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AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE ERP EM UMA ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL ATRAVÉS DE ATRIBUTOS DE QUALIDADE Janio do Nascimento Lima (URCA) [email protected] Francisca Jeanne Sidrim de Figueiredo (URCA) [email protected] Os sistemas integrados de gestão ou ERP (Enterprise Resource Planning) são responsáveis hoje, pelo apoio ao gerenciamento de grandes empresas que estão há cada dia necessitando mais destes recursos de TI. Os sistemas permitem o maior contrrole sobre os dados dos seus clientes através de uma base que opera em uma única plataforma, consolidando os dados e dando a todos os setores o acesso necessário ao perfeito atendimento. Este trabalho tem como objetivo, analisar o processo de implantação de um sistema ERP em uma instituição de ensino no Sul do Ceará, na macrorregião do Cariri, tendo como base os atributos de qualidade de software: correção, confiabilidade, eficiência, integridade e usabilidade. Assim, realizou- se uma verificação de um novo sistema ÔMEGA (como denominado neste estudo) comparando com um sistema ALPHA, anteriormente utilizado na empresa. Foram preenchidos questionários por funcionários dos setores de: Recursos humanos, Tesouraria, Secretária de Controle acadêmico e Compras. De acordo com os resultados, no atributo eficiência, o sistema ÔMEGA não rendeu resultados favoráveis, com relação ao ALPHA, mas adquiriu bons resultados nos atributos correção, confiabilidade, integridade e usabilidade. Como proposta para maior eficiência, fica a melhoria na configuração dos hardwares e treinamentos para desenvolvimentos de relatórios adequados a cada setor. Palavras-chaves: Qualidade, sistemas, tecnologia da informação XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

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AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE

UM SISTEMA DE ERP EM UMA

ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL

ATRAVÉS DE ATRIBUTOS DE

QUALIDADE

Janio do Nascimento Lima (URCA)

[email protected]

Francisca Jeanne Sidrim de Figueiredo (URCA)

[email protected]

Os sistemas integrados de gestão ou ERP (Enterprise Resource

Planning) são responsáveis hoje, pelo apoio ao gerenciamento de

grandes empresas que estão há cada dia necessitando mais destes

recursos de TI. Os sistemas permitem o maior contrrole sobre os dados

dos seus clientes através de uma base que opera em uma única

plataforma, consolidando os dados e dando a todos os setores o acesso

necessário ao perfeito atendimento. Este trabalho tem como objetivo,

analisar o processo de implantação de um sistema ERP em uma

instituição de ensino no Sul do Ceará, na macrorregião do Cariri,

tendo como base os atributos de qualidade de software: correção,

confiabilidade, eficiência, integridade e usabilidade. Assim, realizou-

se uma verificação de um novo sistema ÔMEGA (como denominado

neste estudo) comparando com um sistema ALPHA, anteriormente

utilizado na empresa. Foram preenchidos questionários por

funcionários dos setores de: Recursos humanos, Tesouraria, Secretária

de Controle acadêmico e Compras. De acordo com os resultados, no

atributo eficiência, o sistema ÔMEGA não rendeu resultados

favoráveis, com relação ao ALPHA, mas adquiriu bons resultados nos

atributos correção, confiabilidade, integridade e usabilidade. Como

proposta para maior eficiência, fica a melhoria na configuração dos

hardwares e treinamentos para desenvolvimentos de relatórios

adequados a cada setor.

Palavras-chaves: Qualidade, sistemas, tecnologia da informação

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1. Introdução

Vivemos em uma época considerada por muitos como a era da informação, onde a

empresa que detém mais dados a respeito dos anseios de seus clientes por produtos e serviços

obtém sucesso sobre as demais. Em contraponto, os clientes também tornaram-se mais

exigentes para com as mercadorias e serviços consumidos, forçando as organizações a

investirem cada vez mais na melhoria de seus processos internos de modo a minimizar os

tempos de produção, reduzindo o período em que o produto ou serviço é entregue ao cliente.

A velocidade como as funções organizacionais se comunicam e a eficiência com que essa

interação é realizada determinam quão forte é o diferencial competitivo da empresa.

O investimento em sistemas de Tecnologia da Informação (TI) é fator crucial para

o sucesso das organizações ao passo em que promove a transformação e disseminação das

informações pelo espaço produtivo, de modo a levar sempre a informação certa à pessoa certa

e no momento adequado e dessa forma auxiliando no controle dos processos de trabalho, na

tomada de decisões gerenciais e oferecendo o suporte necessário para o desenvolvimento de

estratégias para alcançar a vantagem competitiva esperada.

Este estudo tem por objetivo analisar os principais fatores de conflito envolvidos

durante o processo de implantação de um sistema de informação integrado em uma instituição

de ensino. Confrontar a eficiência do sistema atual em relação ao recém adquirido, assim

como, analisar os impactos da mudança dos métodos de trabalhos sobre os colaboradores da

empresa.

2. Sistemas ERP (Enterprise Resource Planning)

Essa atual forma de gerência empresarial baseada na utilização da Tecnologia da

Informação (TI), seus recursos e ferramentas, fez nascer um novo conceito administrativo

nomeado GRI (Gestão de Recursos da Informação ou Information Resource Management),

onde os Sistemas Integrados de Gestão ou ERP, são seus principais representantes.

A diferença entre um sistema computacional comum e um software dito ERP

reside em diversos fatores, dos quais podemos eleger como principais a abrangência do

mesmo entre os diversos setores da organização, a consistência e veracidade dos dados

armazenados e a integração desses para os clientes que deles necessitem. Para manter essa

segurança de informação, o sistema utiliza-se de um único repositório de dados, também

conhecido como banco de dados (BD), geralmente alocado fisicamente em um computador

dedicado exclusivamente a tal função, também conhecido como Servidor, e gerenciado por

um software gerenciador de bando de dados, SGBD. O banco de dados, por sua vez provê o

acesso aos dados armazenados às estações de trabalho mediante uma estrutura de rede de

computadores. Assim: “O sistema ERP é definido como um software que integra todas as

diferentes funções de uma empresa e que apresenta uma base de dados que opera em uma

única plataforma consolidando toda a operação do negócio em um único ambiente

computacional.” (MARTINS, 2006, p.389).

Considerando de forma ideal, o sistema ERP deve prover funcionalidades que

permita aos seus operadores inserir a informação uma única vez, eliminando dúvidas a

respeito da veracidade da mesma e possibilidades de duplicidade nos dados cadastrados.

Como a base de armazenamento de dados é única, a informação inserida no sistema deve estar

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disponível, imediatamente após seu cadastro, para todos aqueles que utilizem o sistema, desde

que devidamente autorizados para tanto. Isso garante que os dados inseridos são autênticos e

utilizados somente por aqueles usuários devidamente encarregados.

Sendo o núcleo do sistema similar, apesar das diferenças entre os módulos, dados

de tipos semelhantes estarão sujeitos aos mesmos tratamentos de cálculo de forma a evitar

erros de conversão sem, entretanto, comprometer o entendimento dos mesmos para quem

precise utilizá-los. “Portanto, um sistema tem características ERP quando este possibilita à

empresa automatizar e integrar a maioria de seus processos de negócios, compartilhar dados e

práticas por toda a empresa e produzir e acessar as informações em tempo real.” (MARTINS,

2006, p.389).

Além disso, O’Brien(2004) cita alguns motivos que levam as empresas a

atribuírem certo grau de importância da adoção de uma solução ERP para gerência de seus

negócios. a) Criar uma estrutura integradora que aperfeiçoa os sistemas internos de escritório,

refletindo em melhorias no atendimento ao consumidor, na produção e na eficiência. b)

Fornece rapidamente informação gerencial sobre o desempenho corrente da empresa e

subsídios aos gerentes, para que estes aprimorem sua capacidade de tomada de decisões.

Devido ao fato do ERP ser um recurso da tecnologia da informação, na sua

adoção decorrem os mesmos riscos apresentados por qualquer nova tecnologia, tais como alto

custo de aquisição, revisão dos processos internos e curva de aprendizado elevada. “A

introdução de novas tecnologias na empresa normalmente exige o retreinamento dos

funcionários. No caso da TI, o impacto na empresa é tão grande que é necessário à reeducação

das pessoas.” (GRAEML, 2003, p.40).

3. Qualidade do software

Para entender como a mudança de sistemas informatizados pode acarretar na

variação de tempo dedicado a uma atividade específica, convém analisarmos os atributos de

cada software envolvido e como eles influenciam no desempenho da atividade produtiva. Ou

seja, delimitarmos os atributos que definirão a eficiência do software em atender os requisitos

da empresa, fatores que determinarão se o mesmo possui qualidade.

Segundo Pressman, qualidade de software “é a satisfação dos requisitos funcionais

e de desempenho explicitamente declarados, normas de desenvolvimento explicitamente

documentadas e características implícitas que são esperadas em todo o software desenvolvido

profissionalmente” (PRESSMAN, 1995, p.349). Sem dúvida, é um conceito bastante

abrangente que especifica inclusive os atributos técnicos do produto relativos ao processo de

desenvolvimento e suporte. Entretanto, podemos adotar ainda a abordagem simplista de

Gustafson(2003) que diz que um “software de qualidade é aquele que faz o que se espera que

ele faça” (GUSTAFSON, 2003, p.98), que representa perfeitamente a visão do usuário final

quanto à interação com o sistema e sua perspectiva a respeito da concepção de qualidade do

software.

Um conjunto de indicadores foi criado pelos autores McCall, Richards e Walters

em 1977, no intuito de categorizar os fatores que afetam a qualidade de um software na sua

obra “Factors in Software Quality” e usados com regularidade a partir de então por

profissionais da área de desenvolvimento de sistemas computacionais. A área de abrangência

desses fatores envolve três aspectos importantes de um produto desse tipo: suas características

operacionais, a habilidade em passar por modificações em seu código e adaptabilidade à

ambientes diversos.

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Logo, as variáveis que compõem esse conjunto de métricas, conforme apresentado

em Pressman (1995, p.350) são as seguintes:

Correção: Refere-se ao quanto um programa satisfaz a especificação de requisitos e preenche

os objetivos da missão do cliente;

Confiabilidade: O quanto se pode esperar que determinado software realize a função

pretendida com a precisão exigida;

Eficiência: Diz respeito à quantidade de recursos de computação e código necessários para o

funcionamento adequado;

Integridade: Refere-se ao nível de acesso a dados permitido para pessoas não autorizadas;

Usabilidade: Simboliza o esforço necessário para aprender a operar, preparar entradas de

dados e interpretar as saídas fornecidas pelo sistema;

Manutenibilidade: O quanto de esforço é demandado para a tarefa de localização e conserto

de um erro de programa;

Flexibilidade: É o esforço necessário para modificar um programa operacional;

Testabilidade: Diz respeito a quantidade de esforço demandado para a etapa de teste do

software, a fim de garantir que o mesmo realize as funções esperadas;

Portabilidade: O esforço despendido para a transferência de um programa de determinado

ambiente de hardware e software para outro;

Reutilização: O quanto de um software pode ser reusado em outras aplicações, no que se

refere ao empacotamento e escopo das funções a serem realizadas;

Interoperabilidade: É a habilidade do programa em questão acoplar-se a outros sistemas.

Outro conjunto de métricas de delimitação da qualidade de um produto de software apontada

por Pressman(1995) e bastante difundida ultimamente é a norma ISO 9126, criada para tentar

identificar os atributos que definem a qualidade de um software de computador. Sua

abordagem é baseada na delimitação de seis atributos-chaves, como os listados abaixo:

Funcionalidade: Determina o grau em que o software satisfaz as necessidades declaradas e

encontra-se apoiado nos sub-atributos adequabilidade, precisão, interoperabilidade,

atendibilidade e segurança;

Confiabilidade: Refere-se ao período de tempo em que o software encontra-se disponível

para o uso. É formada pelos atributos maturidade, tolerância a falha e recuperabilidade;

Usabilidade: Define o quanto um software é fácil de usar, de acordo com os sub-atributos

inteligibilidade, facilidade de aprendizado e operabilidade;

Eficiência: O quanto o software faz uso otimizado dos recursos do sistema conforme definido

pelos atributos formadores comportamento em relação ao tempo e comportamento em relação

aos recursos;

Manutenibilidade: Diz respeito a facilidade com a qual podem ser feitos reparos no

softwares. Os atributos que a compõem são a analisabilidade, mutabilidade, estabilidade e

testabilidade;

Portabilidade: É a facilidade com a qual o software pode ser transposto entre ambientes de

hardware e softwares diversos e é formado pelos atributos adaptabilidade, instabilidade,

conformidade e permutabilidade.

4. Implantação do ERP no ambiente produtivo

A empresa em estudo atua na área de prestação de serviços educacionais de nível

superior atuando na região do sul do ceará, na macrorregião do Cariri. Atualmente encontra-se

localizada na cidade Juazeiro do Norte na forma de três unidades, que em conjunto atendem a

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uma média de dois mil e quinhentos alunos, distribuídos em sete cursos de graduação e dez

cursos de pós-graduação LATU SENSU.

A empresa conta com um quadro de colaboradores de cerca de 192 colaboradores

organizados em nove setores organizacionais, conforme ilustrado no organograma da

instituição, a saber: Diretoria, Marketing, Secretaria de Controle Acadêmico, Recursos

Humanos, Financeiro, Compras, Biblioteca, Coordenação Pedagógica, e Departamento de

Tecnologia da Informação (DTI).

A excelência educacional e administrativa almejada pela organização se faz sentir

ao passo em que ela atualmente investe em instrumentos que automatizem os processos

produtivos de cada setor organizacional e favoreça a interatividade entre os mesmos, de tal

forma que cada departamento tenha a disposição dados reais e confiáveis em curto espaço de

tempo. Foi por esse motivo que a empresa adotou uma solução corporativa voltada para a

administração de serviços educacionais, doravante chamada apenas de Sistema Alpha, que

reunia em seu conjunto de funcionalidades disponíveis, ferramentas que permitiam um

controle satisfatório dos processos cotidianos de departamentos fundamentais como a

secretaria de controle acadêmico, finanças e biblioteca.

Entretanto, com o crescimento natural do negócio, setores que poderiam exercer

suas atividades através do estudo dos variados tipos de relatórios publicados por um dos

módulos componentes do sistema Alpha e elaboração de ferramentas próprias para

formatação dos dados, agora necessitavam de dados mais específicos que os atualmente

impressos, instrumentos que automatizassem o processo de obtenção desses dados e meios

eficazes de tratamento e armazenagem. Adiante, o departamento de TI já diagnosticara

problemas de origem projetual em certas áreas da estrutura interna do banco de dados e

sempre que possível modificara o código fonte de tal forma a adequar os recursos disponíveis

às demandas internas da organização. O que por um lado a empresa ganhava em

personalização, perdia em relacionamento com o fornecedor, cada vez mais rigoroso com os

pedidos de manutenção e as atividades que cabiam a empresa executar.

Nesse contexto surge o sistema Ômega. Desenvolvido por uma empresa de

renome nacional e com distribuição em todo o território brasileiro, é formado por um conjunto

de softwares independentes, cada um atendendo a determinada funcionalidade específica de

uma organização educacional e interligando-se a um único repositório de dados. Até o fim do

estudo realizado, a faculdade havia adquirido todos os módulos componentes e começara a

implantá-los um a um de acordo com a ordem de importância que o mesmo representava para

as demandas atuais.

De tal forma que encontramos em nossa análise, setores com sistemas

completamente implantados (como Compras e RH), parcialmente implantados (como o Setor

Financeiro) e em início de processo de implantação (como a Secretaria de controle acadêmico

e Biblioteca).

4.1 Delimitação do universo de pesquisa

O presente estudo se concentrou na análise de influência do sistema ERP nas

atividades produtivas da instituição através dos resultados obtidos em levantamento de dados

realizado em uma das unidades da instituição, escolhida pelas razões descritas a seguir: Até o

presente momento, concentra a maior parte das atividades administrativas e principais centros

de gerência dos setores organizacionais; Foi sede dos principais atividades decorrentes da

aquisição do sistema, como apresentação do produto, primeiros treinamentos do fornecedor

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para os colaboradores; Proximidade ao setor de TI, responsável interno pela condução e

avaliação do processo de implantação do ERP, que por teoria garantiria um melhor

atendimento das necessidades setoriais da instituição posto a facilidade na comunicação pela

proximidade física; Escolhido como alvo para os primeiros testes de adequação do sistema em

ambiente de produção; Pelo conjunto de fatores acima, pode-se estimar que concentre a

maioria de colaboradores detentores de maior conhecimento a respeito do sistema, reduzindo

de certo modo o grau de resistência organizacional devido ao desconhecimento a respeito do

produto.

Dentro dessa unidade, foram escolhidos os seguintes setores para realização da

pesquisa:

Recursos Humanos: Fora o primeiro setor a receber uma ferramenta disponibilizada pelo

ERP, devido ao fato da implantação facilitada pela ausência de uma solução anterior que

atendesse à demanda do mesmo;

Tesouraria: Um dos setores chave para o sucesso da integração de todos os módulos

constituintes do sistema. Teve o processo implantatório dividido em duas etapas distintas:

Contas a pagar, reunindo informações a respeito do lançamento de despesas diversas da

instituição e usufruindo de certo grau de independência ao sucesso da implantação do sistema

na Secretaria de Controle Acadêmico e contas a receber, responsáveis pelo recebimento dos

principais recursos financeiros da faculdade e em geral detendo maior contato com os clientes

externos.

Secretaria de Controle Acadêmico: Fonte de controle da principal atividade produtiva da

empresa e, portanto, fator crítico do sucesso do ERP no ambiente organizacional. Teve uma

implantação dificultada por problemas originários na migração dos dados relacionados entre

os bancos de dados responsáveis por alimentar as telas de ambos os sistemas informatizados,

levando a um atraso no processo implantatório em outros setores como Tesouraria (contas a

receber) e biblioteca.

Uma exceção ao universo de pesquisa aqui definido seria o setor de Compras,

localizado no prédio da Unidade Saúde, que fora também alvo do estudo por encontrar-se com

o sistema ômega completamente instalado e em uso no ambiente de produção.

Vale lembrar que até o término do estudo descrito nesse texto não haviam sido

iniciados os processos para implantação do sistema Ômega nos setores de Diretoria,

Marketing, Coordenação pedagógica e TI.

4.2. Metodologia da pesquisa

Quanto ao que se refere à coleta de dados, foram pesquisados todos aqueles

colaboradores que de uma forma ou de outra obtiveram experiência no uso tanto do sistema a

ser implantado, quanto nos sistemas e métodos anteriores à adoção da nova solução, de modo

a tentar traçar um quadro o mais próximo possível da realidade, evitando erros e/ou pontos de

resistência possíveis e decorrentes do desconhecimento de algum dos sistemas em estudo.

Tomando essa perspectiva, foi adotada como metodologia de pesquisa, a obtenção

de dados mediante a entrevista informal junto aos setores de recursos humanos, compras e

contas a pagar, pela menor quantidade de indivíduos responsáveis pelo uso do módulo

reservado ao setor e em setores onde a população de usuários detinha maior quantidade,

adotou-se um modelo de questionário. De ambos os modos, procurou-se obter informações

detalhadas a respeito de vantagens e desvantagens inerentes a cada um dos softwares e suas

impressões a respeito do processo migratório, bem como principais atividades relacionadas.

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Foram analisados atributos determinantes da qualidade em softwares do ponto de

vista da usabilidade e adaptabilidade por parte dos usuários, posto que problemas dessa

natureza que possam ser encontrados em um sistema, contribuiriam para um menor

rendimento produtivo no exercício das tarefas de seu operador e um acréscimo na taxa de

tempo improdutivo dedicado aos processos de descoberta/releitura de interfaces complexas e

ocorrência de erros, travamentos e lentidão no produto software. Tais fatores de qualidade

foram derivadas de uma união entre modelo o modelo apresentado por McCall e pela ISO

9126 Pressman (1995), como mostrado abaixo:

Correção: O sistema atende a função para a qual fora destinado? Possui

ferramentas específicas para o atendimento do setor ou é necessária a adoção de ferramentas

de terceiros para complementar o exercício das atividades?

Confiabilidade: Apresentam erros, travamentos, inconsistência de dados e/ou

demora na execução de comandos? Qual a freqüência de ocorrência dos mesmos? O sistema

consegue restaurar o ambiente até um ponto anterior a ocorrência de um erro, após sofrê-lo?

Eficiência: O quão ágil é a execução das tarefas pelo usuário? As funções mais

utilizadas estão dispostas em um local que facilite o uso? É possível ter dados claros e

personalizados para o atendimento das necessidades momentâneas do operador?

Integridade: O quanto o sistema é considerado seguro? Usuários com

permissões limitadas tem a sua área de abrangência de recursos bem definida?

Usabilidade: Qual o grau de dificuldade de sua operação? Como foi o

aprendizado da ferramenta? Ícones, menus e outros componentes visuais estão organizados de

maneira fácil e intuitiva na tela? Existem padrões entre as janelas do sistema, a facilitar o

aprendizado do operador? O sistema dota de sinais sonoros, visuais e mensagens claras para

transmitir mensagens geradas pelo sistema? Existe algum mecanismo de ajuda (help) que

possa auxiliar no esclarecimento de dúvidas durante a operação?

4.3. Resultados Obtidos

Pelos números apresentados, tanto o sistema que atualmente instalado no âmbito

da instituição (Alpha), quanto o ERP em processo de implantação estão longe de serem

considerados como softwares perfeitos ou totalmente adequados às necessidades do ambiente

produtivo do cliente. Os dois sistemas possuem aspectos operacionais positivos, como a

simplicidade e a acessibilidade providas pelo sistema Alpha ou a abrangente modularidade e

funcionalidade do Ômega, bem como aspectos a melhorar como a fragilidade de proteção dos

dados e ocorrência dos erros inesperados do primeiro e lentidão, travamentos e complexidade

de telas relatadas pelos usuários que experimentaram o uso do segundo software.

4.3.1. Fatores de risco identificados

Entre os fatores de risco apresentados foram encontrados focos de resistência

organizacional por motivos pessoais nos setores da Secretaria de Controle Acadêmico e

Finanças (contas a receber), com ênfase no último onde os membros atuantes no setor

declararam não compreenderem o motivo da mudança de ERP.

Quanto aos fatores de risco por tecnologia adotada, foram identificadas variações

na configuração de hardware dos computadores distribuídos pelos setores, resultando

provavelmente na lentidão e travamentos apresentado durante a execução do software Ômega,

nitidamente mais exigente que o Alpha em termos de recursos físicos necessários.

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Outro fator tecnológico identificado refere-se ao uso de ferramentas terceirizadas

operando em paralelo no setor de Secretaria de Controle Acadêmico, como a exemplo do

sistema de Vestibular e de controle de acesso de alunos ao ambiente físico da faculdade

(Catracas). Esses softwares atualmente acessam um BD próprio que difere do utilizado pelos

softwares ERP, podendo gerar duplicidade de informações e/ou inconsistência nos dados

quando alterados individualmente.

4.3.2. Análise geral dos atributos de qualidade

Segue abaixo os resultados encontrados durante a análise comparativa de

softwares executadas nos setores onde a implantação dos sistemas encontrava-se em seu

ápice.

a) Atributo Correção:

Ambos os ERP foram considerados capazes de atender à função organizacional

para o qual estariam sendo utilizados na opinião do público avaliado. Já com relação à

abrangência encontrada nas ferramentas específicas disponíveis (Figura 01), onde o sistema

Ômega demonstrou superioridade no número destas. A mesma escala percentual encontrada

nos gráficos comparativos da Figura 01 pode ser vista na análise do uso de outros softwares

para complementar as atividades do setor. Nesse caso, 80% dos entrevistados demonstraram

que usam sim outros softwares; em geral, planilhas eletrônicas, editores de texto e sistemas

informatizados operando em paralelo. Esse número cai comparativamente no sistema Ômega

para a marca de 50%.

Figura 1 - Atributo Correção: Abrangência das Ferramentas

b) Atributo Confiabilidade:

Entre os atributos delimitadores da qualidade em análise, confiabilidade

apresentou os dados menos concentrados em opções distintas. Foi utilizada para definição do

grau desse atributo, a freqüência média com que desvios nas características inerentes do

atributo eram notados. Logo, tem-se o aparecimento de erros inesperados (Figura 02) onde o

sistema ômega apresentou as melhores freqüências, 50% no grau raro, contra a mesma

porcentagem marcada em ocasionalmente no sistema Alpha.

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Figura 2 - Atributo Confiabilidade: Freqüência de erros inesperados.

Quanto à freqüência com que ocorrem travamentos durante a operação do

software, o sistema Alpha surpreendeu pelo grau elevado de ocorrências em comparação com

o encontrado no Ômega e apesar desse tipo de problema ser apontado como ponto negativo do

segundo ERP, em vários pontos da análise subjetiva entre os setores.

Figura 3 - Atributo confiabilidade: Freqüência de travamentos

Ambos os softwares obtiveram os mesmos resultados quanto a freqüência em que

conseguem recuperar-se de falhas ocorridas (50% Ocasionalmente). Entretanto, o sistema

Ômega foi melhor nas categorias seguintes: Freqüência em que apresenta demora em

responder a comandos e alterações nos dados cadastrados, conforme mostram as figuras 04 e

05.

Figura 4 - Atributo confiabilidade: Freqüência de demora em resposta a comandos

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Figura 5 - Atributo confiabilidade: Freqüência de alteração de dados

De uma maneira geral, pela acumulação de melhores resultados, pode-se

considerar o sistema Ômega como sendo portador de maior confiabilidade.

c) Atributo Eficiência

Um software ser considerado eficiente equivale a ter ele como agente otimizador

de tarefas. Nesse caso, a facilidade de acesso de suas funcionalidades e adequação as

necessidades organizacionais e pessoais fazem-se necessárias.

Considerando o dito acima, entre a facilidade encontrada no acesso às funções do

sistema, o Sistema alpha foi considerado melhor destacado, conforme o Figura 06. Embora, os

pesquisados em geral considerem ambos como dotados de funções organizadas de modo a

otimizar a operação.

Entretanto, o público-alvo da análise confirma também que os sistemas possuem

tarefas a ser executadas que demandam maior tempo de processamento (70% do Alpha contra

90% do Ômega).

Figura 6 - Atributo Eficiência: Acessibilidade das funções

Quanto a organização dos dados de uma maneira lógica e funcional no display do

monitor do computador, ambos os sistemas demonstraram ter dados organizados de tal forma

que facilitam a análise pelo operador, embora o sistema Alpha tenha experimentado

resultados confusos quanto a estarem ou não organizados.

Figura7 - Atributo eficiência: Organização dos dados em display

Quanto a possibilidade de personalização dos dados, 30% dos entrevistados

apontou o sistema alpha como possível de uma rápida e fácil personalização contra apenas

10% dos que pensam semelhante para o Ômega. Mesmo a maioria de ambos os sistemas

terem demarcado que para personalizar os dados, seria necessário certo conhecimento, como

domínio da linguagem SQL ou do módulo criador de relatórios do ERP Ômega.

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Figura 8 - Atributo Eficiência: Personalização dos dados

d) Atributo Integridade

A análise de grau de integridade dos softwares baseou-se na ausência ou não de

instrumentos de segurança da informação que pudessem ser notados visivelmente pelo

usuário, como ferramentas de controle de usuário, política de senhas, definição de permissões

e a eficácia dessas técnicas no âmbito operacional do sistema.

Entretanto, os usuários findaram demarcando como positivamente todas as

questões apontadas, apresentando apenas uma variação de 10% entre os sistemas Alpha e

Ômega. O que nos leva a duas linhas de raciocínio: Os sistemas implementam corretamente as

características ideais de integridade. Possuem sistema de controle de acesso eficiente em

obstruir a entrada de pessoas não-autorizadas e que utiliza uma política de senhas fortes e

onde é possível demarcar facilmente a abrangência do acesso de determinado usuário; E os

operadores analisados tiveram dificuldades em avaliar esse atributo devido ou ao

desconhecimento do significado das questões abordadas ou do grau de eficiência desse

sistema no software utilizado. Em geral explicado pelo fato de que geralmente usuários

comuns não experimentam ferramentas de edição de usuário e grupos de acesso, tarefas essas

deixadas a cargo do coordenador setorial. Uma reformulação na forma de avaliar esse atributo

poderia esclarecer definitivamente essa dúvida.

e) Atributo Usabilidade

Um dos atributos mais considerados nesse estudo, diz respeito a facilidade

encontrada na operação e aprendizado dos ERP e organização dos componentes visuais na

interface.

No que se refere a dificuldade de aprendizado, ambos os sistemas obtiveram a

maioria dos resultados apontando para o grau de dificuldade razoável, muito embora

percebemos no Alpha a porcentagem de 20% que declararam o aprendizado como muito fácil,

em compensação esses mesmos 20% demarcaram o sistema como muito difícil de aprender.

Figura 9 - Atributo usabilidade: Dificuldade de aprendizado

Uma variação semelhante fora notada na análise da dificuldade de operação. Mas

nesse caso, entretanto, fora notada também um aumento no grau “fácil” para o Ômega.

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Figura 1 - Atributo usabilidade: Dificuldade de operação

Os entrevistados afirmaram ainda que ambos os sistemas possuem ícones, menus

e outros componentes visuais em organização intuitiva na tela (variação de 10%) e mais de

2/3 do público confirmaram que as janelas do sistema seguem padrões de similaridade. O uso

de sinais sonoros e visuais foi considerado ausente pela maioria (70%) no Alpha e presente

(60%) no Ômega. Além disso, ambos os sistemas foram considerados como contendo

mensagens de sistema claras e legíveis, com 70 e 80% respectivamente.

Por fim, quanto à presença e eficácia de um sistema de ajuda inerente ao software,

40% declararam que o sistema Alpha não possui algo semelhante, enquanto 70% do público

declarou que o sistema de ajuda do Ômega possui passos bem definidos e auxilia inúmeras

vezes na resolução de problemas.

5. CONCLUSÃO

Com esse estudo pudemos comprovar que realmente a empresa analisada realizou

uma boa escolha no momento em que decidiu implantar o ERP Ômega em seu ambiente

produtivo. Pois, apesar do mesmo não ter rendido resultados favoráveis com relação ao

atributo determinante de qualidade eficiência em comparação com o sistema concorrente,

adquiriu bons resultados em correção, confiabilidade, integridade e usabilidade. Um ponto

interessante que merece ser estudado com relação a eficiência do sistema Ômega, seria como

a aplicação de treinamentos e o desenvolvimento de modelos de relatórios utilizados poderia

repercutir na melhora dos resultados. Em contrapartida, a melhora da configuração de

hardware dos computadores contribuiria para a minimização do tempo dedicado a execução

de tarefas e dos travamentos identificados.

Esperava-se ainda encontrar, bastantes fatores de risco e em especial, focos de

resistência organizacional posto o porte da empresa. Entretanto, em geral as pessoas

analisadas se mostraram bem receptíveis ao processo de migração de sistemas de informação,

à exceção dos pontos de resistência encontrados devido ao desconhecimento da causa

catalisadora da mudança. Uma sugestão nesse caso seria a direção da IES realizar

previamente uma reunião com os colaboradores expondo os motivos envolvidos na decisão e

as principais vantagens do uso do novo programa.

Uma última sugestão seria a realização de um novo estudo, abordando novamente

a empresa após o processo de implantação do Ômega de modo a confrontar as opiniões

expostas no período da migração com o período posterior.

REFERÊNCIAS

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Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

20

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