguala a educação ao
mercado. O Estado surge como avaliador, controlador e fiscalizador de políticas
públicas e a competição torna-se o valor principal. Assim, “o objetivo da avaliação
não é mais identificar e solucionar problemas, mas garantir a formação de quadros e
perfis requeridos pelo mercado na nova fase do capitalismo” (SUASSUNA, 2006a,
p.31).
Este paradigma dominou grande parte do século XX, até que começou a ser
questionado, por causa dos limites dos testes padronizados e seus resultados
quantitativos; pela visão estática do conhecimento, dos alunos e da aprendizagem;
pela visão negativa do erro; pela fabricação de hierarquias e reprodução da injustiça
social; e pela desconsideração da complexidade do fenômeno pedagógico
(SUASSUNA, 2006a).
Diante de tais críticas, constrói-se o segundo paradigma, o da avaliação
reguladora ou formativa, que começou a surgir em meados do século passado e
trouxe mudanças fundamentais ao campo da educação, visto que nessa perspectiva
“propõe-se que a avaliação seja um eixo central de qualquer proposta pedagógica e
que seja pensada a partir de múltiplas finalidades” (FERREIRA e LEAL, 2006, p.14).
Além disso, a avaliação é tomada como
um empreendimento ético e político; ético, pois permite decidir sobre quais seus fins, a serviço de quem se coloca e que seus usos serão feitos de seus resultados e informações; político, pois deve ampliar os enfoques e os procedimentos que levem ao debate amplo, à negociação e à instauração de relações intersubjetivas que fazem das instituições educacionais espaços de aprendizagem, formação e produção de conhecimentos, valores e subjetividades (SUASSUNA, 2006a, p.38).
69
Essa concepção de avaliação, amparada na perspectiva de construção do
conhecimento, que é dialógica, questionadora e interativa, “parte de duas premissas
básicas: confiança na possibilidade de os educandos construírem suas próprias
verdades e valorização de suas manifestações e interesses” (HOFFMANN, 2009,
p.18).
Assim, conforme este modelo, a avaliação precisa ser “democrática,
constante, diversificada e contínua, sistemática (metódica) e intencional” (SILVA,
2003, p.13). Democrática porque oportuniza diálogo e negociação sobre os objetivos
e critérios; constante e contínua, pois busca acompanhar o processo de ensino e
aprendizagem; diversificada por buscar superar a possível fragmentação e
terminalidade da utilização da avaliação e por possibilitar um maior número de
informações sobre as aprendizagens dos educandos; sistemática porque segue um
percurso lógico, metodológico e pedagógico; e intencional pela consciência de tudo
isso.
Aqui, a avaliação apresenta “uma concepção avaliadora de desempenhos de
agentes ou instituições, em situações específicas, cujos sucessos ou insucessos são
importantes para a escolha de alternativas subsequentes” (ROMÃO, 2008, p.58).
Quer dizer, deixa de ser algo terminal, no processo educativo, para se tornar uma
busca de compreensão do que os alunos já sabem e como sabem, para
proporcionar novas oportunidades de construção do conhecimento, ou seja,
promover intervenções e redirecionamentos e “acompanhar a relação ensino e
aprendizagem para possibilitar as informações necessárias para manter o diálogo
entre as intervenções dos docentes e dos educandos” (SILVA, 2003, p.9).
Dessa forma, a troca entre os sujeitos envolvidos no processo de
aprendizagem ocorre durante seu processo, e não no final da formação. Deste
modo, “trata-se, para o avaliador, de ajudar seus interlocutores a resolver melhor
sua tarefa, fazendo um diagnóstico das dificuldades ou das estratégias em questão”
(BARLOW, 2006, p.109). E essas trocas ocorrem para realizar uma incidência sobre
a aprendizagem.
Assim, a avaliação ganha sentido quando responde a seguinte questão:
“como obter as informações sobre as aprendizagens dos aprendentes para
diversificar a prática docente com consistência pedagógica?” (SILVA, 2003, p.12).
Para tal, a avaliação é concebida como um processo de coleta de informações que
70
se dá através da mediação, aproximação e diálogo entre professor e alunos e que
favorece o desenvolvimento de intervenções diferenciadas.
E é nesse paradigma que se insere a avaliação diagnóstica para “analisar as
dificuldades e os pontos fortes do aluno, para regular e facilitar a aprendizagem,
oferecendo-lhe uma ajuda personalizada” (BARLOW, 2006, p.117). E é por
compartilhar desse objetivo e concepção que, como veremos, a proposta da
Provinha Brasil se situaria nessa perspectiva.
Diante disso, compreendemos que a ação avaliativa na educação reflete
diretamente concepções sobre educação, avaliação, criança, aprendizagem e
desenvolvimento. Sendo assim, cada um destes modelos avaliativos pertence, por
estar estritamente ligado, a um modelo pedagógico que remete a uma adesão
política a um projeto societário. (SILVA, 2003). Nesse sentido, “desenvolver uma
nova postura avaliativa requer desconstruir e reconstruir a concepção e a prática da
avaliação e romper com a cultura de memorização, classificação, seleção e exclusão
tão presente no sistema de ensino” (SILVA, 2003, p.16), ou seja, modificar
concepções e posturas mais amplas.
2.5.2 Avaliação da língua portuguesa na alfabetização
Concomitantemente às mudanças conceituais e metodológicas da
alfabetização, a avaliação da aprendizagem da leitura e da escrita também se
modificou. Como afirmam Albuquerque e Morais (2006) “em uma prática
construtivista de avaliação, a avaliação atende a diferentes objetivos, que buscam
articular o diagnóstico contínuo dos conhecimentos dos alunos ao planejamento e
realização do ensino” (p.138). Ou seja, a avaliação não deve ser utilizada para
classificar os alunos em capazes ou não, mas, sim, para orientar e redimensionar o
trabalho pedagógico.
A avaliação da língua portuguesa se deu, durante um longo tempo, sob a
forma de medição de conteúdos fragmentados e descontextualizados. Porém, para
tal área, faz-se necessário delimitar as expectativas de aprendizagem de cada nível
de ensino. Só a partir disso é possível construir critérios de avaliação. Além disso,
ao elaborarmos instrumentos de avaliação, devemos ter em
71
mente que as questões postas para os alunos precisam ser instigantes, mobilizadoras; levar à solução de problemas, à tomada de decisões, à elaboração de justificativas, ao desequilíbrio cognitivo, a desacordos intelectuais, enfim, à ampliação da aprendizagem (SUASSUNA, 2006b, p.113).
Vale ressaltar, ainda, no que se refere à avaliação da alfabetização, que “a
elaboração de um teste adequado depende da definição de alfabetização. Diferentes
definições levam a diferentes indicadores, diferentes matrizes e, consequentemente,
diferentes itens” (OLIVEIRA, 2005, p.376). Ou seja, no caso da alfabetização, a
avaliação será baseada na concepção que se tem sobre esse campo teórico.
De forma geral, como mostram diferentes estudos realizados ao longo dos
anos, os professores ainda têm dificuldades para avaliar, na alfabetização, quando
tentam se embasar nas novas perspectivas de avaliação, bem como de
alfabetização. Buscamos estudos sobre esta temática e, a seguir, trataremos dos
resultados de algumas destas pesquisas.
Filgueiras (2004) desenvolveu uma pesquisa para investigar como ocorre a
aprendizagem inicial da língua escrita, como são diagnosticadas as dificuldades de
aprendizagem e quais estratégias são utilizadas para enfrentar essas dificuldades
em uma escola pública, de regime ciclado, e em uma escola particular, de regime
seriado. Esta pesquisa, que se configurou como estudo de caso, investigou duas
turmas de 3° ano do Ciclo Básico e uma Sala de Recuperação para alunos com
dificuldades de aprendizagem na última etapa desse primeiro ciclo na escola pública;
e, na escola particular, uma turma de 3° Período da Educação Infantil do turno
vespertino, além das Oficinas de Leitura e Escrita para os alunos diagnosticados
com dificuldades de aprendizagem no processo de alfabetização.
A autora constatou que os processos de diagnóstico dos alunos divergiam dos
processos de ensino e aprendizagem na sala de aula. Enquanto na escola particular
o processo de diagnóstico dos alunos foi composto por várias atividades de escrita
sistematizadas, as atividades propostas na sala de aula eram de escrita espontânea
e leitura. Na escola pública, o resultado foi no mesmo sentido. O diagnóstico se deu
pela atividade que a escola denominou como “tomar leitura”, o que não estava
condizente com as atividades propostas nas salas de aula de leitura e interpretação
de textos e livros de história e de produção de textos. Ou seja, enquanto nas salas
de aula a ênfase era nas atividades de letramento, no diagnóstico enfatizaram-se
atividades de alfabetização em sentido bastante restrito (domínio das
72
correspondências letra-som). Assim, o tipo de atividade avaliativa não condizia com
o cotidiano da sala de aula e o mesmo ocorreu quando comparados os diagnósticos
e os encaminhamentos feitos para os alunos com dificuldades. Diante do exposto, a
autora evidenciou uma confusão entre os termos alfabetização e letramento, que
implicou uma confusão nos modos de avaliar os alunos (FILGUEIRAS, 2004).
Cunha (2006) realizou um estudo com professoras alfabetizadoras da rede
pública municipal de São Paulo, em 2003, com os objetivos de: constatar as
expectativas daquelas alfabetizadoras em relação aos conteúdos ensinados aos
alunos sobre a língua materna, relacionar as expectativas das professoras com o
conteúdo que diziam ter ensinado ao longo do referido ano letivo e identificar os
conteúdos mais trabalhados pelas professoras bem como a forma de seu
desenvolvimento. Apesar de a avaliação da alfabetização não ter sido objeto
explícito deste estudo, verificou-se que as atividades de ditado apareciam como
forma de avaliação. As professoras investigadas revelaram que “o ditado de palavras
e frases já conhecidas tinha como objetivo verificar o que os alunos não sabiam e o
ditado para diagnosticar as hipóteses de escrita o de classificar como o aluno pensa
a escrita” (CUNHA, 2006, p.10). O segundo tipo de ditado servia para ajudar as
professoras no planejamento. Porém, “foi constatado que apenas duas professoras
faziam intervenções, as demais até tentavam trabalhar com os níveis conceituais,
mas na verdade, não tinham clareza do “como” fazer” (CUNHA, 2006, p.10). Isto é,
os ditados serviam mais para classificação dos níveis de escrita das crianças, e
pouco serviam como ferramenta para pensar intervenções pedagógicas. Assim, tal
estudo revela que as professoras incorporavam práticas de diagnose de nível de
escrita, amplamente divulgadas a partir da Teoria da Psicogênese, mas ainda tinham
dificuldades em reconhecer seu real sentido e utilizá-las numa perspectiva formativa.
Outra pesquisa que trata sobre a avaliação na alfabetização é a de Oliveira
(2006), que partiu do contexto da transição do regime seriado para o regime ciclado,
na rede municipal de Recife a partir de 2001, quando “a avaliação passou a ser
concebida com um enfoque diferenciado” (OLIVEIRA, 2006, p.1). Para analisar
como estava ocorrendo o ensino e a avaliação do aprendizado do Sistema de
Notação Alfabética nesse contexto de mudanças, Oliveira (2006) realizou, em 2003,
entrevistas com nove docentes de três escolas da rede. Neste estudo, observou-se
que
73
aspectos como o registro dos desempenhos alcançados em substituição às notas, o caráter flexível do tempo para o educando construir os conhecimentos esperados e a promoção automática estariam desencadeando um novo formato e uma nova dinâmica no cotidiano das escolas públicas municipais de Recife” (p.16).
Como a Proposta Curricular desta rede não estabelecia competências ou
expectativas de aprendizagem por ano/ciclo, as professoras atribuíram um sentido
muito amplo e pouco preciso à escrita e ao seu aprendizado, considerando-se um
ciclo de três anos. Além disso, a maioria das professoras não tinha clareza sobre o
que seus alunos deveriam saber ao final de cada ano, e davam prioridade ao
desenvolvimento da leitura. Quanto à prática avaliativa, as professoras revelaram
preocupação com o acompanhamento processual do desempenho de seus alunos. A
autora notou, porém, que a adesão das professoras ao avaliar continuamente e
processualmente, estava mais situada num plano ideológico e se constituía numa
visão utópica de avaliação, já que as formas de operacionalização da mesma
pareciam não se concretizar na sala de aula.
Como podemos constatar, os estudos até aqui revisados indicam uma grande
dificuldade dos professores alfabetizadores, tanto em definir como devem alfabetizar
– se não é mais para usar os velhos métodos –, como para avaliar seus educandos.
Como defendem Morais, Leal e Albuquerque (2009), nesse contexto de indefinições
que caracterizam o que Soares (2003) denominou “desinvenção da alfabetização”, o
surgimento de um exame externo como a Provinha Brasil poderia constituir um
valioso instrumento para auxiliar os docentes a monitorar a aprendizagem de seus
alunos e evitar a produção de fracasso, no início do ensino fundamental.
Trataremos, no tópico seguinte, do recente emprego de avaliações externas e
em larga escala, em nosso país.
2.5.3 O recente emprego de avaliações em larga escala em nosso país
A avaliação em larga escala é um tipo de avaliação que tem por objetivo
“informar o que populações e subpopulações de alunos em diferentes séries sabem
e são capazes de fazer, em um determinado momento, e acompanhar sua evolução
ao longo dos anos” (KLEIN, FONTANIVE, 1995, p.2).
74
Os instrumentos de avaliação em larga escala caracterizam-se por
“consistirem num conjunto uniforme de tarefas apresentadas a todos os membros de
um grupo, com procedimentos também uniformes de aplicação e correção” (HAYDT,
1997, p.76).
Para seus defensores, esse tipo de avaliação faz-se necessário, pois
indicadores de movimentação e fluxo escolar não dão conta de informar sobre a
qualidade do ensino. Diante disso, a avaliação em larga escala pode apresentar-se
como “um sistema de avaliação de aprendizagem capaz de fornecer informações
consistentes, periódicas e comparáveis sobre o desempenho dos alunos” (KLEIN,
FONTANIVE, 1995, p.2).
Segundo Gatti (2009), foi nos anos 1960 que surgiu a preocupação com
processos avaliativos escolares. A primeira iniciativa ampla de uma avaliação em
larga escala no Brasil foi realizada em 1966, por um grupo da Fundação Getúlio
Vargas, e buscava verificar a aquisição de conhecimentos nas áreas de Linguagem,
Matemática, Ciências físicas e naturais e Estudos sociais com variáveis, como sexo
e nível socioeconômico (GATTI, 2009). Depois foram surgindo algumas outras
avaliações, mas sem continuidade.
É a partir dos anos 90, segundo Vianna (2003), que a avaliação educacional
passou a ser utilizada, no Brasil e em quase todo o mundo ocidental, como tentativa
para encontrar um caminho de solução para os problemas educacionais existentes,
e persistentes. No Brasil, essa utilização se traduziu através da criação do Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), o Exame Nacional de Cursos
(ENC), conhecido como Provão, e do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Já
no presente milênio, o mesmo MEC instituiu o Exame Nacional de Desempenho de
Estudantes (ENADE) em substituição ao ENC, a Prova Brasil (que é aplicada nos 5º
e 9º Anos) e a Provinha Brasil. Por ocasião do lançamento do PNAIC- Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, o Ministério de Educação também
anunciou, a partir do final de 2013, a aplicação, em larga escala, de um exame para
todas as crianças que estejam concluindo o terceiro ano do ensino fundamental, nas
redes públicas do país (BRASIL, MEC, 2012).
Desde a década de 1990, são muitas as discussões e questionamentos em
torno das avaliações externas em larga escala. Segundo Neto (2010), tais
discussões tratam de “(...) questões ligadas à qualidade, às medidas em educação,
à responsabilização por resultados e à prestação de contas” (p.85). Além disso, Gatti
75
(2009) chama atenção ao desafio da “apropriação por parte das escolas dos
resultados obtidos por seus alunos e a utilização desses resultados para orientar as
atividades de ensino” (p.15).
Diversas discussões e questionamentos emergiram do fato de que, no Brasil,
ao invés de utilizar os resultados desse tipo de avaliação para criar políticas de
melhoria da qualidade do ensino, passou-se a esperar que somente “os processos
avaliativos determinariam, entre outros resultados, a elevação dos padrões de
desempenho (VIANNA, 2003, p.7)”.
Dessa forma, a avaliação foi perdendo seu caráter relacional professor/aluno,
e concentrando-se muito mais na avaliação do desempenho institucional. Além
disso, como esse tipo de avaliação não consegue avaliar amplamente as habilidades
dos alunos, de forma variada,
não temos realmente um quadro avaliativo completo, que seja descritivo das diferentes dimensões do alunado, como seria desejável, mas uma simples métrica do que se supõe medir. É possível concluir, desse modo, que muitas competências e habilidades importantes no mundo atual não são efetivamente avaliadas, ficando implicitamente comprometida a definição do quadro educacional a ser configurado (VIANNA, 2003, p.10).
Assim, fica claro que este tipo de instrumento não pode, e não deve ser o único
presente na escola, mas, sim, pode servir como um elemento de uma política mais
ampla de avaliação dos sistemas de ensino. Como observam Morais, Leal e Pessoa
(no prelo), reconhecer a contribuição de uma avaliação em larga escala, como a
Provinha, não deveria nem implicar no erro mais primário de reduzir avaliação a
exame, nem na desconsideração do papel que os professores sempre terão, ao
avaliar seus alunos, no quotidiano.
Ao lado disso, vale recordar que a função dos instrumentos de avaliação varia
de acordo com suas concepções e finalidades. Na avaliação formativa, caso da
Provinha Brasil, o “instrumento teria a função de mobilizar experiências e saberes
prévios, acionar estratégias cognitivas, estimular a reflexão, o questionamento, o
cotejo de conhecimentos” (SUASSUNA, 2006b, p.113). Já no caso das avaliações
classificatórias “o objetivo é apenas verificar ou comprovar a aprendizagem”
(SUASSUNA, 2006b, p.113).
76
3. Capítulo 2 - Metodologia
Nesta pesquisa, de cunho qualitativo e quantitativo, buscamos investigar a
Provinha Brasil e sua capacidade de avaliar, de forma diagnóstica, os
conhecimentos dos aprendizes em duas turmas de alfabetização. Fizemos isto a
partir da observação da aplicação da edição de 2012 em duas turmas do 2° ano do
1° ciclo de uma escola que serviu como nosso campo de investigação. O quantitativo
total de crianças participantes de nossa pesquisa foi vinte e nove, pois estas foram
as que realizaram todas as provas.
Ademais, realizamos a aplicação (para fins de pesquisa), em períodos
próximos, dos testes da edição de 2011 da Provinha em uma das turmas.
Analisamos ainda os instrumentos avaliativos das edições de 2011 e 2012 (pré e
pós-testes), buscando verificar o nível de complexidade de seus itens.
Para o desenvolvimento do nosso estudo, foi escolhida uma escola municipal
da região metropolitana do Recife, com boas médias na última edição da avaliação
nacional Prova Brasil, isto porque essa prova compartilha da concepção da Provinha
Brasil. A escolha de conduzir essa pesquisa com duas turmas é também resultante
da possibilidade de comparação existente. Os sujeitos da pesquisa foram todos os
alunos pertencentes às duas turmas escolhidas, que estavam presentes nas salas
de aula em todos os momentos de coleta de dados.
Ao longo da pesquisa, observamos a aplicação da Provinha Brasil (testes 1 e
2) do ano corrente (2012) nas duas turmas, e as preparações para essa aplicação.
As observações das aplicações foram feitas com registro escrito em um diário de
campo e gravação do áudio. Em tais observações verificamos aspectos como: leitura
do enunciado sendo feita ou não conforme o guia de aplicação, tempo de resolução
de cada questão, antecipação ou não das respostas pelos alunos, emissão de
respostas em voz alta, além das dúvidas expressas pelos alunos.
No início do ano, aplicamos uma edição (teste 1 e 2) antiga da Provinha
(divulgada no ano de 2011 para ser aplicada no início do ano letivo), em dias
próximos ao da aplicação do Teste 1 do ano de 2012, para que não houvesse muita
influência do momento de aplicação sobre o nível de aprendizado das crianças. Tal
aplicação ocorreu com o fim de verificar se as diferentes edições do exame estavam
estruturadas com complexidade equivalente e se possibilitavam a avaliação
comparativa das crianças, ao longo de um ano letivo.
77
Além disso, realizamos uma entrevista com as professoras para caracterizar
as docentes no que se refere às suas formações e experiências e, também,
buscando identificar as concepções das docentes sobre a Provinha Brasil, bem
como o seu planejamento de metas no ensino de língua portuguesa (considerando
os eixos didáticos de apropriação do SEA, leitura e produção textual).
3.1 Caracterização das professoras
A fim de conhecer melhor as professoras responsáveis pelas turmas
investigadas, buscamos saber sua trajetória de formação e atuação profissional,
bem como sobre o seu planejamento e definição de metas para o ensino de língua
portuguesa para as turmas em questão.
No que se refere à formação inicial das docentes, as duas fizeram a educação
básica em instituições públicas, sendo que uma delas (PROF. 1) estudou o ensino
fundamental II em escola privada. As duas fizeram magistério (nível médio), uma em
escola pública (PROF. 2) e uma em escola privada (PROF. 1).
Quanto ao ensino superior, a Professora 1 era licenciada em Língua
Portuguesa e Inglesa por uma instituição privada e tinha cursado especialização em
Ensino de Língua Portuguesa por uma instituição pública estadual. Já a Professora
2 era graduada em Economia Doméstica por uma instituição pública federal e não
possuía pós graduação.
As docentes tinham 17 (PROF. 2) e 25 anos (PROF. 1) de ensino, sendo que
10 anos tinham sido de docência naquela rede municipal. Estas professoras tinham
ensinado, nos últimos quatro anos, em turmas de alfabetização (1° e 2° ano do 1°
ciclo). As duas lecionavam, ainda, em outra escola, sendo que uma na mesma rede
municipal (PROF. 2) e outra na rede estadual (PROF. 1). Nenhuma delas exercia
outra atividade profissional.
Sobre a definição de metas e o planejamento de atividades para o ensino da
língua portuguesa, questionamos as docentes sobre os três principais eixos de
ensino da língua para o 2° ano: Apropriação do sistema de escrita alfabética, Leitura
de textos e Produção de textos.
Sobre o ensino voltado à Apropriação do sistema de escrita alfabética as duas
docentes apresentaram os mesmos objetivos, sendo eles: aprender a escrever e
78
aprender a ler. Para alcançar tais metas a Professora 1 disse que pretendia propor
(e já propunha) “atividades de montagem de palavras e frases com alfabeto móvel e
ditado”. Já a Professora 2 pretendia trabalhar (e já trabalhava) “com interpretação de
texto e separação de sílabas”.
Com relação à Compreensão de textos, vale ressaltar que para a Professora
1 as atividades de “interpretação de texto” a que se referia diziam respeito ao
trabalho com as palavras do texto. Sobre a leitura, quatro objetivos foram citados
pela Professora 2: Ampliar o vocabulário, Aprender a escrever, Aprender a ler e Ler
com fluência, sendo que estes dois últimos também foram citados pela Professora 1.
Os objetivos Aprender a escrever e Aprender a ler foram repetidos nesse eixo de
ensino, demonstrando uma possível dificuldade de diferenciação entre o que é a
apropriação do SEA e o que é a leitura e compreensão de textos.
Ainda quanto às atividades de leitura, a professora 1 citou Recital de poesia,
Contação de histórias, Interpretação de textos, Reconto oral, Perguntas de
compreensão, Leitura silenciosa e Leitura coletiva. E a Professora 2 citou esta última
atividade e o Trabalho com textos rimados.
O último eixo de ensino da língua sobre o qual as docentes foram
questionadas foi a Produção de textos. Sobre este, as professoras revelaram que
ainda não trabalham tal eixo de forma sistemática, mesmo em se tratando de turmas
de segundo ano, pois, segundo elas, a maioria de seus alunos ainda estava em
níveis baixos de aprendizagem. Os objetivos de ensino ligados à “escrita”, citados
foram “escrever palavras e escrever frases”, pela Professora 1 e “escrever textos
simples (bilhete, carta, recado)”, pela Professora 2. A nosso ver, a atividade de
escrita de palavras, citada pela Professora 1, não seria uma atividade de produção
de texto, mas, sim, de apropriação do SEA.
Neste eixo, foram citadas, no geral, sete atividades. A professora 1 citou:
“Refacção de textos, Escrita de frases, Atividades de análise lingüística (ortografia,
pontuação, paragrafação) na escrita de textos e Escrita de palavras”, também citado
pela Professora 2, que agregou os objetivos “de Escrita de sílabas, Explicar opinião
nos textos e Produção de texto coletivo” . Reforçamos que, assim como a Escrita de
palavras, a Escrita de sílabas é uma atividade de apropriação do SEA e não de
produção de texto. Estas breves evidências nos sugerem o quanto as docentes
entrevistadas teriam certa dificuldade em conceituar a compreensão e produção de
textos como algo distinto da compreensão do SEA e do domínio de suas
79
convenções letra-som.
3.2 Caracterização dos alunos
Com relação à turma 1, da manhã, quatorze alunos realizaram os dois testes
da Provinha Brasil de 2012 e, por isso, compuseram nossa amostra. Destes, sete
eram meninas e sete meninos. Entre estas crianças havia cinco novatos na escola,
dentre os quais dois estavam frequentando a escola pela primeira vez. A idade (em
meses) dos alunos variava de 86,4 a 116,3 meses em julho de 2012, o que nos
parece um grande espectro de variação (mais de 24 meses, entre aprendizes de
segundo ano!).
Sobre as crianças da tarde, quinze alunos realizaram os quatro testes da
Provinha Brasil (testes da edição de 2011 e de 2012). Destes, dez eram meninas e
quatro eram meninos. Assim como na turma da manhã, dentre estas crianças
também havia cinco novatos. A idade (em meses) dos alunos também variava muito
(de 84,5 a 137,7), em julho de 2012.
80
4. Capítulo 3 - Análise dos dados
A análise dos resultados da Provinha Brasil foi desenvolvida de forma
qualitativa e quantitativa. Utilizamos uma análise de conteúdo (BARDIN, 1977) para
a análise do instrumento. Tal análise nos permitiu desenvolver quatro blocos de
apreciação dos dados.
O primeiro bloco de análise trata dos objetivos específicos de identificar as
concepções das professoras a respeito da Provinha Brasil e investigar como se dava
a aplicação da Provinha Brasil e se esta poderia interferir nos resultados revelados
pelos aprendizes.
Num primeiro momento, apresentamos as representações das professoras
participantes da pesquisa a respeito da Provinha Brasil. Tal análise foi realizada a
partir de entrevista feita com as docentes antes da aplicação da Provinha, onde,
além dos dados sobre formação e experiência/prática profissional há pouco
apresentados, elas foram questionadas a respeito: a) da existência de avaliações na
escola antes e além da Provinha Brasil; b) da avaliação que elas faziam da Provinha
Brasil, levantando aspectos positivos e negativos; e c) das percepções das docentes
quanto as reações dos alunos a Provinha (Anexo 1).
Após isso, tratamos da caracterização e análise das aplicações com base em
alguns itens, definidos a priori. São eles:
· Tempo por questão;
· Instruções pelo aplicador;
· Resposta em voz alta pelos alunos;
· Dúvidas dos alunos;
· Busca de apoio nos alunos;
· Antecipação individual das respostas;
· Motivação/interesse.
O segundo bloco de análises respondeu ao objetivo específico de avaliar a
complexidade dos itens da Provinha Brasil, a fim de verificar se existe
comparabilidade entre as edições de 2011 e 2012. Este, portanto, foi relativo às
comparações entre as questões (“itens”) ligadas a cada descritor (isto é, habilidade
ou capacidade avaliada, como por exemplo, a capacidade de “reconhecer letras do
alfabeto” ou de “identificar a finalidade de um pequeno texto lido”). A fim de
81
examinar a equivalência do nível de complexidade dos itens, fizemos comparações
de cada descritor, contrastando as questões das provas antigas (2011) e novas
(2012), bem como comparando os testes de início e final de cada edição. Tais
comparações partiram dos seguintes critérios:
· o gênero textual utilizado,
· a provável familiaridade dos alunos com os o textos em foco,
· a extensão dos textos,
· o tipo de comando ou enunciado,
· a natureza dos distratores,
· a quantidade de questões por descritor, em cada prova.
Nosso terceiro e último bloco de análises respondeu aos objetivos específicos
de examinar a evolução dos conhecimentos dos alunos pesquisados, na Provinha
Brasil, verificando se os erros e acertos teriam a ver exclusivamente com os
conhecimentos deles ou se poderiam ser influenciados pelo instrumento. Neste,
verificamos quais foram os erros mais frequentes cometidos pelas crianças para
cada descritor, de cada edição da prova utilizada em nossa pesquisa (edição de
2011 e edição de 2012). Buscamos ver, também, se os erros pareciam aleatórios, se
revelavam determinada tendência de compreensão ou se pareciam influenciados
pelo modo de formulação dos itens. Examinamos, ainda, a evolução dos
conhecimentos dos alfabetizandos sobre os objetos de avaliação da Provinha.
82
4.1 Concepções das professoras a respeito da Provinha Brasil e Análise da
aplicação da Provinha Brasil
Neste bloco de análise apresentaremos inicialmente as concepções das
professoras participantes da pesquisa a respeito da Provinha Brasil, considerando os
dados levantados a partir de entrevista. E depois apresentaremos a caracterização e
análise das aplicações com base em alguns itens, definidos a priori.
4.1.1 Concepções das professoras
Nesta sessão traremos a análise das concepções das professoras a respeito
da Provinha, a partir de suas respostas a questões referentes a: Existência de
avaliações na escola antes e além da Provinha Brasil, Experiências anteriores com a
Provinha, Avaliação da Provinha Brasil pelas docentes (aspectos positivos e
negativos), Reações dos alunos a Provinha, Participação dos outros segmentos da
escola (direção, coordenação) na aplicação e uso da Provinha, Expectativas após os
resultados da Provinha, Conhecimento da aplicação e do resultado da Provinha
pelos familiares, e Uso da Provinha Brasil pela rede e/ou escola na formação
continuada das professoras.
4.1.1.1 Existência de avaliações na escola antes e além da Provinha Brasil
Com relação à existência de avaliações em Língua Portuguesa antes da
instituição da Provinha Brasil, as docentes afirmaram que existiam diagnósticos
contínuos, nos quais os alunos eram avaliados constantemente, porém de forma
assistemática. Conforme afirmativa da Professora 1 existia “avaliação informal na
sala de aula, da gente mesmo. Meu com os alunos sempre teve, mas geral da rede
não” (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 1). Ou seja,
as avaliações eram organizadas pelas próprias professoras, enquanto que na rede
não existia nenhum tipo de avaliação geral. Sendo assim, a realização de avaliações
formais partia do desejo individual de cada docente.
A professora 2 afirmou que: “a gente sente necessidade de fazer, até por
83
que... para dar uma posição às famílias do rendimento das crianças né” (extrato de
entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 2). Assim, vemos que o uso
de tais avaliações ocorria também devido à cobrança das famílias.
As duas docentes afirmaram que realizavam outras avaliações de língua
portuguesa, mas que continuavam a não existir diagnósticos gerais da rede ou da
escola. As avaliações eram construídas pelas próprias docentes, a partir dos
conteúdos escolhidos por elas mesmas e realizadas apenas no âmbito de suas
turmas. Segundo a professora 1, as avaliações aconteciam sem muita
sistematicidade e a partir do ano de 2012 elas e a escola estavam buscando tornar
as avaliações mais sistemáticas, conforme lemos abaixo:
Inclusive esse ano a gente tá sistematizando mais isso, já teve uma no começo do ano, vai ter outra agora em junho... porque antes era muito aberto, aí percebemos que as mães cobravam muito, e quando tem o plantão pedagógico, que vêm os pais conversar com a gente, aí fazia falta, precisava amarrar mais (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 1).
Compreendemos que tais avaliações são fundamentais, pois as professoras
podem ir regulando as aprendizagens construídas por seus alunos ao longo do
processo de ensino-aprendizagem. Porém, compreendemos que avaliações mais
gerais e amplas, como a Provinha Brasil, também são importantes, pois permitem o
diagnóstico dos alunos em competências essenciais para a aprendizagem da leitura
e da escrita, competências estas que independem da região em que vivem as
crianças e que não devem partir da escolha pessoal das professoras ensinar ou não.
Ou seja, julgamos importante avaliar de forma contínua, avaliando de modo mais
sistemático a aprendizagem dos alunos com relação a certos conteúdos escolares
de língua portuguesa.
4.1.1.2 Experiências anteriores com a Provinha
As duas professoras já haviam vivenciado outras aplicações da Provinha
Brasil, mas, em todas as vezes, apenas observando tal realização em suas turmas,
já que naquela rede não era permitida a participação mais ativa das docentes nos
momentos de aplicação. E isso ocorria, sob a incompreensível justificativa de que a
84
Provinha Brasil permite que a aplicação seja organizada e planejada pela própria
rede.
A Professora 2 afirma que deveriam ser os próprios professores os
aplicadores, conforme extrato abaixo:
Eu acho que a gente aplicando e explicando as questões, sem tá presa aquele material do guia de aplicação ficaria melhor, mais livre, a gente conhece a forma deles entenderem. Porque tem texto que seria preciso ler e diz lá que o aplicador não pode ler. Mas tem uns tipos de texto que o professor devia ler, de determinadas questões. Porque eles ficam sem entender nada né... da forma como está lá. Acho que é por isso que eles não botam o professor pra aplicar, botam outra pessoa pra não correr o risco do professor ajudar (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 2).
A fala da docente revela que a justificativa para ela não poder aplicar é para que os
alunos não fossem ajudados. Isso, a nosso ver, poderia ser resolvido com uma
exaustiva explicação dos propósitos e características da prova a todos os
professores.
Além disso, a participação das docentes é importante, pois as dúvidas e
posicionamentos das crianças, durante a avaliação, podem revelar alguns de seus
conhecimentos, o que pode ajudar os docentes a conhecer melhor seus alunos.
Cremos que, ao menos, a presença das professoras em sala de aula, durante
a Provinha é fundamental, pois pode tranquilizar os alunos e dar um tom menos
formal à avaliação. Apesar disso, em 2012 a coordenadora da escola aplicou o teste
1 da Provinha na turma da Professora 2 sem a sua presença. A justificativa foi de
que a professora estava em formação e o período de aplicação era muito curto e não
dava para esperar outro dia, devido as outras atividades da escola.
A Professora 1 também revelou a sua insatisfação em não poder participar da
aplicação, propriamente dita, da prova, já que participou apenas observando.
Questionando ainda a sua ausência no processo de correção, conforme afirmativa
abaixo:
Geralmente a Provinha Brasil quem aplica é a coordenadora e ela fica com essas provas né, aí só depois ela passa pra gente. Mas a parte da correção a gente não pega nela né. Eu acho isso ruim né, porque a gente deveria ter essas Provinhas e avaliar como os alunos estão. Apesar de que elas dizem como o aluno está, como a turma está. Mas o bom era a gente pegar mesmo na hora e avaliar. Acho negativo o fato de ser a
85
coordenação que aplica e corrige, e só depois entrega (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 1).
Tal como as docentes, achamos que a participação das professoras na
aplicação é importante. Além disso, não vemos justificativa para impedir as
professoras de participarem mais ativamente da aplicação. A forçada passividade
das docentes não se explica numa prova cujo objetivo é diagnosticar e não medir.
Tudo isso revela que o município não estava sabendo usar o instrumento da
forma como ele deveria ser utilizado, garantindo seus objetivos diagnósticos. Os
encaminhamentos da rede estavam divergindo das orientações do Inep.
4.1.1.3 Avaliação da Provinha Brasil pelas docentes (aspectos positivos e
negativos)
As professoras foram questionadas sobre como avaliavam a Provinha, e, no
total, citaram quatro aspectos positivos e dois aspectos negativos.
A professora 1 citou apenas um aspecto positivo, o fato de a Provinha ser
uma avaliação geral:
Acho bom que tenha uma avaliação assim geral na rede toda, pra saber como está. Mas é difícil você conseguir avaliar um grande número de escolas, porque eles colocam como objetivos naquela prova um nível muito alto, aí fica difícil para nossos alunos conseguirem alcançar (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 1).
O questionamento da professora sobre o nível alto do instrumento pareceu
confuso, pois não faria sentido aplicar uma avaliação “fácil” ou “muito fácil”. Com isso
não afirmamos que a avaliação deve ser mais difícil do que as crianças podem
responder, mas, também, sendo abaixo do nível das crianças ela não avaliaria de
forma eficaz.
Já a professora 2 citou três aspectos positivos, o fato de a Provinha ser um
referencial para os professores saberem o que seus alunos já sabem, para
planejarem suas aulas e também para utilizarem o próprio material da Provinha
como exemplos de atividades e avaliação. No extrato vemos alguns dos aspectos
citados:
86
De positivo eu acho pra gente porque é um referencial para o professor. O aluno fez e o professor tem acesso ao que ele fez. Pra saber as duas coisas, tanto de se guiar como de saber o que eles sabem. E eu acho bom que tenha, agora não pra ser uma avaliação definitiva, é um instrumento a mais. Mas que não seja só ele (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 2).
A fala revela ainda algo muito pertinente: A Provinha é um complemento, é uma
avaliação que vem para ajudar e não para se apropriar da autonomia da professora.
De fato, julgamos que a Provinha é um referencial para os professores. E é
uma avaliação ampla e formal, que dificilmente poderia ser realizada de forma
individual, em cada sala, pois, conforme alertou a Professora 2 “Num dá pra fazer
uma prova daquela. A gente quer fazer de uma página só e num faz, não tem tinta.
Então é bom também por isso... é uma prova que vem e dá pra avaliar” (extrato de
entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 2).
Com relação aos aspectos negativos, as duas professoras citaram o fato de a
avaliação ser aplicada pela coordenadora. As docentes reivindicavam uma
participação mais ativa na aplicação e correção da Provinha, conforme afirmativa:
“Acho negativo o fato de ser a coordenação que aplica e corrige, e só depois
entrega” (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 1).
Quanto à aplicação, os documentos da Provinha deixavam claro que a
escolha de quem aplica deveria ser feita pelas secretarias de educação e
considerava que a escolha se relacionaria com o objetivo que se tem ao utilizar a
avaliação. É posto que a realização da aplicação
pelo próprio professor da turma, com o objetivo de monitorar e avaliar a aprendizagem de cada aluno ou turma; por outras pessoas indicadas e preparadas pela secretaria de educação, com a proposta de obter uma visão geral de cada unidade escolar, das diretorias ou de toda a rede de ensino sob a administração da secretaria. (BRASIL [Orientações para as Secretarias de Educação], 2010, p.6).
Como já dito, no caso da Secretaria de Educação do município do Recife, por
ocasião de nossa pesquisa, adotavam a segunda opção.
A Professora 2 questionou o fato de ser uma avaliação nacional, conforme
afirmativa:
87
Olha, eu acho que essa Provinha Brasil devia ser, pelo menos, estadual. Porque pelo que eu sei, eu acho que é uma coisa nacional né. Aí estado tal não é igual a outro estado. A realidade daqui é uma e a de outro estado é outra. E por região até que varia muito. Não só de região, mas até estado mesmo. Tem estado do nordeste que é diferente de Pernambuco entendeu. Aí eu acho que devia ser pelo menos regional (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 2).
Discordamos da crítica desta docente, pois apesar de cada lugar ter uma cultura
específica, as habilidades avaliadas na Provinha são básicas e precisam ser
trabalhadas e aprendidas por todas as crianças no segundo ano de escolarização,
independente de onde vivam.
4.1.1.4 Reações dos alunos a Provinha
Com relação à reação dos alunos ao teste, a Professora 2 afirmou que os
alunos gostavam, mas não entendiam bem os enunciados, conforme afirmativa
abaixo:
Eu acho que eles gostam, mas têm dificuldades. Não só pela prova em si, mas porque os alunos da nossa escola, a escola pública, geralmente, eles não entendem muito bem a fala, como a pessoa explica. Eu acho que eles têm dificuldade na aplicação da prova. Tem que ser mais minucioso (sic) a explicação (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 2).
O aspecto levantado por esta docente soou estranho para nós, pois os enunciados
eram simples e diretos, e davam liberdade para que as/os aplicadores utilizassem
expressões conhecidas pelas crianças (EX: sílaba podia ser chamado de
pedacinho). Além disso, o que desclassificaria os alunos da escola pública a
entender tais enunciados?
Enquanto que a Professora 1 disse que eles ficavam preocupados e ansiosos,
conforme extrato: “Eles ficam preocupados né?, ficam ansiosos. Esse ano eles não
vão ficar tanto porque a gente já fez uma avaliação antes, já preparou tudinho. Aí
não tem muita reação não. Mas quando não tinha, eles se assustavam, ficavam tudo
com medo” (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 1).
88
Além disso, foi dito que os alunos que sabiam mais aceitavam melhor e
ficavam mais tranquilos, o que foi mencionado pelas duas docentes, e que tinham
mais facilidade (isto foi citado apenas pela Professora 2). Já quanto aos alunos que
sabem menos, as duas professoras foram enfáticas, ao afirmar que a reação deles é
de “não querer fazer a prova”.
Cremos que as reações dos alunos têm muito a ver com o clima gerado na
sala pela docente e aplicadora. O momento da aplicação da Provinha é algo, no
geral, estranho ao cotidiano das escolas, mas pareceu-nos que, estas tentavam
tranquilizar os alunos, não tendo ocorrido maiores problemas.
Cabe ressaltar, no entanto, que, além de o MEC atrasar no envio da primeira
edição da Provinha no ano letivo de 2012 (absurdamente, só ocorreu no início de
junho daquele ano), as famílias dos alunos não receberam qualquer informação
sobre aquele processo avaliativo.
4.1.1.5 Participação dos outros segmentos da escola (direção, coordenação)
na aplicação e uso da Provinha
No que se refere à participação dos outros segmentos da escola na aplicação
e uso da Provinha, as docentes não se queixavam. As duas afirmaram que existia
apoio, e a Professora 2 citou, inclusive, que a coordenadora fazia comentários sobre
os resultados de suas turmas. As duas concordavam com o fato de que o apoio que
estava sendo dado já era suficiente, conforme extrato:
Não, eu acho que eles tão, assim, tão cumprindo o dever. Num sei se poderia ser melhor... Porque veja só, quando se fala em qualquer coisa de aprendizagem do aluno quem tem que tomar frente é o professor. Porque também eu acho que se eles se envolverem demais eles vão exigir o quê da gente? Mais ainda. Coisas que a gente não é capaz mais de dar. A gente já tá dando o limite (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 2).
Percebemos nessa fala que, talvez, essa satisfação com o apoio fosse uma forma
de diminuir a cobrança sobre o seu trabalho.
89
A Professora 1 ressaltou ainda o fato de que a prova não poderia ser
modificada e isso, ao seu ver, impossibilitaria contribuições dela e da equipe escolar,
conforme afirmativa:
Não sei, eu não vejo o que é mais que elas poderiam fazer. Porque a prova não pode mudar nada, ela praticamente já vem sendo imposta né?, já vem tudo prontinho. Se a gente pudesse junto com elas, de acordo com o nível da turma, fazer alguma modificação, modificar a prova, mas não pode. Ela não pode e a gente também não pode, então é engolir e acabou-se (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 1).
Tal depoimento revela uma insatisfação da professora com relação à imposição da
prova. Por outro lado, nos revela a incompreensão sobre os objetivos do instrumento
que, por ser em larga escala, não pode ser modificado nem adaptado ao nível de
cada turma.
4.1.1.6 Expectativas após os resultados da Provinha
Sobre as ações após a apuração dos resultados da Provinha, a Professora 1
foi enfática, ao afirmar que a avaliação não iria interferir em nada em sua prática,
pois o teste 1 da Provinha de 2012 só chegou em junho, quando esta docente já
havia realizado seus diagnósticos. Conforme afirmava a docente:
Apesar de quê... eu já avaliei meus alunos, né? Já vi como eles estão. A Provinha Brasil não vai me ajudar em tanta coisa não, sabe? porque já tá no meio do ano. E a minha avaliação eu faço no começo do ano. E eu já faço as atividades pra eles já pensando nisso, no resultado dessa que eu fiz (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 1).
O atraso prejudicou o objetivo do instrumento de ajudar as professoras a
redimensionarem sua prática, pois, segundo a Professora 1, ela já havia feito isso ao
início do ano. A avaliação, portanto, precisa ser tratada com seriedade pelo INEP,
para que sirva aos seus fins, caso contrário, torna-se inútil ao processo pedagógico.
Já a Professora 2 dizia que tentava propor atividades que se adequassem ao
nível de aprendizagem de cada aluno, porém, apesar disso, afirmava que faltava
tempo para refletir sobre os resultados e também para planejar, conforme extrato:
90
Olhe, pra mudar tem que ter jogo de cintura. Porque veja só, essas Provinhas, a gente recebe e num tem tempo. Eu mesmo não olhei todas... porque você, na sala de aula, tem que tá na sala de aula. Não pode tá parando pra olhar minuciosamente, estudar minuciosamente e pensar, se preparar pra atender aquelas competências. O tempo que a gente tá na escola é na sala de aula, a gente num pode nem se comunicar com as outras professoras (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 2).
Nos documentos da Provinha encontramos a orientação para que haja
momentos de reflexão sobre avaliação tanto antes como depois da aplicação. O
documento diz que “Propõe-se, caso seja possível, que a equipe escolar dedique um
tempo para discutir coletivamente as especificidades da Provinha Brasil, as suas
possibilidades de aprendizagem e a definição de metas a partir dos resultados
obtidos” (BRASIL [Caderno do Professor Aplicador I], 2010, p.7). Concordamos com
o documento, pois é só através de momentos de estudo e reflexão que as ações
positivas podem surgir, na perspectiva de um ensino ajustado às necessidades dos
aprendizes. Mas, como sabemos, na quase totalidade das redes públicas de ensino
de nosso país os professores da educação infantil e dos anos iniciais do ensino
fundamental não dispõem, em suas jornadas de trabalho, de tempo real para
planejar, discutir, corrigir etc.
Reiteramos que estes momentos de estudo e reflexão são necessários e
devem ser garantidos também para validar os objetivos desse instrumento avaliativo.
4.1.1.7 Conhecimento da aplicação e do resultado da Provinha pelos familiares
Sobre o conhecimento das famílias acerca da aplicação da Provinha, a
Professora 1 disse que eles eram informados e a Professora 2 não sabia dizer, mas
achava que não. Sobre os resultados, as duas afirmaram que estes não eram
divulgados aos pais, conforme depoimento da Professora 1: “Agora o resultado a
gente não fala não. Eles ficam sabendo assim, no plantão pedagógico, aí a gente diz
como eles estão na escola e não somente na Provinha Brasil” (extrato de entrevista
realizada em maio de 2012 com a Professora 1).
De acordo com os documentos da Provinha, “antes da aplicação desse teste,
é muito importante que os professores alfabetizadores, assim como toda
91
comunidade escolar, conheçam o objetivo e as características dessa avaliação”
(BRASIL [Caderno do Professor Aplicador I], 2010, p.7). Julgamos, portanto, que
seria interessante que houvesse uma maior discussão sobre esta avaliação também
com as famílias dos alunos. Porém, no caso observado isto não ocorreu nem com as
professoras e, muito menos, com a comunidade escolar.
4.1.1.8 Uso da Provinha Brasil pela rede e/ou escola na formação continuada
das professoras
No que se refere ao uso da Provinha nas formações continuadas, as duas
docentes afirmaram que nas formações teria existido uma discussão e um estudo a
respeito do instrumento desta avaliação. Porém, segundo as mesmas, isso não
ocorria na escola, pois não existiam encontros formativos nesse espaço, já que
quando a equipe se reunia era para tratar de outros assuntos escolares e não para
estudar.
Com relação aos momentos de formação sobre a Provinha, a Professora 1
comentou:
Tem vezes que eles fazem um trabalho de formação em cima mesmo da Provinha Brasil. E a gente já levou as provas pra lá, cada uma falou como foi seu resultado. (...) ano passado já teve isso... levou a prova pra lá e lá a gente discutiu como era, o que responderam, o que é que a gente podia fazer pra que eles melhorassem... houve uma discussão boa (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora 1).
A Professora 2 complementou afirmando que “é bom porque só é essa hora
que a gente tem” (extrato de entrevista realizada em maio de 2012 com a Professora
2). Ou seja, mesmo que não existisse tanto espaço para o professor refletir
individualmente (ou no âmbito de sua escola) sobre a Provinha, teria ocorrido (ao
menos em 2011) um trabalho específico sobre aquela avaliação nas formações.
Ressaltamos, contudo, que a periodicidade de encontros de formação continuada foi
muito baixa, durante os anos de 2009 a 2012, naquela rede municipal. À parte as
reuniões com duração de até três dias, antes do início de cada semestre letivo, eram
bastante escassas as oportunidades de formação em serviço vividas pelos docentes.
Apresentaremos, a seguir, a análise das aplicações da Provinha Brasil.
92
4.1.2 Análise da aplicação da Provinha Brasil
Agora trataremos da caracterização e análise das aplicações da Provinha
Brasil. Como já dito, enfocaremos os seguintes aspectos:
· cuidados anteriores às aplicações da Provinha Brasil nas turmas observadas;
· conduta de aplicadores e alunos durante a aplicação das quatro edições da
Provinha que compuseram a pesquisa ;
· tempo de aplicação das questões no eixo de apropriação do sistema de
escrita alfabética e no eixo de leitura;
· instruções dadas pelos aplicadores;
· situações onde os alunos respondiam em voz alta;
· situações onde os alunos expunham dúvida;
· situações onde os alunos buscavam apoio dos colegas;
· situações onde os alunos antecipavam as respostas das questões;
· motivação / interesse dos alunos durante a aplicação da Provinha.
4.1.2.1 Análise dos cuidados anteriores às aplicações da Provinha Brasil nas
turmas observadas
De modo a verificar que cuidados foram tomados para a aplicação das
Provinhas nas turmas, fizemos algumas questões as docentes na entrevista
realizada e também observamos toda a dinâmica e organização do dia de aplicação
nas turmas.
Como já vimos em nosso marco teórico, a Provinha Brasil é uma avaliação
que, apesar de ser externa e de larga escala, apresenta características diferentes
das tradicionais avaliações desse tipo. Por ter como objetivo principal o diagnóstico
das aprendizagens dos alunos para redimensionamento da prática, é importante que
a equipe escolar, em especial os professores, se apropriem da proposta, que
acessem os documentos que compõem e orientam o instrumento, a fim de conhecer
as especificidades da avaliação e que habilidades ela avalia. Além disso, a
orientação do INEP é de que os próprios docentes apliquem as provas em sua
turma, pois não se trata de uma avaliação classificatória sobre o rendimento da
93
turma ou do professor, mas, sim, de um diagnóstico sobre o desempenho dos
alunos, no início e ao final do ano.
Porém, o que observamos na rede onde realizamos nossa pesquisa é que as
professoras não participaram de forma tão ativa no processo de aplicação da
Provinha. A preparação para a aplicação na rede se deu da seguinte forma: O INEP
disponibilizou as provas muito tardiamente, a Secretaria municipal de Educação fez
a cópia do material para todas as escolas e depois distribuiu para que as
coordenadoras pedagógicas organizassem tudo em suas escolas. Foi definido pela
Secretaria um período1 de duas semanas, durante o qual deveriam realizar a
aplicação, em data que ficava a critério de cada coordenação. Após as aplicações,
as coordenadoras corrigiam as avaliações e preenchiam as tabelas de resultados e
enviavam para a Secretaria de Educação da rede.
No caso das turmas investigadas, as professoras não participaram de
nenhuma discussão anterior à aplicação da Provinha, e não foram avisadas nem do
dia da aplicação da prova em suas salas; com relação ao teste 1 sabiam apenas que
aconteceria entre o período de 10 a 21 de junho2, definido pela secretaria.
Tal caso se repetiu ao final do ano de 2012, onde o período de aplicação do
teste 2 da Provinha ficou marcado para a última semana do ano letivo (17 a 21 de
dezembro). Não houve discussão sobre a avaliação e as duas professoras
comentaram, através de depoimentos informais, que tais resultados não serviriam
mais para nada, pois suas avaliações (produzidas por elas mesmas) já haviam sido
aplicadas e, neste período, já estavam definidos os resultados finais dos alunos.
Verificamos que as duas professoras participantes da pesquisa já haviam
vivenciado outras aplicações da Provinha Brasil, então já conheciam, por mais que
não tivesse havido nenhuma discussão formal, o instrumento e os procedimentos de
aplicação. Porém, em todas as vezes participaram apenas observando tal aplicação
em suas turmas, já que, naquela rede, não era permitida (ao menos até o momento
da realização da pesquisa) a participação mais ativa das docentes nos momentos de
aplicação.
Insistimos que julgamos que a presença da professora em sala de aula,
durante a aplicação da Provinha é fundamental, pois pode tranquilizar os alunos e
1 Nesse mesmo período deveriam ser aplicadas as Provinhas de Leitura e de Matemática.
2 Absurdamente e sem explicações, a edição do ano de 2012 chegou às escolas apenas no final do primeiro
semestre, em junho.
94
dar um tom menos formal à avaliação. Apesar disso, em 2012 a coordenadora da
escola aplicou o teste 1 da Provinha na turma da Professora 2 sem a sua presença.
Tal evidência aponta dois problemas: certo descaso com relação à participação
docente nesta avaliação e uma dificuldade na organização de cada escola para se
adequar ao período de aplicação imposto pela rede.
Analisando o caderno do professor aplicador I (Brasil, 2010) vemos que é feita
a proposta de que “(...) a equipe escolar dedique um tempo para discutir
coletivamente as especificidades da Provinha Brasil, as suas possibilidades de
aprendizagem e a definição de metas a partir dos resultados obtidos” (p.7). Sendo
assim, os outros segmentos da escola poderiam tentar fazer mais no que se refere a
esta avaliação.
Com relação à aplicação dos testes da edição de 2011 pela Professora 1,
entregamos todo o material de orientação da Provinha e nos disponibilizamos a
esclarecer possíveis dúvidas. Antes da aplicação houve uma conversa informal entre
a pesquisadora e a professora onde foi reiterado o objetivo do instrumento, o
objetivo da aplicação para a pesquisa e as orientações gerais sobre o processo de
aplicação.
A seguir apresentaremos a análise da conduta dos aplicadores e alunos ao
longo das aplicações das Provinhas observadas.
4.1.2.2 Análise da conduta de aplicadores e alunos durante a aplicação dos
quatro testes das duas edições da Provinha que compuseram a pesquisa
Trataremos, nessa sessão, das análises sobre o tempo e o comportamento de
aplicadores e alunos durante os momentos de aplicação da Provinha de Leitura. Os
momentos de aplicação analisados foram o do teste 1 (I1) e teste 2 (F1) da edição
de 2011 – na turma da tarde, cuja aplicação foi realizada pela própria professora da
turma, para fins de pesquisa3; e o teste 1 (I2) e teste 2 (F2) da edição de 2012 – nas
turmas da manhã e da tarde, aplicadas pela coordenação pedagógica.
Para tal análise observamos alguns itens, definidos a priori. São eles:
3 Estes testes foram aplicados após a aplicação do teste 1 da edição de 2012, cada um cinco dias
depois do outro (15/06/12 – 20/06/12 – 25/06/12).
95
a. Tempo por questão: o tempo de aplicação e resolução das questões em cada
descritor da Provinha.
b. Instruções pelo aplicador: se os comandos das questões eram dados de
forma adequada aos alunos, considerando se o comando era seguido
exatamente como estabelecido no caderno do professor aplicador II e se
estes comandos eram repetidos no máximo 2 vezes.
c. Resposta em voz alta pelos alunos: se os alunos respondiam a questão em
voz alta.
d. Dúvidas dos alunos: se os alunos apresentavam dúvidas sobre as questões.
e. Busca de apoio: se os alunos buscavam copiar a resposta de seus colegas ou
se simplesmente pediam ajuda sobre a resposta aos colegas.
f. Antecipação individual das respostas: se o aluno começava a responder a
questão sem esperar a aplicadora e os colegas.
g. Motivação/interesse: se havia indícios de motivação/interesse dos alunos ao
longo da aplicação.
No quadro abaixo são apresentados os tempos (em minutos) gastos para
resolução de todas as questões das quatro edições da Provinha Brasil.
Quadro 01 – Tempo total de realização das provas TEMPO TOTAL POR PROVA
Prova I1 F1 I2 F2 Qntd. Questões
20 20 20 20
Manhã - - 46’ 63’ Tarde 44’ 43’ 61’ 45’
Observamos que o tempo de aplicação das Provinhas variou de 43 minutos a
63 minutos entre as turmas. A turma da tarde levou mais tempo para realizar o teste
1 de 2012, já as outras três provas foram resolvidas por esta turma de forma mais
rápida, talvez pelo fato das crianças já conhecerem bem o formato da prova. Já a
turma da manhã resolveu o teste 1 de 2012 mais rapidamente que o teste 2.
Não há um tempo mínimo ou máximo para a realização da prova, na realidade
o importante é garantir que todas as crianças respondam as questões sem pressa e
que aguardem seus colegas. O manual dá a sugestão de que as crianças fiquem
pintando as imagens enquanto aguardam os colegas, porém isso não aconteceu em
96
nenhuma das aplicações. Apesar disso, todas as aplicações ocorreram de forma
tranquila e as aplicadoras sempre esperaram todas as crianças responderem para
passar à questão seguinte e não estressavam as crianças.
A seguir, faremos uma análise mais pontual a respeito do tempo de resolução
das questões de cada um dos descritores de cada uma das provas observadas. No
caso dos descritores do eixo de apropriação, foram considerados ainda o tempo nas
questões que avaliavam cada sub-habilidade de cada descritor.
4.1.2.3 Análise do tempo de aplicação das questões no eixo de apropriação do
sistema de escrita alfabética
O quadro 02, abaixo, apresenta o tempo total de resposta no Descritor 1 em
cada uma das provas analisadas.
Quadro 02 – Tempo total de resposta no descritor D1- Reconhecer letras e em cada
sub-habilidade deste descritor em cada edição
TEMPO TOTAL NO DESCRITOR D1 Prova I1 F1 I2 F2 Qntd.Questões 2 3 3 3
Turma M. - - 4’ 4’ Turma T. 2’ 3’ 4’ 3’
TEMPO TOTAL POR SUB-HABILIDADE DO DESCRITOR D1
Sub-habilidade D1.1 - Diferenciar letras de outros sinais gráficos
D1.2 - Identificar pelo nome as letras do alfabeto
D1.3 - Reconhecer os diferentes tipos de grafia das letras
Prova I1 F1 I2 F2 I1 F1 I2 F2 I1 F1 I2 F2 Qntd.Questões 1 1 - - - 1 2 2 1 1 1 1
Turma M. - - - - - - 3’ 3’ - - 1’ 1’ Turma T. 1’ 1’ - - - 1’ 3’ 2’ 1’ 1’ 1’ 1’
Por se tratar de um dos descritores mais simples da prova, as crianças não
levam muito tempo para responder as questões do D1. Dentre as quatro provas
observadas, no geral, foi gasto apenas 1 minuto por questão.
Observando os tempos gastos nas questões referentes às sub-habilidades do
D1, percebemos que apenas na I2, na sub-habilidade D1.2 as duas turmas usaram
mais de 1 minuto para uma das questões e na F2 ocorreu o mesmo, só que apenas
com a turma da manhã. Diante disso, podemos inferir que as questões do D1.2
97
demandaram mais trabalho das crianças do que as demais questões das outras sub-
habilidades.
O quadro 03, abaixo, apresenta o tempo total de resposta no Descritor 2 em
cada uma das provas analisadas.
Quadro 03 – Tempo total de resposta no descritor D2- Reconhecer sílabas e em
cada sub-habilidade deste descritor em cada edição
TEMPO TOTAL NO DESCRITOR D2 Prova I1 F1 I2 F2 Qntd.Questões 4 5 3 2
Turma M. - - 4’ 4’ Turma T. 4’ 5’ 4’ 3’
TEMPO TOTAL POR SUB-HABILIDADE DO DESCRITOR D2
Sub-habilidade D2.1 - Identificar o número de sílabas que formam uma palavra por contagem
D2.2 - Comparação das sílabas de palavras dadas por imagens ou por sílabas dadas
Prova I1 F1 I2 F2 I1 F1 I2 F2 Qntd.Questões 2 2 1 2 2 3 2 -
Turma M. - - 2’ 4’ - - 2’ - Turma T. 2’ 2’ 2’ 3’ 2’ 3’ 2’ -
Este descritor também é simples e demandou pouco tempo para resolução de
suas questões. Na edição de 2011 foi usado apenas 1 minuto para responder cada
questão. Já na edição de 2012 as duas turmas levaram um pouco mais de tempo
para responder algumas questões.
Com relação ao tempo gasto nas questões referentes a cada sub-habilidades
deste descritor, vimos que na questão do D2.1 da I2 foi usado 2 minutos para
resolução, pelas duas turmas. E na F2, a turma da manhã respondeu em 2 minutos
as duas questões, enquanto que a turma da tarde respondeu em 3 minutos. Já o
D2.2 foi resolvido mais rapidamente, com apenas 1 minuto para cada questão por
cada turma.
O quadro 04, abaixo, apresenta o tempo total de resposta no Descritor 3 em
cada uma das provas analisadas.
Quadro 04 – Tempo total de resposta no descritor D3- Estabelecer relação entre
unidades sonoras e suas representações gráficas e em cada sub-habilidade deste
descritor em cada edição
98
TEMPO TOTAL NO DESCRITOR D3 Prova I1 F1 I2 F2 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 2’ 5’ Turma T. 2’ 1’ 2’ 4’
TEMPO TOTAL POR SUB-HABILIDADE DO DESCRITOR D3
Sub-habilidade
D3.1 - Identificar em palavras a representação de unidades sonoras em letras que possuem correspondência sonora única
D3.2 - Identificar em palavras a representação de unidades sonoras em letras com mais de uma correspondência sonora
D3.3 - Identificar em palavras a representação de unidades sonoras em sílabas
Prova I1 F1 I2 F2 I1 F1 I2 F2 I1 F1 I2 F2 Qntd.Questões 1 1 1 - - - 1 1 1 - - 2
Turma M. - - 1’ - - - 1’ 1’ - - - 4’ Turma T. 1’ 1’ 1’ - - - 1’ 1’ 1’ - - 3’
Assim como nos outros dois descritores, no geral foi gasto apenas 1 minuto
para responder as questões deste descritor. Na I2 este foi o descritor que exigiu
menos tempo (2 minutos) das crianças das duas turmas. Apenas no caso das
questões da sub-habilidade D3.3 da F2 as crianças das duas turmas gastaram mais
tempo, sendo que a turma da manhã, mais do que a da tarde.
Com isso, observamos que os descritores do eixo de apropriação, mesmo
com questões que avaliam diferentes sub-habilidades, cada uma com diferente nível
de dificuldade, e apresentadas a partir de variados tipos de questões, demandam
pouco tempo para resolução. Ou seja, são questões mais simples e que são
respondidas mais fácil e rapidamente pelas crianças.
4.1.2.4 Análise do tempo de aplicação das questões no eixo de leitura
No quadro abaixo são apresentadas informações sobre o tempo de resposta
nas questões dos descritores de leitura (D4 a D10) da Provinha Brasil (teste 1 (I1) e
teste 2 (F1) da edição de 2011 – na turma da tarde; e teste 1 (I2) da edição 2012 –
nas turmas da manhã e da tarde).
Quadro 05– Tempo total de resposta nos descritores de leitura por descritor e edição
99
TEMPO TOTAL NOS DESCRITORES DE LEITURA
Descritores Provas I1 F1 I2 F2
D4 Qntd.Questões 2 2 3 1
Turma M. - - 4’ 2’ Turma T. 7’ 7’ 9’ 1’
D5 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 4’ 4’ Turma T. 3’ 2’ 4’ 2’
D6 Qntd.Questões 2 2 2 2
Turma M. - - 14’ 9’ Turma T. 4’ 4’ 14’ 5’
D7 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 8’ 10’ Turma T. 8’ 4’ 10’ 11’
D8 Qntd.Questões 2 2 1 3
Turma M. - - 2’ 14’ Turma T. 7’ 10’ 5’ 8’
D9 Qntd.Questões - - - 1
Turma M. - - - 5’ Turma T. - - - 2’
D10 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 4’ 3’ Turma T. 7’ 7’ 9’ 4’
Na I1 o D7 (Reconhecer assunto de um texto) foi o descritor que mais ocupou
tempo (8 minutos) para aplicação/resolução. Os descritores D4 (Ler palavras), D8
(Identificar a finalidade de um texto) e D10 (Inferir informação) também exigiram um
tempo maior (7 minutos) de desenvolvimento. O D5 (Ler frases) foi o descritor que
foi respondido em menos tempo (2 minutos).
Na F1 foi o D8 (Identificar a finalidade de um texto) (10 minutos) o que exigiu
mais tempo. Seguidas pelo D4 (Ler palavras) e D10 (Inferir informações), que
tiveram o mesmo tempo de aplicação/resolução nas duas Provinhas da edição de
2011. Assim como na I1, o D5 (Ler frases) também foi o descritor respondido em
menos tempo (2 minutos) pelas crianças.
Vale esclarecer que o longo tempo para responder as questões do D4 (Ler
palavras) não necessariamente revela dificuldades gerais das turmas. Este é um
descritor simples para as crianças que já têm domínio e fluência na leitura, porém,
para os que ainda estão iniciando parece ainda é um pouco difícil. Então o que
ocorreu na turma foi que as crianças que já sabiam precisaram esperar alguns
colegas responderem, para seguir adiante na prova.
100
Comparando as duas provas dessa edição, percebemos que apenas dois
descritores apresentaram uma diferença marcante no tempo de aplicação/resolução.
O D7 (Reconhecer assunto de um texto), com 8 minutos na I1 e 4 minutos na F1 e o
D8 (Identificar a finalidade de um texto), com 7 minutos na I1 e 10 minutos na F1.
Nos demais descritores a diferença entre o tempo de resolução na I1 para a F1 foi
apenas de 1 minuto para mais ou para menos.
Já na I2, respondida pelas duas turmas, o descritor que demandou mais
tempo para aplicação/resolução foi o D6 (Localizar informação explícita em textos),
que nas duas turmas levou 14 minutos. Houve uma grande diferença nas duas
turmas entre o tempo de aplicação/resolução dos descritores D4 (Ler palavras) e
D10 (Inferir informações), sendo de 9 minutos na turma da tarde e 4 minutos na
turma da manhã, nos dois descritores.
Na turma da manhã o D8 (Identificar a finalidade de um texto) foi o descritor
que foi respondido em menos tempo (2 minutos). Já na turma da tarde o menor
tempo (4 minutos) gasto em resposta foi no D5 (Ler frases).
Na F2 houve diferença entre a turma da manhã e da tarde no tempo de
resolução da maioria dos descritores. Com exceção dos descritores D7 (Reconhecer
assunto de um texto) e D10 (Inferir informações), a turma da manhã demorou mais
para responder as questões dos demais descritores. O interessante é que o fato de
responder mais rapidamente os descritores D7 (Reconhecer assunto de um texto) e
D10 (Inferir informações) se repetiu, pois na I2 a turma da manhã também
respondeu tais descritores mais rapidamente que a turma da tarde. Isso revela uma
possível dificuldade da turma da tarde no que se refere aos conhecimentos
avaliados por estes descritores.
Entre as duas turmas observadas o D4 (Ler palavras) foi o descritor que foi
respondido em menos tempo, tendo sido usado 2 minutos na turma da manhã e 1
minuto na turma da tarde. Isso ocorreu, provavelmente, pelo fato de ao final do ano
esta ser uma habilidade já fácil a praticamente todas as crianças.
Comparando o quadro exposto com os quadros anteriores referentes ao eixo
de apropriação, podemos observar que os descritores referentes à leitura
demandavam mais tempo do que os relativos à apropriação do sistema de escrita.
4.1.2.5 Análise das instruções dadas pelos aplicadores
101
No quadro abaixo são apresentadas informações sobre a forma como o
aplicador dava os comandos nas questões de cada descritor da Provinha Brasil
(teste 1 (I1) e teste 2 (F1) da edição de 2011 – na turma da tarde; e teste 1 (I2) da
edição 2012 – nas turmas da manhã e da tarde).
Quadro 06 – Percentual de instruções segundo manual por descritor e edição
INSTRUÇÕES SEGUNDO O MANUAL
Descritores Provas I1 F1 I2 F2
D1 Qntd.Questões 2 3 3 3
Turma M. - - 33% 66% Turma T. 100% 100% 100% 100%
D2 Qntd.Questões 4 5 3 2
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 100% 100% 100% 50%
D3 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 50% 0% Turma T. 50% 100% 100% 33%
D4 Qntd.Questões 2 2 3 1
Turma M. - - 0% 100% Turma T. 100% 50% 100% 100%
D5 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 50% 0% Turma T. 50% 100% 100% 100%
D6 Qntd.Questões 2 2 2 2
Turma M. - - 100% 100% Turma T. 100% 100% 100% 100%
D7 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 50% 66% Turma T. 100% 100% 100% 100%
D8 Qntd.Questões 2 2 1 3
Turma M. - - 0% 100% Turma T. 100% 50% 100% 100%
D9 Qntd.Questões - - - 1
Turma M. - - - 0% Turma T. - - - 100%
D10 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 100% 100% 100% 100%
A aplicadora da edição de 2011 foi a própria professora da turma, para fins de
pesquisa. Na I1 a professora não seguiu o manual apenas em uma questão do D3
(Estabelecer relação entre unidades sonoras e suas representações gráficas), onde
102
ela repetiu três vezes o enunciado, e no D5 (Ler frases) onde ela leu a questão que
era para os próprios alunos terem lido. Na F1 isso ocorreu em uma questão do D4
(Ler palavras) e em uma questão do D8 (Identificar a finalidade de um texto). Nos
dois casos isso ocorreu quando a aplicadora explicou a questão a uma aluna que
estava atrasada.
De modo geral, as aplicadoras leram os comandos conforme o manual.
Porém, na turma da manhã, a coordenadora (da manhã), ao aplicar a prova I2,
facilitava as questões, explicando o enunciado ou lendo partes que não deveriam ser
lidas, conforme extratos abaixo:
Na questão 5 a aplicadora lê o enunciado conforme manual, mas repete três vezes. Após leitura do enunciado diz que “sílaba é o pedacinho da palavra, a última parte, que é JO. E as crianças repetiram JO. E não era para ter dito. (Relatório de observação da aplicação da I2 na turma da manhã, 2012). Na questão 18 a aplicadora fez a leitura da questão conforme o guia de aplicação e repetiu duas vezes. Porém, após isso, ela lê também os distratores duas vezes, o que não deveria ter sido feito conforme guia de aplicação. Diante disso, as crianças respondem alto e ficam ainda falando o que tem na figura (homem triste, doente, chorando...). (Relatório de observação da aplicação da I2 na turma da manhã, 2012).
Isto aconteceu, nesta turma, em todos os descritores com exceção das
questões do D6 (Localizar informação explícita em textos), onde o comando foi dado
exatamente conforme o manual.
Acreditamos que não se faz necessário facilitar os comandos, pois estes já
possuem uma linguagem bastante “palatável” aos alunos. Além disso, muita
explicação às vezes pode confundir, como na questão 6 (D2-Reconhecer sílabas),
onde a aplicadora disse, após a leitura do enunciado, que “a sílaba é o primeiro
pedacinho da palavra”. Nesse momento a coordenadora definiu sílaba a partir da
localização da mesma na parte da palavra que era o pedido pelo enunciado, mas,
em outra questão, onde fosse pedida a sílaba em outra parte da palavra, a criança
poderia errar, caso se baseasse na definição dada anteriormente.
Já na turma da tarde, na aplicação da I2, os comandos foram dados
exatamente conforme a proposta do manual em todas as questões de todos os
descritores.
Na F2, a coordenadora da manhã repetiu sua postura da aplicação na I2,
103
onde explicava e facilitava as questões. Ela seguiu as instruções do manual apenas
no D4 (Ler palavras), D6 (Localizar informação explícita em textos) e D8 (Identificar
a finalidade de um texto). Nos estratos abaixo são apresentados exemplos de
algumas questões dadas desconsiderando as instruções.
Na questão 1 a aplicadora fez a leitura do enunciado exatamente como guia de aplicação, porém repetiu três vezes que era letra V de Vaca. (Relatório de observação da aplicação da F2 na turma da manhã, 2012). Na questão 20 a aplicadora pergunta que imagem tem no cartaz e os alunos dizem Crianças, Escravas. Ela pergunta o que a criança está fazendo e os alunos dizem que está carregando tijolos. A coordenadora pede para todos lerem alto e juntos e ela também lê com eles. (Relatório de observação da aplicação da F2 na turma da manhã, 2012).
Já a coordenadora da tarde apenas não seguiu as instruções nos comandos
de algumas questões do D2 (Reconhecer sílabas) e D3 (Estabelecer relação entre
unidades sonoras e suas representações gráficas). Isto ocorreu devido ao fato de a
aplicadora explicar algumas questões e/ou não ler todas as informações propostas
pelo manual, conforme estratos abaixo:
Na questão 7 a aplicadora faz a leitura do enunciado como guia de aplicação e repete duas vezes. A aplicadora lê o título do texto e depois explica que é para ler esse texto e responder o que é o que é. Um aluno pergunta alto que fruta é e vários respondem que não é fruta, mas sim um dente. (Relatório de observação da aplicação da F2 na turma da tarde, 2012). Na questão 8 a aplicadora faz a leitura do enunciado exatamente como guia de aplicação, repetida duas vezes. Porém ela não lê os distratores (números) que deveriam ter sido lidos. (Relatório de observação da aplicação da F2 na turma da tarde, 2012).
É importante ressaltar que além dessas alterações realizadas pelas
aplicadoras em algumas questões não houve nenhum outro tipo de apoio, como dica
para resposta ou confirmação de uma resposta em voz alta.
4.1.2.6 Análise das situações onde os alunos respondiam em voz alta
104
No quadro abaixo são apresentadas as situações onde os alunos davam
resposta em voz alta nas questões de cada descritor da Provinha Brasil (teste 1 (I1)
e teste 2 (F1) da edição de 2011 – na turma da tarde; e teste 1 (I2) da edição 2012 –
nas turmas da manhã e da tarde).
Quadro 07 – Quantidade absoluta de casos de resposta em voz alta pelos alunos
por descritor e edição
RESPOSTAS EM VOZ ALTA
Descritores Provas I1 F1 I2 F2
D1 Qntd.Questões 2 3 3 3
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D2 Qntd.Questões 4 5 3 2
Turma M. - - 0% 50% Turma T. 0% 20% 0% 50%
D3 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 0% 33% Turma T. 50% 0% 0% 33%
D4 Qntd.Questões 2 2 3 1
Turma M. - - 0% 100% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D5 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D6 Qntd.Questões 2 2 2 2
Turma M. - - 50% 0% Turma T. 0% 0% 0% 100%
D7 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D8 Qntd.Questões 2 2 1 3
Turma M. - - 0% 33% Turma T. 0% 0% 0% 33%
D9 Qntd.Questões - - - 1
Turma M. - - - 0% Turma T. - - - 0%
D10 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 0% 100% Turma T. 0% 0% 0% 0%
De modo geral, os alunos não desobedeciam à ordem de não responder em
voz alta as questões. Tal comportamento deve ser evitado, pois ‘mascararia’ o
resultado da avaliação de algumas crianças, que ouviriam e copiariam a resposta. A
105
nosso ver tal obediência se deu devido ao fato de as crianças terem sido bem
orientadas nos momentos iniciais da Provinha.
Nas provas da edição de 2011, aplicadas pela professora da tarde, tal fato
não ocorreu de forma significativa. Na I1 a infração aconteceu apenas em uma
questão do D3 (Estabelecer relação entre unidades sonoras e suas representações
gráficas). Na F1 isso ocorreu em uma questão do D2 (Reconhecer sílabas).
Na I2 isso só aconteceu em uma das questões do D6 (Localizar informação
explícita em um texto), apenas na turma da manhã. Nesta, a pergunta de
compreensão foi feita pela aplicadora conforme o manual e um aluno respondeu
imediatamente a questão em voz alta. Nenhum aluno da turma da tarde respondeu
em voz alta a nenhuma das questões do teste 1 da Provinha de 2012.
Na F2 isso ocorreu com as duas turmas em uma questão dos descritores D2
(Reconhecer sílabas), D3 (Estabelecer relação entre unidades sonoras e suas
representações gráficas) e D8 (Identificar a finalidade de um texto). Apenas com a
turma da manhã aconteceu em todas as questões do D4 (Ler palavras) e D10 (Inferir
informação). E somente com a turma da tarde ocorreu apenas no D6 (Localizar
informação explícita em um texto).
Em alguns casos mesmo com os comandos sendo dados de forma correta os
alunos respondiam alto e eram repreendidos. Mas, no geral, percebemos que, em
algumas questões, a forma como as aplicadoras apresentavam o enunciado
(desrespeitando as instruções) acabava por induzir as crianças a responderem em
voz alta, conforme relatos abaixo:
Na questão 7, a aplicadora faz a leitura do enunciado exatamente como guia de aplicação, repetida duas vezes. Após isso lê o texto (que não deveria ter sido feito) e depois explica. Logo depois, pergunta o que é o que é e as crianças respondem alto Dente. (Relatório de observação da aplicação da F2 na turma da tarde, 2012). Na questão 20, a aplicadora pergunta que imagem tem no cartaz e os alunos dizem Crianças, Escravas. Ela pergunta o que a criança está fazendo e os alunos dizem que está carregando tijolos. A coordenadora pede para todos lerem alto e juntos o texto e ela também lê com eles. Às 09h03 leu a pergunta sobre a leitura duas vezes e as crianças responderam alto todas juntas. (Relatório de observação da aplicação da F2 na turma da tarde, 2012). Na questão 7 a aplicadora faz a leitura do enunciado
106
exatamente como guia de aplicação, repetida duas vezes. A aplicadora lê o título do texto e depois explica que é para ler esse texto e responder o que é o que é. Um aluno pergunta alto que fruta é e vários respondem que não é fruta, mas sim um dente. (Relatório de observação da aplicação da F2 na turma da manhã, 2012).
Com isso, ressalta-se a necessidade de dar os comandos das atividades conforme
guia de aplicação.
4.1.2.7 Análise das situações onde os alunos expunham dúvida
No quadro abaixo são apresentadas as situações onde os alunos expunham
alguma dúvida sobre as questões de cada descritor da Provinha Brasil (teste 1 (I1) e
teste 2 (F1) da edição de 2011 – na turma da tarde; e teste 1 (I2) da edição 2012 –
nas turmas da manhã e da tarde).
Quadro 08 – Quantidade percentual de casos de expressão de dúvidas pelos alunos por descritor e edição
DÚVIDAS DOS ALUNOS
Descritores Provas I1 F1 I2 F2
D1 Qntd.Questões 2 3 3 3
Turma M. - - 33% 33% Turma T. 0% 33% 33% 0%
D2 Qntd.Questões 4 5 3 2
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 33% 20% 33% 50%
D3 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 50% 0% 0% 33%
D4 Qntd.Questões 2 2 3 1
Turma M. - - 33% 0% Turma T. 50% 50% 33% 0%
D5 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D6 Qntd.Questões 2 2 2 2
Turma M. - - 100% 50% Turma T. 0% 0% 50% 50%
D7 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 50% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
107
D8 Qntd.Questões 2 2 1 3
Turma M. - - 0% 33% Turma T. 0% 50% 0% 0%
D9 Qntd.Questões - - - 1
Turma M. - - - 0% Turma T. - - - 0%
D10 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 50% 50% 0% 0%
No que se refere à edição de 2011, respondida pela turma da tarde, as
crianças apresentaram mais dúvidas na F1. Nesta prova, os únicos descritores em
que as crianças não apresentaram dúvidas foram o D3 (Estabelecer relação entre
unidades sonoras e suas representações gráficas), que foi, inclusive, respondida
mais rapidamente pelas crianças, o D5 (Ler frases), o D6 (Localizar informação
explícita em um texto) e o D7 (Reconhecer assunto de um texto).
Muitas das dúvidas eram simples e se referiam a imagem ou palavras, e
geralmente partiam de uma ou duas crianças, como no exemplo abaixo:
Na questão 4 a aplicadora faz a leitura da questão exatamente como guia de aplicação, repetida duas vezes. As crianças disseram alto o nome galinha. Após isso, um aluno ficou em dúvida se era galinha ou galo. Ninguém esclareceu a dúvida. (Relatório de observação da aplicação da F1, 2012).
A discussão sobre a aplicação pode ajudar a rever os limites entre seguir o
guia de aplicação e ajudar. Nesse caso, caberia esclarecer a criança, pois não iria
“maquiar” o resultado, apenas esclarecer a criança, para que ela pudesse pensar e
responder.
Já em outros casos, a dúvida era sobre a questão em si, como no relato a
seguir:
Na questão 7, a professora (aplicadora) leu a questão exatamente como guia de aplicação. Alguns alunos tiveram dúvida sobre essa questão, sobre a imagem e sobre a sua marcação e questionaram a professora e os colegas. A professora não respondeu, apenas repetiu mais uma vez. Muitos disseram que não entenderam nada e ficaram tentando olhar a resposta dos outros. Tudo isso acabou desmotivando algumas crianças que já ficaram repetindo que não queriam
108
mais fazer. O enunciado foi repetido três vezes. (Relatório de observação da aplicação da F1, 2012).
Esta era uma questão simples, do D4 (Ler palavras), onde as crianças deveriam
marcar o nome de um desenho exposto (formiga). As dúvidas estavam na
identificação da imagem e nos distratores.
Na I1 as crianças tiveram dúvidas no D2 (Reconhecer sílabas), D3
(Estabelecer relação entre unidades sonoras e suas representações gráficas) e D4
(Ler palavras). E na I2 as dúvidas apareceram no D1 (Reconhecer letras), D2
(Reconhecer sílabas), D4 (Ler palavras) e D6 (Localizar informação explícita em um
texto). As dúvidas surgiram sempre apenas em uma questão de cada descritor.
Na I2, na turma da manhã, houve dúvida em uma questão dos descritores D1
(Reconhecer letras), D4 (Ler palavras) e D7 (Reconhecer assunto de um texto) e em
todas as questões do D6 (Localizar informação explícita em um texto).
No geral as dúvidas das crianças se referiam ao a falta de compreensão do
enunciado, como no relato abaixo:
Na questão 9, a aplicadora faz a leitura da questão exatamente como guia de aplicação, porém repetida uma única vez. A aplicadora explica a questão, deixando-a mais simples ao entendimento dos alunos. Mesmo assim, alguns não entendem. Um aluno tenta olhar a resposta do colega. Uma aluna diz que não sabe, que não entendeu como fazer e a aplicadora manda ela deixar em branco. (Relatório de observação da aplicação da I2 da turma da manhã, 2012).
Em outros casos, a dúvida surge por causa do desconhecimento do nome da
figura da questão, conforme relato:
Na questão 7, a aplicadora faz a leitura da questão exatamente como guia de aplicação, repetida duas vezes. A aplicadora comenta que essa é difícil porque as crianças chamam por outro nome. Uma aluna diz que sabe a resposta, mas outra diz que não sabe. Outra diz que não tem o nome Lapiseira, aí a aplicadora disse que tem outro nome. A aplicadora pede que os alunos não conversem. (Relatório de observação da aplicação da I2 da turma da tarde, 2012).
Na F2 a dúvida apareceu, para as duas turmas, em uma questão do D6
(Localizar informação explícita em um texto). Nesta questão era apresentado o
poema Borboletas, de Cecília Meireles, e depois se questionava qual a cor das
109
borboletas alegres e francas; nas duas turmas a dúvida foi “Que borboleta? Não
estou vendo nenhuma borboleta”. Tal dúvida revelou que muitas crianças não
realizaram a leitura do texto.
A turma da manhã apresentou dúvidas ainda nos descritores D1 (Reconhecer
letras) e D8 (Identificar a finalidade de um texto). E a turma da tarde D2 (Reconhecer
sílabas) e D3 (Estabelecer relação entre unidades sonoras e suas representações
gráficas). Tais dúvidas eram sobre as letras das sílabas ou palavras, e/ou falta de
conhecimento para responder a questão.
Uma aluna apresenta ainda dúvidas sobre a marcação da resposta, conforme
relatado abaixo:
Na questão 16, a aplicadora faz a leitura do enunciado exatamente como guia de aplicação, repetida duas vezes. Às 08h48 a coordenadora leu a pergunta sobre a leitura duas vezes. Uma aluna pergunta se é para marcar uma ou duas respostas e a aplicadora diz que é para marcar apenas uma sempre. Muitas crianças demonstram cansaço e querem terminar logo a prova. A maioria nem tenta ler e já começam a ficar agoniadas. Um aluno começa a ficar em pé. Uma aluna pergunta se pode deixar em branco e a aplicadora diz que pode sim e é até melhor do que marcar qualquer coisa. (Relatório de observação da aplicação da I2 da turma da manhã, 2012).
Isso nos parece estranho, pois a criança já havia realizado o teste 1 da Provinha e
também já estava na questão 16, ou seja, já havia respondido 15 questões sem ter
dúvida. Sendo assim, a dúvida parece mais ter relação com a falta de conhecimento
ou do próprio cansaço.
4.1.2.8 Análise das situações onde os alunos buscavam apoio dos colegas
No quadro abaixo são apresentadas as situações onde os alunos buscavam
apoio dos colegas para responder as questões de cada descritor da Provinha Brasil
(teste 1 (I1) e teste 2 (F1) da edição de 2011 – na turma da tarde; e teste 1 (I2) da
edição 2012 – nas turmas da manhã e da tarde).
Algumas crianças, ao sentir dificuldade na avaliação buscavam apoio dos
colegas, perguntando ou simplesmente copiando suas respostas. Isso ocorreu em
110
algumas questões, nas quais os alunos tinham dúvida, e/ou em questões onde os
alunos não sabiam ou não queriam responder e buscavam copiar a resposta.
Quadro 09 – Quantidade percentual de casos de busca de apoio nos colegas por
descritor e edição
BUSCA DE APOIO NOS COLEGAS
Descritores Provas I1 F1 I2 F2
D1 Qntd.Questões 2 3 3 3
Turma M. - - 33% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D2 Qntd.Questões 4 5 3 2
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 33% 0%
D3 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 50% 0% 0% 0%
D4 Qntd.Questões 2 2 3 1
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 50% 0% 0% 0%
D5 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 50% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D6 Qntd.Questões 2 2 2 2
Turma M. - - 50% 50% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D7 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 50% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D8 Qntd.Questões 2 2 1 3
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D9 Qntd.Questões - - - 1
Turma M. - - - 0% Turma T. - - - 0%
D10 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
Na I1 isso ocorreu em uma questão do D3 (Estabelecer relação entre
unidades sonoras e suas representações gráficas), quando alguns tiveram dúvida
sobre o que deveriam marcar e ficaram olhando para as provas ao lado, e uma do
D4 (Ler palavras), quando uma criança perguntou o nome do animal à professora e
suas colegas, mas ninguém respondeu.
111
Já na F1 não houve nenhuma busca de apoio.
Na I2 isso ocorreu em uma questão dos D1 (Reconhecer letras), D5 (Ler
frases), D6 (Localizar informações explícitas em um texto) e D7 (Reconhecer
assunto de um texto) na turma da manhã. Na turma da tarde ocorreu apenas em
uma questão do D2 (Reconhecer sílabas). É interessante que na I2, da turma da
tarde, os alunos que tinham dúvidas remetiam-se sempre a sua professora e não
questionavam nem olhavam a prova dos colegas.
Tais buscas de apoio ocorriam também quando havia dúvidas quanto ao
significado das palavras expostas nas questões, como no exemplo:
Na questão 10, a aplicadora faz a leitura da questão exatamente como guia de aplicação, repetida duas vezes. A coordenadora leu as alternativas (era mesmo p/ter lido). Uma aluna perguntou aos colegas que figura era essa e os alunos ficaram repetindo alto a palavra Castelo. A aplicadora explicou que não era para dizer, mas disse que era um lugar onde moram reis, rainhas, príncipes e princesas. (Relatório de observação da aplicação da I2 da turma da tarde, 2012).
Além disso, as buscas de apoio se deram quando os alunos pediam explicação aos
colegas ou copiavam as respostas.
Na F2 a busca de apoio ocorreu em apenas uma questão do D6 (Localizar
informações explícitas em um texto) na turma da manhã, onde um aluno buscou
copiar a resposta de um colega, mas foi repreendido pela coordenadora. Na turma
da tarde não houve tentativa de busca de apoio.
4.1.2.9 Análise das situações onde os alunos antecipavam as respostas das
questões
No quadro abaixo são apresentadas as situações onde pudemos registrar que
os alunos antecipavam as respostas nas questões de cada descritor da Provinha
Brasil (teste 1 (I1) e teste 2 (F1) da edição de 2011 – na turma da tarde; e teste 1
(I2) da edição 2012 – nas turmas da manhã e da tarde).
Quadro 10 – Quantidade percentual de casos de antecipação individual das
respostas por descritor e edição
112
ANTECIPAÇÃO INDIVIDUAL DAS RESPOSTAS
Descritores Provas I1 F1 I2 F2
D1 Qntd.Questões 2 3 3 3
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D2 Qntd.Questões 4 5 3 2
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 33% 0%
D3 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D4 Qntd.Questões 2 2 3 1
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 50% 50% 33% 100%
D5 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 0% 100%
D6 Qntd.Questões 2 2 2 2
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 50% 0% 50% 0%
D7 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 0% 66% Turma T. 0% 0% 0% 0%
D8 Qntd.Questões 2 2 1 3
Turma M. - - 0% 33% Turma T. 50% 0% 0% 0%
D9 Qntd.Questões - - - 1
Turma M. - - - 0% Turma T. - - - 0%
D10 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 50% 0% Turma T. 50% 0% 0% 0%
Apesar da ansiedade natural da vivência de um momento diferenciado de
avaliação, percebemos que as crianças não buscavam antecipar as questões com
grande frequência.
No geral, as crianças esperavam o comando dos aplicadores para seguir até
a próxima questão. Ainda assim, isso teria ocorrido na I1 em parte das questões dos
descritores D4 (Ler palavras), D6 (Localizar informação explícita em textos), D8
(Identificar a finalidade de um texto) e D10 (Inferir informação). Na F1 apenas no D4
(Ler palavras). E na I2, na turma da tarde, em parte das questões dos descritores D2
(Reconhecer sílabas), D4 (Ler palavras) e D6 (Localizar informação explícita em
113
textos). E na turma da manhã apenas em uma questão do D10 (Inferir informação),
onde a aplicadora nem leu o enunciado, pois todas as crianças já haviam
respondido.
Tais antecipações ocorreram ou porque a questão era muito fácil para os
alunos ou porque era muito difícil, então eles já marcavam sem ler e nem saber o
enunciado, como nos exemplos relatados abaixo:
Na questão 4, a aplicadora faz a leitura da questão exatamente como guia de aplicação, repetida duas vezes. As crianças respondem e já antecipam a próxima questão, mudando a página e pedindo a questão 5. Nesse momento, uma aluna inclusive leu todas as palavras dos distratores da questão 5. (Relatório de observação da aplicação da I2 da turma da tarde, 2012).
Na questão 20, a aplicadora anuncia que chegou a questão 20 e todos disseram já ter respondido. Dessa forma ela não lê o enunciado e não dá nenhuma orientação. Devido ao pouco tempo, percebe-se que as crianças nem leram o texto e já marcaram logo para ‘se livrar’ da prova. Dessa forma, os alunos já vão entregando as provas. (Relatório de observação da aplicação da I2 da turma da manhã, 2012).
Na F2, a antecipação ocorreu apenas na turma da manhã duas questões do
D7 (Reconhecer assunto de um texto) e uma do D8 (Identificar a finalidade de um
texto); e na turma da tarde nas questões do D4 (Ler palavras) e D5 (Ler frases). Tais
antecipações ocorreram da mesma forma dos exemplos acima, porque a questão
era muito fácil ou porque era muito difícil.
4.1.2.10 Análise dos indícios sobre a motivação / interesse dos alunos na
Provinha
No quadro abaixo são apresentados os indícios sobre a motivação / interesse
dos alunos nas questões de cada descritor da Provinha Brasil (teste 1 (I1) e teste 2
(F1) da edição de 2011 – na turma da tarde; e teste 1 (I2) da edição 2012 – nas
turmas da manhã e da tarde).
Quadro 11 – Quantidade percentual de indícios de motivação / interesse por
descritor e edição
114
MOTIVAÇÃO / INTERESSE
Descritores Provas I1 F1 I2 F2
D1 Qntd.Questões 2 3 3 3
Turma M. - - 100% 100% Turma T. 100% 100% 100% 100%
D2 Qntd.Questões 4 5 3 2
Turma M. - - 100% 100% Turma T. 100% 80% 100% 100%
D3 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 100% 100% Turma T. 50% 100% 100% 100%
D4 Qntd.Questões 2 2 3 1
Turma M. - - 100% 100% Turma T. 100% 100% 100% 100%
D5 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 100% 100% Turma T. 100% 100% 100% 100%
D6 Qntd.Questões 2 2 2 2
Turma M. - - 50% 50% Turma T. 100% 0% 50% 100%
D7 Qntd.Questões 2 1 2 3
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 100% 100% 0% 0%
D8 Qntd.Questões 2 2 1 3
Turma M. - - 0% 0% Turma T. 0% 0% 0% 66%
D9 Qntd.Questões - - - 1
Turma M. - - - 0% Turma T. - - - 100%
D10 Qntd.Questões 2 2 2 1
Turma M. - - 50% 0% Turma T. 50% 50% 50% 0%
Percebemos que, de forma geral, as crianças tinham bastante interesse e
motivação para realizar a Provinha. Nos casos observados, as crianças foram bem
orientadas e não apresentavam medo nem tensão, mas, sim, animação e
entusiasmo.
Às vezes ocorreu de algumas crianças se desanimarem com uma questão do
início ou meio da prova, por achá-la mais difícil, mas, no geral, isto se verificou mais
nas últimas questões da avaliação, dos últimos descritores, quando o cansaço ia
tomando conta das crianças e elas acabavam ficando desanimadas e dispersas.
Cabe lembrar, também, que os descritores mais complexos, envolvendo
compreensão leitora, apareciam sempre no final das provas.
115
4.2 Análise das Provinhas (equivalência – ou não – do nível de complexidade
dos itens)
A seguir faremos uma análise da equivalência do nível de complexidade entre
os itens das quatro provas (Anexo 2), edição completa de 2011 e 2012,
considerando cada descritor. Ao buscar dar conta de nosso segundo objetivo
específico, procuramos fazer uma análise mais exaustiva de possíveis problemas
ligados ao nível de complexidade dos itens que medem cada descritor, um problema
detectado por pesquisas anteriores à nossa (MORAIS, 2012; MORAIS, LEAL,
PESSOA, no prelo).
Na tabela abaixo identificamos as questões (mantendo a numeração
apresentada na prova) de cada descritor em cada uma das provas analisadas.
Tabela 1 - Identificação das questões por descritor e percentual do quantitativo de
questões por descritor em cada prova
Descritor
Questões por prova
2011.1 2011.2 2012.1 2012.2
Quest. Total Quest. Total Quest. Total Quest. Total
D1 1; 2 10% 1; 2; 3 15% 1; 4; 9 15% 1; 2; 3 15%
D2 3; 4; 6;
8 20%
5; 6; 8; 9; 10
25% 5; 6; 10
15% 5; 8 10%
D3 5; 7 10% 4 5% 2; 3 10% 4; 6; 7 15%
D4 9; 10 10% 7; 11 10% 7; 8; 11
15% 11 5%
D5 11; 12 10% 12; 14 10% 12; 13 10% 10 5% D6 13; 14 10% 13; 15 10% 14; 15 10% 9; 15 10% D7 15; 16 10% 19 5% 16; 19 10% 12; 17; 18 15% D8 17; 18 10% 16; 17 10% 18 5% 13; 16; 19 15% D9 - - - - - - 14 5%
D10 19; 20 10% 18; 20 10% 17; 20 10% 20 5% Total - 100% - 100% - 100% - 100%
Como podemos observar, no quadro de identificação das questões e de
percentual do quantitativo de questões por descritor em cada prova, a quantidade de
questões por descritor apresentou variações em cada edição da Provinha, tanto
entre o pré e pós-teste de uma mesma edição, quanto entre as diferentes edições.
Sendo assim, antes mesmo de aprofundar a análise, já é possível identificar um
primeiro indício de diferenciação no nível de comparabilidade entre as provas.
Apresentaremos, abaixo, uma análise mais pontual sobre a variação – ou não
116
– do nível de complexidade dos itens de cada descritor em cada uma das provas da
edição de 2011 e 2012, considerando aspectos como: a quantidade de itens, leitura
ou não dos textos pelos alunos, leitura ou não das questões pelos alunos, gênero
textual, tamanho dos textos, plausibilidade dos distratores e presença de imagem
facilitando a resolução da questão.
Consideramos plausíveis os distratores que informam algo sobre a
aprendizagem dos alunos, ou seja, que têm alguma relação lógica / coerente com a
resposta correta.
4.2.1 Análise dos descritores do eixo de apropriação do sistema de escrita
alfabética
No eixo de Apropriação do sistema de escrita, referente aos descritores 1, 2 e
3, as questões podem avaliar diferentes tipos de habilidades específicas (sub-
habilidades), que, obviamente, se relacionam com a habilidade geral que dá nome
ao descritor. Diante disso, analisaremos estes descritores considerando tais sub-
habilidades, ao invés de pensá-los como algo único.
4.2.1.1 Análise do descritor D1- Reconhecer letras
A quantidade de questões no D1 variou de 10% a 15% (2 a 3 questões) entre
as quatro provas. A variação de quantidade não ocorreu nas provas da edição de
2012. Já nas provas da edição de 2011 ocorreu algo estranho, pois a quantidade de
questões desse descritor aumentou no final do ano com relação ao pré-teste. Sendo
esta uma das habilidades mais simples da alfabetização, por que investir em mais
questões em sua avaliação ao final do ano, quando as crianças já deveriam tê-la
dominado? Isso, provavelmente, implicaria num maior número de acertos pelas
crianças, porém, quando analisado de forma geral, certamente não representaria
tanto avanço.
Com relação às questões deste descritor, percebemos que estavam
localizadas logo no início das provas. Exceto no caso da prova de 2012.1, onde,
além de aparecer nas questões 1 e 4, esse descritor também estava no meio da
117
prova, com a questão 9. Reconhecemos que o fato de a prova iniciar com questões
mais fáceis pode estimular os alunos e encorajá-los a resolver a prova sem medo,
seguindo um princípio muito usado por instrumentos psicométricos.
As ‘sub-habilidades’ deste descritor são: Diferenciar letras de outros sinais
gráficos, Identificar pelo nome as letras do alfabeto e Reconhecer os diferentes tipos
de grafia das letras.
No quadro abaixo vemos a identificação das questões referentes a cada sub-
habilidade do D1.
Quadro 12 - Identificação das questões por sub-habilidades do D1 nas diferentes
edições da Provinha analisadas.
D1 - Reconhecer letras 2011.1 2011.2 2012.1 2012.2
D1.1 - Diferenciar letras de outros sinais gráficos
1 1 - -
D1.2 - Identificar pelo nome as letras do alfabeto
- 2 1; 4 1; 2
D1.3 - Reconhecer os diferentes tipos de grafia das letras
2 3 9 3
Entendemos que, por se tratar de uma avaliação nacional da alfabetização,
que é proposta para diferentes turmas, em diferentes níveis, seria interessante que,
apesar de as sub-habilidades serem relativamente fáceis, cada prova pudesse
apresentar uma questão de cada sub-habilidade desta. Porém, dentre as provas
analisadas, apenas a de 2011.2 apresentou três questões, sendo uma de cada sub-
habilidade, como nos parece mais adequado. E as edições de 2012 repetiram uma
sub-habilidade e não apresentaram outra.
Com relação à primeira sub-habilidade, apenas as provas da edição de 2011
apresentaram uma questão onde as crianças precisariam diferenciar letras de outros
símbolos e números. Na prova de 2011.1 foram apresentados quatro sinais de
trânsito, onde a resposta correta era a placa Pare. Já na prova de 2011.2 foram
apresentados números, sinais de pontuação e matemáticos e calendário. Nessas, a
resposta correta era um quadro com o alfabeto. Nas duas questões os distratores
eram plausíveis, porém, ao compararmos o nível de complexidade das duas
questões, percebemos que, provavelmente, para quem ainda não domina totalmente
esta habilidade, seria mais fácil identificar um quadro com o alfabeto (geralmente
presente nas salas de aula) do que um sinal de trânsito com uma palavra.
118
Quanto à sub-habilidade de identificar pelo nome as letras do alfabeto, houve
grande diferença entre as edições. A prova de 2011.1 não apresentou nenhuma
questão desse tipo, enquanto que a de 2011.2 apresentou uma. Já as edições de
2012 apresentaram duas questões cada.
Nas provas de 2011.2 e 2012.1 e 2012.2 foram apresentadas questões
(sendo uma na prova de 2011.2 e na 2012.2, e duas na de 2012.1) onde o aplicador
ditava três letras e as crianças deveriam achar tais letras, identificando-as pelo
nome. Os distratores apresentados eram plausíveis e apresentavam caracterísiticas
gráficas ou sonoras parecidas com as letras ditadas. Em todos a leitura era realizada
apenas pelas crianças. Porém, no caso da prova de 2011.2, a resposta se
encontrava logo no primeiro quadradinho; sendo assim, as crianças nem precisavam
ler as demais alternativas.
A outra questão desta sub-habilidade, apresentada na prova de 2012.2, trazia
a imagem de uma VACA e o aplicador informava que a letra V fazia parte do nome
VACA e, a partir disso, as crianças deveriam marcar o quadradinho onde aparecesse
a letra V. A questão pareceu-nos mais fácil que as demais, pois, além do fato de as
crianças terem que buscar apenas uma letra (ao invés de três como nas demais
questões), elas ainda tinham o apoio da imagem, que fazia referência a uma palavra
frequente no âmbito escolar, e havia a chamada de atenção (pelo aplicador) para a
contextualização da relação sonora da letra dentro da palavra.
A última sub-habilidade deste descritor, que se refere ao reconhecimento dos
diferentes tipos de grafia das letras, apareceu em todas as provas (uma questão a
cada vez).
A prova de 2011.1 apresentou uma questão onde o aplicador pedia que as
crianças marcassem a palavra BARATA em meio a palavras parecidas e escritas
com tipos de grafias distintos. A nosso ver, esta questão pode avaliar muito mais a
habilidade de leitura de palavra, do que de reconhecimento de letras, pois as
crianças precisariam ler cada uma das palavras dos distratores e marcar qual delas
era BARATA. Na prova de 2012.1, aparecia a imagem de um CAVALO com seu
nome escrito abaixo e as crianças deveriam procurar, entre palavras com diferentes
tipos de letras, a palavra igual.
Nestas questões, os distratores eram plausíveis, pois apresentavam palavras
que tinham sílabas e letras iguais às da palavra apresentada. Além disso, todas
119
deveriam ser lidas pelas crianças, o que não causava diferença entre elas, quanto à
tarefa cognitiva implicada.
Na prova de 2012.2 aparecia um quadro grande com a palavra PANELA e os
alunos deveriam marcar a palavra igual. O detalhe é que, nesta questão, houve um
problema com os distratores, pois as palavras possuiam o mesmo tipo gráfico da
palavra exposta. Ou seja, poderia ser tomada apenas uma questão de
“discriminação visual”.
Nas questões desta sub-habilidade apresentadas nas edições de 2012,
percebemos que a leitura não se fazia necessária, pois a figura ou a palavra eram
apresentadas, o que, provavelmente, facilitava a resolução. Além disso, a criança
podiair fazendo a comparação gráfica entre as letras das palavras, até encontrar a
correta, o que não implicava, necessariamente, que ela tivesse consciência da
resposta (como um conjunto de letras com diferentes tipos gráficos que são
equivalentes).
Na prova de 2011.2 havia ainda uma questão desta sub-habilidade, porém,
ainda mais simples que as das outras provas. Nesta as crianças deveriam marcar o
quadradinho onde estava escrita apenas a letra B, que era ditada pelo aplicador. Os
distratores apresentavam duas letras, sendo uma maiúscula e outra minúscula. A
resposta estava já no primeiro quadradinho, então as crianças que fizessem a
identificação nem precisavam ler os demais distratores. Ao nosso ver, a identificação
de uma única letra de uso tão frequente quanto a letra B nos parece muito fácil. A
frequência de uso das letras nas palavras de nossa língua não parece ter sido usada
como critério na elaboração dos itens desse descritor.
De modo geral, percebemos que a composição das provas com esse
descritor nem sempre apresentava todas as suas sub-habilidades, o que
inviabilizaria uma avaliação mais completa dos alunos quanto ao reconhecimento de
letras. Além disso, algumas questões apresentavam facilitadores que podiam
influenciar o desempenho das crianças e, assim, não avaliar, com um mesmo grau
de complexidade, de fato, suas competências nesse descritor.
4.2.1.2 Análise do descritor D2- Reconhecer sílabas
120
A quantidade de questões no D2 variou de 10% a 25% (2 a 5 questões) entre
as quatro provas. Assim como no descritor anterior, a quantidade de questões
aumentou do pré para o pós-teste na edição de 2011, e em 2011.2 este descritor foi
o que teve a maior quantidade de itens na prova. No quadro 13, abaixo, estão
apresentadas as questões referentes a cada sub-habilidade do D2.
Assim como no caso ocorrido com o descritor anterior, não nos parece
pertinente aumentar a quantidade de questões ao final do ano, pois, com a alteração
na quantidade, como comentado anteriormente, fica difícil reconhecer, de forma
fidedigna, se os alunos avançaram no desempenho desse descritor.
Já na edição de 2012 a quantidade de questões diminuiu no pós-teste. Assim
como o aumento de questões no pós-teste, cremos que a diminuição também
compromete a fidedignidade da avaliação, principalmente porque em 2012.2 se
deixou de avaliar uma das sub-habilidades deste descritor. Além disso, ao
compararmos as edições, percebemos que houve uma diminuição da quantidade de
itens desse descritor nas edições de 2012 em relação às de 2011.
As ‘sub-habilidades’ deste descritor são: Identificar o número de sílabas que
formam uma palavra por contagem, e Comparação das sílabas de palavras dadas,
que consiste em identificar palavras que começam ou terminam com determinada
sílaba.
Quadro 13 - Identificação das questões por sub-habilidades do D2 nas diferentes
edições da Provinha analisadas
D2 - Reconhecer sílabas 2011.1 2011.2 2012.1 2012.2
D2.1 - Identificar o número de sílabas que formam uma palavra por contagem
3; 4 8;10 10 5;8
D2.2 - Comparação das sílabas de palavras dadas por imagens ou por sílabas dadas
6; 8 5; 6; 9 5; 6 -
Assim como no descritor anterior, ressaltamos que seria pertinente que fosse
apresentado, em cada prova, ao menos uma questão de cada sub-habilidade desta
para que houvesse uma avaliação mais completa e precisa das aprendizagens dos
alunos no que se refere a esse descritor. Além disso, destacamos que esta
habilidade (consciência silábica) é fundamental para a apropriação do sistema de
escrita e, portanto, faz-se necessário avaliá-la.
121
Percebemos que, apesar das questões fazerem parte de um mesmo descritor,
cada uma possuía um nível de dificuldade diferente, inclusive dentre aquelas
relativas às mesmas sub-habilidades.
As questões de identificação do número de sílabas que formam uma palavra
por contagem, por exemplo, foram apresentadas de duas maneiras entre as quatro
provas. A questão 3 da prova de 2011.1 e a questão 5 da prova de 2012.2
apresentavam várias imagens e pediam que as crianças marcassem aquela que
tinha determinada quantidade de sílabas. Já as demais questões desta sub-
habilidade, em todas as provas, mostravam uma imagem e pediam que as crianças
marcassem o número (em algarismos hindu-arábicos) que indicava a quantidade de
sílabas da figura.
O primeiro tipo de questão era, certamente, mais difícil, pois as crianças
precisavam pensar na quantidade das sílabas de quatro diferentes figuras, buscando
uma imagem com uma quantidade pré determinada de sílabas. Enquanto que, no
outro tipo, a reflexão baseava-se apenas em uma única figura. Havia ainda um
facilitador no segunto tipo de questão, pois os distratores eram todos números e
eram sempre lidos pelo aplicador.
Nas questões da sub-habilidade de comparação de sílabas também havia
questões com níveis de dificuldade diferentes. Havia questões onde as crianças
deveriam encontrar palavras que começavam (2011.1-Q.6 / 2011.2-Q.6 e Q.9) ou
terminavam (2012.1-Q.5) com determinada sílaba; questões onde era preciso
identificar a primeira sílaba do nome de uma imagem dada (2011.2-Q.5 / 2012.1-
Q.6); e uma questão onde as crianças deveriam encontrar uma figura cujo nome
começava igual a uma palavra dada (2011.1-Q.8). Os distratores eram plausíveis,
pois apresentavam palavras com estruturas parecidas e com letras / sílabas
existentes na palavra que responde a questão. Em nenhuma das questões foi
apresentado um distrator totalmente fora do contexto.
Estas questões, mesmo avaliando a uma mesma sub-habilidade de um
mesmo descritor, apresentavam nível de dificuldade diferente. Dentre aqueles três
tipos parece-nos ser mais fácil identificar palavras que começam ou terminam com
as mesmas sílabas ou achar a primeira sílaba de uma imagem dada do que
encontrar uma figura cujo nome começava igual a uma palavra dada, pois, neste
caso, as crianças precisariam realizar uma comparação entre a palavra dada e as
quatro demais palavras apresentadas nos distratores.
122
Comparando os tipos de questões das duas sub-habilidades, percebemos que
o fato de ter imagem ou palavra entre os distratores poderia facilitar ou dificultar o
desempenho das crianças nas questões, pois, ao se depararem com palavras, elas
precisariam ler todas as alternativas até encontrar a correta. Enquanto que, com
figuras, elas não precisariam saber ler, apenas nomear as figuras e contar suas
sílabas, o que poderia ser mais fácil.
A prova de 2012.2 não apresentou uma questão da segunda sub-habilidade
deste descritor. Isso nos parece muito estranho, pois, como indicado pela literatura,
a comparação entre as sílabas, além de ser importante, é mais difícil do que a
contagem de sílabas (MORAIS, 2005). Sendo assim, ao final do ano, além de ter
menos questões deste descritor, as questões que foram apresentadas eram de um
tipo mais fácil, ou seja, o nível de complexidade foi reduzido.
4.2.1.3 Análise do descritor D3- Estabelecer relação entre unidades sonoras e
suas representações gráficas
A quantidade de questões no D3 variou de 5% a 15% (1 a 3 questões) entre
as quatro provas. Essa variação ocorreu em cada uma das edições e entre as
edições. Enquanto que no pré-teste de 2011 houve 2 questões, no pós-teste só
houve 1 questão. Já na edição de 2012 a situação se inverteu e houve um aumento
de questões no pós-teste. Assim como nos outros dois descritores desse eixo,
provavelmente, a comparabilidade das avaliações foi prejudicada.
As ‘sub-habilidades’ deste descritor são: Identificar em palavras a
representação de unidades sonoras em letras que possuem correspondência sonora
única, Identificar em palavras a representação de unidades sonoras em letras com
mais de uma correspondência sonora, e Identificar em palavras a representação de
unidades sonoras em sílabas.
Nenhuma das provas analisadas apresentou uma questão de cada sub-
habilidade.
Nesse descritor, julgamos que seria interessante que aparecesse uma
questão de identificação em palavras da representação de unidades sonoras em
letras com correspondência sonora única e uma questão com identificação em
palavras da representação de unidades sonoras com mais de uma correspondência
123
sonora, como na prova de 2012.1. Esta variação permitiria diagnosticar
conhecimentos das crianças no domínio de relações letra-som com diferentes níveis
de dificuldade (regulares perfeitas e regulares de outro tipo ou irregulares)
No quadro 14, abaixo, vemos as questões referentes a cada sub-habilidade
do D3.
Quadro 14 - Identificação das questões por sub-habilidades do D3 nas diferentes
edições da Provinha analisadas.
D3 - Estabelecer relação entre unidades sonoras e suas representações gráficas
2011.1 2011.2 2012.1 2012.2
D3.1 - Identificar em palavras a representação de unidades sonoras em letras que possuem correspondência sonora única
5 4 2 -
D3.2 - Identificar em palavras a representação de unidades sonoras em letras com mais de uma correspondência sonora
- - 3 6
D3.3 - Identificar em palavras a representação de unidades sonoras em sílabas
7 - - 4;7
Em nosso entendimento, a sub-habilidade de identificação em palavras da
representação de unidades sonoras em sílabas pode se confundir com uma das
avaliadas pelo descritor anterior, de reconhecimento de sílabas, caso a criança
tenha que operar sobre a forma escrita e não apenas pensar na sequência sonora
do nome da palavra em foco, com base numa gravura.
Quanto à primeira sub-habilidade, apenas a prova de 2012.2 não apresentou
um item de identificação em palavras da representação de unidades sonoras em
letras que possuem correspondência sonora única. As duas provas de 2011 e a de
2012.1 apresentaram questões da mesma forma, fazendo com que as crianças
marcassem a primeira letra de uma palavra cuja imagem era apresentada. A
imagem apenas não foi apresentada na prova de 2011.1, onde também foi
questionada a primeira letra de uma palavra, ditada pelo aplicador.
Com relação às palavras utilizadas nas questões, percebemos que as provas
de 2011.2 e 2012.1 apresentaram palavras de uso mais frequente, de modo geral,
nas escolas, como LARANJA e LIVRO, respectivamente. Diferentemente da prova
de 2011.1, em que a palavra apresentada foi DEVER. Apesar disso, consideramos
124
que é mais fácil identificar a primeira letra da palavra DEVER do que as das outras
duas palavras, pois nesta a letra inicial é muita mais bem marcada na fala do que no
caso das outras palavras e é pronunciada do mesmo jeito como é nomeada (D =
/de/, diferentemente de L= /Eli/.
A segunda sub-habilidade deste descritor, de identificação em palavras da
representação de unidades sonoras em letras com mais de uma correspondência
sonora, só foi avaliada nas provas da edição de 2012. Assim como nas questões da
sub-habilidade anterior, as crianças também deveriam marcar a primeira letra de
uma palavra cuja imagem era apresentada, que nestes casos eram GELADEIRA na
prova de 2012.1 e CENOURA na de 2012.2.
Com relação aos distratores, na prova de 2012.2, onde se pedia que
marcassem a primeira letra de CENOURA, foi apresentada, entre outras letras, a
letra ‘S’ que em alguns contextos corresponde à sonoridade da letra ‘C’. Isto nos
parece problemático, pois uma criança que já domina os valores sonoros assumidos
pelas letras C e S poderia errar por desconhecer uma questão ortográfica de tipo
irregular. Nesse sentido, o exame estaria avaliando não o domínio do SEA, mas da
norma ortográfica.
Já na prova de 2012.1 não foi apresentada, entre os distratores, uma
alternativa que apresentasse uma equivalência sonora, como por exemplo a letra ‘J”.
Aparentemente, na elaboração dos distratores foi levada em conta apenas a grafia
da letra ‘G’, colocando entre as alternativas letras arredondadas como ‘O’, ‘D’ e ‘Q’.
A última habilidade, de identificação em palavras da representação de
unidades sonoras em sílabas, foi apresentada apenas nas provas de 2011.1 e
2012.2. As questões foram diferentes entre as provas.
Na prova de 2011.1, o aplicador pedia que os alunos identificassem uma
palavra que começasse com a mesma sílaba da palavra MARGARIDA (que era
ditada pelo aplicador e não estava apresentada na prova). Os distratores estavam
plausíveis, pois apresentavam palavras que possuíam as mesmas letras dessa
sílaba, apenas em ordem diferente ou em sílabas diferentes. Sendo assim, apesar
de a resposta correta estar logo na primeira alternativa, as crianças precisariam ler
com atenção todos os distratores, antes de marcar a resposta. Esse tipo de questão
foi o mesmo que encontramos no D2, na sub-habilidade de comparação das sílabas
de palavras dadas por imagens ou por sílabas dadas, a diferença sendo apenas que
a palavra aqui foi somente ditada.
125
Já na prova de 2012.2, foram apresentadas duas questões desta sub-
habilidade. Em uma delas, as crianças deveriam marcar o quadradinho onde
aparecesse a primeira sílaba do nome da figura de um ANJO exposta. Porém, entre
os distratores não havia sílabas, mas, sim, palavras. Com isso, percebemos um
problema no enunciado desta questão, pois as crianças deveriam, diferentemente do
que foi pedido no comando, marcar uma palavra que iniciasse com a mesma sílaba
da palavra ANJO. Assim como nas questões discutidas anteriormente, esse tipo de
questão é o mesmo dos apresentados no D2, na sub-habilidade de comparação das
sílabas de palavras dadas por imagens ou por sílabas dadas.
A outra questão da prova de 2012.2 referente a essa sub-habilidade
apresentava um texto de adivinhação e pedia que as crianças identificassem onde
estava escrita a resposta da adivinha, que vinha ilustrada logo abaixo do texto
(DENTE). Os distratores apresentados eram plausíveis, pois apresentavam palavras
com a mesma estrutura de nasalização na primeira sílaba e mesma terminação.
Nossa análise a respeito dessa questão revela que ela não avaliaria a identificação
em palavras da representação de unidades sonoras em sílabas, mas, sim, avaliaria
a leitura de palavras (D4), pois as crianças observavam o desenho e teriam que
marcar o nome da figura.
O que percebemos com relação a esse descritor é que ele se misturaria com
outros e acabaria repetindo as mesmas habilidades e tipos de questão já avaliados
em outros descritores, principalmente desta sub-habilidade de identificação, em
palavras, da representação de unidades sonoras em sílabas.
4.2.2 Análise dos descritores do eixo de leitura
Diferentemente do eixo de apropriação, os descritores do eixo de leitura não
apresentavam sub-habilidades, ou seja, cada descritor avaliava exclusivamente uma
habilidade.
A matriz apresentava seis descritores de leitura, porém consideramos que os
dois primeiros (Ler palavras e Ler frases) caberiam mais no eixo de apropriação do
sistema de escrita. Isso porque os demais descritores avaliam especificamente
habilidades de compreensão da leitura, enquanto que os dois primeiros avaliam o
ato de ler, com escritos mais simples (palavras e frases curtas).
126
Apesar disso, apresentaremos a análise desses descritores em seu eixo de
origem. Mesmo discordando, respeitamos, assim, a proposta da matriz de referência
para avaliação da alfabetização e do letramento inicial.
4.2.2.1 Análise do descritor D4- Ler palavras
A quantidade de questões deste descritor variou de 5% a 15% (1 a 3
questões) entre as quatro provas. Nas provas da edição de 2011 não houve
variação, pois havia 2 questões em cada. Já em 2012 houve uma grande variação,
já que houve diminuição de questões do pré para o pós-teste. A prova de 2012.1
apresentou três questões, enquanto que a de 2012.2 trouxe apenas uma questão.
Sendo assim, a avaliação do desempenho das crianças nesse descritor, na edição
de edição de 2012, ficou comprometida.
Os itens desse descritor apresentaram dois tipos de tarefas. Em um deles o
aplicador pedia que as crianças marcassem uma palavra ditada, em meio a palavras
parecidas; e o outro tipo de questão desse descritor solicitava a marcação de uma
palavra cujo desenho estava exposto na prova e o aplicador não deveria anunciar
seu nome. O quadro 15, abaixo, resume esses dados.
Quadro 15 - Identificação das questões por tipo no D4 nas diferentes edições da
Provinha analisadas
D4 – Ler palavras 2011.1 2011.2 2012.1 2012.2
D4.1 – Marcação de uma palavra ditada, em meio a palavras parecidas
9 - - -
D4.2 - Marcação de uma palavra cujo desenho estava exposto na prova e o aplicador não deveria anunciar seu nome
10 7;11 7;8;11 11
O primeiro tipo de questão poderia exigir um pouco mais dos alunos, pois,
como estes não tinham apoio de imagem, precisariam lembrar da palavra, ditada
apenas duas vezes pelo aplicador, para marcá-la entre as alternativas. Isto poderia
ser difícil para crianças em nível muito inicial de leitura, principalmente porque as
palavras que estavam nos distratores eram muito semelhantes e poderiam confundí-
las.
127
Para os dois tipos de questão existia a variação no nível de dificuldade no que
se referia à familiaridade das palavras a serem lidas. No caso da questão 7 de
2012.1 aparecia a imagem de um APONTADOR de lápis. No nordeste, é costume
chamar tal objeto de lapizeira, então, como o aplicador não pode dizer o nome da
figura, isso poderia provocar uma dificuldade adicional para criança.
Além disso, observamos ainda um fato que poderia dificultar ou facilitar a
questão, que era a estrutura da palavra a ser lida, pois havia palavras com sílabas
complexas (isto é, sílabas não constituídas apenas pela sequência canônica
consoante/vogal), como PASSARINHO / TARTARUGA / PALHAÇO / PASTEL, entre
outras, que certamente são mais difíceis de ler do que a palavra MESA, apresentada
na prova de 2012.1.
Com relação aos distratores das questões desse descritor, foi percebido que
todas as opções de todas as questões apresentaram plausibilidade e pertinência,
visto que as palavras tinham estruturas e sílabas parecidas com a palavra a ser
marcada. Sendo assim, nenhum delas poderia ser facilmente eliminada, e, desta
forma, simplificar o trabalho cognitivo das crianças.
Ressaltamos, ainda, que a habilidade de leitura de palavras também estava
sendo avaliada em outras questões de outros descritores já analisados, pois nestas
também era necessário ler palavras. A diferença é que a leitura se daria buscando
outros objetivos, além da própria leitura, como identificar uma palavra que iniciava
com a mesma sílaba de outra.
4.2.2.2 Análise do descritor D5- Ler frases
A quantidade de questões deste descritor variou de 5% a 10% (1 a 2
questões) entre as quatro provas. Tal variação ocorreu apenas na edição de 2012,
pois houve uma diminuição das questões do pré para o pós-teste, comprometendo,
assim a comparabilidade da avaliação desta habilidade nas provas daquele ano.
As questões deste descritor foram apresentadas sob dois tipos. Em um deles
as crianças precisavam ler frases, a fim de escolher qual correspondia a uma
imagem apresentada; e outro onde os alunos deveriam marcar a frase ditada pelo
aplicador e exposta na questão, dentre as quatro alternativas de frases parecidas.
Encontramos uma síntese desses dados no Quadro 16, abaixo.
128
Quadro 16 - Identificação das questões por tipo no D5 nas diferentes edições da
Provinha analisada
D5 – Ler frases 2011.1 2011.2 2012.1 2012.2
D5.1 – Ler frases para identificar qual correspondia a uma imagem apresentada
11 12 12 -
D5.2 - Marcação de uma frase ditada pelo aplicador e exposta na questão
12 14 13 10
Provavelmente o primeiro tipo de questão avaliava de forma mais eficaz a
leitura de frases, por fazer com que os alunos lessem os quatro distratores,
buscando descobrir qual representava a imagem. Enquanto que o segundo tipo de
item seria mais fácil, pois a criança poderia achar a resposta apenas buscando
correspondência entre a frase exposta e os distratores. Sendo assim, nao seria
preciso, necessariamente, ler todos os distratores.
Nas questões em que era preciso ler frases que correspondiam a uma
imagem, os distratores apresentavam frases que começavam exatamente igual,
conferindo maior plausibilidade aos itens. Isto apenas não aconteceu na prova de
2011.2, onde cada frase iniciava com o mesmo artigo, mas cada uma tinha um
sujeito diferente. Isso facilitaria a questão, pois, apenas identificando o sujeito
(exposto na imagem), a criança poderia descobrir a resposta. Isso também ocorreu
numa questão do outro tipo, na prova de 2011.1. Nas demais questões foi mantida a
plausibilidade dos distratores, ao apresentar frases parecidas que iniciavam igual.
Nas três provas em que foram apresentados dois itens (2011.1, 2011.2 e
2012.1), foram colocadas uma questão de cada tipo. Ao nosso ver, isso é algo
positivo e torna a avaliação mais eficaz, por se apresentar a mesma quantidade e
mesmos tipos de questões em todas as provas. Porém, como dito, o segundo tipo
de questão não seria tão eficaz na avaliação da leitura de frases, por permitir uma
resolução através da visualização e comparação das grafias.
4.2.2.3 Análise do descritor D6- Localizar informação explícita em textos
129
Não ocorreu variação na quantidade de itens no caso desse descritor. Em
cada uma das quatro provas analisadas ele representou 10% de itens (2 questões).
Com relação às questões deste descritor, as provas apresentaram itens onde
as crianças deveriam ler textos (sozinhas) e responder uma questão de localização
explícita de informações. Uma diferença estava no fato de que essas questões ora
deveriam ser lidas pelos alunos (2011.1-Q.14 / 2011.2-Q.13) e ora pelos aplicadores
(2011.1-Q.13 / 2011.2-Q.15 / 2012.1-Q.14 e Q.15 / 2012.2-Q.9 e Q.15). O primeiro
tipo pareceu-nos mais difícil, pois, além da criança ter que ler os textos, teria, ainda,
que ler a pergunta de compreensão leitora.
Nas edições de 2011 houve um balanceamento sobre esses tipos de
questões, porém nas duas provas de 2012 só houve questões onde os aplicadores
liam a questão. Isso tornava a prova mais fácil, no que se refere a esse descritor, em
comparação com as de 2011.
Por outro lado, algo que poderia impor grande diferença no nível de
dificuldade destas questões era o gênero que o aluno era solicitado a ler, como ele
era apresentado, se tinha só texto ou se também trazia imagens ajudando na
compreensão, além do tamanho do texto.
As provas da edição de 2011 apresentaram uma parlenda, um aviso (2011.1),
um convite e uma capa de cordel (2011.2). Todos os textos eram simples e
pequenos (com 9 a 27 palavras). As ediçõesde 2012 apresentaram uma parlenda,
uma cantiga (2012.1), um cartaz de propaganda e um poema (2012.2). Estes eram
textos maiores (com 20 a 55 palavras).
Alguns aspectos pontuais que apareceram em algumas questões nos
chamaram a atenção, por facilitarem a resolução de determinadas questões e
oferecerem pistas para sua resolução, sem que, de fato, fosse assegurada a
avaliação da habilidade de localização de informação explícita, como discutiremos a
seguir.
Havia uma questão (2011.2-Q.13), onde era apresentado um convite de
formatura com vários desenhos de alunos vestidos com becas, além de canudo e
beca separados; e o aluno deveria responder de quê era esse convite. Aqui, o aluno
encontraria uma série de facilidades que poderiam lhe fazer responder a questão,
sem nem mesmo ler o texto.
Isso também ocorreu numa questão (2012.1-Q.15) onde era apresentada a
cantiga ‘A Casa’ (poema de Vinicius de Moraes, musicado por Toquinho e bastante
130
conhecido pelas crianças) e a questão era sobre por que ninguém podia entrar na
casa. Sendo assim, se a criança começasse a ler e percebesse que era a música e
se soubesse cantá-la, já poderia localizar a resposta rememorando o texto oral.
Na prova de 2012.2 também apareceu uma questão (Q.9), que oferecia pistas
visuais para as crianças. Era apresentado um cartaz com um texto de uma
propaganda, pedindo a doação de brinquedos, e a pergunta era sobre o que o texto
pedia de doação. Ao meio do cartaz aparecia, com tamanho grande e mais
destacado que as demais palavras, a palavra DOE toda formada arrodeada por
figuras de brinquedos. Dessa forma, ainda que não lessem a palavra BRINQUEDOS
no texto, as crianças poderiam identificar que a resposta da questão era esta.
Com isso, percebemos que algumas questões ofereciam pistas aos alunos e
comprometiam a avaliação, de fato, da habilidade em questão. Tais pistas vinham
sob a forma de imagens que ilustravam o texto verbal ou do fato de terem sido
selecionados textos que as crianças poderiam ter memorizado previamente.
Com relação aos distratores destas questões, a plausibilidade e coerência
foram mantidos em todas as questões, pois todas as alternativas de respostas
tinham frases que começavam parecido ou apresentavam palavras expostas nos
textos. Dessa forma, os distratores não nos pareceram facilitar as respostas das
crianças e não poderiam ser excluídos facilmente.
4.2.2.4 Análise do descritor D7- Reconhecer assunto de um texto
A quantidade de questões no D7 variou de 5% a 15% (1 a 3 questões) entre
as quatro provas. Julgamos que as provas não possibilitaram uma avaliação
cuidadosa da evolução dos alunos quanto a esse descritor, já que houve variação na
quantidade de itens entre as edições dos dois anos e entre os pré e pós testes de
cada uma das edições. Nas edições de 2011 a quantidade diminuiu do pré (2
questões) para o pós-teste (1 questão). E na edição de 2012 a quantidade aumentou
do pré (2 questões) para o pós-teste (3 questões).
Com relação às questões deste descritor, as provas apresentaram itens onde
as crianças deveriam ler textos (sozinhas) e responder uma questão de
reconhecimento de assunto do texto. Assim como no descritor anterior, essas
questões ora deveriam ser lidas pelos alunos (2011.1-Q.16 / 2012.1-Q.19), ora
131
pelos aplicadores (2011.1-Q.15 / 2011.2-Q.19 / 2012.1-Q.16 / 2012.2-Q.12, Q.17 e
Q.18). Houve ainda uma variação no tipo de questão, a partir da prova de 2012.2,
pois, além das perguntas de compreensão serem lidas pelo aplicador, havia algumas
questões onde este também realizava a leitura do texto (2012.2-Q.12 e Q.18). Tal
fato, certamente, facilitava a resolução pelas crianças, pois elas precisariam ler
apenas as quatro alternativas de resposta.
Assim como no caso do descritor anterior, a solução de algumas questões era
facilitada pelo gênero e sua apresentação, e, nesse caso, também, pelos
distratores.
Nas edições de 2011 foram apresentados textos informativos. Estes eram
textos simples e tinham de 16 a 56 palavras. E nas edições de 2012 apareceram
textos informativos e narrativos, todos simples, pertinentes às crianças e pequenos
(com 9 a 27 palavras). Os textos também eram simples e adequados a faixa etária
das crianças, porém eram maiores que os da edição anterior (com 22 a 81 palavras).
Ao nosso ver, os textos mais adequados para avaliar essa habilidade seriam os
textos informativos, pois esse gênero permite que as crianças identifiquem o assunto
de um texto de forma mais objetiva, através das estratégias de compreensão.
Havia uma questão que apresentava um pequeno texto informativo sobre
aulas de natação, com um desenho de uma criança, de toca e óculos de natação,
preparando-se para pular numa piscina de raia, ao lado do texto (2011.1-Q.15) e
questionava sobre o que se falava, principalmente, no texto. Apenas observando a
imagem era possível identificar a resposta da questão e isto era agravadopelo fato
de que os distratores apresentavam respostas distantes e não pertinentes ao texto.
Essa questão chamou-nos atenção, ademais, para a influência da cultura de cada
comunidade onde vivem as crianças. Que dizer de crianças que vivem, por exemplo,
numa localidade em que nunca viram uma piscina?
Na prova de 2012.2 também foi incluída uma questão cuja apresentação do
texto facilitava a resposta (Q.17). Nesta, havia um texto narrativo com o título O
SOLZINHO SONECA e a imagem, logo ao lado, de um sol abrindo a boca e se
espreguiçando. A pergunta era sobre o que falava esse texto e poderia ser
respondida apenas pela leitura do título e pela vizualização da imagem. Essa foi a
única questão, deste descritor, do pós-teste de 2012, onde os alunos deveriam ler
sozinhos o texto, porém com essas pistas a leitura do texto não seria, de fato,
necessária.
132
A forma de apresentação e os distratores poderiam dificultar, também, como
ocorreu no caso de uma questão (2012.1-Q.19) que trazia um texto muito curto
sobre uma abelha e perguntava o assunto principal do texto. Devido à falta de
maiores detalhes sobre a abelha, todos os distratores apresentavam respostas
possíveis, já que estes apresentavam características reais da abelha. Esta, portanto,
foi uma questão difícil, onde as crianças precisariam pensar, dentro das poucas
informações dadas pelo texto, o que seria o principal assunto.
As demais questões desse descritor apresentaram todos os distratores
plausíveis, visto que nenhum se distanciava demais do texto e nem deixava a
resposta tão evidente.
4.2.2.5 Análise do descritor D8- Identificar a finalidade do texto
A quantidade de itens variou de 5% a 15% (1 a 3 questões) nas quatro provas
analisadas. Porém, esta variação ocorreu apenas nas edições de 2012, onde houve
aumento de questões do pré para o pós-teste, prejudicando assim a
comparabilidade da avaliação. Já nas edições de 2011 foi mantida a quantidade de
duas questões nas provas.
Com relação às questões deste descritor, as provas apresentaram itens onde
as crianças deveriam ler textos (sempre sozinhas) e responder uma questão de
identificação da finalidade de um texto. Todas as questões de todas as provas,
diferentemente do que ocorreu nos descritores anteriores, deveriam ser lidas pelos
aplicadores.
O nível de dificuldade variava devido a diferenças entre os gêneros textuais.
Neste descritor incluiu-se parlenda, aviso (2011.1 e 2012.2), convite e texto
instrucional (2011.2), cartaz (2012.1) e texto informativo (2012.2).
A variação do nível de dificuldade se dava, ainda, no caso de aparecerem
textos que já davam indícios de sua finalidade no título, e facilitavam a resposta das
crianças (2011.2-Q.16). Além disso, vale ressaltar que o tamanho dos textos,
provavelmente, também poderia influir ou não na resolução da questão, já que havia
textos muito curtos (2011.1-Q.17 e Q.18 / 2012.1-Q.18 / 2012.2-Q-13 e Q.16) com
apenas 10 a 25 palavras.
133
As questões onde eram apresentados cartazes (2012.1-Q.18 / 2012.2-Q.13)
eram facilitadas pelo fato de se tratarem de cartazes campanhas de saúde nacionais
e que, provavelmente, já haviam sido vistos pelas crianças em outros contextos
(principalmente a de 2012.2-Q.13 cujo cartaz era sobre o ‘Zé Gotinha’) e também por
terem imagens que indicavam o assunto do texto e ajudavam a identificar a
finalidade de tal texto.
Os distratores destas questões eram plausíveis, pois apresentavam
alternativas pertinentes às perguntas e ao texto. Desta forma, estes não eram
“facilitadores”, não forneciam pistas para a resolução das questões.
4.2.2.6 Análise do descritor D9- Estabelecer relação entre partes do texto
As provas nunca vinham apresentando questões do D9, desde sua primeira
edição, em 2008. Curiosamente, este era, no entanto, mantido na matriz do exame.
Pela primeira vez, desde o surgimento da Provinha, a prova de 2012.2
apresentou uma questão (5%) deste descritor. Nesta era apresentado um cartaz
sobre o lançamento de um livro (MINHA VIDA COM BORIS). O aplicador lia o texto e
depois lia a questão que perguntava, no texto o que era BORIS. Para responder, os
alunos precisariam estabelecer relações de referenciação entre as partes do texto,
identificando substituições e repetições que contribuíam para a coesão e a
coerência. Neste caso, precisavam relacionar imagens do cartaz e o texto, que
informava (direta e indiretamente) que BORIS era um cão.
Os distratores da questão eram plausíveis, pois apresentavam palavras
expostas no texto. Apesar disso, havia duas imagens do cachorro BORIS, o que
poderia facilitar a resolução.
4.2.2.7 Análise do descritor D10- Inferir informação
A quantidade de itens desse descritor variou de 5% a 10% (1 a 2 questões)
nas quatro provas analisadas. Porém, na edição de 2011 foi mantida a quantidade
de duas questões nas provas e esta variação ocorreu apenas na edição de 2012,
134
onde houve diminuição de questões do pré para o pós-teste. Tal fato compromenteu
a comparabilidade da avaliação desta habilidade na edição de 2012.
Com relação às questões deste descritor, as provas apresentaram itens onde
as crianças deveriam ler textos (sozinhas) e responder a uma questão de inferência.
Essas questões ora deveriam ser lidas pelos alunos (2011.1-Q.19 / 2011.2-Q-18 /
2012.1-Q.17 e Q.20) e ora pelos aplicadores (2011.1-Q.20 / 2011.2-Q.20 / 2012.2-
Q.20).
A prova de 2012.1 não apresentou nenhuma questão desse descritor onde o
aplicador deveria ler a questão. Cremos que seria mais interessante dosar isso,
como foi feito nas duas provas da edição de 2011, onde foi apresentado um item de
cada jeito. Principalmente no que se refere à última questão da prova que, pelo fato
de ser realizada totalmente pela criança, sem que seja preciso esperar a leitura do
enunciado pelo aplicador. Cogitamos que algumas crianças poderiam nem sequer ler
o texto e a questão e marcariam qualquer alternativa, só pela vontade de concluir
logo a prova.
Assim como no caso dos descritores anteriores, algumas questões eram
facilitadas pelo gênero e sua apresentação, bem como pelo tamanho dos textos. No
caso de uma questão que apresentava uma tirinha (2011.1-Q.19), por exemplo,
havia pouco texto (7 palavras) e a imagem é que sugeria a resposta da questão. Isso
também ocorreu numa questão que apresentava um cartaz sobre o trabalho infantil
(2012.2-Q.20). O texto também era muito curto (7 palavras) e a imagem era um
facilitador da compreensão.
Com isso não queremos afirmar que as questões de inferência onde se conta
com o apoio não verbal são inadequadas e não deveriam ser trabalhadas e
avaliadas nesse nível de ensino. Pelo contrário, consideramos tal habilidade
fundamental. Porém, é importante destacar que a inferência em textos que
relacionam a linguagem verbal e não verbal é diferente da inferência em textos
apenas verbais. Dessa forma, existe evidente possibilidade de variação na
complexidade destas questões e, por isso, a comparação entre os desempenhos
dos alunos em cada uma delas (pré e pós-teste) fica compromentida.
Além disso, vale ressaltar que a inferência é uma das habilidades mais
complexas da compreensão leitora e envolve outros conhecimentos (externos ao
texto) que nem sempre os alunos têm. Dessa forma, algumas questões se tornariam
mais difíceis pelo fato de envolver assuntos pouco próximos a algumas crianças.
135
4.2.3 Outras considerações
Diante do exposto, concluimos que existiu variação do nível de complexidade
entre as provas e edições analisadas. Tal variação se dava devido à quantidade de
questões apresentadas; às quantidades de cada sub-habilidade (no que se refere
aos descritores 1, 2 e 3); aos tipos de questão; à leitura ou não do texto e da
questão de compreensão pelos alunos. Variavam também em função do gênero
textual, da forma de apresentação e do tamanho dos textos, além da familiaridade
ou não dos alunos com o texto ou sua temática, (no que se refere aos descritores 7,
8, 9 e 10); e da plausibilidade dos distratores.
Ao compararmos as duas edições das provas de 2011, percebemos que
apresentaram uma maior comparabilidade, no que se refere à quantidade de itens
de cada descritor, do que a de 2012. A quantidade de itens foi mantida em mais
descritores (5 entre os 10 descritores), e no que se refere àquantidade de questões
referentes às sub-habilidades dos descritores do eixo de apropriação, também houve
uma maior preservação da quantidade de itens (5 entre os 8 descritores). Já as
edições de 2012 mantiveram a quantidade em apenas um descritor e, dentre as
questões das sub-habilidade mantiveram menos itens (4 entre os 8 descritores)
entre as duas provas.
Além disso, ressaltamos que o pós teste da edição de 2012 apresentou
algumas diferenças das outras provas, como: uma maior participação do aplicador
na prova, pois foram apresentados textos que deveriam ser lidos pelo aplicador e foi
ampliado o número de questões de compreensão que estes deveriam ler. Além
disso, nesta prova foi apresentado um item do D9, que nunca havia sido avaliado,
desde o surgimento da Provinha, em 2008.
Com isso, percebemos que a Prova vem sofrendo alterações ao longo de
cada edição, buscando melhorias, sem que sejam explicados critérios para as
modificações realizadas. Com esta análise, pretendos apontar outros aspectos que
podem (e devem) ser melhorados, para que esta avaliação se torne mais eficaz e
fidedigna e que, dessa forma, permita, de fato, comparar (e não classificar) os
desempenhos dos mesmos alunos, ao longo do ano, nas habilidades avaliadas.
136
4.3 Análise do desempenho dos alunos na Provinha
Neste bloco de análises, responderemos ao objetivo específico de examinar a
evolução dos conhecimentos dos alunos pesquisados, na Provinha Brasil,
verificando se os erros e acertos teriam a ver exclusivamente com os conhecimentos
deles ou se poderiam ser influenciados pelo instrumento. Nesse sentido,
discutiremos, inicialmente, o desempenho global dos alunos em todas as provas
realizadas pela turma da tarde (pré-teste e pós-teste de 2011 e pré-teste de 2012) e
pelas turmas da manhã e da tarde (pré-teste e pós-teste de 2012). Num segundo
momento, examinaremos os desempenhos dos alunos da tarde em cada descritor
das provas, em todas as quatro provas.
4.3.1 Análise do desempenho global dos alunos na Provinha
Na tabela abaixo, apresentamos o desempenho global de cada aluno da
turma da tarde nas provas I1 (pré teste de 2011), F1 (pós teste de 2011) e I2 (pré
teste de 2012).
Tabela 2 - Apresentação do desempenho global dos alunos da tarde nas provas I1, F1 e I2 Desempenho global (porcentagens de acertos) dos alunos da
tarde nas provas I1, F1 e I2 Prova Alunos
I2 I1 F1
AT1 90% 90% 85% AT2 90% 95% 100% AT3 70% 50% 60% AT4 70% 55% 80% AT5 25% 30% 20% AT6 20% 40% 35% AT7 75% 45% 70% AT8 100% 85% 100% AT9 90% 100% 95%
AT10 80% 85% 95% AT11 60% 60% 60% AT12 50% 35% 40% AT13 35% 45% 30% AT14 75% 80% 85%
137
Tais provas foram aplicadas num mesmo período de tempo, tendo a diferença
de cinco dias entre as aplicações, de modo a avaliar as crianças a partir de três
instrumentos diferentes, mantendo o mesmo nível de conhecimento destas frente a
estas provas. A I2 foi aplicada em 15/06/12, a I1 em 20/06/12 e a F1 em 25/06/12. A
análise, portanto, busca perceber se os erros e acertos poderiam ou não ter sido
influenciados pelo instrumento.
Percebemos que os resultados foram parecidos, mas houve oscilações
evidentes. Se apenas uma criança (AT11) manteve a quantidade de acertos nas três
provas, cinco alunos tiveram variação de 5 a 10% na proporção de acertos em cada
uma dessas provas. Seis tiveram variação de 15 a 25% na percentagem de acertos
em cada uma das provas. Uma criança teve variação de 30% nos acertos em cada
uma dessas provas.
Com relação à melhora ou piora dos resultados dessas crianças, percebemos
que cinco crianças melhoram o desempenho nas provas I1 e F1. Uma diminuiu a
quantidade de acertos nas provas I1 e F1; duas crianças aumentaram o
desempenho na I1 e depois diminuíram na F1; e quatro tiveram melhor desempenho
na I1 e diminuíram a quantidade de acertos na F2.
Tal oscilação deve ser, provavelmente, decorrente de variações no nível de
complexidade dos itens dos instrumentos, visto que, como dito, os alunos estavam
num mesmo período de aprendizagem.
Sobre os desempenhos dos alunos das duas turmas investigadas entre o pré-
teste e o pós-teste da edição de 2012, observamos que, das vinte e oito crianças
participantes da pesquisa, dezesseis aumentaram o percentual de acerto, dez
diminuíram e duas mantiveram o resultado.
Dentre os que aumentaram o desempenho, seis ampliaram de 5 a 10% a
proporção de acertos, oito aumentaram de 15 a 25% a percentagem de acertos e
duas ampliaram de 30 a 35% a quantidade de acertos.
Dentre os que baixaram o desempenho, seis diminuíram de 5 a 10% a
proporção de acertos, três diminuíram de 15 a 25% na percentagem de acertos e um
diminuiu 40% na quantidade de acertos (o sujeito AM12).
Tais dados podem ser observados na tabela abaixo, em que apresentamos o
desempenho global dos alunos de ambas as turmas nas provas I2 e F2.
138
Tabela 3- Desempenho global dos alunos nas provas I2 e F2
Desempenho global (percentuais de acertos) dos alunos nas provas I2 e F2 Prova Alunos
I2 F2 Prova Alunos
I2 F2
AT1 90% 85% AM1 65% 85% AT2 90% 90% AM2 25% 35% AT3 70% 55% AM3 40% 60% AT4 70% 75% AM4 55% 80% AT5 25% 45% AM5 85% 95% AT6 20% 50% AM6 75% 55% AT7 75% 55% AM7 50% 75% AT8 100% 90% AM8 95% 95% AT9 90% 85% AM9 50% 65%
AT10 80% 70% AM10 35% 70% AT11 60% 70% AM11 60% 55% AT12 50% 70% AM12 65% 25% AT13 35% 60% AM13 50% 45% AT14 75% 85% AM14 40% 45%
Mais uma vez, somos levados a indagar se o que justificaria o paradoxo – que
levava certas crianças a terem uma “regressão” nos conhecimentos que revelaram
entre a resolução de uma edição da Provinha (I2) e outra (F2) – não seria uma falta
de controle entre os níveis de complexidade dos itens aplicados em cada versão do
exame.
Ressaltamos, ainda, a necessidade de avaliar outros aspectos da
aprendizagem da alfabetização, como a escrita de palavras e a produção de textos,
para compor um perfil mais específico e completo de cada criança.
A seguir, apresentaremos uma análise mais pontual sobre os desempenhos
das crianças em cada um dos descritores, em cada uma das provas, podendo traçar
maiores considerações quanto aos aumentos ou diminuições de acertos dos alunos
nas provas.
4.3.2 Análise do desempenho dos alunos em cada um dos descritores da
Provinha
Nesse tópico, analisaremos os desempenhos dos alunos da tarde em cada
um dos descritores das provas, em todas as quatro provas das duas edições
aplicadas.
139
4.3.2.1 Resultados relativos ao D1- Reconhecer letras
No quadro abaixo são identificados os acertos ou erros das crianças da turma
mencionada nas questões do descritor 1 das quatro provas realizadas. Os
descritores 1, 2 e 3 tem sub-habilidades e, por isso, analisaremos os desempenhos
considerando, além do avanço entre o pré e o pós teste, as sub-habilidades.
As ‘sub-habilidades’ deste descritor são: Diferenciar letras de outros sinais
gráficos, Identificar pelo nome as letras do alfabeto e Reconhecer os diferentes tipos
de grafia das letras.
Quadro 17- Acertos ou erros das crianças nas sub-habilidades do Descritor 1 das
quatro provas realizadas
D1 – Reconhecer letras Sub-Hab.
D1.1 D1.2 D1.3
Prova- Questão Alunos
I1-Q1
F1-Q1
F1-Q2
I2-Q1
I2-Q4
F2-Q1
F2-Q2
I1-Q2
F1-Q3
I2-Q9
F2-Q3
AT1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 AT4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT5 1 1 0 0 1 0 0 1 1 0 1 AT6 1 0 1 1 1 1 1 0 1 0 1 AT7 1 1 1 1 1 1 1 0 1 0 1 AT8 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT9 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT10 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT11 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT12 1 1 0 1 0 0 1 0 0 0 1 AT13 1 1 0 0 1 1 1 1 0 0 1 AT14 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Das quatorze crianças da turma da tarde, oito acertaram todas as questões
apresentadas no descritor 1 em todas as provas, enquanto que seis crianças
apresentaram algum erro. Dessas, três apresentaram tal erro apenas nas provas do
pré-teste e três na prova do pós-teste, ao final do ano.
Das seis crianças que apresentaram erros nesse descritor, todas erraram no
D1.3 (Reconhecer os diferentes tipos de grafia das letras), uma errou uma das
questões do D1.1 (Diferenciar letras de outros sinais gráficos), e três erraram
questões do D1.2 (Identificar pelo nome as letras do alfabeto).
140
No D1.1 a questão respondida incorretamente foi a questão 1 da F1. No D1.2
todas as questões apresentaram algum erro, sendo que a questão 2 da F1 foi errada
pelos três alunos, a questão 1 da I2 e a questão 1 da F2 por dois, e a questão 4 da
I2 por um. No D1.3 também houve erro em todas as questões, sendo que a questão
9 da I2 foi a que mais teve erros (5 alunos erraram), a questão 2 da I1 foi errada por
3 crianças, a questão 3 da F1 foi errada por 2 e a questão 3 da F2 foi respondida de
modo errado só por 1 criança.
4.3.2.2 Resultados relativos ao D2- Reconhecer sílabas
No quadro 18, abaixo, são identificados os acertos ou erros das crianças da
turma nas questões do descritor 2 das quatro provas realizadas.
As ‘sub-habilidades’ deste descritor são: Identificar o número de sílabas que
formam uma palavra por contagem, e Comparação das sílabas de palavras dadas,
ou seja, identificação de palavras que começam ou terminam com alguma sílaba.
Quadro 18- Acertos ou erros das crianças nas sub-habilidades do Descritor 2 das
quatro provas realizadas
D2 – Reconhecer sílabas
Sub-Hab.
D2.1 D2.2
Prova/ Questão Alunos
I1-Q3
I1-Q4
F1-Q8
F1-Q10
I2-Q10
F2-Q5
F2-Q8
I1-Q6
I1-Q8
F1-Q5
F1-Q6
F1-Q9
I2-Q5
I2-Q6
AT1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 AT2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT3 1 1 0 0 0 0 0 1 1 0 1 1 1 1 AT4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 AT5 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 AT6 0 0 0 1 0 1 0 1 1 0 1 0 1 0 AT7 1 1 1 1 1 0 1 1 0 1 1 1 1 1 AT8 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT9 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT10 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT11 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 AT12 1 1 1 1 1 0 0 1 0 1 1 1 0 1 AT13 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 AT14 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1
Dentre as quatorze crianças da turma, onze apresentaram algum erro nesse
descritor, e apenas três acertaram todas as questões apresentadas em todas as
141
provas. Das que erraram, oito apresentaram tal erro na prova do pós-teste, ao final
do ano. Tal resultado nos causa estranhamento, devido à facilidade desta habilidade.
Das onze crianças que apresentaram erros nesse descritor, quatro erraram
apenas no D2.1 (Identificar o número de sílabas que formam uma palavra por
contagem), uma errou apenas uma das questões do D2.2 (Comparação das sílabas
de palavras dadas), e seis erraram questões das duas sub-habilidades.
Todas as questões de todas as provas foram respondidas de forma errada por
alguma criança. No D2.1 as questões com a maior quantidade de erros foram as da
F2, tendo a questão 8, seis erros e a questão 5, quatro erros. A questão 3 da I1
também foi respondida erroneamente por quatro alunos. As questões 8 da F1 e 1 da
I2 foram erradas por três crianças. Já as questões 4 da I1 e a 1 da F1 foram
respondidas incorretamente por dois alunos.
No D2.2 as questões que mais apresentaram erro foram as questões 28 da I1,
5 da F1 e 6 da I2, que foram respondidas erroneamente por três alunos. As questões
9 da F1 e 5 da I2 apresentaram erro de duas crianças cada. E as questões 6 da I1 e
6 da F1 foram erradas por apenas uma criança cada.
4.3.2.3 Resultados relativos ao D3- Estabelecer relação entre unidades sonoras
e suas representações gráficas
No quadro 19, abaixo, são identificados os acertos ou erros das crianças da
turma nas questões do descritor 3 das quatro provas realizadas.
As ‘sub-habilidades’ deste descritor são: Identificar em palavras a
representação de unidades sonoras em letras que possuem correspondência sonora
única, Identificar em palavras a representação de unidades sonoras em letras com
mais de uma correspondência sonora, e Identificar em palavras a representação de
unidades sonoras em sílabas.
Das quatorze crianças da turma da tarde, dez tiveram erro nesse descritor, e
apenas quatro acertaram todas as questões apresentadas em todas as provas. Das
crianças com erros, seis apresentaram algum erro na prova do pós-teste, ao final do
ano. Das onze crianças que apresentaram erros nesse descritor, cinco erraram
apenas no D3.1 (Identificar em palavras a representação de unidades sonoras em
letras que possuem correspondência sonora única), seis erraram questões do D3.2
142
(Identificar em palavras a representação de unidades sonoras em letras com mais de
uma correspondência sonora), e sete erraram questões do D3.3 (Identificar em
palavras a representação de unidades sonoras em sílabas). Desses, três erraram
questões das três sub-habilidades.
Quadro19 - Acertos ou erros das crianças nas sub-habilidades do Descritor 3 das
quatro provas realizadas
D3 – Estabelecer relação entre unidades sonoras e suas representações gráficas
Sub-Hab. D3.1 D3.2 D3.3 Prova/
Questão Alunos
I1-Q5
F1-Q4
I2-Q2
I2-Q3
F2-Q6
I1-Q7
F2-Q4
F2-Q7
AT1 1 1 1 1 1 0 1 1 AT2 1 1 1 1 1 1 1 1 AT3 1 1 1 1 0 0 1 1 AT4 1 1 1 1 0 0 1 1 AT5 1 0 0 1 0 0 1 0 AT6 1 0 0 0 1 1 0 1 AT7 1 1 1 1 1 0 1 1 AT8 1 1 1 1 1 1 1 1 AT9 1 1 1 1 1 1 1 1
AT10 1 1 1 1 1 1 1 1 AT11 1 1 1 1 0 1 1 1 AT12 0 0 1 1 1 1 1 1 AT13 1 0 0 0 1 0 0 0 AT14 1 0 1 1 1 1 1 1
Todas as questões desse descritor, em todas as provas, foram respondidas
de forma incorreta por alguma criança. No D3.1 a questão com a maior quantidade
de erros foi a questão 4 da F1, com cinco erros. As questões 2 da I2 e 5 da I1, dessa
sub-habilidade, tiveram, respectivamente, três e um erros. No D3.2 a questão 6 da
F2 foi respondida de modo errado por quatro alunos e a questão 3 da I2 o foi por
duas crianças. Já no D3.3, a questão 7 da I1 foi respondida erroneamente por seis
crianças. Esta foi a questão com a maior quantidade de erros. As questões 4 e 7 da
F2, dessa mesma sub-habilidade, tiveram dois erros.
4.3.2.4 Resultados relativos ao D4- Ler palavras
No quadro 20, abaixo, são identificados os acertos ou erros das crianças da
143
turma da tarde nas questões do descritor 4 das quatro provas realizadas. Este
descritor não tem sub-habilidades, porém, conforme percebido na análise do
instrumento, vimos que os itens desse descritor eram apresentados a partir de dois
tipos de tarefas, sendo assim, faremos nossa análise pautada nessa divisão dos
tipos de tarefas.
Os tipos são: marcar uma palavra ditada, em meio a palavras parecidas; e
marcar uma palavra cujo desenho estava exposto na prova e o aplicador não deveria
anunciar seu nome. Serão aqui denominados D4a e D4b4.
Quadro 20- Acertos ou erros das crianças no Descritor 4 das 4 provas realizadas
Descritor D4 – Ler palavras
Tipos de questão
D4a D4b
Questões Alunos
I1- Q9
I1-Q10
F1-Q7
F1-Q11
I2-Q7
I2-Q8
I2-Q11
F2-Q11
AT1 1 1 1 1 1 1 1 1 AT2 1 1 1 1 1 1 1 0 AT3 1 1 1 1 1 1 1 0 AT4 1 1 1 1 1 1 1 1 AT5 0 1 0 0 1 0 0 1 AT6 1 1 0 1 0 1 0 0 AT7 1 0 1 1 0 1 0 0 AT8 1 1 1 1 1 1 1 1 AT9 1 1 1 1 1 1 1 1
AT10 1 1 1 1 0 1 1 0 AT11 1 1 1 0 0 1 0 1 AT12 1 0 0 0 0 0 1 0 AT13 0 1 0 0 1 0 1 0 AT14 1 1 1 1 1 1 1 0
Nas três primeiras provas aplicadas (I2, I1 e F1) sete crianças erraram
questões desse descritor. Dessas crianças, apenas duas melhoraram o resultado ao
final do ano, e acertaram a questão da F2; e quatro permaneceram errando. Três
crianças apresentaram erro apenas na questão da F2.
Com relação aos tipos de questão, no tipo D4.a (marcar uma palavra ditada,
em meio a palavras parecidas) houve apenas erros de duas crianças, enquanto que
no D4.b (marcar uma palavra cujo desenho estava exposto na prova e o aplicador
não deveria anunciar seu nome) houve erros de dez crianças. Esta grande diferença
sugere a adequação de os elaboradores do exame analisarem, detidamente, se, em
princípio, uma modalidade de indagação é mais difícil que a outra. 4 Utilizamos as subdivisões “a” e “b” já que na matriz oficial da Provinha, divulgada pelo INEP, não há
uma divisão de subtipos deste descritor. A mesma solução será aplicada na análise do D5.
144
Nesse descritor, é impossível afirmar com certeza se houve evolução das
crianças do pré-teste ao pós-teste, pois a quantidade de questões foi diferente. O
pós-teste F2 apresentou apenas uma questão, enquanto que os pré-teste
apresentaram de duas a três questões e o pós-teste F1 duas. Este é um aspecto
que facilmente poderia ser controlado pelo INEP, ao elaborar as diferentes versões
da Provinha.
4.3.2.5 Resultados relativos ao D5- Ler frases
No quadro 21, abaixo, são identificados os acertos ou erros das crianças da
turma da tarde nas questões do descritor 5 das quatro provas realizadas. Assim
como no descritor anterior, nesse também apareceram dois tipos de questões.
Os tipos são: ler frases, a fim de escolher qual correspondia a uma imagem
apresentada; e marcar a frase ditada pelo aplicador e exposta na questão, dentre
quatro alternativas de frases parecidas. Vamos designá-los, respectivamente, como
D5a e D5b.
Quadro 21- Acertos ou erros das crianças no Descritor 5 das quatro provas realizadas Descritor D5 – Ler frases
Tipos de questão
D5a D5b
Questões Alunos
I1-Q11
F1-Q12
I2-Q12
I1-Q12
F1-Q14
I2-Q13
F2-Q10
AT1 1 1 1 1 1 1 1 AT2 1 1 1 1 1 1 1 AT3 0 1 0 0 0 1 1 AT4 0 1 0 1 1 0 1 AT5 1 0 0 0 0 0 0 AT6 0 0 0 0 0 0 0 AT7 0 1 1 0 1 1 0 AT8 1 1 1 1 1 1 1 AT9 1 1 1 1 1 1 1
AT10 1 1 1 1 1 1 1 AT11 0 0 1 0 0 0 1 AT12 0 1 0 0 0 0 1 AT13 0 0 0 0 0 0 1 AT14 1 1 0 1 1 1 1
Nas três primeiras provas aplicadas (I2, I1 e F1) cinco crianças acertaram
todas as questões e nove crianças erraram questões desse descritor. Dessas
145
crianças que erraram, apenas uma não melhorou o resultado ao final do ano, e errou
a questão da F2. Três crianças permaneceram errando na questão da F2. Uma
criança errou todas as questões desse descritor. Duas crianças acertaram apenas
uma questão desse descritor.
Com relação aos tipos de questão, oito erraram nos dois tipos. No tipo D5a
(ler frases, a fim de escolher qual correspondia a uma imagem apresentada) houve
erros de nove crianças, e no D5b (marcar a frase ditada pelo aplicador e exposta na
questão, dentre quatro alternativas de frases parecidas) houve erros de oito
crianças.
Nesse descritor, também não dá para afirmar com certeza se houve evolução
das crianças do pré-teste ao pós-teste, pois a quantidade de questões foi diferente.
O pós-teste F2 apresentou apenas uma questão, enquanto que os pré-teste e o pós-
teste F1 apresentaram duas questões.
4.3.2.6 Resultados relativos ao D6- Localizar informação explícita em textos
No quadro abaixo são identificados os acertos ou erros das crianças da turma
nas questões do descritor 6 das quatro provas realizadas. A partir desse descritor,
como já não aparecem mais sub-habilidades ou diferentes tipos de questões, as
análises ficam mais focadas na variação de desempenho ao longo de cada uma das
provas.
Este descritor apresentou duas questões em cada prova, sendo assim as
comparações entre os desempenhos dos alunos tornam-se mais diretas.
Nas três primeiras provas aplicadas (I2, I1 e F1) quatro crianças acertaram
todas as questões, uma criança errou todas as questões e nove erraram algumas
das questões desse descritor. Dessas crianças que erraram, cinco não acertaram
nenhuma das duas questões desse descritor na I1, cinco também erraram todas da
F1 e três erraram as duas da I2. Ainda sobre os erros na I2, I1 e F1, quatro erraram
de uma a três questões dentre as seis questões das três provas e seis erraram de
quatro a seis questões.
Dentre as quatro crianças que acertaram tudo, apenas duas mantiveram o
acerto total na F2. O interessante é que uma dessas crianças errou as duas
questões desse descritor na F2. Isso revela uma possível diferença na dificuldade
146
das questões, já que, ao início do ano, a criança conseguiu acertar seis questões do
mesmo descritor.
Quadro 22- Acertos ou erros das crianças no Descritor 6 das quatro provas realizadas
Descritor D6 – Localizar informação
explícita em textos
Prova I1 F1 I2 F2 Questões
Alunos 13 14 13 15 14 15 9 15
AT1 1 1 1 0 1 1 1 1 AT2 1 1 1 1 1 1 1 0 AT3 0 0 1 0 1 1 1 1 AT4 0 0 0 0 0 0 1 0 AT5 1 0 1 1 0 0 1 1 AT6 0 1 0 1 0 0 0 0 AT7 0 0 0 0 0 1 1 0 AT8 1 1 1 1 1 1 1 1 AT9 1 1 1 1 1 1 1 1
AT10 1 1 1 1 1 1 0 0 AT11 0 0 0 0 1 1 1 0 AT12 0 0 0 0 0 1 1 1 AT13 0 0 0 0 1 0 1 1 AT14 1 1 1 1 1 0 1 0
Das dez crianças que apresentaram algum erro nas três primeiras provas,
cinco melhoraram o resultado ao final do ano, e acertaram todas as questões da F2;
quatro acertaram uma entre as duas questões da F2 e uma criança errou todas as
duas questões desse descritor na F2.
Comparando as provas das edições de 2012, a I2 e F2, vimos que três
crianças pioraram os resultados ao final do ano, seis mantiveram o resultado e cinco
melhoraram o desempenho.
4.3.2.7 Resultados relativos ao D7- Reconhecer assunto de um texto
No quadro abaixo são identificados os acertos ou erros das crianças da turma
nas questões do descritor 7 das quatro provas realizadas.
Nas três primeiras provas aplicadas (I2, I1 e F1) duas crianças acertaram
todas as questões, duas erraram todas as questões e dez erraram algumas das
questões desse descritor. Dessas crianças que erraram, três não acertaram
nenhuma das três questões desse descritor na I1, seis também erraram a única
147
questão da F1 e quatro erraram as duas da I2. Ainda sobre os erros em I2, I1 e F1,
seis erraram de uma a duas questões dentre as cinco questões das três provas e
seis erraram de três a cinco questões.
Quadro 23- Acertos ou erros das crianças no Descritor 7 das quatro provas
realizadas
Descritor D7 – Reconhecer assunto de um
texto Prova I1 F1 I2 F2
Questões Alunos
15 16 19 16 19 12 17 18
AT1 1 1 1 1 0 0 1 1 AT2 1 1 1 0 1 1 1 1 AT3 1 0 1 1 0 1 0 0 AT4 0 0 1 1 1 1 1 1 AT5 0 0 0 0 0 0 1 0 AT6 0 0 0 0 0 0 0 0 AT7 0 1 0 1 0 0 1 1 AT8 1 1 1 1 1 1 0 1 AT9 1 1 1 1 0 1 1 1
AT10 1 1 1 1 1 1 1 1 AT11 1 0 0 0 0 1 1 0 AT12 1 0 1 1 1 0 1 1 AT13 1 0 0 0 0 1 0 1 AT14 0 1 0 1 0 1 1 1
Dentre as duas crianças que acertaram tudo em I1, F1 e I2, uma manteve o
acerto total na F2 e uma teve um erro. Das doze crianças que apresentaram algum
erro nas três primeiras provas, quatro melhoraram o resultado ao final do ano,
acertando todas as três questões da F2; seis acertaram duas questões da F2 e duas
acertaram apenas uma das três questões desse descritor na F2.
Fica menos evidente a análise, com precisão, de avanços ou não das
crianças entre I2 e F2, pois as provas não apresentaram a mesma quantidade de
questões.
4.3.2.8 Resultados relativos ao D8- Identificar a finalidade do texto
No quadro abaixo são identificados os acertos ou erros das crianças da turma da
tarde nas questões do descritor 8 das quatro provas realizadas.
148
Quadro 24 - Acertos ou erros das crianças no Descritor 8 das quatro provas
realizadas
Descritor D8 – Identificar a finalidade do
texto Prova I1 F1 I2 F2
Questões Alunos
17 18 16 17 18 13 16 19
AT1 0 1 1 1 1 1 1 0 AT2 0 1 1 1 1 1 1 1 AT3 0 0 1 0 0 0 1 0 AT4 0 1 1 1 1 1 0 0 AT5 0 0 0 0 1 0 1 0 AT6 0 0 0 1 0 0 1 1 AT7 0 1 1 0 1 0 0 0 AT8 0 0 1 1 1 1 1 0 AT9 1 1 1 1 1 1 0 0
AT10 0 0 1 1 0 0 0 0 AT11 0 0 0 1 0 1 1 0 AT12 0 0 0 0 0 1 1 0 AT13 0 1 0 0 0 0 0 0 AT14 0 0 1 0 0 1 1 0
Assim como no caso do descritor anterior, não é possível afirmar, com
certeza, se houve avanço ou não no desempenho das crianças entre a I2 e F2, pois
as provas não apresentaram a mesma quantidade de questões.
Nas três primeiras provas aplicadas (I2, I1 e F1) apenas uma criança acertou
todas as questões e uma errou todas as questões. As outras doze apresentaram
algum erro em algumas das cinco questões desse descritor nas três provas.
Dessas crianças que erraram, oito não acertaram nenhuma das questões
desse descritor na I1, três também erraram na F1 e sete erraram a única questão da
I2. Ainda sobre os erros em I2, I1 e F1, cinco erraram de uma a duas questões
dentre os cinco itens das três provas e oito erraram de três a cinco questões.
A única criança que acertou tudo em I1, F1 e I2, não manteve o resultado e
acertou apenas uma das quatro questões na F2. Dentre as outras crianças que
apresentaram algum erro nas três primeiras provas, uma acertou todas as três
questões da F2; seis acertaram duas questões da F2, três acertaram apenas uma
das três questões desse descritor na F2 e três não acertaram nenhuma.
4.3.2.9 Resultados relativos ao D9- Estabelecer relação entre partes do texto
149
No quadro abaixo são identificados os acertos ou erros alunos da tarde no
descritor 9 na única prova em que esse descritor apareceu.
Quadro 25- Acertos ou erros das crianças no Descritor 9
Descritor D9 – Estabelecer
relação entre partes do texto
Prova F2 Questões
Alunos 19
AT1 1 AT2 1 AT3 0 AT4 0 AT5 0 AT6 0 AT7 0 AT8 1 AT9 1 AT10 0 AT11 0 AT12 0 AT13 0 AT14 0
Não é possível tecer comparações a respeito desse descritor, pois o mesmo
só apareceu na prova F2. Ainda assim, percebemos que o resultado não foi dos
melhores, visto que apenas quatro crianças conseguiram acertar tal questão.
Curiosamente, apesar de estar na matriz oficial da Provinha, esse descritor não tem
sido avaliado na maioria das edições elaboradas pelo INEP, desde 2008.
4.3.2.10 Resultados relativos ao D10- Inferir informação
No quadro abaixo são identificados os acertos ou erros das crianças da turma
tarde nas questões do descritor 10 das quatro provas realizadas.
Dentre as três primeiras provas aplicadas (I2, I1 e F1), apenas uma criança
conseguiu acertar todas as questões, uma errou todas as questões e doze erraram
algumas das questões desse descritor.
Quadro 26- Acertos ou erros das crianças no Descritor 10 das quatro provas
150
realizadas
Descritor D10 – Inferir informação
Prova I1 F1 I2 F2 Questões
Alunos 19 20 18 20 17 20 20
AT1 1 1 0 0 1 0 1 AT2 1 1 1 1 1 0 0 AT3 0 0 0 0 0 0 1 AT4 0 0 0 0 1 0 0 AT5 0 0 0 0 0 0 0 AT6 0 0 0 0 0 0 1 AT7 0 1 0 0 1 1 0 AT8 1 1 1 1 1 1 1 AT9 1 1 1 0 1 0 0
AT10 0 1 0 1 0 0 0 AT11 0 1 1 0 0 0 0 AT12 0 0 0 0 0 1 0 AT13 0 0 0 0 1 0 0 AT14 0 1 1 0 1 0 1
Das crianças que erraram, seis não acertaram nenhuma das três questões
desse descritor na I1, oito também erraram na F1 e cinco erraram na I2. Ainda sobre
os erros na I2, I1 e F1, quatro erraram de uma a três questões dentre os seis itens
das três provas e cinco erraram de quatro a seis questões.
Não podemos afirmar, com precisão, se houve avanço ou não no
desempenho das crianças entre a I2 e F2, pois as provas não apresentaram a
mesma quantidade de questões, já que houve uma diminuição na quantidade de
itens.
Na F2 havia apenas uma questão deste descritor. Cinco crianças acertaram
esta questão e nove erravam, o que sugere que não se tratava de uma habilidade de
compreensão simples para a maioria dos alunos participantes.
Sintetizando as evidências obtidas, vimos que a diferença na quantidade de
itens apresentados nas provas, bem como as diferenças entre os itens apresentados
no que se refere aos tipos de questões ou sub-habilidades impede uma avaliação
precisa do desempenho das crianças.
A partir dos resultados das crianças nas provas I1, F1 e I2, que foram
aplicadas em período muito próximo, comprovamos essa evidência. As crianças
apresentaram oscilações no seu desempenho que são, seguramente, decorrentes
das variações no nível de complexidade dos itens dos instrumentos, já que o nível
de aprendizagem era, provavelmente, o mesmo.
151
Nas provas I2 e F2, onde foram avaliadas vinte e oito crianças das turmas da
manhã e tarde, no final do primeiro semestre e depois ao final do segundo, também
pudemos identificar uma falta de controle entre os níveis de complexidade dos itens.
Ao final do ano, os “avanços” foram poucos e houve também a “regressão” de
algumas crianças. Porém, numa análise mais pontual de cada descritor e de suas
questões, vimos que os resultados variavam porque as questões apresentadas
variavam tanto em quantidade como em tipo.
Com isso, ressaltamos a necessidade de controlar o nível de complexidade
dos itens da Provinha Brasil principalmente entre o pré-teste e o pós-teste de uma
mesma edição. Só assim este instrumento poderá atender ao seu objetivo de ser um
diagnóstico das aprendizagens das crianças do 2° ano do 1° ciclo. Ele precisa servir
para que sirva os professores para identifiquem e intervenham; para que, depois, ao
final de um ano de investimentos, possam verificar, através de nova avaliação, com
idêntico grau de dificuldade, a evolução das crianças.
152
5. Considerações finais
Nessa pesquisa, nossos objetivos específicos foram: Identificar as
concepções das professoras a respeito da Provinha Brasil; Investigar como se dava
a aplicação da Provinha Brasil e se esta poderia interferir nos resultados revelados
pelos aprendizes; Avaliar a complexidade dos itens da Provinha Brasil, a fim de
verificar se existia comparabilidade entre as edições de 2011 e 2012; e Examinar a
evolução dos conhecimentos dos alunos pesquisados, na Provinha Brasil,
verificando se os erros e acertos teriam a ver exclusivamente com os conhecimentos
deles ou se poderiam ser influenciados pelo instrumento.
Com relação ao primeiro objetivo específico, de identificar as concepções das
professoras a respeito da Provinha Brasil, a análise dos resultados demonstrou que
as docentes reconheciam a importância da Provinha, como um instrumento
avaliativo que servia como referencial para sua prática, bem como constituindo uma
avaliação mais geral (para além da sala de aula) das crianças. Apesar disso, houve
algumas críticas à Provinha, no sentido de questionar sua aplicação em todo o
território nacional, visto que, como foi por elas explicitado, questões culturais de
cada região não eram consideradas. Reiteramos que discordamos, parcialmente,
dessa posição, pois, ainda que consideremos a diversidade cultural existente em
nosso país, compreendemos que as habilidades avaliadas devem ser aprendidas
por todas as crianças do 2° ano, independentemente do local em que morem.
A outra crítica colocada pelas professoras foi a referente ao processo de
aplicação e correção da Provinha, no qual elas atuavam de forma muito passiva.
Também questionamos tal fato, primeiro porque entendemos que esta é uma
avaliação externa que tem um caráter muito diferente e específico, e, segundo,
porque os documentos que tratam da Provinha estimulam a participação das
professoras, apesar de deixar as organizações referentes ao processo de aplicação
muito a critério de cada rede. As duas docentes já tinham experiências prévias com
a Provinha, mas nunca tinham tido a oportunidade de aplicar e participar das
correções, devido à postura da rede. Tal fato revela que a rede tem utilizado a
avaliação não para diagnosticar os alunos, mas, sim, para monitorar os professores.
Os relatos das docentes sobre a falta de sistematicidade nos processos de
avaliação existentes na rede reitera a necessidade da existência da Provinha. As
professoras afirmaram que a existência de avaliações ficava a critério delas. Cremos
153
que a avaliação diagnóstica é algo fundamental no processo de aprendizagem e que
colabora muito com a atuação docente. Sendo assim, faz-se necessária para o
planejamento de um ensino ajustado às necessidades dos educandos.
No que se refere ao objetivo de investigar como se dava a aplicação da
Provinha Brasil e se esta poderia interferir nos resultados revelados pelos
aprendizes, vimos que, apesar das críticas que acusam a Provinha de ser estranha
e controladora, as crianças demonstraram interesse em responder às questões.
Interpretamos que os poucos casos onde as crianças não seguiram as
orientações da Provinha (porque responderam em voz alta, buscaram apoio dos
colegas ou anteciparam as respostas), podem estar ligados a vivências do cotidiano
escolar, como a correção coletiva de tarefas e a ausência de práticas de leitura
silenciosa ou de resolução de tarefas escritas com itens de múltipla escolha.
Percebemos que as variações no tempo de resolução de itens ligados a
diferentes descritores ou a um mesmo descritor refletem as diferenças no nível de
complexidade das questões do exame, ao longo de diferentes edições.
Identificamos a falta de preparação e discussão anterior à aplicação da
Provinha, bem como a ausência de uma participação mais ativa das docentes, já
mencionada. Entendemos que tal postura, por parte da rede e das unidades de
ensino, contribui para não comprometer o corpo docente com o espírito diagnóstico
e não classificatório que a Provinha tem, e que a diferencia de outras avaliações em
larga escala adotadas pelo INEP. Lembremos, ademais, que as famílias não eram
envolvidas ou sequer comunicadas sobre a realização da Provinha.
Quanto ao objetivo específico de avaliar a complexidade dos itens da
Provinha Brasil, a fim de verificar se existe comparabilidade entre as edições de
2011 e 2012, verificamos que existe uma grande variação, tanto entre os testes de
uma mesma edição quanto aos testes de diferentes edições.
Vários fatores pareciam contribuir para não haver uma equivalência no nível
de dificuldade dos itens que avaliavam um mesmo descritor. Por um lado, estava o
efeito dos variados tipos de operação cognitiva, no caso dos descritores que
avaliavam o conhecimento de letras e palavras. Por outro lado, no caso dos
descritores que avaliavam a compreensão de leitura, vimos que tinham diferentes
gêneros textuais, e a presença ou não de pistas visuais (ou decorrentes de uma
memorização prévia de certos textos) pareciam influir, radicalmente, sobre os
desempenhos dos alunos.
154
Parece-nos necessário considerar, ainda, que a familiaridade ou não dos
aprendizes com certas práticas culturais (por exemplos, aulas de natação, festas de
formatura e aniversário), poderia facilitar ou dificultar a demonstração dos
conhecimentos que construíram.
A variação na quantidade de itens apresentados foi algo muito forte nas
provas analisadas. Sendo uma avaliação nacional, proposta para turmas em
diferentes níveis, é pertinente (e nada complicado, do ponto de vista operacional),
apresentar, de forma igualada, as quantidades de questões de todos os descritores,
com suas sub-habilidades ou subtipos, pelo menos em cada teste (pré-teste e pós-
teste) de cada edição.
A análise dos dados referentes a este objetivo específico apontou a urgente
necessidade de uma revisão do instrumento da Provinha Brasil, de forma a melhorá-
lo e torná-lo mais eficaz na avaliação da alfabetização dos alunos da escola pública
brasileira. Ressaltando, inclusive, a necessidade de serem avaliados, nas mesmas
ocasiões, os conhecimentos dos aprendizes quanto às competências de escrever
palavras e de produzir textos, que também compõem a noção de “sujeito
alfabetizado”.
Ao comparar as edições de 2011 e 2012, percebemos que a Prova já vem
sofrendo alterações e buscando melhorias, porém, não são explicitados critérios
para as modificações realizadas. Por isso, buscamos apontar aspectos específicos
que comprometem a eficácia e fidedignidade desta avaliação. Melhorando tais
aspectos, será possível, de fato, comparar os desempenhos dos alunos, ao longo do
ano, nas habilidades avaliadas.
Sobre o nosso último objetivo específico, de examinar a evolução dos
conhecimentos dos alunos pesquisados, na Provinha Brasil, verificando se os erros
e acertos teriam a ver, exclusivamente, com os conhecimentos deles ou se poderiam
ser influenciados pelo instrumento, reiteramos as descobertas anteriores, de que o
instrumento não permite uma avaliação comparativa do desempenho das crianças.
Dentre os dezessete estudos revisados em nossa fundamentação teórica,
vimos que os dados desta pesquisa dialogam mais com os dados dos estudos de
Morais (2012) e Morais, Leal e Pessoa (no prelo), que, embora não tenham
realizado uma análise tão profunda a respeito do instrumento, revelaram que os
itens apresentados nos testes possuíam variação no nível de complexidade e que
estas variações provavelmente eram influenciadas pelo gênero textual, a
155
complexidade linguística, o suporte textual e o tamanho dos textos; a presença
explícita ou a ausência de palavras que identificariam o assunto no texto; o trabalho
inferencial implicado; o local em que apareciam as informações que permitiam
identificar o assunto; e a presença ou ausência de palavras da superfície do texto
dentre os distratores.
Os demais estudos, que no geral centram a crítica nas concepções da
avaliação, não fazem, de modo geral, uma análise exaustiva do instrumento e não
revelam dados específicos que lhe sirvam de argumento. Vale ressaltar que nossas
criticas a tais pesquisas não se dão ao fato de estas serem contrárias a Provinha
Brasil, até porque nós também apontamos aspectos negativos no instrumento e que
precisam ser melhorados para que a prova assuma os objetivos que propõem, mas
sim ao fato de se pautarem muito mais em discursos ideológicos do que em dados
concretos.
Por fim, reconhecemos algumas limitações deste estudo, tais como: o fato
dele ter sido realizado com duas turmas apenas; da análise do instrumento ter
ocorrido em cima das provas da edição de 2011 e 2012 apenas, não utilizando as
edições de 2008, 2009 e 2010 que foram anteriores a pesquisa; a ausência de um
tratamento estatístico na análise da variação dos desempenhos das crianças e da
provável variação dos níveis de complexidade dos itens dos exames.
Partindo do exposto, nosso estudo coloca como implicações pedagógicas a
necessidade de se propor avaliações além da Provinha, ressaltado anteriormente
pelo estudo de Morais, Leal e Albuquerque (2009), principalmente que enfoquem
habilidades não avaliadas pelo exame, como: a escrita de palavras e a produção de
textos. E também reitera a necessidade de discutir as políticas de avaliação externa
com as professoras, para que estas possam ter uma compreensão de tais
avaliações e para que possam usufruir de seus aspectos positivos.
A pesquisa revela ainda a necessidade de outros estudos sobre o instrumento
avaliativo Provinha Brasil de modo a ampliar as reflexões sobre esse objeto de
estudo. Desejando, porém, que estes estudos não partam de enviesamentos
ideológicos e que busquem aprofundamento metodológico no trato dos
apontamentos levantados para que possam, ainda que discordando, demonstrar
pertinência.
156
6. Referências bibliográficas
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163
Anexo 1 – Roteiro de entrevista 1) Nome:
2) Formação:
Fundamental I: ( ) Escola Pública ( ) Escola Particular
Fundamental II: ( ) Escola Pública ( ) Escola Particular
Ensino Médio: ( ) Magistério ( ) Científico ( ) Outro:
( ) Escola Pública ( ) Escola Particular
Ano de conclusão:
Graduação:
Curso:
Instituição:
Ano de conclusão:
Pós-graduação:
Curso:
Instituição:
Ano de conclusão:
Ano de início (se está fazendo):_____________
3) Experiência Profissional:
3.1 Anos de experiência (a quanto tempo você ensina?):
3.2 Anos de experiência na Rede Municipal:
3.3 Séries que lecionou / leciona em:
2008: 2009:
2010: 2011:
Obs: saber quanto tempo de experiência em turmas de alfabetização / anos iniciais.
3.4 Trabalha em outra escola? ( ) Sim ( ) Não
(caso "sim"): Turno: ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite
Série ou ano:
Rede: ( ) Estadual ( ) Particular ( ) Municipal
3.5 Exerce outra atividade profissional? ( ) Não ( ) Sim Especificar:
164
1. Quais são seus objetivos ou metas para esse ano, com essa turma de 2º.
Ano, na área de LP quanto:
a) Ao domínio da escrita alfabética? Que atividades você usa ou pensa em usar?
b) À capacidade de leitura? Que atividades você usa ou pensa em usar?
c) À capacidade de produzir textos? Que atividades você usa ou pensa em usar?
2. Essas metas são coletivas, definidas pelo conjunto das professoras para
cada ano (1º, 2º e 3º) na área de linguagem? (Caso sim, como foi definido?) Ou são
metas ‘pessoais’?
3. Antes do Provinha Brasil aparecer, aqui na escola ou onde você trabalhava,
havia diagnósticos para avaliar os alunos no final ou no início de cada ano?
4. Além da Provinha Brasil há outras avaliações na área de língua portuguesa
na escola ou na rede?
5. Você já viveu outras situações de aplicação do Provinha Brasil nessa
escola ou em outra? Como foi?
6. Como é a preparação para a aplicação da Provinha? Vocês fazem algum
estudo ou discussão anterior a aplicação?
7. Como você avalia o Provinha Brasil? Que aspectos acha positivos e quais
precisariam ser melhorados?
8. Como você vê a reação dos alunos ao teste? Eles gostam ou não? Que
dificuldades eles têm?
9. Você vê alguma relação entre o nível de conhecimento do aluno e a forma
como ele reage ao teste? (Caso sim, pedir exemplos)
10. Como você vê a participação dos outros segmentos da escola (direção,
coordenação) na aplicação e uso do Provinha Brasil?
165
11. O que vai ser feito no restante desse ano a partir dos resultados do
Provinha Brasil, aqui na escola?
12. As famílias tomam conhecimento da aplicação e dos resultados do
Provinha Brasil e do que se faz a partir dele?
13. A rede e a escola usam ou não o Provinha Brasil na formação continuada
das professoras alfabetizadoras? (Caso sim, como tem sido usado?)
166
Anexo 2 – Provas das edições de 2011 e 2012
Teste 1 – 2011
Teste 2 - 2011
Teste 1 - 2012
Teste 2 - 2012
GUIA DE APLICAÇÃO
Teste 1
PRIMEIRO SEMESTRE – 2011
7
1º S/ 2011 Teste1
EEEXXXEEEMMMPPPLLLOOO
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que estão os megafones. Repita a leitura, no máximo, duas vezes. Perceba que, neste tipo de questão, você NÃO deverá ler as opções de resposta para os alunos, pois nelas não aparecem os megafones. No entanto, é importante certificar-se de que os alunos reconheçam que o nome do brinquedo é BOLA.
U Veja o brinquedo desenhado.
U Faça um X no quadradinho onde está escrito o nome do brinquedo.
U Vocês vão ler sozinhos cada palavra e vão fazer um “X” somente no
quadradinho em que aparece o nome do brinquedo. Respondam silenciosamente e não mostrem a resposta para os colegas.
* BOTA
* VOTA
* BOCA
* BOLA
Verifique se todos os alunos compreenderam como devem marcar a resposta.
8
1º S/ 2011 Teste1
Questão 01 Item: AL0551
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Faça um X no quadradinho onde aparecem SOMENTE letras.
(A) *
(B) *
(C) *
(D) *
Comentário sobre o item: O item avalia a habilidade relacionada à capacidade de diferenciar letras
de outros sinais gráficos como numerais, símbolos, desenhos, etc. O aluno deve identificar, entre as
opções apresentadas, aquela que possui exclusivamente letras.
9
1º S/ 2011 Teste1
Questão 02 Item: AL0527
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Faça um X no quadradinho da palavra BARATA.
(A) * banana
(B) * barata
(C) * barraca
(D) * batata
Comentário sobre o item: A habilidade de reconhecer letras escritas de diferentes formas é avaliada
nesse item. Para escolher a alternativa correspondente à resposta correta, o aluno precisa conhecer
as diferentes possibilidades de grafar uma mesma letra. Essa é uma habilidade necessária para a
leitura de diferentes textos, impressos ou manuscritos, que circulam na nossa sociedade.
10
1º S/ 2011 Teste1
Questão 03 Item: ALIN0845
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes. Para se referir à palavra sílaba utilize o nome que seus alunos estão habituados (sílaba, pedaços, partes, pedacinhos, etc).
U Faça um X no quadradinho do animal com nome formado por três sílabas.
(A) *
(B) *
(C) *
(D) *
Comentário sobre o item: nesse item é avaliada a habilidade de identificar o número de sílabas que
formam uma palavra, por meio da contagem dessas unidades sonoras. Essa separação silábica se
torna um pouco mais complexa, uma vez que a criança precisa verificar cada alternativa para
identificar a alternativa correta. Importante destacar que, no processo de apropriação da escrita
alfabética, o aluno precisa perceber que as palavras são compostas por unidades menores que são as
sílabas, e que estas, por sua vez, são formadas por unidades menores que são os fonemas. Nesse
item, é a percepção da unidade sonora referente à sílaba que é avaliada.
11
1º S/ 2011 Teste1
Questão 04 Item: AL0567
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes. Para se referir à palavra sílaba utilize o nome que seus alunos estão habituados (sílaba, pedaços, partes, pedacinhos, etc)
U Veja a figura abaixo.
U Quantas sílabas têm o nome do animal que você viu?
(A) * U 1
(B) * U 3
(C) * U 4
(D) * U 7
Comentário sobre o item: nesse item é avaliada a habilidade de identificar o número de sílabas que
formam uma palavra. No processo de apropriação da escrita alfabética é importante que o aluno
perceba que as palavras são compostas por unidades menores que são as sílabas, e que estas, por
sua vez, são formadas por unidades menores que são os fonemas. Nesse item, é a percepção da
unidade sonora referente à sílaba que é avaliada.
12
1º S/ 2011 Teste1
Questão 05 Item: ALIN0876
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Qual a primeira letra da palavra DEVER?
(A) * T
(B) * P
(C) * R
(D) * D
Comentário sobre o item: A habilidade avaliada nesse item é a de identificação de letras que
possuem correspondência sonora única em palavras. O aluno deve identificar, entre as opções
apresentadas, aquela que possui a letra inicial da palavra ditada pelo aplicador. No processo de
apropriação da escrita alfabética, é importante que o aluno perceba que algumas letras (como p, b, t,
d, f) possuem uma correspondência sonora única e passe a identificá-las nas palavras.
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 06 Item: ALIN0811
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes. Para se referir à palavra sílaba utilize o nome que seus alunos estão habituados (sílaba, pedaços, partes, pedacinhos, etc).
U Faça um X no quadradinho da palavra que comece com a sílaba XA, como em XADREZ.
(A) * XALE
(B) * JACA
(C) * SABE
(D) * GALO
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de reconhecer sílabas. Para que o aluno
responda corretamente deverá identificar o número de sílabas (contar as sílabas) a partir do nome da
imagem, além de dominar a habilidade do reconhecimento do símbolo numérico.
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 07 Item: AL0762
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Faça um X no quadradinho da palavra que começa com a mesma sílaba da palavra MARGARIDA.
(A) * MARTELO
(B) * MARIA
(C) * AMARELO
(D) * RAMPA
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de estabelecer relações entre unidades
sonoras e suas representações gráficas, no caso em questão, consoante com som único. Para que o
aluno responda corretamente deverá identificar entre as alternativas dadas aquela que corresponda
à letra inicial da palavra apresentada.
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 08
Item: AL0680 Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Faça um X no quadradinho do desenho que tem o nome que começa igual à palavra CARRO.
(A) *
(B) *
(C) *
(D) *
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de identificar palavras que começam com a
mesma sílaba. O aluno deve ser capaz de identificar a palavra que começa com a mesma sílaba da
palavra ditada pelo aplicador.
16
1º S/ 2011 Teste1
Questão 09 Item: ALIN0870
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Faça um X no quadradinho onde está escrito SAUDADE.
(A) * MALDADE
(B) * VONTADE
(C) * SABONETE
(D) * SAUDADE
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de ler palavras que possuem sílabas de
estruturas Consoante/vogal/vogal e Consoante/Vogal. O aluno deverá marcar a opção que apresenta
a escrita da palavra falada pelo aplicador, estabelecendo relação entre a pauta sonora da palavra e
sua representação gráfica.
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 10
Item: AL0533 Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Veja a figura.
U Faça um X no quadradinho do nome da figura.
(A) * TAMANDUÁ.
(B) * TARTARUGA.
(C) * TATURANA.
(D) * TARÂNTULA.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de ler palavras e estabelecer a relação entre
significante e significado. Para que o aluno responda a questão corretamente, deverá identificar
entre as alternativas dadas, àquela que estabelece relação entre a imagem e a escrita da palavra.
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 11
Item: AL0688 Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Veja a figura e depois responda à questão.
Faça um X no quadradinho da frase que conta o que você vê na figura.
(A) * O HOMEM ESTÁ USANDO OS ÓCULOS.
(B) * O HOMEM ESTÁ QUEBRANDO OS ÓCULOS.
(C) * O HOMEM ESTÁ SEGURANDO OS ÓCULOS.
(D) * O HOMEM ESTÁ JOGANDO OS ÓCULOS.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a capacidade de ler frases. Nesse caso, as frases
apresentam palavras com estruturas distintas, tais como: Consoante/vogal, Vogal/Consoante,
Consoante/Consoante/Vogal, Consoante/Vogal/Consoante e consoante/Vogal/Vogal), o que agrega
maior complexidade ao item.
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 12
Item: ALIN0898
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Ouça a frase que eu vou dizer.
U MEU BRINQUEDO QUEBROU.
U Faça um X no quadradinho da frase que você ouviu.
(A) * MEU BRIGADEIRO QUEIMOU.
(B) * MEU SEGREDO ACABOU.
(C) * MEU BRONZEADOR SECOU.
(D) * MEU BRINQUEDO QUEBROU.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a capacidade de ler frases curtas formadas por palavras
que possuem sílabas simples (Consoante/Vogal) e complexas (Consoante/Consoante/Vogal,
Consoante/Vogal/Vogal), o que agrega maior complexidade ao item.
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 13
Item: AL0545 Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Leia o texto silenciosamente.
CONHECI UM JUMENTO CHAMADO MERLIM
COMIA POEIRA, CUSPIA CAPIM,
MACHADO, Duda. Histórias com poesia, alguns bichos & Cia. São Paulo: Ed. 34, 1997, p.1
U De acordo com o texto, qual o era o nome do jumento?
(A) * CAPIM
(B) * CUSPIA
(C) * MERLIM
(D) * POEIRA
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de localizar informações explícitas no texto.
O aluno, para responder corretamente à questão, precisa ler o texto e identificar a palavra que
responde à questão. A natureza e o grau de evidência das informações, assim como as habilidades
necessárias para identificá-las, dependerão do nível de complexidade do texto, do local onde a
informação se encontra (início, meio ou final do texto) e da familiaridade do leitor com o gênero
textual.
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 14
Item: AL0575 Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Leia o texto silenciosamente e depois responda à questão.
U Não leia em voz alta e não mostre a resposta para os colegas.
De acordo com o texto, quem vai ao dentista?
(A) * JOÃO.
(B) * PAULO.
(C) * PEDRO.
(D) * TIAGO. Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de localizar informações explícitas no texto. O
aluno, para responder corretamente à questão, precisa conhecer a estrutura de escrita de um bilhete.
Importante lembrar que, nesse caso, a natureza e o grau de evidência das informações, assim como
as habilidades necessárias para identificá-las, dependerão do nível de complexidade do texto, do local
onde a informação se encontra (início, meio ou final do texto) e da familiaridade do leitor com o
gênero textual apresentado.
PAULO, AVISE AO JOÃO E AO PEDRO QUE HOJE NÃO
VOU JOGAR BOLA COM VOCÊS PORQUE
MINHA MÃE VAI ME LEVAR AO DENTISTA.
TIAGO
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 15
Item: ALIN0830 Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Leia o texto silenciosamente.
AULAS DE NATAÇÃO INFANTIL! AULAS TODOS OS DIAS (MANHÃ E TARDE) LOCAL: ACADEMIA M.O.M VALOR:R$ 50,00
U Este texto fala principalmente sobre:
(A) * ACADEMIAS.
(B) * DIAS DA SEMANA.
(C) * AULAS DE NATAÇÃO.
(D) * PISCINAS.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de reconhecer o assunto de um texto. O aluno
pode identificar o assunto de um texto por meio de sua leitura completa ou apenas de algumas
partes, como o título. A estratégia de leitura adotada pelo aluno dependerá do gênero textual e dos
conhecimentos que eles possuem sobre as características do texto lido.
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 16
Item: AL0647 Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Leia o texto silenciosamente e depois responda à questão.
U Não leia em voz alta e não mostre a resposta para os colegas.
VIVA SEU DIA COM LUZ NATURAL. ABRA
JANELAS, CORTINAS, PERSIANAS, DEIXE O
SOL ENTRAR E ILUMINAR SUA CASA EM
VEZ DE ACENDER LÂMPADAS. VOCÊ VAI
VIVER MELHOR E ECONOMIZAR DINHEIRO
NO FIM DO MÊS.
Extraído de www.hortaviva.com.br
ESTE É UM TEXTO SOBRE:
(A) * COMO COMPRAR PERSIANAS.
(B) * COMO FAZER CORTINAS.
(C) * COMO USAR FILTRO SOLAR.
(D) * COMO ECONOMIZAR ENERGIA ELÉTRICA.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de reconhecer o assunto de um texto
informativo que apresenta vocabulário mais complexo. O aluno pode identificar o assunto de um
texto por meio de sua leitura completa ou apenas de algumas partes, como o título. A estratégia de
leitura adotada pelo aluno dependerá do gênero textual e dos conhecimentos que eles possuem sobre
as características do texto lido. Nesta questão, o aluno precisa ler o texto por completo para que seja
capaz de reconhecer o assunto abordado.
24
1º S/ 2011 Teste1
Questão 17
Item: ALIN0760 Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Leia o texto silenciosamente.
U Esse texto serve para:
(A) * DAR UM AVISO.
(B) * FAZER UMA PROPAGANDA.
(C) * FAZER UM CONTIVE.
(D) * ENSINAR UMA RECEITA
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de identificar a finalidade de um texto com
base nas características do gênero e na leitura do texto completo ou apenas de algumas partes que o
compõe.
SEGUNDA-FEIRA É DIA DE:
ARROZ
FEIJÃO
CARNE ENSOPADA
SALADAS
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 18
Item: AL0566 Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Leia o texto silenciosamente.
O que é o que é?
O que é que está sempre na nossa frente?
U Para que serve este tipo de texto?
(A) * Anunciar um produto.
(B) * Brincar com perguntas.
(C) * Convidar para uma festa.
(D) * Ensinar uma receita.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de identificar a finalidade de um texto com
base nas características do gênero e na leitura do texto completo ou apenas de algumas partes que o
compõe.
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 19
Item: ALIN0783 Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Leia o texto silenciosamente e depois responda à questão.
U Não leia em voz alta e não mostre a resposta para os colegas.
O QUE O GATO PRETENDE FAZER COM A VARA DE PESCAR?
(A) * BRINCAR COM O HOMEM.
(B) * COLOCAR O PEIXE NO PRATO.
(C) * CHAMAR SEU DONO PARA PESCAR.
(D) * PEGAR O FILÉ DO PRATO.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de inferir informações. Esse item avalia a
habilidade de inferir informações. Para que o aluno responda a questão corretamente deverá
relacionar as informações apresentadas em cada um dos quadrinhos da tirinha para deduzir a
mensagem final do texto. A alternativa correta no item é a da letra D.
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1º S/ 2011 Teste1
Questão 20
Item: ALIN0834 Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
U Leia o texto para descobrir o nome da festa. Depois que todos terminarem de ler eu vou dizer o que é para fazer.
U Marque um X no quadradinho em que aparece o nome da festa.
(A) * FESTA DE NATAL.
(B) * FESTA DAS MÃES.
(C) * FESTA JUNINA.
(D) * FESTA DA PÁSCOA.
Comentário sobre o item: A habilidade de inferir informações em textos curtos é avaliada nesse item.
Para realizar a inferência solicitada pela questão e identificar a resposta correta, o aluno precisa
relacionar algumas informações apresentadas ao longo do texto e recorrer a conhecimentos prévios
sobre a temática tratada.
QUE FESTA É ESSA?
FESTA QUE TEM QUADRILHA, QUE TEM BANDEIRA,
QUE TEM BALÃO.
TEM CANJICA E PIPOCA! E ATÉ UMA FOGUEIRA,
POIS É NOITE DE SÃO JOÃO!
2011
GUIA DE APLICAÇÃO
LEITURA • TESTE 2
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO6
los colorir os desenhos da questão.
somente em um quadradinho.
atividade irá iniciar.
o conjunto da turma, a fim de não privilegiar um aluno em detrimento de outro.
EXEMPLOProfessor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que estão
os megafones. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Perceba que, neste tipo de questão, você NÃO deverá ler as opções de resposta para os
alunos, pois nelas não aparecem os megafones. No entanto, é importante certificar-se de que os
alunos reconheçam que o nome do brinquedo BONECA.
BOLA
BONECA
PETECA
PIÃO
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO 7
Questão 01 AL0525
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
(A) (B)
(C) (D)
Comentário sobre o item: O item avalia a habilidade relacionada à capacidade de diferenciar
letras de outros sinais gráficos como numerais, sinais de pontuação, desenhos, etc. O aluno
deve identificar, entre as opções apresentadas, aquela que possui exclusivamente letras.
1
8
15
22
29
2
9
16
23
30
7
14
21
28
6
13
20
27
5
12
19
26
4
11
18
25
3
10
17
24
31 01 - Dia do Trabalho
D S T Q Q S S
Maio
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO8
Questão 02
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
(A) L M Z
(B) T N V
(C) F V N
(D) J Z H
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de a criança reconhecer, pelo nome, as
letras do alfabeto. O aluno deve identificar, entre as opções apresentadas, aquela que possui
as letras ditadas pelo aplicador. No processo de apropriação da escrita alfabética é importante
que a criança reconheça as letras do alfabeto, sabendo nomeá-las, pois esse conhecimento pode
contribuir no estabelecimento das relações fonema/grafema, por meio da identificação dos
valores sonoros das letras. Por isso, ao ditar o nome das letras, sua pronúncia deve ser clara e
bem articulada.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO 9
Item: PE13118
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
(A) B b
(B) g B
(C) q F
(D) p P
Comentário sobre o item: A habilidade de reconhecer letras escritas de diferentes formas é
avaliada nesse item. Para escolher a alternativa correspondente à resposta correta, o aluno
precisa conhecer as diferentes possibilidades de grafar uma mesma letra. Essa é uma habilidade
necessária para a leitura de diferentes textos, impressos ou manuscritos, que circulam na nossa
sociedade.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO10
Questão 04 DF32101
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
LARANJA:
(A) J
(B) N
(C) A
(D) L
Comentário sobre o item: A habilidade avaliada nesse item é a de identificação de letras que
possuem correspondência sonora única em palavras. O aluno deve identificar, entre as opções
apresentadas, aquela que possui a letra inicial da palavra ditada pelo aplicador. No processo de
apropriação da escrita alfabética, é importante que o aluno perceba que algumas letras (como
p, b, t, d, f) possuem uma correspondência sonora única e passe a identificá-las nas palavras.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO 11
Questão 05 PE32141
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Para se referir à palavra “sílaba” utilize o nome que seus alunos estão habituados
(sílaba, parte, pedacinho, etc.).
(A) GO
(B) RA
(C) CO
(D) ÇÃO
Comentário sobre o item: esse item avalia a habilidade de reconhecer sílabas. O aluno deve
ser capaz de identificar a primeira sílaba da palavra que representa o objeto desenhado e, em
seguida, relacioná-lo a uma das alternativas.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO12
Questão 06 PE33272
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a INSTRUÇÃO em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Para se referir à palavra “sílaba” utilize o nome que seus alunos estão habituados
(sílaba, parte, pedacinho, etc.).
(A) BALEIA
(B) PAPAGAIO
(C) NAVIO
(D) MALETA
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de identificar palavras que começam com
a mesma sílaba. O aluno deve ser capaz de identificar a primeira sílaba da palavra que representa
o objeto desenhado e, em seguida, relacioná-lo a uma das alternativas, neste caso, a palavra
MALETA.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO 13
Questão 07 N41109
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
(A) FORTUNA
(B) LOMBRIGA
(C) TORCIDA
(D) FORMIGA
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de ler palavras e estabelecer a relação
entre significante e significado. Para que o aluno responda a questão corretamente, deverá
identificar entre as alternativas dadas, àquela que estabelece relação entre a imagem e a escrita
da palavra.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO14
Questão 08 PE21199
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes Para se referir à
palavra “sílaba” utilize o nome que seus alunos estão habituados (sílabas, partes,
pedacinhos, etc.).
(A) 2
(B) 3
(C) 6
(D) 7
Comentário sobre o item: nesse item é avaliada a habilidade de identificar o número de sílabas
que formam uma palavra. No processo de apropriação da escrita alfabética é importante que o
aluno perceba que as palavras são compostas por unidades menores que são as sílabas, e que
estas, por sua vez, são formadas por unidades menores que são os fonemas.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO 15
Questão 09 DF35103
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Para se referir à palavra sílaba utilize o nome que seus alunos estão habituados
(sílaba, pedaços, partes, pedacinhos, etc).
(A) GALO
(B) CALDO
(C) PAULO
(D) TALCO
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de identificar palavras que começam
com a mesma sílaba. O aluno deve ser capaz de identificar a primeira sílaba da palavra que
representa o objeto desenhado e seguida relacioná-lo a uma das alternativas.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO16
Questão 10 PE21138
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos as INSTRUÇÕES e as OPÇÕES de
resposta em que aparece o megafone.
Repita a leitura, no máximo, duas vezes. Para se referir à palavra “sílaba” utilize o
nome que seus alunos estão habituados (sílabas, partes, pedacinhos, etc.).
PROFESSORA.
(A) 2
(B) 3
(C) 4
(D) 6
Comentário sobre o item: nesse item é avaliada a habilidade de identificar o número de sílabas
que formam uma palavra. No processo de apropriação da escrita alfabética é importante que o
aluno perceba que as palavras são compostas por unidades menores que são as sílabas, e que
estas, por sua vez, são formadas por unidades menores que são os fonemas.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO 17
Questão 11 DF41215
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes
(A) PASSINHO
(B) PALHACINHO
(C) PALITINHO
(D) PASSARINHO
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de ler palavras e estabelecer a relação
entre significante e significado. Para que o aluno responda a questão corretamente, deverá
identificar entre as alternativas dadas, àquela que estabelece relação entre a imagem e a escrita
da palavra. Nesse caso, a palavra passarinho apresenta uma estrutura mais complexa, o que
agrega maior dificuldade à questão.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO18
Questão 12 IN519V2
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
(A) O CARTEIRO FECHA A PORTA.
(B) O GAFANHOTO SOBE NA TORTA.
(C) O CACHORRO MORDE A BOTA.
(D) O CARNEIRO DÁ CAMBALHOTA.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a capacidade de ler frases. Nesse caso, as frases
apresentam palavras com estruturas distintas o que agrega maior complexidade ao item.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO 19
DF71153
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
DIA: 5 DE DEZEMBRO LOCAL: SALÃO DE FESTA DA ESCOLA HORÁRIO: 18 HORAS
CONTO COM A SUA PRESENÇA!
MARCELA
(A) CASAMENTO.
(B) FORMATURA.
(C) FESTA JUNINA.
(D) ANIVERSÁRIO.
Comentário sobre o item: Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de localizar
informação em um texto com base nas características do gênero e na leitura do texto completo
ou apenas de algumas partes que o compõe.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO20
Questão 14 DF51146
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos as INSTRUÇÕES e a FRASE em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes. Antes de dar o
segundo comando para os alunos, verifique se todos já terminaram de ler.
(A) O DIA DAS CRIANÇAS NÃO TEM LOBO MAU!
(B) O DIA DAS CRIANÇAS É UM DIA NORMAL!
(C) O DIA DAS CRIANÇAS É PERTO DO NATAL!
(D) O DIA DAS CRIANÇAS É MUITO ESPECIAL!
Comentário sobre o item: Esse item avalia a capacidade de ler frases curtas formadas por
palavras que possuem sílabas simples (Consoante/Vogal) e complexas (Consoante/Consoante/
Vogal, Consoante/Vogal/Vogal), o que agrega maior complexidade ao item.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO 21
Questão 15 PE61185
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
(A) ISMAEL
(B) RECIFE
(C) MARÇO
(D) GENTE
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de localizar informações explícitas
no texto. Para responder corretamente, o aluno precisa ler o texto e identificar a palavra que
responde à questão. A natureza e o grau de evidência das informações, assim como as habilidades
necessárias para identificá-las, dependerão do nível de complexidade do texto, do local onde a
informação se encontra e da familiaridade do leitor com o gênero textual.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO22
Questão 16
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
COMO FAZER UM PIQUENIQUE
Se o dia está lindo e você quer se divertir, experimente chamar a turma para um piquenique.
Vocês podem se reunir em um parque ou até mesmo no quintal de casa, com autorização dos pais. Cada um pode levar uma comida ou bebida.
Coisas que não podem faltar:
E muita brincadeira!
Fonte: Revista Recreio (adaptado)
(A) fazer uma lista de itens para uma compra.
(B) vender copos, guardanapos e talheres.
(C) ensinar uma receita de salada de frutas.
(D) orientar sobre como fazer um piquenique.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de identificar a finalidade de um texto
com base nas características do gênero e na leitura do texto completo ou apenas de algumas
partes que o compõe.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO 23
Questão 17 PE81159
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes. Antes de dar o
segundo comando para os alunos, verifique se todos já terminaram de ler.
(A) Para fazer um convite.
(B) Para vender um produto.
(C) Para ensinar uma brincadeira.
(D) Para pedir um brinquedo.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de identificar a finalidade de um texto
com base nas características do gênero e na leitura do texto completo ou apenas de algumas
partes que o compõe.
AmiguinhoVenha participar de uma reunião feita
especialmente para você. Será muito legalcom muitas brincadeiras e animação.
Dia 14/07 às 15h
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO24
Questão 18 DF10236
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
DOIS ANJOS CONVERSANDO:
— COMO SERÁ O TEMPO AMANHÃ?
— ACABO DE OUVIR NA RÁDIO QUE VAI FICAR O DIA TODO NUBLADO.
— QUE BOM! ASSIM A GENTE VAI TER LUGAR PRA SENTAR!
(A) CADEIRAS.
(B) BANCOS.
(C) NUVENS.
(D) SOFÁS.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de inferir informações. Para que o aluno
responda a questão corretamente deverá relacionar as informações apresentadas no texto para
deduzir a mensagem final.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO 25
Questão 19 DF72109
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
CUIDADO COM OS DENTES
Os dentes são muito sensíveis, por isso devemos ser cuidadosos com eles. Os dentistas recomendam que os dentes devem ser escovados, no mínimo, três vezes por dia: ao acordar, após as refeições e antes de dormir. Não podemos esquecer o fio dental, que deve ser usado pelo menos uma vez ao dia, de preferência à noite.
www.colgate.com.br (com adaptações)
(A) A quantidade de fio dental que devemos usar.
(B) Informações sobre as refeições antes de dormir.
(C) Orientações sobre como cuidar dos dentes.
(D) Recomendação de visitas periódicas ao dentista.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de reconhecer o assunto de um texto.
O aluno pode identificar o assunto de um texto por meio de sua leitura completa ou apenas de
algumas partes, como o título. A estratégia de leitura adotada pelos alunos dependerá do gênero
textual e dos conhecimentos que eles possuem sobre as características do texto lido.
2º S/11 TESTE 2GUIA DE APLICAÇÃO26
Questão 20 PE01264
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as INSTRUÇÕES em que
aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
COBRA DESCONFIADA
A COBRINHA CHEGA EM CASA E PERGUNTA PARA O SEU PAI:
- PAPAI, É VERDADE QUE SOMOS VENENOSAS?
- NÃO, MINHA FILHA! MAS POR QUE PERGUNTOU?
E A COBRINHA:
- É QUE ACABEI DE MORDER A LÍNGUA!
Proibido para maiores: as melhores piadas para crianças. São Paulo: Matrix. 2007. p.10.
(A) PORQUE ESTAVA COM MEDO DO PAI.
(B) PORQUE ESTAVA COM VONTADE DE PICAR O PAI.
(C) PORQUE ESTAVA COM MEDO DE MORRER.
(D) PORQUE FOI PICADA POR OUTRA COBRA.
Comentário sobre o item: Esse item avalia a habilidade de inferir informações. Para que o aluno
responda a questão corretamente, deverá relacionar as informações apresentadas ao longo do
texto para deduzir a mensagem final.
GUIA DE APLICAÇÃO
2012LEITURA • TESTE 1
6
EXEMPLO
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Perceba que, neste tipo de questão, você NÃO deverá ler as opções de resposta para os alunos, pois nelas não aparece o megafone. No entanto, é importante certifi car-se de que os alunos reconheçam que o nome do brinquedo é BONECA.
Veja o brinquedo desenhado.
Faça um “X” no quadradinho onde está escrito o nome do brinquedo.
Vocês vão ler sozinhos cada palavra e vão fazer um “X” somente no quadradinho em que aparece o nome do brinquedo. Respondam silenciosamente e não mostrem a resposta para os colegas.
BOLA
BONECA
PETECA
PIÃO
Verifi que se todos os alunos compreenderam como devem marcar a resposta.
7
Questão 01
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Faça um “X” no quadradinho onde aparecem todas as letras G N F.
(A) Q M G
(B) C W P
(C) G N F
(D) C M E
Comentário: essa questão avalia a habilidade de a criança reconhecer, pelo nome, as letras
do alfabeto. O aluno deve identifi car, entre as opções apresentadas, aquela que possui as
letras ditadas pelo aplicador. No processo de apropriação da escrita alfabética é importante
que a criança reconheça as letras do alfabeto, sabendo nomeá-las, pois esse conhecimento
pode contribuir no estabelecimento das relações fonema/grafema, por meio da identifi cação
dos valores sonoros das letras. Por isso, ao ditar o nome das letras, sua pronúncia deve ser
clara e bem articulada.
8
Questão 02
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Faça um “X” no quadradinho onde está escrita a primeira letra da palavra LIVRO.
(A) L
(B) P
(C) T
(D) V
Comentário: a habilidade avaliada nessa questão é a de identifi cação de letras que
possuem correspondência sonora única em palavras. O aluno deve identifi car, entre as
opções apresentadas, aquela que possui a letra inicial da palavra ditada pelo aplicador,
apoiado pela fi gura. No processo de apropriação da escrita alfabética, é importante que o
aluno perceba que algumas letras (como p, b, t, d, f) possuem uma correspondência sonora
única e passe a identifi cá-las nas palavras.
9
Questão 03
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Faça um “X” no quadradinho onde está escrita a primeira letra do desenho.
(A) O
(B) D
(C) Q
(D) G
Comentário: a habilidade avaliada nessa questão é a de identifi cação de letras que
possuem correspondências sonoras distintas em palavras, associando-a a uma fi gura
dada. No processo de apropriação da escrita alfabética, é importante que o aluno perceba
que algumas letras (como c, g, r, s) não possuem correspondência sonora única e passe a
identifi cá-las nas palavras.
10
Questão 04
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Faça um “X” no quadradinho onde aparecem as letras H V B.
(A) L U F
(B) H V B
(C) J W P
(D) T X E
Comentário: essa questão avalia a habilidade de a criança reconhecer, pelo nome, as letras
do alfabeto. O aluno deve identifi car, entre as opções apresentadas, aquela que possui as
letras ditadas pelo aplicador. Ao ditar o nome das letras, sua pronúncia deve ser clara e bem
articulada.
11
Questão 05
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone.
Repita a leitura, no máximo, duas vezes. Para se referir à palavra “sílaba” utilize o
nome a que seus alunos estão habituados (sílaba, parte, pedacinho etc.).
Faça um “X” no quadradinho da palavra que termina com a sílaba JO.
(A) MACHO
(B) ESTOJO
(C) ANTIGO
(D) ROXO
Comentário: essa questão avalia a habilidade de o aluno reconhecer sílabas que compõem
palavras e os fonemas que compõem as sílabas. O aluno deve ser capaz de identifi car a
sílaba fi nal ditada pelo aplicador componente da palavra listada. A difi culdade adicional
apresentada é a de que o som consonantal em questão apresenta correspondência gráfi ca
variada (“g” e “j”).
12
Questão 06
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Para se referir à palavra “sílaba” utilize o nome a que seus alunos estão habituados
(sílaba, parte, pedacinho, etc.)
Faça um “X” no quadradinho em que aparece a primeira sílaba do nome da
fi gura que você está vendo.
(A) PI
(B) VI
(C) CI
(D) BI
Comentário: essa questão avalia a habilidade de reconhecer sílabas. O aluno deve ser
capaz de identifi car a primeira sílaba da palavra que representa o objeto desenhado e, em
seguida, relacioná-la a uma das alternativas.
13
Questão 07
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone.
Faça um “X” no quadradinho em que está escrito o nome do desenho.
(A) APARADOR
(B) APONTADOR
(C) APAGADOR
(D) APRESENTADOR
Comentário: essa questão avalia a habilidade de ler palavras e estabelecer a relação
entre signifi cante e signifi cado. Para que o aluno responda à questão corretamente, deverá
identifi car, entre as alternativas dadas, aquela que estabelece relação entre a imagem e a
escrita da palavra. Nesse caso, a palavra apontador apresenta uma estrutura complexa, com
sílabas canônicas e não canônicas, o que agrega maior difi culdade à questão.
14
Questão 08
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone.
Faça um “X” no quadradinho onde está escrita a palavra MESA.
(A) MESA
(B) LESMA
(C) CERA
(D) NEVA
Comentário: essa questão avalia a habilidade de ler palavras e estabelecer a relação
entre signifi cante e signifi cado. Para que o aluno responda à questão corretamente, deverá
identifi car, entre as alternativas dadas, aquela que estabelece relação entre o que foi lido
pelo aplicador, com apoio da imagem.
15
Questão 09
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Faça um “X” no quadradinho da palavra igual à que aparece no cartaz.
(A) camelo
(B) Cajado
(C) cavalo
(D) LAVADO
Comentário: essa questão avalia a habilidade de reconhecer letras escritas
de diferentes formas. Para escolher a opção correta, o aluno precisa conhecer
as diferentes possibilidades de grafar uma mesma letra. Essa é uma habilidade
necessária para a leitura de diferentes textos, impressos ou manuscritos, que
circulam na nossa sociedade.
16
Questão 10
Professor/Aplicador: leia para os alunos as instruções em que aparece o megafone.
Repita a leitura, no máximo, duas vezes. Para se referir à palavra “sílaba” utilize o
nome a que seus alunos estão habituados (sílaba, parte, pedacinho, etc.).
Faça um “X” no quadradinho do número de sílabas do nome da fi gura.
(A) 2
(B) 5
(C) 4
(D) 3
Comentário: nessa questão é avaliada a habilidade de identifi car o número de sílabas
que formam uma palavra com base numa imagem, o que agrega maior complexidade. No
processo de apropriação da escrita alfabética é importante que o aluno perceba que as
palavras são compostas por unidades menores, que são as sílabas, e que estas, por sua vez,
são formadas por unidades menores, que são os fonemas.
17
Questão 11
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Faça um “X” no quadradinho onde está escrita a palavra PASTEL.
(A) PASTA
(B) PASTEL
(C) PAPEL
(D) PATÊ
Comentário: essa questão avalia a habilidade de ler palavras e estabelecer a relação
entre signifi cante e signifi cado. Para que o aluno responda à questão corretamente, deverá
identifi car, entre as alternativas dadas, aquela que estabelece relação entre o que foi lido
pelo aplicador, com apoio da imagem.
18
Questão 12
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Veja a fi gura e faça um “X” no quadradinho onde está escrito o que você vê.
(A) O MACACO LÊ O DICIONÁRIO.
(B) O MACACO FAZ ANIVERSÁRIO.
(C) O MACACO OBSERVA O AQUÁRIO.
(D) O MACACO SOBE NO ARMÁRIO.
Comentário: essa questão avalia a capacidade de ler frases. Nesse caso, as frases
apresentam palavras com estruturas distintas, o que agrega maior complexidade à questão.
Além disso, estão associadas a uma imagem.
19
Questão 13
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Preste atenção na frase que eu vou ler.
Tive um sonho engraçado.
Faça um “X” no quadradinho onde está escrita a frase que eu li.
(A) TIVE UM SONO ENORME.
(B) TIVE UM SAPATO ENGRAXADO.
(C) TIVE UM SOBRINHO ESPERTO.
(D) TIVE UM SONHO ENGRAÇADO.
Comentário: essa questão avalia a capacidade de ler frases curtas formadas por palavras
que possuem sílabas simples (Consoante/Vogal) e complexas (Consoante/Consoante/
Vogal), o que agrega maior difi culdade. O aluno deverá identifi car a opção da frase lida pelo
aplicador.
20
Questão 14
Professor/Aplicador: nesta questão o texto e as opções devem ser lidos APENAS
PELOS ALUNOS, sem sua ajuda. Leia SOMENTE as instruções em que aparece o
megafone.
Leia o texto silenciosamente. Quando todos terminarem de ler, eu vou dizer o
que é para fazer.
Faça um “X” no quadradinho que mostra onde ia ser a festa.
(A) NO TOMATE.
(B) NO REPOLHO.
(C) NA GOIABA.
(D) NA BANANA.
Comentário: essa questão avalia a habilidade de localizar informações explícitas no texto.
Para responder corretamente, o aluno precisa ler o texto e identifi car a expressão que
responde à questão.
21
Questão 15
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Leia o texto silenciosamente. Quando todos terminarem de ler, eu vou ler uma
pergunta.
Por que ninguém podia entrar na casa?
(A) Porque na casa não tinha parede.
(B) Porque na casa não tinha porta.
(C) Porque na casa não tinha chão.
(D) Porque na casa não tinha portão.
Comentário: essa questão, assim como a anterior, avalia a habilidade de localizar
informações explícitas no texto. Para responder corretamente, o aluno precisa ler o texto
e identifi car a palavra que se distingue nas frases das opções e traz a informação que
responde à questão. A natureza e o grau de evidência das informações, assim como as
habilidades necessárias para identifi cá-las, dependerão do nível de complexidade do texto,
do local onde a informação se encontra e da familiaridade do leitor com o gênero textual.
Nesse caso, trata-se de um gênero conhecido, porém de formulação sintática variada e com
informações similares, o que agrega maior difi culdade à questão.
22
Questão 16
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Leiam o texto silenciosamente. Depois que todos terminarem de ler eu vou
fazer uma pergunta.
Qual o assunto principal do texto? Faça um “X” no quadradinho da resposta
que você achar correta.
(A) As escolas.
(B) As crianças.
(C) As frutas.
(D) As lancheiras.
Comentário: essa questão avalia a habilidade de reconhecer o assunto de um texto. O
aluno pode identifi car o assunto de um texto por meio de sua leitura completa ou apenas de
algumas partes, como o título, que, nessa questão, não antecipa o assunto do texto.
23
Questão 17
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Leia o texto e a pergunta silenciosamente. Depois responda fazendo um X no
quadradinho da resposta que você achar correta.
Qual é a profi ssão da Tânia?
(A) Secretária.
(B) Vendedora de livros.
(C) Atriz.
(D) Professora.
Comentário: essa questão avalia a habilidade de inferir informações. Para que o aluno
responda à questão corretamente, deverá relacionar as informações apresentadas ao longo
do texto para deduzir a resposta. Nesse caso, trata-se de uma inferência simples.
24
Questão 18
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Veja a fi gura e leia o texto. Quando você terminar, vou fazer uma pergunta.
Para que serve este texto?
(A) Para ensinar matemática.
(B) Para contar uma história.
(C) Para ensinar uma brincadeira.
(D) Para informar sobre uma doença.
Comentário: essa questão avalia a habilidade de identifi car a fi nalidade de um texto com
base na leitura do texto completo ou apenas de algumas partes que o compõem.
25
Questão 19
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Uma abelha espantada
Qual o assunto principal do poema?
(A) Uma abelha viajada.
(B) Uma abelha que gosta de praia.
(C) Uma abelha que produz mel salgado.
(D) Uma abelha espantada.
Comentário: essa questão avalia a habilidade de reconhecer o assunto de um texto. O
aluno pode identifi car o assunto de um texto por meio de sua leitura completa ou apenas de
algumas partes. Nesse caso, faz-se necessária a leitura completa do poema.
26
Questão 20
Professor/Aplicador: leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece o
megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Leia o texto silenciosamente e depois responda à questão. Faça um “X” no
quadradinho da resposta que você achar correta.
Revista Recreio, nº 514, encarte, p. 06. São Paulo: Abril, 14 jan. 2010 (adaptado).
Por que as pessoas da nobreza usavam perucas antigamente?
(A) Porque elas queriam fi car mais velhas.
(B) Porque elas queriam esconder o seu cabelo.
(C) Porque elas queriam mostrar que eram importantes.
(D) Porque elas eram carecas e queriam ter cabelo.
Comentário: essa questão avalia a habilidade de inferir informações. Para que o aluno
responda à questão corretamente, deverá relacionar as informações apresentadas ao longo
do texto para deduzir a resposta. Nesse caso, trata-se de uma inferência complexa e de
assunto pouco próximo desse público, o que agrega maior difi culdade à questão.
GUIA DE APLICAÇÃO
2012LEITURA • TESTE 2
7
Perceba que, neste tipo de questão, você NÃO deverá ler as opções de resposta para os alunos,
pois nelas não aparece o megafone. No entanto, é importante certifi car-se de que os alunos reconheçam
que o nome do objeto é BOTA.
Este é o exemplo que está no teste dos alunos e você deverá resolvê-lo junto com eles.
Veja o objeto desenhado:
Faça um X no quadradinho onde está escrito o nome do objeto.
Vocês vão ler sozinhos cada palavra e vão fazer um X somente no quadradinho em
que aparece o nome do objeto. Respondam silenciosamente e não mostrem a
resposta para os colegas.
BOCA
VOTA
TOCA
BOTA
Verifi que se todos os alunos compreenderam como devem marcar a resposta.
(A)
(B)
(C)
(D)
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Questão-exemplo
8
Questão 01
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Observe a fi gura:
A letra V faz parte da escrita da palavra VACA. Marque um X no quadradinho em que
aparece a letra V.
Z
F
V
L
(A)
(B)
(C)
(D)
Comentário: esta questão avalia a habilidade de iden Þ car as letras do alfabeto. O aluno deve reconhecer a letra
inicial da palavra ditada pelo professor/aplicador. O aluno conta, aqui, com apoio de imagem.
No processo de apropriação da escrita alfabé ca, é importante que o aluno reconheça as letras do alfabeto,
sabendo nomeá-las, pois esse conhecimento pode contribuir no estabelecimento das relações fonema/grafema,
por meio da iden Þ cação dos valores sonoros das letras. Por isso, ao ditar as letras, sua pronúncia deve ser clara
e bem ar culada.
9
Questão 02
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE a instrução em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Marque um X no quadradinho da sequência de letras C, L, M.
Q, I, D
G, T, N
C, L, M
D, F, V
(A)
(B)
(C)
(D)
Comentário: esta questão avalia a habilidade de reconhecer, pelo nome, as letras do alfabeto. O aluno deve
iden Þ car, entre as opções apresentadas, aquela que possui a sequência de três letras ditadas pelo professor/
aplicador. Na questão, aparecem 12 letras diferentes nas quatro sequências dadas. Ao ditar as letras, sua
pronúncia deve ser clara e bem ar culada.
10
Questão 03
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Leia a palavra silenciosamente:
Agora, marque com um X onde está escrita a palavra que você acabou de ler.
Janela(A)
(B)
(C)
(D)
Comentário: esta questão avalia a habilidade de reconhecer letras escritas de diferentes formas. Para escolher
a opção correta, o aluno precisa conhecer as diferentes possibilidades de grafar uma mesma palavra. Essa é
uma habilidade necessária para a leitura de textos diversos, impressos ou manuscritos, que circulam na nossa
sociedade. Esta questão está centrada na diferenciação de letras maiúsculas e minúsculas.
Palito
panela
canela
11
Questão 04
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Veja a fi gura:
Comentário: esta questão avalia a habilidade de estabelecer relação entre unidades sonoras e suas representações
gráÞ cas iden Þ cando vogais nasalizadas. O aluno deve ser capaz de iden Þ car a sílaba inicial do nome da Þ gura
apresentada que compõe outra palavra dada nas alterna vas, o que torna a questão mais complexa.
Para se referir à palavra “sílaba”, utilize o nome a que seus alunos estão habituados
(sílaba, parte, pedacinho etc.).
Faça um X no quadradinho em que aparece a primeira sílaba do nome da fi gura.
ANTA(A)
(B)
(C)
(D)
ONÇA
NATA
ONDA
Disponível em: www.desenhospaintcolor.com.br
12
Questão 05Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Observe os desenhos de camisa, boneca, bola e sapato:
Marque um X no quadradinho que mostra o objeto com o nome formado por duas
sílabas.
Comentário: nesta questão é avaliada a habilidade de iden Þ car o número de sílabas que formam uma palavra
com base na leitura das palavras feita pelo professor/aplicador e com apoio de imagem. A questão apresenta
diÞ culdade adicional, pois, embora sejam palavras formadas por sílabas canônicas (consoante/vogal), apresentam-
se quatro palavras dis ntas, que se distribuem nas quatro alterna vas, requisitando do aluno a veriÞ cação silábica
de cada uma delas para a obtenção da resposta. No entanto, indica-se que o professor/aplicador deverá ler as
palavras (camisa, boneca, bola e sapato), apoiando a compreensão da questão.
No processo de apropriação da escrita alfabé ca é importante que o aluno perceba que as palavras são compostas
por unidades menores (sílabas) e que estas, por sua vez, são formadas por unidades menores (fonemas).
(A)
(B)
(D)
(C)
Para se referir à palavra “sílaba”, utilize o nome a que seus alunos estão habituados
(sílaba, parte, pedacinho etc.).
13
Questão 06
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Veja a imagem:
Comentário: a habilidade avaliada nesta questão é a de iden Þ cação de letras que possuem mais de uma
correspondência sonora em palavras. O aluno deve reconhecer, entre as alterna vas apresentadas, aquela que
possui a letra inicial do nome da Þ gura, que é também lido pelo aplicador. Uma das alterna vas (D) apresenta a
letra “s”, cuja sonoridade, em determinados contextos, corresponde à da letra “c” requerida.
No processo de apropriação da escrita alfabé ca, é importante que o aluno perceba que algumas letras (grafemas
como c, g, r, s) não possuem correspondência sonora única e passe a iden Þ cá-las nas palavras.
Faça um X no quadradinho onde aparece a primeira letra da palavra CENOURA.
A(A)
(B)
(C)
(D)
C
N
S
14
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
O que é o que é?
Comentário: esta questão avalia a habilidade de reconhecer o valor sonoro de uma sílaba. De forma contextualizada,
a par r de uma adivinha, com apoio da imagem, o aluno deve ler as alterna vas e escolher a que responde
corretamente à Þ gura apresentada, que é a resposta da adivinha. As palavras apresentadas nas alterna vas
preservam a mesma estrutura: nasalização na primeira sílaba e mesma terminação.
Faça um X no quadradinho onde está escrita a resposta da adivinha, ilustrada.
PENTE(A)
(B)
(C)
(D)
DENTE
MENTE
GENTE
Questão 07
Forte como uma pedrinha
quando novinho
como leite, branquinho.
Na boca está
e serve para mastigar.
15
Questão 08
Comentário: nesta questão é avaliada a habilidade de iden Þ car o número de sílabas que formam uma palavra,
como na questão 05, porém aqui com base somente em imagem. As representações numéricas aparecem nas
alterna vas e são lidas pelo professor/aplicador. Isso agrega a necessidade de que o aluno reconheça os números
naturais, também parte do processo de aprendizagem da leitura e da escrita.
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos as instruções em que aparece o megafone.
Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Conte o número de sílabas que tem no nome do objeto e depois marque o quadradinho
que representa esse número.
Para se referir à palavra “sílaba”, utilize o nome a que seus alunos estão habituados
(sílaba, parte, pedacinho etc.).
1(A)
(B)
(C)
(D)
4
5
9
16
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Leia o texto silenciosamente:
Comentário: esta questão avalia a habilidade de localizar informação explícita no texto. O texto apresentado, do
gênero cartaz, é curto e bastante visual, o que contribui para sua leitura. Além disso, traz informações pertencentes
ao universo infan l.
O texto que você leu pede a doação de:
ALIMENTOS(A)
(B)
(C)
(D)
BRINQUEDOS
LIVROS
ROUPAS
Questão 09
Disponível em: www.looppropaganda.com.br
17
Questão 10
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Veja o desenho:
Comentário: esta questão avalia a capacidade de ler frases. Aqui, a frase está associada a uma imagem, que deve
ser interpretada pelo aluno. O foco abordado está na ação executada, por isso a estrutura sintá ca das frases
preservam o sujeito (crianças) e o objeto (pipas). Embora se reconheça a possibilidade de variações regionais do
objeto “pipa”, a repe ção dessa palavra nas alterna vas contribui para sua compreensão.
Agora marque com um X o quadradinho da frase que corresponde ao desenho.
AS CRIANÇAS ESTÃO COM AS PIPAS NO CHÃO.(A)
(B)
(C)
(D)
AS CRIANÇAS ESTÃO RASGANDO AS PIPAS.
AS CRIANÇAS ESTÃO BRINCANDO COM AS PIPAS.
AS CRIANÇAS ESTÃO GUARDANDO AS PIPAS.
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Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Veja a imagem:
Comentário: esta questão avalia a habilidade de ler palavras, estabelecendo a relação entre imagem e escrita da
palavra. A palavra explorada aqui apresenta dígrafo em sua formação, o que agrega complexidade à questão.
Além disso, as alterna vas apresentam mesma estrutura de composição.
Agora, marque um X no quadradinho em que aparece o nome do personagem
apresentado na fi gura.
PALHOÇA(A)
(B)
(C)
(D)
PALÁCIO
PALHAÇO
PALHETA
Questão 11
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Questão 12
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Eu vou ler o texto para vocês. Acompanhem comigo a leitura silenciosamente. Depois
que eu terminar, vou fazer uma pergunta.
Comentário: esta questão avalia a habilidade de reconhecer o assunto do texto. Neste caso, o texto apresentado
traz uma linguagem de sintaxe mais complexa, o que agrega diÞ culdade à questão. Além disso, requer-se do aluno
a leitura completa do texto para iden Þ cação da resposta, que não está explícita no tulo, como em outros casos.
A leitura em voz alta do texto e do enunciado, feita pelo professor/aplicador, apoia a leitura da questão pelo aluno.
O texto fala sobre:
A IDADE DA ZEBRA.(A)
(B)
(C)
(D)
AS CORES DA ZEBRA.
O TAMANHO DA ZEBRA.
O NOME DA ZEBRA.
Você deve ler o texto em voz alta e os alunos devem acompanhar a leitura silenciosamente.
ZEBRA
QUANDO SE PERGUNTA À ZEBRA
SE ELA É BRANCA
OU SE ELA É PRETA,
NÃO SABENDO RESPONDER,
SEMPRE FAZ UMA CARETA.
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Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Veja a imagem. Preste atenção ao cartaz:
Comentário: esta questão avalia a habilidade de iden Þ car a Þ nalidade do texto com apoio das caracterís cas
gráÞ cas do gênero. No caso, trata-se de um cartaz com apelo visual, gênero que circula na sociedade e no universo
infan l. No entanto, entender a Þ nalidade do texto requer a leitura para além da imagem. A resposta da questão
requer do aluno a leitura ampla das informações con das no cartaz.
Esse cartaz serve para:
DIVERTIR AS CRIANÇAS COM O ZÉ GOTINHA.(A)
(B)
(C)
(D)
ENSINAR NOVAS BRINCADEIRAS ÀS CRIANÇAS.
INFORMAR O DIA DE VACINAR AS CRIANÇAS.
INFORMAR ÀS CRIANÇAS QUEM É O ZÉ GOTINHA.
Questão 13
Disponível em: natalacessivel.blogspot.com
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Questão 14Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes. Nesta questão, que trata de
elementos de substituição, os alunos também verão o enunciado.
Eu vou ler o texto para vocês. Acompanhem comigo a leitura silenciosamente. Depois
que eu terminar, vou ler o que é para fazer.
Comentário: a questão avalia a habilidade de estabelecer relação entre partes de um texto, devendo o aluno
iden Þ car repe ções e subs tuições que contribuem para a coesão e a coerência textuais. O texto apresentado
(cartaz), apesar de mencionar a história de um cão-guia, que pode ser desconhecido de alguns alunos brasileiros,
traz imagens (cão e livro) que apoiarão a leitura, feita pelo professor/aplicador com acompanhamento dos alunos.
Você deve ler o texto em voz alta e os alunos devem acompanhar a leitura silenciosamente.
No texto que você ouviu, Boris é:
A LIVRARIA(A)
(B)
(C)
(D)
A HISTÓRIA
O LIVRO
O CÃO
Revista Crescer, n. 219, fev. 2012 (adaptado).
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Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Leia silenciosamente o poema:
Comentário: esta questão tem como obje vo avaliar a habilidade de localizar informações explícitas no texto.
Requer-se do aluno que iden Þ que as palavras relacionadas – brancas, alegres e francas – ao longo do texto. As
alterna vas indicam outras cores presentes no texto, embora não correspondam às borboletas mencionadas na
pergunta.
Agora responda: qual a cor das borboletas alegres e francas?
(A)
(B)
(C)
(D)
Questão 15
PRETAS
BRANCAS
AMARELAS
AZUIS
AS BORBOLETAS
BRANCAS, AZUIS, AMARELAS E PRETAS
BRINCAM NA LUZ AS BELAS BORBOLETAS
BORBOLETAS BRANCAS
SÃO ALEGRES E FRANCAS.
BORBOLETAS AZUIS
GOSTAM MUITO DE LUZ.
AS AMARELINHAS
SÃO TÃO BONITINHAS!
E AS PRETAS, ENTÃO,
OH, QUE ESCURIDÃO!Cecília Meireles
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Questão 16
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Leia o texto silenciosamente e responda à questão:
Comentário: esta questão avalia a habilidade de iden Þ car a Þ nalidade do texto a par r da leitura individual do
aluno, com apoio das caracterís cas gráÞ cas do gênero. No caso, trata-se de um bilhete do contexto familiar, com
sequência narra va, facilitando a compreensão do texto.
Para que serve o texto?
FAZER UM CONVITE.(A)
(B)
(C)
(D)
ENSINAR UMA RECEITA.
DAR UM RECADO.
FAZER UMA PROPAGANDA.
MAMÃE,
HOJE, DEPOIS DA ESCOLA, EU IREI ALMOÇAR COM O
PAPAI NA CASA DA TIA LILI. VOLTAREMOS MAIS TARDE.
EU TE AMO.
BEIJOS,
JUJU
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Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Leia o texto silenciosamente e depois responda à questão.
Comentário: esta questão avalia a habilidade de reconhecer o assunto do texto, com base no tulo, a par r
da leitura individual pelo aluno, o que agrega diÞ culdade. Trata-se de um texto de tamanho médio, com dois
parágrafos, da ordem da narra va. O aluno precisa ler o texto para compreendê-lo e responder à questão, uma
vez que as informações dadas nas alterna vas se vinculam ao texto, mas não ao assunto, antecipado no tulo.
Esta habilidade é fundamental para o desenvolvimento do processo de alfabe zação e de letramento.
Este texto fala sobre:
O DIA QUE NASCE.(A)
(B)
(C)
(D)
O SOLZINHO QUE TEM SONO.
A NOITE QUE SE APROXIMA.
AS NUVENS QUE ESCONDEM O SOL.
Questão 17
O SOLZINHO SONECA
TODOS OS DIAS, AO ENTARDECER, SONECA COMEÇA A FICAR SONOLENTO E DÁ GOSTOSAS BOCEJADAS. É QUE JÁ ESTÁ QUASE NA HORA DE ELE DESCANSAR E DAR LUGAR À
NOITE, QUE VEM SE APROXIMANDO.NO DIA SEGUINTE, BEM CEDINHO, O SOLZINHO
APONTA DE MANSINHO POR ENTRE AS NUVENS, ABRE BEM OS OLHINHOS, DÁ OUTRA BOCEJADA E DESPERTA NOVAMENTE, PARA DAR MAIS ALEGRIA AO DIA QUE SE INICIA.
ARAÚJO, R. Disponível em: www.rogeriaaraujo.blogspot.com.br. Acesso em: 8 mar. 2012.
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Questão 18
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Eu vou ler o texto para vocês. Acompanhem comigo a leitura silenciosamente.
Depois que eu terminar, vou dizer o que é para fazer.
Comentário: esta questão avalia a habilidade de reconhecer o assunto do texto, assim como a anterior. Neste
caso, todavia, o texto apresentado é um texto informa vo, que traz uma curiosidade sobre o crescimento sico
(nariz e orelhas), sem apoio de tulo ou de suporte gráÞ co, o que agrega complexidade à questão. Entretanto, o
texto é de tamanho curto, e o professor/aplicador apoia a leitura silenciosa dos alunos.
Marque com um X o quadradinho onde aparece o assunto desse texto.
O CRESCIMENTO DO NARIZ E DAS ORELHAS.(A)
(B)
(C)
(D)
O INDIVÍDUO QUE SE TORNA UM ADULTO.
O IDOSO QUE APRESENTA A MAIOR ORELHA.
O TAMANHO DA ORELHA DE UM JOVEM.
Você deve ler o texto em voz alta e os alunos devem acompanhar a leitura silenciosamente.
O NARIZ E AS ORELHAS NÃO PARAM DE CRESCER, NEM MESMO QUANDO O INDIVÍDUO TORNA-SE ADULTO. ESSE É O MOTIVO DE O NARIZ E AS ORELHAS DE UM IDOSO SEREM MAIORES DO QUE QUANDO ELE ERA JOVEM.
Disponível em: www.terra.com.br (adaptado).
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Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Leia o texto silenciosamente. Depois que todos terminarem de ler, eu vou fazer uma
pergunta.
Comentário: esta questão avalia a habilidade de iden Þ car a Þ nalidade do texto a par r da leitura individual do
aluno. Trata-se de um texto do gênero anedota, cuja iden Þ cação requer a leitura completa do texto e o contraste
com os outros gêneros trazidos nas alterna vas, todos parte do co diano das crianças.
Esse texto serve para:
ENSINAR UMA RECEITA.(A)
(B)
(C)
(D)
FAZER UM CONVITE.
FAZER UMA PIADA.
ENSINAR AS REGRAS DE UM JOGO.
Questão 19
MUITA HISTÓRIA!
VENDO O BOLETIM DO NETO COM MUITAS NOTAS VERMELHAS, O AVÔ RESOLVE
DAR-LHE UM TREMENDO DE UM SERMÃO:
— NO MEU TEMPO, JUQUINHA, EU ERA O MELHOR ALUNO EM HISTÓRIA. SÓ
TIRAVA NOTA DEZ...
— TUDO BEM, VÔ. SÓ QUE TEM UM NEGÓCIO...
— QUE NEGÓCIO, JUQUINHA?
— NO SEU TEMPO HAVIA SESSENTA ANOS A MENOS DE HISTÓRIA PARA
ESTUDAR, NÉ?
Disponível em: piadas-infantis.blogspot.com. Acesso em: 30 mar. 2012.
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Questão 20
Professor(a)/Aplicador(a): leia para os alunos SOMENTE as instruções em que aparece
o megafone. Repita a leitura, no máximo, duas vezes.
Veja o cartaz:
Comentário: esta questão avalia a habilidade de inferir informações. O aluno conta com apoio gráÞ co do gênero
(cartaz), em um texto curto. No entanto este texto apresenta maior complexidade na relação entre linguagem
verbal e não verbal, o que exige a leitura para além do código linguís co.
Marque com um X o quadradinho que indica a mensagem que o cartaz quer passar.
AS CRIANÇAS PRECISAM TRABALHAR.(A)
(B)
(C)
(D)
AS CRIANÇAS QUE TRABALHAM FICAM INVISÍVEIS.
AS CRIANÇAS NÃO PODEM TRABALHAR.
AS CRIANÇAS GOSTAM DE TRABALHAR.