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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MEDICINA MAICON JULIANO LIMA VIEIRA AVALIAÇÃO DO MANUSEIO TERAPÊUTICO E ABORDAGEM DIAGNÓSTICA INICIAL DOS PACIENTES COM GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA PÓS-INFECCIOSA INTERNADOS NO SETOR PEDIÁTRICO EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE SERGIPE Aracaju/SE 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE MEDICINA

MAICON JULIANO LIMA VIEIRA

AVALIAÇÃO DO MANUSEIO TERAPÊUTICO E ABORDAGEM

DIAGNÓSTICA INICIAL DOS PACIENTES COM

GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA PÓS-INFECCIOSA

INTERNADOS NO SETOR PEDIÁTRICO EM UM HOSPITAL

PÚBLICO DE SERGIPE

Aracaju/SE

2013

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MAICON JULIANO LIMA VIEIRA

AVALIAÇÃO DO MANUSEIO TERAPÊUTICO E ABORDAGEM

DIAGNÓSTICA INICIAL DOS PACIENTES COM

GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA PÓS-INFECCIOSA

INTERNADOS NO SETOR PEDIÁTRICO EM UM HOSPITAL

PÚBLICO DE SERGIPE

Monografia apresentada ao colegiado do curso de

Medicina da Universidade Federal de Sergipe como

requisito parcial para obtenção do grau de bacharel

em Medicina.

Orientador: Prof°. Emanoel Messias Costa

Co-orientador: Prof° Enaldo Vieira de Melo

Aracaju/SE

2013

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MAICON JULIANO LIMA VIEIRA

AVALIAÇÃO DO MANUSEIO TERAPÊUTICO E ABORDAGEM

DIAGNÓSTICA INICIAL DOS PACIENTES COM

GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA PÓS-INFECCIOSA

INTERNADOS NO SETOR PEDIÁTRICO EM UM HOSPITAL

PÚBLICO DE SERGIPE

Monografia apresentada ao colegiado do curso de

Medicina da Universidade Federal de Sergipe como

requisito parcial para obtenção do grau de bacharel

em Medicina.

Orientador: Prof°. Emanoel Messias Costa

Co-orientador: Prof° Enaldo Vieira de Melo

______________________________________________

Autor: Maicon Juliano Lima Vieira

______________________________________________

Orientador: Prof°. Emanoel Messias Costa

Aracaju/SE

2013

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecer a Deus, sempre presente nos momentos difíceis,

tranquilizando e me fazendo confiar na vitória acima de tudo. Tenho certeza que nada seria

possível sem a sua permissão.

Aos meus pais, por terem me feito o homem que sou e terem acreditado mais que

todos, muitas vezes mais que a mim mesmo, nesse momento. Sem dúvidas valores como

honra, caráter, dignidade e honestidade, aprendi com eles e os levarei para sempre em minha

vida.

Aos meus irmãos que entenderam meus momentos de ansiedade e me fizeram

compreender que com paciência os bons resultados aconteceriam.

Aos amigos de turma, o “melhor grupo dos 10”, Andrea, Bruno, Diego, Eric, Fabiano,

Frankslene, Guilherme, Ivanilson e Ramon, por terem feito destes seis anos mais simples e

prazerosos, amigos que fiz para a vida toda. A toda a minha turma, sabemos que a

fragmentação das turmas práticas não permite que fiquemos todos juntos, mas os momentos

que tivemos essa oportunidade foram também muito especiais.

Ao Hospital Universitário e todas as outras instituições de saúde do meu estado onde

tive prática pelas valiosas experiências proporcionadas.

Obrigado ao Professor Dr°. Enaldo Vieira de Melo, por sempre estar disposto à

dedicar horas as análises, resultados e discussão deste trabalho. E de forma especialíssima ao

meu grande orientador Professor Dr°. Emanoel Messias Costa, exemplo de professor, médico,

sempre dedicado à todas as suas atividades e realizando-as com muito esmero, sua orientação

foi fundamental para que este trabalho se concretizasse.

Ao Professor Dr°. Halley Ferraro, por ter atendido com muito entusiasmo o meu

pedido de correção desse trabalho de conclusão de curso, sei que várias são as suas

atribuições do dia-dia, meu muito obrigado.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características Sociodemográficas da População Estudada .............................. 40

Tabela 2 - Prevalência de Sinais e Sintomas ...................................................................... 41

Tabela 3 - Conduta Terapêutica Hospitalar ........................................................................ 42

Tabela 4 - Condições Clínicas Prévias Associadas ............................................................ 43

Tabela 5 - Perfil Laboratorial da População Estudada ....................................................... 44

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SUMÁRIO

1. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 6

1.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6

1.2. EPIDEMIOLOGIA ...................................................................................................... 7

1.3. FISIOPATOLOGIA .................................................................................................... 10

1.4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ................................................................................. 12

1.5. MANIFESTAÇÕES LABORATORIAIS ................................................................... 13

1.6. TRATAMENTO .......................................................................................................... 16

1.7. PROGNÓSTICO ......................................................................................................... 18

1.8. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 19

2. NORMAS PARA PUBLICAÇÃO .............................................................................. 22

3. ARTIGO ORIGINAL .................................................................................................. 29

3.1 RESUMO ..................................................................................................................... 30

3.2 ABSTRACT ................................................................................................................. 31

3.3. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 32

3.4. MÉTODOS .................................................................................................................. 34

3.5. RESULTADOS ........................................................................................................... 35

3.6. DISCUSSÃO ............................................................................................................... 36

3.7. PÁGINA DE TABELAS .............................................................................................. 40

3.8. AGRADECIMENTOS ................................................................................................. 45

3.9. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 46

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1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1 – INTRODUÇÃO

Glomerulonefrite difusa aguda pós-estreptocócica é uma das mais antiga doença renal

conhecida (1). No século 18, foi identificada como "inchaço edematoso com urina escura,

escassa e muitas vezes totalmente suprimida” era uma temida complicação do período de

convalescença da escarlatina (4).

Mais de duas décadas atrás aproximadamente, Von Plenciz et al relatou edema,

oligúria e urina de coloração diferente, que apareceram após um período de latência em

pacientes com quadro prévio de escarlatina. Essa foi a primeira observação que liga a doença

renal com a infecção estreptocócica (2). Wells também observou que irmãos de uma criança

que apresentou quadro nefrítico eram mais propensos a apresentar nefrite após um episódio de

escarlatina, do que irmãos de crianças que não apresentavam quadro nefrítico prévio (3).

Uma das mais antigas observações clínicas em nefrologia é a "hidropisia que se segue

a um quadro de escarlatina", a qual está associada à urina escassa e escura (1). No século

XIX, Richard Bright combinou a descoberta de substância coagulada na urina destes pacientes

com as características clínicas de hidropisia e a evidência de “desarranjo” na estrutura do rim

durante autópsia (3). Ainda no século 19, Bright publicou os primeiros estudos sobre as

mudanças morfológicas na glomerulonefrite (2). O termo "doença de Bright" tornou-se o

nome aceitável tanto para a forma aguda quanto a forma crônica da glomerulonefrite até

meados do século 20 (3).

A forma da doença associada a escarlatina tornou-se conhecida como a “doença do

agudo hemorrágico de Bright” . Durante as últimas décadas do século XIX e as primeiras

décadas do século XX, várias descrições de glomerulonefrites após episódios de escarlatina

apareceram, e eram chamadas de "glomerulonefrite aguda" (3).

Porém o grande marco do desenvolvimento científico na glomerulonefrite pós-

infecciosa foi sem dúvida os achados de Wells em 1812. O estudo por ele publicado precedeu

em mais de 10 anos o marco clínico-patológico das contribuições de Richard Bright, em mais

de seis décadas, o achado de 'glomerulite' em “pós-nefrite da escarlatina”, e veio antes até

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mesmo do relatório de Reichel que deu uma descrição clara das lesões glomerulares em um

dos casos fatais da doença, este último subsequentemente expandido em outro trabalho por

Osman et al.(4)

Apesar do fato de que ambos os aspectos clínicos e a patologia renal da doença

tiverem ainda nessa época boa parte de seus mecanismos aparentemente desvendados, as

razões para a associação entre estes, claramente não infecciosos ('reativação') serem

complicação de uma doença infecciosa, naquela ocasião de doença epidêmica, permaneceu

uma incógnita até a apresentação da obra seminal de Clemens Von Pirquet. Em 1903, Von

Pirquet, então com 29 anos de idade, médico residente em pediatria, exclusivamente com base

nas observações clínicas, postulou a existência de um anticorpo “patógeno orientado”, ao

invés de reações imunitárias aleatórias como se pensava até então, a estas reações ele chamou

de “alergia” (reatividade cruzada), que não explicava de fato a patologia da doença, esse

marco só foi publicado em 1908. (4).

Em 1923 Dicks, Dochez e Sherman estabeleceram que o Estreptococcus beta-

hemolítico era o agente etiológico da escarlatina. Seis anos após, em 1929 Longcope

descreveu a associação entre a glomerulonefrite aguda e infecções do trato respiratório

superior, das quais foram encontradas em culturas, o Estreptococcus beta-hemolítico, e já em

1938 Lyttle et al documentaram infecções por estreptococos em 94% de uma série de 16 casos

consecutivos de glomerulonefrite aguda. (2)

Futcher descreveu em 1940, 153 casos de glomerulonefrite e descobriu que em 7,2%

dos casos tinham história prévia de infecções de pele, além disso, ele observou também que a

pele foi o local de infecção em 4,2% a 28% dos casos de glomerulonefrite relatados nos

últimos 28 anos até então (2).

1.2 – EPIDEMIOLOGIA

O número estimado de casos de glomerulonefrite em todo o mundo ao ano é de

472.000 casos, aproximadamente 404.000 desses ocorrem em crianças (3). É essencialmente

uma doença da infância que corresponde por aproximadamente 90% dos casos das doenças

renais nesta faixa etária (5).

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Na literatura a taxa de maior incidência varia entre as idades de 2 a 12 anos (2), e entre

2 a 14 anos (6) em outros trabalhos. Varia também os relatos sobre a faixa etária de pico de

incidência variando entre 2 e 6 anos (7) e entre 5 e 15 anos (8). Raros são os casos na

literatura que descrevem o aparecimento da glomerulonefrite aguda entre adultos jovens e

adultos, e entre crianças menores (7). Na maioria das séries grandes, a taxa de descrição de

casos em pacientes maiores de 40 anos varia entre 5% e 10%, e em menores de 2 anos a taxa é

de 5% (2).

Porém ataques iniciais de glomerulonefrite em adultos ocorrem geralmente no final da

adolescência e metade da segunda década de vida. Raramente ocorrem muito tarde, como na

sexta década de vida (8). Embora um recente levantamento epidemiológico de registro de

biópsia renal italiano, tenha apontado que a glomerulonefrite pós-infecciosa é agora mais

comum após os 60 anos de idade (0,9 doentes por milhão) do que idades anteriores aos 60

anos (0,4 pacientes por milhão) neste país (1). Esse mesmo estudo alerta para a possibilidade

iminente de subnotificação de casos de glomerulonefrite aguda pós-infecciosa em pacientes

com 70 anos ou mais (8).

Segundo alguns estudos, existe uma preponderância do sexo masculino nos casos com

nefrite aguda sintomática, mas quando são levadas em conta a doença clínica e subclínica,

essa preponderância desaparece (2). Algumas outras estatísticas apontam para uma incidência

maior entre indivíduos da raça branca, com uma taxa de até 72% contra 28% nos não-brancos

(7).

A frequência é variável, dependendo de forma relevante do nível socioeconômico. A

incidência vem apresentando uma diminuição no mundo industrializado, enquanto permanece

elevada nos países em desenvolvimento (6).

Essa incidência é amplamente reconhecida como em regressão nas últimas três

décadas, porém os dados globais atuais são difíceis de estabelecer (1). Ainda de forma

preponderante o ônus da grande incidência de glomerulonefrite pós-infecciosa é dos países

em desenvolvimento. A piodermite associada à glomerulonefrite continua a prevalecer em

áreas tropicais, onde as infecções de pele por estreptococos podem ser endêmicas. Em

contraste, nas zonas mais temperadas é a faringite por estreptococos que predomina como

precursora da glomerulonefrite pós-infecciosa. (3)

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Nos Estados Unidos um declínio aparente da incidência da glomerulonefrite aguda

pós-infecciosa durante os últimos 40 anos, é responsabilizado em grande parte por ser um país

próximo de erradicar as piodermites por estreptococos. Medidas para uma melhor higiene

e/ou uma menor prevalência da infecção de pele associada às cepas dos sorotipos

nefritogênicas, foram implementadas com sucesso. Agora a maioria dos casos documentados

está associada a faringites. (3).

Esse tipo de nefrite praticamente desapareceu na Europa Central, onde agora é mais

frequente em idosos, especialmente nos casos associados com condições debilitantes, como

alcoolismo ou uso crônico de drogas intravenosas, como atestado no recente levantamento de

registros de biópsias no território italiano (1). Mas a taxa no mundo carente (taxa global

excetuando-se os países considerados desenvolvidos) da incidência de glomerulonefrite pós-

infecciosa está entre 9,5 a 28,5 novos casos para cada 100.000 indivíduos por ano (1). Quando

considerada a faixa etária de menores de 12 anos a taxa de incidência é de 0,01 a 0,02 casos

por ano em criança nos países considerados industrializados, contra 0,6 casos por ano para

cada criança menor de 12 anos nos países em desenvolvimento (6).

A nefrite pós-estreptocócica geralmente ocorre de forma esporádica, mas surtos

epidêmicos ocorrem em comunidades “fechadas” ou em áreas rurais e da cidade em que

predominam a má higiene e falta de condições, ou ainda aglomerados de moradias

densamente povoados. Alta incidência de desnutrição, anemia e parasitose intestinal parecem

ser comorbidades importantes nas comunidades endêmicas ou epidêmicas de glomerulonefrite

aguda pós-infecciosa. Em certas áreas, tais como Trinidad e Maracaibo, podem ocorrer

epidemias em surtos cíclicos a cada 5 a 7 anos, circunstância que ainda não foi

completamente explicada. (2).

Essa variação cíclica na incidência da glomerulonefrite pós-infecciosa, variando ao

longo do tempo dentro de uma mesma população, também foi relatada em alguns outros

estudos. Em um distrito de saúde em Santiago, no Chile, o relatório anual de incidência da

glomerulonefrite aguda pós-infecciosa dobrou para 13,2 casos por 100.000 crianças da

população durante um período de “epidemia” (1984-1989) em comparação com um período

anterior “endêmico” (1980-1983). Subsequentemente (1990-1999), a incidência caiu para

menos de 1,7 casos por 100.00 crianças por ano. A maioria dos casos, durante o período

epidêmico foi associada a casos de piodermite e correlacionada de forma significativa com o

tamanho das famílias e condições de superlotação das moradias. (3).

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A glomerulonefrite pós-infecciosa aguda é frequentemente a causa de insuficiência

renal aguda (requerendo diálise e/ou admissão às unidades pediátricas de terapia intensiva)

em países subdesenvolvidos. A proporção de casos de insuficiência renal aguda que

correspondem a glomerulonefrite pós-infecciosa de etiologia comprovadamente ou

suspeitada, pós-estreptocócica, é de 13% em Nova Dehli, 44% a 30% em Istambul e 47% a

27% em Bombaim, só para citar alguns exemplos. Devidamente ressalvada a falta significante

de confiabilidade sobre esses dados. (1).

Nestes países ressalta-se ainda o baixo número de especialistas em nefrologia

pediátrica, bem como de centros pediátricos especializados para o atendimento e rápido

reconhecimento da glomerulonefrite pós-infecciosa, que contribuem para o índice de

subnotificação de casos. Essas mesmas estimativas sofrem ainda a influência dos casos de

glomerulonefrite pós-infecciosa que evoluem rápido e progressivamente para insuficiência

renal aguda, acredita-se que estes casos representem até 1% do número total de casos não

notificados (1).

É de fundamental importância a vigilância epidemiológica sobre os casos suspeitos de

glomerulonefrite aguda pós-infecciosa, principalmente em países subdesenvolvidos para uma

melhor compreensão e confiabilidade de sua incidência.

1.3 – FISIOPATOLOGIA

O aprisionamento glomerular de imunocomplexos circulantes, bem como a formação

de um complexo imunitário in situ resultante a partir de anticorpos que reagem tanto contra

componentes do estreptococo, depositados no glomérulo, como também contra componentes

do próprio glomérulo, parece explicar a fisiopatologia da glomerulonefrite pós-infecciosa.

Esses componentes glomerulares são, então, reconhecidos como antígenos (“mimetismo

glomerular”). (3).

Após a demonstração do papel etiológico do estreptococo do grupo A na indução da

glomerulonefrite aguda, muitos estudos foram realizados na tentativa de induzir a mesma

glomerulonefrite de forma experimental em animais, porém a maior dificuldade é o fato de o

estreptococo do grupo A ser patógeno específico do ser humano (4).

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No entanto a teoria mais popular do mecanismo patogênico continua sendo a teoria da

formação dos imunocomplexos. Esta se baseia na deposição glomerular de antígeno

estreptocócico nefritogênico e posterior formação de imunocomplexos “in situ” e/ou na

deposição direta de complexos antígeno-anticorpo circulante. Porém a deposição de

imunoglobulina muitas vezes não é o fator mais importante para o desenvolvimento dessa

doença. Assim o real mecanismo proeminente da proliferação endocapilar no glomérulo, que

ocorre na glomerulonefrite aguda pós-infecciosa, ainda é desconhecido e a identidade do

antígeno causador continua a ser questão de debate. (9).

As características patológicas mais típicas e específicas são a proliferação endocapilar

glomerular difusa, visível à microscopia de luz; e a deposição granular do complemento C3,

com ou sem imunoglobulina G (IgG) na parede capilar do glomérulo, detectável à

microscopia de imunofluorescência. À microscopia eletrônica percebe-se de modo geral que

várias partes dos glomérulos contêm depósitos elétron-densos, os mais abundantes e

consistentes, de localização tipicamente subepiteliais, são chamados “humps”. (10).

A deposição de imunocomplexos mesangiais IgA mediados, não é tipicamente descrita

na glomerulonefrite aguda pós-infecciosa. Sua presença na biópsia renal é mais indicativo de

nefropatia por IgA ou púrpura de Henoch-Schönlein. No entanto, uma recente revisão de 86

casos de glomerulonefrite pós-infecciosa mostrou que o achado de depósito glomerular de

IgA foi detectado em até 44% dos casos em que o Staphylococcus foi o culpado da

infecção.(11).

Nesse mesmo estudo foi percebido que o Staphylococcus foi causa de

glomerulonefrite aguda pós-infecciosa em até 23% dos casos. Esta é classicamente associada

com depósitos glomerulares de imunocomplexos que contém complementos (principalmente

C3), IgG e às vezes IgM. Porém uma forma diferente de Staphylococcus associada à

glomerulonefrite caracterizada por depósitos IgA dominante ou depósito glomerular IgA

concomitantes, têm sido cada vez mais reconhecidas. (11).

O aprisionamento glomerular de imunocomplexos é facilitado por diversos fatores,

relacionados ao hospedeiro e ao antígeno (tipo de anticorpo; classe, afinidade, tempo de meia

vida no plasma e capacidade de ativar complemento; tamanho do antígeno, eficiência do

sistema reticuloendotelial em “limpar” imunocomplexos) (4).

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Histologicamente o achado mais importante é a proliferação glomerular difusa

afetando especialmente ao nível mesangial e endotelial (30).

1.4 – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

O quadro clínico é bastante variável, desde formas frustras e assintomáticas até casos

sintomáticos graves. As manifestações renais ocorrem, geralmente, de sete a 14 dias após a

infecção de pele ou vias aéreas superiores, apresentando-se mais comumente com o início

súbito de hematúria macroscópica, edema de membros inferiores e/ou face e hipertensão

arterial. A apresentação típica inclui oligúria e acometimento moderado da função renal,

podendo ocorrer, ocasionalmente, hipervolemia com edema agudo pulmonar, crise

hipertensiva com encefalopatia e convulsões, e insuficiência renal aguda (IRA), algumas

vezes com necessidade de diálise de urgência. (7;12;13).

Embora alguns estudos relatarem complicações renais graves como doença renal

progressiva e insuficiência renal aguda, associada com a glomerulonefrite aguda pós-

infecciosa, o prognóstico dessa doença é geralmente benigno em crianças. Porém de acordo

com a morbidade da doença o acompanhamento em longo prazo é necessário. (14;15;16).

A hematúria é uma constante. Esta pode desenvolver-se de forma macroscópica, ou

unicamente de forma microscópica. A proteinúria apresenta-se geralmente com valores

inferiores a 1g/L ou pode até mesmo estar ausente inicialmente. (6).

Uma síndrome nefrótica desenvolve-se em aproximadamente 5% dos casos (17). Uma

redução da taxa de filtração glomerular é encontrada em até 50 % dos casos, em sua grande

maioria de forma leve a moderada, e de curta duração. A necessidade de terapia renal

substitutiva é rara. (6).

O excesso de fluido é determinante de gravidade da glomerulonefrite aguda pós-

infecciosa, e anuncia-se como uma síndrome edematosa, bem como hipertensão que pode ser

muito grave. A insuficiência cardíaca ou edema pulmonar agudo, ou ainda sinais neurológicos

de hipertensão maligna podem ocorrer e ameaçar diretamente o prognóstico do paciente. É

interessante notar que a intensidade dessa sobrecarga de líquidos é frequentemente

desproporcionada no que diz respeito ao nível de insuficiência renal, o que sugere um

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mecanismo para a reabsorção ativa de sódio tubular. Este fenômeno foi explorado por

Dailleurs em modelos animais experimentais. (18).

Além disso, alguns pacientes têm frequentemente hipercalemia, também

desproporcional ao nível de falência renal. Isto pode ser explicado pela ocorrência de um

hiporeninemismo com hipoaldosteronismo em alguns pacientes. (19). Os níveis de renina

(ARP) são geralmente baixos na apresentação. A retenção de líquidos está correlacionada com

a supressão da atividade da renina plasmática. (20).

A incidência de acometimento cardiovascular é muito variável. Insuficiência cardíaca

congestiva é uma manifestação relativamente comum e ocorre em 15% a 50% das crianças

com glomerulonefrite aguda pós-infecciosa. (5). Hipertensão ocorre em aproximadamente 80-

90% de casos. Enquanto a dispnéia é uma queixa em apenas 5% dos pacientes. (3).

Complicações cerebrais da hipertensão arterial, incluindo dores de cabeça, convulsões,

alterações do estado mental, e alterações visuais ocorrem em 30-35% das crianças (3).

As apresentações atípicas de glomerulonefrite aguda pós-infecciosa incluem aqueles

indivíduos com doença subclínica e os que apresentam doença aguda, geralmente relacionada

à hipertensão ou edema na ausência evidente de anormalidades urinárias (21).

Existem inúmeros relatos de casos de crianças que se apresentam com manifestações

extremas, geralmente a partir de crises hipertensivas, que não apresentam os resultados

urinários típicos de início (21). Exame seriado de urina após a apresentação vem a confirmar a

suspeita de glomerulonefrite aguda. Outra característica atípica na apresentação é a presença

de um típico rash cutâneo da Púpura de Henoch-Schönlein. (22). O diagnóstico de

glomerulonefrite aguda pós-infecciosa foi confirmado por biópsia renal nesses casos (3).

1.5 – MANIFESTAÇÕES LABORATORIAIS

Exames confirmam o padrão de hematúria, o nível de proteinúria, a eventual

insuficiência renal e os distúrbios hidroeletrolíticos associados (6).

O exame do sedimento urinário confirma envolvimento glomerular agudo, com a

presença de sangue vermelho, no qual frequentemente são identificados glóbulos vermelhos

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dismórficos e glóbulos brancos. No início da fase aguda, leucócitos urinários podem

predominar sobre as células vermelhas do sangue. (3). A hematúria microscópica pode

permanecer elevada por vários meses, permitindo inclusive um diagnóstico retardado de um

episódio de glomerulonefrite aguda pós-infecciosa (6).

A taxa de filtração glomerular (GFR) é muitas vezes reduzida durante a fase aguda da

doença. Aumento das escórias nitrogenadas (uréia) no sangue foi observado em 60-65% dos

pacientes, com a diminuição da depuração de creatinina, estimada em menor que 90 m2

ml/min/1.73 presente em 20%. (3).

A quantificação de excreção proteica urinária em 78 casos de glomerulonefrite aguda

pós-infecciosa entre 1979-1988 revelou proteinúria nefrótica (definida como> 40 mg/m2/h)

em 27 casos (34,6%) e de excreção proteica urinária normal (definidas como <5 mg/m2/h) em

20 casos (25,6%) (23).

Hipoalbuminemia é bastante comum: em um grande estudo de glomerulonefrite aguda

pós-infecciosa, a albumina do soro era inferior a 3,0 g / dl em 46% dos casos e inferior a 2,5 g

/ dl em 15% dos casos estudados. Diminuição da hemoglobina no sangue também é muito

comum. Uma grande série de estudo mostrou que apenas 10% dos 155 pacientes tinha

hemoglobina com valores próximos de 12 g / dl, e mais de 50% eram inferiores 10 g / dl. Em

casos extremos, a anemia grave pode ocorrer. (3).

Enquanto, tradicionalmente, a queda da hemoglobina tem sido atribuída, via

observação clínica, unicamente à sobrecarga de volume (3), pode haver outros fatores que

influenciem. Em alguns trabalhos, anemia hemolítica auto-imune foi documentada nos

estágios iniciais da glomerulonefrite aguda pós-infecciosa (24;25).

Os marcadores sorológicos mais comumente utilizados pelo clínico são o título da

anti-estreptolisina O (ASLO) e a depressão do nível sérico C3. Níveis de anticorpos

aumentados para antígenos antiestreptocócicos (ASLO, antihialuronidase (AH) e anti-

DNAase) são documentados com menos freqüência do que os baixos níveis de C3. (3).

Os anticorpos serão diferentes, dependendo do local da primo-infecção (6).

Títulos ASLO são mais elevados em glomerulonefrite aguda pós-infecciosa associada

à faringite, do que quando associada com piodermite (3). Assim sendo no caso de infecção

das vias aéreas superiores, os anticorpos mais propensos a serem encontrados são: a

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Antiestreptolisina O e dinucleotidases adenina antinicotinamida. No caso de infecção cutânea,

encontramos níveis mais elevados de anticorpo antihialuronidase e antidesoxyribonucleases B

(6).

Em estudos pregressos, a sensibilidade de um título elevado da ASLO era

extremamente elevada (97%), mas a especificidade era apenas 80%, presumivelmente devido

ao fato de, até 20% dos afetados mostram evidências, clínicas ou epidemiológicas, de

exposição estreptocócica prévia com um título significativamente elevado. Descrições iniciais

do curso de tempo para aumentar os títulos da ASLO e da AH (antihialudonidase) mostram

que, em um grupo de pacientes com características clínicas típicas de glomerulonefrite aguda,

os valores da ASLO e AH estavam aumentada no início do quadro em 72% acima do normal.

(3).

Nos casos de glomerulonefrite difusa aguda associada à piodermite, é mais provável a

demonstração de elevados títulos de anti-ADNase B do que títulos elevados de ASLO (3).

Em crianças cujos títulos de ASLO são inicialmente normais, medidas subsequentes

podem se tornar elevadas, corroborando assim a suspeita diagnóstica. Alguns estudos

demonstram que os títulos de ASLO continuaram a aumentar ao longo das quatro semanas

após a apresentação em alguns casos, e o título médio atingiu seu valor máximo em três

semanas. Além disso, a realização de mais do que um teste de anticorpos anti-estreptócicos

aumentaram o número de indivíduos com os títulos "positivos" em 80-95%. (3).

O perfil de ativação complementar é predominante da via alternativa e resulta em um

abaixamento da fração de C3 e CH50 (6). O declínio da fração C4 é geralmente muito precoce

e transiente. A normalização de C3 geralmente ocorre dentro de oito semanas após o

tratamento (6), e em alguns estudos dentro de seis semanas, e é de fundamental importância,

principalmente quando a biópsia renal não foi realizada por ter sido julgada desnecessária (3).

Estudos têm demonstrado que a depressão dos níveis de C3 na glomerulonefrite aguda pós-

infecciosa, parece preceder o aparecimento da hematúria (3).

Nos testes imunológicos, outras anomalias são observadas: elevação de anticorpos IgG

e IgM (aproximadamente 90% dos pacientes); presença de complexos imunes na circulação

(60% dos pacientes) e crioglobulinemia (66% dos pacientes)(26); presença de ANCA (10%

dos pacientes) foi associado a formas graves de envolvimento renal com proliferação

extracapilar (27).

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1.6 – TRATAMENTO

O tratamento da glomerulonefrite pós-infecciosa é basicamente sintomático, crianças

com quadro leve a moderado podem ser tratadas em domicílio, desde que tenham a pressão

arterial devidamente monitorada e uma restrição dietética adequada (28).

As crianças com hipertensão arterial grave e/ou oligúria devem sempre ser internadas

para cuidados hospitalares (28).

A prescrição de uma dieta rigorosamente sem sal, para evitar a sobrecarga hídrica,

bem como auxiliar no controle do aumento da pressão arterial são fundamentais. Quando esta

já se encontra elevada de forma leve a moderada na apresentação do quadro, pode-se abrir

mão do uso emergencial de diuréticos de alça, via oral ou intravenosa, a exemplo do

furosemida (6).

Diuréticos de alça devem ser sempre primeira escolha no tratamento da sobrecarga

hídrica e hipertensão arterial (3), sendo também muito importantes no manejo do paciente já

em estado grave, com hipervolemia e congestão pulmonar, nessas condições sempre por via

intravenosa e com suporte intensivo (28).

Nos casos de hipertensão grave ou em ascensão, a despeito do uso de diuréticos de

alça e restrição dietética ao sal, o recurso de outros anti-hipertensivos deve ser utilizado (6). O

uso dos inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) é relatado com sucesso no

controle da pressão arterial nesses casos (29). Embora haja a ressalva quando há lesão renal

aguda já instituída de forma mais intensa, no qual ocorre o risco de hipercalemia e queda

acentuada da taxa de filtração glomerular (6;3).

O uso cauteloso dos inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) justifica-

se também pela tendência natural ao estado de hiporeninemismo muitas vezes encontrado

nesses pacientes (6). Ainda assim esse uso deve ser muito bem pesado e indicado, pois se sabe

que os IECAs desempenham importante papel contra fibrose e para diminuir a proteinúria

(12).

Outros anti-hipertensivos como a hidralazina e nifedipina também estão bem indicados

no controle da hipertensão arterial dos pacientes com glomerulonefrite pós-infecciosa (28). Os

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betabloqueadores não devem ser utilizados em quadros graves, onde pelo estado de

hipervolemia já se observa insuficiência cardíaca comprovada (6).

Naqueles casos em que a hipertensão arterial se caracterizar uma emergência

hipertensiva é preferida a infusão contínua de medicação anti-hipertensiva como abordagem

inicial (3).

É prudente limitar a ingesta de proteínas por alguns dias, até que os níveis de uréia e

creatinina no sangue voltem aos níveis de normalidade (28).

O uso de antibioticoterapia é controverso. Antibióticos serão sempre necessários na

vigência de infecção estreptocócica, seja ela diretamente relacionada ao desenvolvimento da

glomerulonefrite, infecção persistente, ou outra infecção concomitante (pneumonia,

meningite). Nesses casos, o antibiótico, tipo e duração devem ser adaptados à localização e

gravidade da infecção. (6).

O tratamento profilático com antibióticos para pacientes de risco, com infecção

estreptocócica suspeitada ainda é incerto, principalmente pelos erros nos diagnósticos

diferenciais das diversas causas de faringites e piodermites. Quando estreptococcia

comprovada por cultura positiva, a antibioticoterapia profilática pós-vigência da infecção

parece estar bem indicada. (1).

Alguns estudos relatam que a erradicação do micro-organismo não cura a doença, mas

evita a colonização por cepas nefritogênicas, diminuindo o estímulo para a formação de

imunocomplexos (12). Nessa intenção o uso da penicilina é muito bem relatado, notadamente

nas comunidades onde a glomerulonefrite pós-infecciosa tem caráter epidêmico (1;12).

Nas formas graves, com proliferação extracapilar e glomerulonefrite rapidamente

progressiva ou crescente vista à biópsia renal, podem ser necessárias infusões intravenosa de

corticoterapia (metilprednisolona) ou agentes citotóxicos (ciclofosfamida, azatioprina entre

outros), na forma de pulsoterapia (1;6). Embora Wong et al, não encontraram nenhum

benefício na imunossupressão em 50% dos pacientes estudados que apresentavam

glomerulonefrite crescente à biópsia renal (31).

A depuração extra-renal raramente é necessária (6), bem como tratamento intensivo e

suporte ventilatório, já que a evolução para choque ou insuficiência respiratória é exceção na

evolução da glomerulonefrite pós-infecciosa (28).

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Pacientes com glomerulonefrite crescente necessitam de diálise (12). Outras

indicações para diálise são: hipervolemia grave (anasarca, edema agudo de pulmão),

distúrbios hidroeletrolíticos graves, acidose metabólica (pH menor que 7,0), intoxicações

específicas, uréia acima de 200mg/dL, sintomas neurológicos (30).

1.7 – PROGNÓSTICO

O prognóstico da glomerulonefrite pós-infecciosa durante a infância é excelente,

quando adequadamente diagnosticada e tratada (32).

Porém o atraso no diagnóstico da glomerulonefrite pós-infecciosa é comum em

crianças. E um dos principais fatores que aumentam o risco de atraso no reconhecimento

desses quadros é a ausência de hematúria macroscópica. (33).

Ainda assim a maioria dos estudos aponta para um pronto reestabelecimento em longo

prazo do bom estado geral da criança com glomerulonefrite pós-infecciosa. Embora nos

últimos anos em virtude do decréscimo do número de casos de forma geral, ocorra uma

indução ao atraso no diagnóstico dessa enfermidade por não surgir como primeira opção

diagnóstica, ainda assim sequelas mais importantes como insuficiência renal crônica são raras.

(33).

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1.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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clinical features and pathogenesis. Pediatr. Nephrol. 26: 165 – 180, 2011.

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Children with Special reference to Presentation. Curr. Pediatr. Res. 15: 89-92,

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acute glomerunephritis. Néphrologie & Thérapeutique. 5: 97-100, 2009.

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áereas superiores ou pele: análise descritiva de 82 pacientes entre 14 e 64 anos de

idade. J. Bras. Nefrol. 32 (3): 237-241, 2010.

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poststreptococcal glomerulonephritis. Human Pathology 41, 1276-1285, 2010.

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11. WEHBE, Edgard et al. IgA-dominat Staphylococcus infection-associated

glomerulonephritis: case reports and review of the literature. Nephrology Dialysis

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Children in Center of Iran. Acta Medica Iranica, Vol 49, No 6, 2011.

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experience. Pediatr Nephrol, 19:306-12, 2004.

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autoimmune hemolytic anemia. Pediatr Nephrol 18:1301-1303, 2003.

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2 – NORMAS DO ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO

ESCOPO E POLÍTICA

A Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil é uma publicação trimestral (março, junho,

setembro e dezembro) cuja missão é a divulgação de artigos científicos englobando o campo

da saúde materno-infantil. As contribuições devem abordar os diferentes aspectos da saúde

materna, saúde da mulher e saúde da criança, contemplando seus múltiplos determinantes

biomédicos, socioculturais e epidemiológicos. São aceitos trabalhos nas seguintes línguas:

português, espanhol e inglês. A seleção baseia-se no princípio da avaliação pelos pares -

especialistas nas diferentes áreas da saúde da mulher e da criança.

DIREITOS AUTORAIS

Os artigos publicados são propriedade da Revista, vedada a reprodução total ou parcial e a

tradução para outros idiomas, sem a autorização da mesma. Os manuscritos submetidos

deverão ser acompanhados da Declaração de Transferência dos Direitos Autorais, assinada

pelos autores. Os conceitos emitidos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos

autores.

ASPECTOS ÉTICOS

1. Ética

A Declaração de Helsinki de 1975, revisada em 2000 deve ser respeitada. Serão exigidos, para

os artigos brasileiros, a Declaração de Aprovação do Comitê de Ética conforme as diretrizes

da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e, para os artigos do exterior, a

Declaração de Aprovação do Comitê de Ética do local onde a pesquisa tiver sido realizada.

2. Conflitos de interesse

Ao submeter o manuscrito os autores devem informar sobre a existência de conflitos de

interesse que potencialmente poderiam influenciar o trabalho.

CRITÉRIOS PARA APROVAÇÃO E PUBLICAÇÃO DE ARTIGO

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Além da observação das condições éticas da pesquisa, a seleção de um manuscrito levará em

consideração a sua originalidade, prioridade e oportunidade. O rationale deve ser exposto com

clareza exigindo-se conhecimento da literatura relevante e adequada definição do problema

estudado. O manuscrito deve ser escrito de modo compreensível mesmo ao leitor não

especialista na área coberta pelo escopo da Revista.

A primeira etapa de avaliação é realizada pelos Editores Técnico-Científicos em articulação

com os Editores Associados. Dois revisores externos serão consultados para avaliação do

mérito científico no manuscrito. No caso de discordância entre eles, será solicitada a opinião

de um terceiro revisor. A partir de seus pareceres e do julgamento dos Editores Técnico-

Científicos e Editor Executivo, o manuscrito receberá uma das seguintes classificações: 1)

aceito; 2) recomendado, mas com alterações; 3) não recomendado para publicação. Na

classificação 2 os pareceres serão enviados aos(s) autor(es), que terão oportunidades de

revisão e reenvio à Revista acompanhados de carta-resposta discriminando os itens que

tenham sido sugeridos pelos revisores e a modificação realizada; na condição 3, o manuscrito

será devolvido ao(s) autor(es); no caso de aceite, o artigo será publicado de acordo com o

fluxo dos manuscritos e o cronograma editorial da Revista. Após aceito o trabalho, caso

existam pequenas inadequações, ambigüidades ou falta de clareza, pontuais do texto, os

Editores Técnico-Científicos e Executivo se reservam o direito de corrigi-los para

uniformidade do estilo da Revista. Revisores de idiomas corrigirão erros eventuais de

linguagem. Antes da publicação do artigo a prova do manuscrito será submetida ao(s)

autor(es) para conferência e aprovação final.

SEÇÕES DA REVISTA

Editorial escrito a convite do editor

Revisão avaliação descritiva e analítica de um tema, tendo como suporte a literatura

relevante, devendo-se levar em conta as relações, a interpretação e a crítica dos estudos

analisados. Pode ser do tipo: narrativa ou sistemática, podendo esta última, incluir meta-

análise. As revisões narrativas só serão aceitas a convite dos Editores. As revisões devem se

limitar a 6.000 palavras e até 60 referências.

Artigos Originais divulgam os resultados de pesquisas inéditas e permitem a reprodução

destes resultados dentro das condições citadas no mesmo. Para os artigos originais

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recomenda-se seguir a estrutura convencional, conforme as seguintes seções: Introdução:

onde se apresenta a relevância do tema, as hipóteses iniciais, a questão da pesquisa e sua

justificativa quanto ao objetivo, que deve ser claro e breve; Métodos: descrevem a população

estudada, os critérios de seleção inclusão e exclusão da amostra , definem as variáveis

utilizadas e informam a maneira que permite a reprodutividade do estudo, em relação a

procedimentos técnicos e instrumentos utilizados. Os trabalhos quantitativos devem informar

a análise estatística utilizada. Resultados: devem ser apresentados de forma concisa, clara e

objetiva, em sequência lógica e apoiados nas ilustrações como: tabelas e figuras (gráficos,

desenhos, fotografias); Discussão: interpreta os resultados obtidos verificando a sua

compatibilidade com os citados na literatura, ressaltando aspectos novos e importantes e

vinculando as conclusões aos objetivos do estudo. Aceitam-se outros formatos de artigos

originais, quando pertinente, de acordo com a natureza do trabalho.

Os manuscritos deverão ter no máximo 5.000 palavras, e as tabelas e figuras devem ser no

máximo cinco no total; recomenda-se citar até 30 referências bibliográficas.

No caso de ensaio clínico controlado e randomizado os autores devem indicar o número de

registro do mesmo.

Notas de Pesquisa relatos concisos sobre resultados preliminares de pesquisa, com 1.500

palavras, no máximo duas tabelas e figuras no total, e até 10 referências.

Relato de Caso/Série de Casos casos raros e inusitados. A estrutura deve seguir: Introdução,

Descrição e Discussão. O limite de palavras é 2.000 e até 10 referências. Podem incluir até

duas figuras.

Informes Técnico-Institucionais deverão ter estrutura similar a uma Revisão. Por outro lado

podem ser feitas, a critério do autor, citações no texto e suas respectivas referências ao final.

O limite de palavras é de 5.000 e até 30 referências.

Ponto de Vista opinião qualificada sobre saúde materno-infantil (a convite dos editores).

Resenhas crítica de livro publicado e impresso nos últimos dois anos ou em redes de

comunicação on line (máximo 1.500 palavras).

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Cartas crítica a trabalhos publicados recentemente na Revista, com o máximo de 600

palavras.

Artigos Especiais textos cuja temática seja considerada de relevância pelos Editores e que

não se enquadrem nas categorias acima mencionadas. O limite de palavras é de 7.000 e até 30

referências.

Notas

1. Em todos os tipos de arquivo a contagem do número de páginas exclui resumos, tabelas,

figuras e referências;

2. Por ocasião da submissão os autores devem informar o número de palavras do manuscrito.

FORMA E PREPARAÇÃO DE MANUSCRITOS

Apresentação e submissão dos manuscritos

Os manuscritos devem ser submetidos on-line, através de link próprio na homepage da

Revista: http://www.imip.org.br/rbsmi. Deverão ser digitados no programa Microsoft Word

for Windows, em fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço duplo. Por ocasião da

submissão do manuscrito os autores devem encaminhar a aprovação do Comitê de Ética da

Instituição, a Declaração de Transferência dos Direitos Autorais, assinada por todos os

autores. Os autores devem também informar que o manuscrito não está sendo submetido a

outro periódico.

Estrutura do manuscrito

Página de identificação título do trabalho: em português ou no idioma do texto e em inglês,

nome e endereço completo dos autores e respectivas instituições; indicação do autor

responsável pela troca de correspondência; fontes de auxílio: citar o nome da agência

financiadora e o tipo de auxílio recebido.

Página de Resumos deverão ser elaborados dois resumos para os Artigos Originais, Notas de

Pesquisa, Relato de Caso/Série de Casos, Informe Técnico-Institucionais, Artigos Especiais e

Artigos de Revisão, sendo um em português ou no idioma do texto e outro em inglês, o

abstract. Os resumos dos Artigos Originais, Notas de Pesquisa, Informe Técnico-

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Institucionais e Artigos Especiais deverão ter no máximo 210 palavras e devem ser

estruturados: Objetivos, Métodos, Resultados, Conclusões. No Relato de Caso/Série de Casos

devem ser estruturados em: Introdução, Descrição e Discussão. Nos artigos de Revisão os

resumos deverão ser estruturados: Objetivos, Métodos (fonte de dados, período, descritores,

seleção dos estudos), Resultados (síntese dos dados) e Conclusões.

Palavras-chave para identificar o conteúdo dos trabalhos os resumos deverão ser

acompanhados de três a seis palavras-chave em português e inglês. A Revista utiliza os

Descritores em Ciências da Saúde (DECS) da Metodologia LILACS, e o seu correspondente

em inglês o Medical Subject Headings (MESH) do MEDLINE, adequando os termos

designados pelos autores a estes vocabulários.

Página das Ilustrações as tabelas e figuras somente em branco e preto ou em dégradé

(gráficos, desenhos, mapas, fotografias) deverão ser inseridas em páginas à parte. O gráfico

deverá ser bidimensional.

Página da Legenda as legendas das ilustrações deverão seguir a numeração designada pelas

tabelas e figuras, e inseridas em folha à parte.

Agradecimentos à colaboração de pessoas, ao auxílio técnico e ao apoio econômico e

material, especificando a natureza do apoio.

Referências devem ser organizadas na ordem em que são citadas no texto e numeradas

consecutivamente; não devem ultrapassar o número estipulado em cada seção. A Revista

adota as normas do Committee of Medical Journals Editors (Grupo de Vancouver), com

algumas alterações; siga o formato dos exemplos:

Artigo de revista

Ogden CL, Yanovski SZ, Carroll MD, Flegal KM. The epidemiology of obesity. Obes

Gastroenterol. 2007; 132: 2087-102.

Livro

Sherlock S, Dooley J. Diseases of the liver and biliary system. 9 ed. Oxford: Blackwell

Scientific Publications; 1993.

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27

Editor, Organizador, Compilador

Norman IJ, Redfern SJ, editors. Mental health care for elderly people. New York: Churchill

Livingstone; 1996.

Capítulo de livro

Timmermans PBM. Centrally acting hipotensive drugs. In: Van Zwieten PA, editor.

Pharmacology of anti hypertensive drugs. Amsterdam: Elservier; 1984. p. 102-53.

Congresso considerado no todo

Proceedings of the 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva,

Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992.

Trabalho apresentado em eventos

Bengtson S, Solheim BG. Enforcement of data protection, privacy and security in medical

informatics. In: Lun KC, Degoulet P, Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDINFO 92.

Proceedings of the 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva,

Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992. p. 1561-5.

Dissertação e Tese

Pedrosa JIS. Ação dos autores institucionais na organização da saúde pública no Piauí: espaço

e movimento [dissertação]. Campinas: Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

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Diniz AS. Aspectos clínicos, subclínicos e epidemiológicos da hipovitaminose A no Estado

da Paraíba [tese]. Recife: Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde da

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Documento em formato eletrônico - Artigo de revista

Neuman NA. Multimistura de farelos não combate a anemia. J Pastoral Criança [periódico

online]. 2005 [acesso em: 26 jun. 2006]. 104: 14p. Disponível em:

www.pastoraldacriança.org.br/105/pag14/pdf

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ENVIO DE MANUSCRITOS

Os trabalhos deverão ser encaminhados para:

Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil

Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira - IMIP

Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil - Secretaria Executiva

Rua dos Coelhos, 300 Boa Vista

Recife, PE, Brasil CEP: 50.070-550

Tel / Fax: +55 +81 2122.4141

E-mail: [email protected]

Site: www.imip.org.br/rbsmi

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3 – ARTIGO ORIGINAL

Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil

AVALIAÇÃO DO MANUSEIO TERAPÊUTICO E ABORDAGEM

DIAGNÓSTICA INICIAL DOS PACIENTES COM

GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA PÓS-INFECCIOSA

INTERNADOS NO SETOR PEDIÁTRICO EM UM HOSPITAL

PÚBLICO DE SERGIPE

EVALUATION OF HANDLING THERAPEUTIC AND APPROACH OF PATIENTS

WITH INITIAL DIAGNOSTIC GLOMERULONEPHRITIS POST-INFECTIOUS

ADMITTED IN SECTOR IN A PEDIATRIC HOSPITAL PUBLIC SERGIPE

Maicon Juliano Lima Vieira1, Emanoel Messias Costa

2, Enaldo Vieira de Melo

3.

1 Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Federal de Sergipe

2 Professor Auxiliar do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Sergipe

3Professor Assistente do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Sergipe

Endereço para correspondência: [email protected]

Maicon Juliano Lima Vieira, Tel: (079) 9979-1780

Conjunto Santa Lúcia, Rua Paulo Rocha Novaes, n° 04, Bairro Jabotiana, Aracaju-SE.

Declaração de Conflito de Interesse: “Nada a declarar”.

Fonte Financiadora: “Não há”.

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3.1 – RESUMO

Objetivos: Traçar o perfil clínico-epidemiológico de pacientes pediátricos internados no

Hospital Pediátrico José Machado de Souza, anexo ao Hospital de Urgências de Sergipe

(HUSE), com diagnóstico de Glomerulonefrite Difusa Aguda Pós-Infecciosa. Avaliar a

abordagem e intervenção realizada no hospital nesse grupo de pacientes.

Métodos: Estudo transversal, descritivo, com dados coletados de forma prospectiva. Foram

entrevistados todos os pacientes pediátricos internados no hospital acima, durante o período

de março a maio do ano 2013, que tiveram diagnóstico de Glomerulonefrite Difusa Aguda

Pós-Infecciosa. Foram excluídos desse grupo aqueles pacientes que já tinham doença renal

crônica. Na coleta de dados foi utilizado questionário respondido pelos pais ou responsáveis

pelos pacientes, bem como obtidos dados em prontuários. Os dados obtidos foram submetidos

a análises estatísticas, utilizando o programa SPSS 20.0.

Resultados: Foram entrevistados 12 pacientes, dos quais 58,3% eram do sexo masculino e

40% procedentes da capital do próprio estado. Edema foi o sintoma mais relatado, hematúria

e oligúria foram observadas em apenas 25% dos pacientes cada. Diurético, restrição dietética,

bem como alguma droga anti-hipertensiva, foi prescrito em quase 100% dos casos. Não houve

dosagem de complementos.

Conclusão: Constatada a importância do diagnóstico precoce, controle da pressão arterial e

volemia dos pacientes com glomerulonefrite difusa aguda pós-infecciosa, para a melhora

clínica destes pacientes.

Palavras-chave: Glomerulonefrite, crianças, hospitalização, terapêutica.

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3.1 – ABSTRACT

Objectives: To describe the clinical and epidemiological profile of pediatric patients

hospitalized in the Pediatric Hospital José Machado de Souza, attached to the Emergency

Hospital of Sergipe (HUSE), diagnosed with Diffuse Glomerulonephritis Acute Post-

Infectious. To evaluate the approach and intervention performed in hospital in this group of

patients.

Methods: A descriptive cross-sectional, with data collected prospectively. We interviewed all

pediatric patients admitted to the hospital above, during the period from March to May of

2013, with a diagnosis of Diffuse Glomerulonephritis Acute Post-Infectious. We excluded

this group those patients who had chronic kidney disease. In the data collection questionnaire

was used by the parents or guardians of the patients, as well as data obtained from medical

records. The data were subjected to statistical analysis using SPSS 20.0.

Results: We interviewed 12 patients, of whom 58.3% were male and 40% coming from the

capital of the state itself. Edema was the most frequent symptom, hematuria and oliguria were

observed in only 25% of patients each. Diuretics, dietary restriction, and some

antihypertensive drugs were prescribed in almost 100% of cases. There was no dosage of

supplements.

Conclusion: Observed the importance of early diagnosis, control of blood pressure and blood

volume in patients with glomerulonephritis post-infectious clinical improvement in these

patients.

Keywords: Glomerulonephritis, children, hospitalization, therapeutics.

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3.2 – INTRODUÇÃO

A glomerulonefrite difusa aguda (GNDA) é uma doença classicamente caracterizada

por um quadro súbito de edema, proteinúria, hematúria e hipertensão (8), embora possa

apresentar uma clínica variável, desde uma síndrome nefrítica rapidamente progressiva à uma

glomerulonefrite assintomática subclínica (15). Os quadros assintomáticos são 4 a 9 vezes

mais comuns que os sintomáticos (15).

Esta síndrome ocorre mais comumente entre crianças de 2 a 10 anos de idade (6), com

alguma variação de faixa etária na literatura, podendo até mesmo surgir em extremos da faixa

etária (6). O sexo masculino apresenta certa preponderância, em uma proporção de 2-3:1 em

relação ao sexo feminino (15).

A incidência varia conforme a classe social (6), sendo comum em regiões de baixo

nível socioeconômico, tipicamente países subdesenvolvidos (8), chegando a representar

nesses países 50 a 90 % dos casos de síndrome nefrítica na infância (16). A incidência em

países desenvolvidos vem caindo ao longo dos anos (15).

A glomerulonefrite difusa aguda pós-infecciosa advém de uma infecção prévia,

normalmente uma faringite ou piodermite, e mais raramente uma otite (8). A infecção

estreptocócica é a mais prevalente, comumente o estreptococo B-hemolítico do grupo A de

Lancefield, embora o grupo C e G também possam estar envolvidos (6). Essa infecção prévia

ocorre geralmente 7 a 21 dias antes do quadro clinico de nefrite (6;8;15).

Embora o estreptococo B-hemolítico do grupo A de Lancefield seja reconhecidamente

o maior causador de glomerulonefrite difusa aguda pós-infecciosa ele não é o único, sendo

reconhecidos outros germes que causam o mesmo quadro só que mais raramente, como

stafilococos, haemophilus, alguns fungos, e até mesmo vírus (CMV, parvovirus B19, EBV)

(6).

O edema da glomerulonefrite difusa aguda pós-infecciosa é súbito, muitas vezes pré-

tibial e/ou bipalpebral, de pequena a moderada intensidade. A hipertensão geralmente é leve

pode ocorrer hematúria macro ou microscópica, e às vezes pode haver queixas de disúria (15).

O quadro de proteinúria é normalmente menor que 1 g/dl (6) raramente superando 3g/dl (15),

podendo até estar ausente, uma síndrome nefrótica se instala em 5 % dos casos (6).

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Nos casos de clínica compatível com a glomerulonefrite pós-infecciosa, com história

positiva de infecção prévia ou não, alguns exames são necessários como: o sumário de urina,

que pode apontar hematúria, hemácias dismórficas, cilindros hemáticos, leucocitúria, cilindros

leucocitários. O consumo de complementos CH50 e C3 pode ser evidenciado em praticamente

100% dos casos. (15). Elevações de IgG e IgM e presença de imunocomplexos circulantes

(em até 60 % dos casos) também são relevantes (6). A redução dos complementos é

transitória e tende a desaparecer 4 semanas a 3 meses após aparecimento do quadro (15).

O tratamento é sintomático com intenção principal de diminuir a sobrecarga

hidrossalina. Para isso faz-se necessário a instituição de dieta hipossódica e ás vezes

utilização de diuréticos de alça. (6;15). Em casos mais graves com risco de Insuficiência

Renal Aguda, o uso de antagonistas do sistema renina angiotensina aldosterona (inibidores da

enzima conversora da angiotensina ou bloqueadores dos receptores da angiotensina 2), deve

ser cauteloso pelo risco de hipercalemia (6). O uso de antibióticos só deve ser considerado em

casos de infecção ativa pelo streptococo (6).

O tratamento antibiótico profilático é aconselhável em condições epidêmicas e para os

contatos domiciliares em comunidades onde há alta prevalência da doença, porém é assunto

controverso na literatura (5).

O prognóstico para os pacientes com glomerulonefrite difusa aguda pós-infecciosa é

classicamente tido como bom, e vem sendo melhorado ainda mais nos últimos tempos (13).

Porém existe um volume considerável de casos de GNDA não diagnosticada ou com

diagnóstico retardado, principalmente nos casos em que a hematúria não se faz presente ou

não é tão evidente, nesses casos são relatados evolução para hipertensão arterial e

insuficiência cardíaca congestiva. A instalação de Insuficiência Renal Crônica não é comum,

mas em alguns casos é relatada a necessidade de sessões de diálises (14) mostrando o quanto

importante é o diagnóstico correto e rápido para a evolução benigna da doença.

Em virtude da importância do tema, tendo em vista ser uma patologia típica de áreas

mais carentes como muitas em nosso estado, entendemos a relevância de se estudar esse tema,

abordando o quadro de atendimento da glomerulonefrite difusa aguda pós-infecciosa no maior

hospital público de atendimento terciário do estado, suas características clínicas e

epidemiológicas, o que contribuirá para o melhor entendimento da mesma pelos nossos

profissionais da saúde e engrandecer o conhecimento.

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3.3 - METODOLOGIA

Esta pesquisa delineou-se nos moldes de um estudo transversal, descritivo, com dados

coletados de forma prospectiva.

O trabalho foi desenvolvido no Hospital Pediátrico Dr. José Machado de Souza, setor

anexo ao Hospital de Urgências de Sergipe – HUSE, maior hospital público de atendimento

terciário, sendo referência em urgência e emergência para o Estado de Sergipe, além de

atender populações adjacentes dos estados vizinhos da Bahia e Alagoas. A coleta de dados foi

realizada do período de março a maio do ano de 2013.

Os critérios de inclusão para participar desta pesquisa foram o diagnóstico de

glomerulonefrite difusa aguda pós-infecciosa à internação, obrigatoriamente neste setor do

HUSE. O critério de exclusão foi o relato de doença renal crônica pré-existente. A coleta

aconteceu todos os dias da semana durante o período já citado, foi realizada pelo responsável

da pesquisa bem como demais integrantes da mesma. Pais ou responsáveis por estes pacientes

que os acompanhavam autorizaram a sua participação na pesquisa, mediante leitura e

esclarecimento sobre o caráter e a importância da mesma, respostas às quaisquer dúvidas, para

só então assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

Na coleta de dados foi utilizado questionário padronizado, preenchido através de

entrevista com os pais ou responsáveis, bem como por pesquisa de dados em prontuários. Tal

questionário conteve informações epidemiológicas e clínicas (extra e intra-hospitalares). Os

pacientes foram acompanhados durante toda a sua permanência no hospital e foram colhidas

informações acerca de mudanças no tratamento, outros diagnósticos concomitantes e evolução

clínica dos pacientes.

Os dados obtidos foram submetidos a análises estatísticas, utilizando o programa

SPSS, versão 20.0.

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário

da Universidade Federal de Sergipe (Nº do CAAE: 08583012.7.0000.0058).

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3.4 – RESULTADOS

A amostra do presente estudo constitui-se de 12 pacientes. A média de idade dos

pacientes entrevistados foi de 6,75 anos, em sua maioria eram do sexo masculino, procedentes

do interior do estado de Sergipe e em nenhum se verificou serem frequentadores de creche.

(Tabela 1).

Entre os entrevistados, metade declarou ter renda familiar de até 01 (um) salário

mínimo, ausência de sistema de esgoto foi observada em boa parte destes entrevistados.

(Tabela 1).

O sintoma mais frequente encontrado foi o edema de forma preponderante em quase

todos os pacientes. Disúria, hematúria, oligúria/anúria, e colúria não foram relatados de forma

tão importante entre os entrevistados da amostra. Outros sintomas associados relevantes

foram dor e distensão abdominal, febre e manchas na pele. A pressão arterial sistólica aferida

no hospital apresentou uma mediana de 126 (p25= 117,5; p75= 142,5) e a diastólica de 85

(p25= 80; p75= 100). (Tabela 2).

Diuréticos foram utilizados em quase totalidade dos pacientes, bem como a restrição

dietética ao sal foi uma constante nas prescrições dos participantes dessa pesquisa. Outra

conduta muito utilizada durante o internamento foi a antibioticoterapia, praticamente todos os

pacientes dessa amostra tiveram algum antibiótico prescrito (Tabela 3).

Na grande maioria julgou-se necessária terapia anti-hipertensiva medicamentosa para

controle da pressão arterial, sendo o bloqueador de canal de cálcio da classe dos

diidropiridinicos, nifedipina, a escolha terapêutica mais utilizada. No restante optou-se pelo

uso dos inibidores da enzima conversora da angiotensina, captopril e enalapril (Tabela 3).

A condição clínica prévia associada mais encontrada foi piodermite, e, em seguida,

aparece a amigdalite. Para alguns poucos pacientes havia relato de prescrição de

antibioticoterapia em atendimento médico na unidade básica de saúde, previamente à

internação (Tabela 4).

Entre os diagnósticos de síndromes infecciosas durante a internação, ou seja aqueles

que foram diagnosticados com os pacientes já internados, o mais apontado foi infecção do

trato urinário e de forma secundária, amigdalite e piodermite ainda. Vale ressaltar que esses

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diagnósticos em sua totalidade foram encontrados apenas 33,3% dos pacientes internados da

amostra.

No perfil laboratorial dos 12 pacientes, ao exame sumário de urina, foi documentado

mais de 5 piócitos por campo em menos da metade dos pacientes. Com relação a presença de

hemácias no sedimento urinário, houve mais de cinco hemácias em 33% dos pacientes. Em

17% dos casos, não havia informação quanto a presença de hemácias e piócitos no sedimento

urinário (Tabela 5).

Não foram documentados cilindros hemáticos e leucocitários na urina em 100% dos

pacientes do estudo. Também não foi documentada em nenhum dos pacientes a dosagem de

complementos (Tabela 5).

Não foi observada alteração nos valores de uréia e creatinina para nenhum dos

pacientes da pesquisa (Tabela 5).

A mediana do número de dias de internação foi 3, sendo que 25% dos pacientes

ficaram mais de 4 dias internados.

Em 100% dos casos o desfecho foi melhora com alta para casa.

3.5 – DISCUSSÃO

A presente pesquisa foi prejudicada pelo baixo número de internações diagnosticadas

como glomerulonefrite aguda pós-infecciosa durante o período de coleta no Hospital

Pediátrico José Machado de Souza, anexo ao Hospital de Urgências de Sergipe.

A faixa etária média encontrada no estudo condiz com a encontrada na maioria dos

relatos da bibliografia (1,2,3,4). Da mesma forma é correspondente com a literatura a

preponderância do sexo masculino nos casos de glomerulonefrite aguda pós-infecciosa

sintomática (1,3,4), entendido aqui sintomático como os casos que foram internados no

hospital desta pesquisa.

Como o Brasil ainda caracteriza-se por ser um país bastante heterogêneo do ponto de

vista de desenvolvimento socioeconômico percebe-se no estudo que parte considerável dos

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entrevistados vivia com até um salário mínimo e não tinha sistema de esgoto em suas

residências. Como na literatura a maioria dos casos de glomerulonefrite aguda pós-infecciosa

continuam prevalentes em países subdesenvolvidos (5,6), esse dado adequa-se a condição

encontrada entre alguns dos nossos entrevistados.

Na literatura a sintomatologia relatada é muito variável, muitas vezes opostos de

apresentação clínica são relatados, desde formas assintomáticas até casos graves (1,4,7). No

presente estudo como todos os pacientes encontravam-se internados já tinham alguma

sintomatologia estabelecida referente ao diagnóstico.

O edema, que compreendia desde o edema de membros até um quadro mais

exuberante de anasarca, que apareceu neste trabalho de forma importante em grande parte dos

pacientes, parece ser dos sinais relatados o mais preocupante para os pais ou responsáveis

pelas crianças, talvez pelo seu caráter mais vistoso. Kumar, (2011; 89-92) encontrou em um

estudo com 50 pacientes: edema como sintoma relatado em 100% dos casos e como sinal

identificado em 94% dos pacientes (8). Dados parecidos com os encontrados no presente

estudo.

Na literatura também são relatados de forma relevante, a hematúria e a hipertensão

(1,2,4,6).

Neste trabalho a hipertensão não foi uma constante, porém a hematúria, notadamente a

comprovada via sumário de urina, hematúria microscópica, apresentou um dado também

importante.

Outros sintomas associados que neste trabalho apresentaram algum grau de relevância,

porém que são de caráter inespecífico como dor e distensão abdominal, febre e tosse, não são

relatados de forma consistente na literatura. Embora manchas na pele e febre muitas vezes

façam parte de um quadro mais importante como uma piodermite, que no presente trabalho

foi uma das principais síndromes infecciosa prévias ao quadro de GNDA como visto na

maioria dos trabalhos sobre o tema, principalmente nos países em desenvolvimento, perfil

discutido anteriormente (1,2,7).

Não foram observados quadros mais graves e de clínica mais exuberante como

relatado em alguns trabalhos na literatura (4,8).

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Do ponto de vista terapêutico a literatura é clara ao ressaltar a importância da restrição

dietética ao sal, como prevenção ao estado hipervolêmico (2,4,6). Como visto nos nossos

resultados essa prescrição foi feita para quase todos os pacientes.

Assim como na bibliografia pesquisada, na qual há vasta referência ao uso preferencial

de diurético de alça, notadamente furosemida, como principal recurso terapêutico para

tratamento do estado hipervolêmico (2,4,6,9), no presente trabalho o uso desse medicamento

foi observado em quase totalidade dos pacientes. Como o edema foi também um sinal

encontrado de forma relevante neste trabalho, talvez por isso para quase todos estes pacientes

foi utilizado um diurético.

Neste trabalho percebeu-se que houve preferência aos bloqueadores de canal de cálcio

diidropiridinicos, a nifedipina, como medida anti-hipertensiva utilizada e adicionado ao

furosemida. Os inibidores da enzima conversora da angiotensina foram opção em alguns

poucos casos, entre estes preferencialmente o enalapril e captopril.

Estas classes de medicamentos também são apontadas em alguns trabalhos (6,9,10,12),

uns os apontam como medida terapêutica secundária, importantes em quadros de

impossibilidade do uso do furosemida ou quadros resistentes à sua ação. Os inibidores do

canal de cálcio têm seu uso relatado nos quadros de hipertensão mais importante (6), e os

inibidores da enzima conversora da angiotensina tem seu uso mais fundamentado na

prevenção de proteinúria e fibrose glomerular (2), ressaltado sua contraindicação nos casos de

avançado quadro de déficit de função renal e/ou hipercalemia (6).

A glomerulonefrite aguda pós-infecciosa é uma complicação não supurativa de uma

infecção, na grande maioria dos casos, estreptocócica. Dessa forma o uso de antibioticoterapia

ainda é controverso na literatura, principalmente quando não se percebe vigência de infecção

ativa (2,4,5,6), tendo em vista o caráter predominantemente imunológico da glomerulonefrite

difusa aguda pós-infecciosa. No presente estudo fora observado que quase a totalidade dos

pacientes teve antibioticoterapia intra-hospitalar instituída, de forma destoante com a pequena

porcentagem, de apenas 33,3% destes mesmos pacientes, que tiveram algum diagnóstico

infeccioso associado, entre eles infecção do trato urinário, amigdalite ou piodermite vigente

durante a internação.

Do ponto de vista laboratorial chama atenção no presente estudo a ausência de

qualquer pesquisa documentada de algum grau de proteína na urina, seja proteinúria ou

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microalbuminúria, nos pacientes estudados. A maioria dos estudos aponta para a importância

desta pesquisa na diferenciação do grau de acometimento glomerular, para definir a presença

de um quadro nefrótico ou puramente nefrítico. (2,4,5,6,11).

Na sedimentoscopia urinária, visualizam-se nos dados sobre os pacientes participantes

deste estudo a falta em todos eles dos cilindros hemáticos e leucocitários, também importantes

para a avaliação do grau e nível anatômico de acometimento renal. A contagem de hemácias e

leucóticos urinários apresentaram-se condizente com os dados da literatura, principalmente

por apresentarem valores iguais, como relata a bibliografia que tende a igualdade ou leve

superioridade dos leucócitos na fase aguda. (4,6).

Os valores de uréia na literatura apresentam-se alterado entre 60-65% dos casos (4).

Entre os pacientes do estudo não houve aumento significativo no valor da uréia ou do valor

absoluto da creatinina, devidamente ressaltado o fato que para nenhum dos pacientes fora

observado relatos em prontuário da taxa de filtração glomerular estimada (via fórmulas

práticas) ou solicitada laboratorialmente, como apontado na literatura de suma importância

para definição de conduta e prognóstico do ponto de vista de acometimento e função renal (4).

Vale ressaltar também que a média de hemoglobina encontrada fora algo divergente da

encontrada na literatura, esta aponta que pelo menos 50% dos pacientes apresenta

hemoglobina abaixo de 10 g/dL (4).

De forma alarmante percebeu-se que para nenhum dos pacientes foi dosado níveis de

complemento tão importante para elucidação e confirmação diagnóstica dos quadros de

glomerulonefrite pós-infecciosa (4,6,12). De fato, na fase aguda da doença, níveis normais de

complemento afastam a hipótese de GNDA.

Como visto em todos os trabalhos sobre o assunto, o prognóstico da glomerulonefrite

aguda pós-infecciosa no hospital foco deste estudo também foi excelente com todos os

pacientes evoluindo com plena recuperação clínica e recebendo alta para casa (13,14).

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3.7 – LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características Sociodemográficas da População Estudada

VARIÁVEL VALOR (N = 12)

Idade (em anos)1 6,75 (2,37)

Sexo2

Masculino 58,3 (7)

Feminino 41,7 (5)

Procedência2

Capital 41,7 (5)

Interior 58,3 (7)

Renda familiar2

Sem Renda 8,3 (1)

Até 1 Salário Mínimo 41,7 (5)

1 a 2 Salários Mínimos 41,7 (5)

2 a 3 Salários Mínimos 8,3 (1)

Provimento de Água2

Encanada 100,0 (12)

Sistema de Esgoto2 58,3 (7)

Animais de Estimação2 25,0 (3)

Rua Pavimentada2 75,0 (9)

Moradores na Habitação3 3,5 (3;4,75)

Cômodos na Habitação3 3 (2;4)

Frequenta creches2

Não

100 (12) 1 Variável expressa em média e desvio padrão.

2 Variáveis expressas em porcentagem e valor absoluto % (n).

3 Variáveis expressas em mediana e percentis (p25;p75).

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Tabela 2 - Prevalência de Sinais e Sintomas

VARIÁVEL %(n) IC 95

Edema 66,7 (8) 33,3-91,7

Disúria 25,0 (3) 8,3-50

Hematúria 25,0 (3) 0,2-50

Oligúria ou Anúria 25,0 (3) 0-58,3

Colúria 25,0 (3) 0-50

Outros Sinais e Sintomas Associados

Distensão Abdominal 50,0 (6) 25-75

Dor Abdominal 41,7 (5) 16,7-66,7

Vômitos 25,0 (3) 0-50

Febre 50,0 (6) 25-75

Cefaléia 33,3 (4) 8,3-58,3

Dor em Membros 33,3 (4) 8,3-58,3

Dor Torácica 25,0 (3) 0-50

Coriza 25,0 (3) 0-50

Obstrução Nasal 16,7 (2) 0-41,7

Tosse 41,7 (5) 16,7-66,7

Dispnéia 33,3 (4) 8,3-58,3

Adenomegalias 16,7 (2) 0-41,7

Manchas na Pele 66,7 (8) 41,7-91,7

Medida Pressão Arterial1

Sistólica

Diastólica

126 (117,5;142,5)

85 (80;100)

1 Variável expressa em mediana e percentis (p25;p75)

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Tabela 3 - Conduta Terapêutica Hospitalar

VARIÁVEL %(n) IC 95

Anti-hipertensivo

Nifedipino 66,7 (8) 41,7-91,7

Captopril 8,3 (1) 0-25

Enalapril 8,3 (1) 0-25

Não 16,7 (2) 0-41,7

Diurético 83,3 (10) 58,3-100

Antibiótico 91,7 (11) 75-100

Restrição Dietética a Sal 91,7 (11) 75-100

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Tabela 4 – Condições Clínicas Prévias Associadas

VARIÁVEL % (n) IC 95

Piodermite Prévia 66,7 (8) 41,7-91,7

Amigdalite Prévia 25,7 (3) 0-50

Gastroenterite Prévia 16,7 (2) 0-41,7

Uso de Antibioticoterapia Prévio 25 (3) 8,3-50

Tempo entre Início dos Sintomas e

Internação1

4,5 (3;10,75)

1 Variáveis expressas em mediana e percentis (p25;p75).

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Tabela 5 – Perfil Laboratorial da População Estudada

VARIÁVEL VALOR

Hemácias1 4.243.636,3 (703.239,2)

Hemoglobina1 11,78 (1,82)

Hematócrito1 34,58 (4,62)

Leucócitos1 12.987,5 (3.464,3)

Segmentados1 8.741,8 (3.421,8)

Linfócitos1 2.721,8 (1.335,3)

Uréia1 23,56 (7,86)

Creatinina1 0,642 (0,174)

Urina1: Piócitos2

Até 5 por Campo

Mais de 5 por Campo

Não Documentado

50 (6)

33,3 (4)

16,7 (2)

Urina1: Hemácias2

Até 5 por Campo

Mais de 5 por Campo

Não Documentado

50 (6)

33,3 (4)

16,7 (2)

Urina1: Cilindros Hemáticos2

Não Documentado

100 (12)

Urina1: Cilindros Leucocitários2

Não Documentado

100 (12) 1 Variáveis expressas em média e desvio padrão.

2 Variáveis expressas em porcentagem e valor absoluto % (n).

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3.6 - AGRADECIMENTOS

Agradeço à Dra. Chistianne Souza Barreto, diretora do Hospital Pediátrico José

Machado de Souza, e Dra. Patrícia Carla S. Costa, coordenadora do NEP (Núcleo de Ensino e

Pesquisa) do Hospital de Urgências de Sergipe (HUSE), por terem reconhecido a importância

deste trabalho e dessa forma permitiram que o mesmo se concretizasse. Aos médicos,

enfermeiros, técnicos em enfermagem, nutricionistas, pessoal da segurança e recepção do

Hospital Pediátrico José Machado de Souza por terem facilitado o acesso aos prontuários e

dependências do hospital, bem como a aproximação com os pacientes.

Por fim agradecer aos pacientes sempre solícitos apesar de sua enfermidade, que

responderam ao questionário e permitiram que seus prontuários fossem acessados

demonstrando compreensão na intenção do estudo.

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3.8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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15. RIELLA M. C. Princípios de Nefrologia e Distúrbios Hidroeletrolíticos - 5ª Ed.

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