AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DE TRÂNSITO Jane Carmem da Silva Machado (CRP-08/11896)...
Transcript of AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DE TRÂNSITO Jane Carmem da Silva Machado (CRP-08/11896)...
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DE
TRÂNSITO
Jane Carmem da Silva Machado (CRP-08/11896)
CTB – Código de Trânsito Brasileiro Art. 1º §1
Trânsito: “Utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga”.
Resultado da necessidade
de ir e vir!!!
Psicologia do Trânsito“Uma área da Psicologia que estuda, através de
métodos científicos válidos, os comportamentos humanos no trânsito e os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram”.
Em síntese: o estudo dos comportamentos – deslocamentos
no trânsito e de suas causas”.
Reinier Rozestraten
Os acidentes de trânsito.Aumento da frota de veículos;Aumento do número de habitantes;Habilitações também aumentam, como
conseqüência;Ruas quase sempre são as mesmas;Transporte coletivo deficitário;Sistema trânsito prioriza o fluxo e não a segurança;Mais gente, mais veículos nas mesmas vias, e
A EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO NÃO ACOMPANHOU ESTA MUDANÇA.
FATORESFATORES CONTRIBUINTES DOS ACIDENTES DE TRÂNSITOCONTRIBUINTES DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO
Natureza Fatores contribuintes
Homem - Imprudência- Velocidade acima do permitido- Não utilização do cinto de segurança- Uso de telefone celular (veículo em movimento)- Desgaste físico- Álcool, etc...- Outros
Via e meio ambiente - Erro de projeto- Pista deteriorada- Posicionamento inadequado das placas de
sinalização- Erros de sinalização- Parada de ônibus em lugar inadequado- Vegetação, obstáculos como placas de
propaganda, etc.
Veículo - Falta de manutenção preventiva
Como a atuação do psicólogo pode contribuir com o trânsito?Selecionando pessoas capacitadas para a circulação no
trânsito. A partir desta necessidade é que se estabelece
o trabalho mais antigo da Psicologia de Trânsito: a
Avaliação Psicológica de Motoristas, avaliação que
pressupõe teoricamente que existem pessoas que não
podem dirigir e outras que possuem as habilidades e
condições necessárias para assumir o papel de condutor
de veículos.
Psicologia do Trânsito: problemas Como em vários países, também no Brasil a introdução do
psicólogo no trânsito se deu primeiro, pragmaticamente.
Como “profissional dos testes”, o psicólogo deveria fazer
seleção de motoristas e candidatos a motoristas, antes de ter
em mãos resultados científicos sobre os processos
psicológicos envolvidos no ato de dirigir, e sequer sem ter
submetido os testes a estudos críticos sobre a sua validade e
fidedignidade para a seleção de motoristas.
HistóriaRio de Janeiro, em 2 de abril de 1951- Tenente Coronel
Geraldo de Menezes Cortês, tinha como proposta a
seleção de motoristas profissionais, utilizando como
recurso testes psicológicos com a intenção de diminuir
acidentes de tráfego (Cortês, 1952).
Com a falta de instrumentos, a solução foi conhecer as
baterias de provas utilizadas em outros países.
Campos (1951) contribuiu em apresentar os instrumentos
utilizados no exterior.
As primeiras avaliações psicológicas para o trânsito foram
implementadas para aqueles condutores responsabilizados
por acidentes, sendo conduzidas a partir de 1951, pelo
Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) da
Fundação Getúlio Vargas. O trabalho desenvolvido pela
equipe do ISOP para estabelecer indicadores
profissiográficos para as diversas atividades profissionais
deu credibilidade para a profissão de psicólogo e estimulou a
necessidade da avaliação para dirigir (Alchieri, 2004).
História
Em 8 de junho de 1953, o CONTRAN torna obrigatório o
exame psicotécnico para todo aspirante à profissão de
motorista (Hoffmann, 1995). De acordo com Carvalho,
Pereira e Vieira (1953) esses exames eram conduzidos
com a aplicação de provas de personalidade, de aptidão
e com entrevistas, sem que houvesse qualquer perfil que
indicasse o que deveria ser considerado apto ou não.
História
A atuação do DETRAN/MG deu credibilidade aos
exames psicotécnicos, sendo aprovada em 9 de
fevereiro de 1962 pelo CONTRAN a extensão do exame
psicológico a todos os candidatos para a obtenção da
CNH (Hoffmann & Cruz, 2004) através da Resolução
353/62.
História
Já na década de 80, ampliou-se para a sociedade o problema
em torno da validade do exame para motoristas como uma
medida ineficaz para redução de acidentes. Os próprios
profissionais consideraram limitada a classificação das
pessoas em motoristas aptos e inaptos, entendendo estar
muito aquém de suas possibilidades técnicas a contribuição
dada por eles. Esses profissionais também reconheceram que
os instrumentos não permitiam uma identificação precisa dos
indivíduos propensos a se acidentarem (Solero, 1986).
História
Diante dessa situação, Solero (1986) sugeriu algumas
modificações na legislação do trânsito para habilitação
de motoristas, propondo especificar os processos
psíquicos elementares do comportamento do condutor e
indicando os exames complementares, a preparação
adequada dos profissionais e a fiscalização desse
trabalho.
História
O CFP, em 1988, criou a Comissão Especial do Exame
Psicológico para Condutores sob a presidência do psicólogo
Reinier Rozestraten acompanhado de Efrain Rojas-
Boccalandro e J. A. Della Coleta. Essa comissão tinha como
propósito obter dados e critérios relacionados ao exame
psicológico para condutores e ainda oferecer ao CONTRAN
uma proposta de reformulação normativa vigente na época
(Hoffmann & Cruz, 2004).
Como resultado: a Resolução 80/98.
História
No novo Código de Trânsito Brasileiro, a partir da
Resolução nº. 80/98 a avaliação psicológica passa a ter
quesitos específicos a serem avaliados;
Título de Perito Examinador do Trânsito;
Fortalece a avaliação de caráter preditivo, fomentando a
necessidade de técnicas que identifiquem o perfil da
amostra de bons e maus motoristas.
História
1. Da Avaliação PsicológicaO exame de Avaliação Psicológica é preliminar,
obrigatório, eliminatório, e complementar para os condutores e candidatos a obtenção, mudança de categoria, da Carteira Nacional de Habilitação, aferindo-se psicometricamente as seguintes áreas de concentração de características psicológicas:
área Percepto – Reacional , Motora e Nível Mentalárea do Equilíbrio PsíquicoHabilidades Específicas
RESOLUÇÃO nº 80/98
RESOLUÇÃO nº 80/98
A Avaliação Psicológica do Infrator Contumaz e envolvidos em acidentes com vítima é obrigatória e focalizará preferencialmente a análise das situações de risco ou acidente, em que o mesmo tenha se envolvido, visando orientação de encaminhamento específico , para melhoria de sua conduta.
O candidato a CNH, portador de defeito físico será avaliado do ponto de vista psicológico a partir de técnicas psicológicas que sejam compatíveis com a condição de cada um .
RESOLUÇÃO nº 80/98
A área percepto-reacional e motora será avaliada através de técnicas psicológicas permitindo aferir de forma integrada e interdependente o que se segue:
atenção;percepção;tomada de decisão;motricidade e reação.cognição;nível mental.
RESOLUÇÃO nº 80/98A área de equilíbrio psíquico será avaliada através de
entrevistas, observação durante os exames e de técnicas psicológicas, considerando-se:
ansiedade e excitabilidadeausência de quadro reconhecidamente patológico;controle adequado da agressividade e impulsividade;equilíbrio emocional;ajustamento pessoal-social;demais problemas correlatos (alcoolismo, epilepsia,
drogadição, entre outros), que possam detectar contra-indicações à segurança do trânsito.
RESOLUÇÃO nº 80/98
As Habilidades específicas e Complementares dizem respeito a :
tempo de reação;atenção concentrada;rapidez de raciocínio;relações espaciais;outras, desde que necessárias ao aprofundamento
da avaliação psicológica.
RESOLUÇÃO nº 80/98
A entrevista psicológica deve investigar história pregressa e atual do candidato
Os instrumentos de avaliação psicológica e seus parâmetros para as diferentes categorias serão estabelecidos pelo órgão executivo máximo de trânsito da União.
RESOLUÇÃO nº 80/98
O candidato a Carteira Nacional de Habilitação - CNH ou condutor de veículo automotor, será considerado segundo o parecer do psicólogo:
APTO quando apresentar desempenho condizente na Avaliação Psicológica para a condução de veículo automotor na categoria pretendida.
APTO COM RESTRIÇÃO quando apresentar distúrbios ou comprometimento psicológico, que estejam no momento temporariamente sob controle, fazendo constar o prazo de validade para a revalidação da CNH.
RESOLUÇÃO nº 80/98
INAPTO TEMPORARIAMENTE quando apresentar alguma deficiência psicológica nos aspectos psicológicos avaliados, que sejam porém passíveis de recuperação ou correção
INAPTO quando apresentar inadequação nas áreas avaliadas que estejam fora dos padrões da normalidade e de natureza não recuperável .
No ano de 2002, o CFP, divulgou pela Res. 16/02
atributos quanto à forma de atuação do psicólogo na
avaliação psicológica.
Em 2003, publicou a Res. 002/2003, definindo a
regulamentação pela qual o instrumento deve ser
construído, de acordo com os princípios reconhecidos
pela comunidade científica, especialmente os
desenvolvidos pela Psicometria, o que deu ênfase as
pesquisas.
História
Teste de Rorschach - Motoristas que se envolveram em acidentes e não infratores (Lamounier, 2005).
Teste Palográfico - Motoristas que se envolveram em acidentes com e sem vítimas e motoristas que não se envolveram (Alves & Esteves, 2004). -
Psicodiangnóstico Miocinético – PMK – Comparação entre candidatos a CNH de Estados diferentes (Almeida, Alves, Bardella & Esteves, 2004).
O teste STAXI – Mensuração da raiva em Motoristas – motorista infrator e não-infrator(Presa, 2002)
Testes das Pirâmides Coloridas de Pfister (Tawamoto, 2008).
História
Mesmo com a tentativa da Resolução nº. 80/98 do CTB, de
estabelecer critérios para a avaliação psicológica, nota-se
que muitos profissionais utilizam técnicas sem discernimento
sobre o que avaliar.
Duarte (2004) e Rozestraten (2006) ainda questionam a
validade e fidedignidade das técnicas e consideram
necessário um estudo para definir um perfil psicológico
diferenciado de condutores ou um estudo com cada teste em
amostras significativas equiparadas.
História
Problemas com a Resolução 80 - Câmara Temática de
Saúde e Meio Ambiente (CTSMA) e Conselho Federal de
Psicologia: Conclusão a Resolução nº. 80/98 estava
desatualizada sob o ponto de vista científico e com
lacunas no ponto de vista técnico.
História
Com as mudanças, a Resolução nº. 80/98 do CTB foi
revogada, passando a vigorar a Resolução nº. 267/08
do CTB. Essa nova resolução conceitua os itens a
serem avaliados e ainda requer na entrevista dos
candidatos à CNH, o fornecimento de informações
pertinentes ao trânsito, com a finalidade de realizar
pesquisas e ações eficazes. As avaliações passam a ser
realizadas nas clínicas credenciadas ao Detran.
História
O CFP propôs modificações estruturais de natureza
administrativas, técnica e ética. As propostas do CFP devem-
se, principalmente, à Resolução CFP nº. 012/2000 que
dispõe a respeito do trabalho do psicólogo na avaliação
psicológica de candidatos à CNH e à Resolução CFP nº.
002/2003 que se refere ao uso dos testes psicológicos.
O CFP publica a Resolução nº007/2009 o qual institui
normas e procedimentos para avaliação psicológica no
contexto do Trânsito.
História
Resolução 267/2008: Art. 6ºI - entrevistas diretas e individuais (Anexo
XIV);II - testes psicológicos, que deverão estar de
acordo com resoluções vigentes do Conselho Federal de Psicologia - CFP, que definem e regulamentem o uso de testes psicológicos;
III - dinâmicas de grupo;IV - escuta e intervenções verbais.
Resolução 267/2008 Art. 9º: resultadosI - apto - quando apresentar desempenho
condizente para a condução de veículo automotor;
II - inapto temporário - quando não apresentar desempenho condizente para a condução de veículo automotor, porém passível de adequação;
III - inapto - quando não apresentar desempenho condizente para a condução de veículo automotor.
Resolução 267/2008 Art. 9º: resultados§ 1º O resultado inapto temporário constará na
planilha RENACH e consignará prazo de inaptidão, findo o qual, deverá o candidato ser submetido a uma nova avaliação psicológica.
§ 2º Quando apresentar distúrbios ou comprometimentos psicológicos que estejam temporariamente sob controle, o candidato será considerado apto, com diminuição do prazo de validade da avaliação, que constará na planilha RENACH (Reg. Nac. de Condutores Habilitados).
§ 3º O resultado da avaliação psicológica deverá ser disponibilizado pelo psicólogo no prazo de dois dias úteis.
Resolução 267/2008O psicólogo deve ter Título de Especialista
em Psicologia do Trânsito reconhecido pelo CFP ou ter concluído com aproveitamento o curso “Capacitação para Psicólogo Perito Examinador de Trânsito” (Art. 18).
Os psicólogos credenciados deverão atender, no máximo, ao número de perícias/dia por profissional em conformidade com as determinações vigentes do CFP (Art. 19).
1ª Etapa:Avaliação Psicológica Coletiva
Duração de 2h;Estabelecimento de rapport;Aplicação de testes selecionados
anteriormente, com correção posterior; A bateria de testes incluem: Personalidade,
Raciocínio Lógico, Atenção (3 testes) e Memória.
2ª Etapa: Aval. Psic. Individual-Entrevista
1. identificação pessoal;2. motivo da avaliação psicológica;3. histórico escolar e profissional;4. histórico familiar;5. indicadores de saúde/doença;6. aspectos da conduta social;7. envolvimento em infrações e acidentes de
trânsito;8. opiniões sobre cidadania e trânsito;9. sugestões para redução de acidentes de trânsito.
Procedimentos da Aval. Psic.Nos casos em que o candidato não alcançou
os objetivos necessários para aprovação, solicita-se sessões complementares ao seu processo de avaliação.
Na finalização, o psicólogo tem 2 dias para concluir avaliação com o resultado de aprovado ou não, sendo oferecida a entrevista devolutiva gratuitamente para os candidatos que demonstrarem interesse.
Avaliação PsicológicaAvaliação psicológica de motoristas: solicitada
pelo Detran e empresas, advogados, juízes, etc...No caso das avaliações para o Detran, atualmente
são realizadas em clínicas credenciadas ao órgão.Instrumentos utilizados: observação
comportamental, entrevistas e aplicação de testes formais.
Os honorários seguem o referencial estabelecido pelo Conselho Federal de Psicologia- CFP, porém atualmente no Paraná 80% do valor arrecadado pelo Detran é repassado para a clínica, esta paga o profissional..
Avaliação Psicológica: dificuldadesProibição de estagiários;honorários dos profissionais com valores
defasados;formação inadequada e inexperiência de
profissionais;baixa freqüência de fiscalização e orientação;candidatos “contaminados” com informações
sobre os testes;descrédito da população e dos psicólogos com a
avaliação, além de escassez de recursos na área de Trânsito.
ACIDENTE DE TRÂNSITO MATA MAIS ACIDENTE DE TRÂNSITO MATA MAIS
QUE A GUERRA SEGUNDO A OMSQUE A GUERRA SEGUNDO A OMS (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE)
IR E VIR É UM DIREITO, DIRIGIR É UM PRIVILÉGIO.
CNH É UMA CONQUISTA NÃO UM DIREITO.