Avaliação de ruídos e estresse térmico em ambiente de trabalho simulado

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    AVALIAÇÃO DE RUÍDOS E ESTRESSE TÉRMICO EM AMBIENTE

    DE TRABALHO SIMULADO

    Reges Rodrigues Santos1 

    Lílian Araújo Ferreira Zaidan2 

    Sílvio Augusto Canário Nillo3 

    RESUMO

    As causas das doenças ocupacionais no trabalho relacionadas ao ruído e estresse térmico

    devem ser identificadas e avaliadas, visando à eliminação dos riscos nocivos à saúde do

    trabalhador. O objetivo deste artigo é indicar como a aplicação da metodologia da higiene

    ocupacional no ambiente de trabalho ajuda a eliminar a subjetividade na etapa de

    identificação dos riscos, utilizando-se de requisitos técnicos e científicos na avaliação dos

    agentes físicos: ruído e calor. É utilizada uma pesquisa bibliográfica para indicar os efeitos

     prejudiciais decorrentes da exposição do trabalhador ao risco e por meio de um estudo de

    campo, a demonstração do uso de técnicas de avaliação quantitativa e qualitativa. O resultado

    da pesquisa indica que a mensuração dos riscos após a aplicação da metodologia científica,

     pode diferir ou confirmar os riscos identificados durante o mapeamento de riscos.

    Palavras-chave: ruído; estresse térmico; higiene ocupacional. 

    1. Introdução

    A palavra de origem latina ‘Insalubridade’ relaciona-se com a doença ou o que não é saudável

    ou higiênico (INFOPÉDIA, 2013). Conforme o decreto-lei 5.452/1943, a insalubridade

    engloba as atividades ou operações, que por natureza, envolve condições ou métodos de

    trabalho, com a exposição dos empregados aos agentes nocivos a saúde, e que tenham seus

    valores acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza, da intensidade do agente

    e do tempo de exposição a seus efeitos. 

    1 Aluno do curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. Graduado no curso Engenharia deProdução. E-mail: [email protected] Professora orientadora e professora do curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho daFaculdade Pitágoras de Uberlândia, MG. E-mail: [email protected] Professor especialista, orientador, professor do curso de especialização em Engenharia de Segurança doTrabalho da Faculdade Pitágoras de Uberlândia, MG. E-mail: [email protected] 

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    2. Referencial Teórico

    Visando a avaliação e quantificação dos níveis de ruídos ao qual o trabalhador está exposto

    em um ambiente laboral, e a caracterização do ambiente como insalubre ou não, é necessária à

    aplicação da higiene ocupacional. A higiene ocupacional é definida como:

    a ciência e arte dedicada ao reconhecimento, avaliação e controle daqueles fatoresou tensões ambientais, que surgem no ou do trabalho, e que podem causar doenças,

     prejuízos à saúde ou ao bem-estar, ou desconforto significativos entre trabalhadoresou entre os cidadãos da comunidade (BREVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI,2006, p. 10).

    Ainda, segundo os autores Brevigliero, Possebon e Spinelli (2006, p.10), para se

    definir o grau de insalubridade presente em um ambiente é necessário a implementação detrês etapas:

    a)  Reconhecimento  –   que se dá por um estudo do processo, visitas preliminares,

    entrevista com os trabalhares e avaliações preliminares;

     b)  Avaliação  –   aplicação de uma estratégia, metodologia, amostragem, análise e

    interpretação;

    c)  e controle da fonte, do percurso ou do trabalhador.

    A etapa de avaliação é uma importante ferramenta para a prevenção de doenças do

    trabalho, pois caso a avaliação não seja feita ou apresente falhas, só serão descobertas quando

    o trabalhador adoecer, com a possibilidade de danos irreversíveis. Além da avaliação

    quantitativa, com o uso de equipamentos de medição, é importante também a avaliação

    qualitativa por meio da elaboração do mapa de riscos (BREVIGLIERO; POSSEBON;

    SPINELLI, 2006, p. 11).

     No campo dos agentes físicos, ainda segundo Brevigliero, Possebon e Spinelli (2006,

     p. 211), o agente ruído, de forma geral, se constitui em um dos maiores riscos potenciais para

    a saúde dos trabalhadores tanto nas instalações industriais como em outras atividades laborais.

    O som é transmitido através do ar e é produzido por vibrações dos objetos. As

    vibrações formam uma onda de pressão que pode ser percebida pela ouvido humano, que

     pode detectar vibrações que variam entre 20 a 20.000 Hertz ou ciclos por segundo. O ruído

    normalmente está associado a altos níveis de som, sons repentinos, estridentes ou irritantes

    (HUGHES; FERRETT, 2007, p. 260).

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    Figura 1 –  Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente.

    Fonte: Anexo I da NR 15 –  Atividades e Operações Insalubres (2013).

    A não observância aos limites de tolerância permissíveis de exposição aos ruídos

     podem trazer graves prejuízos à saúde física e mental da pessoa, muitas vezes imensuráveis.

    Segundo Brandimiller (1996, p. 207), os ruídos no ambiente de trabalho podem ocasionar,

    além da irreversível perda de audição, outros tipos de anomalias ou distúrbios de

    característica orgânica que transcorrem e geram eventualmente problemas de ordem

    neuropsíquica.

    Dentre as ferramentas disponíveis para avaliação das perdas auditivas, ainda segundo

    Brandimiller (1996, p. 210), a classificação de Merluzzi tem a importante vantagem de

    incorporar na avaliação as perdas na escala de 3.000 Hertz, considerada como sendo uma

    frequência importante para audição social, como também é a escala precocemente atingida no

     processo de perda auditiva, antes mesmo das frequências de 500 a 2.000 Hertz, também

    importante para a audição social.

    A classificação de Merluzzi divide as frequências em duas faixas, classificando-as

    como: a das frequências importantes para a comunicação falada (500, 1000, 2000 e 3.000

    Hertz), e as das frequências mais agudas (4.000, 6.000 e 8.000 Hertz) não significativas para a

    comunicação da fala, porém que apresentam estreita relação com os efeitos não auditivos do

    ruído (zumbido, distonia labiríntica, distúrbios neurovegetativos e psíquicos).

    Além disso, estabelece três faixas de intensidade de perdas auditivas nessas

    frequências, a saber: de até 25 decibéis - compatível com a normalidade, de 30 a 50 decibéis - perda moderada, e superior a 50 decibéis - perda acentuada (BRANDIMILLER, 1996, p.

    210).

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    Além do ruído, outro agente de importante destaque é o estresse térmico derivado do

    calor. O estresse ambiental pode ter efeitos adversos no desempenho do metabolismo

    corporal, e em alguns casos, resultar em grave ameaça a vida.

    Em muitos locais, os trabalhadores são submetidos ao trabalho expostos à radiação

    solar, ou então a fontes de calor artificiais nos processos de produção, como por exemplo:

    fornos, aquecedores, caldeiras a vapor, entre outras. Esta exposição tem em si o risco de

    estresse término, pois o corpo pode ganhar ou perder calor por produção metabólica de calor,

    troca de calor por condução, por convecção, irradiação e evaporação (PRENTICE, 2012, p.

    92).

    A temperatura do corpo humano normalmente está em torno de 37 graus Celsius e é

    mantida nesses níveis independentemente da temperatura do ambiente. Se o ambiente estiver

    quente, a sudorese permitirá a perda do calor em excesso pela evaporação em contato com um

    fluxo de ar; devendo ser reposto a água do corpo por ingestão hídrica (HUGHES; FERRETT,

    2007, p. 265).

    Entretanto, segundo Hughes e Ferret (2007, p. 265), se o ambiente quente estiver

    com alta humidade, a evaporação do suor não ocorrerá causando hipertermia, condição em

    que a temperatura corporal se eleva, levando a uma sobrecarga do coração, e em casosextremos, a insolação. A hipertermia tem causado uma série de mortes, mesmo em atletas,

    conforme Prentice (2012, p. 92).

    Os autores Hughes e Ferret (2007, p. 265) apresentam o conceito da equação do

    calor, onde doenças provenientes do calor podem ser desencadeadas quando o corpo perde a

    capacidade de auto regulação.

     Neste conceito, as doenças provenientes do calor são desencadeadas em função de

    alta temperatura no ambiente, alta umidade e esforço físico (vide figura 2). Se não tratada, a

    exaustão pelo calor pode levar a insolação e a morte.

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    Figura 2 –  A equação do calor.

    Fonte: Adaptado de Hughes e Ferret (2007, p. 265).

     Na indústria, os efeitos adversos do estresse térmico não são diferentes, e doenças

    cardíacas podem se desencadear em função do estresse térmico. Segundo Ribeiro (2010, p.

    288), “a exposição ao calor produz alterações progressivas que afetam os mecanismos de

    termo-regulação (sudação, circulação cutânea, limiar de início de sudação), as alterações

    cardiovasculares e endócrinas”. 

     No quesito de metodologia aplicada às análises quantitativas dos agentes físicos, a

    FUNDACENTRO, órgão governamental criado em 1966 e subordinado ao Ministério do

    Trabalho e Emprego - MTE, tem produzido e disseminado conhecimento por procedimentos

    técnicos desenvolvidos por seus pesquisadores, e amplamente utilizados por engenheiros de

    segurança do trabalho e profissionais relacionados à segurança do trabalho no Brasil (MTE,

    2013; FUNDACENTRO, 2013).

    A Norma de Higiene Ocupacional  –   NHO n.º 01 de Avaliação da Exposição

    Ocupacional ao Ruído tem como objetivo contribuir como ferramenta na identificação do

    agente ambiental de risco classificado como agente físico ruído, com o intuito de colaborar no

    controle da exposição e na prevenção de doenças ocupacionais (FUNDACENTRO, 2001).

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    Além disso, a NHO n.º 06 que dispõe sobre a Avaliação da Exposição Ocupacional

    ao Calor estabelece critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional ao

    calor que implique em sobrecarga térmica ao trabalhador, com consequente risco potencial de

    dano à saúde (FUNDACENTO, 2002).

    O desenvolvimento do trabalho de investigação científica consistiu pela aplicação da

     NHO n.º 01 e NHO n.º 06 em um ambiente de trabalho simulado em laboratório de uma

    Faculdade em Uberlândia, MG. O tempo de amostragem das coletas para a avaliação

    quantitativa foi de 15 minutos, em momento mais desfavorável de exposição aos agentes.

     Neste ambiente de trabalho, foram simulados 03 postos distintos de trabalho com a

    exposição de um trabalhador, sendo:

    a)  Posto de trabalho n.º 01 - trabalhador na área de manutenção com a atividade de

    conformação de um metal utilizando-se de um martelo. O tempo de atividade do

    trabalhador e exposição ao ruído de impacto gerado neste local foi definido em 30%

    de um turno de 8 horas de trabalho por dia, perfazendo um total de 144 minutos.

     b)  Posto de trabalho n.º 02 –  o mesmo trabalhador descrito anteriormente, desenvolvendo

    uma atividade mecânica utilizando-se de uma furadeira como ferramenta de trabalho.

    O tempo de trabalho foi definido em 40% de um turno de 8 horas de trabalho por dia, perfazendo um total de 192 minutos de exposição ao ruído ocupacional.

    c)  Posto de trabalho n.º 03 –  operador de forno industrial ajustado para uma temperatura

    de 350 graus Celsius, com a atividade de alimentação e retirada de produtos do forno.

    A cada hora trabalhada, o trabalhador fica exposto próximo a fonte de calor por 40

    minutos e o restante do tempo fora do posto de trabalho, em local com temperatura

    ambiente.

    O primeiro passo, antes mesmo das medições quantitativas, é a identificação dosriscos ocupacionais no ambiente de trabalho e mensurar seu risco (pequeno, médio ou grande)

    aos trabalhadores expostos neste ambiente.

    Esse procedimento foi realizado neste ambiente de trabalho simulado e identificado a

     presença de riscos físicos: ruído e calor, seguidos por uma classificação subjetiva destes como

    grau médio (vide figura 3).

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    Figura 3 –  Mapa de riscos com identificação e avaliação dos riscos

    Fonte: Próprio Autor (2013).

    Para a medição dos ruídos, utilizou-se um decibelímetro, da marca ICEL, modelo

    DL-4100, ajustado no modo F ( fast - rápido) para as medições de ruídos de impactos no posto

    de trabalho n.º 01, e no modo S ( slow - lento) para as medições de ruídos contínuos no posto

    de trabalho n.º 02, e com curva de ponderação tipo A; configurações estas de acordo com a

     NHO n.º 01. Os registros dos ruídos contínuos foram realizados pelo software do

    equipamento.

    A medição do estresse térmico foi obtida em posição estática a aproximadamente 01

    metro do forno industrial na condição de portinhola aberta com exposição do trabalhador

    diretamente à fonte de calor, e posteriormente realizou-se a medição em ambiente fora da área

    de exposição ao forno.

    Utilizou-se, durante a investigação, o medidor de stress térmico digital portátil, da

    marca INSTRUTHERM, modelo TGD-300, com a montagem da esfera de cobre de seis

     polegadas (modelo ESF-306) para o sensor de temperatura do globo, e o frasco de 250

    mililitros com água destilada e cordão de algodão para o sensor de bulbo úmido, e a unidade

    de temperatura em Celsius. A configuração do equipamento para a montagem e medição

    segue as recomendações técnicas da NHO n.º 06.

    Os equipamentos de medição utilizados nesta avaliação tiveram sua condição de

    exatidão atestada mediante processo de calibração contra padrões rastreáveis e laboratórios

    creditados na RBC (Rede Brasileira de Calibração). Esta condição é a premissa básica para ainiciação dos processos de avaliação quantitativa.

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    3. Resultados

    3.1 Medição e Avaliação dos Ruídos no Posto de Trabalho n.º 01 e 02.

     Na avaliação dos ruídos de impacto no posto de trabalho n.º 01, foi obtida 01 amostra com 05medições, na ordem em que foram coletadas: 88,5 - 90,8 - 86,1 - 102,9 e 101,7 decibéis.

    Observa-se que em nenhuma das medições foram obtidos picos superiores a 140 decibéis,

    considerado como o valor teto para o ruído de impacto.

    A determinação do limite de exposição diária ao ruído de impacto é determinada pela

    expressão a seguir: Np = 160 –  10 Log n, sendo o resultado expresso em decibéis, sendo: Np

    (nível de pico admissível) e n (número de impactos ocorridos durante a jornada de trabalho

    diária).

    Para efeitos de aplicação da expressão matemática referenciada acima para o posto

    de trabalho n.º 01, considerou-se um total de 720 impactos, ou cinco impactos por minuto

     para os 144 minutos de exposição; obtendo-se o valor calculado Np de 131,4 decibéis. O nível

    de ação é calculado subtraindo-se 03 decibéis do Np, resultando em 128,4 decibéis.

    Dessa forma, analisando os resultados observa-se que o valor máximo obtido de

    102,9 decibéis se encontra abaixo do nível de ação, indicando que isoladamente o ruído de

    impacto não apresenta maiores riscos.

    A determinação do nível médio (NM) representativo desta exposição foi calculado a

     partir da expressão matemática apresentada na figura 4, sendo: n (número total de leituras), ni

    (número de leituras assumidas para um mesmo nível de pressão sonora assumida NPS), e

     NPS (nível de pressão sonora).

    Figura 4 –  Expressão Matemática para determinação do nível médio (NM).

    Fonte: FUNDACENTRO (2001).

    Aplicando-se a expressão matemática para a determinação do nível médio (NM) no

     posto de trabalho n.º 01, foi obtido um valor calculado de 98,6 decibéis. Esse valor será útil

     para o cálculo da dose diária de ruídos.

     Na avaliação dos ruídos contínuos ou intermitentes no posto de trabalho n.º 02, foiutilizado registro via  software  –   programa computacional, de forma que os dados das 376

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    medições coletados em um período de 15 minutos, foram tabulados e apresentados na tabela

    2.

    Tabela 2: Resultados da medição dos ruídos contínuos ou intermitentes no posto detrabalho n.º 02. Nível de Pressão

    Sonora (dB) Número de

    leituras Nível de Pressão

    Sonora (dB) Número de

    leituras

    < 80,0 75 91,5 26

    80,0 1 92,0 15

    83,5 5 92,5 8

    84,0 1 93,0 5

    84,5 3 93,5 19

    85,0 1 94,0 8

    85,5 2 94,5 7

    86,0 3 95,0 4

    86,5 5 95,5 2

    87,0 8 96,0 2

    87,5 9 96,5 6

    88,0 12 97,0 2

    88,5 8 97,5 1

    89,0 23 98,0 1

    89,5 14 98,5 1

    90,0 27 99,0 1

    90,5 35 99,5 2491,0 11 102,0 1

    Fonte: Próprio Autor (2013). 

    O resultado do nível médio representativo da exposição do trabalhador aos ruídos

    contínuos ou intermitentes avaliados no posto de trabalho n.º 02 é de 92,2 decibéis. Esse valor

    será útil para o cálculo da dose diária de ruídos.

    A caracterização da exposição ocupacional ao ruído é realizada através de avaliação

    da dose, sendo a dose diária referente à jornada de trabalho diária. Em função da utilização de

    medidor portado pelo avaliador, a dose diária pode ser determinada por meio da expressão da

    figura 5, sendo: Cn (tempo total diário em que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído

    específico) e Tn (tempo máximo diário permissível a este nível segundo tabela 1 da NHO n.º

    01 da FUNDACENTRO).

    Figura 5 –  Expressão Matemática para determinação da dose diária.

    Fonte: FUNDACENTRO (2001).

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    Para os postos de trabalho avaliados n.º 01 e 02, o tempo total diário em que o

    trabalhador fica exposto ao nível de ruído específico (Cn) é respectivamente: 144 minutos

    (C1) a uma exposição média de 98,6 dB e 192 minutos (C2) a uma exposição média de 92,2

    dB. Correlacionando-se estes valores com a tabela 1 da NHO n.º 01 é obtido um tempo

    máximo diário permissível de 18,89 minutos (T1) e 75,59 minutos (T2), considerando o nível

    de ruído correspondente ao nível imediatamente mais elevado.

    O cálculo da dose diária nas condições referenciadas acima apresenta um valor

    aproximado de 10, muito acima do limite de tolerância de 1,0 e do limite de ação de 0,5. Esse

    valor obtido para o posto de trabalho n.º 01 e 02 indica a necessidade de adoção imediata de

     prevenção e controle dos ruídos.

    3.2 Medição e Avaliação do Estresse Térmico no Posto de Trabalho n.º 03

    O trabalhador envolvido no ambiente de trabalho n.º 03 tem a exposição à fonte de calor

    originária de um forno industrial, ajustado a 350 graus Celsius, e desenvolve trabalho de

    alimentar o forno, empurrando ou retirando produtos a um metro de distância da abertura do

    forno. Em situação de repouso, fora deste posto de trabalho, o trabalhador está exposto à

    temperatura ambiente.

    Os resultados de medição dos parâmetros relacionados à temperatura de exposição à

    fonte de calor artificial encontrada foram: 28,2 graus Celsius de temperatura de bulbo seco,

    25,3 graus Celsius de temperatura de bulbo úmido, 29,0 graus Celsius de temperatura

    irradiada no globo e IBUTG (índice de bulbo úmido termômetro de globo) calculado pelo

    medidor de 26,6 graus Celsius.

    Conforme o quadro 01 da NHO n.º 06, a atividade laboral citada tem uma taxa

    metabólica correspondente a 300 Kcal por hora (taxa metabólica definida para o homem-

     padrão com área superficial igual a 1,8 m2).

    Os resultados de medição dos parâmetros relacionados à temperatura em ambiente

    não exposto ao calor (repouso) foram: 27,8 graus Celsius de temperatura de bulbo seco, 24,8

    graus Celsius de temperatura de bulbo úmido, 28,2 graus Celsius de temperatura irradiada no

    globo e IBUTG (índice de bulbo úmido termômetro de globo) calculado pelo medidor de 25,8

    graus Celsius.

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    Conforme o quadro 01 da NHO n.º 06, a condição do trabalhador em repouso e

    sentado apresenta uma taxa metabólica correspondente a 90 Kcal por hora (taxa metabólica

    definida para o homem-padrão com área superficial igual a 1,8 m2).

    Quando o trabalhador está exposto a duas ou mais situações térmicas diferentes,

    como as encontradas no posto de trabalho n.º 03, deve ser determinado o IBUTG média

     ponderada a partir da expressão matemática da figura 6, sendo: IBUTG (IBUTG médio

     ponderado expresso em graus Celsius), IBUTGi (IBUTG da situação térmica “i” expresso em

    graus Celsius), ti (tempo total da exposição da situação térmica “i” em minutos). Para o posto

    de trabalho avaliado n.º 03, IBUTG médio ponderado é de 26,3 graus Celsius.

    Figura 6 –  Expressão Matemática para determinação do IBUTG médio ponderado.

    Fonte: FUNDACENTRO (2002).

     Neste posto de trabalho também deve ser determinada a taxa metabólica média

     ponderada a partir da expressão matemática da figura 7, sendo: M (taxa metabólica média

     ponderada expressa em Kcal por hora), Mi (taxa metabólica da atividade “i” expressa em Kcal

     por hora) e ti (tempo total do exercício da atividade “i” em minutos). Para o posto de trabalho

    avaliado n.º 03, a taxa metabólica média ponderada é de 230,0 Kcal por hora.

    Figura 7 –  Expressão Matemática para determinação da taxa metabólica média ponderada.

    Fonte: FUNDACENTRO (2002).

    O valor correspondente à taxa metabólica ponderada de 230,0 Kcal é correlacionado

    no quadro 02 da NHO n.º 06 da FUNDACENTRO, sendo obtido o valor de IBUTG médio

     ponderado máximo permissível (tolerância) de 29,4 graus Celsius, considerando a taxa

    metabólica média ponderada relativa ao nível imediatamente mais elevado.

    O valor obtido do IBUTG médio ponderado calculado de 26,3 graus Celsius,

    apresenta um valor que não ultrapassou o limite de tolerância de 29,4 graus Celsius,

    denotando um ambiente cujo tempo de exposição do trabalhador ao calor está adequado sob a

    visão prevencionista da saúde ocupacional.

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    4. Considerações Finais

    Os resultados deste trabalho atenderam ao objetivo geral proposto, demonstrando a

    existência de falhas decorrentes da subjetividade na aplicação da ferramenta de mapa de

    riscos, uma vez que ao se aplicar a ferramenta de higiene ocupacional observou-se que o risco

    relacionado ao ruído foi maior do que o identificado no mapeamento, além da indicação de

    ausência de risco para o agente calor.

    O presente estudo demonstrou também, por meio de pesquisa bibliográfica, os efeitos

     prejudiciais da exposição do trabalhador aos agentes físicos ruídos e estresse térmico; a

    regulamentação para o controle da exposição a esses agentes insalubres, e através do estudo

    de campo, a demonstração de que esses efeitos aumentam na medida em que se aumenta o

    tempo de exposição durante a jornada de trabalho, como evidenciado pelo uso das expressões

    matemáticas na avaliação quantitativa.

    Espera-se que, por meio dos resultados de avaliação quantitativa expostos neste

    trabalho, que a aplicação da higiene ocupacional, com o uso de requisitos técnicos e

    científicos, seja utilizada para eliminar a subjetividade do mapeamento de riscos pela CIPA, e

    que possibilite aos profissionais da área de segurança do trabalho maior precisão na adoção de

    medidas de proteção a saúde do trabalhador.

    5. Referências

     _______ Decreto-lei n.º 5.452 de 1º de maio de 1943. Dispõe sobre a consolidação das leis

    do trabalho. Disponível em:

    Acesso em: 16 nov. 2013.

     _______ Portaria n.º 3.214 de 08 de junho de 1978. NR 05 – 

     Comissão Interna dePrevenção de Acidentes. Disponível em: Acesso em: 16 nov. 2013.

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