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AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE
UM SISTEMA DE ERP EM UMA
ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL
ATRAVÉS DE ATRIBUTOS DE
QUALIDADE
Janio do Nascimento Lima (URCA)
Francisca Jeanne Sidrim de Figueiredo (URCA)
Os sistemas integrados de gestão ou ERP (Enterprise Resource
Planning) são responsáveis hoje, pelo apoio ao gerenciamento de
grandes empresas que estão há cada dia necessitando mais destes
recursos de TI. Os sistemas permitem o maior contrrole sobre os dados
dos seus clientes através de uma base que opera em uma única
plataforma, consolidando os dados e dando a todos os setores o acesso
necessário ao perfeito atendimento. Este trabalho tem como objetivo,
analisar o processo de implantação de um sistema ERP em uma
instituição de ensino no Sul do Ceará, na macrorregião do Cariri,
tendo como base os atributos de qualidade de software: correção,
confiabilidade, eficiência, integridade e usabilidade. Assim, realizou-
se uma verificação de um novo sistema ÔMEGA (como denominado
neste estudo) comparando com um sistema ALPHA, anteriormente
utilizado na empresa. Foram preenchidos questionários por
funcionários dos setores de: Recursos humanos, Tesouraria, Secretária
de Controle acadêmico e Compras. De acordo com os resultados, no
atributo eficiência, o sistema ÔMEGA não rendeu resultados
favoráveis, com relação ao ALPHA, mas adquiriu bons resultados nos
atributos correção, confiabilidade, integridade e usabilidade. Como
proposta para maior eficiência, fica a melhoria na configuração dos
hardwares e treinamentos para desenvolvimentos de relatórios
adequados a cada setor.
Palavras-chaves: Qualidade, sistemas, tecnologia da informação
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
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1. Introdução
Vivemos em uma época considerada por muitos como a era da informação, onde a
empresa que detém mais dados a respeito dos anseios de seus clientes por produtos e serviços
obtém sucesso sobre as demais. Em contraponto, os clientes também tornaram-se mais
exigentes para com as mercadorias e serviços consumidos, forçando as organizações a
investirem cada vez mais na melhoria de seus processos internos de modo a minimizar os
tempos de produção, reduzindo o período em que o produto ou serviço é entregue ao cliente.
A velocidade como as funções organizacionais se comunicam e a eficiência com que essa
interação é realizada determinam quão forte é o diferencial competitivo da empresa.
O investimento em sistemas de Tecnologia da Informação (TI) é fator crucial para
o sucesso das organizações ao passo em que promove a transformação e disseminação das
informações pelo espaço produtivo, de modo a levar sempre a informação certa à pessoa certa
e no momento adequado e dessa forma auxiliando no controle dos processos de trabalho, na
tomada de decisões gerenciais e oferecendo o suporte necessário para o desenvolvimento de
estratégias para alcançar a vantagem competitiva esperada.
Este estudo tem por objetivo analisar os principais fatores de conflito envolvidos
durante o processo de implantação de um sistema de informação integrado em uma instituição
de ensino. Confrontar a eficiência do sistema atual em relação ao recém adquirido, assim
como, analisar os impactos da mudança dos métodos de trabalhos sobre os colaboradores da
empresa.
2. Sistemas ERP (Enterprise Resource Planning)
Essa atual forma de gerência empresarial baseada na utilização da Tecnologia da
Informação (TI), seus recursos e ferramentas, fez nascer um novo conceito administrativo
nomeado GRI (Gestão de Recursos da Informação ou Information Resource Management),
onde os Sistemas Integrados de Gestão ou ERP, são seus principais representantes.
A diferença entre um sistema computacional comum e um software dito ERP
reside em diversos fatores, dos quais podemos eleger como principais a abrangência do
mesmo entre os diversos setores da organização, a consistência e veracidade dos dados
armazenados e a integração desses para os clientes que deles necessitem. Para manter essa
segurança de informação, o sistema utiliza-se de um único repositório de dados, também
conhecido como banco de dados (BD), geralmente alocado fisicamente em um computador
dedicado exclusivamente a tal função, também conhecido como Servidor, e gerenciado por
um software gerenciador de bando de dados, SGBD. O banco de dados, por sua vez provê o
acesso aos dados armazenados às estações de trabalho mediante uma estrutura de rede de
computadores. Assim: “O sistema ERP é definido como um software que integra todas as
diferentes funções de uma empresa e que apresenta uma base de dados que opera em uma
única plataforma consolidando toda a operação do negócio em um único ambiente
computacional.” (MARTINS, 2006, p.389).
Considerando de forma ideal, o sistema ERP deve prover funcionalidades que
permita aos seus operadores inserir a informação uma única vez, eliminando dúvidas a
respeito da veracidade da mesma e possibilidades de duplicidade nos dados cadastrados.
Como a base de armazenamento de dados é única, a informação inserida no sistema deve estar
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disponível, imediatamente após seu cadastro, para todos aqueles que utilizem o sistema, desde
que devidamente autorizados para tanto. Isso garante que os dados inseridos são autênticos e
utilizados somente por aqueles usuários devidamente encarregados.
Sendo o núcleo do sistema similar, apesar das diferenças entre os módulos, dados
de tipos semelhantes estarão sujeitos aos mesmos tratamentos de cálculo de forma a evitar
erros de conversão sem, entretanto, comprometer o entendimento dos mesmos para quem
precise utilizá-los. “Portanto, um sistema tem características ERP quando este possibilita à
empresa automatizar e integrar a maioria de seus processos de negócios, compartilhar dados e
práticas por toda a empresa e produzir e acessar as informações em tempo real.” (MARTINS,
2006, p.389).
Além disso, O’Brien(2004) cita alguns motivos que levam as empresas a
atribuírem certo grau de importância da adoção de uma solução ERP para gerência de seus
negócios. a) Criar uma estrutura integradora que aperfeiçoa os sistemas internos de escritório,
refletindo em melhorias no atendimento ao consumidor, na produção e na eficiência. b)
Fornece rapidamente informação gerencial sobre o desempenho corrente da empresa e
subsídios aos gerentes, para que estes aprimorem sua capacidade de tomada de decisões.
Devido ao fato do ERP ser um recurso da tecnologia da informação, na sua
adoção decorrem os mesmos riscos apresentados por qualquer nova tecnologia, tais como alto
custo de aquisição, revisão dos processos internos e curva de aprendizado elevada. “A
introdução de novas tecnologias na empresa normalmente exige o retreinamento dos
funcionários. No caso da TI, o impacto na empresa é tão grande que é necessário à reeducação
das pessoas.” (GRAEML, 2003, p.40).
3. Qualidade do software
Para entender como a mudança de sistemas informatizados pode acarretar na
variação de tempo dedicado a uma atividade específica, convém analisarmos os atributos de
cada software envolvido e como eles influenciam no desempenho da atividade produtiva. Ou
seja, delimitarmos os atributos que definirão a eficiência do software em atender os requisitos
da empresa, fatores que determinarão se o mesmo possui qualidade.
Segundo Pressman, qualidade de software “é a satisfação dos requisitos funcionais
e de desempenho explicitamente declarados, normas de desenvolvimento explicitamente
documentadas e características implícitas que são esperadas em todo o software desenvolvido
profissionalmente” (PRESSMAN, 1995, p.349). Sem dúvida, é um conceito bastante
abrangente que especifica inclusive os atributos técnicos do produto relativos ao processo de
desenvolvimento e suporte. Entretanto, podemos adotar ainda a abordagem simplista de
Gustafson(2003) que diz que um “software de qualidade é aquele que faz o que se espera que
ele faça” (GUSTAFSON, 2003, p.98), que representa perfeitamente a visão do usuário final
quanto à interação com o sistema e sua perspectiva a respeito da concepção de qualidade do
software.
Um conjunto de indicadores foi criado pelos autores McCall, Richards e Walters
em 1977, no intuito de categorizar os fatores que afetam a qualidade de um software na sua
obra “Factors in Software Quality” e usados com regularidade a partir de então por
profissionais da área de desenvolvimento de sistemas computacionais. A área de abrangência
desses fatores envolve três aspectos importantes de um produto desse tipo: suas características
operacionais, a habilidade em passar por modificações em seu código e adaptabilidade à
ambientes diversos.
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Logo, as variáveis que compõem esse conjunto de métricas, conforme apresentado
em Pressman (1995, p.350) são as seguintes:
Correção: Refere-se ao quanto um programa satisfaz a especificação de requisitos e preenche
os objetivos da missão do cliente;
Confiabilidade: O quanto se pode esperar que determinado software realize a função
pretendida com a precisão exigida;
Eficiência: Diz respeito à quantidade de recursos de computação e código necessários para o
funcionamento adequado;
Integridade: Refere-se ao nível de acesso a dados permitido para pessoas não autorizadas;
Usabilidade: Simboliza o esforço necessário para aprender a operar, preparar entradas de
dados e interpretar as saídas fornecidas pelo sistema;
Manutenibilidade: O quanto de esforço é demandado para a tarefa de localização e conserto
de um erro de programa;
Flexibilidade: É o esforço necessário para modificar um programa operacional;
Testabilidade: Diz respeito a quantidade de esforço demandado para a etapa de teste do
software, a fim de garantir que o mesmo realize as funções esperadas;
Portabilidade: O esforço despendido para a transferência de um programa de determinado
ambiente de hardware e software para outro;
Reutilização: O quanto de um software pode ser reusado em outras aplicações, no que se
refere ao empacotamento e escopo das funções a serem realizadas;
Interoperabilidade: É a habilidade do programa em questão acoplar-se a outros sistemas.
Outro conjunto de métricas de delimitação da qualidade de um produto de software apontada
por Pressman(1995) e bastante difundida ultimamente é a norma ISO 9126, criada para tentar
identificar os atributos que definem a qualidade de um software de computador. Sua
abordagem é baseada na delimitação de seis atributos-chaves, como os listados abaixo:
Funcionalidade: Determina o grau em que o software satisfaz as necessidades declaradas e
encontra-se apoiado nos sub-atributos adequabilidade, precisão, interoperabilidade,
atendibilidade e segurança;
Confiabilidade: Refere-se ao período de tempo em que o software encontra-se disponível
para o uso. É formada pelos atributos maturidade, tolerância a falha e recuperabilidade;
Usabilidade: Define o quanto um software é fácil de usar, de acordo com os sub-atributos
inteligibilidade, facilidade de aprendizado e operabilidade;
Eficiência: O quanto o software faz uso otimizado dos recursos do sistema conforme definido
pelos atributos formadores comportamento em relação ao tempo e comportamento em relação
aos recursos;
Manutenibilidade: Diz respeito a facilidade com a qual podem ser feitos reparos no
softwares. Os atributos que a compõem são a analisabilidade, mutabilidade, estabilidade e
testabilidade;
Portabilidade: É a facilidade com a qual o software pode ser transposto entre ambientes de
hardware e softwares diversos e é formado pelos atributos adaptabilidade, instabilidade,
conformidade e permutabilidade.
4. Implantação do ERP no ambiente produtivo
A empresa em estudo atua na área de prestação de serviços educacionais de nível
superior atuando na região do sul do ceará, na macrorregião do Cariri. Atualmente encontra-se
localizada na cidade Juazeiro do Norte na forma de três unidades, que em conjunto atendem a
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uma média de dois mil e quinhentos alunos, distribuídos em sete cursos de graduação e dez
cursos de pós-graduação LATU SENSU.
A empresa conta com um quadro de colaboradores de cerca de 192 colaboradores
organizados em nove setores organizacionais, conforme ilustrado no organograma da
instituição, a saber: Diretoria, Marketing, Secretaria de Controle Acadêmico, Recursos
Humanos, Financeiro, Compras, Biblioteca, Coordenação Pedagógica, e Departamento de
Tecnologia da Informação (DTI).
A excelência educacional e administrativa almejada pela organização se faz sentir
ao passo em que ela atualmente investe em instrumentos que automatizem os processos
produtivos de cada setor organizacional e favoreça a interatividade entre os mesmos, de tal
forma que cada departamento tenha a disposição dados reais e confiáveis em curto espaço de
tempo. Foi por esse motivo que a empresa adotou uma solução corporativa voltada para a
administração de serviços educacionais, doravante chamada apenas de Sistema Alpha, que
reunia em seu conjunto de funcionalidades disponíveis, ferramentas que permitiam um
controle satisfatório dos processos cotidianos de departamentos fundamentais como a
secretaria de controle acadêmico, finanças e biblioteca.
Entretanto, com o crescimento natural do negócio, setores que poderiam exercer
suas atividades através do estudo dos variados tipos de relatórios publicados por um dos
módulos componentes do sistema Alpha e elaboração de ferramentas próprias para
formatação dos dados, agora necessitavam de dados mais específicos que os atualmente
impressos, instrumentos que automatizassem o processo de obtenção desses dados e meios
eficazes de tratamento e armazenagem. Adiante, o departamento de TI já diagnosticara
problemas de origem projetual em certas áreas da estrutura interna do banco de dados e
sempre que possível modificara o código fonte de tal forma a adequar os recursos disponíveis
às demandas internas da organização. O que por um lado a empresa ganhava em
personalização, perdia em relacionamento com o fornecedor, cada vez mais rigoroso com os
pedidos de manutenção e as atividades que cabiam a empresa executar.
Nesse contexto surge o sistema Ômega. Desenvolvido por uma empresa de
renome nacional e com distribuição em todo o território brasileiro, é formado por um conjunto
de softwares independentes, cada um atendendo a determinada funcionalidade específica de
uma organização educacional e interligando-se a um único repositório de dados. Até o fim do
estudo realizado, a faculdade havia adquirido todos os módulos componentes e começara a
implantá-los um a um de acordo com a ordem de importância que o mesmo representava para
as demandas atuais.
De tal forma que encontramos em nossa análise, setores com sistemas
completamente implantados (como Compras e RH), parcialmente implantados (como o Setor
Financeiro) e em início de processo de implantação (como a Secretaria de controle acadêmico
e Biblioteca).
4.1 Delimitação do universo de pesquisa
O presente estudo se concentrou na análise de influência do sistema ERP nas
atividades produtivas da instituição através dos resultados obtidos em levantamento de dados
realizado em uma das unidades da instituição, escolhida pelas razões descritas a seguir: Até o
presente momento, concentra a maior parte das atividades administrativas e principais centros
de gerência dos setores organizacionais; Foi sede dos principais atividades decorrentes da
aquisição do sistema, como apresentação do produto, primeiros treinamentos do fornecedor
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para os colaboradores; Proximidade ao setor de TI, responsável interno pela condução e
avaliação do processo de implantação do ERP, que por teoria garantiria um melhor
atendimento das necessidades setoriais da instituição posto a facilidade na comunicação pela
proximidade física; Escolhido como alvo para os primeiros testes de adequação do sistema em
ambiente de produção; Pelo conjunto de fatores acima, pode-se estimar que concentre a
maioria de colaboradores detentores de maior conhecimento a respeito do sistema, reduzindo
de certo modo o grau de resistência organizacional devido ao desconhecimento a respeito do
produto.
Dentro dessa unidade, foram escolhidos os seguintes setores para realização da
pesquisa:
Recursos Humanos: Fora o primeiro setor a receber uma ferramenta disponibilizada pelo
ERP, devido ao fato da implantação facilitada pela ausência de uma solução anterior que
atendesse à demanda do mesmo;
Tesouraria: Um dos setores chave para o sucesso da integração de todos os módulos
constituintes do sistema. Teve o processo implantatório dividido em duas etapas distintas:
Contas a pagar, reunindo informações a respeito do lançamento de despesas diversas da
instituição e usufruindo de certo grau de independência ao sucesso da implantação do sistema
na Secretaria de Controle Acadêmico e contas a receber, responsáveis pelo recebimento dos
principais recursos financeiros da faculdade e em geral detendo maior contato com os clientes
externos.
Secretaria de Controle Acadêmico: Fonte de controle da principal atividade produtiva da
empresa e, portanto, fator crítico do sucesso do ERP no ambiente organizacional. Teve uma
implantação dificultada por problemas originários na migração dos dados relacionados entre
os bancos de dados responsáveis por alimentar as telas de ambos os sistemas informatizados,
levando a um atraso no processo implantatório em outros setores como Tesouraria (contas a
receber) e biblioteca.
Uma exceção ao universo de pesquisa aqui definido seria o setor de Compras,
localizado no prédio da Unidade Saúde, que fora também alvo do estudo por encontrar-se com
o sistema ômega completamente instalado e em uso no ambiente de produção.
Vale lembrar que até o término do estudo descrito nesse texto não haviam sido
iniciados os processos para implantação do sistema Ômega nos setores de Diretoria,
Marketing, Coordenação pedagógica e TI.
4.2. Metodologia da pesquisa
Quanto ao que se refere à coleta de dados, foram pesquisados todos aqueles
colaboradores que de uma forma ou de outra obtiveram experiência no uso tanto do sistema a
ser implantado, quanto nos sistemas e métodos anteriores à adoção da nova solução, de modo
a tentar traçar um quadro o mais próximo possível da realidade, evitando erros e/ou pontos de
resistência possíveis e decorrentes do desconhecimento de algum dos sistemas em estudo.
Tomando essa perspectiva, foi adotada como metodologia de pesquisa, a obtenção
de dados mediante a entrevista informal junto aos setores de recursos humanos, compras e
contas a pagar, pela menor quantidade de indivíduos responsáveis pelo uso do módulo
reservado ao setor e em setores onde a população de usuários detinha maior quantidade,
adotou-se um modelo de questionário. De ambos os modos, procurou-se obter informações
detalhadas a respeito de vantagens e desvantagens inerentes a cada um dos softwares e suas
impressões a respeito do processo migratório, bem como principais atividades relacionadas.
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Foram analisados atributos determinantes da qualidade em softwares do ponto de
vista da usabilidade e adaptabilidade por parte dos usuários, posto que problemas dessa
natureza que possam ser encontrados em um sistema, contribuiriam para um menor
rendimento produtivo no exercício das tarefas de seu operador e um acréscimo na taxa de
tempo improdutivo dedicado aos processos de descoberta/releitura de interfaces complexas e
ocorrência de erros, travamentos e lentidão no produto software. Tais fatores de qualidade
foram derivadas de uma união entre modelo o modelo apresentado por McCall e pela ISO
9126 Pressman (1995), como mostrado abaixo:
Correção: O sistema atende a função para a qual fora destinado? Possui
ferramentas específicas para o atendimento do setor ou é necessária a adoção de ferramentas
de terceiros para complementar o exercício das atividades?
Confiabilidade: Apresentam erros, travamentos, inconsistência de dados e/ou
demora na execução de comandos? Qual a freqüência de ocorrência dos mesmos? O sistema
consegue restaurar o ambiente até um ponto anterior a ocorrência de um erro, após sofrê-lo?
Eficiência: O quão ágil é a execução das tarefas pelo usuário? As funções mais
utilizadas estão dispostas em um local que facilite o uso? É possível ter dados claros e
personalizados para o atendimento das necessidades momentâneas do operador?
Integridade: O quanto o sistema é considerado seguro? Usuários com
permissões limitadas tem a sua área de abrangência de recursos bem definida?
Usabilidade: Qual o grau de dificuldade de sua operação? Como foi o
aprendizado da ferramenta? Ícones, menus e outros componentes visuais estão organizados de
maneira fácil e intuitiva na tela? Existem padrões entre as janelas do sistema, a facilitar o
aprendizado do operador? O sistema dota de sinais sonoros, visuais e mensagens claras para
transmitir mensagens geradas pelo sistema? Existe algum mecanismo de ajuda (help) que
possa auxiliar no esclarecimento de dúvidas durante a operação?
4.3. Resultados Obtidos
Pelos números apresentados, tanto o sistema que atualmente instalado no âmbito
da instituição (Alpha), quanto o ERP em processo de implantação estão longe de serem
considerados como softwares perfeitos ou totalmente adequados às necessidades do ambiente
produtivo do cliente. Os dois sistemas possuem aspectos operacionais positivos, como a
simplicidade e a acessibilidade providas pelo sistema Alpha ou a abrangente modularidade e
funcionalidade do Ômega, bem como aspectos a melhorar como a fragilidade de proteção dos
dados e ocorrência dos erros inesperados do primeiro e lentidão, travamentos e complexidade
de telas relatadas pelos usuários que experimentaram o uso do segundo software.
4.3.1. Fatores de risco identificados
Entre os fatores de risco apresentados foram encontrados focos de resistência
organizacional por motivos pessoais nos setores da Secretaria de Controle Acadêmico e
Finanças (contas a receber), com ênfase no último onde os membros atuantes no setor
declararam não compreenderem o motivo da mudança de ERP.
Quanto aos fatores de risco por tecnologia adotada, foram identificadas variações
na configuração de hardware dos computadores distribuídos pelos setores, resultando
provavelmente na lentidão e travamentos apresentado durante a execução do software Ômega,
nitidamente mais exigente que o Alpha em termos de recursos físicos necessários.
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Outro fator tecnológico identificado refere-se ao uso de ferramentas terceirizadas
operando em paralelo no setor de Secretaria de Controle Acadêmico, como a exemplo do
sistema de Vestibular e de controle de acesso de alunos ao ambiente físico da faculdade
(Catracas). Esses softwares atualmente acessam um BD próprio que difere do utilizado pelos
softwares ERP, podendo gerar duplicidade de informações e/ou inconsistência nos dados
quando alterados individualmente.
4.3.2. Análise geral dos atributos de qualidade
Segue abaixo os resultados encontrados durante a análise comparativa de
softwares executadas nos setores onde a implantação dos sistemas encontrava-se em seu
ápice.
a) Atributo Correção:
Ambos os ERP foram considerados capazes de atender à função organizacional
para o qual estariam sendo utilizados na opinião do público avaliado. Já com relação à
abrangência encontrada nas ferramentas específicas disponíveis (Figura 01), onde o sistema
Ômega demonstrou superioridade no número destas. A mesma escala percentual encontrada
nos gráficos comparativos da Figura 01 pode ser vista na análise do uso de outros softwares
para complementar as atividades do setor. Nesse caso, 80% dos entrevistados demonstraram
que usam sim outros softwares; em geral, planilhas eletrônicas, editores de texto e sistemas
informatizados operando em paralelo. Esse número cai comparativamente no sistema Ômega
para a marca de 50%.
Figura 1 - Atributo Correção: Abrangência das Ferramentas
b) Atributo Confiabilidade:
Entre os atributos delimitadores da qualidade em análise, confiabilidade
apresentou os dados menos concentrados em opções distintas. Foi utilizada para definição do
grau desse atributo, a freqüência média com que desvios nas características inerentes do
atributo eram notados. Logo, tem-se o aparecimento de erros inesperados (Figura 02) onde o
sistema ômega apresentou as melhores freqüências, 50% no grau raro, contra a mesma
porcentagem marcada em ocasionalmente no sistema Alpha.
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Figura 2 - Atributo Confiabilidade: Freqüência de erros inesperados.
Quanto à freqüência com que ocorrem travamentos durante a operação do
software, o sistema Alpha surpreendeu pelo grau elevado de ocorrências em comparação com
o encontrado no Ômega e apesar desse tipo de problema ser apontado como ponto negativo do
segundo ERP, em vários pontos da análise subjetiva entre os setores.
Figura 3 - Atributo confiabilidade: Freqüência de travamentos
Ambos os softwares obtiveram os mesmos resultados quanto a freqüência em que
conseguem recuperar-se de falhas ocorridas (50% Ocasionalmente). Entretanto, o sistema
Ômega foi melhor nas categorias seguintes: Freqüência em que apresenta demora em
responder a comandos e alterações nos dados cadastrados, conforme mostram as figuras 04 e
05.
Figura 4 - Atributo confiabilidade: Freqüência de demora em resposta a comandos
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Figura 5 - Atributo confiabilidade: Freqüência de alteração de dados
De uma maneira geral, pela acumulação de melhores resultados, pode-se
considerar o sistema Ômega como sendo portador de maior confiabilidade.
c) Atributo Eficiência
Um software ser considerado eficiente equivale a ter ele como agente otimizador
de tarefas. Nesse caso, a facilidade de acesso de suas funcionalidades e adequação as
necessidades organizacionais e pessoais fazem-se necessárias.
Considerando o dito acima, entre a facilidade encontrada no acesso às funções do
sistema, o Sistema alpha foi considerado melhor destacado, conforme o Figura 06. Embora, os
pesquisados em geral considerem ambos como dotados de funções organizadas de modo a
otimizar a operação.
Entretanto, o público-alvo da análise confirma também que os sistemas possuem
tarefas a ser executadas que demandam maior tempo de processamento (70% do Alpha contra
90% do Ômega).
Figura 6 - Atributo Eficiência: Acessibilidade das funções
Quanto a organização dos dados de uma maneira lógica e funcional no display do
monitor do computador, ambos os sistemas demonstraram ter dados organizados de tal forma
que facilitam a análise pelo operador, embora o sistema Alpha tenha experimentado
resultados confusos quanto a estarem ou não organizados.
Figura7 - Atributo eficiência: Organização dos dados em display
Quanto a possibilidade de personalização dos dados, 30% dos entrevistados
apontou o sistema alpha como possível de uma rápida e fácil personalização contra apenas
10% dos que pensam semelhante para o Ômega. Mesmo a maioria de ambos os sistemas
terem demarcado que para personalizar os dados, seria necessário certo conhecimento, como
domínio da linguagem SQL ou do módulo criador de relatórios do ERP Ômega.
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Figura 8 - Atributo Eficiência: Personalização dos dados
d) Atributo Integridade
A análise de grau de integridade dos softwares baseou-se na ausência ou não de
instrumentos de segurança da informação que pudessem ser notados visivelmente pelo
usuário, como ferramentas de controle de usuário, política de senhas, definição de permissões
e a eficácia dessas técnicas no âmbito operacional do sistema.
Entretanto, os usuários findaram demarcando como positivamente todas as
questões apontadas, apresentando apenas uma variação de 10% entre os sistemas Alpha e
Ômega. O que nos leva a duas linhas de raciocínio: Os sistemas implementam corretamente as
características ideais de integridade. Possuem sistema de controle de acesso eficiente em
obstruir a entrada de pessoas não-autorizadas e que utiliza uma política de senhas fortes e
onde é possível demarcar facilmente a abrangência do acesso de determinado usuário; E os
operadores analisados tiveram dificuldades em avaliar esse atributo devido ou ao
desconhecimento do significado das questões abordadas ou do grau de eficiência desse
sistema no software utilizado. Em geral explicado pelo fato de que geralmente usuários
comuns não experimentam ferramentas de edição de usuário e grupos de acesso, tarefas essas
deixadas a cargo do coordenador setorial. Uma reformulação na forma de avaliar esse atributo
poderia esclarecer definitivamente essa dúvida.
e) Atributo Usabilidade
Um dos atributos mais considerados nesse estudo, diz respeito a facilidade
encontrada na operação e aprendizado dos ERP e organização dos componentes visuais na
interface.
No que se refere a dificuldade de aprendizado, ambos os sistemas obtiveram a
maioria dos resultados apontando para o grau de dificuldade razoável, muito embora
percebemos no Alpha a porcentagem de 20% que declararam o aprendizado como muito fácil,
em compensação esses mesmos 20% demarcaram o sistema como muito difícil de aprender.
Figura 9 - Atributo usabilidade: Dificuldade de aprendizado
Uma variação semelhante fora notada na análise da dificuldade de operação. Mas
nesse caso, entretanto, fora notada também um aumento no grau “fácil” para o Ômega.
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Figura 1 - Atributo usabilidade: Dificuldade de operação
Os entrevistados afirmaram ainda que ambos os sistemas possuem ícones, menus
e outros componentes visuais em organização intuitiva na tela (variação de 10%) e mais de
2/3 do público confirmaram que as janelas do sistema seguem padrões de similaridade. O uso
de sinais sonoros e visuais foi considerado ausente pela maioria (70%) no Alpha e presente
(60%) no Ômega. Além disso, ambos os sistemas foram considerados como contendo
mensagens de sistema claras e legíveis, com 70 e 80% respectivamente.
Por fim, quanto à presença e eficácia de um sistema de ajuda inerente ao software,
40% declararam que o sistema Alpha não possui algo semelhante, enquanto 70% do público
declarou que o sistema de ajuda do Ômega possui passos bem definidos e auxilia inúmeras
vezes na resolução de problemas.
5. CONCLUSÃO
Com esse estudo pudemos comprovar que realmente a empresa analisada realizou
uma boa escolha no momento em que decidiu implantar o ERP Ômega em seu ambiente
produtivo. Pois, apesar do mesmo não ter rendido resultados favoráveis com relação ao
atributo determinante de qualidade eficiência em comparação com o sistema concorrente,
adquiriu bons resultados em correção, confiabilidade, integridade e usabilidade. Um ponto
interessante que merece ser estudado com relação a eficiência do sistema Ômega, seria como
a aplicação de treinamentos e o desenvolvimento de modelos de relatórios utilizados poderia
repercutir na melhora dos resultados. Em contrapartida, a melhora da configuração de
hardware dos computadores contribuiria para a minimização do tempo dedicado a execução
de tarefas e dos travamentos identificados.
Esperava-se ainda encontrar, bastantes fatores de risco e em especial, focos de
resistência organizacional posto o porte da empresa. Entretanto, em geral as pessoas
analisadas se mostraram bem receptíveis ao processo de migração de sistemas de informação,
à exceção dos pontos de resistência encontrados devido ao desconhecimento da causa
catalisadora da mudança. Uma sugestão nesse caso seria a direção da IES realizar
previamente uma reunião com os colaboradores expondo os motivos envolvidos na decisão e
as principais vantagens do uso do novo programa.
Uma última sugestão seria a realização de um novo estudo, abordando novamente
a empresa após o processo de implantação do Ômega de modo a confrontar as opiniões
expostas no período da migração com o período posterior.
REFERÊNCIAS
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