AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE AS PRÁTICAS...

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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Fernandes Figueira Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher Mestrado Profissional em Saúde Materno- Infantil AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE AS PRÁTICAS PARA PREVENÇÃO DAS LESÕES CEREBRAIS HEMORRÁGICAS E ISQUÊMICAS NO RECÉM-NASCIDO PREMATURO DE MUITO BAIXO PESO Patrícia de Padua Andrade Campanha Rio de Janeiro Fevereiro, 2010

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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Fernandes Figueira

Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher Mestrado Profissional em Saúde Materno- Infantil

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE AS PRÁTICAS

PARA PREVENÇÃO DAS LESÕES CEREBRAIS

HEMORRÁGICAS E ISQUÊMICAS NO RECÉM-NASCIDO

PREMATURO DE MUITO BAIXO PESO

Patrícia de Padua Andrade Campanha

Rio de Janeiro Fevereiro, 2010

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AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE AS PRÁTICAS PARA

PREVENÇÃO DAS LESÕES CEREBRAIS HEMORRÁGICAS E

ISQUÊMICAS NO RECÉM-NASCIDO PREMATURO DE MUITO

BAIXO PESO

Patrícia de Padua Andrade Campanha

Dissertação apresentada à Pós-Graduação da

Saúde da Criança e da Mulher, como parte

dos requisitos para obtenção do título de

Mestre em Ciências.

Orientador: Prof. Dr. José Roberto de Moraes Ramos

Rio de Janeiro Fevereiro, 2010

Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Fernandes Figueira. Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher Mestrado Profissional em Saúde Materno-infantil

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Dedicatória

À meu filho Guilherme e meu marido Ricardo, que são a razão de todos

meus esforços e luta diária; pelo amor, carinho e cumplicidade.

Aos meus pais Lenita e José Carlos, por me encorajarem a enfrentar

todas as dificuldades, estarem presentes durante todos os momentos que

necessitei e mudarem suas vidas para apoiar esta jornada.

3

Agradecimentos

Ao meu orientador Prof. Dr. José Roberto de Moraes Ramos, pela

orientação competente;

À banca de examinadores Prof. Dr. Alan Araujo Vieira, Prof. Dra. Maria

Auxiliadora de Souza Mendes Gomes e Prof. Dra. Maria Marta Regal de Lima

Tortori, pelas valiosas contribuições;

A toda equipe da Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher por

compartilhar seus conhecimentos e por sua dedicação;

Aos meus colegas do mestrado pelos bons momentos que

compartilhamos e crescemos juntos;

A todos os profissionais de saúde que se disponibilizaram a participar da

pesquisa, apesar da árdua tarefa diária;

Ao amigo Prof. Arnaldo Costa Bueno pelo apoio e incentivo durante todo

o período do mestrado;

Aos professores Anniele Medeiros da Costa, Arnaldo Costa Bueno,

Karla de Araújo do Espírito Santo Pontes, Maria Marta Regal de Lima Tortori e

Miriam Perez de Figueiredo, pela contribuição na validação do instrumento da

pesquisa.

Aos amigos Ana Paula Mendes, Ana Cristina Werges, Andrea

Bittencourt Guastavino, Danielle Fortuna de Almeida, Francine Peres da Silva e

Tereza Cristina Valente Arder Santos pela contribuição durante a coleta de

dados.

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Resumo

Avaliação do conhecimento sobre as práticas para prevenção das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no recém-nascido prematuro de muito baixo peso.

Objetivo: O objetivo do estudo foi verificar o conhecimento dos profissionais que atuam em unidades neonatais sobre as práticas preconizadas para prevenção de lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas em recém-nascidos prematuros de muito baixo peso, comparando o nível de conhecimento de acordo com a formação destes profissionais e o vínculo com unidades relacionadas ao ensino. Métodos: Estudo descritivo transversal, com abordagem quantitativa, realizado de abril a outubro de 2009, em onze unidades neonatais públicas localizadas no município do Rio de Janeiro. Foi aplicado questionário validado em amostra total de 75 médicos, 64 enfermeiros e 20 fisioterapeutas. O instrumento da pesquisa apresentava questões sobre as características dos profissionais e questões relativas às práticas recomendadas, com base em evidências científicas, para prevenção de lesões neurológicas no recém-nascido de muito baixo peso. Foram utilizadas referências da rede colaborativa neonatal Vermont Oxford. Resultados: A proporção de profissionais sem formação em neonatologia atuando nas unidades neonatais estudadas foi elevada. O nível de conhecimento teórico foi de 80,5% para médicos, 64,3% para enfermeiros e de 67% para fisioterapeutas. O desempenho dos médicos das unidades relacionadas ao ensino foi significativamente melhor do que o das unidades não-relacionadas ao ensino, o que não foi observado em relação aos enfermeiros e fisioterapeutas. Os piores resultados foram verificados para práticas relacionadas ao manejo da hipotensão, assistência ventilatória, prevenção de dor e uso de bicarbonato de sódio. Conclusão: O nível de conhecimento dos profissionais das unidades estudadas foi abaixo do esperado para muitas práticas, sendo necessário investimento em formação profissional, difusão de informação e treinamento dos profissionais. Palavras-chave: recém-nascido de muito baixo peso; hemorragias intracranianas; hemorragia intraventricular; leucomalacia periventricular; conhecimentos, atitudes e prática em saúde; prevenção; qualidade da assistência à saúde.

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Abstract

Knowledge evaluation regarding practices for hemorrhagic and ischemic brain injury prevention in very low birth weight preterm infants. Objective: The aim of this study was to verify the knowledge of professionals regarding practices for hemorrhagic and ischemic brain injury prevention in very low birth weight infants, comparing their level of knowledge due to these professionals formation and their relation to academic units. Methods: A transversal study, with quantitative approach, was carried out from April to October 2009 in eleven neonatal units at Rio de Janeiro city. The sample, involving 75 physicians, 64 nurses and 20 physiotherapists, was evaluated through questionnaires that brought questions about their characteristics and related to evidence-based best practices for neurologic injury prevention on very low birth weight infants. Results: The proportion of professionals without neonatology specialization working at researched neonatal units was high. The level of theoretic knowledge was 80,5% for physicians, 64,3% for nurses and 67% for physiotherapists. The performance of academic units’ physicians was statistically superior to non academic ones, which wasn’t found on nurses and physiotherapists samples. The worst results were verified for practices related to arterial hypotension treatment, ventilatory strategies, pain prevention and sodium bicarbonate use. Conclusion: The level of knowledge of researched units’ professionals was low for a lot of practices, demanding investments on specialization, information diffusion and training of professionals. Key-words: very low birth weight infant; intracranial hemorrhages; intraventricular hemorrhages; periventricular leukomalacia; health knowledge, attitudes, practice; prevention & control; health care evaluation mechanism.

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Sumário

1. Introdução

2. Justificativa 3. Objetivos 4. Quadro Teórico 4.1 Lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no recém-nascido prematuro de muito baixo peso 4.1.1 Definições conceituais 4.1.2 Descrição das lesões 4.1.3 Incidência 4.1.4 Patogênese e Fatores de Risco 4.1.4.1 Hemorragia Peri-intraventricular 4.1.4.2 Leucomalácia periventricular 4.1.5 Repercussões do uso de corticosteróide no desenvolvimento neurológico 4.1.6 Medidas preventivas 4.1.6.1 Medidas maternas 4.1.6.2 Medidas ao nascimento 4.1.6.3 Medidas pós-natais 4.1.7 Diagnóstico 4.1.8 Prognóstico 4.2. Importância do Conhecimento técnico de profissionais de saúde para a Qualidade da Assistência 4.3. Papel de Redes Colaborativas Neonatais 4.4. Práticas potencialmente melhores para prevenção de lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no recém-nascido prematuro de muito baixo peso 5. Hipótese 6. Materiais e Métodos

6.1 – Desenho do estudo 6.2 – Cenário 6.3 – População 6.4 – Amostra 6.5 – Coleta de dados 6.6 - Análise dos dados 6.7 - Questões Éticas

7. Resultados 7.1 – Características dos profissionais 7.2 – Fatores de risco e Medidas preventivas para as lesões cerebrais citados nas questões abertas 7.3 – Percentual médio de acertos para a totalidade das questões 7.4 – Percentual de acertos em relação a conjunto de práticas

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8. Discussão 9. Conclusão 10. Referências 11. Apêndices 11.1 - Questionário 11.2 - Orientações para preenchimento do questionário 11.3 - Instrumento para Validação do Questionário 11.4 - Carta de apresentação do projeto para a Direção dos Hospitais e Chefias das Unidades neonatais 11.5 - Termos de Consentimento Livre e Esclarecido 12. Anexos Pareceres dos Comitês de Ética em Pesquisa

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85 85 91 92

95 96

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Lista de Siglas e Abreviaturas

- DUM – Data da última menstruação

- FSC – Fluxo sangüíneo cerebral

- HPIV – Hemorragia Peri-intraventricular

- IG – Idade Gestacional

- LPV – Leucomalácia Periventricular

- MBE – Medicina Baseada em Evidências

- MBP – Muito Baixo Peso

- NIC/Q - Neonatal Intensive Care Collaborative Quality

- PaO2 – Pressão parcial de oxigênio no sangue arterial

- PaCO2 – Pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial

- PC – Paralisia Cerebral

- PMT – Prematuro

- RBPN – Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais

- RN – Recém-nascido

- RPMO – Ruptura prematura de membranas ovulares

- SIMV – Ventilação mandatória intermitente sincronizada

- SNC – Sistema Nervoso Central

- TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

- USG – Ultra-sonografia

- USTF – Ultra-sonografia transfontanela

- UTIN – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

- URE – Unidade relacionada ao ensino

- UNRE – Unidade não-relacionada ao ensino

- VON – Vermont Oxford Network

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Lista de Tabelas

Tabela 1 -

Tabela 2 -

Tabela 3 -

Tabela 4 -

Tabela 5 -

Tabela 6 -

Tabela 7 -

Tabela 8 -

Práticas potencialmente melhores para prevenção de Lesões

cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no RN de MBP

População e amostra calculada por unidade e por categoria

profissional

Características dos profissionais por categoria, estratificadas

por unidade

Fatores de risco citados pelos profissionais nas questões

abertas

Medidas preventivas citadas pelos profissionais nas questões

abertas

Percentual de acertos para todas as questões do instrumento,

por categoria profissional, de acordo com as características dos

profissionais e estratificação por unidade (média ± desvio

padrão)

Percentual de acertos por categoria profissional, em relação

ao conjunto de práticas, estratificado por unidade (média ±

desvio padrão)

Distribuição proporcional de profissionais que identificaram

corretamente práticas potencialmente melhores para prevenção

de lesões cerebrais

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Lista de Tabelas

Tabela 1 -

Tabela 2 -

Tabela 3 -

Tabela 4 -

Tabela 5 -

Tabela 6 -

Tabela 7 -

Tabela 8 -

Práticas potencialmente melhores para prevenção de Lesões

cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no RN de MBP

População e amostra calculada por unidade e por categoria

profissional

Características dos profissionais por categoria, estratificadas

por unidade

Fatores de risco citados pelos profissionais nas questões

abertas

Medidas preventivas citadas pelos profissionais nas questões

abertas

Percentual de acertos para todas as questões do instrumento,

por categoria profissional, de acordo com as características dos

profissionais e estratificação por unidade (média ± desvio

padrão)

Percentual de acertos por categoria profissional, em relação

ao conjunto de práticas, estratificado por unidade (média ±

desvio padrão)

Distribuição proporcional de profissionais que identificaram

corretamente práticas potencialmente melhores para prevenção

de lesões cerebrais

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47

53

54

55

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1. Introdução

“Os nossos conhecimentos são a reunião do raciocínio e experiência de numerosas mentes”

(Ralph Waldo Emerson)

Nas últimas décadas, com o avanço tecnológico e a melhoria nos

cuidados perinatais, houve um aumento na sobrevida dos recém-nascidos (RN)

prematuros com peso de nascimento menor do que 1500 g (muito baixo peso

ao nascer). A compreensão da lesão cerebral nestes RN, principalmente sua

prevenção, é de alta relevância no cuidado intensivo neonatal, devido à

significativa morbidade a longo prazo (Fanaroff, 2003).

As lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas são complicações ainda

freqüentes nos recém-nascidos de muito baixo peso, mesmo em centros de

referência (Fanaroff et al, 2007). As alterações mais observadas nesta faixa de

peso são a hemorragia peri-intraventricular (HPIV) e a leucomalácia

periventricular (LPV). O recém-nascido prematuro de muito baixo peso (MBP)

ao nascer tem risco para desenvolvimento destas complicações devido às

características anatômicas e fisiológicas cerebrais peculiares (Volpe, 2001).

Estas lesões são responsáveis por altas taxas de seqüelas neurológicas

como paralisia cerebral, déficit cognitivo, desordens comportamentais,

deficiência auditiva, distúrbios visuais, desordens psiquiátricas, dentre outras

(Marlow, 2004). Apesar da significativa redução no limite de viabilidade

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observada em neonatologia nos últimos anos, a morbidade e o prognóstico

neurocomportamental ainda constituem um sério problema.

Uma vez instalada a lesão neurológica, pouco pode ser feito, pois não

há tratamento efetivo. Portanto, medidas preventivas são fundamentais.

A patogênese e os fatores de risco para a ocorrência de HPIV e LPV já

foram amplamente estudados e descritos. Práticas potencialmente melhores

para prevenção destas lesões também foram avaliadas e publicadas, baseadas

em dados de redes colaborativas neonatais (Carteaux et al, 2003).

Apesar da disponibilidade na literatura de recomendações sobre as

práticas potencialmente melhores para a prevenção da HPIV e LPV, com base

em evidências científicas, o conhecimento destas práticas pela equipe de

profissionais responsáveis pelo cuidado ao recém-nascido parece não ser

adequado e envolve o desafio da difusão da informação.

Constitui-se objeto deste estudo o conhecimento dos profissionais de

saúde (médicos, enfermeiros e fisioterapeutas), que atuam em Unidades de

Terapia Intensiva Neonatais (UTIN) públicas, sobre as medidas recomendadas

para prevenção de lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas em RN

prematuros de MBP.

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2. Justificativa

Vários estudos demonstraram resultados significativamente diferentes, em

relação aos desfechos neurológicos, entre unidades com recursos tecnológicos

semelhantes, destacando a importância das práticas assistenciais (Lee et al,

2000). O conhecimento das práticas recomendadas, com base em evidências

científicas, é importante para melhor qualidade da assistência e prevenção de

agravos. A prevenção da lesão cerebral deve ser um dos principais objetivos e

desafios de todos os profissionais que assistem recém-nascidos de risco, como

os prematuros de muito baixo peso.

Os RN que apresentam HPIV e LPV têm mortalidade neonatal mais

elevada, maior incidência de outras complicações associadas e tempo de

internação mais prolongado. Além disso, a qualidade de vida daqueles que

sobrevivem ao período neonatal pode ser comprometida. O custo social da

criança com seqüela neurológica é incalculável, pois compromete a capacidade

individual de um desenvolvimento pleno, interfere na dinâmica familiar (com

prejuízos emocionais e financeiros) e sobrecarrega o sistema de saúde, devido

à demanda freqüente de atendimento ambulatorial multidisciplinar bem como

de internações repetidas (Hack et al, 2005)

Os dados deste estudo podem ser úteis para orientar as estratégias de

intervenção, com o objetivo de aprimorar a qualidade na assistência, visando à

prevenção de HPIV e LPV. Desta forma, este estudo poderá auxiliar as

medidas para a redução da mortalidade neonatal e das seqüelas neurológicas

tardias, contribuindo para o desenvolvimento integral da criança e melhoria da

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qualidade de vida. A possibilidade de redução no tempo de internação

hospitalar disponibilizará mais leitos de UTI neonatal a outros recém-nascidos

de risco.

Há poucos estudos na literatura nacional e internacional que abordem o

conhecimento sobre as práticas assistenciais em neonatologia. Em pesquisa

realizada no PubMed, LILACS, Biblioteca Cochrane e Banco de Teses e

Dissertações da CAPES nos últimos dez anos - utilizando como descritores

hemorragia intracraniana, hemorragia periventricular, hemorragia

intraventricular, leucomalácia periventricular, lesões cerebrais, boas práticas e

conhecimento de profissionais – a maioria dos artigos encontrados abordaram

fisiopatologia, patogênese, fatores de risco, prevenção, prognóstico,

diagnóstico ou tratamento das complicações das lesões neurológicas. No

PubMed foi encontrada uma série de artigos sobre boas práticas em

neonatologia, sendo dois destes sobre prevenção das lesões cerebrais

hemorrágicas e isquêmicas. Apenas no Banco de Teses e Dissertações da

CAPES (busca nos últimos vinte anos) foram encontradas cinco publicações

(dissertações de mestrado) que avaliaram o conhecimento de profissionais de

saúde sobre práticas em neonatologia, nenhuma relacionada ao conhecimento

sobre prevenção de HPIV ou LPV.

A ausência de trabalhos que avaliem o conhecimento de profissionais

sobre as práticas potencialmente melhores para prevenção da HPIV e LPV

reforça a importância e justifica a realização deste estudo.

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3. Objetivos

3.1 OBJETIVO GERAL:

- Verificar o nível de conhecimento dos profissionais que atuam em

unidades neonatais sobre as práticas preconizadas como potencialmente

melhores para prevenção de lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas em

recém-nascidos prematuros de muito baixo peso.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

- Comparar as práticas conhecidas pelos profissionais com as

preconizadas como potencialmente melhores para a prevenção das lesões

cerebrais hemorrágicas e isquêmicas.

- Comparar o nível de conhecimento dos profissionais das unidades

relacionadas ao ensino com outras unidades sem vínculo acadêmico formal.

- Relacionar o grau de conhecimento com o tempo e nível de formação

dos profissionais.

- Identificar o nível de conhecimento em relação a cada prática

selecionada para avaliação.

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4. Quadro teórico

4.1 Lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas em recém-nascidos prematuros de muito baixo peso

4.1.1 Definições conceituais Define-se um RN como prematuro quando sua idade gestacional (IG) é

menor do que 37 semanas (Fletcher, 1999). O RN prematuro que apresenta

maior risco para desenvolvimento de lesão cerebral hemorrágica ou isquêmica

é aquele com IG menor do que 32 semanas (Volpe, 2001), devido a

características anatômicas e fisiológicas peculiares a estes bebês. Esta é a IG

considerada para o presente estudo.

A IG de um RN é determinada pela data da última menstruação (DUM),

ultrassonografia (USG) do primeiro trimestre de gestação e avaliação clínica do

RN pelo método New Ballard, nesta ordem de prioridade (Fletcher, 1999).

Porém, em muitos casos, não há relato de DUM confiável ou disponibilidade de

resultado de USG do primeiro trimestre. A avaliação da IG pelo método New

Ballard pode apresentar imprecisão de uma a três semanas em RN com IG

menor do que 28 semanas (Donovan et al, 1999). Portanto, freqüentemente

não há uma determinação precisa da IG do RN.

RN de muito baixo peso (MBP) é aquele com peso de nascimento menor

do que 1500 g. Denomina-se extremo baixo peso ao peso de nascimento

menor do que 1000 g (Fletcher, 1999). A maioria dos estudos disponíveis na

literatura considera o RN de MBP vulnerável para o desenvolvimento das

lesões cerebrais. Entretanto, a população de RN com esta faixa de peso é

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muito heterogênea, pois pode apresentar RN com idade gestacional maior do

que 32 semanas, mas pequeno para a idade gestacional . A idade gestacional

é mais importante para a ocorrência de lesões cerebrais do que o peso de

nascimento isolado. Porém, o peso de nascimento é um dado mais fidedigno

do que a idade gestacional, devido à dificuldade de determinação correta da IG

em muitos casos. Neste trabalho, também será considerado o RN de MBP

como de risco, seguindo a tendência da maioria dos estudos.

4.1.2 Descrição das Lesões

As lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas mais freqüentes nos RN

prematuros de muito baixo peso são a Hemorragia peri-intraventricular e a

Leucomalácia periventricular, além das complicações destas lesões. O risco de

ocorrência destas morbidades é inversamente proporcional ao peso de

nascimento e à idade gestacional (Vollmer et al, 2003).

A Hemorragia peri-intraventricular (HPIV) é a hemorragia que ocorre na

matriz germinativa, um tecido de formação neuronal localizado próximo aos

ventrículos laterais. Como há somente uma fina camada separando a matriz

germinativa dos ventrículos laterais, freqüentemente o sangramento da matriz

germinativa rompe-se para um ou ambos os ventrículos, podendo ocupar todo

o sistema ventricular (Volpe, 2001).

Uma complicação da HPIV é a Hidrocefalia pós-hemorrágica. Quando a

hemorragia da matriz germinativa invade os ventrículos laterais, em

aproximadamente 80% dos casos ocorre disseminação do sangue pelo sistema

ventricular. O sangue pode obstruir os microvilos aracnóideos, impedindo a

reabsorção de líquor e provocando hidrocefalia aguda comunicante. Pode

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ainda haver obstrução por coágulos do aqueduto cerebral ou Forame de

Monroe, levando ao aparecimento de Hidrocefalia não comunicante (Rolland e

Hill, 1997).

Outra complicação observada em 10 a 15% dos RN com HPIV é o

Infarto Hemorrágico Periventricular, uma lesão parenquimatosa característica,

que consiste em uma região de necrose hemorrágica na substância branca

periventricular. Esta lesão é a atual denominação da HPIV classificada por

Papile (1978) como grau IV. A área de necrose geralmente é assimétrica,

sendo unilateral em 67% dos casos. Pode ser pequena e bem delimitada, mas

em até 50% dos pacientes é extensa. Apesar de ser relativamente pouco

freqüente, associa-se a seqüelas neurológicas graves, em decorrência da

destruição da substância branca periventricular (Papile, 1997). Um dos

mecanismos propostos para explicar a lesão parenquimatosa é a ocorrência de

infarto venoso secundário à obstrução da drenagem venosa da região

periventricular pela hemorragia. Outras hipóteses consideram que as

hemácias, no local da hemorragia, liberam substâncias vasoativas ou outros

agentes que alteram o fluxo sangüíneo periventricular (Volpe, 1997). A

reabsorção do infarto hemorrágico pode promover o aparecimento de grandes

cistos porencefálicos.

A classificação da HPIV mais utilizada pela maioria dos autores é a

descrita por Papile e colaboradores (1978), de acordo com alterações

diagnosticadas por ultrassonografia transfontanela (USTF). Papile classifica

como Grau I a hemorragia restrita à matriz germinativa subependimária, Grau II

a presença de hemorragia na matriz e ventrículos sem dilatação, Grau III

quando ocorre hemorragia intraventricular com hidrocefalia e Grau IV quando

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há hemorragia intra-parenquimatosa. Uma vez que essa classificação pode

sugerir que a hemorragia Grau IV seja extensão dos outros graus, Volpe

(1997), propôs outra classificação ultra-sonográfica da extensão da

hemorragia: Grau I a hemorragia da matriz germinativa com menos de 10% de

sangue no ventrículo lateral, Grau II a hemorragia intraventricular com 10 a

50% de sangue nos ventrículos e Grau III a hemorragia intraventricular com

mais de 50% de sangue no ventrículo lateral. Nesta última classificação, as

hemorragias graus I, II e III podem ou não se acompanhar de hemorragia

parenquimatosa.

A Leucomalácia periventricular (LPV) refere-se à necrose da substância

branca adjacente aos ventrículos laterais, que é secundária a fenômenos

isquêmicos de natureza arterial. É uma lesão isquêmica bilateral e que costuma

evoluir com múltiplos cistos cerebrais. Pode ocorrer associada à HPIV ou

isoladamente. A hidrocefalia também pode complicar a LPV. A hidrocefalia

observada na evolução da LPV é ex-vacum, com dilatação dos ventrículos

laterais de natureza não-hipertensiva. A destruição da substância branca

periventricular leva a atrofia dos tecidos adjacentes aos ventrículos laterais

que, por sua vez, ocupam espaço deixado pelo tecido atrófico (Volpe, 1997).

A associação entre LPV e HPIV é freqüente, podendo ocorrer em até

75% dos casos, e deve-se provavelmente ao fenômeno de reperfusão pós-

isquêmica (Volpe, 1997).

4.1.3 Incidência

A incidência das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no RN

PMT de MBP é bastante variável em diferentes serviços. Esta variação ocorre

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em parte devido a características da população estudada (como por exemplo

peso de nascimento, idade gestacional, presença de outras complicações

associadas e utilização de corticosteróide antenatal) e qualidade do diagnóstico

das lesões que depende da habilidade do profissional que realiza o exame de

imagem (Vohr e Ment, 1996).

A HPIV é a hemorragia intracraniana mais comum no período neonatal.

Quanto menor a idade gestacional, maior a incidência da doença e das formas

graves da hemorragia (que estão associadas a um pior prognóstico

neurológico). A sua incidência vem decrescendo nas últimas décadas, sendo

que no início da década de 80, acometia cerca de 45% dos neonatos de muito

baixo peso, e em meados da década de 90, atingiu 30% desses RN (Doyle et

al, 2000).

Apesar da diminuição na incidência da HPIV nos últimos anos, a doença

continua muito importante, mesmo nos centros com os melhores resultados,

devido ao número crescente de prematuros que nascem e sobrevivem.

Na rede colaborativa neonatal Vermont Oxford Network (VON) em 2007,

com banco de dados deste ano constituído por 46.289 RN de MBP de 760

unidades neonatais, a incidência de HPIV foi de 26% (sendo 9,4% de formas

graves – HPIV graus III e IV) e de LPV de 3,3% (Lopes, 2008). Dados do

National Institute of Child Health and Human Development (NICHD), no período

de 1997 a 2002 com registro de 18.153 RN com MBP, mostraram incidência de

HPIV de 19% (sendo 8% formas graves) e de LPV de 3% (Fanaroff, 2007). No

Brasil, há dados da Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais (RBPN) com 1805

RN com PN menor do que 1500g no período de 2005 a 2008, sendo relatada

uma incidência de HPIV de 31% (formas graves - 10%) e de LPV de 6%.

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4.1.4 Patogênese e Fatores de risco Para a prevenção das lesões cerebrais no RN pré-termo, é importante o

conhecimento de sua patogênese.

O recém-nascido prematuro tem características anatômicas cerebrais e

fisiológicas que o tornam mais susceptível a apresentar lesões cerebrais

hemorrágicas e isquêmicas, quando comparado com um RN a termo.

Uma das características peculiares é a presença da matriz germinativa,

que é a região do cérebro onde se originam e diferenciam as células do

sistema nervoso do feto. É uma estrutura de aspecto gelatinoso, com rico

suprimento vascular e escasso tecido conectivo, situada próxima ao ventrículo

lateral. Esta região sofre um processo de involução com o progredir da idade

gestacional, estando praticamente ausente com 36 semanas de idade

gestacional (Szymonovicz et al, 1986). Por ser uma região de diferenciação

neuronal, a matriz germinativa é altamente vascularizada; porém, seus vasos

são histologicamente imaturos, formados basicamente por uma fina camada de

endotélio, que pode romper-se por diversos fatores. A matriz germinativa se

localiza na região ventro-lateral dos ventrículos laterais. Em um RN de 28 a 32

semanas de idade gestacional, ela é mais proeminente na região do sulco

tálamo-estriado, próximo à cabeça do núcleo caudado, ao nível do Forame de

Monro, local mais comum da hemorragia peri-intraventricular (Volpe, 2001).

O outro fator responsável pela maior ocorrência de lesões cerebrais no

RN prematuro de muito baixo peso é a auto-regulação deficiente do fluxo

sangüíneo cerebral (FSC) nesta população. No recém-nascido normal, com

uma auto-regulação intacta, o FSC mantém-se relativamente constante,

mesmo diante de amplas variações da pressão arterial sistêmica, sem alterar a

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pressão intracraniana (ocorre vasodilatação quando a pressão de perfusão

cerebral diminui e vasoconstrição quando a pressão de perfusão aumenta).

Em RN pré-termo instáveis, submetidos a insultos hipóxico-isquêmicos graves,

ocorre perda dos mecanismos de auto-regulação dos vasos cerebrais e o FSC

torna-se pressão-passivo, ou seja, alterações na pressão arterial sistêmica se

refletem no fluxo cerebral e na pressão intracraniana (Milligan, 1980; Pryds,

1989).

As células do sistema nervoso imaturo são mais susceptíveis a

apresentar lesões secundárias à agressão hipóxico-isquêmica e reperfusão, e

a condições infecciosas perinatais, promovidas por radicas livres e mediadores

inflamatórios, como interleucinas e fator de necrose tumoral (Volpe, 1997).

4.1.4.1 Hemorragia Peri-Intraventricular

O conhecimento dos mecanismos de regulação da circulação cerebral

no recém-nascido é fundamental para a compreensão da patogênese da HPIV.

No recém-nascido normal, o FSC sofre influência da pressão arterial de

oxigênio (PaO2), da pressão arterial de dióxido de carbono (PaCO2), dos

níveis séricos de glicose e da pressão arterial sistêmica. A redução da PaO2

(hipóxia) e a PaCO2 elevada (hipercapnia) resultam em vasodilatação

cerebral importante e aumento do FSC. Por outro lado, a redução da PaCO2

(hipocapnia) causa vasoconstrição e redução do FSC. A hipoglicemia (redução

dos níveis séricos de glicose) acompanha-se de aumento do FSC em

decorrência de vasodilatação (Pryds, 1991).

23

Dois mecanismos básicos foram propostos para explicar a origem da

HPIV. O primeiro sugere que a vasodilatação cerebral decorrente de hipóxia ou

hipercapnia sistêmica é o evento inicial que desencadeia a ruptura dos

capilares da matriz germinativa. O segundo pressupõe que, na presença de

hipotensão sistêmica, ocorre dano à integridade capilar da matriz germinativa

secundário à isquemia, seguido de seu rompimento após um subseqüente

aumento da pressão arterial (Papile, 1997).

A patogênese do sangramento dos vasos da região da matriz

germinativa é multifatorial e ocorre por uma interação de fatores vasculares,

intravasculares e extravasculares, que podem ser simultâneos em um bebê

prematuro (Volpe, 2001).

O fator vascular é a presença e a localização da matriz germinativa em

prematuros com idade gestacional inferior a 32 semanas. Os vasos

histologicamente imaturos da matriz germinativa podem romper facilmente por

vários estímulos.

Os fatores intravasculares podem causar HPIV por vários mecanismos,

como aumento do FSC em resposta a alterações fisiológicas, diminuição do

FSC seguida de reperfusão, flutuações no FSC e aumento da pressão venosa

cerebral.

As situações que levam a um aumento do FSC com conseqüente

rompimento dos vasos da matriz germinativa são: hipertensão arterial,

hipercapnia (Kaiser, 2005), hipoglicemia e anemia aguda (Pryds, 1991). A

hipertensão arterial leva a um aumento abrupto do FSC e pode ocorrer devido

à expansão rápida da volemia, aspiração traqueal, estímulos dolorosos,

manuseio excessivo, pneumotórax e medicações hiperosmolares,

24

particularmente o bicarbonato de sódio (Anand, 1998; Volpe, 2001). A

hipercapnia promove aumento do FSC por vasodilatação cerebral, ocorrendo

comumente na síndrome do desconforto respiratório, apnéia e outras

complicações como o pneumotórax. A hipoglicemia desencadeia aumento no

FSC para compensar a diminuição da oferta de glicose ao cérebro. A anemia

aguda resulta em aumento no FSC, com o objetivo de manter adequada a

oferta de oxigênio cerebral.

A diminuição do FSC, que pode ocorrer no período pré-natal, intraparto

ou pós-natal, desempenha um papel importante para ocorrência de HPIV. A

redução da perfusão cerebral resulta em lesão dos vasos da matriz

germinativa, que posteriormente se rompem quando ocorre reperfusão (Volpe,

2001). No RN pré-termo, a hipotensão sistêmica, que pode ser secundária a

asfixia perinatal, síndrome do desconforto respiratório, persistência do canal

arterial, sepse, insuficiência cardíaca, apnéia e ventilação mecânica, é o

principal fator que contribui para a diminuição do FSC e subseqüente HPIV

(Bada et al, 1990)

Flutuações no FSC também acarretam ruptura dos vasos da matriz

germinativa (Perlman, 1983). As causas das flutuações observadas na

circulação cerebral foram relacionadas primariamente à mecânica ventilatória

(Perlman e Thach, 1988), ocorrendo principalmente em prematuros em

ventilação mecânica, em respiração assincrônica com o respirador. Outras

condições, como a hipercapnia, a agitação, a patência do canal arterial e a

presença de altas concentrações inspiradas de oxigênio também estão

implicadas nas flutuações da velocidade do FSC (Coughtrey et al, 1993).

25

O aumento da pressão venosa cerebral é um dos fatores envolvidos na

gênese da HPIV (Volpe, 2001). Pode ocorrer durante o trabalho de parto e

durante o parto vaginal, ou na vigência de distúrbios cardíacos e respiratórios,

tais como o pneumotórax e a insuficiência cardíaca. Outros fatores que

determinam o aumento da pressão venosa cerebral são a ventilação com

pressão positiva e a aspiração traqueal (Perlman e Volpe,1987; Volpe, 1989a).

Os fatores extravasculares são o suporte vascular deficiente e a

atividade fibrinolítica aumentada (para involução fisiológica da matriz

germinativa), que ocorrem em prematuros com menos de 32 semanas de idade

gestacional e predispõem a sangramento.

4.1.4.2 Leucomalácia Periventricular

A patogênese da LPV é complexa e multifatorial. A prematuridade e a

perfusão cerebral inadequada são causas importantes da lesão cerebral

(Volpe, 2003). A lesão pode ocorrer intra-útero (devido a distúrbios

circulatórios) ou no período pós-natal.

A queda na pressão arterial sistêmica no RN prematuro é o fator crítico

de maior importância para a LPV. A hipotensão sistêmica resulta em redução

imediata do FSC e a lesão cerebral ocorre em função da imaturidade da

reatividade da vasculatura cerebral (Tsuji et al, 2000). A redução do FSC pode

ocorrer no RN pré-termo em resposta a diversas condições, como choque

séptico, asfixia perinatal, hemorragia pulmonar, insuficiência miocárdica,

cardiopatia congênita com baixo débito, persistência do canal arterial e apnéias

persistentes.

26

A vulnerabilidade intrínseca da substância branca no RN pré-termo

parece ter papel importante na patogênese da LPV, juntamente com a

característica da vasculatura periventricular e da auto-regulação deficiente do

FSC. Esta vulnerabilidade deve-se fundamentalmente a fatores locais

metabólicos e hemodinâmicos (capacidade limitada de vasodilatação da

substância branca cerebral frente a fatores como hipotensão, hipoxemia,

hipercapnia) e sensibilidade da oligodendróglia da substância branca,

especialmente vulnerável ao ataque de radicais livres produzidos sob condição

de isquemia-reperfusão, levando a morte celular (Volpe, 2003).

Os mediadores inflamatórios (fator de necrose tumoral, interleucinas)

podem exercer papel de grande importância na lesão da substância branca

cerebral do RN pré-termo (Dammann et al, 2001). A resposta inflamatória da

corioamnionite está associada com maior incidência de LPV e HPIV (Wu e

Colford, 2000).

4.1.5 Repercussões do uso de corticosteróide no desenvolvimento neurológico

Há crescentes evidências de que a exposição ao excesso de

corticosteróide pode ser danosa ao cérebro em desenvolvimento (no período

pré e pós-natal), levando a efeitos neurológicos a longo prazo.

A administração de corticosteróide em gestantes com risco de parto

prematuro é uma intervenção efetiva na prevenção de HPIV e LPV (Crowley,

2006; Roberts e Danzel, 2006), porém é importante levar em consideração o

número de doses e a droga utilizada. A exposição fetal repetida aos

corticosteróides atrasa a mielinização dos axônios. Não há evidências de

27

vantagens na utilização de ciclos múltiplos de corticosteróides em relação ao

curso único, mas possibilidade de efeitos deletérios (Guinn et al, 2001;

Crowther e Harding, 2007; Murphy et al, 2008). Baud e colaboradores (1999)

descreveram um aumento na incidência de LPV com a utilização antenatal de

dexametasona em relação ao uso de betametasona.

Vários estudos demonstraram efeitos neurológicos adversos com o uso

pós-natal de dexametasona. Yeh e colaboradores (2004) descreveram maior

incidência de alterações do crescimento, do quociente de inteligência e do

desenvolvimento motor em recém-nascidos pré-termo que receberam

dexametasona pós-natal. Em RN que utilizaram corticosteróide pós-natal,

observou-se uma redução de 30% do volume da substância cinzenta cerebral

(Baud, 2004). Portanto, o uso de corticosteróides no recém-nascido deve ser

evitado.

4.1.6 Medidas preventivas

A principal estratégia para reduzir os riscos de danos neurológicos,

decorrentes de lesões hemorrágicas e isquêmicas nos recém-nascidos

prematuros, consiste na sua prevenção (Vohr e Ment, 1996).

As medidas preventivas podem ser divididas em maternas, ao

nascimento e pós-natais.

4.1.6.1 Medidas maternas As medidas maternas para prevenção de HPIV e LPV são: diminuição

da prematuridade, transporte das gestantes para centros de referência,

assistência ao trabalho de parto e ao parto e uso de corticosteróide antenatal.

28

A intervenção mais efetiva para redução na incidência de HPIV e LPV é

a prevenção da prematuridade. Para que este objetivo seja atingido, torna-se

fundamental a identificação das gestantes em risco para o parto prematuro, o

atendimento destas pacientes por uma equipe multidisciplinar em unidade de

referência, bem como a identificação precoce dos sinais de parto prematuro

(Volpe, 2001). Na prática, a redução da prematuridade não vem sendo

conseguida, apesar da implementação dessas medidas. O emprego materno

de tocolíticos, como a indometacina, beta-simpaticomiméticos e o sulfato de

magnésio, não parece trazer benefícios em relação à prevenção das lesões

cerebrais (Weintraub et al, 2001).

Quando a prevenção do parto prematuro não é possível, preconiza-se o

transporte da gestante para centros perinatais especializados em alto risco

(Wells e Ment, 1995). Há evidências de que recém-nascidos transportados

intra-útero apresentam uma incidência menor de HPIV do que recém-nascidos

transportados após o parto (Palmer et al, 2005; Schlossman et al, 1997;

Towers et al, 2000). Segundo estes autores, a menor incidência de HPIV

encontrada nos recém-nascidos transportados intra-útero é devido à

disponibilidade imediata de suporte respiratório adequado e à capacidade de

prevenir ou tratar rapidamente a hipóxia e as flutuações da pressão arterial

sistêmica.

O trabalho de parto leva a aumento da pressão no crânio complacente

do prematuro e eleva o risco de HPIV. O trabalho de parto prolongado e a

apresentação pélvica acentuam estes efeitos. Não há consenso entre os

obstetras sobre a via ideal de parto para o prematuro no intuito de diminuir a

incidência HPIV. Embora os achados favoreçam o parto cesáreo, há muita

29

discussão em relação ao uso eletivo deste para todo PMT de muito baixo peso

e fatores relacionados à morbidade materna e ao futuro obstétrico da gestante

(Malloy et al, 1991; Shankaran et al, 1996).

A corioamnionite está associada significativamente à maior incidência de

LPV e HPIV (Wu e Colford, 2000). É importante que o obstetra reconheça

precocemente as gestantes com corioamnionite clínica e indique a interrupção

da gestação antes que o feto fique exposto a mediadores inflamatórios, que

podem comprometer o prognóstico neurológico a longo prazo dos recém-

nascidos.

A administração de antibiótico após a ruptura prematura de membranas

ovulares (RPMO) está associada a um atraso no início do trabalho de parto e a

uma redução dos principais marcadores de morbidade neonatal. Kenyon e

colaboradores (2008) recomendam o uso de rotina de antibióticos na RPMO.

O uso de corticosteróide antenatal é uma intervenção pré-natal

comprovadamente efetiva na redução da incidência de HPIV e LPV (Crowley,

2006). Atua tanto de forma indireta, por indução da maturidade pulmonar e

estabilização hemodinâmica, como de forma direta, por meio da maturação dos

vasos da matriz germinativa. Em revisão sistemática realizada por Roberts e

Danziel (2006) concluiu-se que o ciclo único de corticosteróide antenatal,

administrado em gestantes entre 24 e 34 semanas, com risco de parto

prematuro, reduz a incidência de hemorragia peri-intraventricular (RR 0,54,

IC95 0,43-0,69) além de outras morbidades neonatais. A utilização não

aumentou o risco de corioamnionite ou sepse puerperal e é efetiva em

gestantes com rotura prematura de membranas ovulares. Murphy e

colaboradores (2008) através de ensaio clínico, concluíram que múltiplos

30

cursos de corticosteróide antenatal não melhoraram os desfechos neonatais e

estão associados com redução no crescimento fetal. Recomenda-se a

administração de duas doses de Betametasona 12 mg a cada 24 horas, por via

intramuscular, em gestantes com idade gestacional entre 24 e 34 semanas e

risco de parto prematuro. Foi demonstrado que o uso antenatal de

dexametasona está associado com maior risco de leucomalácia periventricular

(Baud, 1999). Foram descritos resultados melhores quando se utiliza a

betametasona, em comparação com a dexametasona (Lee, 2006).

Outras drogas, como o Fenobarbital e a Vitamina K, foram estudadas

com o com o objetivo de prevenção da HPIV, quando administradas à gestante.

Porém, não foi comprovada efetividade e segurança para sua utilização

(Crowther e Henderson-Smart, 2008; Kazzi, 1989; Shankaran et al, 1997).

4.1.6.2 Medidas ao nascimento Durante a reanimação neonatal é importante que se evite situações que

levem a flutuações no fluxo sangüíneo cerebral e conseqüente HPIV. São

portanto medidas importantes: a presença de equipe habilitada para

assistência ao recém-nascido de risco; o cuidado com a ventilação manual dos

RN devido ao risco de ocorrência de hipocapnia ou hipercapnia levando a

alterações do FSC; evitar a infusão rápida de volume e o emprego de drogas

hiperosmolares como o bicarbonato de sódio; evitar a hipotermia após o

nascimento (Carteaux et al, 2003).

31

4.1.6.3 Medidas pós-natais As intervenções pós-natais relacionadas com menor incidência de HPIV

e LPV são: a estabilização cardio-respiratória do RN antes da administração de

surfactante; evitar flutuações no fluxo sangüíneo cerebral; medidas para

redução da dor e estresse no RN; posicionamento da cabeça; otimização do

tratamento da hipotensão; manejo ventilatório adequado; evitar uso de

bicarbonato de sódio (Carteaux et al, 2003).

A administração do surfactante pode provocar diminuição ou flutuação

do FSC e, se o prematuro estiver hemodinamicamente instável, estas

alterações poderão ser agravadas, predispondo à ocorrência da hemorragia

intracraniana (Kaiser et al, 2004). Portanto, deve-se manter a estabilidade

cardio-respiratória do RN antes da administração de surfactante. Recomenda-

se administração do surfactante após obtenção de freqüência cardíaca maior

ou igual a 100 batimentos por minuto e Saturação de oxigênio maior ou igual a

90% (Carteaux et al, 2003). O objetivo é que o surfactante seja administrado

em RN elegíveis (que atingiram estes parâmetros), dentro de vinte minutos

após o parto (Kendig et al, 1998; Morley, 2001; Soll et al, 2001)

A assincronia ventilatória causa flutuações no FSC. A ventilação

mandatória intermitente sincronizada (SIMV), que é desencadeada pela própria

inspiração do recém-nascido, reduz a variabilidade do FSC e é uma medida

recomendada para prevenção da HPIV (Greenough et al, 2008). Alguns

trabalhos demonstraram redução na flutuação do FSC com o uso de relaxantes

musculares para RN em ventilação mecânica, porém sua utilização não é

recomendada devido a efeitos colaterais importantes e ausência de melhores

32

resultados na prevenção das lesões cerebrais quando comparado ao uso de

SIMV (Alexander e Todres, 1998; Shaw, 1993).

O papel da ventilação de alta freqüência na prevenção das lesões

cerebrais ainda é controverso (Henderson-Smart et al, 2007).

É importante a otimização da assistência ventilatória, no sentido de

evitar a ocorrência de hipocapnia e hipercapnia, com conseqüente redução e

aumento do FSC respectivamente (Fabres et al, 2007). Recomenda-se que a

PaCO2 não seja menor do que 40 mmHg (Carteaux et al, 2003). A hipercapnia

permissiva leve é recomendada para prevenção de lesão pulmonar no RN, não

havendo ainda evidências do seu papel na prevenção de lesões neurológicas.

Em ensaio clínico randomizado (Hagen et al, 2008) não foi demonstrado risco

maior de lesão cerebral com a utilização desta prática, podendo ser

considerada no manejo de RN de MBP.

Os estímulos dolorosos e outras causas de estresse no RN manifestam-

se com aumentos abruptos da freqüência cardíaca, da pressão arterial, da

pressão intracraniana e diminuição da saturação arterial de oxigênio. Estas

alterações fisiológicas estão implicadas na gênese da HPIV. A contração do

diafragma associada à dor aguda e à expiração forçada, que ocorre durante o

choro, também causam alterações substanciais da pressão intratorácica no

recém-nascido sob ventilação mecânica, que, por sua vez, resultam em

alterações do fluxo sangüíneo e da perfusão cerebral. Respostas vagais após

procedimentos invasivos, tais como, aspiração traqueal, passagem de sonda

gástrica e punção de calcanhar também induzem alterações do FSC e da

oxigenação (Anand, 1998). Todos estes fatores levam ao aparecimento ou

agravamento das lesões neurológicas hemorrágicas e isquêmicas. Portanto,

33

devem ser tomadas medidas para prevenir a dor e o estresse no RN (American

Academy of Pediatrics, 2006; Anand, 2001). As medidas recomendadas são:

utilização de escalas validadas para avaliar a dor no RN PMT; administração

de analgésicos de modo racional e objetivo; utilização protocolos de

manipulação mínima e redução do número de procedimentos realizados;

aspiração de cânula traqueal e realização de fisioterapia apenas quando

houver indicação (Harding et al, 1998; Kaiser et al, 2008); utilização de

medidas não farmacológicas (sucção não nutritiva, glicose hipertônica oral,

método canguru e posicionamento) para procedimentos menores (como

punções venosas periféricas, aspiração de cânula traqueal, punção de

calcanhar); redução do nível de ruídos e iluminação na unidade neonatal;

analgesia com opióides para intubação orotraqueal eletiva, inserção e retirada

de dreno torácico, procedimentos cirúrgicos e no pós-operatório.

A administração de opióides em infusão contínua em RN pré-termo em

ventilação mecânica não é recomendada, devido aos efeitos adversos em curto

prazo e possibilidade de seqüelas neurológicas tardias (Bellù et al, 2008).

Estudos indicam que quando a cabeça do prematuro está virada para o

lado há comprometimento do retorno venoso jugular e pode haver aumento da

pressão intracraniana e do FSC (Cowan, 1985; Emery, 1983). Portanto,

preconiza-se que o prematuro permaneça com a cabeça em posição neutra na

primeira semana de vida (Carteaux et al, 2003).

O manejo adequado da hipotensão é importante para prevenção das

lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no RN de MBP (Limperodoulos et

al, 2007). Expansões rápidas e repetidas de volume devem ser evitadas.

Somente se justifica a realização de expansão volumétrica na presença de

34

hipovolemia evidente, o que é raro no RN prematuro. Quando indicada, devem

ser realizadas no máximo duas expansões e com tempo de infusão maior do

que trinta minutos (Carteaux, 2003). Não há evidências definindo um limite

mínimo da pressão arterial que caracterize a hipotensão arterial no RN pré-

termo; outros sinais clínicos além da pressão arterial, como perfusão periférica

e diurese devem ser considerados antes de se indicar tratamento agressivo de

hipotensão arterial (Barrington, 2008; Ibrahim, 2008).

A associação da administração de bicarbonato de sódio com HPIV já foi

demonstrada desde 1978 por Papile et al. Em revisão realizada por Ashner e

Poland (2008), não foram encontradas evidências que embasem a utilização de

bicarbonato de sódio em RN com acidose metabólica. Efeitos adversos

demonstrados incluem flutuações no FSC, hemorragia intracraniana,

diminuição no transporte de oxigênio para os tecidos, piora da acidose intra-

celular, agravamento da lesão miocárdica e deterioração da função cardíaca.

Ao invés da administração de bicarbonato de sódio, esforços devem ser

concentrados no reconhecimento e tratamento da causa de base da acidose.

Vários estudos têm sido realizados sobre a utilização de medicações no

período pós-natal com o objetivo de prevenir lesões cerebrais no RN

prematuro: fenobarbital (Whitelaw e Odd, 2007), indometacina (Fowlie, 1996;

Schmidt et al, 2000), etamsilato (Schulte et al, 2005) e vitamina E (Law et al,

1990). Até o momento, o emprego de nenhuma destas drogas é recomendado,

devido à ausência de evidências de benefício ou segurança para sua utilização.

Uma metanálise de estudos randomizados, que avaliou o uso profilático

(até 24 horas de vida) de indometacina, registrou redução na incidência de

HPIV (Fowlie, 1996). Porém, outro estudo bem conduzido que avaliou o

35

seguimento das crianças a curto e longo prazo, não demonstrou menor

incidência de paralisia cerebral ou um melhor desenvolvimento cognitivo no

grupo que usou a indometacina (Schmidt et al, 2001). Até o momento não há

evidências para utilização de indometacina profilática como rotina.

4.1.7 Diagnóstico

Segundo Volpe (2001), em 50% dos pacientes a HPIV ocorre no

primeiro dia de vida, em 25% no segundo dia e em 15% no terceiro dia.

Portanto, em cerca de 90% dos recém-nascidos com HPIV, o diagnóstico pode

ser realizado até o quarto dia de vida.

Grande parte dos RN é assintomática ou apresenta manifestações

clínicas inespecíficas. Portanto a realização de exames de imagem é

fundamental para o diagnóstico das lesões (Volpe, 2001).

A ultra-sonografia transfontanela (USTF) é o método de escolha para

diagnóstico das lesões cerebrais no RN (Volpe, 2001), devido ao seu baixo

custo, facilidade e rapidez de sua execução, possibilidade de realização à beira

do leito e o fato desta técnica não necessitar de sedação e não utilizar radiação

ionizante, o que permite a repetição do exame em um mesmo paciente sem o

risco de causar dano celular.

Recomenda-se a realização de USTF em todos os RN com menos de 30

semanas de IG, e para aqueles com PN menor do que 1500 g e/ou IG menor

do que 34 semanas que apresentaram intercorrências clínicas importantes.

Deve-se realizar o exame entre sete e quatorze dias de vida. A freqüência dos

exames de controle dependerá da presença e gravidade da lesão detectada.

Mesmo quando o resultado inicial é normal, a USTF deve ser repetida com 36

36

a 40 semanas de idade gestacional corrigida, para avaliação de complicações

como a leucomalácia periventricular e ventriculomegalia (Ment et al, 2002).

4.1.8 Prognóstico

O sistema nervoso central (SNC) da criança é um sistema em constante

evolução e transformação. Desde a vida intra-uterina, ele se desenvolve e

amadurece e esse desenvolvimento se processa até a idade adulta. Agravos

que comprometam o SNC irão resultar em atraso, regressão ou interrupção do

desenvolvimento neuropsicomotor. A lesão isquêmica ou hemorrágica dos

axônios e mielina da região periventricular ocorre em um período vulnerável do

desenvolvimento do cérebro, podendo estar associado com lesões cerebrais

devastadoras e seqüelas neurológicas.

A evolução a longo prazo dos neonatos portadores de HPIV e LPV é

preocupante. Segundo Volpe (2001), 5 a 15% dos RN abaixo de 1500 g que

sobrevivem, apresentam déficits motores espásticos (sendo agrupados em

paralisia cerebral) e 25 a 30% exibem incapacidades menores que envolvem

também a cognição e o comportamento, com distúrbios escolares.

O prognóstico a longo prazo das crianças com diagnóstico de HPIV varia

com a gravidade da lesão, presença de outras lesões associadas e

complicações (LPV, Infarto hemorrágico periventricular e Hidrocefalia), idade

gestacional/peso de nascimento e presença de outras doenças que

comprometam o desfecho neurológico. RN pré-termo menores de 1000 g com

HPIV graus I e II tem chance duas vezes maior de paralisia cerebral e déficit

cognitivo do que RN com o mesmo peso sem a lesão (Patra et al, 2006). 30 a

40% das crianças com HPIV grau III tem risco elevado de comprometimento

37

motor e cognitivo, com incidência ainda maior de seqüelas se houver LPV

associada (o que ocorre freqüentemente). Na maioria dos estudos, a HPIV

grau III e o infarto hemorrágico periventricular (“HPIV grau IV”) são avaliados

concomitantemente (Sherlock et al, 2005).

O infarto hemorrágico periventricular é uma complicação grave da HPIV.

A mortalidade é de 40% no período neonatal e cerca de 90% dos pacientes

tem desenvolvimento neurológico comprometido, principalmente hemiplegia

espástica, retardo mental, déficit visual grave e epilepsia (Bassan et al, 2006).

A LPV é um das principais causas de seqüelas motoras, cognitivas,

comportamentais e sensoriais no RN com IG menor do que 32 semanas

(Volpe, 2003). A incidência de paralisia cerebral é de cerca de 10%,

aumentando com menor idade gestacional. Cerca de 50% das crianças tem

dificuldade escolar. A forma mais comum de paralisia cerebral é a diplegia

espástica.

4.2 Importância do conhecimento técnico de profissionais de

saúde para a Qualidade da Assistência

Donabedian, em 1988, definiu qualidade de assistência considerando a

tríade: estrutura, processo e resultado. Fazem parte da estrutura os recursos

humanos, os recursos materiais e as características da área física.

Caracterizam-se como processo, as atividades praticadas pelos profissionais, e

como resultado, as mudanças ocorridas no estado de saúde do paciente,

38

decorrentes da assistência prestada. A qualidade do resultado depende da

integração da estrutura com o processo.

O profissional de saúde é fundamental para a qualidade da assistência,

pois representa um dos elementos da estrutura, e sua ações (processo) estão

diretamente relacionadas com melhores resultados. Unidades neonatais com

recursos semelhantes podem ter resultados muito diferentes, como

demonstrado em vários estudos internacionais e nacionais (Gianini, 2001;

Kusuda et al, 2006; Lee et al, 2000; Menezes, 2005). Esta variabilidade de

resultados está relacionada com a incorporação de práticas assistenciais sem

base científica.

O conhecimento técnico adequado por parte dos profissionais, baseado

nas melhores evidências científicas disponíveis, é um dos pontos essenciais

para a efetividade das práticas adotadas e melhoria dos resultados.

A medicina baseada em evidências (MBE) pode ser definida como o

“uso consciente, explícito e judicioso da melhor evidência disponível na

literatura médica para tomar decisões em relação ao manejo dos pacientes”

(Sacket et al, 1997). Podemos considerá-la também como o processo

sistemático de selecionar, analisar e aplicar resultados válidos de publicações

científicas como base para as decisões clínicas e escolha da melhor

abordagem. O que se considera como "evidências" são estudos clínicos

publicados em periódicos ou bancos de dados eletrônicos, sob forma de artigos

originais, revisões sistemáticas, avaliação tecnológica em saúde e diretrizes. A

utilização da MBE, torna a prática assistencial mais efetiva, resultando em

melhores desfechos. A MBE deve ser considerada como uma ferramenta que

agrega valor à experiência clínica e às necessidades do paciente, auxiliando a

39

tomada de decisão em saúde para instituição de condutas que tragam

benefícios ao invés de prejuízos e promovendo o uso mais racional dos

recursos tecnológicos.

4.3 Papel de Redes Colaborativas Neonatais

As redes colaborativas neonatais, com construção de bancos de dados

e realização de pesquisas em neonatologia, têm contribuído para melhoria da

qualidade da assistência.

Uma importante rede colaborativa neonatal é a Vermont Oxford Network

(VON), que é constituída atualmente por 760 unidades neonatais, presentes

em todos os continentes, e apresenta um banco de dados com mais de 40.000

RN por ano, com peso de nascimento entre 401 e 1500 g, admitidos nas

unidades participantes.

A VON foi estabelecida em 1989, com o objetivo de aprimorar a

efetividade e a eficiência da assistência ao RN e suas famílias, através de um

programa coordenado de pesquisa, educação e projetos para melhoria da

qualidade, integrando a pesquisa com a prática diária. O banco de dados é

uma fonte ímpar de informações para pesquisa epidemiológica e avaliação de

desfechos. A VON tem ainda o objetivo de gerar conhecimento e evidências

para a prática, através da realização de ensaios clínicos randomizados (Horbar,

1999).

Visando atingir melhorias mensuráveis na qualidade e segurança do

cuidado intensivo neonatal, a VON criou a Evidence-Based Quality

Improvement Collaborative for Neonatology, Neonatal Intensive Care Quality

40

Improvement Collaborative Year 2000 (NIC/Q). Grupos focais multicêntricos e

multidisciplinares foram criados para avaliação e implementação de melhores

práticas relativas a tópicos selecionados, integrando fatores estratégicos,

culturais, técnicos e estruturais. Os participantes da NIC/Q 2000, para alcançar

as melhores práticas com enfoque clínico, operacional e organizacional,

aplicaram quatro princípios: medicina baseada em evidências, aprendizado

colaborativo, pensamento sistemático e o princípio da mudança (Horbar et al,

2003).

Dentre o conjunto de práticas elaboradas e implementadas pela NIC/Q,

para diversos temas em neonatologia, estão as práticas para prevenção das

lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no recém-nascido de muito baixo

peso.

Após a iniciativa de implementação das boas práticas, duas análises

foram publicadas (Carteaux et al, 2003; McLendon et al, 2003), com proposição

de práticas potencialmente melhores para prevenção das lesões cerebrais

isquêmicas e hemorrágicas no recém-nascido de muito baixo peso. Foi

destacado o conhecimento das práticas, a sua difusão entre os profissionais

das unidades e o monitoramento da sua aplicação.

4.4 Práticas potencialmente melhores para prevenção de

lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no recém-

nascido de muito baixo peso

Em 1999, equipes multidisciplinares de cinco unidades neonatais, que

participavam do NIC/Q 2000 da VON, formaram um grupo com o objetivo de

41

melhorar os desfechos relacionados à HPIV e LPV. A equipe de cada unidade

foi constituída por neonatologistas, enfermeiros e fisioterapeutas. Um dos

objetivos do grupo foi atingir redução mensurável nas taxas de HPIV e LPV,

através da implementação de práticas potencialmente melhores de prevenção

das lesões.

Inicialmente, o grupo identificou vinte e cinco possíveis práticas

potencialmente melhores. Foi realizada revisão da literatura e avaliada a

qualidade de evidência para cada prática identificada.

O nível de evidência adotado para o estudo foi o seguinte: nível 1 - pelo

menos uma revisão sistemática de múltiplos ensaios clínicos randomizados;

nível 2 – pelo menos um ensaio clínico randomizado, bem desenhado e com

amostra apropriada; nível 3 – ensaios clínicos bem desenhados sem

randomização, estudos de coorte, estudos pré-pós, séries históricas e estudos

de caso controle combinados; nível 4 – estudos não experimentais bem

desenhados, preferencialmente de mais de um centro ou grupo de pesquisa;

nível 5 – opinião de autoridades respeitadas baseadas em evidência clínica,

descrição; estudos ou relatos de comunidades de especialistas; nível 6 –

baseado em teoria causal da doença ou patogênese; nível 7 – baseado na

experiência ou intuição.

As práticas selecionadas pelo grupo de NIC/Q e o nível de evidência

encontrado estão descritos na tabela 1. O nível de evidência foi atualizado

levando-se em consideração estudos mais recentes.

O presente estudo avaliou o conhecimento dos profissionais sobre a

prevenção das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no RN prematuro

de MBP, com base nestas recomendações da NIC/Q da VON.

42

Tabela 1 – Práticas potencialmente melhores para prevenção de Lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no RN de MBP

Práticas Nível de Evidência

1- Otimizar o uso de corticosteróide antenatal - Administrar betametasona antenatal - Evitar dexametasona antenatal

1 4

2 – Otimizar a assistência periparto - Parto em unidade com UTI neonatal - Assistência ao trabalho de parto e parto realizada por especialistas - Administração de antibióticos para ruptura prematura de membranas - Reanimação na sala de parto realizada por neonatologista e equipe experiente - Manter a temperatura do RN ≥ 36 °C - Manter estabilidade cardio-respiratória durante a administração de surfactante

3 7

1

4

2 2

3 – Assistência clínica realizada por neonatologistas 4 4 – Medidas para prevenção de dor e estresse - Redução de ruídos - Minimizar manuseio - Minimizar iluminação - Uso judicioso de narcóticos - Evitar punção lombar antes de 72 horas de vida

3 2 7 2 4

5- Manter posição neutra da cabeça 4 6- Otimizar tratamento da Hipotensão - Utilizar reposição de volume apenas para tratar hipovolemia evidente; utilizar no máximo duas expansões e com tempo de infusão maior do que 30 minutos.

2

7- Uso judicioso de indometacina pós-natal 1 8 - Otimizar assistência ventilatória - Utilizar SIMV - Evitar hipocapnia (manter PaCO2 ≥ 40 mmHg) - Evitar fisioterapia de rotina - Evitar aspiração de cânula traqueal de rotina

1 3 2 2

9 - Limitar o uso de Bicarbonato de sódio 3 10- Evitar uso de dexametasona pós-natal 2

Adaptado de Carteaux et al, 2003

43

5. Hipóteses

O conhecimento dos profissionais de saúde de nível superior, que atuam

em unidades neonatais, sobre as práticas para prevenção das lesões cerebrais

hemorrágicas e isquêmicas em prematuros de muito baixo peso, é inadequado

e não é uniforme entre diferentes unidades.

O nível de conhecimento é influenciado pela formação especializada e

pela atuação destes profissionais em unidades relacionadas ao ensino.

44

6. Materiais e Métodos

6.1 Desenho do estudo

Foi realizado um estudo descritivo transversal e adotada uma

abordagem quantitativa, para avaliação do conhecimento de profissionais de

saúde.

6.2 Cenário

O estudo foi realizado em unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN)

públicas, localizadas no município do Rio de Janeiro.

Foram incluídas no estudo apenas as unidades exclusivamente

neonatais, situadas em hospitais que possuíam maternidade, em

funcionamento há pelo menos dois anos e com mais de 70% da equipe com

vínculo estável.

Preencheram o critério adotado onze UTIN. Quatro unidades foram

classificadas como relacionadas ao ensino, por estarem vinculadas a

universidade ou apresentarem programa de pós-graduação em neonatologia

credenciado pelo Ministério da Educação.

45

6.3 População

A população avaliada foi constituída por profissionais de saúde de nível

superior, que assistem recém-nascidos prematuros de muito baixo peso

internados em UTIN.

Foram incluídos no estudo médicos neonatologistas, enfermeiros e

fisioterapeutas, que atuavam nas UTIN elegíveis para a pesquisa, conforme os

critérios estabelecidos.

A opção por avaliação apenas dos profissionais de nível superior

baseou-se nas recomendações da literatura em relação à assistência ao

recém-nascido prematuro de muito baixo peso, que deve ser realizada pelo

profissional mais qualificado.

A escolha dos profissionais avaliados (neonatologistas, enfermeiros e

fisioterapeutas) teve como justificativa o envolvimento maior destes

profissionais na assistência ao RN de MBP em sua primeira semana de vida,

que é o período de maior risco para a ocorrência das lesões cerebrais

hemorrágicas e isquêmicas. Além disso, a equipe multiprofissional da NIC/Q

2000 da VON que contribuiu para a avaliação e implementação das práticas

para prevenção das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas, utilizadas

como referência para este estudo, foi constituída por neonatologistas,

enfermeiros e fisioterapeutas.

Não foram incluídos no estudo estagiários e residentes, bem como os

profissionais que atuavam apenas em ambulatório, rotina de alojamento

conjunto e rotina de unidade intermediária neonatal das unidades selecionadas.

46

6.4 Amostra

A partir de listas nominais fornecidas pelas chefias das unidades

incluídas no estudo, a população de profissionais das onze unidades que

preencheram os critérios estabelecidos foi constituída por 328 médicos, 194

enfermeiros e 25 fisioterapeutas. Os profissionais com atuação em mais de

uma unidade, foram considerados para cálculo da população e amostra apenas

na unidade que trabalhavam há mais tempo. Os profissionais com mais de uma

matrícula na mesma unidade foram considerados apenas uma vez.

A amostra de cada categoria profissional foi calculada considerando o

interesse de se estimar uma proporção em uma população finita. Foi

considerada uma prevalência estimada de conhecimento de 50%, tolerando

erro amostral de 10% e com nível de confiança de 95% (α=0,05). A amostra foi

calculada para cada categoria profissional e estratificada por unidade, sendo

distribuída proporcionalmente nas diferentes unidades de acordo com a

população de cada unidade. O número total calculado foi de 159 profissionais,

sendo 75 neonatologistas, 64 enfermeiros e 20 fisioterapeutas.

Foram realizadas em média quatro visitas a cada unidade incluída na

pesquisa, em diferentes dias e horários, no período de abril a outubro de 2009,

sendo utilizada amostra de conveniência. Participaram do estudo os

profissionais que preenchiam os critérios de inclusão e encontravam-se

presentes na unidade no momento da visita da pesquisadora.

A população de cada unidade que preencheu os critérios de inclusão do

estudo (já excluídos os profissionais que atuavam em mais de uma unidade

participante) e a amostra calculada por unidade estão descritas na tabela 2. As

47

primeiras quatro unidades da tabela foram classificadas como relacionadas ao

ensino, de acordo com os critérios já mencionados.

Tabela 2 – População e Amostra calculada por unidade e por categoria profissional

Unidade Médico N n

Enfermeiro N n

Fisioterapeuta N n

1 21 5 13 4 1 1 2 9 2 7 2 0 0 3 29 7 11 4 2 2 4 27 6 34 11 9 7 5 30 7 38 13 0 0 6 28 6 17 6 1 1 7 47 10 22 7 3 2 8 30 7 18 6 4 3 9 38 9 12 4 2 0

10 31 7 7 2 0 0 11 38 9 15 5 3 2

Total 328 75 194 64 25 20

N – População de cada unidade selecionada considerada para cálculo da amostra n - Amostra calculada por unidade Unidades relacionadas ao ensino

6.5 Coleta de dados

O instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário

validado semi-estruturado (apêndice 1), elaborado pelo pesquisador, composto

por questões relativas às características dos profissionais e práticas para

prevenção das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no RN prematuro

de MBP. Para elaboração da estrutura do questionário foram utilizadas como

referencial outras pesquisas com enfoque semelhante (Santos, 2006;

Medeiros, 2006). Para construção das perguntas foram utilizadas as

recomendações da NIC/Q 2000 da VON (tabela 1). Todas as medidas

48

preventivas recomendadas foram abordadas no questionário, porém foram

consideradas como temas fundamentais (domínios), as seguintes práticas: uso

de corticosteróide antenatal e pós-natal (7 itens), assistência ao recém-nascido

em sala de parto (11 itens), assistência ventilatória (18 itens), manejo da

hipotensão (5 itens) e prevenção e tratamento da dor e estresse no RN (19

itens), devido à relevância das práticas relacionadas a estes temas para

prevenção das lesões neurológicas no PMT de MBP. A parte do questionário

referente às práticas para prevenção das lesões cerebrais foi constituída por

vinte questões, sendo três abertas e dez inseridas em caso clínico. Cada

questão apresentou vários itens relacionados às práticas recomendadas.

Práticas relevantes foram abordadas no questionário mais de uma vez e de

diferentes formas.

O questionário foi auto-aplicado, não identificado e preenchido na

presença do pesquisador, sem consulta a qualquer material.

A validade de conteúdo do questionário foi verificada através de

instrumento (apêndice 3) já utilizado em outras pesquisas para avaliação de

conhecimento de profissionais de saúde (Santos, 2006; Medeiros, 2006).

A validação do questionário foi realizada por cinco especialistas, sendo

três neonatologistas, um enfermeiro e um fisioterapeuta. Foi adotado como

ponto de corte para validade de conteúdo o valor de 75% da pontuação

máxima do instrumento como um todo, tomando-se como base publicações

sobre validação de instrumentos (Streiner, 1995). Considerando-se a análise

dos cinco especialistas, obteve-se, na avaliação inicial, pontuação média de

83,4% (89,8%; 86,7%; 71,4%; 81,6%; 87,3). As sugestões dos especialistas

49

foram consideradas e as alterações pertinentes foram realizadas no

instrumento.

6.6 Análise dos dados

O armazenamento e a análise dos dados foram realizados no programa

Epi Info, versão 3.5.1. Os dados de cada categoria profissional foram

armazenados e analisados em bancos distintos.

Para as variáveis categóricas foram calculadas as prevalências e

proporções e para as variáveis contínuas as médias e desvios padrões.

As comparações de médias e proporções foram realizadas através do

teste não paramétrico de Mann-Whitney.

As questões do instrumento relativas às características dos profissionais

não receberam pontuação e os dados sobre a unidade, experiência e formação

profissional foram utilizados como variáveis para as associações durante a

análise.

O questionário foi constituído por 20 questões relativas às práticas

recomendadas para prevenção das lesões cerebrais hemorrágicas e

isquêmicas no RN PMT de MBP. Para cada questão completa foi atribuído 1

ponto e para cada subitem da questão foi considerado valor proporcional. Foi

calculado o percentual total de acertos das questões.

Para cálculo do percentual de acertos de cada tema (uso de

corticosteróide antenatal e pós-natal, assistência ao recém-nascido em sala de

parto, assistência ventilatória, manejo da hipotensão e prevenção e tratamento

50

da dor e estresse no RN) foram considerados todos os itens relacionados que

se encontravam distribuídos em mais de uma questão, em contextos

diferentes.

6.7 Questões Éticas

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

responsável por cada unidade neonatal avaliada, de acordo com a resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Anexos 1 a 6).

A Direção e as Chefias das unidades participantes da pesquisa

receberam carta de apresentação do projeto (Apêndice 4) e autorizaram sua

realização.

Todos os profissionais de saúde participantes assinaram Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foi respeitado o sigilo de

identidade dos profissionais.

Atendendo às exigências de cada Comitê de Ética em Pesquisa

consultado foram elaborados TCLE específicos para cada unidade (Apêndice

11.5).

51

7. Resultados O questionário utilizado como instrumento da pesquisa foi aplicado a 75

médicos, 64 enfermeiros e 20 fisioterapeutas, distribuídos nas unidades

participantes, conforme descrito na tabela 2. Nas unidades relacionadas ao

ensino (URE) responderam ao questionário, 20 médicos, 21 enfermeiros e 10

fisioterapeutas e, nas unidades não relacionadas ao ensino (UNRE),

participaram da pesquisa 55 médicos, 43 enfermeiros e 10 fisioterapeutas.

A análise de cada categoria profissional foi realizada de forma

individualizada, pois não foi objetivo da pesquisa a comparação do

conhecimento entre médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. As tabelas e a

descrição dos dados foram apresentadas em conjunto.

7.1 Características dos profissionais As características dos médicos, enfermeiros e fisioterapeutas estão

descritas na tabela 3, sendo estratificadas por URE e UNRE.

Para todas as categorias profissionais, predominou o sexo feminino.

A média de tempo de formado foi de 16,6 anos para médicos, 12,5 anos

para enfermeiros e de 8,4 anos para fisioterapeutas. O tempo de formado dos

médicos das URE (12,1 anos) foi significativamente menor do que o das UNRE

(18,3 anos). A maior proporção dos médicos encontrava-se na faixa de 20 ou

mais anos de formado (30,7%), sendo que 38,2% dos profissionais das UNRE

encontravam-se nesta faixa. Não houve diferença estatisticamente significativa

quando comparadas as médias de anos de formado dos enfermeiros e

52

fisioterapeutas das URE com as dos profissionais das UNRE. A maior

proporção de tempo de formado dos enfermeiros foi na faixa de 10 a 14 anos

(35,9%) e dos fisioterapeutas na faixa de 5 a 9 anos (60%).

O tempo de trabalho em neonatologia foi em média 12,4 anos para

médicos, 9,1 anos para enfermeiros e 4,9 para fisioterapeutas. Os enfermeiros

das URE apresentaram menor tempo de trabalho em neonatologia (6,8 anos)

do que os das UNRE (10,1 anos), diferença estatisticamente significativa. Em

relação aos médicos e fisioterapeutas, não houve diferença estatisticamente

significativa quando comparadas as médias das URE com as das UNRE. A

faixa de tempo de trabalho em neonatologia em que se encontrava a maioria

dos profissionais foi de 10 a 14 anos para médicos (40%) e enfermeiros

(35,9%) e de 5 a 9 anos para fisioterapeutas (50%). Observou-se ainda que

38,1% dos enfermeiros e 60% dos fisioterapeutas das URE apresentavam

menos de cinco anos de experiência em neonatologia.

A proporção de profissionais que possuíam residência médica ou

especialização em neonatologia foi de 54,7% para médicos, 65,6% para

enfermeiros e 50% para fisioterapeutas. Em relação aos médicos, esta

proporção foi significativamente maior para os profissionais das URE (75%)

quando comparada com a dos médicos das UNRE (47,3%). Esta diferença não

foi observada em relação aos enfermeiros e fisioterapeutas.

Verificou-se que 44,6% dos médicos apresentavam título em

neonatologia, sendo este percentual mais elevado nas URE (55%) do que nas

UNRE (40,7%). 13,5% dos médicos não apresentavam nenhum título de

especialista. Esta variável não foi analisada para enfermeiros e fisioterapeutas.

53

Tabela 3 - Características dos profissionais por categoria, estratificadas por unidade

Profissionais MÉDICOS ENFERMEIROS FISIOTERAPEUTAS

VARIÁVEIS Total n=75

URE n=20

UNRE n= 55

Total n=64

URE n=21

UNRE n=43

Total n=20

URE n=10

UNRE n= 10

Sexo Feminino

Masculino

n (% ) 69 (92) 6 (8)

n (%) 17 (85) 3 (15)

n (%) 52 (94,5) 3 (5,5)

n (%) 58(90,6) 6 (9,4)

n (%) 19(90,5) 2 (9,5)

n (%) 39 (90,7) 4 (9,3)

n (%) 18 (90) 2 (10)

n (%) 9 (90) 1 (10)

n (%) 9 (90) 1 (10)

Tempo de formado

- Média ± DP

- Por Faixa < 5 anos 5 - 9 anos

10-14 anos 15-19 anos ≥ 20 anos

16,6±8,2 anos

n (%) 4 (5,3) 12 (16) 16 (21,3) 20 (26,7) 23 (30,7)

12,1±6 anos *

n (%) 3 (15)

4 (20) 5 (25) 6 (30) 2 (10)

18,3±8,3 anos *

n (%) 1 (1,8) 8 (14,5) 11 (20) 14 (25,5) 21 (38,2)

12,5±7 anos

n (%) 8 (12,5) 14 (21,9) 23 (35,9) 10 (15,6) 9 (14,1)

11,1±5,8 anos ** n (%) 3 (14,3) 6 (28,6) 7 (33,3) 3 (14,3) 2 (9,5)

13,2±7,5 anos**

n (%) 5 (11,6) 8 (18,6) 16 (37,2) 7 (16,3) 7 (16,3)

8,4±5,1 anos n (%) 4 (20) 12 (60) 1 (5) 1 (5) 2 (10)

8±5,9 anos***

n (%) 3 (30) 5 (50) 0 1 (10) 1 (10)

8,8±4,5 anos*** n (%) 1 (10) 7 (70) 1 (5) 0 1 (10)

Tempo de trabalho em

Neonatologia

- Média ± DP

- Por Faixa < 5 anos 5 - 9 anos

10-14 anos 15-19 anos ≥ 20 anos

12,4±7,1 anos

n (%) 9 (12) 13 (17,3) 30 (40) 14 (18,7) 9 (12)

10,1±5,8 anos

n (%) 4 (20) 5 (25) 6 (30) 3 (15) 2 (10)

13,2±7,4 anos

n (%)

5 (9,1) 8 (14,5) 24(43,6) 11 (20) 7 (12,7)

9,1±6,1 anos

n (%) 16 (25) 19(29,7) 20(31,3) 4 (6,3) 5 (7,8)

6,8 ± 5,6 anos n (%) 8 (38,1) 8 (38,1) 3 (14,3) 1 (4,8) 1 (4,8)

10,1±6, anos n (%) 8 (18,6) 11 (25,6) 17 (39,5) 3 (7) 4 (9,3)

4,9±3,7 anos n (%) 8 (40) 10 (50) 2 (10) 0 0

4,2±4,7 anos n (%) 6 (60) 2 (20) 2 (20) 0 0

5,6±2,4 anos n (%) 2 (20) 8 (80) 0 0 0

Formação Profissional

Neonatologia Pediatria Outras Nenhum

n (%) 41 (54,7) 34 (45,3) 0 0

n (%) 15 (75) 5 (25) 0 0

n (%) 26 (47,3) 29 (52,7) 0 0

n (%) 42 (65,6) 5 (7,8) 11(17,2) 6 (9,4)

n (%) 14 (66,7) 1 (4,8) 5 (23,8) 1 (4,8)

n (%) 28 (65,1) 4 (9,3) 6 (14) 5 (11,6)

n (%) 10 (50) 2 (10) 6 (30) 2 (10)

n (%) 5 (50) 2 (20) 2 (20) 1 (10)

n (%) 5 (50) 0 4 (40) 1 (10)

Título de Especialista

Neonatologia Pediatria Outros Nenhum

n (%) 33 (44,6) 31 (41,9) - 10 (13,5)

n (%) 11 (55) 7 (44,4) - 2 (10)

n (%) 22 (40,7) 24 (44,4)

- 8 (14,8)

-

-

-

-

-

-

* p=0,004 p=0,13 ** p=0,31 p=0,02 *** p=0,34

54

7.2 Fatores de risco e Medidas preventivas para lesões

cerebrais citados nas questões abertas

Os fatores de risco e as medidas preventivas para as lesões cerebrais

hemorrágicas e isquêmicas nos RN prematuros de MBP citados nas questões

abertas estão descritos nas tabelas 4 e 5.

Tabela 4 – Fatores de risco citados pelos profissionais nas questões abertas

FATORES DE RISCO CITADOS Médicos n %

Enfermeiros n %

Fisioterapeutas n %

Prematuridade 14 18,7% 16 25% 4 20% Muito Baixo peso 4 5,3% 3 4,7% 1 5% Asfixia perinatal 34 45,3% 7 10,9% 4 20% Doença Membrana Hialina 11 14,7% 0 0% 1 5% Persistência do canal arterial 17 22,7% 0 0% 2 10% Pneumotórax 8 10,7% 0 0% 1 5% Apnéia 2 2,7% 1 1,6% 1 5% Sepse 29 38,7% 12 18,8% 8 40% Corioamnionite 9 12% 1 1,6% 1 5% Hipotermia 25 33,3% 31 48,4% 8 40% Hipertensão arterial 10 13,3% 6 9,4% 3 15% Hipotensão arterial 40 53,3% 7 10,9% 4 20% Expansão volêmica 10 13,3% 3 4,7% 0 0% Hipocapnia 16 21,3% 3 4,7% 1 5% Hipercapnia 11 14,7% 2 3,1% 6 30% Hipoxemia 26 34,7% 22 34,4% 12 60% Hiperóxia 1 1,3% 15 23,4% 2 10% Ventilação mecânica 14 18,7% 15 23,4% 8 40% Bicarbonato de sódio 20 26,7% 3 4,7% 0 0% Administração inadequada de surfactante

0 0% 3 4,7% 0 0%

Procedimentos dolorosos 12 16% 47 73,4% 9 45% Reanimação inadequada 0 0% 1 1,6% 0 0% Distúrbios de coagulação 13 17,3% 2 3,1% 3 15% Distúrbios metabólicos 26 34,7% 16 25% 0 0% Policitemia 3 4% 0 0% 0 0% Tocotraumatismo 8 10,7% 1 1,6% 1 5% Parto vaginal 4 5,3% 0 0% 0 0% Barotrauma 4 5,3% 0 0% 0 0% Transporte neonatal 1 1,3% 3 4,7% 0 0% Assistência inadequada à gestante 4 5,3% 0 0% 0 0% Não utilizar corticóide antenatal 3 4% 1 1,6% 0 0% Corticóide pós-natal 2 2,7% 1 1,6% 0 0% Anemia 2 2,7% 1 1,6% 0 0%

55

Tabela 5 – Medidas preventivas citadas pelos profissionais nas questões abertas MEDIDAS PREVENTIVAS CITADAS Médicos

n % Enfermeiros

n % Fisioterapeutas

n % Assistência à gestante/pré-natal 18 24% 5 7,8% 5 25% Assistência ao parto 7 9,3% 2 3,1% 1 5% Assistência ventilatória adequada 32 42,7% 14 21,9% 15 75% Corticóide antenatal 65 86,7% 45 70,3% 16 80% Cuidados com administração de surfactante

5 6,7% 0 0% 0 0%

Evitar Bicarbonato de sódio 16 21,3% 1 1,6% 0 0% Evitar Expansão volêmica 14 18,7% 3 4,7% 0 0% Evitar Hipercapnia 10 13,3% 1 1,6% 0 0% Evitar Hiperóxia 5 6,7% 17 26,6% 3 15% Evitar Hipocapnia 12 16% 0 0% 0 0% Evitar Hipotermia 38 50,7% 33 51,6% 5 25% Evitar Hipóxia 18 24% 1 1,6% 6 30% Fenobarbital profilático 1 1,3% 1 1,6% 0 0% Glicose Hipertônica (prevenção de dor)

0 5 7,8% 0 0%

Indometacina profilática 5 6,7% 0 0% 1 5% Método Canguru 0 0% 1 1,6% 3 15% Parto cesáreo 2 2,7% 0 0% 0 0% Transporte da gestante/Parto em unidade com UTI neonatal

1 1,3% 0 0% 0 0%

Prevenção de dor e estresse 39 52% 50 78,1% 16 80% Prevenção /Tratamento de infecção 17 22,7% 7 10,9% 4 20% Manejo da Hipotensão 30 40% 4 6,3% 1 5% Reanimação adequada 25 33,3% 1 1,6% 0 0% Tratamento de PCA 4 5,3% 0 0% 0 0%

Os fatores de risco mais citados pelos médicos foram hipotensão arterial

(53,3%), asfixia perinatal (45,3%), sepse (38,7%), hipoxemia (34,7%),

distúrbios metabólicos (34,7%) e hipotermia (33,3%). Os enfermeiros citaram

predominantemente como fatores de risco os procedimentos dolorosos

(73,4%), hipotermia (48,4%), hipoxemia (34,4%), distúrbios metabólicos e

prematuridade (25%). Os fatores de risco mais destacados pelos

fisioterapeutas foram a hipoxemia (60%), procedimentos dolorosos (45%),

ventilação mecânica, sepse e hipotermia (40%).

Em relação às medidas preventivas para as lesões neurológicas, os

médicos destacaram o uso de corticosteróide antenatal (86,7%), a prevenção

de dor e estresse (52%), prevenção de hipotermia (50,7%), assistência

56

ventilatória adequada (42,7%) e manejo da hipotensão (40%). As medidas

preventivas mais citadas pelos enfermeiros foram a prevenção de dor e

estresse (78,1%), a utilização de corticosteróide antenatal (70,3%), prevenção

de hipotermia (51,6%) e assistência ventilatória adequada (21,9%). Os

fisioterapeutas mencionaram principalmente com medida preventiva o

corticosteróide antenatal (80%), a prevenção de dor/estresse (80%), a

assistência ventilatória adequada (75%), assistência pré-natal e prevenção de

hipotermia (25%).

7.3 Percentual médio de acertos para a totalidade das questões A Tabela 6 demonstra a média de acertos de todas as questões do

instrumento da pesquisa, sendo realizadas associações com as características

dos profissionais e estratificação por unidades relacionadas e não-relacionadas

ao ensino. Nenhum profissional respondeu corretamente a todas as questões.

A média de percentual de acertos relativos a todas as questões do

instrumento foi de 80,5% para médicos, 64,3% para enfermeiros e 67% para

fisioterapeutas. Nas URE a média dos médicos foi significativamente maior

(87,1%) quando comparada com a das UNRE (78,1%). Não houve diferença

estatisticamente significativa na média de acertos dos enfermeiros ou dos

fisioterapeutas quando comparadas as URE com as UNRE.

O tempo de formado influenciou significativamente o percentual de

acertos dos médicos, sendo menor quando os profissionais apresentavam mais

de 20 anos de formado (72,4%). A faixa de tempo de formado de médicos que

apresentou maior percentual de acertos foi a de 15 a 19 anos (87%). Quando

realizada estratificação por unidade, esta diferença no percentual médio de

57

acertos de acordo com o tempo de formado se manteve apenas nas UNRE.

Para os enfermeiros e fisioterapeutas, o tempo de formado não influenciou

significativamente o percentual de acertos.

Não houve diferença estatisticamente significativa na média de acertos

quando comparadas as diferentes faixas de anos de trabalho em neonatologia,

para todas as categorias profissionais, mesmo após estratificação por URE e

UNRE.

A média de acertos foi maior para os médicos com residência ou

especialização em neonatologia (83,6%) do que para aqueles com residência

ou especialização apenas em pediatria (76,8%), diferença estatisticamente

significativa. Quando realizada estratificação por unidade, esta diferença se

manteve apenas nas UNRE; os profissionais das UNRE com formação em

neonatologia apresentaram média de acertos de 81,3% e aqueles com

formação apenas em pediatria 75,2%. A formação profissional não influenciou

o percentual de acertos de enfermeiros e fisioterapeutas.

O Título de especialista também influenciou significativamente o

percentual de acertos dos médicos. Os médicos com título de especialista em

neonatologia acertaram em média 83,9% das questões, enquanto aqueles com

título de especialista apenas em pediatria obtiveram média de certos de 79,6%

e os que não apresentavam nenhum título 74%. Esta diferença foi mantida

apenas para os médicos das URE após estratificação por unidade. Nas URE a

média de acertos foi de 90,8% para os médicos com título de especialista em

neonatologia, 83% para aqueles com título de especialista em pediatria e de

80,7% para os profissionais que não apresentavam nenhum título de

especialista.

58

Tabela 6 – Percentual de acertos para todas as questões do instrumento, por categoria profissional, de acordo com as características dos profissionais e estratificação por unidade (média ± desvio padrão)

Profissionais MÉDICOS ENFERMEIROS FISIOTERAPEUTAS

VARIÁVEIS Total URE

UNRE

Total

URE UNRE Total URE UNRE

Todos os profissionais

80,5% ±10,9

87,1% ± 7,4*

78,1% ± 11,1*

64,3% ± 11

64,3% ± 11**

64,3% ± 11**

67% ± 8,4

64%

±9,3***

69,6%

± 6,8***

Tempo de formado

< 5 anos 5 - 9 anos

10-14 anos

15-19 anos ≥ 20 anos

p=0,001

77,5% (± 7,0) 82,3% (± 7,2) 83,4% (± 6,2) 87,0% (± 8,8) 72,4%

(± 12,7)

p=0,126

79,3% (± 6,4) 87,2% (± 8,3) 84,8 % (± 5,9) 92,6% (± 7,1) 87,0% (± 2,5)

p=0,007

70,5% (± 0,0) 79,9% (± 5,8) 82,7% (± 6,5) 84,6 % (± 8,6) 71,0% (± 12,4)

p=0,74

61,1%

(± 12,9) 64,0% (± 8,4) 66,7% (± 11) 61,9% (±10,8) 63,8%

(± 13,7)

p=0,74

61,1%

(± 12,9) 64,0% (± 8,4) 66,7% (± 11) 61,9%

(± 10,8) 63,8%

(± 13,7)

p=0,74

61,1%

(± 12,9) 64,0%

(± 8,4) 66,7% (±11) 61,9%

(±10,8) 63,8%

(±13,7)

p=0,61

61,8%

(± 11,5) 68,3% (± 8,2) 73,0% (± 0) 70,5% (± 0) 66,1% (± 2,3)

p=0,58

59,8% (±13,2) 66,3% (± 8,9)

-

70,5% (±0)

63,5% (±0)

p=0,73

68% (±0)

69,8% (±8,1) 73% (±0)

-

66,8% (±0)

Tempo de trabalho em

Neonatologia

< 5 anos 5 - 9 anos

10-14 anos

15-19 anos ≥ 20 anos

p=0,37

77,5% (± 8,1) 83,9% (± 7,5) 82,4% (± 9,3)

79,9% (±13,1) 73,1% (±16,2)

p=0,156

78,9% (± 5,6) 88,5% (± 5,3) 89,8% (± 7,8) 90,3% (± 9,4) 87,0%

(± 2,5)

p=0,507

76,5% (±10,3) 80,9% (± 7,5) 80,5% (± 8,8) 77,2%

(± 12,9) 69,2%

(± 16,3)

p=0,16

60,0% (± 10,3) 65,9%

(± 10,8) 63,2%

(± 12,4) 70,1% (± 7,2) 71,1% (± 5,3)

p=0,16

60,0% (± 10,3) 65,9%

(± 10,8) 63,2%

(± 12,4) 70,1% (± 7,2) 71,1% (± 5,3)

p=0,16

60,0% (± 10,3) 65,9 % (± 10,8) 63,2%

(± 12,4) 70,1% (± 7,2) 71,1% (± 5,3)

p=0,65

65,2% (± 8,7) 68,4% (± 9,0) 67,0% (± 4,9)

- -

p=0,80

63,5% (±9,4) 64,9% (17,1) 67% (4,9)

- -

p=0,85

70,5% (±3,5) 69,4% (±7,6)

- - -

Formação Profissional

Neonatologia Pediatria Outras Nenhum

p=0,007

83,6% (± 9,9) 76,8%

(± 11,1) - -

p=0,57

87,5% (± 7,5) 85,9% (± 7,9)

- -

p=0,037

81,4%

(± 10,6) 75,2%

(± 10,9) - -

p=0,07

66,9% (± 9,6) 59,8%

(± 10,5) 58,8%

(± 10,5) 59,4% (± 9,6)

p=0,07

66,9% (± 9,6) 59,8%

(± 10,5) 58,8%

(± 10,5) 59,4% (± 9,6)

p=0,07

66,9% (± 9,6) 59,8%

(± 10,5) 58,8%

(± 10,5) 59,4% (± 9,6)

p=0,22

67,1% (± 9,9) 58,5% (± 9,5) 67,4% (± 4,5) 74,1% (± 1,2)

p=0,40

63,3% (±10,8) 58,5% (±9,5) 68,1% (±3) 75% (±0)

p=0,47

70,9% (±8,4)

-

67,1% (5,6)

73,3% (±0)

Título de Especialista

Neonatologia Pediatria Nenhum

p=0,02

83,9%

(± 11,2) 79,6% (± 8,7)

74% (±12,2)

p=0,043

90,9% (± 5,9) 83,0% (± 6,0) 80,7% (± 1,6)

p=0,19

80,4% (±11,8) 78,6% (± 9,3) 72,3%

(± 12,5)

-

-

-

-

-

-

* p=0,0009 ** p=0,62 *** p=0,23

59

7.4 Percentual de acertos em relação a conjunto de práticas

A tabela 7 mostra a média do percentual de acertos em relação ao

conjunto de práticas específicas recomendadas para prevenção das lesões

cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no RN PMT de MBP. Foi realizada

comparação entre URE e UNRE.

Em relação aos itens que avaliaram o uso de corticosteróide antenatal e

pós-natal, a média do percentual de acertos foi 86,2% para médicos, 59,2%

para enfermeiros e 65,7% para fisioterapeutas. 42,7% dos médicos, 4,7% dos

enfermeiros e 5% dos fisioterapeutas responderam corretamente a todos os

itens relacionados. Destacaram, nas questões abertas, o uso de corticosteróide

antenatal como medida preventiva para lesões cerebrais, 86,7% dos médicos,

70,3% dos enfermeiros e 80% dos fisioterapeutas.

Para as questões relativas à assistência ventilatória, a média de

percentual de acertos dos médicos foi 80,7%, dos enfermeiros 62,2% e dos

fisioterapeutas 71,9%, sendo que responderam corretamente a todos os itens

12% dos médicos, 1,6% dos enfermeiros e 5% dos fisioterapeutas.

Em relação às questões associadas à prevenção e tratamento de dor, o

percentual médio de acertos foi 83,8% para médicos, 78,4% para enfermeiros e

75,9% para fisioterapeutas. Acertaram a totalidade das questões relacionadas

8% dos médicos, 4,7% dos enfermeiros e 5% dos fisioterapeutas.

A média de percentual de acertos dos médicos para as questões

relativas ao manejo da hipotensão foi 62,9%, a dos enfermeiros 54% e a dos

fisioterapeutas 45%. Responderam corretamente a todos os itens relacionados

16% dos médicos, 10,9% dos enfermeiros e 5% dos fisioterapeutas.

60

Para as questões relativas à assistência ao RN em sala de parto, a

média de percentual de acertos dos médicos foi 92,9%, a dos enfermeiros

87,4%, e a dos fisioterapeutas 86,9%. Responderam corretamente a todos os

itens relacionados 53,3% dos médicos, 34,4% dos enfermeiros e 35% dos

fisioterapeutas.

A média de acertos dos médicos nas questões relativas ao uso de

surfactante foi 76%, sendo significativamente maior para as URE (88,4%) do

que para as UNRE (71,5%); 57,3% destes profissionais responderam

corretamente a todos os itens relacionados. A média de acertos dos

enfermeiros para estes itens foi 78,2%, sendo que 51,6% destes profissionais

acertaram todos os itens. Quanto aos fisioterapeutas, a média de acertos nas

questões relativas ao uso de surfactante foi 83,4%, sendo que 65% dos

fisioterapeutas acertaram a totalidade dos itens relacionados.

Para as questões relativas à utilização do bicarbonato de sódio, o

percentual médio de acertos dos médicos foi 86,3%, sendo que a média foi

significativamente maior nas URE (98,4%) do que nas UNRE (81,9%); 62,7%

destes profissionais responderam corretamente a todos os itens relacionados.

Em relação aos enfermeiros, o percentual médio de acertos foi 46,4%, sendo

que 6,3% dos profissionais acertaram todos os itens relacionados. O percentual

médio de acertos dos fisioterapeutas para os itens relacionados ao uso de

bicarbonato de sódio foi 63,5% sendo que 10% destes profissionais acertaram

todos os itens.

61

Tabela 7 - Percentual de acertos por categoria profissional, em relação ao conjunto de práticas, estratificado por unidade (média ± desvio padrão)

PRÁTICAS

MÉDICOS

ENFERMEIROS

FISIOTERAPEUTAS

Uso de corticosteróide

- Todas as unidades - URE - UNRE

p=0,085

86,9% (± 14,8) 91,4% (± 12,7) 85,3% (± 15,3)

p=0,35

59,2% (± 26,6) 54,4% (± 30,8) 61,6% (± 24,4)

p=0,03

65,7% (± 19,3)

57,0% (± 19) 74,4% (± 16,3)

Assistência ventilatória

- Todas as unidades - URE - UNRE

p=0,063

80,7% (± 14,5)

85,9% (± 12,1) 78,8% (± 14,9)

p=0,54

62,2% (± 14,5) 60,4% (± 19,8) 63,1% (± 11,2)

p=0,40

71,9% (± 15,9) 74,8% (± 16,9) 68,9% (± 15,1)

Manejo da Hipotensão

- Todas as unidades - URE - UNRE

p=0,554

62,9% (± 26,4) 67,0% (±16,2) 61,4% (±29,2)

p=0,07

54,1% (± 28,2) 62,9% (± 27,8) 49,8% (± 27,7)

p=0,44

45,0% (± 25,8)

40,0% (± 28,3) 50,0% (± 23,6)

Prevenção de dor e estresse

- Todas as unidades - URE - UNRE

p=0,007

83,7% (± 10,9)

89,1% (± 7,5) 81,8% (± 11,4)

p=0,62

78,4% (± 10,9) 78,8% (± 12,9)

78,2% (9,9)

p=0,40

75,8% (± 10,7) 74,8% (±16,9) 68,9% (± 151)

Assistência ao RN em sala de parto - Todas as unidades - URE - UNRE

p=0,14

92,9% (± 12,2)

96,4% (± 5,4) 91,6% (±13,6)

p=0,08

87,4% (± 11,8)

83,4% (± 13) 89,3% (± 10,8)

p=0,58

86,9% (± 13,5) 89,2% (±11,1) 84,7% (±15,9)

Uso de surfactante

- Todas as unidades - URE - UNRE

p=0,049

76% (± 32,7) 88,4% (± 22,4) 71,5% (±34,8)

p=0,01

78,2% (± 26,1) 65,1% (± 30,8) 84,6% (± 20,9)

p=0,59

83,4% (± 25,4) 86,7% (± 23,3) 80,0% (± 28,2)

Uso de Bicarbonato de sódio - Todas as unidades - URE - UNRE

p= 0,0006

86,3% (± 18,9)

98,4% (± 7,4) 81,9% (± 20)

p=0,21

46,4% (± 29,0) 39,7% (± 31,1) 49,7% (± 27,7)

p=0,39

63,5% (± 18,5) 66,9% (± 15,8)

60,1% (± 21,3)

62

A Tabela 8 demonstra o percentual de profissionais que identificaram

corretamente as práticas potencialmente melhores para prevenção das lesões

cerebrais hemorrágicas e isquêmicas em RN pré-termo de muito baixo peso.

Estas práticas individuais encontram-se agrupadas de acordo com os domínios

– uso de corticosteróide, assistência ventilatória, manejo da hipotensão,

prevenção de dor e estresse, assistência ao RN em sala de parto, uso de

surfactante, uso de bicarbonato de sódio e outras práticas também importantes

que não se enquadraram em algum destes temas.

63

Tabela 8 – Distribuição proporcional de profissionais que identificaram corretamente práticas potencialmente melhores para prevenção de lesões cerebrais

PRÁTICAS

Médico (n=75)

% (n)

Enfermeiro (n=64)

% (n)

Fisioterapeuta (n=20)

% (n) Uso de corticosteróide

Reconhece corticosteróide antenatal como

droga efetiva para prevenção das lesões cerebrais.

Prioriza Betametasona em relação à Dexametasona (antenatal)

Recomenda ciclo único de corticosteróide antenatal

Reconhece risco de seqüelas neurológicas com o uso de corticosteróide pós-natal

Recomenda corticosteróide antenatal mesmo com suspeita de corioamnionite

96% (72)

85,3% (56)

88% (66)

74,7% (56) 88% (66)

84,4% (54)

42,2% (27) 40,6% (26) 29,7% (19) 82,8% (53)

85% (17) 40% ( 8) 40% ( 8) 35% ( 7) 100% (20)

Assistência ventilatória

Reconhece como prejudicial hipercapnia e hipoxemia

Reconhece a otimização da assistência ventilatória como medida importante para prevenção das lesões cerebrais

Reconhece a importância da ventilação sincronizada para prevenção das lesões neurológicas

Evita hiperóxia Considera hipercapnia permissiva Reconhece como prejudicial a hipocapnia Evita ventilação manual com freqüência

elevada Evita infusão contínua de midazolam para RN

em assistência ventilatória Evita bloqueador neuromuscular para RN em

assistência ventilatória Evita opióide infusão contínua para RN em

assistência ventilatória Não utiliza hiperventilação para redução de

fluxo sangüíneo cerebral Reconhece como prejudicial a aspiração do

TOT em horários pré-estabelecidos Reconhece como prejudicial a fisioterapia

respiratória em horários pré-estabelecidos

92% (69)

100% (75)

84% (63) 69,3% (52)

58,7% (44) 68,9% (51)

89,3% (67)

88% (66)

97,3% (73)

92% (69)

98,7% (74)

49,3% (37)

41,3% (31)

87,5% (56) 98,4% (63) 64,1% (41) 65,6% (42) 23,4% (15) 32,8% (21) 64,1% (41) 23,4% (15) 93,8% (60) 92,2% (59) 85,9% (55) 46,9% (30) 37,5% (24)

95% (19) 95% (19) 70% (14) 55% (11) 10% ( 2) 30% ( 6) 90% (18) 95% (19) 100% (20) 90% (18) 95% (19) 30% ( 6) 25% ( 5)

Manejo da Hipotensão

Não trata hipotensão se a perfusão periférica e a diurese forem normais

Não recomenda tratamento para PAM < 30 mmHg na ausência de outros sinais clínicos de hipotensão

Não utiliza a expansão volumétrica como tratamento de primeira escolha para hipotensão

Utiliza expansão volumétrica apenas para hipovolemia

Utiliza no máximo duas expansões e tempo de infusão maior do que 30 minutos

73,3% (55)

64% (48)

68% (51)

60% (45)

46,7% (35)

59,4% (38) 65,6% (42) 45,3% (29) 37,5% (24) 54,7% (35)

60% (12) 40% ( 8) 50% (10) 55% (11) 15% ( 3)

64

PRÁTICAS

Médico (n=75)

% (n)

Enfermeiro (n=64)

% (n)

Fisioterapeuta (n=20)

% (n) Prevenção de dor e estresse

Reconhece prevenção da dor como boa

prática Reconhece mínimo manuseio como medida

preventiva Reconhece redução de iluminação e ruídos

como medida preventiva Reconhece Método Canguru como boa

prática Reconhece glicose hipertônica oral como

analgesia para procedimentos menores Utiliza glicose hipertônica oral mesmo em RN

intubados Utiliza Fentanil antes de intubação

orotraqueal eletiva Utiliza Fentanil antes de inserção de PICC e

dissecção venosa Utiliza Fentanil para retirada de dreno torácico Não utiliza midazolam para analgesia Não utiliza anestésico tópico para punção de

calcanhar

98,7% (74)

100% (75) 100% (75) 73,6% (39) 89,3% (67) 74,7% (56) 49,3% (37) 50,7% (38) 76% (57) 84% (63) 69,3%(52)

98,4% (63)

100% (64) 100% (64) 92,2% (59) 96,9% (62) 65,6% (42) 32,8% (21) 54,7% (35) 54,7% (35) 46,9% (30) 81,3% (52)

100% (20) 100% (20) 100% (20) 95% (19) 80% (16) 55% (11) 30% ( 6) 40% ( 8) 75% (15) 80% (16) 70% (14)

Assistência ao RN em sala de parto

Reconhece importância da assistência por

equipe habilitada Tem cuidado ao realizar a ventilação manual Previne hipotermia com touca e bolsa plástica Não recomenda hipotermia

98,7% (74) 97,3% (73) 97,3% (73) 98,7% (74)

100% (64) 100% (64) 82,8% (53) 96,9% (62)

100% (20) 100% (20) 65% (13) 90% (18)

Uso de surfactante

Administra surfactante precocemente Não administra surfactante durante os

cuidados de reanimação antes de estabilização clínica

74,4% (56)

77,3% (58)

81,3% (52) 87,3% (55)

80% (16) 80% (16)

Uso de Bicarbonato de sódio

Não administra bicarbonato de sódio em

todos os casos de acidose metabólica Não considera bicarbonato de sódio como

droga essencial para reanimação cardio-respiratória

Trata a causa da acidose antes de considerar administração de bicarbonato de sódio

98,6% (73)

100% (75)

62,7% (47)

62,5% (40) 79,7% (51) 9,4% (6)

90% (18) 90% (18) 10% ( 2)

Outras práticas

Reconhece transporte neonatal como fator de risco

Reconhece importância da posição neutra da cabeça na primeira semana de vida

Indica Indometacina apenas para tratamento de PCA

Evita punção lombar nas primeiras 72 h de vida

Considera importante a interrupção da gestação na presença de corioamnionite

Não recomenda administração de Fenobarbital profilático para o RN

90,7% (68)

74,7% (56) 90,7% (68) 61,3% (46) 93,3% (70) 74,7% (56)

82,8% (53) 54,7% (35) 78,1% (50) 64,1% (41) 73,4% (47) 76,6% (49)

90% (18) 75% (15) 75% (15) 80% (16) 95% (19)

55% (11)

65

8. Discussão

“A parte mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento”. (Platão)

A incorporação de práticas assistenciais em qualquer rotina hospitalar

deve ser precedida por estudos bem desenhados e documentados, que

avaliem os desfechos clínicos por tempo prolongado, estabelecendo a

segurança e efetividade das novas modalidades terapêuticas

(Ramachandrappa, 2008).

Estudos têm demonstrado que determinadas condutas consagradas e

amplamente utilizadas eventualmente não melhoram o prognóstico a longo

prazo e podem inclusive contribuir para uma evolução desfavorável em

determinados pacientes. Por outro lado, práticas comprovadamente efetivas

para prevenção de doenças não são universalmente adotadas, podendo

prejudicar o desfecho benéfico desejado nas ações hospitalares (Ehrenkranz e

Wright, 2003).

Em relação à Pediatria e mais especificamente na Área de atuação da

Neonatologia, observa-se que muitas práticas clínicas são ainda utilizadas sem

evidência científica de benefícios, ou mesmo com fortes evidências de

desfechos deletérios. Atualmente, os avanços no tratamento de recém-

nascidos de risco têm proporcionado um significativo aumento na sobrevida de

bebês cada vez mais imaturos. O compromisso clínico se fundamenta não

mais na maior sobrevida dos prematuros, mas na preocupação com melhor

qualidade de vida desta população. Neste sentido, a utilização indevida de

66

determinadas práticas em prematuros de muito baixo peso, caracterizados por

intensa imaturidade de seu sistema neurológico, pode ser responsável por

sérios prejuízos a longo prazo no desenvolvimento (Ehrenkranz e Wright,

2003).

O conhecimento adequado por parte dos profissionais, baseado nas

melhores evidências científicas disponíveis, é um dos pontos essenciais para a

efetividade das práticas adotadas e melhoria dos resultados (Horbar, 1999)

Uma vez caracterizada a importância do conhecimento de práticas

assistenciais, torna-se fundamental a formação e a busca contínua por

informação, por parte dos profissionais de saúde, a fim de prestar uma

assistência com qualidade (Horbar, 1999). A atualização continuada constitui-

se em ferramenta essencial para evitar a utilização de condutas previamente

aplicadas, mas já comprovadamente inefetivas ou mesmo prejudiciais. Neste

estudo foi verificado baixo percentual de profissionais com formação

(residência ou especialização) em neonatologia atuando nas unidades

estudadas (médicos 54,7%, enfermeiros 65,6% e fisoterapeutas 50%). Este

dado é relevante, considerando-se que a assistência na UTIN deve ser

especializada. Apenas os médicos das URE tiveram percentual maior (75%

apresentavam formação em neonatologia). Destaca-se ainda reduzido

percentual de médicos com título de especialista em neonatologia (44,6%).

Unidades vinculadas ao ensino têm o compromisso, através de atividades

acadêmicas e de pesquisa, de produzir, disseminar e sistematizar o

conhecimento. Devem ser responsáveis pela formação de profissionais de

saúde capazes de desencadear e ampliar o pensamento crítico e promover

67

assistência com qualidade. O estudo demonstrou um melhor desempenho dos

médicos das URE em relação ao dos médicos das UNRE.

O melhor resultado dos médicos das URE pode ter sido influenciado pela

maior proporção de profissionais com formação em neonatologia quando

comparados com as UNRE. O fato dos médicos apresentarem formação em

neonatologia influenciou positivamente, com significância estatística, o

percentual de acertos das questões. No entanto, quando foi realizada

estratificação por unidade (URE e UNRE), a formação profissional somente

influenciou significativamente as UNRE, talvez refletindo práticas educativas

nas URE, compensando uma deficiência na formação do profissional.

O tempo de formado influenciou significativamente o percentual de acertos

dos médicos, sendo verificado pior desempenho quando estes apresentavam

mais de vinte anos de formado. A maior proporção de médicos das UNRE com

20 ou mais anos de formado também pode ter contribuído para melhor

resultado das URE em relação às UNRE. Porém, é interessante ressaltar que,

quando foi realizada estratificação por unidade, a influência do tempo de

formado no percentual de acertos se manteve apenas nas UNRE. Os médicos

das URE, mesmo com mais de 20 anos de formado, mantiveram um percentual

de acertos elevado, possivelmente refletindo um compromisso com atualização

por parte dos médicos das URE e a influência do ambiente acadêmico no

conhecimento destes profissionais.

O vínculo com uma unidade relacionada ao ensino não influenciou o

resultado de enfermeiros e fisioterapeutas. Uma proporção elevada de

enfermeiros e fisioterapeutas das URE apresentava menos de cinco anos de

experiência em neonatologia, o que poderia justificar este resultado. Entretanto,

68

o tempo de trabalho em neonatologia não influenciou significativamente o

percentual de acertos para nenhuma das categorias profissionais.

Na UTI neonatal o trabalho integrado de uma equipe multiprofissional é

fundamental para melhores desfechos (Horbar et al, 2003). Sabe-se que o

período mais crítico para a ocorrência das lesões cerebrais hemorrágicas e

isquêmicas são as primeiras 72 horas de vida e os profissionais mais

diretamente envolvidos neste momento da assistência ao RN de MBP são

médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. O conhecimento teórico adequado, por

parte destes profissionais, sobre as práticas recomendadas para prevenção

das lesões neurológicas no RN PMT de MBP, apesar de algumas destas

práticas não serem de responsabilidade técnica de todas as categorias de

profissionais, é importante para a criação de uma “força-tarefa” de prevenção

destas lesões com repercussões tão graves e para uma melhor qualidade na

assistência dentro da UTIN. Para todos os conjuntos de práticas, houve uma

proporção de profissionais, de todas as categorias, que acertou todos os itens

relacionados a determinados tópicos (apresentavam conhecimento teórico

sobre o tema), apesar de determinadas práticas não serem de

responsabilidade técnica de todos os profissionais.

Não há referências determinando qual o percentual mínimo de acertos que

deve ser utilizado como parâmetro para considerar como adequado o

conhecimento de profissionais de saúde sobre práticas assistenciais.

Considerando que a realização de uma prática de forma inadequada pode ser

responsável pela ocorrência de lesão cerebral e comprometer o

desenvolvimento do RN, o ideal seria um conhecimento teórico sobre as

práticas recomendadas próximo a 100%. Nesta pesquisa, foi considerado como

69

adequado um percentual de acertos superior a 80%, utilizando o critério

adotado pela Sociedade Brasileira de Pediatria para aprovação no Curso de

Reanimação Neonatal.

O percentual médio de conhecimento teórico sobre as práticas para

prevenção das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no RN PMT de

MBP foi abaixo do desejado para médicos das UNRE (78%), enfermeiros

(64,3%) e fisioterapeutas (67%). Apenas os médicos das URE apresentaram

percentual de acertos mais elevado (87%).

Considerando-se os conjuntos de práticas, o melhor conhecimento

teórico das práticas para todos os profissionais foi em relação à assistência ao

RN em sala de parto. O consistente Programa de Reanimação Neonatal

incorporado no país pela Sociedade Brasileira de Pediatria, a fim de uniformizar

as condutas no atendimento ao recém-nascido em sala de parto, pode ter

influenciado este resultado.

Para os médicos, o menor percentual de acertos foi em relação ao

manejo da hipotensão arterial (62,9%) e uso de surfactante (76%). O pior

desempenho dos enfermeiros foi nas questões relativas ao uso de

corticosteróide (59,2%), assistência ventilatória (62,2%), manejo de hipotensão

(54,1%) e uso de bicarbonato de sódio (46,4%). Os fisioterapeutas obtiveram

piores resultados nas questões relativas ao manejo da hipotensão (45%), uso

de bicarbonato de sódio (63,5%) e uso de corticosteróide (65,7%).

Quanto à avaliação de práticas individualizadas, foi verificado

conhecimento teórico abaixo do esperado em relação a várias práticas.

Há fortes evidências indicando o uso de corticosteróide antenatal para

gestantes com risco de parto prematuro (Crowley, 2006; Roberts e Danziel,

70

2006), preferencialmente betametasona (Baud et al,1999; Lee et al, 2006), em

ciclo único (Murphy et al, 2008), para prevenção das lesões neurológicas, com

redução importante em sua incidência. Apesar de ser uma prática obstétrica,

pela importância da mesma, é fundamental que todos os profissionais que

trabalhem com RN de risco estejam conscientes da influência da utilização do

corticosteróide na evolução destes pacientes e conheçam os protocolos

corretos de administração. A utilização do corticosteróide antenatal foi

amplamente citada em questão aberta como medida preventiva para lesões

cerebrais (86,7%, 70,3% e 80% dos profissionais), porém poucos acertaram

todos os itens correspondentes (42,7% dos médicos, 4,7% dos enfermeiros e

5% dos fisioterapeutas). Além disso, ainda há dúvida sobre o número de ciclos

(recomendaram ciclo único 88%, 40,6% e 40%) e droga utilizada (priorizaram a

betametasona 85,3%, 42,2% e 40% dos profissionais).

Vários estudos demonstraram efeitos neurológicos adversos com o uso

pós-natal de dexametasona (Yeh et al, 2004; Baud, 2004). Um percentual

pequeno de profissionais (74%, 29,7%, 35%) reconheceu o risco de seqüelas

neurológicas com o uso de corticosteróide pós-natal. O corticosteróide pós-

natal foi citado como fator de risco para lesões neurológicas por apenas 1,9%

dos profissionais.

A assistência ventilatória inadequada, propiciando a ocorrência de

hipocapnia, hipercapnia, hipoxemia, hiperóxia ou assincronia ventilatória, tem

papel importante no desenvolvimento de lesões cerebrais hemorrágicas e

isquêmicas no RN de MBP (Fabres e colaboradores, 2007). O conhecimento

teórico das práticas relativas à assistência ventilatória foi 80,7% para médicos,

62,2% para enfermeiros e 71,9% dos fisioterapeutas. Responderam

71

corretamente a todos os itens relacionados 12% dos médicos, 1,6% dos

enfermeiros e 5% dos fisioterapeutas. Para algumas práticas específicas, a

proporção de profissionais que as identificaram corretamente foi baixa. Menos

de 70% dos profissionais reconheceram como prejudicial a PaCO2 menor do

que 40 mmHg ou evitaram hiperóxia em caso clínico.

Apesar da recomendação de utilização da ventilação mandatória

intermitente sincronizada (SIMV) para prevenção de flutuações no FSC

(Greenough e colaboradores, 2008), nenhum profissional citou a SIMV como

medida preventiva para lesões neurológicas nas questões abertas.

Reconheceram a importância da ventilação sincronizada para prevenção das

lesões neurológicas 84%, 64,1% e 70% dos profissionais. A utilização de

bloqueadores neuromusculares para evitar a assincronia ventilatória não pode

ser recomendada com base nas evidências atuais; esta prática não foi

destacada pela maioria dos profissionais.

Menos de 50% dos profissionais reconheceram como prejudicial a

aspiração do tubo orotraqueal e a fisioterapia respiratória em horários pré-

estabelecidos, apesar de evidências (Kaiser e colaboradores, 2008; Harding e

colaboradores; 1998) indicarem associação destes procedimentos com lesões

cerebrais no prematuro.

Os estímulos dolorosos e outras causas de estresse no RN estão

relacionados com alterações no fluxo sangüíneo e na perfusão cerebral,

devendo ser tomadas medidas para sua prevenção (American Academy of

Pediatrics, 2006; Anand, 2001). O conhecimento teórico sobre as práticas

relacionadas à prevenção de dor e estresse foi de 83,7% para médicos, 78,4%

para enfermeiros e 75,8% para fisioterapeutas. O total de 73,4% dos

72

enfermeiros citou (em questão aberta) a realização de procedimentos

dolorosos como fator de risco para lesões cerebrais, mas apenas 45% dos

fisioterapeutas e 16% dos médicos o fizeram. Destacaram em questão aberta

alguma prática para prevenção de dor e estresse como medida preventiva para

lesões neurológicas 52%, 78,1% e 80% dos profissionais. Na identificação de

práticas específicas, algumas foram bastante reconhecidas, como o mínimo

manuseio e a redução de iluminação e ruídos (100% dos profissionais) e a

utilização de glicose hipertônica oral como analgesia para procedimentos

menores. Porém, para algumas práticas efetivas para prevenção de lesões

cerebrais, a identificação correta dos itens foi baixa, como a utilização de

analgesia precedendo a intubação orotraqueal eletiva, a inserção de cateter

percutâneo, dissecção venosa e a retirada de dreno torácico.

O manejo adequado da hipotensão é importante para prevenção das

lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no RN de MBP (Limperodoulos et

al, 2007; Barrington, 2008). A identificação correta das questões relacionadas

ao manejo da hipotensão foi baixa (menor do que 63%) para todos os

profissionais. Foi elevada a proporção de profissionais que trataram hipotensão

com perfusão e diurese normais, recomendaram tratamento quando PAM era

menor do que 30 mmHg mesmo na ausência de outras sinais clínicos de

hipotensão e utilizaram expansão volêmica como tratamento de primeira

escolha para hipotensão, apesar das evidências não indicarem tais práticas.

A assistência adequada ao RN em sala de parto é uma medida

importante para prevenção das lesões cerebrais. A proporção de profissionais

que identificaram corretamente as práticas preventivas relacionadas

73

(assistência ao RN por equipe habilitada, prevenção de hipotermia e cuidado

ao realizar ventilação manual) foi elevada para todas as práticas.

Há recomendações de manutenção de estabilidade cardio-respiratória

do RN antes da administração de surfactante (Kaiser et al, 2004) para

prevenção de lesões neurológicas. Apenas 3% dos profissionais mencionaram

o cuidado com a administração de surfactante como medida preventiva para

lesão neurológica. O conhecimento teórico sobre a administração de

surfactante foi de 76% para médicos, 78,2% para enfermeiros e 83,4% para

fisioterapeutas.

Não há evidências que justifiquem a utilização de bicarbonato de sódio

em RN com acidose metabólica (Ashner e Poland, 2008) e a associação desta

droga com HIPV já foi documentada há mais de trinta anos (Papile et al, 1978).

A administração de bicarbonato de sódio foi citada como fator de risco para

lesões cerebrais por 23 profissionais (14,4%). A proporção de profissionais que

identificaram corretamente as questões relativas ao uso de bicarbonato de

sódio foi de 86,3%, 46,4%, 63,5%. Em caso clínico, uma proporção elevada de

profissionais (36,3% dos médicos e mais de 90% dos enfermeiros e

fisioterapeutas) recomendou a administração de bicarbonato de sódio antes de

tratar a causa da acidose.

Apesar de estudos demonstrarem redução na incidência de HPIV com o

uso de indometacina profilática, devido aos efeitos colaterais da droga e

ausência de efeitos benéficos a longo prazo, até o momento não há evidências

para sua utilização como rotina (Schmidt et al, 2001). Citaram a indometacina

profilática como medida preventiva para lesões cerebrais 3,7% dos

74

profissionais. Mais de 75%, em caso clínico, indicaram indometacina apenas

para tratamento de canal arterial patente e não o uso profilático.

A corioamnionite está associada significativamente à maior incidência de

LPV e HPIV, sendo recomendada a interrupção da gestação (Wu e Colford,

2000). 1,6 a 12% dos profissionais citaram a corioamnionite como fator de risco

para lesões neurológicas no RN e 93,3%, 73,4%, 95% consideraram

importante a interrupção da gestação na presença de corioamnionite.

9. Conclusão

- O conhecimento teórico dos profissionais de saúde das unidades

participantes sobre as práticas potencialmente melhores para prevenção das

lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no recém-nascido de muito baixo

peso foi abaixo do esperado, levando-se em consideração a ampla divulgação

destas práticas na literatura e sua importância para os desfechos neonatais.

- O desempenho dos médicos das unidades relacionadas ao ensino foi

significativamente superior ao dos médicos das unidades sem este vínculo.

- Em relação aos enfermeiros e fisioterapeutas, os resultados foram

semelhantes nas unidades relacionadas e não-relacionadas ao ensino.

- O tempo de formado (mais de 20 anos) influenciou negativamente o

conhecimento teórico dos médicos, apenas das unidades não-relacionadas ao

ensino.

- A proporção de profissionais com residência ou especialização em

neonatologia atuando nas unidades participantes foi reduzida.

75

- A formação profissional em neonatologia influenciou positivamente o

conhecimento teórico sobre as práticas preventivas, apenas para os médicos

das unidades não-relacionadas ao ensino.

- A proporção de médicos que apresentavam título de especialista em

neonatologia foi baixa.

- As práticas recomendadas com base em evidências científicas já

incorporadas como conhecimento teórico pelos profissionais foram: uso de

corticosteróide antenatal (conceito geral); mínimo manuseio; redução de

iluminação e ruídos; glicose hipertônica oral; assistência em sala de parto por

equipe habilitada; prevenção de hipotermia (médicos e enfermeiros); evitar

ventilação manual com freqüência elevada (médicos e fisioterapeutas);

interrupção da gestação na presença de corioamnionite (médicos e

fisioterapeutas).

- As práticas recomendadas, mas ainda pouco reconhecidas pela equipe

foram: priorização da betametasona em relação à dexametasona antenatal

(enfermeiros e fisioterapeutas); utilização de ciclo único de corticosteróides em

gestantes ao invés de múltiplo (enfermeiros e fisioterapeutas); uso de

ventilação sincronizada (enfermeiros e fisioterapeutas); prevenção de

hiperóxia; prevenção de hipocapnia; aspiração de tubo orotraqueal e

fisioterapia respiratória apenas quando necessário; analgesia precedendo

intubação orotraqueal eletiva, dissecção venosa, colocação de cateter central

de inserção periférica e retirada de dreno torácico; estabilização do RN antes

de administração de surfactante (médicos) e posição neutra da cabeça na

primeira semana de vida.

76

- As práticas ainda utilizadas, sem evidências de benefícios e com

possibilidade de desfechos desfavoráveis foram: uso de dexametasona pós-

natal; expansão volumétrica para tratamento de todas as causas de

hipotensão; tratamento de hipotensão apenas considerando valor da pressão

arterial sem levar em consideração a presença de outros sinais clínicos; uso de

bicarbonato de sódio antes de tratar a causa da acidose metabólica;

indometacina profilática (exceto médicos, para esta prática).

- As práticas sem recomendações para uso e não recomendadas pela

maioria dos profissionais avaliados foram: bloqueador neuromuscular para RN

em ventilação mecânica; opióide e midazolam infusão contínua para RN em

ventilação mecânica (exceto enfermeiros para midazolam).

- Esta pesquisa não avaliou a prática, mas apenas o conhecimento

teórico dos profissionais e vários estudos já demonstraram que o conhecimento

teórico não necessariamente se reflete na prática clínica. Porém, avaliação do

conhecimento é o primeiro passo para orientar as estratégias educativas com o

objetivo de mudanças nas atitudes dos profissionais das UTIN.

- A partir dos resultados desta pesquisa, pode-se concluir que é

necessário um maior investimento na difusão do conhecimento, implantação de

guias de práticas clínicas nas unidades e treinamento dos profissionais em

relação às práticas para prevenção das lesões cerebrais hemorrágicas e

isquêmicas em RN de MBP. O treinamento dos profissionais das UTIN,

baseado nos dados deste estudo, certamente contribuirá para uma melhor

qualidade na assistência nas unidades neonatais com conseqüente impacto

positivo no prognóstico do recém-nascido de risco.

77

10. Referências

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85

11. Apêndices

11.1 Questionário

UNIDADE: ___________________________________________________________________

Data: ______/ _______ / ___________

PROFISSIONAL: ( ) MÉDICO ( ) ENFERMEIRO ( ) FISIOTERAPEUTA

SEXO: ( ) Feminino ( ) Masculino

Tempo de formado (anos): _______ Tempo de trabalho em Neonatologia (anos): _______

FORMAÇÃO:

- RESIDÊNCIA: ( ) Pediatria ( ) Neonatologia ( ) Outra (s) ___________________

- ESPECIALIZAÇÃO: ( ) Pediatria ( ) Neonatologia ( ) Outra(s) _______________

- TÍTULO DE ESPECIALISTA: ( ) Pediatria ( ) Neonatologia ( ) Outro (s) ________

- OUTROS: _________________________________________________________________.

1. Cite pelo menos 5 fatores de risco para lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no

recém-nascido prematuro de muito baixo peso ______________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

2. Cite pelo menos 5 condutas que, na sua opinião, podem contribuir para prevenir as lesões

neurológicas hemorrágicas e isquêmicas do recém-nascido prematuro de muito baixo peso

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

3. Cite a(s) medicação(ões) comprovadamente efetiva(s) para prevenção das lesões cerebrais

hemorrágicas e isquêmicas quando administradas a gestantes com risco de parto

prematuro____________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

86

4. De acordo com a classificação :

( I ) IMPORTANTE ou ( P ) PREJUDICIAL ,

Identifique as medidas abaixo segundo seu papel na prevenção das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas do recém-nascido prematuro de muito baixo peso:

( ) Administração de corticosteróide em gestantes com risco de parto prematuro

( ) Reconhecimento precoce de gestantes com corioamnionite clínica e interrupção da

gestação

( ) Administração de Fenobarbital após o nascimento

( ) Garantir estabilidade térmica do recém-nascido

( ) Administração de surfactante profilático, antes de estabilização cardio-respiratória

( ) Atendimento ao recém-nascido de risco realizado pelo profissional mais experiente

( ) Implementação de medidas para minimizar a dor e o stress

( ) Otimizar a assistência ventilatória

( ) Aspiração da cânula traqueal em horários pré-estabelecidos

( ) Fisioterapia respiratória em horários pré-estabelecidos

( ) Administração de bicarbonato de sódio em todos os casos de acidose metabólica

( ) Manter posição neutra da cabeça na primeira semana de vida

( ) Evitar punção lombar nas primeiras 72 horas de vida

5. Para as afirmativas a seguir assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ( ) As lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas mais freqüentes no recém-nascido

prematuro são a hemorragia peri-intraventricular e a leucomalácia periventricular.

( ) As medidas preventivas para a hemorragia peri-intraventricular e para Leucomalácia

periventricular podem ser realizadas no pré-natal, ao nascimento e no período neonatal.

( ) A incidência das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas está inversamente

relacionada ao peso de nascimento e à idade gestacional do recém-nascido.

( ) O tratamento adequado das lesões cerebrais já instaladas é eficaz para evitar seqüelas

neurológicas a longo prazo.

6. Em relação ao uso de corticóide assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ( ) O uso de corticosteróide em gestantes com risco de parto prematuro é uma intervenção

comprovadamente efetiva para redução da ocorrência de hemorragia peri-intraventricular e de

leucomalácia periventricular

( ) A utilização de vários ciclos de corticosteróide em gestantes é mais efetiva que o ciclo

único para prevenção de seqüelas neurológicas.

( ) A dexametasona antenatal está associada com maior redução no risco de hemorragia

peri-intraventricular e de leucomalácia periventricular do que a betametasona.

( ) O uso dexametasona em recém-nascidos está associado com maior risco de seqüelas

neurológicas a longo prazo.

87

7. Em relação à assistência ao parto de recém-nascido prematuro de muito baixo peso e

cuidados ao nascimento, assinale com (X) a(s) afirmativa(s) CORRETA(s). ( ) O parto pode ser realizado em maternidade de baixo risco, desde que o recém-nascido

seja transportado imediatamente para outra unidade com cuidados intensivos.

( ) A reanimação neonatal deve ser realizada por equipe habilitada para atendimento ao

recém-nascido de alto risco.

( ) A administração de surfactante deve ser realizada durante os cuidados de reanimação.

( ) A ventilação manual deve ser cuidadosa.

( ) A utilização de touca e bolsa plástica durante a reanimação do prematuro de MBP, com o

objetivo de evitar hipotermia é importante para prevenção das lesões neurológicas

( ) O Bicarbonato de sódio é uma droga essencial para a reanimação neonatal.

8. Em relação ao manejo da hipotensão no recém-nascido pré-termo, assinale com (X) a(s)

afirmativa(s) correta(s): ( ) Todos os recém-nascidos com Pressão arterial média menor do que 30 mmHg devem

receber tratamento para hipotensão arterial.

( ) A expansão volumétrica é o tratamento de primeira escolha para a hipotensão no recém-

nascido de muito baixo peso.

( ) Quando indicada expansão volumétrica, devem ser utilizadas no máximo duas expansões

e o tempo de infusão não deve ser menor do que 30 minutos.

( ) A utilização de expansão volumétrica no recém-nascido de muito baixo peso está indicada

apenas em casos de hipovolemia evidente.

9. Em relação à assistência ventilatória, nos recém-nascidos prematuros de muito baixo

peso, assinale com (X) a(s) afirmativa(s) correta(s): ( ) O uso de ventilação sincronizada está relacionada a menor flutuação do fluxo sangüíneo

cerebral e possivelmente a redução da incidência de lesões neurológicas.

( ) A hiperventilação é preconizada pois a hipocapnia reduz o fluxo sanguíneo cerebral e

previne a ocorrência de hemorragia intracraniana.

( ) Hipocapnia, Hipercapnia e Hipoxemia devem ser evitadas, para reduzir flutuações no

fluxo sanguíneo cerebral.

( ) A PaCO2 não deve ser menor do que 40 mmHg

( ) Hipercapnia permissiva pode ser considerada

( ) Manter curarizados todos os recém-nascidos em assistência ventilatória.

( ) Os recém-nascidos em ventilação mecânica devem receber infusão contínua de

midazolam

( ) Se houver queda na saturação de oxigênio, deve ser realizada ventilação manual com

freqüência elevada, para recuperação rápida da hipoxemia.

( ) A aspiração das vias aéreas e da cânula traqueal deve ser realizada apenas quando

necessário.

88

10. Assinale com um (X) dentre as seguintes medidas, as que são efetivas e seguras para

prevenção/tratamento da dor e estresse no recém-nascido de muito baixo peso:

( ) Contato pele-a-pele (Método Canguru)

( ) Opióides em infusão contínua para todos os recém-nascidos em ventilação mecânica

prolongada.

( ) Fentanil antes de intubação orotraqueal e de remoção de dreno torácico.

( ) Redução de iluminação e ruídos na Unidade neonatal

( ) Evitar manuseio desnecessário e minimizar o número de procedimentos realizados

( ) Anestésicos tópicos para punção de calcanhar

( ) Medidas não farmacológicas como glicose hipertônica em cavidade oral e sucção não

nutritiva.

11. Gestante com 30 semanas de idade gestacional deu entrada na maternidade em trabalho

de parto, com relato de perda de líquido há mais de 24 horas e febre. A conduta mais

adequada em relação ao uso de corticosteróide é:

( ) Administrar corticosteróide e iniciar tocólise

( ) Não utilizar corticosteróide devido a possibilidade de corioamnionite

( ) Administrar corticosteróide e avaliar interrupção da gestação

12. RN com 26 semanas de idade gestacional e peso de nascimento de 600 g, em assistência

ventilatória de suporte, apresenta pressão arterial média de 25 mmHg, mantendo perfusão

periférica adequada e diurese normal. A conduta mais adequada é:

( ) Considerar como evolução normal e manter a conduta empregada.

( ) Expansão com Soro Fisiológico

( ) Iniciar administração de drogas vasopressoras

( ) Expansão com Soro Fisiológico (número de etapas necessárias para normalização da

pressão arterial) e drogas vasopressoras.

13. Pré-termo com idade gestacional de 28 semanas, nascido de parto cesáreo devido a

Eclampsia, nasceu deprimido, em apnéia e bradicárdico. A(s) medida(s) considerada(s) como

boa(s) prática(s) na assistência a este recém-nascido é (são):

( ) Assistência realizada por neonatologista e enfermeiros treinados em reanimação neonatal

( ) Hipotermia para prevenção de lesões neurológicas

( ) Medidas para prevenção da hipotermia, como a utilização de touca e saco plástico

durante a reanimação

( ) Ventilação com freqüência elevada para recuperação rápida.

89

14. No caso anterior, após início da assistência, o RN evolui com desconforto respiratório. A

conduta mais apropriada em relação à administração de surfactante é:

( ) Administrar precocemente o surfactante, ainda na sala de parto, durante os cuidados de

reanimação

( ) Realizar radiografia de tórax para confirmar o diagnóstico de Síndrome do desconforto

respiratório e a posição da cânula orotraqueal, administrar surfactante após estabilização do

RN, o mais precocemente possível.

( ) Administrar o surfactante após 2 horas de vida, se não houver melhora do desconforto

após este período de observação.

15. Pré-termo com IG 28 semanas e PN 1000g com diagnóstico de Síndrome do Desconforto

Respiratório, encontra-se em ventilação mecânica com PIP:15 PEEP:5 FR:30 Fluxo:7 Ti:0,45

FiO2:50%. A expansibilidade torácica é adequada. Foi colhida gasometria arterial que revelou

pH:7,25 PaCO2:55 PaO2: 75 HCO3:22 BE:-1 SatO2: 96%. O ajuste mais adequado nos

parâmetros ventilatórios é:

( ) Aumentar PIP e FR

( ) Aumentar a FR

( ) Reduzir a FiO2

( ) Aumentar a FR e Reduzir FiO2

( ) Aumentar a PIP e Reduzir a FiO2

16. RN pré-termo com 29 semanas e Peso de nascimento de 1050 g, nascido de parto cesáreo

por Pré-Eclampsia, o Apgar foi 7 e 8 no primeiro e quinto minutos. Mãe recebeu corticosteróide

antenatal. Assinale a conduta mais adequada em relação ao uso de Indometacina:

( ) Administração de Indometacina caso apresente diagnóstico confirmado de Persistência do

Canal Arterial.

( ) O uso de Indometacina é contra-indicado

( ) Administração profilática de Indometacina devido ao risco elevado de hemorragia

intraventricular e Persistência do canal arterial.

17. Pré-termo com 26 semanas de idade gestacional e Peso de nascimento 750 g apresenta

deterioração clínica com instabilidade hemodinâmica, taquicardia, palidez cutânea, perfusão

lentificada e hipotensão arterial. O resultado da gasometria arterial foi pH:7,12 PaCO2:35

PaO2:60 HCO3:12 BE:-14 SatO2: 92%. Este RN deve receber inicialmente:

( ) Bicarbonato de sódio, infusão de cristalóides e drogas vasopressoras

( ) Infusão de cristalóides e drogas vasopressoras

( ) Drogas vasopressoras e Bicarbonato de sódio.

90

18. Qual(is) a(s) conduta(s) recomendada(s) para um recém-nascido com 1000g em ventilação

mecânica que está “brigando” com o respirador, com cânula orotraqueal pérvea e bem

posicionada.

( ) Administração de Fentanil em infusão contínua

( ) Ventilação sincronizada e adequação dos parâmetros ventilatórios

( ) Sedação com midazolam

( ) Curarização

( ) Aspiração de cânula orotraqueal freqüentemente para prevenir acúmulo de secreção

19. Prematuro extremo com pneumotórax, em ventilação mecânica e drenagem torácica.

Assinale com um (X) a(s) medida(s) que deve(m) ser realizada(s) para prevenção da dor neste

paciente.

( ) Aspiração de TOT em horários pré-estabelecidos

( ) Minimizar e agrupar os procedimentos

( ) Glicose hipertônica em cavidade oral associada a sucção não-nutritiva antes de punção

de calcanhar, punção venosa ou arterial,

( ) Fentanil para retirada do dreno torácico

( ) Midazolam em infusão contínua

( ) Fentanil para inserção de cateter percutâneo ou dissecção venosa.

20. Pré-termo com peso atual de 980 g, clinicamente estável, em recuperação nutricional.

Assinale com um (X) as medidas que são consideradas como boas práticas para prevenção de

lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas.

( ) Minimizar ruídos e iluminação

( ) Método Canguru

( ) Fisioterapia respiratória em horários pré-estabelecidos

( ) Controle laboratorial diário

( ) Mínimo manuseio

91

11.2 Orientações para preenchimento do questionário

Caro profissional ,

O questionário que você irá preencher faz parte do projeto de pesquisa

Avaliação do Conhecimento sobre as Práticas para Prevenção das Lesões Cerebrais Hemorrágicas e Isquêmicas no Recém-Nascido Prematuro de Muito Baixo Peso para dissertação de mestrado profissional, da Pós-Graduação em Saúde

da Criança e da Mulher do Instituto Fernandes Figueira/FIOCRUZ.

Nosso objetivo é que você preencha de acordo com o que você conhece como

boa conduta a ser utilizada para prevenção das lesões cerebrais hemorrágicas e

isquêmicas, e não o que você consegue realizar. Se o que você conhece como boa

prática não tem sido utilizado por falta de recursos da unidade, isto não deve interferir

na sua resposta.

Este instrumento é auto-aplicado e não identificado, preservando assim o sigilo

dos participantes. Ele é composto por um bloco com informações relativas à formação

e atuação profissional e 20 questões referentes à prevenção das lesões cerebrais

hemorrágicas e isquêmicas em recém-nascidos prematuros de muito baixo peso (peso

de nascimento menor que 1500g) internados na Unidade Neonatal. Você deverá

preenchê-lo na unidade, sem consultar outras pessoas, protocolos ou qualquer

material didático. Inicialmente será preenchido o bloco de informações e as três

primeiras questões (abertas), e após sua devolução serão entregues as demais

questões.

É importante que todas as questões sejam respondidas.

Muito obrigada por sua participação.

Patrícia de Padua Andrade Campanha

92

11.3 Instrumento para Validação do Questionário

INSTRUMENTO DE VALIDAÇÃO – ESPECIALISTAS

AVALIAÇÃO DO QUESTIONÁRIO PARA VERIFICAÇÃO DO CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS SOBRE AS PRÁTICAS RECOMENDADAS PARA PREVENÇÃO DE LESÕES CEREBRAIS HEMORRÁGICAS E ISQUÊMICAS EM PREMATUROS DE MUITO BAIXO PESO.

Gostaríamos que você avaliasse a sensibilidade deste instrumento (validade de face

e conteúdo) respondendo às seguintes questões:

1. As instruções fornecidas para preenchimento do instrumento são adequadas?

Inaceitáveis pobres Boas excelentes 1 2 3 4 5 6 7 Comentários/ sugestões:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Os aspectos tratados nas questões de cada domínio são relevantes?

Insuficiente regular Bom excelente 1 2 3 4 5 6 7

Comentários/ sugestões quanto aos itens a serem revistos: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Qual sua opinião sobre a abrangência das questões em relação aos domínios eleitos?

Insuficiente regular Bom excelente 1 2 3 4 5 6 7 Sugestões de aspectos não incluídos:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Como classifica o instrumento em relação à clareza dos itens/questões?

Insuficiente regular Bom excelente 1 2 3 4 5 6 7 Comentários/ sugestões quanto aos itens a serem revistos:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

93

5. A forma e conteúdo das questões podem gerar vieses nas respostas?

muito provável provável pouco provável improvável 1 2 3 4 5 6 7 Identificação dos itens sujeitos a vieses e sugestões: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. As opções escolhidas para as respostas foram adequadas?

Inaceitáveis pobres Boas excelentes 1 2 3 4 5 6 7 Comentários/ sugestões quanto aos itens a serem revistos:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Como classifica o instrumento quanto à influência de subjetividade na resposta aos

itens/questões?

Grande boa limitada pequena 1 2 3 4 5 6 7 Comentários/ sugestões quanto aos itens a serem revistos:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8. Quantos itens foram considerados desnecessários ou redundantes no instrumento?

Muitos alguns Poucos nenhum 1 2 3 4 5 6 7 Identificação dos itens desnecessários ou redundantes:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9. Qual sua opinião sobre o instrumento quanto a sua extensão?

Insuficiente regular Bom excelente 1 2 3 4 5 6 7 Comentários/ sugestões:

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10. Considerando os objetivos do instrumento de verificar o nível de conhecimento acerca das condutas para prevenção das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no recém-nascido prematuro de muito baixo peso, qual a possibilidade de sua utilização ser bem sucedida, considerando separadamente cada um dos domínios

94

a) Uso de corticosteróide antenatal e pós-natal Improvável pouco provável Provável muito provável 1 2 3 4 5 6 7 Comentários/ sugestões:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Assistência ao parto e cuidados ao nascimento: Improvável pouco provável Provável muito provável 1 2 3 4 5 6 7 Comentários/ sugestões:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) Assistência ventilatória: Improvável pouco provável Provável muito provável 1 2 3 4 5 6 7 Comentários/ sugestões:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

d) Manejo da hipotensão: improvável pouco provável Provável muito provável 1 2 3 4 5 6 7 Comentários/ sugestões:

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

e) Medidas para prevenção e tratamento da dor: improvável pouco provável Provável muito provável 1 2 3 4 5 6 7 Comentários/ sugestões:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

95

11.4 Carta de apresentação do projeto para a Direção do

Hospital e Chefias das Unidades Neonatais

À _________________________________ (Direção/Chefia de Neonatologia) da

Unidade _____________________________________________________

Apresento o projeto de pesquisa “AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE AS

PRÁTICAS PARA PREVENÇÃO DE LESÕES CEREBRAIS HEMORRÁGICAS E

ISQUÊMICAS NO RECÉM-NASCIDO PREMATURO DE MUITO BAIXO PESO”, aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa parecer №_________, que será realizado pela mestranda

Patrícia de Padua Andrade Campanha, da Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher,

do Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, tendo como orientador o Prof. Dr. José Roberto de

Moraes Ramos.

As lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas têm papel importante na morbidade e

mortalidade neonatais. Existem práticas propostas, com base em evidências científicas, de

prevenção destas complicações. Esta pesquisa tem como principal objetivo analisar o

conhecimento sobre as práticas recomendadas para prevenção das lesões cerebrais

hemorrágicas e isquêmicas, em recém-nascidos de maior risco como os de muito baixo peso

ao nascer, em Unidades Neonatais localizadas no município do Rio de Janeiro. A análise se

dará através da aplicação de questionário para médicos, enfermeiros e fisioterapeutas que

atuam na unidade neonatal, sobre as potenciais melhores práticas.

Esta pesquisa não trará risco ou dano aos recém-nascidos, aos profissionais ou à

instituição. A participação nesta pesquisa poderá estimular o interesse do profissional sobre um

tema relevante e essencial para formação de profissionais de saúde de neonatologia. Com os

resultados da pesquisa, as unidades poderão desenvolver programas educativos visando

melhoria na qualidade da assistência neonatal e redução na mortalidade e morbidade de

recém-nascidos de muito baixo peso.

Os dados coletados e suas conclusões poderão ser obtidos junto à pesquisadora

sempre que houver interesse desta instituição. A pesquisadora se compromete a manter o

sigilo acerca das informações resguardando a individualidade dos entrevistados e da unidade,

divulgando apenas o conjunto dos resultados.

Os resultados serão apresentados em dissertação de mestrado a ser avaliada por

banca aceita pela Comissão de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher do Instituto

Fernandes Figueira /Fiocruz. Também poderão ser apresentados em um ou mais artigos a

serem publicados em revistas científicas e divulgados em congressos, simpósios, reuniões

científicas, conferências, mesas redondas e salas de aula, sempre sendo mantido o sigilo de

identidade.

Rio de Janeiro, _____/_____/_________

___________________________________________________________ Patrícia de Padua Andrade Campanha

e-mail: [email protected] Tel: 2480-0430 / 9124-9752

96

11.5 Termos de Consentimento Livre e Esclarecido

11.5.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - SMS

Eu,__________________________________________________________________,

exercendo a função de ______________________________________________ na unidade

___________________________________________________________________________,

concordo voluntariamente em participar do projeto de pesquisa “Avaliação do Conhecimento

sobre as práticas para Prevenção de Lesões Cerebrais Hemorrágicas e Isquêmicas no Recém-

Nascido Prematuro de Muito Baixo Peso”, realizado pela mestranda Patrícia de Padua Andrade

Campanha, do Mestrado Profissional em Saúde da Criança e da Mulher do Instituto Fernandes

Figueira / FIOCRUZ. As lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas têm papel importante na

morbidade e mortalidade neonatais. Existem práticas propostas como potencialmente

melhores, com base nas evidências científicas disponíveis, de prevenção destas complicações

a que estão expostos os recém-nascidos internados nas Unidades Neonatais. Esta pesquisa

tem como principal objetivo analisar o conhecimento sobre as práticas recomendadas para

prevenção e controle das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas, em recém-nascidos de

maior risco como os de muito baixo peso ao nascer, em Unidades Neonatais do município do

Rio de Janeiro. A análise se dará através da aplicação de questionário para médicos,

enfermeiro e fisioterapeutas, para avaliação do conhecimento sobre as potenciais melhores

práticas. Esta pesquisa não trará risco ou dano aos profissionais, aos recém-nascidos ou às

instituições envolvidas. Fica esclarecido que tenho liberdade de recusar a participar ou retirar

este consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer tipo de penalização ou

prejuízo e que os dados coletados e suas conclusões poderão ser obtidos junto à pesquisadora

sempre que for de meu interesse. A pesquisadora está comprometida com a manutenção do

sigilo acerca das informações prestadas, resguardando minha individualidade e divulgando

apenas o conjunto dos resultados, exclusivamente em publicação científica da área. Para

eventuais dúvidas ou esclarecimentos contatar a pesquisadora (tel. 2480-0430/e-mail

[email protected]), o orientador do projeto José Roberto de Moraes Ramos (tel. 9985-

3913 / e-mail [email protected]) ou o Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria

Municipal de Saúde – RJ (tel. 2504-3196 /e-mail [email protected]).

Rio de Janeiro, ____/_____/________

____________________________________________________

Patrícia de Padua Andrade Campanha

Rio de Janeiro, ____/_____/________

_________________________________________________________

97

11.5.2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - IFF

Eu,_________________________________________________________________________,

exercendo a função de ______________________________________ na unidade neonatal do

Instituto Fernandes Figueira concordo voluntariamente em participar do projeto de pesquisa

“Avaliação do Conhecimento sobre as práticas para Prevenção de Lesões Cerebrais

Hemorrágicas e Isquêmicas no Recém-Nascido Prematuro de Muito Baixo Peso”, realizado

pela mestranda Patrícia de Padua Andrade Campanha, da Pós-Graduação em Saúde da

Mulher e da Criança do Instituto Fernandes Figueira / FIOCRUZ. As lesões cerebrais

hemorrágicas e isquêmicas tem papel importante na morbidade e mortalidade neonatais.

Existem práticas propostas como potencialmente melhores, com base nas evidências

científicas disponíveis, de prevenção destas complicações a que estão expostos os recém-

nascidos internados nas Unidades Neonatais. Esta pesquisa tem como principal objetivo

analisar o conhecimento sobre as práticas recomendadas para prevenção e controle das

lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas, em recém-nascidos de maior risco como os de

muito baixo peso ao nascer, em Unidades Neonatais do município do Rio de Janeiro. A análise

se dará através da aplicação de questionário para médicos, enfermeiro e fisioterapeutas, para

avaliação do conhecimento sobre as potenciais melhores práticas. Esta pesquisa não trará

risco ou dano aos profissionais, aos recém-nascidos ou às instituições envolvidas. Fica

esclarecido que tenho liberdade de recusar a participar ou retirar este consentimento, em

qualquer fase da pesquisa, sem qualquer tipo de penalização ou prejuízo e que os dados

coletados e suas conclusões poderão ser obtidos junto à pesquisadora sempre que for de meu

interesse. A pesquisadora está comprometida com a manutenção do sigilo acerca das

informações prestadas, resguardando minha individualidade e divulgando apenas o conjunto

dos resultados, exclusivamente em publicação científica da área. Para eventuais dúvidas ou

esclarecimentos entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do IFF/FIOCRUZ

através do e-mail [email protected], Telefone: 2554-1730.

Rio de Janeiro, ____/_____/________

_______________________________________________

Patrícia de Padua Andrade Campanha

Tel: 2480-0430 / 9124-9752 e-mail:[email protected]

End: Av. Ayrton Senna,233 apt 806 Barra da Tijuca.

________________________________________________

98

11.5.3 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - HUGG

Eu,__________________________________________________________________,

exercendo a função de ____________________________________ na unidade neonatal do

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GAFFRÉE E GUINLE, concordo voluntariamente em participar do

projeto de pesquisa “Avaliação do Conhecimento sobre as práticas para Prevenção de Lesões

Cerebrais Hemorrágicas e Isquêmicas no Recém-Nascido Prematuro de Muito Baixo Peso”,

realizado pela mestranda Patrícia de Padua Andrade Campanha, do Mestrado Profissional em

Saúde da Criança e da Mulher do Instituto Fernandes Figueira / FIOCRUZ. As lesões cerebrais

hemorrágicas e isquêmicas tem papel importante na morbidade e mortalidade neonatais.

Existem práticas propostas como potencialmente melhores, com base nas evidências

científicas disponíveis, de prevenção destas complicações a que estão expostos os recém-

nascidos internados nas Unidades Neonatais. Esta pesquisa tem como principal objetivo

analisar o conhecimento sobre as práticas recomendadas para prevenção e controle das

lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas, em recém-nascidos de maior risco como os de

muito baixo peso ao nascer, em Unidades Neonatais do município do Rio de Janeiro. A análise

se dará através da aplicação de questionário para médicos, enfermeiro e fisioterapeutas, para

avaliação do conhecimento sobre as potenciais melhores práticas. Esta pesquisa não trará

risco ou dano aos profissionais, aos recém-nascidos ou às instituições envolvidas. Fica

esclarecido que tenho liberdade de recusar a participar ou retirar este consentimento, em

qualquer fase da pesquisa, sem qualquer tipo de penalização ou prejuízo e que os dados

coletados e suas conclusões poderão ser obtidos junto à pesquisadora sempre que for de meu

interesse. A pesquisadora está comprometida com a manutenção do sigilo acerca das

informações prestadas, resguardando minha individualidade e divulgando apenas o conjunto

dos resultados, exclusivamente em publicação científica da área. Para eventuais dúvidas ou

esclarecimentos entrar em contato com a pesquisadora responsável (tel. 2480-0430 e 9124-

9752 / e-mail [email protected]), ou o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Gaffrée e Guinle (tel. 2264-5177 / e-mail [email protected]).

Rio de Janeiro, ____/_____/________

_________________________________________________________

Patrícia de Padua Andrade Campanha

Rio de Janeiro, ____/_____/________

_________________________________________________________

99

11.5.4 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – UERJ

Eu,____________________________________________________________,

exercendo a função de ________________________ no Núcleo Perinatal da UERJ, concordo

voluntariamente em participar do projeto de pesquisa “Avaliação do Conhecimento sobre as

práticas para Prevenção de Lesões Cerebrais Hemorrágicas e Isquêmicas no Recém-Nascido

Prematuro de Muito Baixo Peso”, realizado pela mestranda Patrícia de Padua Andrade

Campanha, da Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher do Instituto Fernandes

Figueira / FIOCRUZ. As lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas tem papel importante na

morbidade e mortalidade neonatais. Existem práticas propostas como potencialmente

melhores, com base nas evidências científicas disponíveis, de prevenção destas complicações

a que estão expostos os recém-nascidos internados nas Unidades Neonatais. Esta pesquisa

tem como principal objetivo analisar o conhecimento sobre as práticas recomendadas para

prevenção e controle das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas, em recém-nascidos de

maior risco como os de muito baixo peso ao nascer, em Unidades Neonatais do município do

Rio de Janeiro. A análise se dará através da aplicação de questionário para médicos,

enfermeiro e fisioterapeutas, para avaliação do conhecimento sobre as potenciais melhores

práticas. Esta pesquisa não trará risco ou dano aos profissionais, aos recém-nascidos ou às

instituições envolvidas. Fica esclarecido que tenho liberdade de recusar a participar ou retirar

este consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer tipo de penalização ou

prejuízo e que os dados coletados e suas conclusões poderão ser obtidos junto à pesquisadora

sempre que for de meu interesse. A pesquisadora está comprometida com a manutenção do

sigilo acerca das informações prestadas, resguardando minha individualidade e divulgando

apenas o conjunto dos resultados, exclusivamente em publicação científica da área.

Para eventuais dúvidas ou esclarecimentos entrar em contato com a pesquisadora

responsável (tel. 2480-0430 e 9124-9752/ e-mail [email protected] / End. Av. Ayrton

Senna 233/806 – Barra da Tijuca Rio de Janeiro-RJ ou com o orientador do projeto Prof. Dr.

José Roberto de Moraes Ramos (tel. 9985-3913 / e-mail [email protected]). Caso você

tenha dificuldade em entrar em contato com o pesquisador responsável, comunique o fato à

Comissão de Ética em Pesquisa da UERJ: Rua São Francisco Xavier, 524, sala 3020, bloco E,

3° andar – Maracanã – Rio de Janeiro – RJ, e-mail: é[email protected] – Tel. 2569-3490.

Rio de Janeiro, ____/_____/________

____________________________________________________

Patrícia de Padua Andrade Campanha

Rio de Janeiro, ____/_____/________ _________________________________________________________

100

11.5.5 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – ME-UFRJ

Eu,__________________________________________________________________,

exercendo a função de ______________________________ na UTI neonatal da Maternidade

Escola -UFRJ, concordo voluntariamente em participar do projeto de pesquisa “Avaliação do

Conhecimento sobre as práticas para Prevenção de Lesões Cerebrais Hemorrágicas e

Isquêmicas no Recém-Nascido Prematuro de Muito Baixo Peso”, realizado pela mestranda

Patrícia de Padua Andrade Campanha, da Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher

do Instituto Fernandes Figueira / FIOCRUZ. As lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas

tem papel importante na morbidade e mortalidade neonatais. Existem práticas propostas como

potencialmente melhores, com base nas evidências científicas disponíveis, de prevenção

destas complicações a que estão expostos os recém-nascidos internados nas Unidades

Neonatais. Esta pesquisa tem como principal objetivo analisar o conhecimento sobre as

práticas recomendadas para prevenção e controle das lesões cerebrais hemorrágicas e

isquêmicas, em recém-nascidos de maior risco como os de muito baixo peso ao nascer, em

Unidades Neonatais do município do Rio de Janeiro. A análise se dará através da aplicação de

questionário para médicos, enfermeiro e fisioterapeutas, para avaliação do conhecimento sobre

as potenciais melhores práticas. Esta pesquisa não trará risco ou dano aos profissionais, aos

recém-nascidos ou às instituições envolvidas. Fica esclarecido que tenho liberdade de recusar

a participar ou retirar este consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer tipo de

penalização ou prejuízo e que os dados coletados e suas conclusões poderão ser obtidos junto

à pesquisadora sempre que for de meu interesse. A pesquisadora está comprometida com a

manutenção do sigilo acerca das informações prestadas, resguardando minha individualidade e

divulgando apenas o conjunto dos resultados, exclusivamente em publicação científica da área.

Para eventuais dúvidas ou esclarecimentos entrar em contato com a pesquisadora

responsável (tel. 2480-0430 e 9124-9752/ e-mail [email protected] / End. Av. Ayrton

Senna 233/806 – Barra da Tijuca Rio de Janeiro-RJ ou com o orientador do projeto Prof. Dr.

José Roberto de Moraes Ramos (e-mail [email protected]). Caso você tenha

dificuldade em entrar em contato com o pesquisador responsável, comunique o fato ao

CEP/ME-UFRJ: Rua das Laranjeiras,180 – Laranjeiras - Rio de Janeiro – RJ, e-mail:

[email protected] – Tel. 2205-9064.

Rio de Janeiro, ____/_____/________

____________________________________________________

Patrícia de Padua Andrade Campanha

Rio de Janeiro, ____/_____/________

_________________________________________________________

101

11.5.6 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - HSE

Você está sendo convidado para participar da pesquisa “Avaliação do conhecimento sobre as práticas para prevenção das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas no recém-nascido prematuro de muito baixo peso”, realizada pela mestranda Patrícia de

Padua Andrade Campanha, da Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher do Instituto

Fernandes Figueira – Fiocruz. Sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você

pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo

em sua relação com o pesquisador ou com a instituição.

As lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas tem papel importante na morbidade e

mortalidade neonatais. Existem práticas propostas como potencialmente melhores, com base

nas evidências científicas disponíveis, de prevenção destas complicações a eu estão expostos

os recém-nascidos internados nas unidades neonatais. Esta pesquisa tem como principal

objetivo analisar o conhecimento sobre as práticas recomendadas para prevenção e controle

das lesões cerebrais hemorrágicas e isquêmicas, em recém-nascidos de maior risco como os

de muito baixo peso ao nascer, em Unidades Neonatais públicas localizadas no município do

Rio de Janeiro. A análise se dará através da aplicação de questionário para médicos,

enfermeiros e fisioterapeutas, para avaliação do conhecimento sobre as potenciais melhores

práticas.

Esta pesquisa não trará risco ou dano aos profissionais ou às instituições envolvidas,

com exceção do tempo dispendido para preenchimento do questionário.

A participação nesta pesquisa poderá estimular o seu interesse sobre um tema

relevante e essencial para formação de profissionais de saúde de neonatologia. Com os

resultados da pesquisa, as unidades poderão desenvolver programas educativos visando

melhoria na qualidade da assistência neonatal e redução na mortalidade e morbidade de

recém-nascidos de muito baixo peso.

As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidencias e asseguramos o

sigilo sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua

identificação, mas apenas o conjunto dos resultados, exclusivamente em publicação científica

da área. Os dados coletados e suas conclusões poderão ser obtidos junto à pesquisadora

sempre que for de seu interesse.

Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do

pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou

a qualquer momento.

Comitê de Ética em Pesquisa é um colegiado interdisciplinar, de caráter consultivo,

deliberativo e educativo, criado para defender os interesses dos sujeitos da pesquisa em sua

integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões

102

éticos. Caso você tenha dificuldade em entrar em contato com o pesquisador responsável,

comunique o fato ao CEP do HSE, através do telefone 2291-3131 R:3544.

_____________________________________________________________________ Patrícia de Padua Andrade Campanha

E-mail: [email protected] Tel:2480-0430 / 9124-9752 End: Av. Ayrton Senna, 233/806 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro - RJ

Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em participar.

_____________________________________________________________________ Sujeito da pesquisa

103

12. Anexos Pareceres dos Comitês de Ética em Pesquisa