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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL AVALIAÇÃO DO USO DE VANT PARA A COLETA DE DADOS DE ENCALHES DE TETRÁPODES MARINHOS EM PROGRAMAS DE MONITORAMENTO DE PRAIA MÔNICA PONTALTI ITAJAÍ, SANTA CATARINA 2017

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DO USO DE VANT PARA A COLETA DE DADOS DE ENCALHES DE TETRÁPODES MARINHOS EM PROGRAMAS DE

MONITORAMENTO DE PRAIA

MÔNICA PONTALTI

ITAJAÍ, SANTA CATARINA

2017

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DO USO DE VANT PARA A COLETA DE DADOS DE ENCALHES DE TETRÁPODES MARINHOS EM PROGRAMAS DE

MONITORAMENTO DE PRAIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, para a obtenção do título de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental. Orientador: Dr. André Silva Barreto Orientada: Mônica Pontalti

Itajaí, Santa Catarina

Junho de 2017.

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Eu sou, mar, tu bem sabes, teu discípulo. Que nunca digas, mar, que não foste meu mestre.

Vinícius de Morais.

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Agradecimentos

Às minhas colegas de Mestrado que sempre me apoiaram compartilhando muito além de

aulas e trabalhos, mas histórias, experiências e muitas risadas. Em especial a Marina,

Raquel, Angelina e Regina.

A toda a galera do PMP, pelo apoio nos trabalhos de campo, especialmente o Jefferson,

Pinguim, Rodrigo e Fer. Ao Rômulo que me acompanhou em algumas coletas de dados,

mas principalmente pelas inúmeras “trocas de ideias malucas” que um dia ainda sairão

do papel.

Um obrigado gigante ao meu orientador Prof. Dr. André Silva Barreto por ser um

excelente profissional que sempre me serviu de inspiração. Sua ajuda, conselhos e

confiança me motivaram em acreditar cada vez mais que a pesquisa é realmente linda e

assustadora. Você é admirável!

Ao Prof. Dr. Joaquin Olinto Branco pelas conversas no laboratório e pelos ricos conselhos

que me deste, além de toda ajuda e incentivo profissional durante este período.

André Santi pela dedicação em acordar muito cedo (escuro ainda) para me acompanhar

nos voos, principalmente por me dar força e me manter calma quando perdia o controle

do equipamento achando que ia bater em alguma árvore! À sua paciência, perseverança

em acreditar no meu potencial e em todos os momentos que desfrutamos juntos durante

o desenvolvimento deste trabalho. Esta conquista também é sua.

Um thank you “baita” especial para Tici, amiga querida from NZ que se tornou uma irmã,

não de sangue, mas de vida. Lá de muito longe, acompanhou cada passo deste processo e

me deu suporte nos momentos mais difíceis. Seus áudios intermináveis (meio português,

meio inglês) pelo WhatssAp me encorajaram a seguir em frente. Você é incrível!

Como diz o ditado: “quem tem amigos nunca está só”, então a vida me presenteou com

muitos deles. Agradeço profundamente à Cris da Penha, Gabi Plentz, Bia, Thaly e Kako

Hubner. As palavras e ajuda de vocês foram muito importantes.

Agradeço a Deus por ter criado uma natureza tão perfeita. Ao mar que é minha grande

paixão e a todos os animais marinhos que nele habitam; isto me transmite uma paz interior

que não cabe aqui explicar.

Obrigada!

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SUMÁRIO

1. LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... 6

LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 8

LISTA ANEXOS .............................................................................................................. 9

RESUMO ....................................................................................................................... 10

ABSTRACT ................................................................................................................... 11

2. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

1.1. Eventos de Encalhes e Programas de Monitoramento de Praias ..................... 15

1.2. Veículos Aéreos Não Tripulados para Estudos de Encalhes de Tetrápodes Marinhos ..................................................................................................................... 17

2. OBJETIVOS............................................................................................................ 21

2.1. Objetivo Geral .................................................................................................. 21

2.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 21

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 22

3.1. Área de Estudo ................................................................................................. 22

3.2. Coleta de Dados ............................................................................................... 25

3.2.1. Metodologia Tradicional .......................................................................... 25

3.2.2. Monitoramento Aéreo............................................................................... 27

3.3. Análise dos Dados ........................................................................................... 32

4. RESULTADOS ....................................................................................................... 33

4.1. Análise dos Parâmetros Ideais de Voo ............................................................ 33

4.2. Análise da Detectabilidade de Encalhes .......................................................... 36

4.3. Análise do Tempo de Trabalho de Campo ...................................................... 39

4.4. Análise dos Custos ........................................................................................... 40

4.5. Análise dos Efeitos Causados pelas Metodologias no Meio Ambiente ........... 44

5. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 48

6. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 55

7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ...................................................................... 56

8 ANEXOS ................................................................................................................. 64

Anexo 1.Ficha de Registro de Esforço de Monitoramento Terrestre ......................... 64

Anexo 2.Ficha de Registro de Esforço de Monitoramento Aéreo .............................. 65

Anexo 3.Ficha de Registro de Ocorrência de Fauna Individual ................................. 66

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1. LISTA DE FIGURAS

Figura 1.Mapa da área de estudo no município de Garopaba que está inserido na APA-

BF. Destaque para as quatro praias monitoradas (Siriú, Garopaba, Silveira e Ferrugem).

........................................................................................................................................ 24

Figura 2. Foto aérea das quatro praias monitoradas através da metodologia tradicional e

pela metodologia com o uso de VANT durante o período deste estudo: (a) Praia de

Garopaba, (b) Praia do Siriú, (c) Praia da Silveira, (d) Praia da Ferrugem. ................... 25

Figura 3. Veículos de transporte utilizados nos monitoramentos de praia em busca de

encalhes de tetrápodes marinhos pela metodologia tradicional: (a) quadriciclo e (b)

caminhonete. ................................................................................................................... 26

Figura 4. Modelo do VANT utilizado na aplicação da metodologia de monitoramento

aéreo: (a) Phantom 3 Professional; (b) Câmera Sony EXMOR; (c) Rádio Controle. .... 27

Figura 5. Esquema do teste de alturas realizado com o VANT para definição dos

parâmetros ideias de voo, considerando a altitude, a duração das baterias, a estabilidade

do equipamento em diferentes condições de vento e a qualidade das imagens. ............ 29

Figura 6. Teste de alturas realizado com o VANT sobrevoando um objeto de 20 cm nas

seguintes altura: 5 m (a), 10 m (b), 15 m (c), 20 m (d), 25 m (e) e 30 m (f) com a câmera

com ângulo de 90°. ......................................................................................................... 30

Figura 7. Objetos avistados pelo VANT durante os sobrevoos pelas praias em busca de

encalhes a 7 m de altura: (a) lixo plástico (garrafa pet); (b) peixes; (c) algas e bolacha-da-

praia. ............................................................................................................................... 35

Figura 8. Ocorrências dos encalhes de tetrápodes marinhos distribuídas nas praias

monitoradas (indicadas em vermelho). Os pontos azuis indicam os animais encontrados

pela metodologia tradicional e pela metodologia aérea e os pontos amarelos indicam os

animais encontrados somente pela metodologia tradicional. ......................................... 37

Figura 9. Imagens aéreas de encalhes de tetrápodes marinhos registrados pelo VANT: (a)

pinguim-de-magalhães; (b), (c) e (d) tartaruga-verde. ................................................... 39

Figura 10. Veículos terrestres em atividades de monitoramento. (a) quadriciclo; (b) trilha

de acesso para a entrada do quadriciclo na praia; (c) caminhonete. ............................... 44

Figura 11. Comportamento dos urubus com a aproximação do VANT: (a) animal voando

ao redor do equipamento; (b) urubus-de-cabeça-vermelha alimentando-se de carcaça de

pinguim; (c) urubus-de-cabeça-preta alimentando-se de carcaça de tartaruga-verde. ... 46

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Figura 12. Fotos aéreas de aves na faixa de areia durante a passagem do VANT a 7-8 m

de altura: (a) urubu-cabeça-preta; (b) gavião comendo peixe; (c) garça-branca-pequena;

(d) pernilongo; (e) piru-piru; (f) gaivota......................................................................... 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.Especificações do VANT utilizado na presente pesquisa - modelo: Phantom 3

Professional. ................................................................................................................... 28

Tabela 2.Voos realizados em campo para testar o VANT e as condicionantes de sobrevoo

antes da aplicação da metodologia aérea. ....................................................................... 30

Tabela 3. Praias do município de Garopaba que foram escolhidas para a coleta de dados

através do monitoramento aéreo segundo: a extensão, o tipo de morfologia e o veículo

terrestre utilizado no percorrimento da extensão praial.................................................. 31

Tabela 4. Condições ambientais observadas para o período de um ano (01/05/2016 a

30/04/2017), entre os horários de 06:00 h a 17:00h, considerando a presença de chuva e

ventos com rajadas superiores às condições que o VANT pode operar (36 Km/h). ...... 34

Tabela 5.Ocorrências de encalhes de tetrápodes marinhos registradas nas duas estratégia

de monitoramento (tradiconal e aéreo) distribuídas nas praias da área de estudo, conforme

as espécies encontradas e as coordenadas geográficas de cada encontro. ...................... 36

Tabela 6. Tempo de coleta de dados dos eventos de encalhes registrados pela metodologia

tradicional com o uso de veículos terrestres. .................................................................. 40

Tabela 7. Tempo de coleta de dados dos eventos de encalhes registrados pela metodologia

aérea com o uso do VANT. ............................................................................................ 40

Tabela 8. Descrição dos equipamentos utilizados em ambas metodologias, o tempo de

depreciação de cada item e o valor mensal de depreciação por descrito por mês. ......... 41

Tabela 9.Custos recorrentes da metodologia tradicional para a realização dos

monitoramentos de praia para o período de um mês. ..................................................... 42

Tabela 10. Custos recorrentes da metodologia aérea para a realização dos monitoramentos

de praia para o período de um mês. ................................................................................ 43

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LISTA ANEXOS

Anexo 1.Ficha de Registro de Esforço de Monitoramento Terrestre. ............................ 64

Anexo 2.Ficha de Registro de Esforço de Monitoramento Aéreo. ................................. 65

Anexo 3.Ficha de Registro de Ocorrência de Fauna Individual. .................................... 66

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RESUMO

Encalhes de tetrápodes marinhos em áreas litorâneas podem fornecer informações

valiosas sobre muitos animais. Contudo, as metodologias utilizadas para a coleta de

informações geralmente são caras e demandam grandes esforços. Este trabalho avaliou a

efetividade de um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) na coleta de dados de encalhes

destes animais em programas de monitoramentos de praia. O estudo ocorreu entre agosto

de 2015 e maio de 2017, avaliando uma combinação de fatores para testar a implantação

de sobrevoos na aquisição de vídeos e fotografias e comparar os resultados obtidos com

a metodologia tradicional que utiliza veículos terrestres. Foram realizados 80

monitoramentos aéreos em quatro praias do litoral centro-sul do estado de Santa Catarina

que resultaram em 124 vídeos. Um total de quatro carcaças foram registradas durante o

período de estudo tanto pela metodologia tradicional como pelo VANT. No entanto,

outros quatro eventos foram registrados somente pelo monitoramento terrestre, porém

fatores relacionados ao intervalo de tempo entre a varredura das praias pelas duas

estratégias pode ter influenciado nos registros. Apesar da obtenção de boas imagens

aéreas e da fácil identificação dos encalhes pelo equipamento, o VANT não pode

substituir a metodologia tradicional devido a uma série de impedimentos técnicos, sendo

o principal deles a impossibilidade de voar em condições climáticas adversas como ventos

fortes e chuva. Para um levantamento climático dos 365 dias (referentes ao período de

coletas desta pesquisa), estimou-se que apenas 146 dias seria possível utilizar o VANT

enquanto que na metodologia tradicional este impedimento é reduzido pois pode ser

empregada com a presença ventos e chuvas fracas a moderadas. Esperamos que esta

experiência ajude na tomada de decisões sobre a futura utilização operacional de

aeronaves não tripuladas pela comunidade científica, possibilitado que esta tecnologia

seja implementada em diferentes pesquisas com animais selvagens.

Palavras-chaves: VANT, encalhes, tetrápodes marinhos, monitoramento aéreo, monitoramento de praia, litoral de Santa Catarina.

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ABSTRACT

Marine tetrapods strandings in coastal areas can provide valuable information about the

cause of death of many animals. However, the methods used to collect information are

often expensive and require great efforts. This study evaluated the effectiveness of a small

Unmanned Aerial Vehicle (UAV) to collect tetrapods strandings data during beach

monitoring programs. The study was conducted between August 2015 and May 2017,

evaluating a combination of factors to test the deployment of flyovers in the acquisition

of videos and photographs and compare results with land-based method. A total of 80

aerial surveys were conducted on 4 beaches along the south-central coast of Santa

Catarina, which resulted in 124 videos. A total of 4 carcasses were recorded during the

study by both, the traditional method and the UAV. However, 4 other events were

recorded only by land-based monitoring, but factors related to the time interval between

the beaches' sweep by the two strategies may have influenced these results. Despite

obtaining good aerial images and easy identification of strandings, the UAV can not

replace traditional methodology due series of technical factors. The main one is due

climate conditions, where the UAV can not fly in high wind conditions and when is

raining. For a 365-day climatic survey (referring to the collection period of this research),

it was estimated that only 146 days would be possible to use the UAV while the traditional

methodology this impediment is reduced because it can be used on windy and low to

moderate rains. We hope this study will help in making decisions about the future

operational use of unmanned aircraft by the scientific community, enabling this

technology to be implemented in different wildlife research.

Key-words: UAV, stranding, marine tetrapods, aerial survey, beach monitoring, Santa

Catarina coast.

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2. INTRODUÇÃO

Proteger o ambiente marinho costeiro é um desafio significativo e tão importante

quanto a gestão de conservação deste recurso é a preservação e o monitoramento da saúde

dos animais que nele habitam. O litoral brasileiro possui uma abundante diversidade

biológica marinha (LEWINSOHN, 2002), em parte por estar sob influência de duas

correntes: a do Brasil, de águas quentes e pobres em nutrientes, e das Malvinas com águas

frias e ricas em nutrientes, que em sua área de contato geram a Convergência Subtropical

do Atlântico Sul Ocidental (PEREIRA, 1989; SIMÕES-LOPES & XIMENES, 1993;

ODEBRECHT & GARCIA, 1998). Esta zona de encontro ocorre no litoral do estado de

Santa Catarina, atingindo as zonas litorâneas do sul e sudeste brasileiro e resulta na

formação de frentes oceanográficas caracterizadas por importantes áreas alimentares para

muitos tetrápodes marinhos (répteis, aves e mamíferos). Os deslocamentos destas

correntes, principalmente durante os meses de inverno, influenciam fortemente a

composição faunística local (MMA, 1999).

No estado de Santa Catarina, as características geográficas costeiras também

colaboram para tornar o ambiente altamente rico em biodiversidade. Além de espécies

marinhas residentes, o litoral catarinense é reconhecido por receber animais migratórios,

tanto mamíferos quanto aves. Com relação aos mamíferos, existem diversos estudos que

contabilizam as espécies, correspondendo a 57 para toda a costa brasileira (MORENO et

al., 2005; SICILIANO et al., 2008; SANTOS et al., 2010), onde a maioria destas ocorrem

na região sul do país (PINEDO et al., 1992) sendo aproximadamente 58% avistadas na

costa catarinense (SIMÕESLOPES & XIMENEZ, 1990; SIMÕES-LOPES et al., 1995;

LINDNER, 2014).

Com a distribuição das espécies de mamíferos marinhos sendo bastante variada

no litoral catarinense, é importante destacar as baleias-francas-do-sul (Eubalaena

australis) como uma espécie com área distribuição mais restrita. Elas utilizam as enseadas

protegidas do estado durante os meses de inverno (junho-outubro) para cumprir

atividades reprodutivas e de berçário (PAYNE, 1986; ANTUNES et al., 2012;

SEYBOTH, et al., 2016). Também com distribuição em áreas mais restritas, pode-se citar

o golfinho-pintado-do-atlântico (Stenella frontalis) no atlântico tropical e temperado

(PERRIN, 2002) e o boto-cinza (Sotalia guianensis) que habita a costa do Panamá até

Florianópolis (SIMÕES-LOPES, 1998; BOROBIA et al.,1991).

Espécies cosmopolitas como a orca (Orcinus orca), a baleia jubarte (Megaptera

novaeangliae) (JEFFERSON et al., 1993), o boto-da-tainha (Tursiops truncatus)

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(SIMÕES-LOPES & FABIÁN, 1999; BARRETO, 2000), também são avistados no

litoral catarinense. Os botos-da-tainha, possuem hábitos costeiros e oceânicos, porém em

diferentes populações (WELLS & SCOTT, 2009). Os que são residentes, habitam o

interior do maior complexo lagunar do Estado, na cidade de Laguna (SIMÕES-LOPES

& XIMENEZ, 1993; SIMÕES-LOPES & FABIÁN, 1999; BARRETO, 2000). Esta

espécie é conhecida por interagir com pescadores artesanais na captura de presas,

principalmente da tainha (Mugil sp.), que é o mais importante recurso alimentar para esta

população (SIMÕES-LOPES et al., 1998). Já as toninhas (Pontoporia blainvillei),

possuem uma única população residente a qual está localizada na baía da Babitonga, em

São Francisco do Sul/SC (CREMER & SIMÕES-LOPES, 2005). São animais com

hábitos costeiros e comumente capturadas em redes de pesca (DI BENEDITTO et al.,

2001; BERTOZZI & ZERBINI, 2002). Para o boto-cinza, há populações residentes

conhecidas com distribuição no limite sul da baía norte de Florianópolis (SIMÕES-

LOPES, 1998).

As espécies costeiras no geral sofrem diferentes pressões antrópicas como

poluição, tráfego de embarcações e emalhe ou captura acidental em redes de pesca,

tornando comum a presença de ferimentos no corpo e até mesmo a morte (SIMÕES-

LOPES & XIMENEZ, 1990; CRESPO et al., 1997; MÄDER et al., 2006; PONTALTI &

DANIELSKI, 2011).

Outros mamíferos marinhos também encontrados ao longo do litoral do estado,

são os pinípedes (focas, lobos e leões marinhos). Apesar de não existirem colônias

reprodutivas de pinípedes no país, até o presente momento já foram documentadas sete

espécies na totalidade da costa brasileira (ICMBIO, 2011). A presença destes animais é

registrada regularmente (PINEDO, 1990; PINEDO et al., 1992; SIMÕES-LOPES et al.,

1995; SILVA, 2004) e pode ser considerada como resultado de movimentos erráticos ou,

para algumas espécies, sazonais (SIMÕES-LOPES et al., 1995; MOURA et al., 2010),

devido a facilidade de deslocamento (DREHMER et al., 1998).

Diversos autores apontam os meses de inverno e primavera como o principal

período de ocorrência de encalhes destes animais (SIMÕES-LOPES et al., 1995;

OLIVEIRA et al., 2011). Uma vez que sua presença está relacionada à busca por

alimentos e locais de descanso (MUELBERT & OLIVEIRA, 2006), Santa Catarina é o

segundo estado com maiores ocorrências, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul

(SILVA, 2004).

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Em 10 anos (1984- 1993) de levantamentos de registros de encalhes de pinípedes

ao longo do litoral sul brasileiro, o lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalis australis)

é o mais frequente, seguido do leão-marinho-do-sul (Otaria flavescens) (SIMÕES-

LOPES et al., 1995). Os dados corroboraram com a posterior pesquisa de OLIVEIRA et

al. (2011), entre 2000 a 2010 para o litoral catarinense. A maioria das incidências dos

animais encontrados no estudo indicou que foram de animais mortos e ainda ficou

evidente que o grande número dos óbitos estava associado às interações antrópicas.

Com relação à ocorrência de avifauna, o litoral catarinense é uma importante área

de forrageamento e descanso para muitas espécies. As aves marinhas observadas em

Santa Catarina estão divididas em oceânicas e costeiras (SCHLATTER & SIMEONE,

1999). As oceânicas obtêm seu alimento especialmente do mar e passam a maior parte de

sua vida em zonas pelágicas, utilizando ilhas oceânicas para descanso e reprodução.

Dentre algumas marinhas que ocupam as ilhas catarinenses para nidificação e descanso

estão os trinta-réis (Sterna hirundinacea e Thalasseus sandvicensis) e as fragatas

(Fregata magnificens) (BRANCO, 2003).

As aves costeiras alimentam-se e reproduzem-se na plataforma continental e

algumas utilizam os estuários. Dentro desta última classificação, as gaivotas (Larus

dominicanus) são as aves marinhas mais comuns do litoral catarinense (SOARES &

SCHIEFLER, 1995; BRANCO, 2000), e são abundantemente encontradas ao longo das

praias arenosas, manguezais, ilhas e estuários (BLANCO, 1999; SCHLATTER &

SIMEONE, 1999). Dentre as aves de hábitos limícolas abundantes no litoral catarinense,

pode-se citar as garças (Ardea alba, Egretta thula, Egretta caerulea e Bubulcus ibis),

pirú-pirú (Haematopus palliatus), pernilongos (Himantopus melanurus), biguás

(Phalacrocorax brasilianus) (OLMOS & SILVA, 2001; BRANCO, 2003) entre outras.

As praias arenosas e os estuários são locais de alimentação e repouso também para

bandos de aves migratórias que utilizam estas regiões para suprirem as quantidades

energéticas necessárias para realizar migrações. Naka et al. (2002) realizaram um

levantamento de todas as espécies de aves que ocorrem na ilha de Santa Catarina durante

1 ano (1997-1998) e totalizaram 25 espécies marinhas. Dezessete destas espécies são

migrantes provenientes do sul e procriam na Patagônia, em ilhas subantárticas e na

península Antártica. Algumas destas aves aparecem ocasionalmente mortas nas praias.

Outros visitantes vindos do sul regularmente encontrados, são os pinguins-de-

magalhães (Spheniscus magellanicus). Os indivíduos desta espécie abandonam os sítios

reprodutivos após o período de procriação e utilizam a corrente das Malvinas para

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capturar alimentos (WILLIAMS et al., 1995). Muitas dessas aves atingem as águas da

plataforma continental do Brasil e chegam até as praias enfraquecidos ou mortos. A

incidência de mortalidade desta espécie na costa brasileira ocorre principalmente no Rio

Grande do Sul e Santa Catarina (SICK, 1997; PINTO et al., 2006) e as causas dos

encalhes também estão relacionadas à intensa exposição a diferentes tipos de poluição,

como por petróleo e nas interações com redes de pesca (PETRY, et al., 2004).

Para os répteis marinhos, Santa Catarina apresenta todas as cinco espécies de

tartarugas marinhas ocorrentes no Brasil, no entanto, a tartaruga-verde (Chelonia mydas)

é a mais comum (SANCHES & BELLINI, 1999; PUPO et al., 2006). Elas utilizam as

águas catarinenses para alimentação e são frequentemente avistadas em áreas próximas

de costões rochosos, estuários e regiões onde buscam recursos alimentares como algas

(NAGAOKA et al., 2012). Por preferirem águas rasas, permanecem grande parte do

tempo próximas à costa e consequentemente tornam-se vulneráveis às capturas

incidentais por artefatos pesqueiros, sendo este fator uma das principais ameaças

(MARCOVALDI et al., 1998; PUPO et al., 2006) ocasionando a redução das populações

diretamente ou indiretamente.

Outro fator que têm elevado a mortalidade das tartarugas é a propensão a

ingerirem detritos plásticos (BUGONI et al., 2001; SCHUYLER, et al., 2014), que

causam a obstrução do trato gastrointestinal. Bugoni et al. (2001) realizaram um estudo

para determinar o impacto de detritos antropogênicos em tartarugas-verdes encalhadas no

litoral do Rio Grande do Sul, e dentre todas as que foram encontradas e examinadas,

60,5% (23/38) haviam ingerido lixo plástico.

Reconhecendo que no estado de Santa Catarina uma parcela significativa dos

tetrápodes marinhos sofre algum grau de interferência antrópica, estudar as ocorrências

de encalhes deste grupo é fundamental para estabelecer um conhecimento de base que

permita aos pesquisadores avaliar e implementar possíveis mudanças visando a

conservação das espécies acima mencionadas e de tantas outras.

1.1. Eventos de Encalhes e Programas de Monitoramento de Praias

Os ambientes marinhos são um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta e as

atividades como a pesca intensa, derramamentos de petróleo, despejo de esgotos e o

acúmulo de lixo nos oceanos interferem fortemente na vida natural dos nos animais,

causando desde mudanças de comportamento a alterações dos ciclos reprodutivos de

várias espécies.

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Sabendo isto, é crescente a preocupação da comunidade científica com relação a

conservação destes ecossistemas, uma vez que os animais que neles habitam estão cada

vez mais vulneráveis. Diversos autores listam eventos de encalhe ao longo do litoral

catarinense e afirmam que são frequentes e ocorrem durante o ano todo (APA BF, 2009;

OLIVEIRA et al., 2011). A maioria dos registros são de animais mortos, porém os vivos

costumam estar debilitados, intoxicados ou acometidos por ferimentos físicos. No

entanto, a escassez de informações que permitam delimitar corretamente as espécies

afetadas ainda é acentuada. Isto pode estar relacionado ao fato de que o monitoramento

de praias em busca de encalhes é um desafio para as instituições que desenvolvem esta

atividade.

Porém, algumas informações sobre a biologia e a diversidade das espécies e o

conhecimento sobre dados populacionais relacionados a área dos encalhes somente são

obtidos por meio da coleta de animais encalhados, assim, torna-se essencial que todos os

dados sobre estes sejam recolhidos e sistematizados. Estes dados fornecem embasamento

para a realização de estudos sobre abundância, distribuição, reprodução, crescimento das

espécies, entre outros. Com base nisto, os monitoramentos sistemáticos de encalhes de

animais marinhos são de fundamental importância pois são considerados como uma das

mais importantes fontes de dados biológicos para pesquisas.

Neste sentido, diversas instituições realizam projetos de monitoramento em áreas

costeiras em busca de encalhes de tetrápodes marinhos. O principal objetivo destes

programas é detectar os encalhes para compreender as causas da morte e, eventualmente,

suprir com atendimento veterinário adequado os animais vivos. É de grande importância

que estes programas sejam realizados constantemente para que o conhecimento gerado

possa complementar esforços para a conservação dos animais.

Desde a década de 1980, o IBAMA tem exigido a realização de programas de

monitoramento de praias como condicionantes de diversas atividades potencialmente

impactantes no meio marinho. Um exemplo é o “Projeto de Monitoramento de Praias da

Bacia de Santos (PMP-BS)”, que é uma condicionante do licenciamento ambiental federal

das atividades da Petrobrás de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Pólo

Pré-Sal na Bacia de Santos. Este projeto abrange mais de 800 km de costa brasileira entre

Ubatuba, no estado de São Paulo, até Laguna, em Santa Catarina, e visa avaliar o impacto

das atividades petrolíferas sobre os tetrápodes marinhos. Para tanto, além de realizar o

monitoramento das praias e tentar estabelecer as causas de morte dos animais

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encontrados, também realiza o resgate, atendimento veterinário e reabilitação quando

necessário.

A instituição coordenadora geral deste programa é a Universidade do Vale do

Itajaí (UNIVALI), que conta com o apoio de uma rede de 11 instituições ao longo dos

estados do Sudeste e Sul do Brasil que já atuam na área de abrangência do PMP-BS:

Instituto Argonauta, GREMAR, Biopesca, Instituto Oceanográfico/USP, IPeC, Centro de

Estudos do Mar/UFPR, UNIVILLE, UNIVALI, Associação R3 Animal, Projeto Baleia

Franca – Instituto Australis e UDESC. Cada instituição funciona como unidade executora

do monitoramento em determinada área específica dentro da área total dos 800 km

monitorados.

No entanto, projetos como este exigem altos investimentos financeiros, tempo e

equipes capacitadas, sendo assim uma logística desafiadora pelo tamanho da área

monitorada. A presente pesquisa não possui nenhuma relação com condicionantes

ambientais, mas foi desenvolvida em parceria com o “Projeto de Monitoramento de Praias

da Bacia de Santos (PMP-BS)”, onde visou testar uma ferramenta que está em crescente

uso para diversas aplicações científicas em estudos de conservação de fauna marinha, os

Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT). Estes equipamentos têm o potencial de

complementar esforços nas metodologias tradicionais. Entretanto, os VANT possuem

limitações e devem ser testados conforme as capacidades que apresentam para então

serem avaliados sobre sua efetividade na coleta de dados confiáveis. Somente então será

possível avaliar se poderão reduzir custos operacionais sem comprometer a geração de

bons resultados científicos.

1.2. Veículos Aéreos Não Tripulados para Estudos de Encalhes de

Tetrápodes Marinhos

O avanço tecnológico tem fornecido novas ferramentas úteis para a execução de

trabalhos no segmento ambiental, tais como os VANT que têm representado uma

ferramenta eficaz no estudo de conservação de fauna (KUDO et al., 2012; POMEROY,

et al., 2015, WEISSENSTEINER et al., 2015). Sendo uma plataforma cada vez mais

popular entre civis e pesquisadores, suas respostas apresentam-se muitas vezes mais

rápidas, eficazes e que possibilitam o monitoramento de áreas de difícil acesso (JONES

et al., 2006; WATTS et al., 2010; PERRYMAN et al., 2014; GOEBEL et al., 2015;

POMEROY, et al., 2015; SWEENEY et al., 2016;). No Brasil, os VANT aparecem com

outras nomenclaturas tais como ARP (Aeronave Remotamente Pilotada) ou simplesmente

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“drones”, uma palavra inglesa que significa “zangão” e que está relacionado ao barulho

das hélices em operação. No entanto, este termo ficou mundialmente popularizado para

designar todo e qualquer tipo de aeronave não tripulada, mas comandada por humanos a

distância. Segundo a legislação pertinente brasileira (ANAC, 2012), caracteriza-se como

VANT toda a aeronave projetada para operar sem piloto a bordo, porém com carga útil

embarcada (e.g. câmera fotográfica) e que não seja utilizado para fins meramente

recreativos. Os equipamentos aéreos não tripulados utilizados para recreação são

chamados “aeromodelos”, e possuem suas próprias regras e especificações.

A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) tem classificado as aeronaves

baseada no tamanho e no peso dos equipamentos, e têm exigido que o piloto deva ter mais

de 18 anos de idade e que realize um cadastro on-line. Os modelos pequenos, como o

utilizado nesta pesquisa, são aparelhos elétricos que possuem motores silenciosos e

baterias recarregáveis. Por não possuírem eixos móveis no comando dos motores, são

menos suscetíveis a falhas mecânicas que um aeromodelo do tipo helicóptero. Devido a

isso, seu custo operacional é baixo e podem ser controlados por Controle Remoto (RC)

ou voar autonomamente com a ajuda de um sistema de navegação por GPS (Global

Positioning System), realizando rotas pré-definidas. As rotas ainda podem ser

interrompidas a qualquer momento, possibilitando a mudança do voo automático para o

manual e vice-versa. Normalmente é operado por um "piloto" humano, apoiado por um

"assistente ou observador" adicional para garantir a segurança (WATTS et al., 2012).

Câmaras acopladas nestas plataformas registram imagens de ângulos aéreos

inusitados e podem ainda ser dotadas com câmeras de visão infra-vermelha, que ampliam

sua utilidade para ambientes noturnos (CHRISTIE et al., 2016). VANT podem

permanecer estacionários para capturar imagens e decolar em pequenas áreas em terrenos

irregulares ou mesmo de navios (MORELAND et al., 2015; SWEENEY et al., 2016).

Originalmente os VANT foram projetados com objetivos militares para atuarem

em guerras, em ambientes hostis ou em situações de extremo perigo, como

reconhecimento de território inimigo (WATTS et al., 2012). Porém o equipamento

ganhou popularidade no final da primeira década do século XXI, quando começou a ser

utilizado por civis em várias outras aplicações. A partir daí os VANT têm auxiliado na

fiscalização de propriedades, no combate ao desmatamento e caça ilegal, no controle de

fronteiras, no combate a pragas na agricultura, na identificação de falhas de plantio e

recentemente em estudos ambientais.

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Futuras melhorias certamente estão em desenvolvimento e isto permitirá voos de

maior estabilidade e duração, assim como a redução da complexidade de operação e de

controle, que são fatores que ampliarão o emprego dos VANT em diversos segmentos.

Em termos gerais, os VANT são fáceis de operar e estão sendo utilizados em diferentes

estudos de conservação (BROOKE et al., 2015; CASELLA et al., 2015; KLEMAS, 2015;

MORELAND et al., 2015).

Eles podem apresentar soluções de baixo custo para obtenção de informações de

relevância técnica e científica, como vêm sendo comprovado por diversas instituições

internacionais de pesquisa e de proteção da natureza que já o utilizam em seus projetos

de monitoramento de fauna obtendo resultados promissores (JONES et al., 2006;

VERMEULEN et al., 2013; ADAME et al., 2017), principalmente na coleta de dados de

campo através de vídeos e imagens. Com a implementação destes equipamentos em

pesquisas científicas, pode-se propor modificações em metodologias tradicionais de

estudo, reduzindo consideravelmente alguns esforços de campo. Um dos principais

benefícios é que os resultados são imediatos e cada vez mais acessíveis por cientistas

cidadãos.

Recentemente o uso de VANT para o monitoramento da vida selvagem está

ganhando popularidade, representando uma ferramenta valiosa que pode, potencialmente,

complementar e melhorar muitos programas de conservação em curso (KOH & WICH,

2012; HODGSON et al., 2013). Esta plataforma foi utilizada com sucesso em pesquisas

realizadas em diversos locais do mundo no estudo fauna marinha. Pomeroy, et al. (2015)

testou diferentes modelos VANT para determinar a abundância relativa e o tamanho

corporal de focas cinzentas (Halichoerus grypus) e focas do porto (Phoca vitulina) na

Escócia. No mesmo segmento, Goebel et al. (2015) e Perryman et al. (2014) testaram a

eficácia de três modelos de VANT para avaliar o tamanho corporal de predadores

antárticos como focas leopardo (Hydrurga leptoyx) e estimar a abundância de colônias de

pinguins. Também com resultados satisfatórios, Hodgson et al., 2016 compararam os

métodos usuais de contagens populacionais por terra e usando VANT, de três espécies de

aves marinhas (fragatas, trinta-réis e pinguins) em colônias de reprodução na Austrália e

uma ilha sub-antártica. O foco para estudo de mamíferos marinhos é grande,

principalmente porque nos estudos usuais, os registros são tomados a partir de aeronaves

tripuladas (JACHMANN, 1991; HODGSON et al., 2013; MULERO-PÁZMÁNY et al.,

2014). Durban et al. (2016) utilizaram um pequeno VANT como um método alternativo

para fotografar e medir orcas (Orcinus orca) em ambientes remotos, no mesmo segmento,

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Christiansen et al. (2016) fotografaram e analisaram a condição corporal de baleias

jubartes (Megaptera novaeangliae) na Austrália utilizando um veículo aéreo de

decolagem e aterrissagem vertical. Já Koski et al. (2014) fotografaram baleias bowhead

(Balaena mysticetus) no Canadá obtendo com sucesso imagens aéreas que foram

utilizadas em estudos de levantamento populacional. Todos os trabalhos demostraram que

a plataforma é segura e econômica para as devidas coletas, preenchendo lacunas de dados

científicos importantes sobre as baleias. Ainda com relação a estudos de mamíferos

aquáticos utilizando VANT, Hodson et al. (2013) obtiveram valiosas informações na

detecção de dugongos (Dugong dugon) em águas claras australianas. Os autores afirmam

que o VANT como ferramenta para levantamentos de mamíferos marinhos tem um

grande potencial de aplicação.

Casos de sucesso também foram relatados em estudos de répteis no México, onde

Bevan et al. (2015) utilizaram VANT para monitorar a distribuição de tartarugas marinhas

em épocas de desova e as possíveis ameaças que as cercam. Em todas as pesquisas

mencionadas acima e corroborando com levantamentos realizados por Christie et al.

(2016) e Linchant et al. (2015), que relacionam diferentes pesquisas realizadas para coleta

de dados de fauna, é possível afirmar que todos os estudos apresentaram pontos positivos

e negativos a serem considerados. No entanto, os VANT têm se mostrado uma ferramenta

promissora para o estudo de vida selvagem.

No Brasil seu uso ainda é incipiente, porém, motivada por suas infinitas

potencialidades, esta pesquisa propõe avaliar a efetividade do uso de VANT para registrar

encalhes de tetrápodes marinhos, observando em que situações há viabilidade de realizar

com sucesso monitoramentos de praia e avaliar os custos quando comparados com a

metodologia usual de percorrer as áreas litorâneas com veículos. Até o presente momento,

a utilização de imagens e vídeos obtidos por VANT em estudos de conservação tem sido

uma nova ferramenta de pesquisa bastante difundida, mas ainda não foi usada para estudar

eventos de encalhes.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Avaliar a efetividade de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT) na coleta de

dados sobre os encalhes de tetrápodes marinhos em programas de monitoramentos de

praia.

2.2. Objetivos Específicos

• Determinar os parâmetros ideais de voo (altura, velocidade do vento, condições

ambientais, luminosidade, autonomia de bateria) para estudar os eventos de encalhes

com o uso de VANT;

• Comparar as taxas de detecção e identificação de animais nas duas metodologias: a

convencional realizada pelas equipes de campo e a com o uso do VANT;

• Confrontar a logística dos monitoramentos segundo: o tempo de trabalho de campo

utilizado em cada metodologia, os custos necessários e o número de pessoas

envolvidas em cada processo;

• Avaliar a qualidade e eficiência do uso do VANT no recolhimento de dados de

encalhes de tetrápodes marinhos encalhados.

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3. METODOLOGIA

3.1.Área de Estudo

A região costeira de Santa Catarina representa 39% da área do estado e possui

531km de extensão adjacente ao oceano Atlântico Sul, abrangendo 34 municípios. A

maior concentração populacional está no litoral (IBGE, 2016), com isto, a pressão

antrópica nesta área é elevada, colocando em risco os ecossistemas naturais e espécies de

importância econômica e ecológica.

O clima no litoral é fortemente influenciado pelos ventos tropicais do nordeste do

país durante os meses de verão, já no inverno, as condições são influenciadas por

sucessivas massas de ar polar provenientes do continente antártico. O ar frio é trazido

pela aproximação de anticiclones que se deslocam sobre a Argentina em direção à região

sul do Brasil (MONTEIRO, 2001). A temperatura média anual é de cerca de 20° C, sendo

janeiro o mês mais quente (temperatura média de 24° C) e julho o mais frio (temperatura

média de 16° C), e as chuvas são distribuídas durante todo o ano.

A porção centro-sul do estado, onde foi realizado este estudo, está inserida dentro

de uma Unidade de Conservação importante para a preservação da costa marinha, a Área

de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APA-BF). Esta Unidade estende-se deste o sul

de Florianópolis até Balneário Rincão, contemplando 130 Km de área litorânea em 9

municípios: Florianópolis, Palhoça, Paulo Lopes, Garopaba, Imbituba, Laguna, Tubarão,

Jaguaruna e Içara (APA-BF, 2009).

A coleta de dados foi realizada no município de Garopaba (28°1’25”S 48°36’50”)

(Figura 1) que está inserido dentro da APA-BF. É uma área sensível devido aos aspectos

biológicos e geográficos, com isto a realização de estudos com a aplicação da tecnologia

dos VANT poderá ser encarada como uma metodologia benéfica na coleta de dados

quando se trata de geração de impactos. Esta região está sendo monitorada diariamente

pela equipe de campo do Instituto Australis, mantenedor do Projeto Baleia Franca (PBF)

como parte do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). Para

a presente pesquisa, foram escolhidas quatro enseadas pertencentes a este município

(Figura 2), considerando diferentes perfis morfodinâmicos (segundo a classificação de

WRIGHT, 1984). As praias de Garopaba e Siriú foram selecionadas como perfis

dissipativos (com extensa região de quebramento de ondas), apresentando extensões de 2

km e 5 km respectivamente; a praia da Silveira como refletiva (composta areia mais

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grossa e regiões mais expostas), com 1,5 km de extensão; e a praia da Ferrugem como

intermediária (apresentando uma combinação dos dois perfis anteriores), também com

1,5 km. A praia do Siriú, por apresentar maior extensão (5 km), não foi possível de ser

monitorada até sua porção final devido ao limite de alcance do VANT (2 km com

transmissão de imagem ao vivo) e pelo fato do equipamento necessitar estar sempre na

linha de visão (conforme recomendações da ANAC). Desta forma, esta praia foi

monitorada somente nos 2 km próximos à ponta sul. Os sobrevoos de campo de toda a

área englobaram 7 Km de orla marítima.

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Figura 1.Mapa da área de estudo no município de Garopaba que está inserido na APA-BF. Destaque para as quatro praias monitoradas (Siriú, Garopaba, Silveira e Ferrugem).

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Figura 2. Foto aérea das praias monitoradas através da metodologia tradicional e da metodologia com o uso de VANT durante o período deste estudo: (a) Praia de Garopaba, (b) Praia do Siriú, (c) Praia da Silveira, (d) Praia da Ferrugem.

3.2. Coleta de Dados

A metodologia foi baseada no comparativo de duas formas de monitoramento: a

primeira realizada por técnicos do Instituto Australis que percorrem a extensão das praias

em busca de encalhes com o auxílio de veículos (metodologia tradicional), e a segunda

através da utilização de vídeos gravados pelo VANT que sobrevoa a mesma área

percorrida pelos técnicos (monitoramento aéreo). Durante o período do estudo, foram

estabelecidos protocolos para a segurança da operação a fim de gerenciar no campo as

condições para maximizar a utilidade do equipamento, como por exemplo com a

instalação de protetores nas hélices que servem de proteção, tanto do VANT como das

aves.

3.2.1. Metodologia Tradicional

A atividade de monitoramento foi iniciada nas primeiras horas do dia,

considerando a dinâmica ambiental, logística de cada área e o horário das marés pois deve

ser realizado preferencialmente durante o período de maré baixa para evitar o atolamento

(a) (b)

(c) (d)

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do veículo e interrupções da atividade. O esforço de campo foi realizado diariamente e

iniciado logo ao chegar a praia com o preenchimento da Ficha de Registro de Esforço de

Monitoramento (Anexo 1). Estas fichas são padronizadas e utilizadas por todas as

instituições que participam do PMP-BS e nelas são anotados dados como a hora de início

e fim, a posição geográfica, as condições ambientais e a caracterização dos encalhes. Para

esta metodologia, utilizou-se duas formas de transportes móveis para percorrer a extensão

das praias: um quadriciclo modelo Honda Fourtrax FM e uma caminhonete Nissan

Frontier (Figura 3), ambos trafegando com velocidade máxima de 40 km/h. Os acessos

até a beira das praias foram principalmente através de trilhas nas dunas, em vegetação de

restinga. Os trajetos são percorridos uma vez ao dia, ocasionalmente podendo ser

revisitados havendo encalhes que são comunicados pela população por acionamentos.

A observação direta na faixa de areia é realizada por um técnico que vasculha

visualmente o local em busca de carcaças ou animais encalhados vivos. Esta observação

foi realizada a olho nú ou com o auxílio de binóculos. Quando encontrado um espécime,

primeiramente identificou-se a espécie, realizado uma avaliação da condição do mesmo

(vivo ou morto) e fez-se o registro fotográfico da situação de como o animal foi

encontrado. Somente após estes procedimentos, são tomadas as devidas providências de

acordo com cada situação. Caso o animal esteja morto, faz-se a biometria completa e o

recolhimento da carcaça, e caso esteja vivo, procede-se com o devido atendimento.

Figura 3.Veículos de transporte utilizados nos monitoramentos de praia em busca de encalhes de tetrápodes marinhos pela metodologia tradicional: (a) quadriciclo e (b) caminhonete.

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3.2.2. Monitoramento Aéreo

3.2.2.1.Equipamento utilizado e condições de voo

Foi selecionado um VANT do modelo Phantom 3 Professional da DJI que possui

propulsão por quatro rotores (dois com rotação no sentido horário e dois no sentido anti-

horário), por isso também pode ser chamado de “quadricóptero” tipo VTOL (decolagem

e aterragem vertical). Sua câmera é acoplada em conjunto com um Gimbal bastante

estável. O modelo da câmera é Sony EXMOR com sensor 1/2,3 polegadas com 12,3 MP

de resolução e é controlada através do aplicativo DJI Pilot, disponibilizado gratuitamente

para Android e iOS (http://www.dji.com). O Phantom 3 Professional é operado por um

controlador de rádio e equipado com GPS que estabiliza a operação de voo. Tais

equipamentos estão identificados na Figura 4. O principal destaque do equipamento é sua

capacidade de gravar vídeos em resolução Ultra HD, também conhecida como 4K

(4096x2160 pixels) com 25 quadros por segundo. A utilização de imagens de alta

resolução permite a identificação de espécies e a observação de animais marinhos a partir

de uma variedade de altitudes.

Figura 4.Modelo do VANT utilizado na aplicação da metodologia de monitoramento aéreo: (a) Phantom 3 Professional; (b) Câmera Sony EXMOR; (c) Rádio Controle.

Fonte: http://www.dji.com.

Para a coleta de dados eficientes e com segurança, os sobrevoos só foram

realizados em boas condições meteorológicas. De acordo com as instruções do fabricante,

o Phantom 3 Professional pode ser operado com ventos moderados de até no máximo 36

km/h (10 m/s), porém não deve ser utilizado em condições de chuva. Em ventos maiores

que estes, pode haver desestabilização do equipamento e perda da qualidade da imagem.

Antes da implementação deste projeto, foi realizada uma pesquisa sobre esta

plataforma a fim de considerar as possíveis vantagens e desvantagens de sua aplicação.

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Tal investigação incluiu as especificações do fabricante, o desempenho de voo e a

aquisição de imagens. Também como requisitos, avaliou-se o tempo de duração da

bateria, a abrangência da distância da origem de decolagem, operação com vento, altura

e status da câmera (Tabela 1). Pela análise realizada e avaliação do conjunto de todos

estes itens, juntamente com a facilidade de pilotagem e boa relação custo/benefício,

optou-se por este modelo.

Tabela 1.Especificações do VANT utilizado na presente pesquisa - modelo: Phantom 3 Professional.

3.2.2.2.Voos testes

Para a etapa de escolha das praias e para o entendimento dos processos

metodológicos na coleta dos dados utilizados na metodologia tradicional, inicialmente

houve o acompanhamento da equipe de campo do PMP-BS em seu monitoramento diário.

Neste processo, foram acompanhadas cinco saídas com a equipe que realiza o

monitoramento na área executada pela UNIVALI (região de Barra Velha até Governador

Celso Ramos). A partir daí, observou-se as dificuldades do trabalho e as variáveis

condicionantes desta metodologia e iniciou-se a elaboração das fichas de campo a serem

utilizadas para o registro de dados pelo VANT: Ficha de Registro de Esforço de

Monitoramento Aéreo (Anexo 2) e Ficha de Registro de Ocorrência de Fauna Individual

(Anexo 3).

Aeronave

Peso: 1280g

Velocidade máx. ascensão: 5 m/s

Velocidade máx. descida: 3 m/s

Velocidade máx.: 16 m/s

Altitude máx.: 6000 m

Câmera

Sensor: Sony EXMOR 1/2.3" Pixels: 12.4

Modos de filmagem: UHD, FHD, HD

Tipos de cartões compatíveis: Micro SD

Tempo de duração da bateria: 23 min

Rádio Controle

Distância máxima: 2000 m

Suporte dispositivo móvel: tablet ou celular

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Também foi observada a extensão de cada praia, os perfis morfológicos e a

viabilidade logística para a execução deste estudo, então seguiu-se com o planejamento

dos primeiros voos para coleta de dados de campo com o VANT. Antes de iniciar as

coletas efetivas, foi necessária a realização de voos testes para o reconhecimento e

aprendizagem da nova plataforma. Vinte e quatro voos testes foram realizados totalizando

255 minutos (04:25 h) (Tabela 2). Estes voos foram fundamentais para delimitar a

altitude, a duração das baterias, a estabilidade dos voos em diferentes condições de vento

e qualidade das imagens. Foram realizados quatorze esforços de campo simulando a

metodologia a ser aplicada. Os voos ocorreram nas praias de abrangência da UNIVALI,

sendo seis esforços em praias do Município da Penha e oito em praias do Município de

Balneário Camboriú, totalizando 24 minutos de vídeos.

No primeiro experimento, foi colocado um objeto de 20 cm de comprimento na

praia e com o VANT em voo na posição perpendicular ao objeto, foram tiradas fotografias

com a câmera na posição de 90° com relação ao solo, nas seguintes alturas: 5 m, 10 m,

15 m, 20 m, 25 m e 30 m (Figura 5 e Figura 6). Este procedimento visou observar a altura

ideal para as detecções. Com o VANT em movimento foi possível verificar que quando

procedida uma leve inclinação no ângulo da câmera para frente, o campo de visão foi

ampliado com sucesso sem a perda da qualidade das imagens.

Figura 5.Esquema do teste de alturas realizado com o VANT para definição dos parâmetros ideias de voo, considerando a altitude, a duração das baterias, a estabilidade do equipamento em diferentes condições de vento e a qualidade das imagens.

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Figura 6.Teste de alturas realizado com o VANT sobrevoando um objeto de 20 cm nas seguintes altura: 5 m (a), 10 m (b), 15 m (c), 20 m (d), 25 m (e) e 30 m (f) com a câmera com ângulo de 90°.

Tabela 2.Voos realizados em campo para testar o VANT e as condicionantes de sobrevoo antes da aplicação da metodologia aérea.

Voos testes Esforço de

campo (dias) Decolagens

Tempo de voo (min)

Voos testes do equipamento 8 22 123

Voos testes de altura 2 11 108

Voos testes simulando a metodologia a ser aplicada 14 30 24

Total 24 63 255

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Após os testes, foram escolhidas quatro praias considerando o número de eventos

de encalhes registrados no banco de dados do PMP-BS. Por uma questão de facilidade

logística, optou-se em realizar os trabalhos de campo no município de Garopaba,

monitoradas pelo Instituto Australis/Projeto Baleia Franca. Desta forma, conheceu-se

também toda a área praial deste município, listando-se as praias que eram monitoradas de

carro e as com quadriciclo (Tabela 3).

Tabela 3.Praias do município de Garopaba que foram escolhidas para a coleta de dados através do monitoramento aéreo segundo: a extensão, o tipo de morfologia e o veículo terrestre utilizado no percorrimento da extensão praial.

Praia Extensão Tipo de

Morfologia Tipo de

Monitoramento

Siriú 5 km Dissipativa Quadriciclo

Garopaba 2 km Dissipativa Caminhonete

Silveira 1,5 km Refletiva Quadriciclo

Ferrugem 1,5 km Intermediária Quadriciclo

3.2.2.3. Coleta de dados por sobrevoos

A coleta de dados pelos sobrevoos ocorreu sempre antes da passagem da equipe

de campo da metodologia tradicional. O VANT sobrevoou a extensão litorânea nas

primeiras horas da manhã, com preferencialmente nenhuma pessoa no local. Sempre se

esteve atento a não sobrevoar sobre pessoas por questões de segurança. Para iniciar os

voos, os rotores eram acionados diretamente pelo rádio controle e os movimentos da

aeronave e a velocidade eram ajustados manualmente.

Os voos foram realizados por duas pessoas: um piloto controlador do VANT que

era responsável pelo supervisionamento das imagens ao vivo recebidas pelo telefone ou

tablet e um ajudante responsável em acompanhar o equipamento visualmente durante o

percorrimento da extensão praial. A aeronave transmite o vídeo ao vivo para a estação

terrestre, facilitando assim a localização do alvo. Desta forma, gravaram-se vídeos e

fotografias que foram criadas in loco gerando dados para posterior análise em laboratório.

As imagens ficam gravadas no próprio cartão de memória SD de 16GB de capacidade. O

quadricóptero voava, coletava os dados e em seguida voltava para o ponto de partida

pousando por si só ou era capturado no ar, em baixa altitude (~1 m) pelo ajudante. A

maioria dos retornos foram feitos de forma manual, embora alguns tenham sido utilizando

o recurso “return to home” que permite trazer a aeronave automaticamente para o ponto

de decolagem com apenas um comando.

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32

Quando avistado um evento de encalhe no receptor de imagem, o VANT foi

acionado para parar, diminuir a altitude e fotografar. Desta forma foi possível capturar a

coordenada geográfica de cada evento e imagens com maior resolução para a

identificação do animal.

A velocidade dos voos foi relativamente constante e baixa (20 Km/h ou menos) a

fim de facilitar as filmagens em alta resolução e evitar possíveis imagens fora de foco.

Com esta velocidade foi possível ter uma boa acurácia das avistagens dos encalhes por

parte do piloto durante o manuseio do equipamento. Os voos foram conduzidos com

ventos de no máximo 36 Km/h (10 m/s). Por motivos de segurança, nenhum sobrevoo foi

realizado com baterias em menos de 50% de carga.

Ao concluir o trabalho de campo, o VANT era cuidadosamente limpo e

acondicionado de maneira adequada.

3.3. Análise dos Dados

Para avaliar os dados relativos ao esforço da pesquisa, foram comparadas as

informações das equipes de campo da metodologia tradicional com os dados coletados

pelo VANT. Os dados da metodologia tradicional foram disponibilizados pelo PMP-BS

através do site do Sistema de Informação de Monitoramento da Biota Aquática (SIMBA,

2017).

Apesar de não ter sido utilizadas análises estatísticas, foi verificada a taxa de

avistamento dos encalhes nas duas metodologias e a acuidade na detecção de animais na

faixa de areia. O principal aspecto analisado foi o potencial de detecção.

Adicionalmente, condicionantes como as condições ambientais nas quais o VANT

pode operar e os veículos conseguem transitar pela faixa de areia, os custos envolvidos

nos dois tipos de monitoramento e a economia de tempo, também foram analisadas. Para

estimar as condições ambientais na qual o VANT pode ser utilizado, foi realizado um

levantamento climático para o período de um ano entre maio de 2016 e maio de 2017,

correspondendo ao período de realização deste estudo. Os dados climáticos foram obtidos

do banco de dados on-line do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2017) para a

região mais próxima da área estudada (Farol de Santa Marta).

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4. RESULTADOS

Esta pesquisa teve início em agosto de 2015, com a primeira fase de

acompanhamento das equipes de campo do PMP-BS e o reconhecimento de todas as

praias monitoradas pelo programa na área de estudo. Em uma segunda etapa iniciou-se

os voos com o VANT logo após a aquisição e chegada do equipamento. Desta forma, os

sobrevoos ocorreram entre setembro de 2016 e maio de 2017, perfazendo um total de 8

meses (6 meses de voos testes e reconhecimento do equipamento e 2 meses de coletas de

campo).

Foram realizados um total de 104 decolagens com 13:25:48 h de tempo de voo.

Destes, 24 voos e 04:25 h foram testes para o reconhecimento do equipamento e escolha

dos parâmetros ideais que seriam utilizados para realizar as coletas em campo. Os 80 voos

restantes foram destinados às coletas de dados, que totalizaram 09:00:48 h de

amostragens.

Para a análise dos dados, foram produzidos 124 vídeos, sendo 21 na praia do Siriú,

35 em Garopaba, 37 na Silveira e 31 na Ferrugem. Foram realizados 20 voos em cada

uma das praias e geradas 80 fichas de monitoramento aéreo (uma para cada dia de praia

monitorada). Todas as praias monitoradas pelo VANT também foram percorridas pelo

PMP-BS, sendo assim geradas 80 Fichas de Monitoramento Terrestre, que foram

cadastradas no Sistema de Monitoramento de Biota Aquática (SIMBA), utilizado pelo

PMP-BS.

4.1. Análise dos Parâmetros Ideais de Voo

Para iniciar as coletas de campo com o VANT, foi necessário determinar os

parâmetros ideais de voo (altura, velocidade do vento, condições ambientais,

luminosidade, autonomia da bateria) para localizar os eventos de encalhes. Nesta fase

foram realizados voos experimentais do equipamento e subsequentemente voos para

testar a acuidade das imagens capturadas pelo VANT (Figura 5 e Figura 6). A partir do

resultado destes testes, ficou determinada a altura ideal dos voos entre 7 e 8 m com a

câmera levemente inclinada para a direção do deslocamento a fim de ampliar o campo de

visão (não se determinou um ângulo de inclinação fixo para a câmera devido a variação

da extensão de cada praia nos dias de coleta). Observou-se que com esta altura, o VANT

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pôde ter uma abrangência visual maior do que o observador que realiza o monitoramento

no quadriciclo ou na caminhonete.

Quanto às condições ambientais, os dois únicos impedimentos para a realização

dos voos foram: ventos fortes com mais de 36 Km/h, no qual o equipamento não

permanece estável no ar, e a presença de chuva que pode comprometer o equipamento

por ser eletrônico e não resistente à água. As demais variáveis ambientais registradas

pelas equipes do monitoramento tradicional, como condição de mar e marés, presença de

ondas, direção do vento, luminosidade, cobertura de nuvens, reflexo do sol e largura da

praia, não exerceram influência nos voos.

Considerando-se um período de 365 dias (01/05/2016 a 30/04/2017), ao se

consultar o SIMBA para dados de monitoramento terrestres nas praias em questão, em

apenas um dia não pôde ser realizado o monitoramento pela equipe do PMP-BS devido

às condições de maré cheia, o que impossibilitou a passagem do quadriciclo pela faixa de

areia. Mesmo em condições de chuva e vento forte, a equipe realizou os monitoramentos,

no entanto, condições de chuva podem dificultar a visualização de eventos de encalhe,

mas esta condicionante não foi abordada aqui. Já para o VANT, foram analisadas as

condicionantes de presença de chuva e ventos com rajadas superiores às condições que o

mesmo pode operar (36 Km/h) no mesmo período. Para o levantamento destas

informações, estabeleceu-se os horários entre 06:00 h da manhã à 17:00 h, correspondente

à faixa de horário possível para a realização dos monitoramentos, tanto do VANT como

pelos veículos. Conforme as condições observadas para este intervalo de tempo (Tabela

4), o VANT apresentou apenas 146 dias ideais, em um ano, para poder ser utilizado. No

entanto, se considerarmos que rajadas máximas e a presença de chuvas ocorrem

esporadicamente em determinados locais, pode-se estimar que os dias de monitoramentos

poderão aumentar.

Tabela 4.Condições ambientais observadas para o período de um ano (01/05/2016 a 30/04/2017), entre os horários de 06:00 h a 17:00 h, considerando a presença de chuva e ventos com rajadas superiores às condições que o VANT pode operar (36 Km/h).

Condição Climática Dias

Presença de chuva 105

Rajadas de vento com velocidade >36 Km/h 132

Sem chuva e vento com velocidade < 36 km/h 146

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Para todos os perfis morfológicos, percebeu-se que nos vídeos gerados em praias

com areias mais planas (dissipativa), são mais fáceis de detectar pequenos objetos em

relação as praias com perfis intermediários ou refletivos. Estes perfis morfológicos

costumam apresentar areias mais soltas com granulometria maior, podendo dificultar na

detecção de objetos menores de 5 cm ou mesmo animais mortos cobertos por areia ou

apresentando estágio avançado de decomposição. No entanto, esta diferença nas

características da areia não interfere na visualização de animais maiores. Apesar do

objetivo principal deste trabalho ser detectar tetrápodes marinhos, a boa qualidade da

câmera possibilitou, a detecção animais menores como marias-farinha (Ocypode spp.),

bolachas-da-praia (Subordem Clypeasterina), além de algas, peixes e pedaços de resíduos

plásticos (Figura 7).

Figura 7.Objetos avistados pelo VANT durante os sobrevoos nas praias em busca de encalhes a 7 m de altura: (a) lixo plástico (garrafa pet); (b) peixes; (c) algas e bolacha-da-praia.

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4.2. Análise da Detectabilidade de Encalhes

Para avaliar as taxas de detecção e identificação dos animais nas duas

metodologias, comparou-se o número de ocorrências de encalhes registrados em cada

uma das estratégias, independentemente da integridade física de cada evento (Tabela 5).

No monitoramento tradicional, foram registradas oito ocorrências de encalhes de

tetrápodes marinhos e na metodologia com o monitoramento aéreo, foram registradas

quatro ocorrências (Figura 8).

Tabela 5.Ocorrências de encalhes de tetrápodes marinhos registradas nas duas estratégia de monitoramento (tradiconal e aéreo) distribuídas nas praias da área de estudo, conforme as espécies encontradas e as coordenadas geográficas de cada encontro.

Praia Data Latitude Longitude Classe Espécie PMP-BS VANT

Siriú 24/03/2017 -28,00862 -48,6303999 Aves Spheniscus

magellanicus x x

Siriú 14/04/2017 -27,9955264 -48,6321016 Reptilia Chelonia mydas x x

Ferrugem 30/04/2017 -28,0746501 -48,6254896 Aves Phalacrocorax

brasilianus x

Garopaba 02/05/2017 -28,02161 -48,62095 Reptilia Chelonia mydas x x

Garopaba 05/05/2017 -28,01258 -48,62888 Reptilia Chelonia mydas x x

Siriú 18/05/2017 -28,00817 -48,63056 Reptilia Chelonia mydas x

Siriú 18/05/2017 -28,00771 -48,63067 Reptilia Chelonia mydas x

Garopaba 26/05/2017 -28,023384 -48,6139588 Reptilia Chelonia mydas x

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Figura 8.Ocorrências dos encalhes de tetrápodes marinhos distribuídas nas praias monitoradas (indicadas em vermelho). Os pontos azuis indicam os animais encontrados pela metodologia tradicional e pela metodologia aérea e os pontos amarelos indicam os animais encontrados somente pela metodologia tradicional.

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Dos quatro registros obtidos pelo VANT, todos foram de animais mortos, sendo

três de tartarugas (Chelonia mydas) e um pinguim (Spheniscus magellanicus). Para os

registros feitos somente pelo monitoramento tradicional, um se tratava de um biguá vivo

(Phalacrocorax brasilianus) encontrado pela equipe do monitoramento terrestre no dia

30 de abril de 2017. Este espécime foi avistado cerca de 3 horas após o monitoramento

com o VANT, podendo-se supor que o mesmo deve ter pousado na faixa de areia durante

este intervalo de tempo. Situação similar ocorreu com três tartarugas mortas (Chelonia

mydas), duas das quais foram encontradas na praia do Siriú no dia 18 de maio de 2017 e

a terceira na praia de Garopaba no dia 26 de maio de 2017. As tartarugas foram avistadas

pela equipe de campo que realizou o monitoramento com o quadriciclo cerca de 2 horas

após a passagem do VANT.

Considerando que a câmera do VANT forneceu boas imagens e os vídeos

produzidos são de alta qualidade, estas características do equipamento tornam a

visualização de tartarugas e aves relativamente fáceis de serem observadas diretamente

no tablet. Consequentemente é improvável que os animais que foram registrados somente

pelo monitoramento tradicional tenham sido por falha na detecção e estes encalhes

possivelmente ocorreram entre os intervalos de uma estratégia e outra. Após se obter os

dados dos registros feitos pelo monitoramento tradicional, os vídeos gravados para

aqueles dias foram revistos e mesmo assim não foram detectados os animais. Os vídeos

e fotos capturados a 7-8 m de altura apresentaram boa qualidade e podem ser observados

na Figura 9.

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Figura 9.Imagens aéreas de encalhes de tetrápodes marinhos registrados pelo VANT: (a) pinguim-de-magalhães; (b), (c) e (d) tartaruga-verde.

4.3. Análise do Tempo de Trabalho de Campo

Para a metodologia tradicional foi verificado nas fichas de campo o tempo efetivo

da coleta de dados (percorrimento total da extensão das praias) realizado pelos veículos:

caminhonete ou quadriciclo. Tendo estas informações, foi calculado o tempo médio,

máximo, mínimo e o desvio padrão dos monitoramentos, considerando que

eventualmente pôde ocorrer eventos de encalhes onde houve um aumento do tempo de

coleta das informações pela necessidade de realização das medidas de biometria ou

mesmo o resgate do animal (Tabela 6).

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Tabela 6.Tempo de coleta de dados dos eventos de encalhes registrados pela metodologia tradicional com o uso de veículos terrestres.

Praia Média tempo de monitoramento

Desv. pad. tempo de monitoramento

Máx. tempo de monitoramento

Mín. tempo de monitoramento

Ferrugem 00:10:45 00:07:17 00:34:00 00:02:00

Silveira 00:04:54 00:00:47 00:06:00 00:04:00

Garopaba 00:09:57 00:07:18 00:33:00 00:05:00

Siriú 00:11:27 00:05:31 00:30:00 00:08:00

Média Geral 00:09:16 00:06:18 00:34:00 00:02:00

O mesmo procedimento foi feito considerando o tempo efetivo da coleta de dados

através dos voos com o VANT. Estas informações foram obtidas a partir das fichas de

campo geradas nesta metodologia. Foi obtido o tempo total de gravação dos vídeos pelo

equipamento e então calculou-se o tempo médio, máximo, mínimo e o desvio padrão

destas coletas. No entanto, quando encontrado um evento de encalhe, o tempo de

recolhimento de dados foi menor do que a metodologia anterior pois não houve a

necessidade de recolhimento das medidas de biometria, somente a captura das fotos

aéreas dos encalhes (Tabela 7). Para a montagem do VANT antes de cada voo (conexão

do cabo do rádio controle no tablet/celular, ajustes das hélices, ligar o equipamento e

espera da recepção do sinal de satélite), a média de tempo gasto para estes procedimentos

foi de 1 minuto.

Tabela 7.Tempo de coleta de dados dos eventos de encalhes registrados pela metodologia aérea com o uso do VANT.

Praia Média de

tempo total de voo

Desv. pad. tempo total de voo

Mín. tempo total de voo

Máx. tempo total de voo

Soma tempo de filmagem

Ferrugem 00:09:00 00:02:46 00:06:00 00:18:00 01:41:45

Garopaba 00:12:03 00:04:51 00:06:00 00:20:00 02:22:26

Silveira 00:10:54 00:03:49 00:02:00 00:15:00 02:08:00

Siriú 00:14:57 00:04:39 00:09:00 00:22:00 02:48:37

Média Geral 00:12:43 00:04:36 00:02:00 00:22:00 09:00:48

4.4.Análise dos Custos

Para a metodologia tradicional foi utilizada uma caminhonete alugada do modelo

Nissan Frontier que transporta um reboque que carrega um quadriciclo modelo Honda

Fourtrax FM. Para a metodologia aplicada com o uso do VANT, foi utilizado um modelo

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relativamente barato, controlado remotamente. O equipamento contém um kit completo

com uma bateria extra, protetores de hélices e mochila de transporte. Os custos de ambas

as estratégias estão descritos na Tabela 8. Uma vez que ambas as estratégias utilizam duas

pessoas em campo, os salários dos funcionários envolvidos não foram considerados.

Foi averiguado o tempo de depreciação, em meses, de cada item considerando a

Instrução Normativa 1700 da Receita Federal Brasileira (IN RFB 1700, 2017). Com estas

informações, se calculou o valor da depreciação sofrida pelos equipamentos com o uso

contínuo mensal a fim de considerar o custo relativo mensal, considerando-se o tempo

para a troca de cada item quando necessário. Não foi listado o tempo de depreciação da

caminhonete pelo fato da mesma ser alugada.

Tabela 8.Descrição dos equipamentos utilizados em ambas metodologias, o tempo de depreciação de cada item e o valor mensal de depreciação por descrito por mês.

Descrição Valor Tempo para

depreciação (meses) Depreciação

mensal

Quadriciclo Honda Fourtrax R$

24.600,00 24* R$ 1.025,00

Phantom 3 Professional R$ 6.459,00 24 R$ 269,13

Samsung Galaxy Tab E R$ 749 60 R$ 12,48

Protetor de hélices Phantom 3 Professional

R$ 169,00 24 R$ 7,04

Bateria extra do Phantom 3 Professional R$ 1.009,00 24 R$ 42,04

Mochila para Phantom 3 Professional R$ 869,00 60 R$ 14,48

*Apesar da IN RFB 1700 considerar a vida útil de veículos como 4 anos, devido ao ambiente inóspito no qual o equipamento está sendo utilizado nesta pesquisa, o mesmo foi reduzido para 2 anos.

Para o perfeito funcionamento de todos os equipamentos, previu-se manutenções,

tanto do VANT como dos veículos, a cada três meses. Estes custos são muito relativos

conforme o desgaste de cada objeto. No entanto, para o VANT orçou-se uma manutenção

de limpeza em um estabelecimento próprio para cuidados com veículos aéreos, no valor

de R$150,00 a cada três meses, o que geraria um custo de manutenção de R$50,00 por

mês.

Os custos relativos do monitoramento tradicional como o aluguel da caminhonete,

o consumo de combustível dos veículos e as devidas manutenções necessárias para um

período de 30 dias foi levantado com as informações disponibilizadas pela UNIVALI

relativas aos custos de todo o PMP-BS. Para os custos de manutenção dos quadriciclos

foram utilizados dados levantados ao longo dos 20 meses de execução do projeto, para os

23 quadriciclos em uso pelas diversas instituições. Foram considerados todos os gastos

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com manutenção com os quadriciclos (R$85.193,19), a distância de praias monitoradas

através de quadriciclos (180.276,7 Km), obtendo-se, portanto, um custo médio de R$0,69

de manutenção por quilômetro percorrido. Estes itens estão detalhados na Tabela 9.

O consumo de combustível foi estimado considerando que a caminhonete faça 9,7

Km/l (diesel) e o quadriciclo 17,5 Km/l (gasolina). Estes dados foram fornecidos pelo

PMP-BS, medidos em 20 meses de execução das atividades e considerando uma média

do gasto de todos os veículos do projeto, separados por tipo de veículo.

O trajeto realizado pela caminhonete diariamente, saindo da base do Instituto

Australis em Itabirubá/SC, até a praia mais distante monitorada nesta pesquisa, a praia do

Siriú, é de 95 Km por dia (sendo 47,5 Km de ida e 47,5 Km de volta). Entretanto, se

considerarmos que tanto para o monitoramento tradicional como para o monitoramento

aéreo estas distâncias seriam as mesmas, este trajeto pode ser desconsiderado da análise

de custos. Já o trajeto do quadriciclo é de aproximadamente 10 Km por dia percorrendo

as quatro praias da pesquisa, resultando em percorrer 300 km em um mês de 30 dias.

Considerando os custos apresentados, observa-se que o gasto total mensal para a execução

dos monitoramentos com a metodologia tradicional foi de R$ 4.608,71.

Tabela 9.Custos recorrentes da metodologia tradicional para a realização dos monitoramentos de praia para o período de um mês.

Descrição Valor Unidade Consumo mensal

Valor mensal

Caminhonete Nissan Frontier (aluguel) R$ 4.340,00 mensal 1 R$ 4.340,00

Combustível (quadriciclo / gasolina) R$ 3,60 litros 17,14 R$ 61,71

Manutenção (caminhonete) - - - R$ -

Manutenção (quadriciclo) R$ 0,69 R$/Km 300 Km R$ 207,00

Total R$ 4.608,71

O mesmo levantamento foi realizado, porém acrescentando o veículo aéreo na

lista de equipamentos (Tabela 10). Para a metodologia com o uso de VANT nos

monitoramentos de praia, é importante considerar que ainda se faz necessária a utilização

da caminhonete para chegar aos locais de monitoramento, bem como o quadriciclo, pois

no caso da ocorrência de algum tetrápode marinho encalhado, o quadriciclo necessitará

entrar na praia para fazer o resgate do animal. Desta forma, mesmo com a utilização do

VANT, é necessária a utilização dos demais veículos. Portanto, os dados de consumo de

combustível da caminhonete serão os mesmos, porém os gastos de combustível do

quadriciclo serão menores, pois o VANT irá substituí-lo nas enseadas enquanto não

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houver registros de encalhes. Uma vez que em 80 monitoramentos foram observados

somente 4 registros em praias diferentes, pode-se estimar que o quadriciclo só precisará

percorrer as praias em 5% dos dias. Deste modo, nesta estratégia o quadriciclo percorreria

apenas 15 km por mês. Considerando o consumo de 17,5 Km/l isso implicaria em um

consumo de combustível de 0,90l em um mês. Os gastos de manutenção mensais do

quadriciclo foram estimados com a média de manutenção de todos os quadriciclos

utilizados pelo PMP-BS (R$ 0,69/ Km), porém percorrendo apenas 15 Km em 30 dias,

gerando um gasto de R$10,89 mensais.

Tabela 10. Custos recorrentes da metodologia aérea para a realização dos monitoramentos de praia para o período de um mês.

Descrição Valor Unidade Consumo mensal

Valor mensal

Caminhonete Nissan Frontier (aluguel) R$ 4.340,00 mensal 1,0 R$ 4.340,00

Combustível (quadriciclo / gasolina) R$ 3,60 litros 0,86 R$ 3,09

Manutenção (caminhonete) - - - R$ -

Manutenção (quadriciclo) R$ 0,69 Reais/Km 15,0 R$ 10,35

Manutenção (VANT) R$ 50,00 Manutenção 1,0 R$ 50,00

Total R$ 4.403,44

Observa-se que o gasto total mensal para a execução dos monitoramentos com

esta metodologia foi de R$ 4.403,44. Comparando os dois valores levantados com relação

aos custos recorrentes para um mês, a diferença encontrada não é expressiva (R$205,27).

Desta forma, para os custos envolvidos na metodologia não se observou uma vantagem

na utilização do VANT.

Um dos maiores custos envolvidos no monitoramento são as equipes de campo.

Entretanto, para ambas as metodologias foram necessárias duas pessoas capacitadas para

executar as funções envolvidas em cada processo, por este motivo, o custo salarial

equivale-se. No entanto, para pilotar o VANT são necessárias horas de treinamento ou

mesmo a realização de um curso específico para a boa operação do equipamento. Cursos

para aprender a pilotar aeronaves remotas aparecem no mercado comercial em diversos

preços, variando de região para região. Capacitar as pessoas envolvidas na operação pode

aumentar os custos desta abordagem.

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4.5.Análise dos Efeitos Causados pelas Metodologias no Meio Ambiente

A análise dos efeitos causados pelas metodologias sobre o meio ambiente foi

realizada considerando dois aspectos: a ação sobre as praias e a ação sobre os animais. O

primeiro aspecto trata-se do processo erosivo gerado pela passagem e percorrimento dos

veículos nos monitoramentos terrestres sobre a vegetação de restinga. O segundo trata-se

da perturbação sonora que o VANT pode ocasionar durante os sobrevoos sobre os animais

marinhos vivos presentes na faixa de areia.

Para a metodologia tradicional, os veículos percorrem, ao menos uma vez ao dia,

os mesmos trajetos na extensão das praias para a realização dos monitoramentos. Porém,

havendo eventos de acionamento por parte da população, pode ocorrer uma nova ida ao

local a fim de atender aos encalhes. Desta forma, os veículos terrestres, tanto a

caminhonete quanto o quadriciclo, necessitam transitar por pequenos trechos de trilhas

nas dunas e até mesmo sobre vegetação de restinga para terem acesso à beira das praias

(Figura 10).

Figura 10.Veículos terrestres em atividades de monitoramento. (a) quadriciclo; (b) trilha de acesso para a entrada do quadriciclo na praia; (c) caminhonete.

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Para a metodologia com o uso de VANT, foram anotados todos os casos de

perturbação comportamental causados pela passagem da aeronave sobre aves que

estavam pousadas na beira da praia. Das 80 fichas de monitoramento aéreo, 48 fichas

apontam algum grau de interação com aves. As principais interações observadas foram:

• O animal assustou-se com o som das hélices e voou afastando-se;

• Não houve interação, ou seja, indiferença no comportamento com a passagem do

VANT

• Voo seguido de investigação (quando o animal se afastou e em seguida aproximou-se

para olhar o equipamento);

Este último comportamento foi frequentemente observado nas gaivotas (Larus

dominicanus). Na maioria das aproximações do VANT sobre grupos ou animais

solitários, as gaivotas levantaram voo e em seguida perseguiam o equipamento com

curiosidade. Este mesmo comportamento foi observado por urubus-de-cabeça-preta

(Coragyps atratus) e urubus-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura). Os urubus em geral

apresentaram pouca ou nenhuma perturbação com o som do VANT, principalmente

quando os mesmos estavam alimentando-se (Figura 11).

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Figura 11.Comportamento dos urubus com a aproximação do VANT: (a) animal voando ao redor do equipamento; (b) urubus-de-cabeça-vermelha alimentando-se de carcaça de pinguim; (c) urubus-de-cabeça-preta alimentando-se de carcaça de tartaruga-verde.

As duas espécies que apresentaram frequentes comportamentos de perturbação

com a aproximação sonora do VANT foram gaviões-carrapateiro (Milvago chimachima)

e piru-piru (Haematopus palliatus). Quero-quero (Vanellus chilensis), pernilongos

(Himantopus melanurus), maçarico-branco (Calidris alba), garça-branca-pequena

(Egretta thula) e fragatas (Fregata magnificens) apresentaram indiferença ou em raras

ocasiões voaram afastando-se alguns metros e voltaram a pousar um pouco mais à frente

de onde levantaram voo (Figura 12).

Finalmente, cumprindo a análise dos dados apresentados nos resultados, foi

possível avaliar a qualidade e eficiência do uso do VANT no recolhimento de dados de

encalhes de tetrápodes marinhos. Os resultados sugerem que as duas metodologias

apresentam equivalência para detectar e identificar os animais na faixa de areia. No

entanto, toda a metodologia possui seus pontos positivos e negativos e principalmente

suas limitações devem ser cuidadosamente avaliadas. Para esta pesquisa, o VANT não

apresentou vantagens sobre a metodologia tradicional em relação aos custos financeiros,

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mas apresentou vantagens com relação aos efeitos causados sobre as dunas, devido à

passagem de veículos sobre as mesmas na metodologia tradicional. Para uma melhor

interpretação quanto ao impacto causado nos animais, algumas espécies de aves

apresentaram perturbações com a aproximação da aeronave, mas na grande maioria dos

casos, as aves não sofreram mudanças significativas em seus comportamentos.

Figura 12.Fotos aéreas de aves na faixa de areia durante a passagem do VANT a 7-8 m de altura: (a) urubu-cabeça-preta; (b) gavião comendo peixe; (c) garça-branca-pequena; (d) pernilongo; (e) piru-piru; (f) gaivota.

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5. DISCUSSÃO

A transição de metodologias tradicionais para novos métodos de coleta de dados

exige análises cuidadosas, particularmente em termos de manter a relevância dos dados

históricos que foram recolhidos com substancial gasto de tempo e recursos. Pesquisas

utilizando VANT como ferramenta de aquisição de informações estão relacionadas

diretamente na percepção da eficiência das coletas, na relação custo-eficácia, na precisão

dos dados e na avaliação se tais equipamentos aéreos trazem vantagens ou não com

relação aos métodos tradicionais.

Hodgson et al. (2016) afirmam que “grandes coisas estão por vir” ao discutir a

aplicação do uso de VANT em estudos de conservação. Se, como previsto pelos autores,

a tecnologia resultar em estimativas de contagem populacionais mais precisas quando

comparadas com os métodos tradicionais de contagem terrestre, então é provável que

muitos projetos de monitoramento transitarão dos métodos tradicionais para o uso de

VANT para fins de coleta de dados. King (2014) afirma que as aeronaves têm um grande

número de aplicações e garante que especialistas de quase todas as áreas (incluindo

setores de negócios) vão utilizar VANT em algum propósito. O autor aposta que a

tecnologia está prevista para ser uma das mais rápidas áreas de crescimento econômico

para os próximos 10 anos.

Jones et al. (2006) explicam que a utilização de VANT para estudos de vida

selvagem requer uma ferramenta de campo que seja de fácil uso, alimentada

eletricamente, fácil de transportar e operável por uma ou duas pessoas. Também, Sweeney

et al. (2016) afirmam que a capacidade de pilotar aeronaves tipo multi-rotor em qualquer

direção e que permitam o posicionamento preciso sobre um objeto de interesse, possibilita

ao piloto controlar a aeronave confortavelmente. Com a possibilidade do rádio controle

ser facilmente passado de uma pessoa a outra, sem retornar a base, tal característica

facilita da rotatividade da equipe, em caso de necessidade, evitando a fadiga dos

pesquisadores em trabalhos de longa duração. Para o monitoramento de praias esta

vantagem específica não se aplica, pois os trajetos são relativamente curtos e, quando

realizados com um VANT similar ao modelo selecionado, a própria durabilidade da

bateria não passa de 20 minutos.

Por outro lado, Vermeulen et al. (2013) apontam como benefício adicional dos

VANT o consumo reduzido de combustível (baterias carregáveis) e ainda apresentam

menor impacto quando comparados com outras técnicas de aquisição de dados. Além

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disto, geralmente as aeronaves causam menores perturbações nos animais por serem

relativamente silenciosas. No entanto, os impactos sonoros causados pelo VANT sobre a

fauna marinha devem ser avaliados caso a caso, pois são bastante variáveis, dependendo

da espécie estudada e o modelo do VANT. Testar o efeito dos VANT sobre as respostas

comportamentais e fisiológicas de diferentes espécies de vida selvagem é extremamente

importante antes da aplicação da metodologia em campo, portanto a avaliação dos

impactos sonoros são é área chave para pesquisas futuras.

Neste estudo, apesar de não terem sido avistados animais marinhos vivos com

exceção de aves, é fundamental considerar que a altitude de 7-8 m pode interferir no

comportamento normal dos animais, que por exemplo, poderiam estar descansando na

praia. No caso das aves, foi possível observar que alguns espécimes exibiram maiores

alterações no comportamento pela súbita ocorrência de ruído do VANT no momento da

decolagem do que na aproximação lenta da aeronave. Apesar da maioria das respostas

das aves parecerem ser transitórias, pesquisas adicionais são necessárias para testar

explicitamente as reações de diferentes espécies. Também é importante considerar que os

sons gerados pelos equipamentos aéreos variam de acordo com as características de cada

modelo.

Um estudo realizado por Vas et al. (2015) sobre a reação comportamental de aves

aquáticas à aproximação de um VANT, indicou que 80% dos sobrevoos realizados não

houve distúrbios aparentes em voos de até 4 m de altura. O fator que interferiu no

comportamento dos animais foi o ângulo de descida verticalmente do VANT em relação

à descida horizontalmente. Já Sweeney et al. (2016) comprovaram que aves em situações

de grandes aglomerações, como colônias reprodutivas de pinguins, a perturbação sonora

gerada pelo som das hélices do VANT durante os sobrevoos é mínima, pois os ruídos do

próprio ambiente prevalecem. Tal situação poderia ser semelhante ao monitoramento em

praias, onde o barulho das ondas pode mascarar o ruído gerado pelas hélices.

O mesmo foi percebido em colônias de pinípedes, onde experimentos com focas

(Phoca largha e Histriophoca fasciata) usando VANT para a coleta de imagens aéreas a

122 m de altura, resultaram em pouca ou nenhuma resposta comportamental dos animais

(MORELAND et al., 2015). Em contraste, Pomeroy et al. (2015) relataram que as focas-

cinzentas (Halichoerus grypus) e focas-do-porto (Phoca vitulina) exibiram variadas

respostas comportamentais com a aproximação do VANT em diferentes altitudes. As

reações dos pinípedes frente aos ruídos estavam ligadas ao estado reprodutivo dos animais

e as alturas dos levantamentos (que variaram entre 5-250 m). Já leões marinhos-de-Steller

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(Eumetopias jubatus) foram pesquisados e fotografados a 45 m também com aeronaves

multi-rotor e as respostas comportamentais foram mínimas (SWEENEY et al., 2016). A

maioria dos animais não reagiu a presença da aeronave e quando houve alguma

perturbação, a reação típica foi se ajustar a posição ereta e olhar para o céu com pouco ou

nenhum movimento de sua posição inicial. Pomeroy et al. (2015) indicam ainda que o

aumento da velocidade de sobrevoo pode aumentar os ruídos produzidos, uma vez que os

motores terão de trabalhar mais para manter a posição estável da aeronave. Contudo, os

autores também asseguram que a velocidade do vento é um fator que eleva os níveis de

ruído do ambiente. Entretanto sons abruptos podem fazer com que animais retornem para

água ou voem. Para o caso dos monitoramentos de encalhes de tetrápodes marinhos nas

praias, onde um dos objetivos é realizar o resgate do animal caso esteja machucado e

necessitando de atendimento veterinário, este comportamento pode ser um empecilho na

sua captura, portanto, aconselha-se voar a alturas maiores e com baixa velocidade,

reduzindo o tempo de permanência do VANT sobre o animal e consequentemente

reduzindo a perturbação sonora.

No caso dos veículos terrestres utilizados diariamente na metodologia tradicional

(a caminhonete e o quadriciclo), devido à necessidade de acessarem fisicamente a praia,

a longo prazo estes podem acarretar diversos malefícios para as dunas costeiras. Assim,

pode-se esperar que ocorram desgastes do solo gerado pelos veículos ocasionando

processos erosivos que podem comprometer tais áreas e provocar o surgimento de

inúmeros problemas. A faixa de praia poderá ser lentamente modificada pelo tráfego dos

veículos, ocasionando processos de degradação que comprometem o habitat de espécies

importantes à sobrevivência dos ecossistemas praiais (LAURO, et. al., 2004). Também a

compactação da areia pelos pneus pode tornar o solo mais resistente à penetração da água,

causando alterações físicas que repercutirão sobre a vegetação pioneira, a formação de

dunas e até a sobrevivência de espécies bentônicas (LAURO, et. al., 2004). No caso do

monitoramento diário de praias, a repetição de pequenas alterações locais pode

intensificar todos estes processos. Adicionalmente, Perryman et al. (2014) afirmam que

o uso de VANT reduz a poluição por combustível fóssil, visto que as aeronaves são

alimentadas pelo o uso de baterias. Além disto, a degradação ambiental causada por uma

aeronave é praticamente nula pois não há contato da mesma com o substrato.

Apesar da área de abrangência do presente trabalho não corresponder a locais de

postura de tartarugas marinhas, cabe considerar que o Brasil possui importantes áreas de

desova: Bahia, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Nestes locais

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também são realizados projetos de monitoramento de praias, que, portanto, são realizadas

com o pisoteio nestas delicadas áreas. Os efeitos negativos causados pela movimentação

de pessoas e veículos em locais onde as tartarugas utilizam para depositar seus ovos pode

comprometer o nascimento de milhares de filhotes. As marcas de pneus e pegadas na

areia podem compactar os ninhos em incubação dificultando o nascimento dos filhotes

pré-emergentes e dificultar o acesso dos mesmos ao mar exigindo maior esforço,

deixando-os susceptíveis à predação (CECLIMAR, 2017). Especificamente nestes locais,

o uso de aeronaves remotamente pilotadas reduziria a probabilidade de perturbar fêmeas

e ninhos. Em um estudo que avaliou o uso de um VANT em áreas de desova de tartarugas

marinhas, a câmera do equipamento foi capaz de localizar e monitorizar indivíduos

adultos e filhotes operando em alturas de 30-50 m (Bevan et al., 2015). Não foram

registradas respostas comportamentais por parte dos animais.

Para as fotografias e os vídeos gerados neste trabalho, observou-se que a qualidade

da câmera garantiu bons resultados. A alta qualidade do equipamento tornou fácil a

identificação dos animais marinhos na faixa de areia e as imagens digitais ofereceram

informações satisfatórias de campo. Além disto, as filmagens geradas pelo VANT

possibilitaram a criação de um banco de dados permanente, onde as informações ficam

disponíveis para serem revisadas inúmeras vezes e favorecem também o

compartilhamento de dados entre pesquisadores para análises posteriores. No entanto, a

grande quantidade informação gerada em programas de monitoramento diário, requer um

investimento substancial de tempo organizacional e de processamento dos dados. Para

resolver esta questão, existem programas automatizados que foram desenvolvidos para

melhorar a eficiência destes procedimentos (GROOM et al., 2011, DEHVARI & HECK

2012).

Para a capacidade para detectar tetrápodes marinhos encalhados nas praias, não

houve diferença entre as duas formas metodológicas. Os únicos registros de ocorrências

que diferiram foram em momentos onde o tempo entre o monitoramento realizado pela

equipe do PMP-BS e os voos feitos pelo VANT tiveram um intervalo de mais de 2hs. O

fato de terem sido animais relativamente grandes (tartarugas) que são facilmente

observadas pelas imagens do VANT no receptor, pode justificar a possibilidade de que

estes eventos ocorreram entre este intervalo de tempo.

Um fator que restringe a utilização de VANT diariamente em estudos de campo

está relacionado às condições climáticas. O modelo utilizado nesta pesquisa, o Phantom

3 Professional, não pode operar em condições de ventos fortes e chuva, porém já existem

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no mercado comercial de aeronaves, modelos que são à prova d’água. Para estudos em

locais próximos ao mar ou ambientes aquáticos, estes certamente são mais indicados pela

sua capacidade de operar sob condições de umidade. O VANT utilizado, em dois meses

de uso intenso em ambiental praial, apresentou oxidação nas peças internas. Por este

motivo, é aconselhável que se realize manutenções rotineiras e limpezas minuciosas a

cada uso. Em março de 2017 foi lançado um modelo de VANT totalmente à prova d’água,

o HexH2o Pro V2 da Quadh20 com custo próximo de US$ 1.995,001. Este equipamento

pode ser uma boa indicação para sobrevoar áreas com condições de terreno similares as

praias monitoradas nesta pesquisa.

Para a análise custo-benefício das duas estratégias, não houve grandes diferenças

nos valores. É importante considerar que neste trabalho só foram monitoradas 4 praias.

Se esta pesquisa for estendida para um número consideravelmente maior de enseadas, e

consequentemente de quilômetros rodados, pode ser que hajam vantagens econômicas do

VANT sobre os veículos terrestres. Ao se considerar o período de 365 dias para todo o

PMP-BS, foi feito o monitoramento de 16.509 praias utilizando quadriciclos, resultando

em 131.190,8Km. Empregando os mesmos parâmetros considerados na análise de custos

isso significa um gasto de R$26.987,8 com combustível e R$90.521,6 com manutenção.

Caso a taxa de encontro de animais seja similar para toda a área, teríamos a necessidade

de percorrer apenas 5% da área total caso seja utilizado o VANT. Isto significaria reduzir

o gasto com combustível para apenas R$1.349,4 e R$4.526,1 para manutenção, uma

economia de R$111.634,0. Isto equivale ao custo de aproximadamente 14 VANT, do

modelo utilizado neste trabalho, o que não seria suficiente para equipar todas as

instituições integrantes do PMP-BS, uma vez que usualmente cada instituição opera com

mais de uma equipe de campo diariamente.

Atualmente a faixa de preço dos VANT é muito variável e depende da diversidade

das configurações existentes em cada modelo. Porém, com o rápido crescimento desta

tecnologia e com o surgimento de novos fornecedores comerciais de VANT no mercado,

os custos das plataformas têm diminuído substancialmente. Assim é possível que em um

futuro próximo a economia feita em termos de combustível e manutenção seja o suficiente

para compensar os custos de aquisição dos equipamentos.

Antes de conceber um programa de pesquisa com o uso de VANT, a equipe deve

considerar cuidadosamente as vantagens e desvantagens dos diferentes modelos

1 https://www.quadh2o.com/store/hexh2o/hexh2o-pro-v2-ready-to-build/

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disponíveis. A recepção em tempo real dos vídeos é limitada ao alcance do rádio, por isto,

é preciso atentar aos modelos mais adequados para o objetivo da pesquisa. Também a

legislação brasileira atualmente prevê que as aeronaves remotamente pilotadas devem ser

operadas dentro da linha de visão (ANAC, 2017), por este motivo, os VANT não são

adequados para levantamentos de grandes áreas. Os equipamentos são elétricos e

alimentados por bateria, portanto a eficiência energética é limitada (CRISTIE et al.,

2016). É necessário que as baterias sejam recarregadas ou substituídas aproximadamente

a cada 20 minutos, também restringindo o alcance do voo. Neste caso, recomendamos um

adaptador de energia para que as mesmas possam ser recarregadas no carro, durante o

trânsito entre uma praia e outra. Sweeney et al. (2016) acreditam que as aeronaves

necessitam de alguns melhoramentos na engenharia para fazer as baterias durarem mais

tempo.

No último ano houveram muitas discussões sobre a legislação do uso de aeronaves

não tripuladas no Brasil. O regulamento sobre o VANT foi amplamente discutido por

associações, órgãos públicos, empresas e pela sociedade onde se objetivou tornar viáveis

as operações desses equipamentos, preservando a segurança das pessoas. Pesquisadores

que utilizam VANT para a coleta de dados em seus estudos de campo, devem participar

ativamente destas discussões a fim de contribuir para a evolução das normas para o setor

e desta forma tornar viável a utilização dos equipamentos para fins científicos.

Em certas ocasiões, como na presente pesquisa onde os voos não estão

programados e são dependentes das condições climáticas, a necessidade da obtenção da

emissão de licenças diárias pode ser um empecilho para a continuação da pesquisa.

Em maio de 2017 a ANAC criou novas regras para as operações civis de aeronaves

não tripuladas, levando-se em conta o nível de complexidade e de risco envolvido nas

operações e nos tipos de equipamentos. Os limites estabelecidos a partir de agora devem

seguir as novas regras da ANAC, que são complementares aos normativos de outros

órgãos públicos como o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e da

Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).

Mesmo com estas considerações, podemos afirmar que os VANT têm potencial

para se tornar uma plataforma eficaz para o acompanhamento de atividades de

monitoramento da natureza. No entanto, diversos fatores limitam a troca de uma

metodologia pela outra. Esta transição, para este trabalho, ainda não foi possível ser

realizada. Porém, observou-se claramente que o uso do VANT pode complementar as

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informações na coleta de dados que vem sendo realizada tradicionalmente com o uso de

veículos, com menos consumo de combustíveis fósseis e prejuízos ao ambiente costeiro.

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6. CONCLUSÕES

Com esta pesquisa, podemos concluir que os VANT apresentam potencial para se

tornar uma plataforma para o suporte ou complemento da metodologia tradicional de

percorrer as praias com veículos em busca de encalhes de tetrápodes marinhos.

Entretanto, a necessidade da coleta física de amostras limita sua utilidade em projetos de

monitoramento de praias.

Acreditamos que a tecnologia inovadora dos VANT pode preencher lacunas onde

a metodologia tradicional não pode chegar, como por exemplo em áreas remotas ou de

difícil acesso, sem causar grandes perturbações aos animais e ambientes.

Consideramos importante que a comunidade científica não explore somente o

potencial desta tecnologia, mas também se envolva ativamente nas discussões a fim de

determinar em que condições este potencial pode ser concretizado em futuras pesquisas.

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8 ANEXOS

Anexo 1.Ficha de Registro de Esforço de Monitoramento Terrestre

Registro de esforço de monitoramento terrestre

UNIVALI – CÓDIGO _______________________ Equipe: ___________________________________________________________________________________ Estado: ____________ Município: ___________________________________________________________ Praia: _____________________________________________________________________________________ Tipo de veículo: ( ) Carro ( ) Caminhonete ( ) Caminhão ( ) Bicicleta ( ) Quadriciclo ( )Moto ( ) A pé Início de monitoramento Data inicial: __________________________ Latitude inicial: ____________________________ Hora inicial: _________________________ Longitude inicial: ___________________________ Trajeto Latitude 1: _____________________________ Longitude 1: _______________________________ Latitude 2: _____________________________ Longitude 2: _______________________________ Latitude 3: _____________________________ Longitude 3: _______________________________ Latitude 4: _____________________________ Longitude 4: _______________________________ Latitude 5: _____________________________ Longitude 5: _______________________________ Fim do monitoramento Data final: _____________________________ Latitude final: ______________________________ Hora final: _____________________________ Longitude final: _____________________________

Condições do ambiente no início do monitoramento Condição do céu: ( ) Aberto ( ) Nublado ( ) Parcialmente nublado ( ) Nevoeiro ( ) Chuvoso Condição do mar: ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 ( )11 ( ) 12 Maré: ( ) Vazia ( ) Vazante ( ) Cheia ( ) Enchente Vento: ( ) 0 calmo – até 1 km/h ( ) 1 fraco – 1 até 5 km/h ( ) 2 brisa leve – 6 até 11 km/h ( ) 3 brisa suave – 12 até 19km/h ( ) 4 brisa moderada – 20 até 28km/h ( ) 5 brisa corrente – 29 a 38km/h Direção do vento: ( ) Leste ( ) Oeste ( ) Norte ( ) Sul ( ) Sudeste ( ) Nordeste ( ) Sudoeste ( ) Noroeste Observações climáticas: ____________________________________________________________________________

Condições do ambiente no fim do monitoramento Condição do céu: ( ) Aberto ( ) Nublado ( ) Parcialmente nublado ( ) Nevoeiro ( ) Chuvoso Condição do mar: ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 ( )11 ( ) 12 Maré: ( ) Vazia ( ) Vazante ( ) Cheia ( ) Enchente Vento: ( ) 0 calmo – até 1 km/h ( ) 1 fraco – 1 até 5 km/h ( ) 2 brisa leve – 6 até 11 km/h ( ) 3 brisa suave – 12 até 19km/h ( ) 4 brisa moderada – 20 até 28km/h ( ) 5 brisa corrente – 29 a 38km/h Direção do vento: ( ) Leste ( ) Oeste ( ) Norte ( ) Sul ( ) Sudeste ( ) Nordeste ( ) Sudoeste ( ) Noroeste Observações climáticas: ____________________________________________________________________________

Finalização do esforço Trecho concluído por completo: ( ) Sim ( ) Não Tipo de justificativa: ( ) Ambiental ( ) Operacional ( ) Outros Justificativa: __________________________________________________________________

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Anexo 2.Ficha de Registro de Esforço de Monitoramento Aéreo

Registro de esforço de monitoramento aéreo

UNIVALI – CÓDIGO _______________________ Piloto: __________________________________________________________________________________________ Ajudante: _______________________________________________________________________________________ Modelo do equipamento: ___________________________________________________________________________ Estado: ____________ Município: _______________________________________________________________ Praia: ___________________________________________________________________________________________ Início de monitoramento Data inicial: ____________________________ Latitude inicial: ____________________________ Hora inicial: ____________________________ Longitude inicial: ___________________________ Trajeto Latitude 1: _____________________________ Longitude 1: _______________________________ Latitude 2: _____________________________ Longitude 2: _______________________________ Latitude 3: _____________________________ Longitude 3: _______________________________ Fim do monitoramento Data final: _____________________________ Latitude final: ______________________________ Hora final: _____________________________ Longitude final: _____________________________

Condições do ambiente no início do monitoramento Condição do céu: ( ) Aberto ( ) Nublado ( ) Parcialmente nublado ( ) Nevoeiro ( ) Chuvoso Condição do mar: ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 ( )11 ( ) 12 Maré: ( ) Vazia ( ) Vazante ( ) Cheia ( ) Enchente Vento: ( ) 0 calmo – até 1 km/h ( ) 1 fraco – 1 até 5 km/h ( ) 2 brisa leve – 6 até 11 km/h ( ) 3 brisa suave – 12 até 19km/h ( ) 4 brisa moderada – 20 até 28km/h ( ) 5 brisa corrente – 29 a 38km/h Direção do vento: ( ) Leste ( ) Oeste ( ) Norte ( ) Sul ( ) Sudeste ( ) Nordeste ( ) Sudoeste ( ) Noroeste Observações climáticas: ____________________________________________________________________________

Condições de voo Altura do voo: Tempo total de voo: Velocidade do voo: Número de decolagens: Visibilidade: ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima Luminosidade (%): Cobertura de nuvens (%): Reflexo do sol (%):

Condições do ambiente no fim do monitoramento Condição do céu: ( ) Aberto ( ) Nublado ( ) Parcialmente nublado ( ) Nevoeiro ( ) Chuvoso Condição do mar: ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 ( )11 ( ) 12 Maré: ( ) Vazia ( ) Vazante ( ) Cheia ( ) Enchente Vento: : ( ) 0 calmo – até 1 km/h ( ) 1 fraco – 1 até 5 km/h ( ) 2 brisa leve – 6 até 11 km/h ( ) 3 brisa suave – 12 até 19km/h ( ) 4 brisa moderada – 20 até 28km/h ( ) 5 brisa corrente – 29 a 38km/h Direção do vento: ( ) Leste ( ) Oeste ( ) Norte ( ) Sul ( ) Sudeste ( ) Nordeste ( ) Sudoeste ( ) Noroeste. Observações climáticas: ____________________________________________________________________________

Parâmetros morfológicos da praia: Tipo da praia: ( ) Reflectiva ( ) Intermediária ( ) Dissipativa Extensão: Largura: Presença ou não de ondulações: Posição da linha de maré alta (retração ou expansão):

Finalização do esforço Trecho concluído por completo: ( ) Sim ( ) Não Tipo de justificativa: ( ) Ambiental ( ) Operacional ( ) Outros Justificativa: ______________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________

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Anexo 3.Ficha de Registro de Ocorrência de Fauna Individual

Ficha de registro de Ocorrência de fauna alvo individual

UNIVALI – CÓDIGO _______________________ Responsável: ___________________________________________________________________________________ Data __________________________________ Hora: _______________________________________________ Número da ficha de esforço de monitoramento: _______________________________________________________ Latitude________________________________ Longitude: ___________________________________________ Fotos:_________________________________________________________________________________________ Observações: ___________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ Caracterização do ambiente: ( ) Rochoso ( ) Arenoso ( ) Água ( ) Mangue ( ) Outros

Identificação do animal Classe:_________________________________________________________________________________________ Ordem:________________________________________________________________________________________ Subordem:_____________________________________________________________________________________ Família:________________________________________________________________________________________ Gênero:________________________________________________________________________________________Espécie:________________________________________________________________________________________ Sexo: ( ) Fêmea ( ) Macho ( ) Indeterminado

Avalição do Animal Condição de vida: ( ) Vivo ( ) Morto Animal responsivo: ( ) Sim ( ) Não Condição corpórea: ( ) Boa ( )Ruim Integridade física: ( ) Boa ( )Ruim Presença de óleo: ( ) Sim ( ) Não Quantidade de óleo: ( ) Até 25% ( ) Até 50% ( ) Até 75% ( ) Mais de 75% (preencher somente se houver presença de óleo) Estágio de desenvolvimento: ( ) Filhote ( ) Juvenil ( ) Adulto ( ) Indeterminado Condição da carcaça: ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 (preencher somente se o animal estiver morto) Avaliação externa: ( ) Sem marcas evidentes ( )Marcas naturais ( ) Marcas indeterminadas ( ) Decapitação ( ) Fratura ( ) Ectoparasitas ( ) Amputação ( ) Epibionte ( ) Patologias ( ) Interação antrópica Interação antrópica 1: ( ) Colisão com embarcação ( ) Petrecho de pesca ( ) Agressão ( ) Plástico Grau de evidência com interação antrópica 1: ( ) 1 – Fraco ( ) 2 - Médio ( ) 3- Forte Interação antrópica 2: ( ) Colisão com embarcação ( ) Petrecho de pesca ( ) Agressão ( ) Plástico Grau de evidência com interação antrópica 2: ( ) 1 – Fraco ( ) 2 - Médio ( ) 3- Forte Interação antrópica 3: ( ) Colisão com embarcação ( ) Petrecho de pesca ( ) Agressão ( ) Plástico Grau de evidência com interação antrópica 3: ( ) 1 – Fraco ( ) 2 - Médio ( ) 3- Forte Amostras coletadas: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________