AVALIAÇÃO DO COMPÓRTAMENTO TÉRMICO DE ARGILAS DA REGIÃO DE PASSOS, MG, VISANDO SUA APLICAÇÃO...

download AVALIAÇÃO DO COMPÓRTAMENTO TÉRMICO DE ARGILAS DA REGIÃO DE PASSOS, MG, VISANDO SUA APLICAÇÃO COMO POZOLANAS

of 2

Transcript of AVALIAÇÃO DO COMPÓRTAMENTO TÉRMICO DE ARGILAS DA REGIÃO DE PASSOS, MG, VISANDO SUA APLICAÇÃO...

  • 7/29/2019 AVALIAO DO COMPRTAMENTO TRMICO DE ARGILAS DA REGIO DE PASSOS, MG, VISANDO SUA APLICAO COMO POZOLANAS

    1/2

    AVALIAO DO COMPORTAMENTO TRMICO DEARGILAS DA REGIO DE PASSOS-MG, VISANDO

    SUA APLICAO COMO POZOLANASPinho, Deyna

    1; SantAgostino, Llia Mascarenhas

    2

    1)[email protected];

    2)[email protected];

    1. INTRODUO

    O trabalho tem como objetivo caracterizar tecnologicamente argilas como fonte de material pozolnico,

    a fim de obter sua composio mineralgica, detalhando os argilominerais presentes, e definir a temperatura

    tima de ativao trmica do material. Foram estudadas argilas provenientes de dois depsitos localizados no

    municpio de Ita de Minas, Regio do Alto Rio Grande no sudoeste de Minas Gerais, cujos direitos minerrios

    pertencem Companhia de Cimento Portland Ita (grupo Votorantim).

    As duas reas contm argilas

    caulinticas, sendo que uma delas est

    associada ao Grupo Bambu assim compondo

    uma jazida (Jazida do Eucalipto) onde a

    empresa explora tambm calcrio (Mina

    Taboca) para fabricao de cimento, argamassa

    e cal. Uma parte dessas argilas utilizada na

    composio da farinha para fabricao de

    cimento, outra parte utilizada na fabricao de

    cimento pozolnico, aps sua calcinao a

    800C, restando ainda uma parcela de recursos

    de argila considerada at o momento material

    estril que destinado a bota-foras.

    O outro depsito mineral em estudo

    denominado Fazenda da Lagoa e se encontra

    atualmente sob avaliao tcnico-econmica

    pela Empresa.2. CONTEXTO GEOLGICO

    Os dois depsitos so compostos por argilas essencialmente caulinticas, sendo ambos sotapostos ao

    Grupo Bambu. Na jazida do Eucalipto ocorrem tanto argilas residuais quanto sedimentares, dentre as

    residuais esto algumas argilas vermelhas e cinza claro meio esverdeadas que apresentam nitidamente a

    foliao residual das rochas do Grupo Arax, sendo que tambm se pode incluir as argilas marrom escuras

    que so resultado da alterao dos mrmores do Grupo Bambu. Dentre as sedimentares esto as argilas de

    cor roxa com fragmentos de mrmore e as brancas com fragmentos de quartzito indicando transporte fluvial,

    com rea fonte prxima, possivelmente rochas do complexo Campos Gerais.

    Na Fazenda da Lagoa as argilas so essencialmente de carter sedimentar e acredita-se que estas argilas

    sedimentares sejam resultado de um ambiente sedimentar fluvial-lacustre de idade Terciria a Quaternria.

    3. POZOLANAS

    Neste trabalho, pozolanas so definidas segundo a norma NBR12653 (ABNT, 1992), como Materiais

    silicosos ou slico-aluminosos que, por si ss, possuem pouca ou nenhuma atividade aglomerante, mas que

    quando finamente divididos e na presena de gua , reagem com o hidrxido de clcio temperatura

    ambiente para formar compostos com propriedades aglomerantes. Com relao s argilas, raramente se

    comporta como pozolana, mas ao ser aquecida entre 550 a 900oC, sofre alteraes dos minerais

    componentes podendo adquirir propriedades pozolnicas, a este processo chama-se calcinao.

    A calcinao promove a transformao do argilomineral caulinita presente nas argilas, em um

    composto de slica e alumina com estrutura amorfa, chamado de metacaulinita, que se forma graas a perda

    da hidroxila na forma de gua atravs de aquecimento temperaturas de 550 a 900C. Essas transformaes

    trmicas so possveis de serem determinadas atravs de Anlises Termodiferenciais e Gravimtricas.

    4. AMOSTRAGEM e DESCRIO

    A amostragem foi feita nos dois depsitos de argila da Cimento Ita, tanto na Jazida do Eucalipto

    quanto no depsito da Fazenda da Lagoa, atravs de sondagem a trado mecnico de dimetro de 3 e furos

    de de 16 a 18 m de profundidade em mdia, arranjados segundo malhas quadrticas.

    Os testemunhos de argilas foram, ento,

    descritos novamente levando em considerao os

    critrios estabelecidos que se apoiaram

    principalmente na sua cor natural, mas tambm napresena ou no de foliao ou outra estrutura

    residual, ou presena de areia ou gros de seixos etc.

    Assim foram descritas argilas de diferentes

    tonalidades, e que foram agrupadas de acordo com

    um gabarito de tonalidades.

    EUCALIPTO

    FAZENDA DA LAGOA

    AMARELA BRANCA

    CINZA VERMELHA

    MARROM PRETAEROXA

    GABARITO DE CORES E TONALIDADES

    5. ANLISES QUMICAS

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    15 20 25 30 35 40

    Al2O3

    K2O

    Argilas Brancas Amostra EcBrA1 Amostra EcBrA2 Amostra EcBrB1 Amostra EcBrB2

    A

    B

    Al2O3 x K2O

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    40 45 50 55 60 65 70 75 80

    SiO2

    K2O

    Argilas Brancas Amostra EcBrA1 Amostra EcBrA2 Amostra EcBrB1 Amostra EcBrB2

    A

    B

    K2O x SiO2

    EUCALIPTO

    FAZENDA DA LAGOA

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    10 15 20 25 30 35

    Al2O3

    K2O

    Argilas Amarelas Amostra LgAmC Amostra LgAmA Amostra LgAmB

    A

    B

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    20 22 24 26 28 30 32

    Al2O3

    Fe2O3

    Argilas Cinzas Amostra LgCzD Amostra LgCzA Amostra LgCzC Amostra LgCzB

    AB

    C

    DAl2O3 x K2O Al2O3 x Fe2O3

    ARGILAS AMARELAS ARGILAS BRANCAS

    Instituto de Geocincias, Universidade de So Paulo. 2003. Apoio Financeiro: Cimento Portland Ita, Votoramtim Cimentos

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
  • 7/29/2019 AVALIAO DO COMPRTAMENTO TRMICO DE ARGILAS DA REGIO DE PASSOS, MG, VISANDO SUA APLICAO COMO POZOLANAS

    2/2

    EcBrA2

    -

    10,00

    20,00

    30,00

    40,00

    50,00

    60,00

    70,00

    80,00

    90,00

    100,00

    0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 1000,00

    Abertura (um)

    FreqnciaAcumuladaAbaixo

    (%)

    6. AMOSTRAS SELECIONADAS

    EUCALIPTO

    4 amostras brancas

    EcBrA1 EcBrA2

    EcBrB1 EcBrB2

    FAZENDA DA LAGOA

    2 amostras amarelas 4 amostras cinzas

    LgAmYA LgAmYB LgCzXA LgCzXB

    LgCzXC LgCzXD

    Foram escolhidas as amostras com estas caractersticas de cor, por apresentarem uma cor de

    queima que no interfere na cor original do cimento o que representa uma caractrstica de interesse

    importante e determinate para o uso de determinadas argilas pela indstria de cimento.

    7. ANLISES GRANULOMTRICAS

    Tanto para as amostras do Eucalipto quanto para as amostras da Fazenda da Lagoa, todas

    apresentaram dois tipos distintos de distri buio granulomtrica: uma Log-Normal, apresentando

    somente uma pupulao, e outra trimodal, apresentando trs populaes distintas.

    8. ANLISES TERMODIFERENCIAIS E TERMOGRAVIMTRICAS

    LgAmYA

    -

    10,00

    20,00

    30,00

    40,00

    50,00

    60,00

    70,00

    80,00

    90,00

    100,00

    0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 1000,00

    Abertura (um)

    FreqnciaAcumuladaAbaixo(

    puderam ser percebidas pelos patamares de perdas de massa mas que no se expressaram por picos

    de consumo/liberao de energia nos termogramas. A partir desses resultados foram definidas as

    temperaturas de calcinao para as amostras.

    AMOSTRASESCOLHIDA

    STEMPERATURA DE CALCINAO (C)

    LgAmYA - 450 550 900 -

    LgCzXC 100 300 500 900 970

    EcBrA2 100 410 550 700 970

    EcBrB1 - - 550 860 900

    Os resultados esto expressos nas

    formas de curvas termodiferenciais e

    termogravimtricas, conforme os grficos

    acima. Em alguns grficos, especialmente das

    amostras EcBrA1, EcBrB1, EcBrB2 e LgAmYA,

    as transformaes minerais

    9. DIFRAO DE RAIOS X

    A partir das difraes de raios X das amostras, determinou-se a composio mineralgica

    principal para todas as amostras selecionadas, que so basicamente compostas de quartzo e caulinita,

    com bastante presena de feldspato e muscovita, e em algumas amostras h a presena tambm de

    clorita, goethita e titanita.

    Nota-se que os silicatos como o quartzo e o feldspatos, mantiveram-se intactos em todas as

    temperaturas de calcinao, como tambm a titanita e a goetita. As micas como a clorita e a muscovita

    resistem at 970C quando ento so desestruturadas. A caulinita entretanto varia seu comportamento,

    sendo na amostra EcBrA2 no aparencendo a 410C, mas nas demais aparece at 500C.

    FASES MINERAIS PRESENTES NOS DIFRATOGRMAS PARA AS AMOSTRAS CALCINADAS

    AMOSTRAS EcBrA2 EcBrB1 LgAmYA LgCzXC

    TEMPERATURAS DECALCINAO (C)

    100 410 550 700 970 550 860 900 450 550 900 100 300 500 900 970

    MINERAIS

    Quartzo Quartzo Quartzo Quartzo

    Caulinita Caulinita Caulinita Caulinita

    Muscovita MuscovitaMuscovita

    Clorita

    Feldspato Titanita Goetita Feldspato

    DIFRATOGRAMAS DAS DIVERSAS TEMPERATURAS DE CALCINAO PARAA AMOSTRA EcBrA2

    10. CONCLUSES

    Em relao composio qumica, observou-se um excesso de slica e baixo alumnio frente ao

    esperado pela estequiometria da caolinita (46,5% SiO2 e 39,5% Al2O3), indicando provvel presena de

    quartzo. Os teores de potssio so expressivos em alguns grupos de amostras sugerindo ocorrncia de

    minerais micceos associados, o que fato em algumas amostras, reforado pelos teores de magnsio

    mais elevados (micas magnesianas?). Os teores de ferro no se correlacionam com a colorao das

    amostras, existem amostras brancas com valores da ordem de 3% Fe2O3, amostras amarelas da ordem

    de 2%, e amostras cinzas da ordem de 6%. Sendo assim, a separao das argilas pelo critrio cor

    importante, mas no deve ser nico j que as argilas possuem um comportamento qumico muito

    diversificado. E Em relao granulometria, as amostras parecem no guardar correlao entre a

    granulometria, e a composio qumica, mesmo no que se relaciona a indicao de presena de quartzo.

    Para os dois depsitos estudados a mineralogia dos maiores constituintes foi semelhante: caulinita e

    quartzo, sendo que em ambos ocorre muscovita associada, seja como maior, menor ou trao e ortoclsio

    idem, com maior freqncia na Fazenda da Lagoa. Pela difrao de raios x foi detectada presena de

    clorita nas amostras da Fazenda, j ustificando o magnsio associado, e embora tambm ocorram teores

    significativos de MgO no Eucalipto a difrao no acusou um mineral especfico portador.

    Pode-se dizer a respeito das transformaes minerais que a caulinita inicia a sua desestruturao a

    450C e se desestrutura totalmente 550C, enquanto que as micas resi stem at 970C, quando tambm se

    desestruturam. Sendo a 970C o possvel incio da nucleao de mulita.

    A partir dos resultados do DRX e ATD-ATG a temperatura de ativao trmica seria a partir de

    600C, fato que no observado nos resultados dos ensaios de pozolanicidade com algumas amostras

    apresentando melhores resultados a temperaturas de 800 e 900C, em estgios avanados a finais de

    desestruturao da caulinita. Ou seja, o uso de ATD-ATG para ambos os depsitos como mtodo de

    definio das temperaturas de ativao trmica no se mostrou como ferramenta eficiente.

    11. REFERNCIAS BIBL IOGRFICAS

    Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT. 1992. Materiais Pozolnicos NBR 12653/1992. 3p.