Avaliação de diferentes variedades de Gladíolo cultivados a campo em Santa Maria - RS - por...

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Publicado nos Anais do XIV Simpósio de Pesquisa, Ensino e Extensão - "Responsabilidade Socioambiental" - UNIFRA 2010

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AVALIAÇÃO DE DIFERENTES VARIEDADES DE GLADÍOLO CULTIVADAS A CAMPO EM SANTA MARIA – RS¹

GIRARDI, Leonita Beatriz², BELLÉ, Rogério Antônio³, NEUHAUS, Mauricio2, BRANDÃO, Bruna Schmitz4, SCHWAB, Natália Teixeira2, PEITER, Marcia Xavier3

1 Trabalho de Pesquisa, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)2 Mestrando do Curso de Engenharia Agrícola da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil3 Professor(a) do Curso de Agronomia da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil4 Acadêmica do Curso de Agronomia da UFSM, Santa Maria, RS, BrasilE-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

RESUMO

Por se tratar de uma planta de grande importância comercial e de fácil manejo, com baixo custo de implantação e exigir práticas simples de cultivo, a cultura do gladíolo é uma opção de renda alternativa para pequenos produtores. O trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento quantitativo e qualitativo das hastes florais de nove cultivares em plantio tardio nas condições climáticas de Santa Maria, RS. O ensaio foi desenvolvido na Universidade Federal de Santa Maria, no período de 26 de novembro de 2009 a 19 de fevereiro de 2010. Foram avaliados o número de haste por bulbo, o número de floretes na espiga, a altura total da planta e o comprimento da espiga floral. Verificou-se Considerando-se a época de realização do experimento considera-se que os valores encontrados são satisfatórios para todas as cultivares avaliadas e que as hastes florais estão dentro dos padrões de qualidade para serem comercializadas.

Palavras-chave: Gladiolus grandiflorus; Flor de corte; Comprimento da haste; Número de flores.

1. INTRODUÇÃO

A floricultura é apontada como uma das melhores alternativas para quem busca

investimento na agricultura, isto porque demanda pequenas áreas e o ciclo de produção das

culturas, em geral é curto, o que permite um giro rápido de capital (MATSUNAGA, 1995).

A floricultura brasileira está fortemente concentrada no estado de São Paulo,

particularmente nas regiões dos municípios de Atibaia e Holambra. Atualmente, verifica-se

um notável crescimento e consolidação de importantes pólos florícolas no Rio Grande do

Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Goiás e em alguns estados do norte e nordeste

entre eles Bahia e Ceará (BELLÉ, 2008).

O gladíolo (Gladiolus grandiflorus) pertence à Família das Iridáceas, popularmente

conhecido como palma-de-santa-rita, é uma planta herbácea, perene e sua propagação se

dá por meio de bulbos. É originária da África, Ásia e Europa e encontra-se entre as mais

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importantes flores de corte do país (TOMBOLATO et al., 1998). O gladíolo é uma planta

heliófila, pois tem grande exigência por luminosidade, normalmente cultivada a pleno sol

(BONGERS, 2001). As cultivares de gladíolo podem ser de ciclo curto, médio e longo, com a

floração ocorrendo entre 65 até 120 dias após o plantio. Como flor de corte, o gladíolo é

muito utilizado em buquês, enfeites, arranjos florais e vasos, pois as flores apresentam

longa duração.

A simplicidade de cultivo, ciclo curto, baixo custo de implantação, rápido retorno

econômico, além do uso dos bulbos para consumo interno e exportação são alguns dos

motivos para seu sucesso (BARBOSA e LOPES,1994).

Seu cultivo pode ser realizado durante todo o ano, desde que, as exigências térmicas

sejam atendidas e, sobre tudo, que não ocorram geadas e nem temperaturas muito

elevadas, pois em certas variedades pode ocorrer a queima das brácteas o que prejudica a

qualidade das hastes florais (FERMINO e GROLLI, 1999). A qualidade das hastes florais é

avaliada pelo comprimento e pelo número de floretes por classe representativa de acordo

com os padrões da Cooperativa Veiling Holambra (PAIVA et al., 2005).

Sua produção em maior escala é feita especialmente para comercialização na época

de finados e concentra mais de 90% do consumo dessa espécie, cujos plantios ocorrem a

partir de fins de julho (BELLÉ, 2008), o que torna o produto pouco disponível para as demais

épocas do ano.

Deste modo o presente trabalho tem como objetivo avaliar o comportamento

quantitativo e qualitativo das hastes florais de nove cultivares de gladíolo em plantio tardio

nas condições climáticas de Santa Maria, RS.

2. METODOLOGIA

O presente trabalho foi realizado no Departamento de Fitotecnia, Setor de

Floricultura da Universidade Federal de Santa Maria – RS. Os bulbos foram doados pela

empresa Terra Viva, localizada no município de Santo Antônio de Posse, SP, e

apresentavam circunferência entre 14 - 16 cm.

Para cada cultivar foram plantados 50 bulbos a partir dos quais avaliou-se 22 plantas

por cultivar sendo aleatoriamente dispostas. O plantio foi em linhas pareadas com 40 cm

entre linhas, 20 cm entre bulbos e 100 cm entre cultivares. O plantio foi realizado em 26 de

novembro de 2009 e a colheita iniciou em 25 de janeiro de 2010.

O plantio ocorreu em área experimental em sucessão a um ensaio de trigo, razão

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pela qual não houve necessidade de adubação de base, recebendo unicamente a adubação

de cobertura no surgimento da terceira folha na ordem de 6 g de N por metro linear. Durante

todo o ciclo o ensaio foi mantido livre de plantas invasoras e com irrigações conforme a

demanda hídrica da planta. As variáveis analisadas foram: o número de haste por bulbo, o

número de floretes na espiga, a altura total da planta (cm) e o comprimento da espiga floral

(cm).

As médias de cada parâmetro foram comparadas com as características das

cultivares quando cultivadas nas melhores condições (BRASBONITAS, sd), assim como

com os padrões qualitativos utilizados pelo Veiling Holambra, de acordo com a Tabela 1.

Essa classificação é um parâmetro importante para todos os segmentos da cadeia

produtiva, desde o produtor até o consumidor final, pois separa em um mesmo tipo

inflorescências com características semelhantes, sendo que todos os agentes envolvidos

seguem essa classificação.

Tabela 1 – Padrões de classificação das inflorescências de gladíolo utilizados pela Cooperativa Veiling Holambra, 2010.

Tipo de inflorescência Comprimento da haste No de botões/inflorescência

Extra 120 cm (1,2 m) 16

I 100-120 cm (1-1,2 m) 12-16

II 80-100 cm (0,8-1m) 8-12

III 60-80 (0,6-0,8 m) 8

Fonte: PAIVA et al. (2005)

A análise estatística dos dados obtidos foi realizada através do software

STATISTICA 6.0, seguindo o modelo de análise para o delineamento Inteiramente

Casualizado. Quando o efeito mostrou-se significativo, foi aplicado aos resultados o teste de

Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na Tabela 2 estão apresentadas as médias referentes ao desempenho das nove

cultivares de gladíolo cultivadas a campo.

Observa-se que a cultivar Rose Supreme apresentou resultados superiores quanto

ao número de brotos por bulbo (3,6) em relação as demais cultivares avaliadas. No entanto,

salienta-se que o número de brotos formados por bulbo, para todas as cultivares, foi

superior a 1,00, valor este considerado vantajoso, pois quanto maior o número de brotos

maior o número de hastes florais formadas por planta, promovendo assim maior aumento na

produtividade da cultura (Tabela 2).

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Quanto ao número de flores na espiga (número de botões por inflorescência),

verifica-se que a cultivar Sunset foi superior (18,0 botões) em relação a todas as cultivares

analisadas, exceto a cultivar Rose Friendship não tendo diferido significativamente desta

(Tabela 2). Destaca-se que todas as cultivares se enquadram na classe I (Tabela 1), exceto

a cultivar Sunset, classificada na tipo extra.

Tabela 2 – - Valores observados para número de brotos por bulbo (NBB), número de flores na espiga (NFE), altura total (AT), altura total na melhor época (AT.ME), comprimento da espiga (CE), comprimento da espiga na melhor época (CE.ME) e ciclo de nove cultivares de gladíolo cultivadas a campo. Santa Maria, 2010.

Cultivares NBB NFE AT

(cm)

AT.ME

(cm)

CE

(cm)

CE.ME

(cm)

CICLO

(dias)

Peter Pears 2,3b 13,6b 103b 160 45,0c 55 70b

Priscila 1,9b 15,2b 105b 145 51,4b 48 63c

Red Beauty 2,4b 14,5b 110ab 155 50,9b 55 72b

Rose Friendship 1,7c 16,3ab 115a 150 47,3b 53 60c

Rose Supreme 3,6a 13,9b 122a 150 59,9a 50 85a

Sunset 1,8b 18,0a 106b 145 51,9b 55 67b

Her Majesty/

T- 704

2,5b 15,1b 100b 145 52,8b 54 68b

Traderhorn 2,7b 13,9b 107b 145 50,9b 50 70b

Yester 1,7c 13,7b 108b 145 52,1b 55 70b

Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si, em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

As cultivares Rose Supreme e Rose Friendship não diferiram entre si quanto a altura

total da planta e foram superiores aos demais cultivares, no entanto, não diferiram da

cultivar Red Beauty. Salienta-se ainda que as alturas variaram de 100 cm (T-704) a 122 cm

(Rose Supreme), sendo esses valores inferiores quando comparados com a altura total na

melhor época (Tabela 2). Tal fato, provavelmente, se deve a época do ano e as condições

climáticas de cultivo, principalmente pelas elevadas temperaturas na época de cultivo.

Quanto ao comprimento da espiga verificou-se que a cultivar Rose Supreme

apresentou desempenho superior aos demais cultivares (Tabela 2). O comprimento da

espiga e a altura total são parâmetros diretamente relacionados.

Quanto ao ciclo de cultivo, considerado desde o plantio até a colheita, a cultivar Rose

Supreme apresentou ciclo tardio, com duração de 85 dias. Já as cultivares Red Beauty (72),

Peter Pears, Traderhorn e Yester (70) apresentaram ciclo médio, enquanto que as cultivares

T-704 (68), Sunset (67), Priscila (63) e Rose Friendship (60) apresentaram ciclo curto.

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O florescimento precoce das cultivares de gladíolo Traderhorn (75 dias), White

Friendship (65 dias) e Peter Pears (54 dias) foi observado por Boyle et al. (2009), em

condições do Cerrado brasileiro. Os autores afirmam que a antecipação do ciclo pode estar

ligada a época do cultivo, de setembro a novembro, época que apresenta alta incidência

luminosa.

Essa informação é relevante para o planejamento do produtor que deve conhecer o

ciclo das cultivares para preparar um cronograma diferenciado de plantio, para obter oferta

de produto durante todo o ano.

4. CONCLUSÃO

Considerando-se a época de realização do experimento considera-se que os valores

encontrados são satisfatórios para todas as cultivares avaliadas e que as hastes florais

estão dentro dos padrões de qualidade para serem comercializadas.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, J. G.; LOPES, L. C. O Cultivo do Gladíolo. Viçosa: Aprenda Fácil. 2000. 10 p.

BELLÉ, R. A. Caderno Didático: Floricultura. Santa Maria. 2008. 181p.

BONGERS, F. J. G. Informativo IBRAFLOR. Holambra, 2000. p.1-10.

BOYLE, R.L. et al. Introdução e avaliação de gladíolos em ambiente de cerrado no Estado de Roraima. Revista Agro@mbiente, v. 3, n. 1, p. 36-41, jan-jun, 2009.

BRASBONITAS. Catálogo de cultivares de gladíolo. Sd.

MATSUNAGA, M. Potencial da floricultura brasileira. Agroanalysis, Rio de Janeiro, v.15, n.9, p.56, set. 1995.

PAIVA, P. D. O. et al. Cultura do Gladíolo. Lavras: UFLA. 1999, 12 p.

PAIVA, P.D.O. et al. Cultivo do Gladíolo. Informe Agropecuário, v.26, n.227, 2005. Belo Horizonte. p. 50 – 54.

TOMBOLATO, A.F.C.; COSTA, A.M. Micropopagação de plantas ornamentais. Campinas: Instituto Agronômico, 72 p. (Boletim técnico 174). 1998.

FERMINO, M. H.; GROLLI, P. R. Produção de Gladíolos. In: Plantas Ornamentais: Aspectos para produção. Universidade de Passo Fundo. p.131-136, 1999.