Avaliações Fisiológicas e Eficiência Do Uso Da Água Em Palma De

Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC 2014

Centro de Convenções Atlantic City - Teresina - PI 12 a 15 de agosto de 2014

AVALIAÇÕES FISIOLÓGICAS E EFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA EM PALMA DE

ÓLEO, NO MUNICÍPIO DE PARNAÍBA, PI

UELITON MESSIAS1, PATRICK DE ALBUQUERQUE VIEIRA

2,

REBECCA KAROLLINE ASSUNÇÃO LIMA3, LÚCIO FLAVO LOPES VASCONCELOS

4, MARCOS

EMANUEL DA COSTA VELOSO5

1 Dr. em Fisiologia Vegetal, Embrapa Meio-Norte, Parnaíba-PI; Fone: (86) 3315-1228, [email protected]

2 Engenheiro Agrônomo, UESPI, Parnaíba-PI. Fone: (86) 8132-3299, [email protected] 3 Graduanda em Engenharia Agronômica, UESPI, Parnaíba-PI. Fone: (86) 9993-3477, [email protected]

4 Dr. em Fisiologia Vegetal, Embrapa Meio-Norte, Teresina-PI; Fone: (86) 3198-0612, [email protected] 5Dr. em Irrigação e Drenagem, Embrapa Meio-Norte, Teresina-PI; Fone: (86) 3198-0612, [email protected]

Apresentado no

Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC 2014

12 a 15 de agosto de 2014 - Teresina-PI, Brasil

RESUMO: O objetivo foi correlacionar lâminas de irrigação, variáveis fisiológicas e diferentes

horários em palma de óleo visando uso eficiente da água. O experimento foi conduzido na área

experimental da Embrapa Meio-Norte, na UEP de Parnaíba, no município de Parnaíba, PI. O

delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em sub-parcelas (híbridos de palma

de óleo - C2501 e C2528), com cinco tratamentos (T1 corresponde a 80%, T2 a 60%, T3 a 40%, T4 a

20% e T5 a 0% (sem irrigação) do fator de disponibilidade da água no solo), quatro repetições, com

seis plantas úteis por parcela. As variáveis avaliadas, com auxílio do IRGA (Infra Red Gas Analyzer -

modelo Li-6400XT), foram: taxa fotossintética líquida de CO2 (A), taxa de transpiração (E),

condutância estomática (Gs) e, por meio da razão entre (A) e (E), foi determinada a eficiência do uso

da água (EUA). Tais variáveis foram analisadas nos horários de 09:00, 11:00, 14:00, 16:00 e 18:00 h.

A cultivar C2528 apresenta taxa fotossintética, condutância estomática e taxa transpiratória menores

quando submetida ao déficit hídrico (T5, sem irrigação). Nas cultivares C2501 e C2528, a eficiência

do uso da água é maior no horário de 18:00 horas na condição de irrigação T1(80%).

PALAVRAS–CHAVE: Elaeis guineensis Jacq., lâmina de irrigação, déficit hídrico, fotossíntese.

EVALUATION OF PHYSIOLOGICAL PARAMETERS OF THE CULTURE OF OIL PALM

UNDER WATER DEFICIT

ABSTRACT: The objective was to correlate water depth, physiological variables and different

schedules in oil palm subjected to the efficiency of water use. The experiment was conducted in the

experimental area of Embrapa Meio-Norte, UEP of Parnaíba, in the city of Parnaíba, PI. The

experimental design was a randomized block design in sub-plots (hybrids of oil palm - C2501 and

C2528), with five treatments (T1 corresponds to 80%, T2 60%, T3 40%, T4 20% and T5 0% (without

irrigation) of the water availability factor of the soil) and four replications of six plants per plot. The

variables, evaluated with the aid of the IRGA (Infra Red Gas Analyzer - model Li-6400XT), were: net

photosynthetic rate of CO2 (A), transpiration rate (E), stomatal conductance (Gs) and the water use

efficiency (USA), determined by the ratio between (A) and (E). Such variables were analyzed at the

times of 9:00, 11:00, 14:00, 16:00 and 18:00 hours. The oil palm cultivar 2528 presents photosynthetic

rate, stomatal conductance and transpiration rate lower when subjected to water deficit (T5 without

irrigation). For the cultivars 2501 and 2528, the water use efficiency is greater at 18 hours in the

schedule irrigation condition T1 (80%).

KEYWORDS: Elaeis guineensis Jacq., water depth, water deficit, photosynthesis

INTRODUÇÃO: A palma de óleo (Elaeis guineensis Jacq.) é uma palmeira nativa da África

ocidental. Destaca-se na agricultura mundial por possuir elevada produção de óleo por unidade de

área, alcançando uma produtividade média de quatro a cinco toneladas de óleo por hectare ano-1

(Carvalho et al., 2001). No Brasil, dentre os óleos vegetais, a palma de óleo está entre as espécies com

maior potencial para produção de biodiesel (Furlan, 2003; Biondi et al., 2008). Tal potencial nos

remete a compreender as necessidades hídricas da palma de óleo, bem como, as respostas fisiológicas

perante o déficit hídrico. O conhecimento da eficiência de uso da água pelas culturas é fundamental

em regiões em que a disponibilidade de recursos hídricos é baixa. O objetivo deste trabalho foi

correlacionar lâminas de irrigação, variáveis fisiológicas e diferentes horários em palma de óleo

submetida ao déficit hídrico, no município de Parnaíba, PI.

MATERIAL E MÉTODOS: O experimento foi conduzido na área experimental da Embrapa Meio-

Norte, na UEP de Parnaíba, no município de Parnaíba, PI (03° 05’ S; 41° 46’ W e 46,8 m). O clima de

Parnaíba, de acordo com a classificação climática de Thornthwaite & Mather (1955) é C1dA’a’,

caracterizado como sub-úmido seco, megatérmico, com pequeno excedente hídrico e uma

concentração de 29,7% da evapotranspiração potencial no trimestre outubro, novembro e dezembro.

Os valores médios anuais de uma série histórica de 1978 a 2008 dos elementos climáticos são:

Temperatura média do ar (°C) 27,9; Temperatura máxima do ar (°C) 32,6; Temperatura mínima do ar

(°C) 23,1; Umidade relativa do ar (%) 75,4; Velocidade do vento (m/s) 2,7; Pressão atmosférica (hPa)

1005,7; Insolação (horas/dia) 7,9; Evapotranspiração de referência por Penman-Monteith (mm dia-1

)

5,3 - valores referentes ao período de 1990 a 2009; e Precipitação pluvial (mm) 1.051,6. Utilizou-se o

espaçamento de 7,85 m x 9 m, em sistema triangular eqüilátero com 9 m de lado. O delineamento

experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em sub-parcelas (híbridos de palma de óleo -

C2501 e C2528), com cinco tratamentos (T1 correspondente a 80%, T2 a 60%, T3 a 40%, T4 a 20% e

T5 a 0% (sem irrigação) do fator de disponibilidade da água no solo), quatro repetições, com seis

plantas úteis por parcela. Houve bordadura somente nas extremidades do ensaio, com o cultivar de

híbridos intraespecíficos tenera de palma de óleo, cultivar Manicoré. Utilizou-se um sistema de

irrigação localizada por microaspersão, com dois emissores por planta, com uma vazão de 53 L h-1

,

com fluxo auto-regulável, proteção contra insetos, pressão de serviço de 1,5 a 3,5 bar, com limitador

de raio removível, raio molhado de 1,30-1,80 m, haste de 0,60 m de altura e microtubo de 1,5 m de

comprimento. As lâminas de irrigação foram definidas em função da ETo, estimadas pelo método de

Penman-Monteith, fornecidas por uma estação automática instalada a cerca de 350 m da área

experimental.

As variáveis avaliadas, com auxílio do IRGA (Infra Red Gas Analyzer - modelo Li-6400XT),

foram: taxa fotossintética líquida de CO2 (A), taxa de transpiração (E), condutância estomática (Gs) e,

por meio da razão entre (A) e (E), foi determinada a eficiência do uso da água (EUA). Tais variáveis

foram avaliadas nos horários de 09:00, 11:00, 14:00, 16:00 e 18:00 h.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A taxa de fotossíntese líquida (A) das cultivares C2501 e C2528

apresentaram variação em função das lâminas de irrigação (Figura 1 a e b). Em ambas as cultivares

pode-se observar que no horário de 18:00 h a taxa fotossintética é diminuída, provavelmente uma

defesa da planta que fecha seus estômatos, neste horário, para auxiliar na manutenção do elevado teor

de água nas folhas, o que resulta na redução da atividade fotossintética e transpiração (Tezara et al.,

2002). Na figura 2 a e b, observa-se correlação com os valores apresentados para taxa fotossintética,

ou seja, a condutância diminui às 18:00 h. O mesmo pode ser observado com a taxa transpiratória

(Figura 3). A eficiência de uso de água da cultivar C2501 (Figura 4 a) no tratamento T1, no horário

das 18:00 h, apresentou 15 µmol CO2/mmol H2O, se destacando dos demais tratamentos. No horário

das 09:00 h, o tratamento T5 apresentou a menor eficiência de uso de água, provavelmente devido a

escassez de água neste tratamento à planta. A relação fotossíntese/transpiração (A/E) representa a

eficiência do uso de água instantânea e expressa quantitativamente o comportamento momentâneo das

trocas gasosas na folha (Taiz & Zeiger, 2010).

Figura 1. Taxa fotossintética (A) nos horários entre 09 e 18 horas em diferentes lâminas de irrigação

nas cultivares C2501 (a) e C2528 (b).

Figura 2. Valores de condutância estomática (Gs) nos horários entre 09 e 18 horas em diferentes

lâminas de irrigação nas cultivares C2501 (a) e C2528 (b).

a b

Hora Hora

Hora Hora

a b

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Figura 3. Taxa transpiratória (E) nos horários entre 09 e 18 horas em diferentes lâminas de irrigação

nas cultivares C2501(a) e C2528 (b).

Figura 4. Eficiência do uso de água (EUA) nos horários entre 09 e 18 horas em diferentes lâminas de

irrigação das cultivares C2501 (a) e C2528 (b).

CONCLUSÕES: A cultivar C2528 apresenta taxa fotossintética, condutância estomática e taxa

transpiratória menores quando submetida ao déficit hídrico (sem irrigação). Nas cultivares C2501 e

C2528, a eficiência do uso da água é maior no horário de 18 horas na condição de irrigação T1(80%).

REFERÊNCIAS

Biondi, A.; Monteiro, M.; Glass, V. O Brasil dos agrocombustíveis: palmáceas, algodão, milho e

pinhão-manso: impacto das lavouras sobre a terra, o meio e a sociedade. Brasília: ONG Repórter

Brasil, 2008. 48 p.

Carvalho, A. R. V. de; Baldini, V. L. D.; Reis, V. M. O Dendê (Elaeis guineensis Jacq.). Seropédica,

RJ: Embrapa Agrobiologia, 2001. Documentos, 138. ISSN 1517-8498.

Furlan, L. F. et al. Potencialidades regionais estudo de viabilidade econômica dendê. Boa Vista:

SUFRAMA, 2003. 12 p.

Taiz, L.; Zeiger, E. Plant Physiology. California: The Benjamim/ Cummings Publishing

Company, Inc., Redwood City, 2010. 582p.

Tezara, W. et al. Effects of water deficit and its interaction with CO2 supply on the

biochemistry and physiology of photosynthesis in sunflower. Journal of Experimental Botany,

Elmsford, v.53, p.1781-1791, 2002.

a

Hora Hora

a b

0

2

4

6

8

10

12

14

16

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