AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO ALIMENTAR NA RAÇA DA ALIMENTAÇÃO DO … · “Mais Giro! Mais Vivo!...

20
AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO ALIMENTAR NA PRAÇA DA ALIMENTAÇÃO DO MIRA MAIA SHOPPING novembro 2017

Transcript of AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO ALIMENTAR NA RAÇA DA ALIMENTAÇÃO DO … · “Mais Giro! Mais Vivo!...

AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO ALIMENTAR NA PRAÇA DA

ALIMENTAÇÃO DO MIRA MAIA SHOPPING

novembro 2017

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

2

ÍNDICE

1. ENQUADRAMENTO .......................................................................................................... 3

1.1. OBJETIVO ........................................................................................................................ 4

2. MIRA MAIA – CENTRO COMERCIAL ................................................................................... 5

3. COMUNICAÇÃO COM O CONSUMIDOR NO ÂMBITO DO DESPERDÍCIO ALIMENTAR ........... 6

4. METODOLOGIA ................................................................................................................ 8

3.1. CENÁRIO 1 ....................................................................................................................... 8

3.2. CENÁRIO 2 ....................................................................................................................... 9

5. RESULTADOS ................................................................................................................. 10

5.1 CAMPANHA DE COMUNICAÇÃO/SENSIBILIZAÇÃO ...................................................................... 10

5.2 CENÁRIO 1...................................................................................................................... 12

5.3 CENÁRIO 2...................................................................................................................... 14

6. DISCUSSÃO .................................................................................................................... 15

7. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 17

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 18

ANEXO .............................................................................................................................. 20

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

3

1. ENQUADRAMENTO

Um terço dos alimentos produzidos em todo o mundo é desperdiçado originando um resíduo

com um impacto ambiental considerável (IMechE, 2013). O desperdício de alimentos é

apontado como responsável pela emissão de 3,3 t de CO2 eq/ano, tornando-o o terceiro maior

emissor de carbono do mundo após as economias da China e dos EUA (FAO, 2013). Para

reduzir o impacto ambiental dos resíduos alimentares, a hierarquia dos resíduos alimentares

foi adotada em diferentes países fornecendo diretrizes para soluções de prevenção,

reutilização, reaproveitamento e de tratamento disponíveis (Papargyropoulou et al., 2014).

Com o fenómeno da globalização económica, nota-se um aumento na proporção de alimentos

consumidos fora de casa, seja pela distância a que as pessoas ativas se encontram do trabalho,

como pelo estilo de vida contemporâneo. A disponibilidade de tempo diária para a

alimentação não abunda, estando este fenómeno diretamente relacionado com o consumo da

conveniência (Souza, 2003).

Dada a evolução, a prevalência e a vitalidade que os Centros Comerciais representam para a

economia é importante utilizá-los como um meio de sensibilização e de passagem de uma

mensagem de uma forma mais concentrada e massiva. Estes espaços são também um foco de

produção de quantidades elevadas de resíduos, em particular de resíduos alimentares sendo

fundamental criar-se mecanismos de observação, monitorização e sensibilização do

desperdício alimentar. Um Centro Comercial indiferente a esta problemática pode ter

consequências negativas na imagem e no valor da marca da empresa que se pretende que seja

socialmente responsável.

Neste contexto, evitar o desperdício é tanto um imperativo moral como uma questão prática

de gestão de recursos naturais e sociais (Müller, 2008). Verifica-se um nível relativamente

baixo de consciência, relativamente ao impacto ambiental da geração de resíduos alimentares

(Quested et al., 2011). Isto reflete-se na forma como deve ser desenvolvido todo um conjunto

de ações com o intuito de estimular a população para o combate ao desperdício alimentar.

Iniciativas de monitorização e de redução do desperdício alimentar são cruciais para perceber

e identificar oportunidades de melhorias, como por exemplo o projeto Dose Certa (Lipor, s.d.).

Este tipo de projetos procura mudar práticas de gestão, confeção dos alimentos através de

mecanismos de consciencialização de funcionários de cozinha e clientes, de sugestões de

menus mais equilibrados em termos nutricionais visando-se também uma maior

sustentabilidade económica e ambiental das empresas (Müller, 2008).

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

4

Além de incentivar a mudança de comportamento, a Lipor também trabalha através de

parceiros para fazer mudanças técnicas no ambiente de varejo. Esta abordagem também é

apoiada por evidências e identifica intervenções específicas que os revendedores ou

fabricantes podem tomar para ajudar os consumidores a obter mais do que compram e,

portanto, desperdiçam menos. Mudanças na embalagem, rotulagem e merchandising podem

reforçar, complementar ou mesmo negar a necessidade de mudança de comportamento.

O desperdício alimentar tem grande relevância social e um importante impacto económico,

pelo que campanhas de sensibilização destinadas aos clientes são, por isso, um contributo

importante para a redução do desperdício alimentar.

1.1. OBJETIVO

Com este estudo pretende-se avaliar o impacto de uma campanha de

comunicação/sensibilização junto dos clientes da área de restauração do Centro Comercial

Mira Maia Shopping. Para tal irá ser monitorizada a produção de resíduos alimentares antes,

durante e depois da campanha que terá como o intuito despertar a consciência para o

problema e reduzir o desperdício alimentar.

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

5

2. MIRA MAIA – CENTRO COMERCIAL

O Mira Maia Shopping foi o parceiro escolhido, pela Lipor, para o estudo do desperdício

alimentar numa praça de restauração de um cento comercial.

Inaugurado em 2009, o Mira Maia Shopping posiciona-se como um espaço único e

diferenciador, com uma vasta oferta de espaços comerciais que privilegiam uma relação de

proximidade com os seus visitantes. Estendendo-se por 19 mil metros de área bruta locável, é

um espaço pensado para toda a família, com uma praça de restauração diversificada e

insígnias de referência, como Continente, Cineplace, DeBorla, Fitness Maia, Worten,

SportZone, MO, Wells, Springfield, para além da esplanada que convida a momentos de

convívio e lazer. Contando com cerca de 850 lugares de estacionamento e excelentes acessos,

e próximo do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, é gerido pela INOGI ASSET MANAGEMENT,

tendo no conceito SMART PRICE a âncora da sua oferta comercial. “Mais Giro! Mais Vivo! Mais

Maia!” é o mote para uma experiência cada vez mais próxima de quem visita o Mira Maia

Shopping.

O Mira Maia Shopping associou-se à Lipor para sensibilizar os seus clientes da importância da

redução do desperdício alimentar. Esta colaboração visa associar a metodologia do projeto ao

Dose Certa a uma campanha de comunicação desenvolvida para o efeito.

Desta forma, o Mira Maia Shopping torna-se no primeiro Centro Comercial do país a contribuir

para um comportamento mais responsável dos portugueses face aos resíduos que produzem,

assumindo uma vertente de responsabilidade social fundamental para melhor interagir com a

comunidade onde se insere.

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

6

3. COMUNICAÇÃO COM O CONSUMIDOR NO ÂMBITO DO DESPERDÍCIO ALIMENTAR

A maioria dos estudos e campanhas de sensibilização na área do desperdício alimentar não são

direcionadas para o consumidor das praças de alimentação de Centros Comerciais. As

iniciativas já adotadas desenvolveram-se recorrendo a comunicação de mensagens através de

diversos suportes, nomeadamente cartazes (Silva et al., 2010); murais e panfletos (Machado et

al., 2012); associação entre panfletos, banners, fardamento dos colaboradores e vídeo em

canal interno (Moreira, 2012); cartazes e folhetos (Bicalho e Lima, 2013); e redes sociais

associadas a cartazes (Pinto et al., 2014).

Na tabela 1 encontram-se ilustradas as barreiras e motivações, psicológicas e práticas que,

segundo a literatura, são referenciadas como inibidoras ou estimulantes, respetivamente, para

o consumidor aderir e acionar mecanismos para o combate ao desperdício alimentar.

Tabela 1- Barreiras e motivações para o combate ao desperdício alimentar por parte do consumidor (Adaptado de Soares A.,2016) .

Barreiras

Motivações

Psicológicas Práticas

Desconhecimento dos

impactos ambiental e falta

de consciência da

quantidade e da

problemática do desperdício

alimentar.

Associação moral entre

desperdício e pobreza

(dimensão ética).

Potencial de economizar recursos

financeiros.

Fatores socioeconómicos. Consciencialização acerca de

toda a problemática

envolvente ao desperdício

alimentar.

Maior conhecimento de práticas de

culinária, bem como de conservação

dos alimentos, aproveitamento

integral ou reaproveitamento dos

alimentos e de higiene e segurança

alimentar.

Preocupações de segurança

alimentar.

Sentimento de confiança e

domínio por parte dos

consumidores.

Capacitação das pessoas com

competências de gestão focalizadas

para a área.

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

7

Embora não sendo aplicados a praças de alimentação de Centros Comerciais, têm sido

desenvolvidos diversos estudos que procuram quantificar e compreender melhor o fenómeno

do desperdício alimentar por parte do consumidor, bem como o desenvolvimento e validação

de medidas que contribuam eficazmente para a sua redução. Genericamente, a metodologia

aplicada para avaliar o impacto de uma campanha de consciencialização na redução do

desperdício alimentar passa pela:

Figura 1 - Principais etapas de um estudo que pretende avaliar o impacto de uma campanha de

consciencialização na redução do desperdício alimentar (Adaptado de Soares A.,2016) .

Pretende-se adaptar esta metodologia ao contexto de uma praça da alimentação de um

Centro Comercial: Mira Maia Shopping, utilizando num primeiro cenário as estimativas

reportadas pela empresa que recolhe e num segundo cenário a pesagem efetiva dos resíduos

produzidos antes de serem recolhidos (Figura 2).

Figura 2 Modelo adotado para o desenvolvimento do estudo.

Conceção elaboração do Estudo

Caracterização inicial: monitorização dos

Residuos alimentares produzidos

Campanha de Sensibilização

Caracterização: Avaliação do impacto da campanha

de sensibilização na produção de Resíduos

alimentares

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

8

4. METODOLOGIA

Para analisar o efeito da campanha de comunicação/sensibilização na produção de resíduos

alimentares no Mira Maia Shopping foram estudados dois cenários:

I. Avaliação do desperdício alimentar, aplicando a metodologia do projeto Dose Certa,

utilizando como referência as estimativas reportadas pela empresa de recolha da

fração orgânica – resíduo alimentar;

II. Avaliação do desperdício alimentar, aplicando a metodologia do projeto Dose Certa,

recorrendo-se à pesagem efetiva da fração orgânica – resíduo alimentar produzida.

O tratamento da informação recolhida teve por base o estudo do Waste & Resources Action

Programme (WRAP) “Methods used for Household Food and Drink Waste in the UK” de 2012.

3.1. CENÁRIO 1

Para quantificar e compreender melhor o fenómeno do desperdício alimentar por parte do

consumidor na praça de alimentação do Mira Maia adotou-se o modelo representado na

Figura 3. A informação recolhida neste cenário é a fornecida pela empresa que recolhe a

fração orgânica – resíduo alimentar produzida neste espaço: Maiambiente, que se baseiam em

estimativas.

Figura 3 Esquematização do modelo adotado para o cenário 1.

Conceção e elaboração do estudo

•17 d de abril a 26 de abril

1ª Avaliação: monitorização dos resíduos alimentares produzidos e

encaminhados para o circuito de gestão de resíduos

•15 de maio a 30 de maio

Campanha de Comunicação/Sensibilização e 2ª Avaliação: Monitorização do impacto da campanha na produção de

Resíduos alimentares

•31 de maio a 14 de junho

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

9

3.2. CENÁRIO 2

O Cenário 2 segue o mesmo modelo de aplicação, mas com recurso a uma pesagem efetiva

dos resíduos alimentares antes de serem encaminhados para o circuito de gestão de resíduos

(Figura 4). A balança utilizada foi uma balança eletrónica “Romão/Digi”, modelo

EP41010P600DI80SS, alugada a um fornecedor, tendo a colocação e a calibração ficado a cargo

do mesmo (características da balança no Anexo I).

Figura 4 Esquematização do modelo adotado para o cenário 1.

Caracterização

Tipologia de resíduos produzidos e Volumetria do

contentor orgânicos

1ª Avaliação

Análise visual da quantidade de resíduos alimentares no

contentor de Orgânicos

•11 de setembro a 17 de setembro

2ª Avaliação

Análise visual da quantidade de resíduos alimentare; Pesagem do(s)

contentor(s) de Orgânicos

•19 de setembro a 01 de outubro

3ª Avaliação

Análise visual da quantidade de resíduos alimentare;

Pesagem do(s) contentor(s) de Orgânicos; Campanha de

comunicação/Sensibilização e Workshops de Sobras

Requintadas

•Campanha: 02 de outubro a 14 de outubro; Workshops de Sobras Requintadas (04/10 das 18h às 19h30 e 07/10 das 11h às12h30).

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

10

5. RESULTADOS

Nesta secção apresenta-se a informação recolhida referente à campanha de comunicação,

ao 1º Cenário e ao 2º cenário. Esta encontra-se estruturada da seguinte forma: campanha

de comunicação que foi utilizada, os dados do 1º cenário e, finalmente, os dados do 2º

cenário.

5.1 CAMPANHA DE COMUNICAÇÃO/SENSIBILIZAÇÃO

Vários são os estudos e campanhas de sensibilização na área do desperdício alimentar que

recorrem a mensagens, através de diversos suportes, na ânsia de despertar consciências e

levar a uma mudança de atitude. A campanha de comunicação desenvolvida e utilizada em

ambos os cenários intitulou-se “Alimente a sua Consciência”. As atividades englobaram o

envolvimento do consumidor, bem como o trabalho junto das equipas da praça da

alimentação. Estes últimos procuraram auxiliar, explicar e aconselhar os consumidores

relativamente às quantidades de alimentos que constavam no prato/menu que estariam a

adquirir, na tentativa assim de minimizar o desperdício alimentar.

Desenvolveram-se diferentes materiais de comunicação distribuídos e adaptados quer à

realidade de cada loja, quer às áreas comuns da área da restauração.

Figura 5 Exemplo de um individual de mesa.

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

11

Figura 6 Dístico para vitrine.

Figura 7 Dístico para mesa.

Figura 8 Cartaz. Figura 9 PVC para TV.

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

12

5.2 CENÁRIO 1

Para o primeiro cenário recolheram-se os dados referentes à quantidade de refeições servidas

ao almoço e ao jantar, durante os 31 dias de avaliação, entre maio e junho, bem como a

quantidade estimada de resíduos alimentares fornecidos nas guias de recolha da

Maiambiente. A frequência de recolha é mais ou menos de 2 em 2 dias é recolhido (2ª, 4ª e 6ª

feira).

Figura 10 Sinalética informativa sobre os materiais a separar.

Figura 11 Área destinada à colocação final dos contentores de Resíduos Orgânicos no cais de recolha.

Na praça da alimentação as lojas que participaram no estudo foram: Contradição, Tutto per

Tutti, Trinca Buchinhas, Alibaba, Star, D. Apetite.

Para a análise das estimativas da fração orgânica – resíduo alimentar recolhida pela

Maiambiente, e uma vez que este material contém parte edível e não edível, procuraram-se

estudos para calcular a percentagem de desperdício alimentar. Assim, e como referido no

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

13

ponto 3 recorreu-se ao estudo do Waste & Resources Action Programme (WRAP) “Methods

used for Household Food and Drink Waste in the UK” de 2012, em particular, o caso da

Hungria. Aqui, o estudo apontava para valores de desperdício alimentar efetivo nos resíduos

sólidos municipais de 72,5 % de desperdício, valor que foi adotado para determinar o potencial

de alimentos passiveis de serem consumidos presentes nos resíduos alimentares.

Tabela 1 Número de Refeições Servidas e respetivo registo de produção de resíduos alimentares.

1ª Caracterização – sem campanha de comunicação

2ª Caracterização – com campanha de comunicação

N.º Refeições Resíduos alimentares. produzidos (Kg)

N.º Refeições Resíduos alimentares. produzidos (Kg)

10 339 2 188,81 10 338 1 954,90

Analisando a quantidade de resíduos alimentares por refeição vendida verificámos que da

primeira para segunda caracterização registou-se um decréscimo: 0,2117 kg para 0,1891 kg.

Aplicando o fator de edibilidade verifica-se que o desperdício alimentar ronda os 0,1535

kg/refeição na 1ª caracterização reduzindo para 0,1371 kg/refeição na 2ª caracterização.

Comparando os dois momentos de análise, o momento inicial e após a

comunicação/sensibilização teve o efeito pretendido na redução do desperdício alimentar.

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

14

5.3 CENÁRIO 2

Para este cenário foram recolhidos, igualmente, dados referentes à quantidade de refeições

servidas ao almoço e ao jantar durante os 33 dias de avaliação, entre setembro e outubro,

bem como a quantidade, em kg, de alimentos comestíveis desperdiçados por refeição vendida,

recolhido e pesado numa área especial criada para o efeito.

Figura 12 Área criada para a pesagem dos Resíduos alimentares produzidos antes de serem colocados na zona de

recolha.

Durante o estudo foram recolhidos dados referentes à quantidade de refeições servidas em

cada unidade de alimentação diariamente.

Tabela 2 Número de Refeições Servidas e respetivo registo de produção de resíduos alimentares.

1ª Caracterização – sem campanha de comunicação

2ª Caracterização – com campanha de comunicação

N.º Refeições Resíduos alimentares. produzidos (Kg)

N.º Refeições Resíduos alimentares. produzidos (Kg)

10 162 1 567,10 9 806 1 609,00

Analisando a quantidade de resíduos alimentares por refeição vendida verificámos que da

primeira para segunda caracterização registou-se um ligeiro aumento: 0,1542 kg para 0,1641

kg. Aplicando o fator de edibilidade verifica-se que o desperdício alimentar ronda os 0,1118

kg/refeição na 1ª caracterização passando para 0,1190 kg/refeição na 2ª caracterização.

Comparando os dois momentos de análise, o momento inicial e após a mesma campanha de

comunicação/sensibilização utilizada no Cenário 1, verificámos que a mesma já não surtiu o

efeito pretendido na redução do desperdício alimentar.

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

15

6. DISCUSSÃO

O défice de estudos sobre a prevalência, as determinantes e/ou a redução do desperdício

alimentar em espaços de alimentação representa um problema. Assim, é importante a

definição de sistemas de monitorização permanente do desperdício alimentar produzido, que

permitam a estimação de medidas de tendência central e dispersão, e a subsequente

determinação de metas de controlo e/ou redução (Pedro e dos Santos Claro, 2010).

Para avaliar a redução de desperdício alimentar pela exposição dos clientes da praça de

alimentação de um Centro Comercial, o Mira Maia Shopping, a campanha de realizou-se,

conforme exposto em capítulos anteriores, um estudo baseado em dois cenários: um que

recorre a valores estimados e outro que utiliza uma pesagem real dos resíduos alimentares.

Tabela 3 Comparação entre a informação recolhida nos diferentes cenários.

Cenários Sem e Com comunicação N.º total de refeições

Total de resíduos alimentares produzidos (Kg)

1.º Cenário 16/05 a 30/05 (Sem Comunicação)

10 339 2 188,81

31/05 a 14/06 (Com Comunicação)

10 338 1 954,90

2.º Cenário 19/09 a 01/10 (Sem Comunicação)

10 162 1 567,10

02/10 a 14/10 (Com Comunicação)

9 806 1 609,00

Comparando o resultado do momento “Sem Comunicação” do 1º Cenário para o 2º Cenário

verifica-se que o número de refeições diminui ligeiramente (10 339 para 10 162), mas a

quantidade de resíduos alimentares produzidos diminuiu significativamente (2 188,81 kg para

1 567,10 kg). Isto poderá indicar que as estimativas fornecidas pela empresa que recolhe os

resíduos estão sobrevalorizadas.

Com o momento “Com Comunicação”, registou-se uma redução significativa na quantidade de

refeições servidas, passando de 10 338 para 9 806, enquanto que os resíduos alimentares

passaram de 1 954,90 kg para 1 609,00 kg (Tabela 3).

A colocação de chips nos contentores recolha de resíduos, em particular nos grandes

produtores, é de extrema importância para um controlo mais real da quantidade efetiva de

resíduos que determinada entidade está a produzir.

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

16

No que concerne ao impacto da campanha de comunicação, pode-se afirmar que no 1º

Cenário esta permitiu reduzir a quantidade de resíduos alimentares produzidos. No entanto,

no 2º Cenário este impacto não foi verificado, registando-se um ligeiro aumento, quer na

produção total de resíduos alimentares quer em termos de produção média diária de resíduos

alimentares por refeição, embora insignificante (Tabela: 4).

Tabela 4 Quantidade Média Diária de Resíduos alimentares por refeição vendida (kg), para os diferentes cenários em estudo.

Cenários Sem e Com comunicação Quantidade Média Diária Resíduos Alimentares/Refeição (Kg)

1.º Cenário 16/05 a 30/05 (Sem Comunicação)

0,2117

31/05 a 14/06 (Com Comunicação)

0,1891

2.º Cenário 19/09 a 01/10 (Sem Comunicação)

0,1542

02/10 a 14/10 (C Com Comunicação)

0,1641

Este facto poderá dever-se a diversos fatores, nomeadamente habituação à campanha;

campanhas promocionais que algum lojista possa ter dinamizado (leve 2 menus e pague 1), o

efeito reverso em que o cliente ao ser despertado para o problema do desperdício alimentar

despertou também a consciência para a quantidade de comida que é servida nos menus e,

portanto, deixa mais quantidade no prato; ou apenas fatores externos.

No global, o desperdício alimentar reduziu do 1º para o 2º Cenário, sendo que a média foi de

0,1095 kg e 0,0820 kg respetivamente (Tabela 5).

Tabela 5 Desperdício Alimentar – estimativa da fração edível presente nos resíduos alimentares produzidos.

Cenários Sem e Com comunicação Quantidade Média Diária/Refeição de Desperdício Alimentar (Kg)

Média (kg)

1.º Cenário 16/05 a 30/05 (Sem Comunicação)

0,1535

0,1453 31/05 a 14/06 (Com

Comunicação) 0,1371

2.º Cenário 19/09 a 01/10 (Sem Comunicação)

0,1118

0,1154 02/10 a 14/10 (C

Com Comunicação) 0,1190

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

17

O desperdício de alimentos, em geral, é apontado como estando relacionado com três fatores:

sociais, como agregado familiar e estilos de vida; comportamentos individuais e percepções e

expectativas em relação aos alimentos; e falta de consciência e de conhecimento por parte dos

consumidores (Fusions, 2014).

7. CONCLUSÃO

O desperdício de alimentos é, claramente, uma questão complexa com uma grande variedade

de fatores que o influência. No entanto, é possível identificar fatores de relevância crucial e

com impacto no desperdício alimentar, nomeadamente os sociodemográficos e os

psicográficos.

Embora se trate de um problema da ordem do dia, que tem despertado a atenção do público,

não se pode cair no engano de olhar para a questão de forma leviana, deixando persistir

ilusões sobre mudanças de mentalidade, atitude e comportamento. Mudanças à escala social

são processos lentos e morosos, sendo fundamental continuar a apostar em estratégias para

reduzir ou evitar o desperdício alimentar, recorrendo a mais campanhas de sensibilização e

consciencialização com o envolvimento das partes.

Os Centros Comerciais/Shoppings, enquanto parceiros, podem desempenhar um papel

preponderante na influência que podem ter junto dos seus clientes/consumidores podendo

ser motores da criação de uma consciência mais equilibrada.

A aplicação de campanhas de sensibilização, renovadas ao longo do tempo e com associação a

normas socias e efeito de feedback pode traduzir-se numa efetiva redução do desperdício

alimentar.

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

18

BIBLIOGRAFIA

Bicalho, A., e Lima, V. (2013). Redução do desperdício em uma Unidade de Alimentação e

Nutrição. Nutrire: Rev. Soc. Bras. Alim. Nutr., 38(3), 269–277.

FAO, (2013). Food Wastage Footprint. U.N. Food and Agriculture Organization (FAO), Rome,

Italy.

Fusions (2014). Drivers of current food waste generation, threats of future increase and

opportunities for reduction. Disponível online: http://www.eu-fusions.org/.

IMechE, (2013). Global Food Waste Not, Want Not. Institution of Mechanical Engineers,

London.

Lipor. (s.d.). Dose Certa na Restauração. Disponível em:

http://www.lipor.pt/pt/residuosurbanos/prevencao/dose-certa/dose-certa-na-

restauracao/

Machado, C., Mendes, C., Souza, P., Martins, K., e Silva, K. (2012). Avaliação do Índice de Resto

Ingesta de uma Unidade de Alimentação e Nutrição Institucional de Anápolis-Go. Ensaios E

Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias E Da Saúde, 16(6), 151–162.

Moreira, M. (2012). Consumo Consciente: Sensibilização para a Importância do Desperdício

Alimentar. Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidades do Porto.

Müller, P. C. (2008). Avaliação do desperdício de alimentos na distribuição do almoço servido

para os funcionários de um hospital público de porto alegre. Faculdade de Medicina da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Papargyropoulou, E., Lozano, R., Steinberger, K., Wright, J., Ujang, N., Bin, Z., (2014). The food

waste hierarchy as a framework for the management of food surplus and food waste. J.

Clean. Prod. 76, 106–115.

Pedro, M. M. R., e Santos Claro, J. A. C. (2010). Gestão de perdas em unidade de Restaurante

Popular: um estudo de caso em São Vicente. Qualit@ S Revista Eletrônica, 9(1), 10.

Pinto, R. S., Melo, F. F. S., Campos, S. S., Cordovil, C. M. dos S., Oliveira, E. A. de. (2014). Prato

Limpo, Consciência Limpa: Um Projeto Contra o Desperdício Implementado na Cantina do

Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa em 2013.

Quested, T. E., Parry, a. D., Easteal, S., & Swannell, R. (2011). Food and drink waste from

households in the UK. Nutrition Bulletin, 36(4), 460–467.

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

19

Silva, A. M., Silva, C. P., e Pessina, E. L. (2010). Avaliação do índice de resto ingesta após

campanha de conscientização dos clientes contra o desperdício de alimentos em um

serviço de alimentação hospitalar. Rev Simbio-Logias, 3(4), 43–56.

Soares, A., (2016). Redução do desperdício alimentar na restauração coletiva – contributos

para a alteração do comportamento do consumidor. Tese Mestrado da Escola Superior de

Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa.

Souza, A. R. De. (2003). Hábitos de Consumo Alimentar e Envolvimento do Consumidor: um

estudo na cidade do Recife- PE. Universidade Federal de Pernambuco.

Waste & Resources Action Programme (WRAP) (2012). Methods used for Household Food and

Drink Waste in the UK. Disponível em:

http://www.wrap.org.uk/sites/files/wrap/Methods%20Annex%20Report%20v2.pdf

Avaliação do desperdício alimentar na praça da alimentação do Mira Maia Shopping

20

ANEXO

Anexo I

Características da Balança