AVALIAÇÃO DO GRAU DE TORREFAÇÃO E DA QUALIDADE DOS … Carina Quintanilha... · CARINA...
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE FARMÁCIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS
PARA SAÚDE
CARINA QUINTANILHA DA SILVA
AVALIAÇÃO DO GRAU DE TORREFAÇÃO E DA QUALIDADE DOS GRÃOS DE
CAFÉ NOS SEUS IMPACTOS SOBRE A SAÚDE HUMANA
Niterói, RJ
2019
CARINA QUINTANILHA DA SILVA
AVALIAÇÃO DO GRAU DE TORREFAÇÃO E DA QUALIDADE DOS GRÃOS DE
CAFÉ NOS SEUS IMPACTOS SOBRE A SAÚDE HUMANA
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
graduação em Ciências Aplicadas a
Produtos para Saúde da Faculdade de
Farmácia da Universidade Federal
Fluminense como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre.
Campo de Confluência: Toxicologia
Orientadora:
Profª. Drª. Deborah Quintanilha Falcão – UFF
Coorientadora:
Profª. Drª. Elisa Raquel Anastácio Ferraz Avelino – UFF
Niterói, RJ
2019
Ficha catalográfica automática - SDC/BFF Gerada com informações fornecidas pelo autor
S586a Silva, Carina Quintanilha da Avaliação do grau de
torrefação e da qualidade dos grãos de café nos seus
impactos sobre a saúde humana / Carina Quintanilha da
Silva ; Deborah Quintanilha Falcão, orientador ; Elisa
Raquel Anastácio Ferraz Avelino, coorientador. Niterói,
2019. 101 f. : il.
Dissertação (mestrado)-Universidade Federal Fluminense,
Niterói, 2019.
DOI: http://dx.doi.org/10.22409/PPG-CAPS.2019.m.14759496777
1. Toxicologia. 2. Café. 3. Produção intelectual. I.
Quintanilha Falcão, Deborah, orientador. II. Raquel
Anastácio Ferraz Avelino, Elisa, coorientador. III.
Universidade Federal Fluminense. Faculdade de Farmácia. IV. Título.
CDD -
Bibliotecária responsável: Marcos Vinicius Mendonça - CRB7/4773
CARINA QUINTANILHA DA SILVA
AVALIAÇÃO DO GRAU DE TORREFAÇÃO E DA QUALIDADE DOS GRÃOS DE
CAFÉ NOS SEUS IMPACTOS SOBRE A SAÚDE HUMANA
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
graduação em Ciências Aplicadas a
Produtos para Saúde da Faculdade de
Farmácia da Universidade Federal
Fluminense como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre.
Campo de Confluência: Toxicologia
BANCA EXAMINADORA
Profª. Drª. Elisa Raquel Anastácio Ferraz Avelino – UFF
Prof. Dr. Israel Felzenszwalb – UERJ
Drª. Silvia Siag Oigman – Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino
Niterói, RJ
2019
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, por me fazer crescer com as dificuldades enfrentadas, dando-me
saúde, sabedoria e força para seguir em frente.
Aos meus pais, Ivonette e Carlos; às minhas irmãs, Carla e Camila; ao meu cunhado Flávio,
por acreditarem em mim, pelas palavras de conforto, orações e por todo amor. Aos meus
sogros e às minhas cunhadas, sem vocês eu não teria conseguido!
Ao meu namorado Rodrigo, pela ajuda e compreensão, pelo companheirismo e amor.
Obrigada por ter sido meu parceiro e maior incentivador!
À Universidade Federal Fluminense e Universidade do Estado do Rio de Janeiro pela
oportunidade de desenvolver este trabalho.
À CAPES e FAPERJ pelo fomento oferecido.
À minha orientadora Deborah e minha coorientadora Elisa pela dedicação, pelos
ensinamentos e por toda disponibilidade que me ofereceram.
Ao Israel Felzenszwalb, à Andréia Campos e às colaboradoras Mônica Marques e Silvia
Oigman por terem possibilitado a execução dos ensaios desenvolvidos neste trabalho.
Aos colegas do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da UFF e
do Laboratório de Mutagênse Ambiental do Departamento de Biofísica e Biometria da UERJ
pela companhia e apoio.
Às técnicas do Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Farmácia da UFF, Leila e Natália,
que se tornaram amigas e fizeram a diferença durante a minha caminhada. Obrigada pelos
conselhos, pela amizade e por todo carinho!
Às amigas que fiz durante o Mestrado, Gabriela, Daiana e Júlia. Obrigada pelo
companheirismo e incentivo, pela amizade e alegrias compartilhadas que foram fundamentais
para o cumprimento desta etapa.
À banca examinadora e a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para a conclusão
deste trabalho.
RESUMO
O café é uma das bebidas mais comercializadas mundialmente. Segundo dados de 2018 da
Organização Internacional do Café, o Brasil é o maior produtor e exportador mundial. Embora
alguns estudos apontem os benefícios do café para a saúde humana, as propriedades tóxicas
dessa bebida ainda não estão totalmente elucidadas. Sabe-se que durante o processo de
torrefação dos seus grãos pode ocorrer a formação de diversas substâncias potencialemente
tóxicas, dentre elas os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), os quais estão
associados à incidência de câncer em seres humanos devido ao seu potencial mutagênico e
carcinogênico. Além disso, é importante ressaltar que as variações da qualidade dos grãos
alteram a composição química do café, influenciando no seu potencial citotóxico, mutagênico
e genotóxico. Esse estudo objetivou avaliar a influência da qualidade dos grãos de café e do
grau de torrefação no que diz respeito à mutagenicidade, citotoxicidade e genotoxicidade.
Foram utilizadas seis amostras de grãos de café moídos e torrados, divididas em grãos de
qualidade comercial e especial e torras clara, média e escura. As amostras foram enumeradas
com códigos a fim de se realizar ensaios cegos (café de qualidade comercial: 445 (torra clara
– Agtron 95), 659 (torra média – Agtron 65) e 762 (torra escura – Agtron 45); café de
qualidade especial: 917 (torra clara – Agtron 75), 823 (torra média – Agtron 55) e 935 (torra
escura – Agtron 35)). Todas as amostras pertencem à espécie Coffea arabica. O preparo das
bebidas foi feito com água destilada em cafeteira elétrica. As amostras foram liofilizadas e o
resíduo seco foi ressuspendido em água destilada estéril em concentrações apropriadas para os
ensaios. De acordo com o teste de mutagenicidade Salmonella/microssoma, a maior
concentração avaliada da amostra 762 induziu mutagenicidade quando testada com a cepa
TA98 em ausência de um sistema metabolicamente ativo. Pelo ensaio de viabilidade
utilizando Water Soluble Tetrazolium salt -1 (WST-1), pode-se observar que houve uma
redução dose-dependente da viabilidade das células de hepatocarcinoma HepG2 após a
exposição ao extrato de todas as amostras de café. Segundo o ensaio de micronúcleo (MN),
nenhuma das amostras avaliadas foi capaz de induzir clastogenicidade ou aneugenicidade nas
células cancerosas de fígado nas condições empregadas. Os resultados foram estatisticamente
avaliados usando ANOVA, seguida da análise de Dunnett (análise de significância a 5%). As
amostras 445, 659, 762 e 823 apresentaram naftaleno na sua composição química e todas as
seis amostras analisadas contêm cafeína. Através dos resultados obtidos, identificou-se uma
correlação entre a qualidade dos grãos, o grau de torrefação e os efeitos prejudiciais do café
para a saúde humana.
Palavras-chave: Torrefação. Coffea arabica. Mutagenicidade. Citotoxicidade.
Genotoxicidade.
ABSTRACT
Coffee is one of the most commercialized beverages in the world. According to 2018 data
from the International Coffee Organization, Brazil is the world's largest producer and
exporter. Although some studies point to the benefits of coffee to human health, the toxic
properties of this beverage are not yet fully elucidated. It is known that during the process of
roasting of its grains may occur the formation of several potentially toxic substances, among
them polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs), which are associated with the incidence of
cancer in humans due to its mutagenic and carcinogenic potential. In addition, it is important
to note that variations in grain quality alter the chemical composition of coffee, influencing its
cytotoxic, mutagenic and genotoxic potential.This study aimed to evaluate the influence of
coffee bean quality and degree of roasting with regard to mutagenicity, cytotoxicity and
genotoxicity. Six samples of ground and roasted coffee beans were used, divided into grains
of commercial and special quality and light, medium and dark roasted beans. The samples
were enumerated with codes to perform blind tests (coffee of commercial quality: 445 (light
roast - Agtron 95), 659 (medium roast - Agtron 65) and 762 (dark roast - Agtron 45); coffee
of special quality: 917 (light roast - Agtron 75), 823 (medium roast - Agtron 55) and 935
(dark roast - Agtron 35)). All samples belong to the species Coffea arabica. The drinks were
prepared with distilled water in an electric coffee maker. The samples were lyophilized and
the dried residue was resuspended in sterile distilled water at appropriate concentrations for
the assays. According to the Salmonella/microsome mutagenicity test, the highest assessed
concentration of sample 762 induced mutagenicity when tested with strain TA98 in the
absence of a metabolically active system. By the viability assay using Water Soluble
Tetrazolium salt -1 (WST-1), it can be seen that there was a dose-dependent reduction of the
viability of HepG2 hepatocarcinoma cells after exposure to the extract of all coffee samples.
According to the micronucleus (MN) assay, none of the samples tested was able to induce
clastogenicity or aneugenicity in liver cancer cells under the conditions applied. The results
were statistically evaluated using ANOVA, followed by the Dunnett analysis (5%
significance analysis). Samples 445, 659, 762 and 823 showed naphthalene in their chemical
composition and all six samples analyzed contained caffeine. Through the results obtained, a
correlation was found between the quality of the beans, the roasting degree and the harmful
effects of coffee on human health.
Keywords: Roasting. Coffea arabica. Mutagenicity. Cytotoxicity. Genotoxicity.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Frutos do café em seus diferentes estágios de maturação, p. 22
Figura 2 Café arábica, p. 23
Figura 3 Planta do tipo “conilon” (A) e planta do tipo “robusta” (B)
pertencentes ao genótipo da Coffea canephora, p. 24
Figura 4 Baga ou cereja do café, p. 26
Figura 5 Discos do sistema Agtron/SCAA (Specialty Coffee Association of
America) Roast Classification Color Disk apresentados frente (A e
C) e verso (B e D), p. 29
Figura 6 A ativação enzimática do benzo(a)pireno em diol epóxidos na
formação de adutos de DNA, p. 36
Figura 7 Cromatograma total de íons da amostra 445, p. 51
Figura 8 Cromatograma total de íons da amostra 659, p. 52
Figura 9 Cromatograma total de íons da amostra 762, p. 53
Figura 10 Cromatograma total de íons da amostra 917, p. 54
Figura 11 Cromatograma total de íons da amostra 823, p. 55
Figura 12 Cromatograma total de íons da amostra 935, p. 56
Figura 13 Curva dose-resposta para a amostra de café 445 testada com a cepa
TA98 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p. 57
Figura 14 Curva dose-resposta para a amostra de café 445 testada com a cepa
TA100 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p.
58
Figura 15 Curva dose-resposta para a amostra de café 659 testada com a cepa
TA98 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p. 59
Figura 16 Curva dose-resposta para a amostra de café 659 testada com a cepa
TA100 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p.
60
Figura 17 Curva dose-resposta para a amostra de café 762 testada com a cepa
TA98 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p. 61
Figura 18 Curva dose-resposta para a amostra de café 762 testada com a cepa
TA100 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p.
62
Figura 19 Curva dose-resposta para a amostra de café 917 testada com a cepa
TA98 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p. 63
Figura 20 Curva dose-resposta para a amostra de café 917 testada com a cepa
TA100 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p.
64
Figura 21 Curva dose-resposta para a amostra de café 823 testada com a cepa
TA98 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p. 65
Figura 22 Curva dose-resposta para a amostra de café 823 testada com a cepa
TA100 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p.
66
Figura 23 Curva dose-resposta para a amostra de café 935 testada com a cepa
TA98 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p. 67
Figura 24 Curva dose-resposta para a amostra de café 935 testada com a cepa
TA100 na presença e ausência de metabolização exógena (S9), p.
68
Figura 25 Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com
diferentes concentrações da amostra de café 445 por 24, 48 e 72
horas, p. 69
Figura 26 Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com
diferentes concentrações da amostra de café 659 por 24, 48 e 72
horas, p. 70
Figura 27 Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com
diferentes concentrações da amostra de café 762 por 24, 48 e 72
horas, p. 71
Figura 28 Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com
diferentes concentrações da amostra de café 917 por 24, 48 e 72
horas, p. 72
Figura 29 Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com
diferentes concentrações da amostra de café 823 por 24, 48 e 72
horas , p. 73
Figura 30 Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com
diferentes concentrações da amostra de café 935 por 24, 48 e 72
horas, p. 74
Figura 31 Número de micronúcleos (MN) por 700 células (HepG2)
binucleadas tratadas com diferentes concentrações das amostras de
café 445, 659 e 762, respectivamente, por 24 horas, p. 76
Figura 32 Número de micronúcleos (MN) por 700 células (HepG2)
binucleadas tratadas com diferentes concentrações das amostras de
café 917, 823 e 935, respectivamente, por 24 horas, p. 77
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 As características do café arábica e robusta, p. 25
Tabela 2 Estrutura dos principais hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs) de baixa massa molecular, p. 32
Tabela 3 Estrutura dos principais hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs) de alta massa molecular, p. 33
Tabela 4 Potencial carcinogênico dos principais hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPAs), p. 35
Tabela 5 Limite máximo tolerado (LMT) de hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos em alimentos em diferentes países, p. 39
Tabela 6 Níveis de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos estabelecidos
pelo FDA (Food and Drug Administrarion) em frutos do mar, p. 40
Tabela 7 Características genéticas das linhagens de Salmonella
Typhimurium, p. 46
Tabela 8 Taxa de reversão/placa esperada para cada linhagem de Salmonella
Typhimurium, p. 46
Tabela 9 Rendimento dos extratos das amostras de café após a liofilização,
p. 50
Tabela 10 Valores de IC50 (inhibitory concentration of 50%) das amostras de
café usadas no tratamento das células HepG2 durante 72 horas, p.
75
Tabela 11 Valores de CBPI (Cytokinesis-Block Proliferation Index), %RI
(Replication Index) e %Citostática para as células HepG2 tratadas
com diferentes concentrações das amostras de café 445, 659 e 762
por 24 horas, p. 78
Tabela 12 Valores de CBPI (Cytokinesis-Block Proliferation Index), %RI
(Replication Index) e %Citostática para as células HepG2 tratadas
com diferentes concentrações das amostras de café 917, 823 e 935
por 24 horas, p. 79
LISTA DE ABREVIATRURAS
ABIC Associação Brasileira da Indústria de Café
ACM Acrilamida
ALARA As Low As Reasonably Achievable
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Apr Ampicilina resistente
ATSDR Agency for Toxic Substances and Disease Registry
Δbio Dependência à biotina
B(a)A Benzo(a)antraceno
B(a)P Benzo(a)pireno
B(b)F Benzo(b)fluoranteno
B(j)F Benzo(j)fluoranteno
B(k)F Benzo(k)fluoranteno
CBPI Cytokinesis-Block Proliferation Index
CG-EM Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas
ChR Criseno
CONTAM Panel on Contaminants in the Food Chain
CYP Citocromo
DeP Dibenzo(a,e)pireno
DhA Dibenzo(a,h)pireno
DhP Dibenzo(a,h)pireno
DiP Dibenzo(a,i)pireno
DlP Dibenzo(a,l)pireno
DMEM Dulbecco's Modified Eagle Medium
DNA Deoxyribonucleic acid
Dr. Doutor
Drª. Doutora
EC European Commission
ECC European Consumer Center
EFSA European Food Safety Autority
EPA Environmental Protection Agency
FAO Food and Agriculture Organization
FDA Food and Drug Administrarion
GSH Glutationa
HepG2 Linhagem celular de hepatocarcioma humano
his Mutação responsável pela síntese de histidina
HPAs Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
IARC International Agency for Research on Cancer
IC50 Inhibitory Concentration of 50%
ICO International Coffee Organization
IcP Indeno(1,2,3-c,d)pireno
IPCS International Programme on Chemical Safety
LDL Low Density Lipoprotein
LMT Limite máximo tolerado
5MC 5-Metilcriseno
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MN Micronúcleo
MOE Margin of exposure
MSD Mass Spectrometric Detector
NADP Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato
NIST National Institute of Standards and Technology
OECD Organisation for Economic Co-operation and Development
PBS Phosphate Buffered Saline
pKM101 Plasmídeo
Prof. Professor
Profª. Professora
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
rfa Permeabilidade da membrana de lipopolissacarídeos
RI Replication Index
RJ Rio de Janeiro
rpm Rotação por minuto
S9 Sistema de ativação metabólica a base de mitocôndrias de células
de fígado de rato
SCAA Specialty Coffee Association of America
SCF Scientific Committeeon Food
TA100 Cepa de Salmonella Typhimurium
TA98 Cepa de Salmonella Typhimurium
ΔuvrB Deleção do gene uvrB
UFF Universidade Federal Fluminense
USDA United State Department of Agriculture
WHO World Health Organization
WST-1 Water Soluble Tetrazolium salt -1
SUMÁRIO
1. Introdução, p. 16
1.1 Justificativa, p. 18
2. Objetivos, p. 19
2.1 Objetivo geral, p. 19
2.2 Objetivos específicos, p. 19
3. Revisão Bibliográfica, p. 20
3.1 História do café, p. 20
3.2 Caracterização do café, p. 21
3.2.1 Coffea arabica L., p. 22
3.2.2 Coffea canephora Pierre ex Froehner, p. 24
3.3 Processamento do café, p. 25
3.3.1 Torrefação dos grãos de café, p. 27
3.4 Formação de compostos tóxicos após a torrefação, p. 30
3.5 Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), p. 31
3.6 Legislação sobre HPAs em alimentos, p. 37
3.6.1 Brasil, p. 37
3.6.2 União Europeia, p. 38
3.6.3 Estados Unidos, p. 40
3.7 Mutação e câncer, p. 41
4. Material e Métodos, p. 44
4.1 Preparo das amostras, p. 44
4.2 Análise Química, p. 44
4.3 Teste de mutagenicidade Salmonella/microssoma, p. 45
4.4 Cultivo das células, p. 46
4.5 Ensaio de citotoxicidade WST-1, p. 47
4.6 Ensaio de micronúcleo (MN), p. 48
4.7 Análise Estatística, p. 49
5. Resultados, p. 50
5.1 Rendimento dos extratos das amostras de café, p. 50
5.2 Análise Química, p. 50
5.3 Teste de mutagenicidade Salmonella/microssoma, p. 57
5.3.1 Amostra 445, p. 57
5.3.2 Amostra 659, p. 59
5.3.3 Amostra 762, p. 61
5.3.4 Amostra 917, p. 63
5.3.5 Amostra 823, p. 65
5.3.6 Amostra 935, p. 67
5.4 Ensaio de citotoxicidade WST-1, p. 69
5.5 Ensaio de micronúcleo (MN), p. 75
6. Discussão, p. 80
7. Conclusão, p. 86
8. Referências Bibliográficas, p. 87
16
1. Introdução
O cafeeiro pertence à família Rubiaceae e existem mais de 70 espécies do gênero
Coffea L.. Apenas duas espécies são mundialmente comercializadas: Coffea arabica (arábica),
considerada mais nobre e fornecedora de 63% da produção mundial; e Coffea canephora
(robusta) que é considerada mais ácida, mais resistente a pragas e fornece 37% da produção
mundial (ETIENNE, 2005, p. 167-168; BELITZ, GROSCH, SCHIEBERLE, 2009; ICO,
2017a).
O café é uma das bebidas mais comercializadas mundialmente. Em 2016/17, mais de
9 milhões de toneladas foram consumidas no mundo (ICO, 2018a). O setor cafeeiro possui
grande participação no comércio do Brasil. Em 2017, mais de 100 milhões de sacas foram
produzidas (ICO, 2018b), garantindo ao país a primeira posição entre os maiores produtores e
exportadores mundiais de café (ICO, 2018b, c). A estimativa da produção mundial para
2018/19 está prevista em 171,2 milhões devido à produção recorde do Brasil (USDA, 2018).
Muitos estudos epidemiológicos têm mostrado os benefícios do café para a saúde
humana, como efeito antioxidante (GÓMEZ-RUIZ, LEAKE, AMES, 2007), antibacteriano
(MECKELBURG et al., 2014), anti-inflamatório, antiobesidade (JIA et al., 2014) e redução
dos riscos de incidência de diabetes tipo 2 (AKASH et al., 2014), mas suas propriedades
tóxicas ainda não estão totalmente estabelecidas.
De acordo com Daglia e colaboradores (2000), além de levar a mudanças na
composição química e nas atividades biológicas do café, o processo de torrefação pode gerar
compostos orgânicos resultantes da pirólise. O processamento do café por via úmida inicia-se
com a retirada da polpa e da casca (PANDEY et al., 2000). No método por via seca, essa
remoção acontece durante o beneficiamento. A torrefação dos grãos é uma das principais
etapas do processamento do café. Ela é dependente da temperatura e do tempo e contribui
para a excelência do produto final (FRANCA, MENDONÇA, OLIVEIRA, 2005; FUJIOKA,
SHIBAMOTO, 2008; HERNÁNDEZ, HEYD, TRYSTRAM, 2008). Durante essa etapa,
vários compostos são formados, dentre eles, os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs) (DAGLIA et al., 2000).
Os HPAs são compostos orgânicos formados por processos de combustão incompleta
de matérias orgânicas em função da temperatura de pirólise. Esses compostos podem ser
contaminantes do solo, ar, corpos hídricos e alimentos e estão associados à incidência de
câncer em seres humanos devido ao seu potencial mutagênico e carcinogênico (IARC, 1983;
17
IPCS, 1998). Os hidrocarbonetos podem penetrar no organismo por inalação, pelo contato
com a pele ou por ingestão (HATTERMER-FREY, TRAVIS, 1991).
Ainda, é importante ressaltar que entre as substâncias presentes na composição
química do café, apenas a cafeína é termoestável. As demais substâncias, como proteínas,
açúcares, ácido clorogênico, trigonelina e gordura podem ser transformadas em formas
reativas durante a torrefação e causar danos à saúde humana (TRUGO, MACRAE, 1984;
GINZ et al., 2000; LIMA, 2003; TRUGO, 2003; RAWEL, KULLING, 2007).
Como corroborado por Feria-Morales (2002), a qualidade do café baseia-se em testes
de odor e sabor, bem como na avaliação do tamanho, da cor, forma e dureza dos grãos. A
Classificação Oficial Brasileira determina que a qualidade seja classificada de acordo com os
tipos ou defeitos, que podem ser intrínsecos ou extrínsecos. Os defeitos intrínsecos são mais
determinantes para a qualidade do café. Eles são provenientes da aplicação inadequada dos
processos agrícolas e industriais, além dos fatores fisiológicos e genéticos. Os principais
defeitos intrínsecos são: grãos pretos, ardidos, verdes, brocados, com formação incompleta ou
murchos (BÁRTHOLO, GUIMARÃES, 1997).
18
1.1 Justificativa
O café é uma das bebidas mais comercializadas no mundo, sendo o Brasil o maior
produtor e exportador mundial (ICO, 2018b, c).
Durante a etapa de torrefação dos grãos pode ocorrer a formação de compostos
químicos potencialmente tóxicos. A produção desses agentes contaminantes varia de acordo
com a temperatura e o tempo de torra utilizados. Sendo assim, este estudo avaliou a influência
de diferentes graus de torrefação nos efeitos prejudiciais do café para a saúde humana. Além
disso, as variações da qualidade dos grãos também estão relacionadas com a composição
química do café, o que pode interferir no seu potencial citotóxico, mutagênico e genotóxico.
Assim, devido ao grande consumo mundial de café, à formação de compostos
associados à incidência de câncer durante a torrefação (IARC, 1983; IPCS, 1998) e às
variações da qualidade dos grãos, pode-se concluir que a população que consome essa bebida
está exposta aos seus possíveis efeitos deletérios.
19
2. Objetivos
2.1 Objetivo geral
Avaliar a influência da qualidade dos grãos de café e do grau de torrefação nos seus
impactos sobre a saúde humana.
2.2 Objetivos específicos
Para atingir esse objetivo são propostos os seguintes objetivos específicos:
1) Preparar as bebidas com as amostras de café produzidas com diferentes qualidades
de grãos e diferentes graus de torrefação;
2) Avaliar o potencial mutagênico das amostras utilizando o ensaio
Salmonella/microssoma;
3) Avaliar a citotoxicidade das amostras em células de hepatocarcinoma da linhagem
HepG2 utilizando o ensaio de Water Soluble Tetrazolium salt -1 (WST-1);
4) Avaliar o potencial genotóxico das amostras utilizando o ensaio de micronúcleo
em células de hepatocarcinoma da linhagem HepG2;
5) Analisar os constituintes químicos presentes nas amostras.
20
3. Revisão Bibliográfica
3.1 História do café
O café é consumido há mais de mil anos (SOBÉSA CAFÉ, 2008) e hoje é uma das
bebidas de maior consumo mundial (Van DONGEN et al., 2017). A Arábia foi responsável
pela difusão da sua cultura. Os manuscritos mais antigos que mencionam a bebida datam de
575 no Iêmen. Somente no século XVI na Pérsia, o café passou a ser consumido de maneira
tradicional (NEVES, 1974).
O café começou a ser degustado na Europa em 1615, trazido pelos viajantes. Os
franceses, alemães e italianos procuravam desenvolver plantações em suas colônias. Os
holandeses conseguiram as primeiras mudas e as cultivaram em Amsterdã, transformando o
café em uma das bebidas mais consumidas no continente, tornando-se parte definitiva dos
hábitos europeus. Em seguida, os franceses receberam uma muda de café pelo major de
Amsterdã e começaram a cultivar nas ilhas de Sandwich e de Bourbon (NEVES, 1974). Com
as experiências holandesa e francesa, o cultivo foi levado para outras colônias europeias. O
crescimento do mercado europeu favoreceu a expansão da plantação nos países africanos e
através dos colonos, o café chegou a Porto Rico, Cuba, Suriname, São Domingos, Guianas e
finalmente, ao norte do Brasil (TAUNAY, 1939).
Em 1727, Francisco de Melo Palheta trouxe o café da Guiana Francesa para o Belém
do Pará. No Brasil, o cultivo passou pelos estados do Maranhão, Rio de Janeiro, Paraná,
Espírito Santo, da Bahia, de Minas Gerais e São Paulo. Rapidamente, o café passou a ser o
produto base da economia brasileira (ABIC, 2008). As primeiras plantações comerciais foram
instituídas no Vale do Paraíba por volta de 1761 (CARVALHO, 1993).
O ano de 1808 foi marcante na formação da cafeicultura brasileira. O reordenamento
econômico e político no Rio de Janeiro, nova sede do Império português, ativou notavelmente
o rumo das atividades mercantis em toda a região centro-sul do país. Com a abertura dos
portos, estabeleceu-se o livre intercâmbio do Brasil com o mercado mundial. A outra face do
impulso à cafeicultura residiu no tráfico transatlântico negreiro (MARQUESE, TOMICH,
2009, p. 339-383). Grande parte dessa oferta de trabalho foi canalizada para a expansão da
fronteira cafeeira. O Vale do Paraíba, relativamente próximo ao porto do Rio de Janeiro,
passou por uma política de ocupação nas duas primeiras décadas de XIX. Devido às suas
condições geoecológicas, o café era o produto ideal a ser explorado pelos senhores de
escravos que passaram a investir na região (MARQUESE, SALLES, 2015, p. 100-129).
21
A economia cafeeira assumiu papel fundamental no desenvolvimento econômico do
Brasil, sendo a atividade agrícola precursora das regiões mais dinâmicas. Desde então, o país
sempre esteve entre os maiores produtores e expostadores de café (PONCIANO, 1995).
Atualmente, a cultura dessa bebida é praticada em todos os continentes e os principais países
produtores estão na América do Sul (Brasil e Colômbia) (ICO, 2018b).
3.2 Caracterização do café
O cafeeiro pertence à família Rubiaceae, subfamília Ixoroideae e compreende os
gêneros Coffea L. e Psilanthus Hook.f. Esses gêneros agrupam 124 espécies que ocorrem
naturalmente na zona intertropical que cobre os continentes da América, África, Ásia e
Oceania (DAVIS et al., 2011). As plantas do gênero Coffea e Psilanthus são caracterizadas
por árvores e arbustos perenes, de madeira dura e densa, com ramificação plagiotrópica,
inflorescências axilares pareadas, calículo presente e geralmente visível, cálice truncado a
ondulado ou levemente lobado, corolas brancas ou raramente róseas, flores hermafroditas,
botões florais com pétalas contorcidas para a esquerda e sobrepostas. O fruto drupáceo
contém duas sementes plano-convexas, sulcadas longitudinalmente em sua face plana, que
constituem os grãos característicos do café (DAVIS et al., 2006; MAURIN et al., 2007).
Os gêneros Coffea e Psilanthus diferem basicamente quanto à morfologia floral. Em
Coffea, as anteras e o estilo são proeminentes, ficando visíveis acima da corola. Já em
Psilanthus, a corola é tubular e longa, as anteras e o estigma são inclusos e não transpõem a
corola (LASHERMES et al., 1997; CROS et al., 1998; DAVIS et al., 2006, 2011).
Apenas três espécies apresentaram características favoráveis ao cultivo para
exploração comercial: Coffea arabica L., Coffea canephora Pierre ex Froehner e Coffea
liberica Bull. ex Hiern. Atualmente, somente as duas primeiras espécies têm importância
econômica em escala mundial (ICO, 2018a), pois as plantações de Coffea liberica foram
dizimadas por uma epidemia de traqueomicose, causada pelo fungo Fusarium xylarioides,
durante as décadas de 1940 e 1950 (DORÉ, VAROQUAUX, 2006). Além disso, entre as três
espécies, a Coffea liberica possui menor aceitabilidade para o consumo (ICO, 2019). A
Coffea arabica é um arbusto originário da Etiópia e se desenvolve em altitudes elevadas (600-
2200 m), enquanto as plantações de Coffea canephora se adaptam em altitudes abaixo de 800
m (ILLY, VIANI, 1995; COMITÉ FRANÇAIS DU CAFÉ, 1997).
Na maioria das áreas de cultivo, há uma colheita anual. A seleção do período para a
colheita é fundamental, uma vez que se os frutos não estiverem maduros, os grãos não estarão
22
plenamente desenvolvidos ou amadurecidos no seu interior e não amadurecerão após serem
colhidos; e se os frutos estiverem maduros demais, os grãos não poderão ser aproveitados.
Como há o amadurecimento em tempos diferentes, o método mais recomendado é a colheita
dos frutos maduros, conhecidos como cerejas, e o retorno aos mesmos arbustos a cada dez
dias, até que a colheita seja completa (LUNA-FILHO, 2004). Mesmo em regiões apropriadas
para o cultivo do café, as alterações nas condições climáticas podem provocar maturações não
uniformes ocasionando a presença de frutos verdes ou a ocorrência de fermentações
indesejáveis. Dessa forma, é importante o estabelecimento de um estágio ideal de maturação
fisiológica para a colheita dos grãos de café (MALTA, CHAGAS, OLIVEIRA, 2003). A
Figura 1 mostra os estágios de maturação.
Figura 1: Frutos do café em seus diferentes estágios de maturação. Fonte: MARCOLAN,
ESPINDULA, 2015.
3.2.1 Coffea arabica L.
Devido à qualidade mais nobre da bebida, Coffea arabica corresponde a 63% do café
consumido mundialmente (ICO, 2017b). As plantas dessa espécie são autógamas,
alotetraploides verdadeiras (2n = 4X = 44) e suas formas de cultivo para exploração comercial
apresentam pequena variabilidade genética. A diversidade genética da espécie é nativa dos
territórios altos do sudoeste da Etiópia e do Sudão. As plantas de café arábica (Figura 2) são
arbustos monocaules, com até 4 m de altura. As folhas são sublanceoladas ou ovaladas, os
bordos são ondulados e medem cerca de 10-15 cm de comprimento por 4-6 cm de largura. A
coloração predominante é verde escuro e a epiderme superior apresenta aspecto brilhante. Nos
vértices formados entre as nervuras principal e secundárias, costumam ocorrer pequenas
cavidades denominadas domácias. As flores são hermafroditas e agrupadas em conjuntos de
8-15, formando os glomérulos. A base de cada flor é composta por um pedicelo de 1-3 mm de
comprimento e um cálice curto. Geralmente, tem cinco pétalas que são soldadas e formam a
23
corola que mede cerca de 8-10 mm longitudinais. A partir de cada pétala surge um filete curto
de onde se fixam anteras lineares de 6-8 mm na extremidade. O pistilo é constituído por um
tubo longo medindo de 12-15 mm que se projeta, a partir do ovário até acima da corola,
culminando com um estigma bífido. O fruto é uma drupa ovóide bilocular e quando madura
pode apresentar coloração vermelha ou amarela. O endocarpo é considerado como
frutescência. As sementes, geralmente em número de duas, são envolvidas pelo endocarpo,
que é chamado de pergaminho e cobertas por um perisperma fino, chamado de película
prateada. O grão é comercialmente conhecido como fava e é composto pelo endosperma, que
apresenta coloração verde azulado. O endosperma é rico em polissacarídeos (50-55% da
matéria seca do grão), proteínas (11-13%) e lipídeos (12-18%). Essas características estão
intimamente relacionadas com o sabor e aroma e podem variar em função da localização do
plantio, processamento do cultivo, controle fitossanitário e ocorrência de defeitos nos grãos
(CORTEZ, 2001).
Figura 2: Café arábica. Fonte: MARCOLAN, ESPINDULA, 2015.
24
3.2.2 Coffea canephora Pierre ex Froehner
O café canéfora ou café robusta é uma espécie diploide (2n = 2x = 22), estritamente
alógama, nativo das florestas baixas da África equatorial. É cultivado em países da África
Central e Ocidental, no sudeste da Ásia e na América do Sul. Devido ao maior teor de sólidos
solúveis em comparação com o café arábica e por apresentar maior rendimento após o
processo de torra, o café canéfora é o componente principal dos cafés solúveis, participando
com mais de 80% na composição desses. Atualmente, o café canéfora corresponde a cerca de
36% das exportações mundiais de café (ICO, 2013).
Desde o final do século XIX, o termo “café robusta” tem sido usado para designar a
espécie Coffea canephora. No entanto, no Brasil, as variedades dessa espécie que apresentam
maior porte e vigor também são chamadas de “robustas”; e as mais compactas são chamadas
de “conilon” que são amplamente cultivados no Espírito Santo, Rondônia e extremo sul da
Bahia. O genótipo do tipo “robusta” são plantas mais altas, vigorosas, de folhas e frutos
maiores, com maior resistência à ferrugem, maior sensibilidade à seca e melhor qualidade de
bebida (MUSOLI et al., 2009). A Figura 3 mostra comparativamente os dois tipos de
genótipos da Coffea canephora.
As diferenças entre o café arábica e o robusta estão resumidas na Tabela 1.
Figura 3: Planta do tipo “conilon” (A) e planta do tipo “robusta” (B) pertencentes ao genótipo
da Coffea canephora. Fonte: MARCOLAN, ESPINDULA, 2015.
25
Tabela 1: As características do café arábica e robusta.
Características do café verde
Parâmetro Café arábica Café robusta
Clima ideal Temperado Úmido e quente
Altitude (m) 600-2200 0-800
Temperatura (°C) 15-24 16-36
Pluviosidade (mm/ano) 1200-2200 2200-3000
Cromossomas 44 22
Folha Pequena e oval Grande e larga
Flor, de branca a rosa Pequena Grande
Forma do fruto (cereja) Elipsoidal, oblongo e de 15 mm Elipsoidal e de 12 mm
Amadurecimento 7-9 meses 9-11 meses
Semente (mm) 5-13 e oval convexa 4-8 e arredondada
Fonte: Adaptado de ILLY, VIANI, 1995.
3.3 Processamento do café
A aceitabilidade do café está relacionada aos fatores que são afetados durante as
fases pré e pós-colheita dos grãos e com os métodos de preparo da bebida. Os atributos de
classificação estão vinculados às condições naturais, como solo, clima, chuva e altitude; e aos
cuidados adotados no cultivo, que consistem na adubação, poda, seleção para colheita e
manipulação (LUNA-FILHO, 2004).
Os grãos de café correspondem às sementes do cafeeiro. Essas se encontram
envolvidas por uma polpa, constituindo a baga ou cereja (Figura 4) que vai adquirindo
tonalidade avermelhada ou amarela conforme amadurece. Embaixo da casca vermelha, existe
uma polpa carnuda péctico-gelatinosa (mesocarpo), seguida por uma camada viscosa
(endocarpo ou pergaminho). O conjunto dessas três camadas constitui o pericarpo
(PRODOLLIET, 1996, p. 304-338.). Na maioria das vezes, no interior de todas essas
camadas, existem duas sementes que são os grãos de café propriamente ditos, podendo variar
em tamanho, tonalidade, forma e densidade, de acordo com as condições de crescimento e o
genótipo. A estrutura celular do grão de café é caracterizada por paredes bem grossas que
tornam as sementes muito duras. Geralmente, as cerejas são colhidas após cinco anos de
plantação, quando o fruto fica vermelho ou amarelo (ARYA, RAO, 2007).
26
Figura 4: Baga ou cereja do café. Fonte: CASAL, 2004.
O processamento do café inicia-se com a conversão das cerejas em grãos de café
verde, com a remoção da polpa e do casco através do método úmido ou seco (PANDEY et al.,
2000). O método seco, comumente usado no Brasil, é tecnologicamente mais simples quando
comparado ao método úmido. Após ser colhido, o café é abanado de forma a retirar parte das
impurezas, como gravetos e folhas, por exemplo. Posteriormente, é feita uma lavagem que
possibilita a retirarada do restante das impurezas e separa os frutos em diferentes estágios de
maturação. Nessa etapa, os frutos verdes e cerejas por serem mais pesados, afundam na água.
Já os frutos passas e secos, que são mais leves, boiam e são retirados primeiro. Em seguida, os
frutos passam pela despolpadora e as sementes são levadas para o separador rotatório para
remoção da polpa remanescente. Depois, na etapa de fermentação que ocorre em grandes
tanques de concreto, a mucilagem aderida é quebrada pela ação enzimática e as sementes são
lavadas (SMITH, 1989). A produção de compostos orgânicos voláteis durante a fermentação
resulta em um café com uma maior qualidade de aroma (GONZALEZ-RIOS et al., 2007a, b).
Posteriormente, as sementes são secas em secadores mecânicos ou ao sol (SMITH, 1989). No
processamento por via seca, após a colheita, o café é colocado em um espaço apropriado, com
uma camada de aproximadamente 5 cm de espessura e é misturado constantemente até que
esteja completamente seco. Durante a noite, o café é coberto e esse processo dura em torno de
três semanas. Em ambas as vias de beneficiamento, a umidade final não deve ultrapassar 12%
(SMITH, 1989).
Após a secagem, o café está preparado para os estágios finais de limpeza,
processamento, descascamento, beneficiamento e classificação, onde se avalia o odor, sabor,
tamanho, a forma, cor, dureza e presença de imperfeições nos grãos (FERIA-MORALES,
2002). O café verde é enviado para a indústria onde ocorre o processo de torrefação que
27
consiste na aplicação considerável de calor ao grão até que sua cor atinja tonalidade marrom.
Logo após, é feito um resfriamento por corrente de ar ou por um spray com água. Durante a
torrefação, o grão de café sofre duas transformações: o estágio inicial dura cerca de 80% do
tempo do processo e a cor do grão é gradualmente modificada até atingir o marrom; no
segundo estágio, ocorre a pirólise com dilatação do grão e um escurecimento seguido da
emissão de uma fumaça oleosa e estalos carcterísticos. Dessa maneira, há uma rápida
mudança química que só é interrompida após o resfriamento rápido. O grão de café após ser
torrado mantém as características de “flavour” por aproximadamente uma semana, sob
condições normais de temperatura e pressão (SMITH, 1989). As transformações do café
dependem, principalmente, da estabilidade dos seus diversos componentes ao calor aplicado
durante o processo de torrefação. O grau de torrefação pode ser medido pela variação da cor
ou pela diminuição do peso que é proveniente da perda de umidade e de uma fração de
material orgânico volatilizado durante essa etapa (SABBAGH, YOKOMISO, 1976).
3.3.1 Torrefação dos grãos de café
A torrefação dos grãos de café é uma etapa muito importante, uma vez que
propriedades organolépticas específicas (sabores, aromas e cor) são desenvolvidas (FRANCA,
MENDONÇA, OLIVEIRA, 2005; FUJIOKA, SHIBAMOTO, 2008; HERNÁNDEZ, HEYD,
TRYSTRAM, 2008). Esse processo é dependente da temperatura e do tempo e é responsável
por várias alterações na composição química e nas atividades biológicas do café. Nessa etapa,
ocorrem diversas reações químicas. Os compostos polifenólicos, por exemplo, são
transformados em uma mistura complexa de produtos decorrentes da reação de Maillard,
responsável pelo escurecimento não enzimático (CZERNY, MAYER, GROSCH, 1999;
SACCHETTI et al., 2009). Essa reação ocorre durante o processamento térmico e/ou
armazenamento prolongado de alimentos contendo proteínas e açúcares redutores
(FRIEDMAN, 1996; NUNES, BAPTISTA, 2001), formando produtos voláteis de odor
característico e que provêm, em grande parte, da degradação de Strecker (PARLIMENT,
1994). A reação de Maillard inicia-se com o ataque nucleofílico do grupamento α-carbonílico
de um açúcar redutor ao grupo amina presente nas proteínas, por exemplo (NUNES,
BAPTISTA, 2001; FINOT, 2005). No procedimento de torrefação, também ocorre a formação
de compostos orgânicos resultantes da pirólise (DAGLIA et al., 2000), os compostos de
enxofre são alterados por oxidação e degradação térmica e/ou hidrólise (KUMAZAWA,
28
MASUDA, 2003) e o teor de vanilina aumenta consideravelmente durante esse processo
(CZERNY, GROSCH, 2000).
O grau de torrefação pode ser monitorado visualmente seguindo a experiência do
torrefador. Não existe uma maneira direta de monitorar esse processo, a não ser pelo
termômetro da máquina de torra que indica a temperatura da massa do grão. Diante disso, a
Specialty Coffee Association of America (SCAA) e a empresa norte americana Agtron criaram
padrões aceitos internacionalmente para o monitoramento indireto, ou seja, fora do forno. Foi
criada uma escala de 0 a 100, determinada através da absorção de luz infravermelha pelo grão
ou pó de café. Ela é dividida em intervalos de dez valores, chamados de número agtron. Cada
um desses números corresponde a um intervalo de temperatura e quanto mais alto for o grau
de torrefação, menor será esse número. Existem outros padrões para monitorar a torra, mas
esse é o mais aceito. A Agtron desenvolveu um espectrômetro de infravermelho para
determinar o grau de torrefação e criou discos de diferentes tonalidades conforme os padrões
definidos na escala. Assim, a SCAA padronizou o controle da torrefação através de
comparações visuais usando esses discos e o espectrômetro de infravermelho (MELO, 2004).
A Figura 5 mostra a classificação por meio do Sistema Agtron/SCAA.
29
Figura 5: Discos do sistema Agtron/SCAA (Specialty Coffee Association of America) Roast
Classification Color Disk apresentados frente (A e C) e verso (B e D). Fonte: Adaptado de
RABELO et al., 2015.
Comumente, a faixa de temperatura utilizada na torrefação é de 200 °C-230 °C, com
intervalo de tempo variando de 12-20 minutos. Durante esse período, as reações de pirólise,
de Maillard e a caramelização formam compostos que conferem cor, aroma e sabor à bebida.
Os valores de tempo e temperatura variam mediante o grau de torrefação desejado e conforme
a umidade, variedade dos grãos de café e o torrador utilizado (LOEBLEIN et al., 2007).
Durante a torrefação, ocorrem alterações importantes no que dizem respeito às
características do café (cor, massa, forma, densidade, pH, volume e componentes voláteis),
além da perda da umidade (HERNÁNDEZ, HEYD, TRYSTRAM, 2008). Portanto, trata-se de
um processo bastante complexo considerando a importância do calor transferido para o grão
(FRANCA et al., 2009). Após essa etapa, os grãos devem ser rapidamente resfriados, a fim de
30
interromper as reações exotérmicas e evitar a torra excessiva, o que compromete a qualidade
do produto. Posteriormente, a trituração é feita por moinhos de vários tipos. Alguns desses
grãos são embalados para serem comercializados como grãos inteiros. O café moído é então
selado a vácuo e dispensado para consumo (DUTRA et al., 2001).
Para a produção de café instantâneo, existe uma etapa adicional de extração que
segue a torrefação e a moagem. Os sólidos solúveis e compostos voláteis que fornecem aroma
e sabor são extraídos dos grãos usando água. A água aquecida até 175 °C sob condições
pressurizadas é utilizada para extrair todos os compostos solúveis necessários. Após a
extração, é feita a evaporação ou a concentração do extrato via congelamento (EPA, 2010). A
liofilização e a secagem por pulverização são os métodos mais utilizados para produzir o café
instantâneo. No processo de liofilização, o extrato concentrado é inicialmente congelado e
depois moído. Posteriormente, os grânulos congelados são peneirados antes da secagem para
assegurar tamanhos uniformes. Nessa etapa, ocorrem poucas mudanças no aroma devido ao
aquecimento e à oxidação que devem ser feitos em uma câmara de vácuo. Quando se utiliza o
método de secagem por pulverização, o extrato concentrado é atomizado em uma câmara de
secagem a partir da qual a água é removida devido ao contato com o ar a temperaturas entre
200-300 °C. Essa técnica permite a produção em larga escala e fornece produtos com baixa
densidade e boa fluidez. As avaliações sensoriais de diferentes cafés instantâneos
comercializados revelaram que o atributo de qualidade está associado ao grão, tempo de
armazenamento, processo de fermentação, à torrefação, extração de sólidos solúveis e ao
material de embalagem (OLIVEIRA et al., 2009).
3.4 Formação de compostos tóxicos após a torrefação
Um grande número de propriedades benéficas vem sendo atribuídas ao café
(ALMEIDA et al., 2003; YEN et al., 2005; FARAH et al., 2006), entre elas está a atividade
antimicrobiana (DAGLIA et al., 2002; FURUHATA et al., 2002), redução da incidência de
diabetes tipo 2 (Van DAM, FESKENS, 2002) e da gordura corporal pela lipólise via
catecolaminas (KOBAYASHI-HATTORI et al., 2005), o efeito antioxidante de ocorrência
natural e induzido pela torrefação (LÓPEZ-GALILEA et al., 2006) e a proteção contra a
aterosclerose, diminuindo os lipídeos sanguíneos e a oxidação do colesterol LDL (YUKAWA
et al., 2004).
Embora o café apresente propriedades benéficas, durante o processo de torrefação
dos seus grãos, pode ocorrer a formação de compostos potencialmente tóxicos, colocando em
31
risco a saúde humana. Na torrefação do café, o objetivo principal é a formação do aroma e
sabor da bebida. Essa etapa de aquecimento modifica a textura do grão até atingir um ponto
que viabiliza a moagem e extração dos aromas e sabores (BAGGENSTOSS et al., 2008).
Dados na literatura têm mostrado que esse processo leva à formação de compostos tóxicos,
principalmente hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (DAGLIA et al., 2000). Outro
composto tóxico formado durante a torrefação é a acrilamida (ACM), que também apresenta
uma potencial atividade cancerígena, entretanto sua temperatura de ebulição é baixa e ela
acaba se volatilizando durante essa etapa do processamento do café (NERI, 2004).
Alguns estudos epidemiológicos têm corroborado para elucidação dos efeitos
deletérios do café, sendo o seu consumo associado ao desenvolvimento de diferentes tipos de
tumores (HIGDON, FREI, 2006).
3.5 Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs)
Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são uma família de moléculas
com mais de cem compostos orgânicos já identificados e estão amplamente distribuídos na
natureza (água, solo, plantas e atmosfera). Eles são constituídos apenas de carbono e
hidrogênio, formados por dois ou mais anéis aromáticos condensados, cada um contendo
cinco ou seis átomos de carbono, (GUILLEN, 1994; BUDZINSKI et al., 2004; VIVES,
GRIMALT, GUITART, 2004; MASTANDREA, 2005) como ilustrado nas Tabelas 2 e 3.
32
Tabela 2: Estrutura dos principais hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) de baixa
massa molecular.
HPAs Massa Molecular (g/mol) Estrutura Química
Pireno 202
Fluoranteno 202
Acenafteno 154
Acenaftileno 152
Antraceno 178
Fluoreno 166
Naftaleno 128
Fenantreno 178
Fonte: Adaptado de WENZL et al., 2006.
33
Tabela 3: Estrutura dos principais hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) de alta
massa molecular.
HPAs Massa Molecular (g/mol) Estrutura Química
Benzo(a)antraceno* 228
Benzo(b)fluoranteno* 252
Benzo(j)fluoranteno 252
Benzo(k)fluoranteno 252
Benzo(ghi)perileno 276
Benzo(a)pireno* 252
Criseno* 228
Ciclipenta(c,d)pireno 226
Dibenzo(a,h)antraceno 278
Dibenzo(a,e)pireno 302
Dibenzo(a,h)pireno 302
Dibenzo(a,i)pireno 302
Dibenzo(a,l)pireno 302
Indenol(1,2,3-c,d)pireno 276
5-Metilcriseno 242
Benzo(c)fluoreno 216
*: HPAs utilizados como marcadores para análise em alimentos. Fonte: Adaptado de WENZL
et al., 2006.
34
Os HPAs têm sido objeto de muitos estudos devido aos seus potenciais
carcinogênicos e mutagênicos (IARC, 1983; JOE, SALEMME, FAZIO, 1984). As principais
fontes responsáveis pela presença dessas moléculas em alimentos e bebidas são: fontes
naturais (processos geoquímicos e queimadas em florestas); alguns tipos de processamentos
(torrefação, defumação e secagem direta com madeira); poluição do ambiente (vazamentos de
óleo, sistemas de aquecimento, tráfego e atividades industriais) e materiais de embalagem
(LO, SANDI, 1978; DUNN, ARMOUR, 1980; JOE, SALEMME, FAZIO, 1984; LARSSON,
1986; ATSDR, 1996).
A exposição dos seres humanos aos HPAs pode ocorrer através da ingestão de
alimentos e/ou água contaminados e pelo contato com as vias aéreas e dérmica, sendo
rapidamente absorvidos pelo pulmão, intestino e pela pele (IARC, 1985; FOTH, KAHL,
KAHL, 1988; BRAUN, APPEL, SCHMAL, 2004; NEVES, 2006; BRITO, 2009). Para a
IARC (International Agency for Research on Cancer), os maiores níveis detectáveis de HPAs
estão no fígado (IARC, 1985, 2013).
A contaminação do café com os HPAs pode ocorrer durante o processo de torrefação
dependendo das temperaturas utilizadas. A formação dos HPAs acontece durante a combustão
incompleta da matéria orgânica, sendo influenciada pela temperatura e pressão. O aumento da
temperatura contribui para o maior percentual de formação desses agentes contaminantes
(PAGE et al., 1999).
Durante a combustão da matéria orgânica, o carbono e hidrogênio reagem com o
oxigênio formando dióxido de carbono e água. A pirólise ocorre quando não há oxigênio
suficiente. Esse processo consiste na combustão incompleta, onde parte do combustível da
reação origina outros subprodutos, como monóxido de carbono e HPAs (WILLIAMS,
HORNE, 1995; LOPES, ANDRADE, 1996; McGRATH, CHAN, HAJALIGOL, 2003;
MEIRE, AZEREDO, TORRES, 2007; SALGUEIRO, 2008). Em elevadas temperaturas, a
pirólise de compostos orgânicos gera fragmentos de moléculas e radicais livres que se
combinam para dar origem aos HPAs, sendo liberados na zona de combustão como vapor
(GARCIA et al., 2014).
Organizações internacionais (World Health Organization (WHO), Food and
Agriculture Organization (FAO) e International Agency for Reserach on Cance (IARC))
selecionaram os 13 principais HPAs com potencial carcinogênico presentes em alimentos:
benzo(a)antraceno (B(a)A), criseno (ChR), benzo(b)fluoranteno (B(b)F), benzo(j)fluoranteno
(B(j)F), benzo(k)fluoranteno (B(k)F), benzo(a)pireno (B(a)P), dibenzo(a,h)antraceno (DhA),
35
dibenzo(a,e)pireno (DeP), dibenzo(a,h)pireno (DhP), dibenzo(a,i)pireno (DiP),
dibenzo(a,l)pireno (DlP), indeno(1,2,3- c,d)pireno (IcP) e 5-metilcriseno (5MC) (FAO, 2008).
Segundo a IARC, os HPAs são classificados em grupos de carcinogenicidade
conforme mostra a Tabela 4. O B(a)P pertence ao Grupo 1, considerado o composto mais
prejudicial dessa classificação, sendo comprovadamente carcinogênico para humanos (IARC,
2013). Dados encontrados na literatura relatam a presença de B(a)P em amostra de café
torrado (KURATSUNE, HUEPER, 1960; KRUIJF, SCHOUTEN, Van Der STEGEN, 1987).
Tabela 4: Potencial carcinogênico dos principais hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs).
HPAs
Classificação IARC
(International Agency for
Research on Cancer )a
Grupo Ano
Acenafteno 3 2010
Acenaftileno NCb 2010
Antraceno 3 2010
Benzo(a)antraceno 2B 2010
Benzo(a)pireno 1 2012
Benzo(b)fluoranteno 2B 2010
Benzo(ghi)perileno 3 2010
Benzo(k)fluoranteno 2B 2010
Criseno 2B 2010
Dibenzo(a,h)pireno 2A 2010
Fenantreno 3 2010
Fluoranteno 3 2010
Fluoreno 3 2010
Indeno(1,2,3-c,d)pireno 2B 2010
Naftaleno 2B 2002
Pireno 3 2010
a) Grupo 1: Carcinogênico para humanos; Grupo 2A: Provavelmente carcinogênico para
humanos; Grupo 2B: Possivelmente carcinogênico para humanos; Grupo 3: Não classificável
em relação a carcinogenicidade para humanos; Grupo 4: Provavelmente não carcinogênico
para humanos; b) Não classificado até o momento. Fonte: IARC, 2013.
36
Os principais efeitos tóxicos dos HPAs consistem no desenvolvimento de
mutagênese, teratogênese e carcinogênese que são consequência de sua atuação sobre o
material genético (KLASSEN, DOULL, AMDUR, 1996; WHO, 1998). Geralmente, os danos
causados à saúde ocorrem por contato crônico, caracterizado pela ingestão de pequenas
quantidades de contaminante por um longo período de tempo (UPSHALL, PAYNE,
HELLOU, 1992; HEATH, KOBLIS, SAGER, 1993, p. 267-302; RICE et al., 2000).
Os HPAs ligam-se ao ácido desoxirribonucleico (deoxyribonucleic acid – DNA)
formando complexos HPA-DNA (BRAUN, APPEL, SCHMAL, 2003). Na ativação
enzimática do B(a)P, por exemplo, a enzima que catalisa a reação de epoxidação forma um
composto denominado B(a)P-diol-epóxido (oxa-ciclo-propano). Esse diol-epóxido é capaz de
reagir covalentemente com as bases nucleofílicas do DNA, causando alterações no material
genético e embasando o processo de carcinogênese (VOLLHARDT, SCHORENE, 2004).
Existem estudos que indicam que a atividade carcinogênica decorra do ataque nucleofílico do
nitrogênio do grupo amina da guanina (G – base do DNA) ao oxa-ciclo-propano. A mudança
da guanina afeta a estrutura da dupla hélice do DNA, formando o aduto HPA-DNA que
resulta na replicação incorreta da molécula (Figura 6). O aumento na produção de adutos de
DNA nas células pode provocar um potencial efeito mutagênico (AKCHA et al., 2000).
Figura 6: A ativação enzimática do benzo(a)pireno em diol epóxidos na formação de adutos
de DNA. Fonte: MEIRE, AZEREDO, TORRES, 2007.
37
A presença da cafeína aumenta a solubilidade do B(a)P em água devido à formação
do complexo B(a)P-cafeína, que é solúvel no meio aquoso. Esse ativo presente no pó do café
pode arrastar o B(a)P e os demais HPAs para a bebida (HISCHENHUBER, STIJVE, 1987).
Estudos confirmaram que a quantidade de cafeína extraída do café fervido era 19-30%
superior em relação ao café que foi apenas coado. Esses dados sugerem que a fervura
favorece a formação do complexo solúvel HPA-cafeína, contribuindo para a passagem dos
hidrocarbonetos para a bebida (CAMARGO, TOLEDO, 1998). Sendo assim, o consumidor
que ferve o pó de café junto com a água, poderá estar ingerindo mais HPAs totais do que
aqueles indivíduos que tomam apenas o café coado (LODOVICI et al., 1995).
O mecanismo de eliminação do B(a)P pelo corpo humano envolve a formação de
epóxidos e posteriormente, de compostos poliidroxilados que são mais solúveis em água e
consequentemente, mais facilmente eliminados pela via urinária. Um dos intermediários
gerados durante esse processo pode reagir com a guanina do DNA, formando um complexo
capaz de induzir a célula a erros de reparação que resultam no desenvolvimento de tumores
(IARC, 1983; IPCS, 1998).
3.6 Legislação sobre HPAs em alimentos
A legislação de alguns países define limites para vários tipos de HPAs presentes em
diferentes grupos de alimentos. No entanto, a legislação brasileira é mais limitada (GARCIA
et al., 2014).
3.6.1 Brasil
No Brasil, a legislação sobre HPAs na área de alimentos é bastante restrita. Para os
grupos de alimentos presentes na legislação, os limites máximos tolerados (LMTs) são
estabelecidos apenas para o B(a)P. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e
o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ainda não estabeleceram
LMTs para a maioria dos alimentos sujeitos à contaminação por HPAs. Existem apenas
Portarias e Resoluções Normativas da ANVISA que determinam LMT de B(a)P na água, no
gelo e nos alimentos que passaram por processo de defumação. A Resolução RDC n° 2/2007
estabeleceu LMT de B(a)P em alimentos adicionados de aroma de fumaça e a Portaria n°
518/2004, juntamente com a Resolução RDC n° 274/2005, instituíram LMT de B(a)P para a
38
água envasada e o gelo (ANVISA, 2005, 2007). Os valores dos limites tolerados estão
expressos na Tabela 5.
3.6.2 União Europeia
A EC (European Commission) n° 1881/2006 é embasada no regulamento do ECC
(European Consumer Center) n° 315/93 de 08 de fevereiro de 1993 e define os níveis
máximos de B(a)P e de determinados contaminantes presentes nos gêneros alimentícios. Já a
EC n° 835/2011, alterou a legislação de 2006 acrescendo novas regras em relação aos limites
máximos tolerados (LMTs) de B(a)P e considera o B(a)P, B(a)A, B(b)F e ChR como
marcadores de HPAs em alimentos (EC, 2011).
A EFSA (European Food Safety Autority) revisou o parecer do SCF (Scientific
Committeeon Food) presente na EC n° 108/2005 e ponderou novos dados científicos e a
margem de exposição (MOE – margin of exposure) aos contaminantes. Em 2008, nessa
mesma análise, o Panel on Contaminants in the Food Chain (CONTAM) da EFSA adotou um
parecer sobre os HPAs presentes em alimentos. Foi concluído que a adoção do somatório dos
níveis máximos de quatro HPAs: B(a)P, B(a)A, B(b)F e ChR é o marcador mais apropriado
para representar a presença desse grupo de contaminantes, porém esse marcador não é
sensível o suficiente para detectar níveis muito baixos de B(a)P nos alimentos. O CONTAM
também concluiu que os danos causados pelos HPAs é proporcional ao nível de MOE dos
consumidores (EC, 2006, 2011).
Conforme o parâmetro de exposição “as low as reasonably achievable” (ALARA)
através do regulamento EC n° 835/2011, os níveis de HPAs precisam ser seguros e mínimos,
decorrentes das boas práticas agrícolas, pesqueiras e de fabricação. Dados recentes indicam
que derivados de cereais e vegetais contêm baixos níveis de HPAs (CAMARGO, TOLEDO,
2002; FALCO et al., 2003). Devido ao alto consumo desses alimentos, a EFSA os considera
como importantes fontes de exposição humana a contaminantes. Os alimentos que sofrem
processos como defumação e são submetidos a altas temperaturas, têm maior índice de
contaminação (GARCIA et al., 2014).
A Tabela 5 mostra os limites tolerados de HPAs em alguns alimentos na União
Europeia e no Brasil.
39
Tabela 5: Limite máximo tolerado (LMT) de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos em
alimentos em diferentes países.
Legislação Alimentos
LMT (µg/Kg)
B(a)P1 B(a)P, B(a)A2, B(a)F3 e
ChR4(a)
União Europeia§
Óleos e gorduras (exceto manteiga de cacau
e óleo de coco) para consumo direto
humano ou ingrediente em alimentos
2,0 10,0
Óleo de coco para consumo direto ou
ingrediente em alimentos 2,0 20,0
Grãos de cacau e produtos derivados 5,0
35,0 (de gordura – até
31/03/2015)
30,0 (de gordura – de
01/01/2015)
Carne defumada e produtos cárneos
defumados
5,0 (até
31/08/2014)
2,0 (de
01/09/2014)
30,0 (até 31/08/2014)
12,0 (de 01/09/2014)
Peixe defumado (parte comestível) e
produtos de peixe defumados
5,0 (até
31/08/2014)
2,0 (de
01/09/2014)
30,0 (até 31/08/2014)
12,0 (de 01/09/2014)
Crustáceos defumados (parte comestível e
apêndices do abdômen)
Caranguejos e cristáceos (Brachyurae
Anomoura) defumados (parte comestível e
apêndices)
Sardinha defumada e defumadas em latab,
moluscos bivalves (fresco, refrigerado,
congelado), carne tratada termicamente e
seus produtosc
5,0 30,0
Moluscos bivalves defumados 6,0 35,0
Produtos processados a base de cereais e
alimentos para bebês e crianças 1,0 1,0
Fórmulas para lactentes e fórmulas de
transição 1,0 1,0
Alimentos dietéticos para fins medicinais
específicos (para lactantes) 1,0 1,0
Brasil §§
Produtos adicionados de aroma de fumaça 0,7 NAd
Água de gelo 0,01 µg/L NA
40
1) Benzo(a)pireno; 2) Benzo(a)antraceno; 3) Benzo(a)fluoranteno; 4) Criseno; a) As
concentrações para os limites inferiores são calculadas com base no pressuposto de que todos
os valores das quatro substâncias abaixo do limite de quantificação são zero; b) Para os
produtos em lata, a análise será realizada em todo o conteúdo da lata; c) Carne e produtos a
base de carne que foram submetidos a um tratamento térmico que dê potencialmente origem a
formação de HPA, ou seja, apenas grelhados na grelha ou em churrasqueira; d) Não
aplicável. Fonte: Adaptado de: §EC, 2011 §§ANVISA, 2005, 2007.
3.6.3 Estados Unidos
O FDA (Food and Drug Administrarion) estabeleceu uma metodologia de triagem
que utiliza a fluorescência para detectar alguns HPAs em determinados frutos do mar. A
Tabela 6 mostra os níveis de alerta de diferentes HPAs em camarão, caranguejo, ostras e
peixe (FDA, 2011).
Tabela 6: Níveis de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos estabelecidos pelo FDA (Food
and Drug Administrarion) em frutos do mar.
Composto Nível de alerta (mg/Kg)*
Camarão e caranguejo Ostras Peixe
Naftaleno 123 133 32,7
Acenafteno NA NA NA
Fluoreno 246 267 65,3
Fenantreno* 18461 20001 4901
Antraceno*
Fluoranteno 246 267 65,3
Pireno 185 200 49
Benzo(a)antraceno 1,32 1,43 0,35
Criseno 132 143 35
Benzo(b)fluoranteno 1,32 1,43 0,35
Benzo(k)fluoranteno 13,2 14,3 3,5
Benzo(a)pireno 0,132 0,143 0,035
Dibenzo(a,h)antraceno 0,132 0,143 0,035
Benzo(ghi)perileno* NA NA NA
Indeno(1,2,3-c,d)pireno 1,32 1,43 0,35
NA: Não aplicável; 1: Representa a soma dos níveis de fenantreno e antraceno; *: Inclusão
dos homólogos alquilados (C-1, C-2, C-3, C-4 naftalenos, fluoretos de C-1, C-2, C-3; C-1, C-
2, C-3, C-4 antraceno/fenantreno). Fonte: Adaptado de FDA, 2011.
41
3.7 Mutação e câncer
O câncer é basicamente uma doença de células, caracterizada por um desvio nos
mecanismos que controlam a proliferação e a diferenciação celular. As células que sofrem
transformação neoplásica proliferam excessivamente e formam tumores locais que podem
comprimir ou invadir estruturas adjacentes normais. A incidência, distribuição geográfica e o
comportamento de tipos específicos de câncer estão relacionados a múltiplos fatores, como
sexo, idade, predisposição genética e exposição à carcinógenos ambientais. Entre esses
fatores, a exposição ambiental é responsável pela maioria dos casos (KATZUNG, 2005, p.
751).
As alterações que geram neoplasias ocorrem em duas famílias de genes que
controlam o ciclo celular: os proto-oncogenes e os supressores de tumor. Nos tecidos, há
inúmeras células e o controle sobre suas multiplicações é absolutamente necessário para
manter o equilíbrio tecidual. Para que células normais saiam do estado quiescente e comecem
a se proliferar, elas recebem, principalmente, sinais vindos do ambiente em seu entorno, seja
de outras células ou da matriz extracelular que preenche o espaço entre elas. Da mesma
forma, existem sinais bioquímicos que agem para inibir a divisão celular. Eles podem ser de
dois tipos: os que forçam as células a sair do estado proliferativo para o estado quiescente, do
qual elas podem reemergir quando o ambiente enviar sinais para isso ou aqueles que as
mantêm em estado de pós-mitose, quando a divisão já está terminada. Para tornar-se uma
célula cancerosa é preciso desenvolver a capacidade de evitar esses sinais para que sua
proliferação celular não seja inibida (TEIXEIRA, 2007).
Os proto-oncogenes estão envolvidos na codificação de seus receptores, fatores de
crescimento, proteínas transdutoras de sinais que culminam na ativação do ciclo celular e
fatores nucleares de transcrição que controlam as fases desse ciclo. Quando ocorrem
mutações, os proto-oncogenes tornam-se oncogenes, que causam multiplicação celular
excessiva devido à alta expressão da proteína estimuladora do crescimento ou à produção da
forma mais ativa dessa proteína (DUESBERG et al., 2005). Alguns danos específicos
causados nos proto-oncogenes são: mutações puntiformes, rearranjos cromossômicos
(inversões e translocações) e amplificação gênica (HJALGRIM, 2003).
Os genes supressores de tumor detêm a replicação da célula quando há dano no DNA
através da parada do ciclo celular para recrutamento das proteínas de reparo ou indução de
apoptose para que o dano não se perpetue, inibindo a multiplicação (KATZUNG, 1998, p.
629-655). Alguns desses genes são: gene Rb, gene p53, genes BRCA1 e BRCA2, KLF6 que
se localizam no núcleo; NF-2 no citoesqueleto; NF-1 no aspecto interno da membrana
42
plasmática; receptor de TGF-Beta e caderina E na superfície celular; APC/Beta-catenina,
PTE, SMAD2 e SMAD4 no citosol. Os genes que regulam a apoptose têm papel importante
na oncogênese, pois uma alteração em determinados genes supressores pode inibir sua ação
impedindo que a célula tumoral entre em apoptose. O gene p53, chamado de “guardião do
genoma”, está localizado no cromossoma 17p13.1 e é o alvo mais comum das alterações
genéticas em tumores humanos, estando alterado em pouco mais de 50% dos casos (LIU MC,
2002). Mutações nos genes supressores de tumor contribuem para o desenvolvimento de
câncer uma vez que priva a célula de controles cruciais para a inibição do crescimento
inapropriado (TEIXEIRA, 2007).
As mutações espontâneas acumulam-se nas células somáticas ao longo da vida de
uma pessoa. A maioria dessas mutações não tem um efeito notável, mas algumas podem
alterar as principais funções celulares. As mutações somáticas podem causar distúrbios no
desenvolvimento normal do organismo e o acúmulo progressivo de mutações pode levar ao
câncer. A maioria dos cânceres carrega de 1.000 a 20.000 mutações de pontos somáticos e de
algumas a centenas de inserções, deleções e rearranjos (SHENDURE, NAT, 2008; CONRAD
et al., 2011; JIANG et al., 2013; SÉGUREL, WYMAN, PRZEWORSKI, 2014).
Diante da elevada popularidade do café, numerosos estudos têm sido conduzidos
para avaliar a sua segurança (WHO, IARC, 1991; NEHLIG, DEBRY, 1994, 1996;
TURESKY et al., 2003). Pesquisas têm avaliado o potencial mutagênico da cafeína devido à
sua similaridade química com os componentes purínicos dos ácidos nucleicos (DLUGOSZ et
al., 1996; CHRISTIAN, BRENT, 2001; NAWROT et al., 2003). A possível incorporação da
cafeína no material genético pode alterar as instruções de replicação celular (DLUGOSZ et
al., 1996). Ela apresenta resultados positivos em diversos ensaios de mutagenicidade em
organismos eucarióticos e linhagens celulares humanas (NAWROT et al., 2003).
A ocorrência de compostos mutagênicos em alimentos tratados termicamente é
comum (COMMONER et al., 1979; RAPPAPORT, 1979; DOLARA et al., 1980;
MIINZNER, 1981; BJELDANES et al., 1982a, b; LIN, LEE, HUANG, 1982). A torrefação
dos grãos de café a temperaturas de aproximadamente 220 °C é importante para a formação
de compostos responsáveis pelo sabor da bebida. Nessas temperaturas, ocorrem as reações de
ressonância entre carboidratos e compostos com grupamento amino. Utilizando o ensaio de
Salmonella/microssoma em mamíferos (AMES, McCARM, YAMASAKI, 1975), vários
autores (NAGAO et al., 1979; AESCHBACHER, CHAPPUIS, WURZNER, 1980;
AESCHBACHER, WURZNER, 1980) conseguiram demonstrar atividade mutagênica em
extratos aquosos de café instantâneo e em grãos torrados. A presença de compostos
43
heterocíclicos aromáticos em alimentos representa um grave problema de saúde pública,
tomando-se imprescindível a criação de uma legislação limitativa e de metodologias para a
sua detecção e quantificação (CHEN, CHIU, 1998). Diante disso, tem-se pesquisado
estratégias para o processamento de alimentos que reduzam a formação de compostos com
potencial mutagênico e carcinogênico (KNIZE, FELTON, GROSS, 1992).
44
4. Material e métodos
4.1 Preparo das amostras
A Consultoria Grão Mestre Café forneceu seis amostras de grãos de café torrados em
máquina Rod-Bel e moídos em moinho do tipo RA-23/27/24/25 para café e outros grãos
(modelo 56RC61004). As amostras foram enumeradas com códigos a fim de se realizar
ensaios cegos (café de qualidade comercial: 445 (torra clara – Agtron 95), 659 (torra média –
Agtron 65) e 762 (torra escura – Agtron 45); café de qualidade especial: 917 (torra clara –
Agtron 75), 823 (torra média – Agtron 55) e 935 (torra escura – Agtron 35)). Os tempos de
torra foram: 15 minutos (torra clara), 16 minutos (torra média) e 17 minutos (torra escura).
Todas as amostras pertencem à espécie Coffea arabica. As bebidas foram preparadas
utilizando cafeteira elétrica (Cafeteira CP38 Britânia) por percolação, na proporção de 24 g de
café para 400 mL de água destilada. O filtro de papel utilizado foi previamente umedecido
com 200 mL de água destilada aquecida até fervura para eliminar possíveis resíduos de
acrilamida.
Em seguida, as amostras foram liofilizadas e o resíduo seco foi ressuspendido em
água destilada estéril em concentrações apropriadas para cada ensaio. As soluções foram
armazenadas em tubos com fundo cônico tipo falcon no freezer a -20 ºC até a realização dos
ensaios. Todos os experimentos foram realizados nos Departamento de Biofísica e Biometria
e de Química Orgânica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; e a leitura das lâminas
do ensaio de micronúcleo foi feita no Laboratório de Toxicologia da Universidade Federal
Fluminense.
4.2 Análise Química
Pesou-se 1 g de cada amostra de café (445, 659, 762, 917, 823 e 935) e realizou-se a
extração em soxhlet com 100 mL de clorofórmio por um período de 4 horas. O excesso de
solvente foi removido em evaporador rotatório. O extrato foi solubilizado em 1 mL de
clorofórmio e analisado por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-
EM) (456 GC – MS-TQ, Bruker Daltonics, Inc., Alemanha).
A separação cromatográfica foi realizada em uma coluna capilar de sílica fundida
BR-5MS (30 m × 0,25 mm × 0,25 µm de espessura de filme) usando hélio como gás
carreador a 0,6 mL/min em modo de fluxo constante. As injeções foram feitas sem divisão de
45
fluxo. O detector espectrométrico de massas (MSD – Mass Spectrometric Detector) foi
operado por impacto eletrônico (70 eV) no modo de varredura (40-400 m/z). A entrada do
injetor estava a 250 °C e a temperatura do detector de massas foi de 280 °C. A temperatura do
forno estava a 60 ºC, sendo aumentada 3 ºC/min até atingir a temperatura de 240 ºC que foi
mantida por 2 minutos.
Os componentes presentes nas amostras foram identificados através dos seus índices
de retenção e espectros de massas, comparados com os dados correspondentes da biblioteca
NIST (National Institute of Standards and Technology) e dos compostos de referência. Esse
procedimento foi realizado em duplicata e com o branco analítico.
4.3 Teste de mutagenicidade Salmonella/microssoma
O teste de mutagenicidade com Salmonella Typhimurium é um teste de curta
duração utilizado para detectar substâncias que podem causar mutações de ponto. As
linhagens de Salmonella (TA98 e TA100) usadas nesse teste sofreram mutações nos genes
responsáveis pela biossíntese da histidina (Tabela 7) e consequentemente, não conseguem
crescer em meio pobre a esse aminoácido. Entretanto, quando expostas a mutágenos essa
mutação original da Salmonella é revertida e as cepas voltam a crescer em meio escasso de
histidina (MARON, AMES, 1983). As cepas utilizadas neste estudo foram previamente
identificadas através da avaliação das suas características genéticas e suas respectivas taxas de
reversão. A Tabela 8 mostra a taxa de reversão espontânea esperada para cada linhagem de
Salmonella utilizada nesse ensaio.
O teste com Salmonella/microssoma também conhecido como Teste de Ames
permite detectar a ação mutagênica dos alimentos que sofrem processamentos térmicos
(MILLER, 1989, p. 145-188). Esse teste é reconhecido pelo FDA (Food and Drug
Administrarion), reprodutível e tem sido capaz de detectar cerca de 90% dos carcinógenos
humanos conhecidos. Além disso, é considerado o melhor ensaio autônomo de identificação
de mutagenicidade, sendo amplamente utilizado em vários segmentos. Sendo assim, ele foi
selecionado como o método de primeira escolha para uma avaliação preliminar de
mutagenicidade e carcinogenicidade (MAHADEVAN et al., 2011).
Utilizou-se o protocolo de pré-incubação (MARON, AMES, 1983; OECD, 1997) do
ensaio Salmonella/microssoma que foi realizado na presença e ausência de metabolização. A
metabolização exógena (mix de S9 (50 mL): 21,75 mL de água destilada estéril, 25 mL de
tampão fosfato de sódio, 2 mL de NADP, 250 µL de glicose e 1 mL de solução de sais (MgCl,
46
KCl, Na2HPO4 H2O e NaH2PO4 H2O)) simula as transformações que a substância testada pode
sofrer no fígado de mamíferos. As linhagens de Salmonella Typhimurium (TA98 e TA100;
100 µL) foram expostas às amostras em diferentes concentrações (0,005, 0,05, 0,5, 5 e 50
mg/mL; 100 µL) e aos controles negativo (água destilada estéril; 100 µL) e positivo (4-
nitroquinolina 1-óxido 0,5 e 5 μg/placa para TA98 e TA100, respectivamente, na ausência de
S9 e 2-aminoantraceno 20 μg/placa na presença de S9; 100 µL) na ausência (tampão fosfato
de sódio 0,2 M e pH 7,4; 500 µL) e presença de ativação metabólica exógena (S9 4% p/v; 500
µL) e a mistura foi incubada por 20 minutos a 150 rpm e 37 °C. Posteriormente, 2 mL de
gelose contendo solução de histidina e biotina a aproximadamente 45 °C foram adicionados e
a mistura final foi vertida sobre uma placa de Petri contendo meio mínimo. Após incubação
por 72 horas a 37 ºC, o número de revertentes em cada placa foi contado. O resultado foi
considerado positivo quando o número de revertentes das cepas tratadas aumentou
significativamente comparado ao controle negativo.
Tabela 7: Características genéticas das linhagens de Salmonella Typhimurium.
Linhagem Genótipo Tipo de mutação detectada
TA98 hisD30521, rfa2, Δbio3,
ΔuvrB4, pKM101 (Apr)5 Deslocamento do quadro de leitura
TA100 hisG461, rfa2, Δbio3, ΔuvrB4,
pKM101 (Apr)5 Substituição de pares de bases
1: his – Mutação responsável pela síntese de histidina; 2: rfa – Permeabilidade da membrana
de lipopolissacarídeos; 3: Dependência à biotina; 4: ΔuvrB – Deleção do gene uvrB; 5: Apr –
Ampicilina resistente; pKM101: Plasmídeo. Fonte: MARON, AMES, 1983.
Tabela 8: Taxa de reversão/placa espontânea esperada para cada linhagem de Salmonella
Typhimurium.
Linhagem Taxa de reversão espontânea esperada
TA98 25-75
TA100 75-225
Fonte: UMBUZEIRO, VARGAS, 2003.
4.4 Cultivo das células
A linhagem celular de hepatocarcinoma humano HepG2 foi gentilmente fornecida
pela Profª. Drª. Danielle Palma de Oliveira da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. O vial contendo 1 x 106 células/mL das células
47
HepG2 foi removido do nitrogênio líquido para que o descongelamento fosse feito em banho-
maria. As células foram transferidas para um tubo de fundo cônico tipo falcon contendo 9 mL
de meio de cultivo suplementado (DMEM 1: soro bovino fetal 9). Em seguida, o tubo foi
centrifugado por 5 minutos a 1.500 rpm e o sobrenadante foi descartado. O pellet de células
foi ressuspendido com 1 mL do mesmo meio de cultivo suplementado. As células foram
transferidas para uma garrafa de cultura de 150 cm2 contendo 30 mL de meio de cultivo
suplementado e incubadas na estufa a 37 °C e 5% de CO2 durante 48 horas.
Após o período de incubação, o meio de cultivo foi descartado e as células foram
lavadas com 10 mL de tampão PBS 1X (pH 7,4). Posteriormente, adicionou-se 10 mL de
tripsina e foi feita uma nova incubação na estufa a 37 ºC e 5% CO2 durante 5 minutos. A
tripsina foi inativada utilizando o mesmo volume de meio de cultivo suplementado. Em
seguida, essa solução foi transferida para um tubo falcon e centrifugada a 1.500 rpm por 5
minutos. O sobrenadante foi desprezado e o pellet foi ressuspendido com 1 mL de meio
suplementado.
A contagem das células foi feita utilizando a câmara de Neubauer e coloração com
Trypan Blue a fim de avaliar a viabilidade das mesmas, uma vez que as células viáveis ficam
incolores e brilhantes; e as inviáveis são coradas de azul. Uma alíquota da suspensão de
células foi diluida em Trypan Blue (10 µL da suspensão celular e 90 µL do corante). Então,
utilizando uma micropipeta, preencheu-se a câmara de Neubauer procedendo à contagem das
células nos quadrantes brancos. Para se obter o número de células por mL da suspensão,
multiplicou-se a média das células por quadrante pela diluição das células em Trypan Blue
(10) e pelo fator de diluição da câmara (10.000).
4.5 Ensaio de citotoxicidade WST-1
Este teste baseia-se na redução do íon (4-[3-(4-iodofenil)-2-(4-nitrofenil)-2H-5-
tetrazólio]-1,3-benzeno disulfonato) pela enzima desidrogenase nas mitocôndrias das células
metabolicamente ativas para gerar Formazan, o qual apresenta uma coloração amarelo/laranja
e pode ser analisado por espectrofotometria. Essa conversão ocorre somente nas células
viáveis, sendo então possível determinar a proporção de células vivas após o tratamento. A
análise de citotoxicidade foi feita de acordo com Mencalha e colaboradores (2014). Foram
plaqueados 1 x 105 células/mL das células HepG2 e 100 µL de meio de cultivo suplementado
em cada poço de uma placa contendo 96 poços. Após 24 horas de incubação (37 °C e 5%
CO2), o meio de cultivo suplementado foi descartado e 90 µL de meio fresco foram
48
adicionados. Em seguida, diferentes concentrações das amostras (0,005, 0,05, 0,5, 5 e 50
mg/mL; 10 µL) foram colocadas em contato com as células HepG2 num intervalo de 24, 48 e
72 horas, assim como os controles negativo (água destilada estéril; 10 µL) e positivo (Triton
X-100 5%; 10 µL). Após os intervalos de exposição, as células foram lavadas com 100 µL de
tampão PBS 1X e foram adicionados 90 µL de meio suplementado fresco e 10 µL da solução
de WST-1. Em seguida, as células foram mantidas a 37 °C e 5% CO2 por 3 horas. A
quantificação das variações colorimétricas foi realizada em leitor de microplaca (μ-Quant,
Bio-tek Instruments INC) utilizando-se o comprimento de onda de 450 nm. A porcentagem
das células viáveis foi determinada pela razão da absorvância obtida das culturas tratadas em
relação às não tratadas, assumindo que as não tratadas tinham 100% de viabilidade.
Para cada amostra avaliada, também foi calculado o valor de IC50 (inhibitory
concentration of 50%) que mede a concentração capaz de inibir 50% da viabilidade celular. O
valor de IC50 foi determinado através da equação obtida pelo gráfico da porcentagem de
viabilidade celular em 72 horas em função das concentrações testadas. Foram gerados os
valores de R2 da regressão polinomial de ordem dois de cada gráfico para calcular o IC50.
4.6 Ensaio de micronúcleo (MN)
O micronúcleo (MN) in vitro é um teste de genotoxicidade para a detecção de
micronúcleo no citoplasma das células em interfase. O MN pode ter origem de fragmentos de
cromossomos acêntricos ou inteiros que são incapazes de migrar para os polos durante o
estágio de anáfase na divisão celular. Esse ensaio detecta a capacidade da substância teste
induzir clastogenicidade ou aneugenicidade em células que foram submetidas à divisão
celular durante ou após a exposição à substância teste (FENECH, CROTT, 2000). Além
disso, também é um ensaio exigido pela OECD TG487 para avaliação de genotoxicidade
(OECD, 2014).
Foram plaqueados 2 x 104 células/mL das células HepG2 e 1 mL de meio de cultivo
suplementado em cada poço de uma placa contendo 24 poços com lamínulas pré tratadas com
ácido nítrico 0,1 M. Após 24 horas de incubação (37 °C, 5% CO2 e 95% de umidade relativa),
o meio de cultivo suplementado foi descartado e 900 µL de meio fresco foram adicionados.
Em seguida, a linhagem celular de hepatocarcinoma humano HepG2 foi exposta às amostras
de café em diferentes concentrações (amostras 445 e 659: 0,05, 0,5, 5, 50 e 500 µg/mL; 100
µL e amostras 762, 917, 823 e 935: 0,005, 0,05, 0,5, 5 e 50 µg/mL; 100 µL) assim como aos
49
controles negativo (água destilada estéril, 100 µL) e positivo (benzo-α-pireno 2,5 µg/mL; 100
µL). Após 24 horas de tratamento com as amostras a 37 ºC, 5% CO2 e 95% de umidade
relativa, as células foram lavadas com 1 mL de tampão PBS 1X e foi adicionado 1 mL de
citocalasina B (3 µg/mL). Depois de 24 horas do tratamento com a citocalasina B a 37 ºC, 5%
CO2 e 95% de umidade relativa, as células foram lavadas novamente com o tampão e
adicionou-se 1 mL do fixador fresco (metanol 3 : ácido ácetico 1) que foi mantido por 1 hora.
Em seguida, após uma nova lavagem com PBS 1X, 500 µL de Giemsa 0,6% foram
adicionados e mantidos por 30 minutos. Após as células estarem coradas, as mesmas foram
lavadas com 1 mL de PBS 1X, as lamínulas foram retiradas e as lâminas de vidro foram
preparadas com Entellan Novo (Merck, Darmstadt, Alemanha). Em seguida, as células foram
analisadas em microscópio óptico (Olympus CX31 – RTSF) com aumento de 40x (FENECH,
CROTT, 2000; OECD, 2014). O resultado foi considerado positivo quando o número de
micronúcleos das células binucleadas tratadas aumentou significativamente comparado ao
controle negativo.
4.7 Análise Estatística
Os resultados gerados foram comparados com os valores do controle negativo
usando one way ANOVA com o Dunnett’s post hoc test, através do GraphPad Prism
Software, versão 5.0. As diferenças foram consideradas significativas quando p < 0,05. Todos
os experimentos foram realizados em três repetições independentes.
50
5. Resultados
5.1 Rendimento dos extratos das amostras de café
A Tabela 9 mostra os rendimentos dos extratos das amostras de café comercial 445,
659 e 762; e de café especial 917, 823 e 935 após o processo de liofilização.
Tabela 9: Rendimento dos extratos das amostras de café após a liofilização.
%Rendimento
Amostras de Qualidade Comercial
445 (torra clara) 20,15
659 (torra média) 21,85
762 (torra escura) 19,08
Amostras de Qualidade Especial
917 (torra clara) 20,18
823 (torra média) 21,74
935 (torra escura) 19,05
5.2 Análise Química
As amostras de qualidade comercial 445 (torra clara), 659 (torra média), 762 (torra
escura) (Figuras 7-9) e a amostra 823 (torra média) de qualidade especial (Figura 11),
apresentaram um pico de grande intensidade no tempo de retenção de 14,96 minutos, sendo
identificado pela biblioteca NIST como naftaleno. Para confirmar a presença desse composto,
foi feita uma coinjeção de naftaleno nas amostras 445, 659, 762 e 823 que foram novamente
analisadas por CG-EM. Houve um aumento da intensidade do pico com tempo de retenção de
14,96 minutos nas amostras, sendo observado um pico semelhante com a injeção de padrão de
naftaleno, confirmando a presença do mesmo nas amostras.
Todas as amostras apresentaram um pico com tempo de retenção de 41 minutos que
de acordo com a biblioteca NIST, corresponde à cafeína (Figuras 7-12).
51
Figura 7: Cromatograma total de íons da amostra 445.
52
Figura 8: Cromatograma total de íons da amostra 659.
53
Figura 9: Cromatograma total de íons da amostra 762.
54
Figura 10: Cromatograma total de íons da amostra 917.
55
Figura 11: Cromatograma total de íons da amostra 823.
56
Figura 12: Cromatograma total de íons da amostra 935.
57
5.3 Teste de mutagenicidade Salmonella/microssoma
As Figuras 13-24 mostram a média do número de colônias revertentes após
exposição das cepas TA98 e TA100 às amostras de café comercial 445 (torra clara), 659
(torra média) e 762 (torra escura); e de café especial 917 (torra clara), 823 (torra média) e 935
(torra escura), respectivamente, na presença e ausência de metabolização exógena (S9) em
função das concentrações testadas.
5.3.1 Amostra 445
De acordo com as Figuras 13 e 14, pode-se observar que não houve alterações
significativas do número de revertentes na presença e na ausência de S9 para as cepas TA98 e
TA100, respectivamente.
Figura 13: Curva dose-resposta para a amostra de café 445 testada com a cepa TA98 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 0,5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
58
Figura 14: Curva dose-resposta para a amostra de café 445 testada com a cepa TA100 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
59
5.3.2 Amostra 659
A Figura 15 mostra que não houve alterações significativas do número de revertentes
na presença e na ausência de S9 para a cepa TA98. De acordo com a Figura 16, pode-se
observar que a cepa TA100 apresentou citotoxicidade quando tratada com as concentrações
0,05, 0,5, 5 e 50 mg/mL na presença de S9.
Figura 15: Curva dose-resposta para a amostra de café 659 testada com a cepa TA98 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 0,5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
60
Figura 16: Curva dose-resposta para a amostra de café 659 testada com a cepa TA100 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo;
#: Citotoxicidade significativa (p < 0,05) comparada ao controle negativo.
61
5.3.3 Amostra 762
Conforme indicado na Figura 17, a maior concentração testada (50 mg/mL) induziu
aumento significativo do número de revertentes da cepa TA98 sob ausência de S9. Para a
cepa TA98 testada em presença de S9 (Figura 17) e TA100 sob presença e ausência de S9
(Figura 18), não houve aumento significativo do número de revertentes.
Figura 17: Curva dose-resposta para a amostra de café 762 testada com a cepa TA98 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 0,5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
62
Figura 18: Curva dose-resposta para a amostra de café 762 testada com a cepa TA100 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
63
5.3.4 Amostra 917
De acordo com as Figuras 19 e 20, pode-se observar que não houve alterações
significativas do número de revertentes na presença e na ausência de S9 para as cepas TA98 e
TA100, respectivamente.
Figura 19: Curva dose-resposta para a amostra de café 917 testada com a cepa TA98 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 0,5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
64
Figura 20: Curva dose-resposta para a amostra de café 917 testada com a cepa TA100 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
65
5.3.5 Amostra 823
De acordo com as Figuras 21 e 22, pode-se observar que não houve alterações
significativas do número de revertentes na presença e na ausência de S9 para as cepas TA98 e
TA100, respectivamente.
Figura 21: Curva dose-resposta para a amostra de café 823 testada com a cepa TA98 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 0,5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
66
Figura 22: Curva dose-resposta para a amostra de café 823 testada com a cepa TA100 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
67
5.3.6 Amostra 935
De acordo com as Figuras 23 e 24, pode-se observar que não houve alterações
significativas do número de revertentes na presença e na ausência de S9 para as cepas TA98 e
TA100, respectivamente.
Figura 23: Curva dose-resposta para a amostra de café 935 testada com a cepa TA98 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 0,5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
68
Figura 24: Curva dose-resposta para a amostra de café 935 testada com a cepa TA100 na
presença e ausência de metabolização exógena (S9). Controle negativo (0): Água destilada
estéril; Controle positivo (Positivo): 4-nitroquinolina 1-óxido 5 μg/placa (-S9) e 2-
aminoantraceno 20 μg/placa (+S9); *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
69
5.4 Ensaio de citotoxicidade WST-1
As Figuras 25-30 mostram o percentual de viabilidade das células HepG2 expostas
às amostras de café comercial 445 (torra clara), 659 (torra média) e 762 (torra escura); e de
café especial 917 (torra clara), 823 (torra média) e 935 (torra escura), respectivamente, após
24, 48 e 72 horas de tratamento.
Pode-se observar que a amostra 445 reduziu significativamente a viabilidade das
células HepG2 após 24 horas de exposição a partir da concentração de 0,5 mg/mL. Após 48 e
72 horas de tratamento, a perda da viabilidade foi significativa a partir de 0,05 mg/mL (Figura
25).
Figura 25: Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com diferentes
concentrações da amostra de café 445 por 24, 48 e 72 horas. Controle negativo (0): Água
destilada estéril; Controle Positivo (Positivo): Triton X-100 5 %; *: p < 0,05 comparado ao
controle negativo.
70
Para a amostra 659 (Figura 26), a partir da concentração de 0,5 mg/mL houve uma
redução significativa na viabilidade celular em todos os tempos de exposição avaliados.
Figura 26: Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com diferentes
concentrações da amostra de café 659 por 24, 48 e 72 horas. Controle negativo (0): Água
destilada estéril; Controle Positivo (Positivo): Triton X-100 5%; *: p < 0,05 comparado ao
controle negativo.
71
A amostra 762 reduziu significativamente a viabilidade das células de câncer de
fígado humano desde a menor concentração (0,005 mg/mL) em todos os três tempos de
exposição (Figura 27).
Figura 27: Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com diferentes
concentrações da amostra de café 762 por 24, 48 e 72 horas. Controle negativo (0): Água
destilada estéril; Controle Positivo (Positivo): Triton X-100 5%; *: p < 0,05 comparado ao
controle negativo.
72
A amostra 917 (Figura 28) diminuiu significativamente a atividade mitocondrial a
partir de 0,005 mg/mL em todos os tempos de exposição avaliados.
Figura 28: Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com diferentes
concentrações da amostra de café 917 por 24, 48 e 72 horas. Controle negativo (0): Água
destilada estéril; Controle Positivo (Positivo): Triton X-100 5%; *: p < 0,05 comparado ao
controle negativo.
73
Para a amostra 823, a partir da concentração de 0,5 mg/mL a redução da viabilidade
celular foi significativa em 24 horas de tratamento. Após 48 e 72 horas de exposição, a perda
da viabilidade ocorreu desde a menor concentração (0,005 mg/mL) testada (Figura 29).
Figura 29: Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com diferentes
concentrações da amostra de café 823 por 24, 48 e 72 horas. Controle negativo (0): Água
destilada estéril; Controle Positivo (Positivo): Triton X-100 5%; *: p < 0,05 comparado ao
controle negativo.
74
A amostra 935 reduziu significativamente a viabilidade das células HepG2 a partir de
0,05 mg/mL nos três tempos de tratamento (Figura 30).
Figura 30: Porcentagem de viabilidade das células HepG2 tratadas com diferentes
concentrações da amostra de café 935 por 24, 48 e 72 horas. Controle negativo (0): Água
destilada estéril; Controle Positivo (Positivo): Triton X-100 5%; *: p < 0,05 comparado ao
controle negativo.
75
A Tabela 10 mostra os valores de IC50 (inhibitory concentration of 50%) das
amostras de café comercial 445, 659 e 762; e de café especial 917, 823 e 935. O valor de IC50
indica a concentração que foi capaz de inibir 50% da viabilidade das células HepG2 em 72
horas de tratamento.
Tabela 10: Valores de IC50 (inhibitory concentration of 50%) das amostras de café usadas no
tratamento das células HepG2 durante 72 horas.
IC50 (inhibitory concentration of 50%)
(mg/mL)
Amostras de Qualidade Comercial
445 (torra clara) 2,04
659 (torra média) 2,24
762 (torra escura) 1,81
Amostras de Qualidade Especial
917 (torra clara) 1,80
823 (torra média) 0,6
935 (torra escura) 1,96
5.5 Ensaio de micronúcleo (MN)
As Figuras 31 e 32 mostram a média do número de MN a cada 700 células (HepG2)
binucleadas tratadas com as amostras de café comercial 445 (torra clara), 659 (torra média) e
762 (torra escura); e de café especial 917 (torra clara), 823 (torra média) e 935 (torra escura),
respectivamente, durante 24 horas. Pode-se observar que nenhuma das amostras avaliadas foi
capaz de induzir genotoxicidade na linhagem celular de hepatocarcinoma humano HepG2.
76
Figura 31: Número de micronúcleos (MN) por 700 células (HepG2) binucleadas tratadas com
diferentes concentrações das amostras de café 445, 659 e 762, respectivamente, por 24 horas.
Controle negativo (0): Água destilada estéril; Controle Positivo (Positivo): Benzo-α-pireno
2,5 µg/mL; *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
77
Figura 32: Número de micronúcleos (MN) por 700 células (HepG2) binucleadas tratadas com
diferentes concentrações das amostras de café 917, 823 e 935, respectivamente, por 24 horas.
Controle negativo (0): Água destilada estéril; Controle Positivo (Positivo): Benzo-α-pireno
2,5 µg/mL; *: p < 0,05 comparado ao controle negativo.
78
As Tabelas 11 e 12 mostram os valores dos avaliadores de citotoxicidade (CBPI,
%RI e %Citostática) das células HepG2 tratadas com as amostras de café comercial 445, 659
e 762; e de café especial 917, 823 e 935. Todas as amostras apresentaram um valor de CBPI
(Cytokinesis-Block Proliferation Index) entre 1 e 2. Os valores de %RI (Replication Index)
foram próximos a 100 e a porcentagem citostática foi baixa para todas as amostras avaliadas,
não ultrapassando 7,2%. Todos os valores foram calculados de acordo com as fórmulas
publicadas em OECD (2014).
Tabela 11: Valores de CBPI (Cytokinesis-Block Proliferation Index), %RI (Replication
Index) e %Citostática para as células HepG2 tratadas com diferentes concentrações das
amostras de café 445, 659 e 762 por 24 horas.
Concentração (µg/mL) CBPI %RI %Citostática
Amostra 445 (torra clara)
Controle Negativo 1,71 ± 0,02 − −
0,05 1,72 ± 0,02 100,0 0,0
0,5 1,68 ± 0,03 96,7 3,3
5 1,71 ± 0,01 100,0 0,0
50 1,68 ± 0,02 95,6 4,4
500 1,74 ± 0,01 100,0 0,0
Controle Positivo 1,70 ± 0,01 99,6 0,4
Amostra 659 (torra média)
Controle Negativo 1,71 ± 0,02 − −
0,05 1,71 ± 0,01 100,0 0,0
0,5 1,74 ± 0,02 100,0 0,0
5 1,72 ± 0,01 100,0 0,0
50 1,72 ± 0,02 100,0 0,0
500 1,74 ± 0,01 100,0 0,0
Controle Positivo 1,70 ± 0,01 99,6 0,4
Amostra 762 (torra escura)
Controle Negativo 1,71 ± 0,02 − −
0,005 1,70 ± 0,01 99,8 0,2
0,05 1,73 ± 0,00 100,0 0,0
0,5 1,71 ± 0,02 100,0 0,0
5 1,72 ± 0,01 100,0 0,0
50 1,74 ± 0,02 100,0 0,0
Controle Positivo 1,70 ± 0,01 99,6 0,4
Controle Negativo: Água destilada estéril; Controle Positivo: Benzo-α-pireno 2,5 µg/mL.
79
Tabela 12: Valores de CBPI (Cytokinesis-Block Proliferation Index), %RI (Replication
Index) e %Citostática para as células HepG2 tratadas com diferentes concentrações das
amostras de café 917, 823 e 935 por 24 horas.
Concentração (µg/mL) CBPI %RI %Citostática
Amostra 917 (torra clara)
Controle Negativo 1,76 ± 0,05 − −
0,005 1,77 ± 0,05 100,0 0,0
0,05 1,71 ± 0,01 94,1 5,9
0,5 1,71 ± 0,00 94,1 5,9
5 1,81 ± 0,02 100,0 0,0
50 1,70 ± 0,03 92,8 7,2
Controle Positivo 1,74 ± 0,03 96,2 3,8
Amostra 823 (torra média)
Controle Negativo 1,76 ± 0,05 − −
0,005 1,83 ± 0,04 100,0 0,0
0,05 1,81 ± 0,06 100,0 0,0
0,5 1,71 ± 0,02 94,8 5,2
5 1,72 ± 0,00 95,5 4,5
50 1,72 ± 0,02 95,5 4,5
Controle Positivo 1,74 ± 0,03 96,2 3,8
Amostra 935 (torra escura)
Controle Negativo 1,76 ± 0,05 − −
0,005 1,73 ± 0,02 96,6 3,4
0,05 1,73 ± 0,06 96,6 3,4
0,5 1,72 ± 0,01 94,8 5,2
5 1,75 ± 0,02 99,9 0,1
50 1,80 ± 0,04 100,0 0,0
Controle Positivo 1,74 ± 0,03 96,2 3,8
Controle Negativo: Água destilada estéril; Controle Positivo: Benzo-α-pireno 2,5 µg/mL.
80
6. Discussão
De todas as amostras avaliadas, apenas a 762, na maior concentração testada (50
mg/mL), induziu aumento significativo do número de revertentes da cepa TA98 de
Salmonella na ausência de metabolização exógena (Figura 17), indicando atividade
mutagênica (deslocamento do quadro de leitura) nessas condições. A amostra 762 possui
qualidade comercial e sofreu processamento referente a torra escura, ou seja, teve maior
tempo de torra se comparada às amostras 445 e 659 que possuem a mesma qualidade do grão,
porém menor grau de torrefação. Ainda, é importante ressaltar que a amostra 659 (qualidade
comercial e torra média) foi citotóxica nas concentrações 0,05, 0,5, 5 e 50 mg/mL para a cepa
TA100 em presença de S9 (Figura 16). Assim, para assegurar que a citotoxiciadade não tenha
interferido na avaliação da mutagenicidade gerando um resultado falso negativo, foram
testadas duas concentrações mais diluídas (0,0005 e 0,00005 mg/mL) a partir da menor dose
não tóxica (0,005 mg/mL). As três menores concentrações não apresentaram atividade
mutagênica e nem foram citotóxicas para o tratamento da cepa TA100 na presença S9,
garantindo que a resposta mutagênica foi negativa nessas condições (Figura 16). As amostras
de café especial 917 (torra clara), 823 (torra média) e 935 (torra escura) não apresentaram
mutagenicidade nas condições avaliadas neste estudo (Figuras 19-24).
As mutações somáticas podem ocasionar distúrbios no desenvolvimento do
organismo e o acúmulo gradual de mutações pode causar câncer. A maioria dos cânceres
carrega várias mutações de pontos somáticas, inserções, deleções e rearranjos (SHENDURE,
NAT, 2008; CONRAD et al., 2011; JIANG et al., 2013; SÉGUREL, WYMAN,
PRZEWORSKI, 2014).
Dados da literatura têm mostrado que a torrefação leva à formação de compostos
tóxicos, principalmente HPAs (NERI, 2004), que possuem potencial carcinogênico e
mutagênico (IARC, 1983; JOE, SALEMME, FAZIO, 1984). A contaminação do café com os
HPAs pode ocorrer dependendo das temperaturas utilizadas. A formação desses compostos
acontece durante a combustão incompleta da matéria orgânica, sendo influenciada pela
temperatura e pressão. O aumento da temperatura contribui para o maior percentual de
formação de agentes tóxicos (PAGE et al., 1999). No presente estudo, apenas a amostra com
maior grau de torrefação e qualidade comercial apresentou atividade mutagênica nas
condições descritas (Figura 17).
De acordo com os cromatogramas apresentados na análise química, as amostras 445
(Figura 7), 659 (Figura 8), 762 (Figura 9) e 823 (Figura 11) contêm naftaleno na sua
81
composição. O naftaleno é um HPA de baixa massa molecular e é possivelmente
carcinogênico para humanos (IARC, 2013). Esse composto sofre ativação metabólica
mediada pelo citocromo P450 (CYP) originando o epóxido, que é a sua forma reativa. O
epóxido pode ser conjugado com a glutationa (GSH), promovendo sua excreção. Porém, em
altos níveis de exposição, o GSH não consegue realizar o processo de desintoxicação
(PHIMISTER et al., 2004). Além disso, o epóxido pode ser metabolizado a outros compostos
reativos, como a 1,2-naftoquinona, capaz de desencadear o estresse oxidativo (BAGCHI et
al., 1998a, b, 2000, 2002) e de reagir com macromoléculas críticas (BUCKPITT et al., 2002).
Dessa forma, a carcinogenicidade do naftaleno está associada à presença das enzimas
metabólicas (CYP), produção de metabólitos tóxicos, depleção do GSH e às reações
citotóxicas dos próprios tecidos (RHOMBERG, BALEY, GOODMAN, 2010).
Além da atividade carcinogênica do naftaleno ser atribuída aos seus metabólitos,
estudos em animais mostram que esse HPA pode causar danos ao material genético mesmo
antes de ser metabolizado, incluindo a quebra da fita dupla do DNA (KARAGIANNIS et al.,
2011). Sabe-se que essa alteração do DNA consiste em um dano crítico em relação à
preservação da integridade genômica (JACKSON, 2001, 2002). O reparo inadequado da
quebra da fita dupla é o iniciador primário da carcinogênese (AUDEBERT et al., 2010 ).
O potencial mutagênico da cafeína está na sua similaridade química com os
componentes purínicos dos ácidos nucleicos (DLUGOSZ et al., 1996; CHRISTIAN, BRENT,
2001; NAWROT et al., 2003) podendo alterar a replicação celular (DLUGOSZ et al., 1996).
Alguns autores (NAGAO et al., 1979; AESCHBACHER, CHAPPUIS, WURZNER, 1980;
AESCHBACHER, WURZNER, 1980) comprovaram atividade mutagênica de extratos
aquosos de café instantâneo e de grãos torrados através do ensaio de Salmonella/microssoma
em mamíferos (AMES, McCARM, YAMASAKI, 1975), assim com os resultados obtidos
neste estudo.
Todas as amostras avaliadas neste trabalho apresentaram cafeína na sua composição
(Figuras 7-12). A amostra 762 (qualidade comercial e torra escura) tem maior concentração
dessa substância, como indicado pelo pico de grande intensidade no tempo de retenção de 41
minutos (Figura 9), justificando a mutagenicidade apresentada nas condições descritas. Ainda,
é importante considerar que a maior concentração de cafeína é capaz de aumentar a
hidrossolubilidade do naftaleno presente na amostra (HISCHENHUBER, STIJVE, 1987).
Assim, pode-se dizer que houve um sinergismo entre a cafeína e naftaleno presentes na
amostra 762.
82
Pelo ensaio de citotoxicidade WST-1, pode-se observar que houve uma redução
dose-dependente da viabilidade das células cancerosas HepG2 após a exposição ao extrato de
todas as amostras de café (Figuras 25-30), como corroborado por estudos semelhantes feitos
por Iriondo-DeHond e colaboradores (2017). A escolha dessa linhagem celular baseia-se no
fato de que para a IARC (International Agency for Research on Cancer), os maiores níveis
detectáveis de HPAs estão no fígado (IARC, 1985, 2013).
A Figura 25 mostra que a linhagem celular de hepatocarcinoma HepG2 mostrou-se
suscetível ao tratamento com extrato da amostra 445 a partir da concentração de 0,05 mg/mL
após 48 e 72 horas de exposição; e em 24 horas de incubação, a partir de 0,5 mg/mL houve
diminuição significativa da atividade das desidrogenases mitocondriais. As células tratadas
com a amostra 659 (Figura 26) sofreram redução da atividade mitocondrial após exposição à
concentração de 0,5 mg/mL em todos os tempos de incubação avaliados. A diminuição da
viabilidade foi significativa desde a menor concentração (0,005 mg/mL) em 24, 48 e 72 horas
sob o tratamento com o extrato da amostra 762 (Figura 27).
De acordo com a Figura 28, todas as concentrações da amostra 917 foram capazes de
diminuir significativamente a atividade mitocondrial das células cancerosas HepG2 nos três
tempos de exposição avaliados. O tratamento com a amostra 823 (Figura 29) reduziu
significativamente a atividade das desidrogenases mitocondriais a partir de 0,005 mg/mL após
48 e 72 horas de exposição; o mesmo só foi observado em 24 horas, a partir de 0,5 mg/mL. A
viabilidade celular diminuiu com a exposição à amostra 935 a partir da concentração de 0,05
mg/mL após todos os três tempos de incubação (Figura 30).
A Tabela 10 mostra os valores de IC50 (inhibitory concentration of 50%) das
amostras avaliadas. Quanto menor o valor de IC50, menor é a concentração necessária para
inibir 50% da viabilidade das células HepG2 em 72 horas de tratamento com cada amostra.
Com os resultados obtidos através do ensaio de citotoxicidade WST-1, observa-se que houve
um efeito citotóxico em hepatocarcinoma frente ao tratamento com todas as amostras de café
testadas (Figuras 25-30). Comparando-se as amostras de qualidade comercial 445 (torra
clara), 659 (torra média) e 762 (torra escura), tem-se que as células cancerosas apresentaram
maior sensibilidade ao extrato da amostra 762 (IC50 1,81 mg/mL). As células HepG2
apresentaram sensibilidade semelhante após o tratamento com as amostras 455 (IC50 2,04
mg/mL) e 659 (IC50 2,24 mg/mL).
Entre as amostras de qualidade especial 917 (torra clara), 823 (torra média) e 935
(torra escura), tem-se que as células cancerosas foram mais sensíveis ao tratamento com a
amostra 823 (IC50 0,6 mg/mL). As células tumorais hepáticas apresentaram sensibilidade
83
semelhante quando tratadas com as amostras 917 (IC50 1,80 mg/mL) e 935 (IC50 1,96
mg/mL) (Tabela 10).
As células de hepatocarcinoma humano apresentaram sensibilidade semelhante ao
tratamento com as amostras de café comercial e especial, visto que todas as amostras
apresentaram valores de IC50 ≅ 2 mg/mL, exceto a amostra 823 (qualidade especial e torra
média), cujo valor de IC50 foi de 0,6 mg/mL (Tabela 10). Esse valor muito baixo pode ser
justificado pela maior quantidade de naftaleno presente na amostra 823, indicada pelo pico de
grande intensidade no tempo de retenção de 14,96 minutos (Figura 11). Segundo a IARC
(2013), esse composto é possivelmente carcinogênico para humanos, o que é corroborado por
estudos feitos em animais (SCHREINER, 2003).
A citotoxicidade apresentada pelas amostras avaliadas pode estar relacionada com as
alterações dos compostos fenólicos (MILLS et al., 2013) e aromáticos (GONZALEZ-RIOS et
al., 2007a, b) que dependem dos níveis de torrefação do café. Tradicionalmente, o café é
torrado, moído e preparado em água quente. A presença de compostos benéficos pode ser
afetada desde a etapa da colheita dos grãos até a preparação da bebida para o consumo (LEE
et al., 2016; NUNES, COIMBRA, 2007; WEI et al., 2012). Assim, a atividade
antiproliferativa do café também depende do grau de torrefação, como mostrado nos
resultados de avaliação de citotoxicidade do presente estudo (Figuras 25-30). A relação entre
a torrefação e a capacidade antioxidante do café tem sido estudada (CHO et al., 2014) e
observa-se que o grão com menor grau de torrefação tem maior atividade antioxidante
comparado ao café mais torrado. Segundo estudos, existe uma tendência de que o café menos
torrado tenha um maior efeito antineoplásico. Porém, a relação entre a torrefação e a
prevenção do câncer ainda não está totalmente esclarecida (MOJICA et al., 2018). Esses
dados corroboram com os resultados apresentados no ensaio de citotoxicidade WST-1
(Figuras 25-27), uma vez que entre as amostras de qualidade comercial, a amostra 762 (torra
escura) induziu maior perda de viabilidade das células HepG2, comparada às amostras 445
(torra clara) e 659 (torra média). Para a amostra 762, observa-se que a perda da viabilidade
alcança ≅ 16% a partir da menor concentração em 24 horas, seguindo perdas ainda maiores
nas subsequentes concentrações avaliadas (Figura 27).
Os objetivos dos testes de genotoxicidade são avaliar o risco das substâncias
presentes nos alimentos, identificar compostos que possam induzir danos hereditários em
seres humanos e prever potenciais carcinogênicos e genotóxicos, contribuindo para a
elucidação do mecanismo de ação dos carcinógenos químicos (EFSA, 2011).
84
O fígado é o principal órgão de biotransformação de xenobióticos. Por isso, células
hepáticas são amplamente utilizadas em estudos de genotoxicidade (MERSCH-
SUNDERMANN et al., 2004). A HepG2, utilizada no ensaio de MN deste estudo, é uma
linhagem celular de hepatoblastoma humano que mantém várias características dos
hepatócitos. Essas células cancerosas, assim como as saudáveis, possuem enzimas
responsáveis pela ativação e desintoxicação de carcinógenos reativos ao DNA. Sendo assim,
as células HepG2 podem ser escolhidas como um modelo ex vivo capaz de detectar agentes
não genotóxicos e citoprotetores (CAO et al., 2007).
As Figuras 31 e 32 mostram os resultados obtidos no ensaio de MN. Pode-se
observar que nenhuma das amostras avaliadas foi capaz de induzir clastogenicidade ou
aneugenicidade nas células cancerosas de fígado (p < 0,05) nas condições avaliadas. Estudos
genotóxicos feitos por Iriondo-DeHond e colaboradores (2017) também mostraram que o café
arábica não induziu aumento significativo nos danos ao DNA em células HepG2 após 24
horas de tratamento.
Pode-se sugerir que houve uma minimização dos efeitos genotóxicos das amostras de
café testadas neste estudo devido à ação dos compostos antioxidantes. Sabe-se que essas
substâncias reduzem o estresse oxidativo relacionado à causa de várias doenças, como o
câncer (LAMBERT, YANG, 2003). Os polifenóis, como os ácidos clorogênicos presentes em
grande quantidade no café, têm forte atividade antioxidante (IWAI et al., 2004).
Quando a citocalasina B é utilizada no ensaio de genotoxicidade, a avaliação da
citotoxicidade baseia-se no CBPI (Cytokinesis-Block Proliferation Index) ou RI (Replication
Index) (KIRSCH-VOLDERS et al., 2003; LORGE et al., 2008).
O CBPI indica o número médio de núcleos por célula. Sendo assim, um valor de
CBPI igual a 1 significa que todas as células são mononucleadas e que existe 100% de
citostase (inibição do crescimento celular). Se todas as células viáveis completarem uma
divisão nuclear, tornando-se binucleadas, o valor de CBPI é 2. O RI indica o número de ciclos
celulares por célula durante a exposição à citocalasina B em culturas tratadas comparadas ao
controle. Assim, a porcentagem de RI (%RI) indica o percentual de células que se dividiu nas
culturas tratadas. O valor da porcentagem citostática (%Citostática) indica o percentual de
inibição do crescimento celular e é calculado através da %RI (100 - %RI) (OECD, 2014).
As Tabelas 11 e 12 mostram os valores dos avaliadores de citotoxicidade para as
amostras de café comercial 445, 659 e 762; e de café especial 917, 823 e 935,
respectivamente. Os valores de CPBI para todas as amostras variaram de 1,68 a 1,83 em todas
as concentrações testadas. Esses valores indicam que existem células mononucleadas nas
85
culturas tratadas, mas que a maioria delas é binucleada. Os valores da %RI para todas as
amostras avaliadas variaram de 92,8 a 100,0 em todas as concentrações testadas. Esse
resultado mostra que a maioria das células se dividiu normalmente nas culturas tratadas.
Consequentemente, os valores obtidos da %Citostática foram baixos (0,0 a 7,2), mostrando
que a inibição do crescimento celular foi de até 7,2%. Diante dos valores apresentados nas
Tabelas 11 e 12, tem-se que nenhuma das amostras de café apresentou citotoxicidade nas
concentrações avaliadas durante o tratamento das células HepG2 no ensaio de micronúcleo.
86
7. Conclusão
De acordo com a análise química, todas as amostras avaliadas apresentaram cafeína
na sua composição. Além dessa substância, as amostras 445, 659, 762 e 823 contêm
naftaleno. Esse composto é um HPA de baixa massa molecular e é possivelmente
carcinogênico para humanos.
De todas as amostras avaliadas, somente a 762 (qualidade comercial e torra escura)
induziu atividade mutagênica, sendo essa observada na ausência de metabolização exógena.
Segundo o ensaio de citotoxicidade, houve uma redução dose-dependente da
viabilidade das células HepG2 após a exposição ao extrato de todas as amostras de café
avaliadas. Entre os grãos de qualidade comercial, a amostra 762 (torra escura) induziu maior
perda de viabilidade celular. Em relação aos grãos de qualidade especial, as células HepG2
foram mais sensíveis ao tratamento com a amostra 823 (torra média). Comparando-se o
tratamento com os grãos de café comercial e especial, as células de hepatocarcinoma humano
apresentaram sensibilidades semelhantes.
Nenhuma das amostras testadas foi capaz de induzir clastogenicidade ou
aneugenicidade nas células cancerosas de fígado nas condições avaliadas no ensaio de
micronúcleo.
Através dos resultados obtidos, identificou-se uma correlação entre a qualidade dos
grãos, o grau de torrefação e os efeitos prejudiciais do café para a saúde humana.
Dessa maneira, o presente trabalho contribuiu para a elucidaçãos dos efeitos
deletérios do café, oferecendo subsídios para novos estudos que avaliem os impactos dessa
bebida sobre a saúde humana.
87
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