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AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS INDÍGENAS DE GUARANÁ (Paullinia cupana var. sorbilis (Mart.) Duck) DA

ETNIA SATERÉ-MAWÉ, NA REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS

Clara Vignoli¹; Johannes van Leeuwen1; César Ticona Benavente1, Robert Miller²; Bárbara Vieira da Silva1, José Guedes F. Neto1, Sonia Sena Alfaia1

1INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. E-mail: sonia.alfaia@inpa.gov.br

2PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento/Brasil

RESUMO

Os Sateré-Mawé cultivam o guaraná em Sistemas Agroflorestais (SAF´s). Comparou-se a fertilidade do solo desses SAF´s com a da floresta natural. Ambos solos mostraram baixa fertilidade natural. Os SAF’s se distinguirem positivamente da floresta por terem pH ligeiramente mais alto e menos Al, e negativamente por conterem menos carbono orgânico e Zn. Apresentam-se formas de manejo da matéria orgânica para a melhoria desses solos. Palavras-chave: ciclagem de nutrientes, manejo, etnodesenvolvimento INTRODUÇÃO Os Sateré-Mawé domesticaram o guaraná e consideram que ele representa sua história e identidade (Kapfhammer, 1999). A grande maioria dos Sateré-Mawé cultivam o guaraná como componente "arbustivo" de um SAF com muitas árvores e palmeiras [50-400 por hectare, além dos "arbustos" de guaraná (Vignoli, 2016)]. Esse manejo tradicional assegura a qualidade do produto, muito valorizado no Comércio Justo (e.g.: http://www.guayapi.com/). Avaliou-se a fertilidade do solo desses SAF´s para poder contribuir ao melhor uso desses solos quimicamente muito pobres. MATERIAL E MÉTODOS O estudo ocorreu na Terra indígena (T.I) Andirá-Marau, uma área de 788.528 ha com cerca de 13.310 habitantes (IBGE, 2010), entre os rios Tapajós no estado do Pará e Madeira no estado do Amazonas. O clima é “Am” na classificação de Köppen-Geiger, em que a temperatura média do mês mais frio é acima dos 18ºC, a precipitação anual acima dos 1500 mm e um período seco com precipitações mensais menores de 60 mm. A amostragem dos solos foi efetuada em 19 SAF's de guaraná. No centro de cada SAF foi demarcada uma área de 30 x 45 m, contendo três parcelas de 15 x 30 m. Em cada parcela foram coletadas sete amostras de solo nas camadas de 0–10, 10–20 e 20-30 cm, as quais foram misturadas para formar uma única amostra composta por camada. O mesmo foi feito para amostrar o solo da floresta adjacente, sem histórico de uso nos últimos 40 anos, utilizada como controle. Para cada parâmetro, as 19 diferenças entre o valor para o SAF e o para a floresta foram testados com o teste t de Student. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 mostra os resultados para pH, Al, Ca, Mg, K, P, C e micronutrientes. Os SAF´s e a floresta têm pH algo acima de 4,0, sendo o pH do SAF sempre ligeiramente superior (diferenças não significantes). Nas três camadas, o teor de Al da floresta foi mais elevado do que o dos SAF´s (diferenças estatisticamente significantes para 0-10 e 10-20 cm), que apresentaram concentrações “médias (0,5-1,5)”, enquanto a camada superior da floresta apresentou um valor “alto (>1,5)”, segundo os critérios de Cochrane et al. (1985). O principal fator para a elevação do pH e redução de Al nos SAF´s deve ser à ação das cinzas resultante da queima da vegetação derrubada [técnica da agricultura amazônica tradicional (Salim, 2012)], antes da instalação dos SAFs.

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Resultados semelhantes têm sido observados em outras regiões da Amazônia como Rondônia (Alfaia et al. 2004), Roraima (Pinho et al. 2010) e Amazonas (Salim, 2012). Os dois sistemas apresentaram valores extremamente baixos de Ca, Mg, K e P, bem menores que os níveis críticos (Ca

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aos níveis de Fe foram considerados “altos (>80)”, enquanto Mn e Zn situaram-se abaixo do mínimo (Mn