Avaliação e Controlo de Riscos Profissionais nas Centrais ... · Centrais de Esterilização...

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Introdução References Avaliação e Controlo de Riscos Profissionais nas Centrais de Esterilização Hospitalares Autores : M . Catarina S . Marta Curso : Saúde Ambiental U . C .: Estágio Curricular II Professores : Ana Catarina Lança e Susana Paixão Poster A84 Edição 11 / 17 28 de Novembro de 2017 Materiais e Métodos Este estudo encontra-se em desenvolvimento e tem como objetivo principal avaliar os riscos ocupacionais a que os trabalhadores das Centrais de Esterilização hospitalares estão expostos. Os objetivos específicos passam por identificar perigos e avaliar riscos profissionais, aplicar estudos semi-quantitativos dos postos de trabalho sobre ergonomia e estudos analíticos, nomeadamente, iluminação, ambiente térmico e qualidade do ar e elaborar planos de controle de riscos profissionais. Foi efetuada listas de verificação para apoio do estudo de observação assistida, concebidas com base na legislação em vigor. Em simultâneo, está a ser feito um estudo através de processos de consulta aos trabalhadores (administrando questionários). O estudo delineado classificou-se como tipo “transversal in loco”. É recomendado que os artigos que entram nas Centrais de Esterilização tenham um fluxo contínuo, sem retrocesso e sem o cruzamento do material limpo com o contaminado. É de fundamental importância lembrar que nem sempre os profissionais de saúde atuam em áreas diretas de prestação de cuidados; podem desempenhar as suas tarefas em serviços suporte e de apoio à prestação de cuidados. O trabalho nesses serviços pode ser tão ou mais insalubre que os de prestação direta de cuidados, expondo os trabalhadores a um número considerável de riscos. Entre essas áreas está o Centro de Material e Esterilização(Silva, 2007). A Central de Material e Esterilização é uma unidade vital e fundamental do contexto hospitalar, tendo como função prover materiais livres de contaminação para serem utilizados nos mais variados procedimentos hospitalares. Quem não trabalha no setor, muitas das vezes não conhece a complexidade das suas atividades(Talhaferro, Barboza and Domingos, 2006). Este serviço é responsável pela receção, limpeza, descontaminação, preparação, esterilização, armazenamento e distribuição dos materiais utilizados nas diversas unidades de um estabelecimento de saúde, o que a caracteriza como um setor fechado e crítico, no qual são manipulados materiais contaminados e infetados(Ferreira et al., 2004). É notável a falta de atenção ao pessoal que trabalha neste setor, bem como às atividades ali realizadas, talvez por ser um setor fechado, no qual as pessoas não interagem tanto com o meio externo, ou até mesmo pelo fato de as pessoas não conhecerem a relevância do trabalho no CME para um funcionamento eficiente das demais unidades do hospital. Além disso, são muitas as queixas e os problemas de saúde relatados pelos trabalhadores desse setor, em função das atividades ali executadas Trabalhadores satisfeitos tendem a realizar suas atividades com mais atenção, acolhimento e cordialidade, o que contribui para a humanização nas relações. Não se pode negligenciar que a qualidade do trabalho, da segurança ao usuário é, também, advinda dos materiais corretamente processados no CME. Acredita-se que estudar o trabalho do ponto de vista do trabalhador, diminui equívocos de avaliação. Não basta a racionalidade dos pesquisadores e técnicos, é preciso envolver aquele que vive a situação de trabalho para que, a partir das singularidades, efetivamente, haja construção coletiva. Conclusão 1. Pio M, Fleck DA, Leal OF, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da OMS ( WHOQOL-100 ) Development of the Portuguese version of the OMS evaluation instrument of quality of life. 1999;21(1):19–28. 2. Mauro MY, Muzi C, Guimarães R, Mauro C. RISCOS OCUPACIONAIS EM SAÚDE. 2004; 3. Ribeiro R, Vianna L. Uso dos equipamentos de proteção individual entre trabalhadores das centrais de material e esterilização 1. 2012;11:199–203. 4. Tipple A, Aguliari H, Souza A, Pereira M, Mendonça A, Silveira C. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO EM CENTROS DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO : DISPONIBILIDADE , USO E FATORES. 2007;6(4):441–8. 5. Silva A. Morbidade referida em trabalhadores de enfermagem de um centro de material e esterilização. 2007;6(1):95–102. Resultados e Discussão Área Suja Receção e limpeza de material contaminado Área Limpa Preparação de material e carga da autoclave Área Estéril Retirado material da autoclave e armazenamento do material estéril O planeamento da área física é intrinsecamente ligado as atividades pertinentes ao processo de trabalho, como: Receber e classificar os artigos sujos procedentes das áreas hospitalares; • Lavar e secar os materiais; • Receber as roupas vindas da lavanderia; • Preparar e embalar os materiais e roupas; • Esterilizar ou desinfetar os materiais e roupas, através de métodos indicados de acordo com a compatibilidade dos artigos, indicações de uso e avaliações de custo-benefício; • Armazenar os materiais processados; • Distribuir os materiais e roupas processados • Zelar pela proteção e segurança dos operadores NATUREZA DOS FATORES DE RISCO PROFISSIONAIS DESCRIÇÃO AMBIENTE TÉRMICO O calor é largamente utilizado nas CME , nas operações de limpeza, desinfeção e esterilização dos artigos e áreas hospitalares. Os equipamentos como as autoclaves, as máquinas desinfetantes ou ultrassónicas são consideradas fontes geradoras de calor, pois contribuem para o aumento da temperatura ambiental, proporcionando desconforto físico aos trabalhadores. O calor, quando em quantidade excessiva, pode causar efeitos indesejáveis sobre o corpo humano como fadiga transitória, algumas enfermidades das glândulas sudoríparas, edemas ou edema das extremidades, aumento de suscetibilidade a outras enfermidades, diminuição da capacidade de trabalho, catarata, entre outros (10) . RUÍDO As máquinas e equipamentos utilizados na CME produzem ruídos que podem atingir níveis excessivos, podendo a curto, médio e longo prazos provocarem sérios prejuízos à saúde (afeta o sistema nervoso, o sistema digestivo e o sistema circulatório). Quanto maior o nível de ruido, menor deverá ser o tempo de exposição ocupacional (10) . ILUMINAÇÃO A boa iluminação no ambiente de trabalho proporciona elevada produtividade, melhor qualidade do produto final, redução do número de acidentes, diminuição de desperdício de materiais, redução de fadiga ocular e geral, mais ordem e limpeza das áreas e menor animosidade dos trabalhadores (10) . QUÍMICA Os produtos químicos são largamente utilizados em CME com diversas finalidades, como agentes de limpeza, desinfeção e esterilização (10) . Nos sistemas de esterilização, as máquinas e equipamentos necessitam de produtos químicos que apresentam riscos para os funcionários, como por exemplo: o óxido de etileno é um produto tóxico, mutagénico, cancerígeno e potencialmente explosivo; o formaldeído a vapor sob pressão 73ºC é um produto tóxico e cancerígeno; o vapor a baixa temperatura com formaldeído 2% é um produto que não elimina totalmente a toxicidade e é potencialmente cancerígeno. MECÂNICA Os riscos mecânicos são as condições de insegurança existentes nos locais de trabalho, capazes de provocar lesões à integridade física do trabalhador. São decorrentes de movimentos inadequados, escorregões, quedas manipulação incorreta de equipamentos e outras condições de insegurança existentes nos locais de trabalho. O trabalhador deve ser instruído em relação aos modos de operação e riscos associados ao equipamento. Deve ser demonstrado ao trabalhador os EPI necessários, bem como os danos que os usos inadequados dos equipamentos podem provocar (10) . (ex.: queimaduras provocadas por contacto com máquinas pela não utilização de luvas/luvas adequadas). BIOLÓGICA Ao considerarmos o risco biológico, os trabalhadores de CME estão expostos a secreções orgânicas, ao lavar e manusear artigos contaminados; e podem ser fontes de transmissão de microrganismos para os pacientes, ao preparar um artigo que será esterilizado e manusear um artigo já esterilizado. Assim, a adoção do EPI, embora de uso individual, em algumas situações se presta a proteção coletiva. Em estabelecimentos de saúde, os artigos de múltiplo uso que não sofrerem processo de descontaminação entre atendimentos podem se tornar veículos de agentes infeciosos, assim como os locais onde estes artigos são reprocessados e as pessoas que os manuseiam (8) . ERGONÓMICA A predominância de dores na coluna entre os trabalhadores de CME não é uma surpresa, pois são muitas as atividades ali desempenhadas que envolvem a manipulação excessiva de peso e a adoção de posturas inadequadas e incômodas. Fatores como o ritmo de trabalho, a execução de atividades que causam sobrecarga de determinados grupos musculares, o uso de mobiliário e equipamentos desconfortáveis são responsáveis pelo elevado número de distúrbios osteomusculares em trabalhadores (5) .

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Page 1: Avaliação e Controlo de Riscos Profissionais nas Centrais ... · Centrais de Esterilização Hospitalares Autores: M. Catarina S. Marta Curso: Saúde Ambiental ... desinfeção

Introdução

References

Avaliação e Controlo de Riscos Profissionais nasCentrais de Esterilização HospitalaresAutores:

M. Catarina

S. Marta

Curso: Saúde Ambiental

U.C.: Estágio Curricular II

Professores: Ana Catarina Lança e Susana Paixão

Poster A84

Edição 11/17

28 de Novembro de

2017

Materiais e MétodosEste estudo encontra-se em desenvolvimento e tem como objetivo principal avaliar os riscos ocupacionais a que os trabalhadores das Centrais de Esterilização hospitalares estão expostos. Os objetivos específicos passam por identificar perigos e avaliar riscos profissionais, aplicar estudos semi-quantitativos dos postos de trabalho sobre ergonomia e estudos analíticos, nomeadamente, iluminação, ambiente térmico e qualidade do ar e elaborar planos de controle de riscos profissionais. Foi efetuada listas de verificação para apoio do estudo de observação assistida, concebidas com base na legislação em vigor. Em simultâneo, está a ser feito um estudo através de processos de consulta aos trabalhadores (administrando questionários). O estudo delineado classificou-se como tipo “transversal in loco”.

É recomendado que os artigos que entram nas Centrais de Esterilizaçãotenham um fluxo contínuo, sem retrocesso e sem o cruzamento domaterial limpo com o contaminado.

É de fundamental importância lembrar que nem sempre os profissionais de saúde atuam em áreas diretas de prestação de cuidados; podem desempenhar as suas tarefas em serviços suporte e de apoio à prestação de cuidados. O trabalho nesses serviços pode ser tão ou mais insalubre que os de prestação direta de cuidados, expondo os trabalhadores a um número considerável de riscos. Entre essas áreas está o Centro de Material e Esterilização(Silva, 2007). A Central de Material e Esterilização é uma unidade vital e fundamental do contexto hospitalar, tendo como função prover materiais livres de contaminação para serem utilizados nos mais variados procedimentos hospitalares. Quem não trabalha no setor, muitas das vezes não conhece a complexidade das suas atividades(Talhaferro, Barboza and Domingos, 2006). Este serviço é responsável pela receção, limpeza, descontaminação, preparação, esterilização, armazenamento e distribuição dos materiais utilizados nas diversas unidades de um estabelecimento de saúde, o que a caracteriza como um setor fechado e crítico, no qual são manipulados materiais contaminados e infetados(Ferreira et al., 2004).

É notável a falta de atenção ao pessoal que trabalha neste setor, bem como às atividades ali realizadas, talvez por ser um setor fechado, no qual as pessoas não interagem tanto com o meio externo, ou até mesmo pelo fato de as pessoas não conhecerem a relevância do trabalho no CME para um funcionamento eficiente das demais unidades do hospital. Além disso, são muitas as queixas e os problemas de saúde relatados pelos trabalhadores desse setor, em função das atividades ali executadasTrabalhadores satisfeitos tendem a realizar suas atividades com mais atenção, acolhimento e cordialidade, o que contribui para a humanização nas relações. Não se pode negligenciar que a qualidade do trabalho, da segurança ao usuário é, também, advinda dos materiais corretamente processados no CME. Acredita-se que estudar o trabalho do ponto de vista do trabalhador, diminui equívocos de avaliação. Não basta a racionalidade dos pesquisadores e técnicos, é preciso envolver aquele que vive a situação de trabalho para que, a partir das singularidades, efetivamente, haja construção coletiva.

Conclusão

1. Pio M, Fleck DA, Leal OF, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da OMS ( WHOQOL-100 ) Developmentof the Portuguese version of the OMS evaluation instrument of quality of life. 1999;21(1):19–28.

2. Mauro MY, Muzi C, Guimarães R, Mauro C. RISCOS OCUPACIONAIS EM SAÚDE. 2004; 3. Ribeiro R, Vianna L. Uso dos equipamentos de proteção individual entre trabalhadores das centrais de material e esterilização 1. 2012;11:199–203. 4. Tipple A, Aguliari H, Souza A, Pereira M, Mendonça A, Silveira C. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO EM CENTROS DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO : DISPONIBILIDADE , USO E FATORES. 2007;6(4):441–8.5. Silva A. Morbidade referida em trabalhadores de enfermagem de um centro de material e esterilização. 2007;6(1):95–102.

Resultados e Discussão

Área Suja

Receção e limpeza de material

contaminado

Área Limpa

Preparação de material e carga da

autoclave

Área Estéril

Retirado material da autoclave e

armazenamento do material estéril

O planeamento da área física é intrinsecamente ligado as atividades pertinentes ao processo de trabalho, como:

• Receber e classificar os artigos sujos procedentes das áreas hospitalares;

• Lavar e secar os materiais;

• Receber as roupas vindas da lavanderia;

• Preparar e embalar os materiais e roupas;

• Esterilizar ou desinfetar os materiais e roupas, através de métodos indicados de acordo com a compatibilidade dos artigos, indicações de uso e avaliações de custo-benefício;

• Armazenar os materiais processados;

• Distribuir os materiais e roupas processados

• Zelar pela proteção e segurança dos operadores

NATUREZA DOS

FATORES DE

RISCO

PROFISSIONAIS

DESCRIÇÃO

AMBIENTE

TÉRMICO

O calor é largamente utilizado nas CME , nas operações de limpeza, desinfeção e esterilização dos artigos e áreashospitalares. Os equipamentos como as autoclaves, as máquinas desinfetantes ou ultrassónicas são consideradas fontesgeradoras de calor, pois contribuem para o aumento da temperatura ambiental, proporcionando desconforto físico aostrabalhadores. O calor, quando em quantidade excessiva, pode causar efeitos indesejáveis sobre o corpo humano comofadiga transitória, algumas enfermidades das glândulas sudoríparas, edemas ou edema das extremidades, aumento desuscetibilidade a outras enfermidades, diminuição da capacidade de trabalho, catarata, entre outros(10).

RUÍDO

As máquinas e equipamentos utilizados na CME produzem ruídos que podem atingir níveis excessivos, podendo a curto,médio e longo prazos provocarem sérios prejuízos à saúde (afeta o sistema nervoso, o sistema digestivo e o sistemacirculatório). Quanto maior o nível de ruido, menor deverá ser o tempo de exposição ocupacional(10).

ILUMINAÇÃO

A boa iluminação no ambiente de trabalho proporciona elevada produtividade, melhor qualidade do produto final, reduçãodo número de acidentes, diminuição de desperdício de materiais, redução de fadiga ocular e geral, mais ordem e limpezadas áreas e menor animosidade dos trabalhadores(10).

QUÍMICA

Os produtos químicos são largamente utilizados em CME com diversas finalidades, como agentes de limpeza, desinfeção eesterilização(10). Nos sistemas de esterilização, as máquinas e equipamentos necessitam de produtos químicos queapresentam riscos para os funcionários, como por exemplo: o óxido de etileno é um produto tóxico, mutagénico,cancerígeno e potencialmente explosivo; o formaldeído a vapor sob pressão 73ºC é um produto tóxico e cancerígeno; ovapor a baixa temperatura com formaldeído 2% é um produto que não elimina totalmente a toxicidade e é potencialmentecancerígeno.

MECÂNICA

Os riscos mecânicos são as condições de insegurança existentes nos locais de trabalho, capazes de provocar lesões àintegridade física do trabalhador. São decorrentes de movimentos inadequados, escorregões, quedas manipulaçãoincorreta de equipamentos e outras condições de insegurança existentes nos locais de trabalho.

O trabalhador deve ser instruído em relação aos modos de operação e riscos associados ao equipamento. Deve serdemonstrado ao trabalhador os EPI necessários, bem como os danos que os usos inadequados dos equipamentos podemprovocar(10). (ex.: queimaduras provocadas por contacto com máquinas pela não utilização de luvas/luvas adequadas).

BIOLÓGICA

Ao considerarmos o risco biológico, os trabalhadores de CME estão expostos a secreções orgânicas, ao lavar e manusearartigos contaminados; e podem ser fontes de transmissão de microrganismos para os pacientes, ao preparar um artigo queserá esterilizado e manusear um artigo já esterilizado. Assim, a adoção do EPI, embora de uso individual, em algumassituações se presta a proteção coletiva. Em estabelecimentos de saúde, os artigos de múltiplo uso que não sofreremprocesso de descontaminação entre atendimentos podem se tornar veículos de agentes infeciosos, assim como os locaisonde estes artigos são reprocessados e as pessoas que os manuseiam(8).

ERGONÓMICA

A predominância de dores na coluna entre os trabalhadores de CME não é uma surpresa, pois são muitas as atividades alidesempenhadas que envolvem a manipulação excessiva de peso e a adoção de posturas inadequadas e incômodas. Fatorescomo o ritmo de trabalho, a execução de atividades que causam sobrecarga de determinados grupos musculares, o uso demobiliário e equipamentos desconfortáveis são responsáveis pelo elevado número de distúrbios osteomusculares emtrabalhadores(5).