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I PRISCILA FORTUNATO JANDIROBA CASTELLO BRANCO AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DE COR DOS COMPÓSITOS ORTODÔNTICOS ORIENTADORA: PROFª LUCIANNA DE OLIVEIRA GOMES CO-ORIENTADORA: PROFª DRA. PAULA MATHIAS Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial. Salvador 2007

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I

PRISCILA FORTUNATO JANDIROBA CASTELLO BRANCO

AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DE COR DOS COMPÓSITOS

ORTODÔNTICOS

ORIENTADORA: PROFª LUCIANNA DE OLIVEIRA GOMES

CO-ORIENTADORA: PROFª DRA. PAULA MATHIAS

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial.

Salvador

2007

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C349 Castello Branco, Priscila Fortunato Jandiroba.

Avaliação da estabilidade de cor dos compósitos ortodônticos / Priscila Fortunato Jandiroba Castello Branco. Salvador, 2007.

74 f. : il. Orientadora: Profa. Lucianna de Oliveira Gomes. Co-orientadora: Profa. Dra. Paula Mathias. Dissertação (especialização) - Ortodontia e Ortopedia Facial.

Universidade federal da Bahia. Faculdade de Odontologia, 2007.

1. Ortodontia. 2. Compósitos. 3. Alteração de cor. I. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Odontologia. II. Gomes, Lucianna de Oliveira. III. Mathias, Paula. IV. Título.

CDU 616.314-089.23

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III

Aos meus pais, Odilton e Rita, que muitas vezes abdicaram dos próprios sonhos para

que os meus se tornassem realidade. Obrigada por tudo, eu amo vocês!

A minha irmã, Camila, e minha dinda, Mary, pelo carinho e dedicação em todos os

momentos.

Sinceramente Dedico.

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IV

AGRADECIMENTOS

A Deus, por sempre me guiar pelos caminhos certos.

A coordenação do Curso de Ortodontia e Ortopedia Facial Prof. José

Édimo Soares Martins, da Universidade Federal da Bahia, pela constante busca da

excelência no exercício da Ortodontia.

A professora Lucianna Gomes, pelo incentivo e disponibilidade. Muito

obrigada por estar presente nesta etapa tão importante da minha vida.

A professora Paula Mathias, indispensável para a realização deste trabalho.

A professora Myrela Galvão, por extrapolar o papel de educadora. Obrigada

por todos os ensinamentos, amizade e confiança. Eu jamais esquecerei de você!

A professora Máyra Reis Seixas, por confiar em mim e acreditar no meu

potencial sempre.

Aos demais professores do Centro de Ortodontia e Ortopedia Facial Professor

José Édimo Soares Martins, André Machado, Fernanda Catharino, Fernando Habib,

Marcelo Castellucci, Márcio Sobral, Marcos Alan Bittencourt, Mikelson Costa,

Roberto Costa Pinto, Rogério Ferreira, Rivail Brandão e Telma Martins de Araújo

pelo exemplo de dedicação ao ensino da Ortodontia.

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V

A professora Maria Cristina Cangussu, que com toda paciência conseguiu

me guiar nos caminhos da estatística.

Ao professor Roberto Paulo, pela disponibilidade na utilização do laboratório

de Bioquímica no Instituto de Ciências da Saúde – ICS.

Ao colega Max José Pimenta Lima, pela ajuda na metodologia e aferição da

cor. Minha gratidão pela paciência e tempo a mim disponibilizado.

A disciplina de Dentística, na pessoa da coordenadora professora Céres

Mendonça, por abrirem suas portas e possibilitarem a execução deste trabalho.

Aos meus colegas de turma, que se transformaram em amigos singulares:

Antonio, Arthur, Cristina, Marina e Thiago. Obrigada pelos momentos bons e ruins

compartilhados diariamente. Sem a presença de vocês tudo seria mais difícil.

Aos colegas da 5a turma, Daniel, Leonardo, Marcus, Rogério, Sabrina e

Taiana, especialmente a Sabrina, pela ajuda prestada, mesmo de longe, na redação

deste trabalho e a Taiana pela amizade e apoio durante todo o curso.

Aos colegas da 7a turma, Carol, Dario, Diana, Larissa, Liz e Roberta

obrigada pelos momentos de amizade e companheirismo.

Aos funcionários, André, Damião, Dona Ginalva e Dona Lúcia, pela ajuda

prestada no decorrer do curso.

A Morelli, Orthoply, Vigodent e 3M Unitek do Brasil pela concessão do

material utilizado nesta pesquisa.

A todos que, de alguma maneira, contribuíram para a realização deste

trabalho.

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VI

RESUMO

O objetivo deste estudo foi comparar in vitro a susceptibilidade à pigmentação de

cinco diferentes compósitos para colagem ortodôntica. Noventa discos foram

divididos em seis grupos com quinze corpos-de-prova cada, de acordo com o tipo de

compósito utilizado: grupo controle (Transbond XT), grupo 1 (Concise Ortodôntico),

grupo 2 (Fill Magic), grupo 3 (Orthobond), grupo 4 (Superbond) e grupo 5 (Transbond

XT). Todos os discos, exceto os do controle, foram submetidos à pigmentação

experimental por 14 dias. A cor foi avaliada usando o espectrofotômetro Easyshade –

Vita®, com base no sistema CIELab, nos tempos: T0 (inicial), T1, T2, T3, T4 e T5,

após 24, 48, 96 horas, 7 e 14 dias de imersão na solução corante, respectivamente.

Os resultados foram descritos pelos parâmetros L*, a* e b*, enquanto a diferença

total da cor foi descrita pelo ∆E. Os resultados do teste de repetitividade não

mostraram diferenças estatisticamente significantes entre os valores L* a* b* nas oito

medidas consecutivas realizadas (p>0,05), garantindo a reprodutibilidade do método.

A avaliação do controle negativo revelou que não houve diferença de cor significativa

(p>0,05), nem clinicamente perceptível (∆E = 0,95) durante o período de

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armazenamento em água deionizada. Os resultados do presente estudo (ANOVA e

Tukey/p<0,05) demonstraram que os valores de L* foram reduzidos (p>0,05),

enquanto os de b* aumentaram (p<0,05), representando diminuição na luminosidade

da amostra e aumento do grau de amarelo, respectivamente, em todos os grupos.

Todos os compósitos apresentaram alteração de cor clinicamente visível após 96

horas de pigmentação, sendo maior nos quimicamente ativados.

Descritores: tratamento ortodôntico, compósito, alteração de cor.

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VIII

ABSTRACT

The aim of this in vitro study was to compare the color’s susceptibility alterations of

five different adhesive systems for orthodontic bonding. Ninety disk-shaped of

adhesives were divided in six groups, with fifteen specimens, according to the

following adhesives systems used: control group (Transbond XT), group 1 (Concise),

group 2 (Fill Magic), group 3 (Orthobond), group 4 (Superbond) and group 5

(Transbond XT). All specimens, except for control group, were experimentally stained

during two weeks. Specimens’ color was measured with a spectrophotometer

Easyhade – Vita® using CIELab parameters at the following times: T0 (initial), T1 (24

hours after immerging in staining solutions), T2 (48 hours), T3 (96 hours), T4 (7 days)

and T5 (14 days). The results were described according to the color parameters (L*

a* b*) and the total color difference (∆E). The values were statistically analyzed using

one-way analysis of variance (ANOVA) and Tukey multiple comparisons test

(p<0,05). The repetitively and color stability tests revealed there was no significant

(p>0,05), nor clinically detectable color changes (∆E = 0,95) during the storage in

distilled water. The results demonstrated that L* values were reduced (p>0,05),

whereas the b* increased (p<0,05), which turned the specimens more darkness and

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yellow, respectively. All adhesives exhibited color changes clinically detectable after

96 hours of experimental staining. The light-polymerized composite was found

significantly more color stable than the self-cured composite resin.

Key words: orthodontic treatment, adhesive resin; color stability.

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X

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

1.1 Aspectos determinantes da cor

1.2 Métodos de medida da cor dos dentes

1.3 Colagem ortodôntica

1.3.1 Sistemas adesivos e compósitos

1.3.2 Modificações cromáticas dos compósitos

2 PROPOSIÇÃO

3 ABORDAGEM EXPERIMENTAL

3.1 Determinação da confiabilidade do método: Teste de repetitividade

3.2 Confecção da amostra

3.3 Preparo dos corpos-de-prova

3.4 Pigmentação dos corpos-de-prova

3.5 Mensuração da cor da amostra

3.6 Avaliação dos dados

4 RESULTADO

4.1 Teste de repetitividade e controle negativo

4.2 Valor de L*

4.3 Valor de a*

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XI

4.4 Valor de b*

4.5 Delta E – Variação de cor

5 DISCUSSÃO

6 CONCLUSÃO

7 ARTIGO CIENTÍFICO

REFERÊNCIAS

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1 INTRODUÇÃO

A beleza e a saúde sempre foram valorizadas como qualidades desejáveis,

principalmente no que diz respeito à aceitação do indivíduo em diferentes grupos

sociais. Considerando o conjunto corporal, a face e os dentes desempenham um

papel importante na auto-estima e na interação entre as pessoas (MOREIRA;

SAMPAIO, 2001).

A Ortodontia tem como princípios fundamentais a estética facial,

estabilidade oclusal, movimentos funcionais adequados e saúde dos tecidos

periodontais (PROFFIT, 2002). Dentre estes, a estética é o principal motivo pelo

qual os pacientes procuram tratamento ortodôntico (JOHNSON; SMITH, 1995).

Desta forma, a busca pela excelência deve compreender a correção das

maloclusões e também a prevenção de possíveis problemas, como a alteração da

cor original da superfície dentária após a remoção dos bráquetes

(CHEVITARESE; RUELLAS, 2005).

Com o desenvolvimento da técnica de colagem ao esmalte dentário, foi

possível a substituição dos acessórios fixados às bandas pelos diretamente

colados ao esmalte, especialmente nos incisivos, caninos e pré-molares

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(JENKINS, 2005). As vantagens da colagem direta incluem melhor estética,

diminuição do tempo clínico, eliminação da necessidade de separação dentária e

uma maior facilidade na execução da higiene oral (JENKINS, 2005; MOREIRA;

SAMPAIO, 2001).

Apesar disso, a colagem de bráquetes resultou em problemas para a

preservação da integridade estrutural do dente. Ao término do tratamento

ortodôntico, após a remoção dos bráquetes, pode-se observar a presença de

manchas na superfície dentária. Estas geralmente são decorrentes da

pigmentação dos materiais usados na união bráquete-dente, uma vez que os

acessórios ortodônticos dificultam a higienização favorecendo a infiltração de

agentes cromógenos na interface do bráquete e do esmalte, podendo causar

alterações de cor nas superfícies dentárias (BAGHERI et al., 2005; ELIADES et

al., 2004).

Sabe-se que o processo de união entre o dente e o acessório ortodôntico

ocorre pela retenção micro-mecânica de componentes resinosos presentes na

interface dente-bráquete, os tags, que se estendem cerca de 11,8 a 18,9

micrômetros (µm) dentro da estrutura dentária (MENEZES; CHEVITARESE,

1994). Durante o processo de descolagem dos acessórios e remoção dos

remanescentes de resina, é impossível remover o compósito presente no interior

dos tags, assim, pode ocorrer alteração na cor do dente como resultado de

modificações internas da resina e absorção de produtos da dieta (ELIADES et al.,

2004; ZACHRISSON, 2000).

A manutenção das características iniciais da superfície dentária, após

descolagem, é uma das grandes preocupações do ortodontista e do paciente. Por

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isso, torna-se importante avaliar as possíveis alterações cromáticas do esmalte

relacionadas à descoloração do material que permaneceu sob a forma de tags.

1.1 Aspectos determinantes da cor

Cor é uma interação de três variáveis: fonte luminosa, objeto e observador.

Este fenômeno pode ser explicado como uma sensação provocada no observador

por ondas eletromagnéticas emitidas por uma fonte de luz e modificadas pelo

objeto iluminado (FRASER et al., 2003).

A luz é um tipo de energia eletromagnética com diversos comprimentos de

onda que compõe uma faixa de 380 a 700 nanômetros (nm) do espectro

eletromagnético, também denominado como espectro visível. O olho humano tem

respostas variadas às diferentes partes do espectro visível, gerando sensações

de cor distintas (FRASER et al., 2003; JOINER, 2004).

As cores dos objetos resultam da reflexão de comprimentos de onda não

absorvidos. Um objeto branco, por exemplo, reflete a quase totalidade dos

comprimentos de onda oriundos da fonte luminosa, enquanto o preto é resultado

da absorção de praticamente todos os comprimentos de onda incidentes

(FRASER et al., 2003; JOINER, 2004).

Diante da subjetividade encontrada na percepção da cor, vários sistemas

de quantificação foram desenvolvidos, possibilitando sua expressão numérica,

com o objetivo de facilitar a comunicação na identificação das cores. Atualmente,

o sistema Munsell e o CIE Lab (Commission Internationale l’Eclairage) são os

mais utilizados para obtenção da cor dos dentes e dos materiais dentários

(JOINER, 2004).

O sistema Munsell descreve as cores em três dimensões: valor, matiz e

croma. O primeiro caracteriza a luminosidade do objeto, que varia do puro preto

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ao branco. O matiz representa a cor propriamente dita, por exemplo, vermelho,

verde e azul, enquanto o croma informa o grau de saturação. Esse sistema é a

base das escalas de cor utilizadas na seleção dos materiais restauradores

(JOINER, 2004; YAP et al., 1999).

Em 1931, o sistema CIE Lab, através de cálculos matemáticos,

transformou os valores de vermelho, verde e azul em coordenadas X, Y e Z,

definidos como valores de tri-estímulos. Assim, foi criado o primeiro espaço de

cor, o CIE XYZ, que representa a sensação que pessoas com visão normal

experimentam quando recebem estímulos, sob condições visuais específicas. Em

1976, a CIE aperfeiçoou o seu sistema, através de uma variação matemática do

CIE XYZ. Atualmente, o CIE Lab é o espaço de cor mais utilizado (JOINER,

2004).

O L*a*b* é um sistema que caracteriza a cor tridimensionalmente, onde os

três eixos são: L* - medida de luminosidade de um objeto, a* - variação no eixo

vermelho-verde e b* - variação no eixo amarelo-azul. O L* é quantificado numa

escala que varia de 0 (preto) a 100 (branco). Os valores de a* e b* devem situar-

se entre -80 e +80, sendo: valores positivos de a* (vermelho) e negativos (verde);

valores positivos de b* (amarelo) e negativos (azul). Quando as coordenadas a* e

b* estão próximas de zero observa-se cores neutras e, quando seus valores estão

altos, indicam cores saturadas e intensas (FRASER et al., 2003; JOINER, 2004).

A vantagem dos parâmetros L*a*b* é que as diferenças de cor podem ser

expressas em unidades relacionadas com a percepção visual e a significância

clínica (O’BRIEN et al., 1997). Esta diferença entre duas amostras (∆E) pode ser

calculada através da fórmula matemática descrita no Quadro1

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Quadro 1: Fórmula para cálculo de ∆E.

O valor de ∆E demonstra a quantidade de alteração de cor de uma

amostra, mas não é capaz de expressar a direção dessa alteração (DOZIC et al.,

2004; JOINER, 2004).

Estudos na área de colorimetria em Odontologia mostram controvérsias a

respeito do valor da diferença de cor (∆E) que poderia ser visível clinicamente.

Alguns pesquisadores afirmaram que diferenças maiores do que uma unidade de

∆E são visualmente perceptíveis por 50% dos observadores humanos (SEGHI et

al., 1989). Segundo Ruyter e colaboradores (1987), a diferença entre pares de

compósitos foi apontada quando o ∆E era maior que 3,3; enquanto Johnston e

Kao (1989) observaram que restaurações com diferenças de cor maior que 3,7

em relação ao dente podem ser facilmente perceptíveis. Contudo, Dozic e

colaboradores (2005), avaliando a cor de dentes anteriores superiores hígidos,

encontraram diferenças perceptíveis, em condições clínicas, quando o ∆E era

maior que 3,0 unidades.

1.2 Métodos de medida da cor dos dentes

Os métodos para avaliação da cor dos dentes e materiais restauradores

podem ser divididos em duas categorias: visual e instrumental. As técnicas visuais

fazem comparações subjetivas, usando escalas de cor de resina acrílica ou

porcelana padronizadas, e são as mais frequentemente aplicadas em Dentística

Restauradora (CAL et al., 2004). Neste tipo de avaliação, o ambiente externo, a

experiência do observador, fadiga visual e outras condições fisiológicas podem

∆E = (∆L2 + ∆a2 + ∆b2) 1/2

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gerar resultados inconsistentes. Além disso, as escalas diferem de acordo com as

marcas comerciais (CAL et al., 2004; JOINER, 2004; SEGHI et al., 1989). Por

outro lado, as técnicas instrumentais são medidas objetivas obtidas por aparelhos,

como colorímetros, espectrofotômetros e métodos computadorizados de análises

de imagens (BARATIERI, 1995).

Os colorímetros possuem filtros de cor e medem a quantidade de luz

refletida de um modo parecido como a luz é percebida pelos olhos, ou seja,

baseando-se em sensores que detectam a quantidade de verde, vermelho e azul

da amostra, os valores tri-estímulos. (YAP et al., 1999). O maior problema técnico

em utilizar o colorímetro para medir a cor dos dentes é o efeito de bordo. Este

fenômeno ocorre devido à translucidez do esmalte dentário que dispersa a luz

incidente do equipamento, resultando em erros na medida (CAL et al., 2004).

Outra desvantagem é que estes aparelhos foram desenvolvidos para atuar

em superfícies planas e, por isso, podem apresentar diferenças na medição da

cor dos dentes (CAL et al., 2004; GUAN et al., 2005). A indicação precisa do uso

do colorímetro envolve a exploração de sua sensibilidade em detectar e medir

pequenas diferenças entre amostras de cores semelhantes (DOUGLAS, 1997).

O espectrofotômetro mede os comprimentos de onda da refletância ou

transmitância de um objeto e tem sido usado para medir o espectro visível de

dentes vitais ou extraídos, assim como de materiais restauradores (JOINER,

2004). Esses aparelhos medem a cor em tri-estímulos XYZ ou em valores do CIE

Lab (JOINER, 2004; VOLPATO et al., 2005). Contudo, Ishikawa-Nagai e

colaboradores (2005) e Tung e colaboradores (2002) relatam que o uso do

espectrofotômetro em pesquisas in vitro e in vivo é limitado devido ao alto custo e

à complexidade da utilização deste aparelho, em condições clínicas.

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Diante desta desvantagem, equipamentos portáteis têm sido desenvolvidos

com pequenas janelas de observação que permitem a leitura de apenas uma área

do dente, a fim de viabilizar o seu uso clínico (VOLPATO et al., 2005).

1.3 Colagem ortodôntica

A partir do desenvolvimento de técnicas e materiais para colagem de

acessórios ortodônticos diretamente sobre a superfície de esmalte, eliminou-se a

necessidade de bandas em todos os dentes. Desta forma, foi possível obter

aparelhos mais estéticos, assim como facilitar a higiene oral. Observou-se ainda

redução da irritação dos tecidos gengivais, diminuição do risco de

desmineralização do esmalte, além de menor tempo clínico (ZACHRISSON,

2000).

O sistema de colagem ortodôntica utilizando compósitos compõe-se de três

diferentes agentes: ácido fosfórico, adesivo e compósito. O tratamento químico da

superfície do esmalte permite a criação de microporosidades, através das quais

ocorre a adesão. O ácido utilizado para a técnica de colagem de acessórios com

compósito é o fosfórico a 37%, aplicado ao esmalte dentário por 15 segundos. O

esmalte condicionado possui alta energia superficial e permite que uma resina

“molhe” a superfície e penetre nas porosidades, sendo polimerizada para formar

os tags (ANUSAVICE, 1998).

A lavagem e secagem do esmalte são realizadas imediatamente após à

aplicação do ácido. Após secagem, o adesivo deve ser aplicado na superfície do

esmalte condicionado e, em seguida, o bráquete, preenchido com compósito, é

posicionado sobre o dente (ZACHRISSON, 2000).

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Após a descolagem, dos bráquetes uma quantidade residual de adesivo

permanece no interior dos prismas de esmalte sob a forma de tags

(CHEVITARESE; RUELLAS, 2005; HINTZ et al., 2001; VILELLA et al., 2001). A

quantidade deste material remanescente é clinicamente insignificante, mas não

pode ser desconsiderada, pois ao longo do tempo estes remanescentes resinosos

podem causar retenção de placa, desenvolvimento de lesões cariosas e

alterações na cor do esmalte (ELIADES et al., 2004).

Para Siverstone e colaboradores (1975), a descoloração pode ser resultado

da penetração irreversível do adesivo nos prismas de esmalte em profundidades

de 50μm. Diante da incapacidade de remover os prolongamentos resinosos

impregnados na estrutura dentária durante a descolagem ortodôntica

(CHEVITARESE; RUELLAS, 2005), a pigmentação pode ocorrer devido a

alteração de cor da resina ou de produtos oriundos da corrosão de acessórios

ortodônticos (MOREIRA; SAMPAIO, 2001).

1.3.1 Sistemas adesivos e compósitos

O desenvolvimento dos materiais restauradores compostos começou no

final dos anos 50 e início dos anos 60, quando Bowen iniciou as pesquisas com

resinas epóxicas reforçadas com carga. A partir deste ponto foi possível a

utilização dos compósitos nas diversas áreas da Odontologia (ANUSAVICE,

1998). Estes materiais podem ser definidos como aqueles que se constituem de

dois ou mais componentes fundamentalmente diferentes, que são capazes de agir

sinergicamente para oferecer propriedades superiores às que possui qualquer um

dos componentes separadamente (CHEVITARESE; RUELLAS, 2005).

Os principais constituintes dos compósitos são: a matriz orgânica e

partículas de carga. Além destes, outros componentes são adicionados para

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melhorar a eficácia e durabilidade do material. Um agente de união, silano, é

necessário para promover a adesão entre a carga inorgânica e a matriz orgânica,

e um sistema ativador-inibidor é indispensável para a polimerização. Outros

aditivos melhoram a estabilidade de cor (ANUSAVICE, 1998).

A matriz resinosa é composta por monômeros, que são substâncias

aromáticas ou diacrilatos alifáticos. O bisfenol A-glicidilmetacrilato (bis-GMA), o

uretano dimetacrilato (UEDMA) e o trietilenoglicoldimetacrilato (TEGDMA) são os

mais comumente utilizados nos compósitos dentários. A incorporação de carga à

resina melhora consideravelmente as propriedades da mesma e estas são

classificadas com base no tamanho médio das partículas de carga (ANUSAVICE,

1998).

Os monômeros iniciam a polimerização por uma reação de adição que

requer a presença de um grupo insaturado, bem como radicais livres, que podem

ser gerados por ativação química (autopolimerizáveis ou quimicamente ativados),

por calor ou luz (energia externa). Segue-se, então, uma série de reações

químicas, através das quais os monômeros formam polímeros. Esse processo

resulta na solidificação da resina de forma aleatória, a partir de locais que foram

ativados, observando-se variação no grau de polimerização das moléculas

(ANUSAVICE, 1998).

Os compósitos usados para a colagem de bráquetes se apresentam sob

três formas (ANUSAVICE, 1998; CHEVITARESE; RUELLAS, 2005):

duas pastas: neste sistema tem-se em uma das pastas monômero,

carga, e agente iniciador, o peróxido de benzoíla e, na outra, além de carga e

monômero está presente o agente ativador, amina terciária. O inibidor está em

ambas as pastas. Quando as duas são manipuladas, a amina reage com o

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peróxido de benzoíla para formar os radicais livres e assim a polimerização por

adição é iniciada, sendo estes compósitos autopolimerizáveis. Durante a

manipulação do material quimicamente ativado, é inevitável a incorporação de

bolhas de ar (CHEVITARESE; RUELLAS, 2005);

pasta e adesivo: monômero, inibidor, carga e iniciador estão na pasta;

enquanto no líquido estão contidos monômeros, inibidor e acelerador. Os

compósitos deste grupo formam o que se conhece como compósito sem mistura

ou no-mix composite. Não se misturam previamente ao seu uso, pois o líquido é

aplicado à base do bráquete e ao esmalte previamente condicionado, enquanto a

pasta colocar-se-á entre ambos. A reação de polimerização se dá no momento

em que o adesivo entra em contato com o compósito, quando o bráquete é

pressionado contra a superfície dentária, durante a colagem (CHEVITARESE;

RUELLAS, 2005). O uso dos produtos deste grupo é limitado devido ao fluxo do

mecanismo de polimerização através da massa, o qual vai se tornando cada vez

mais difícil à medida que a polimerização avança. Além disso, não se pode

esquecer que, na formulação destes compósitos, existe um alto teor de amina,

tornando tais produtos passíveis de sofrerem alteração de cor (CHEVITARESE;

RUELLAS, 2005; ZACHRISSON, 2000);

pasta única: são fotocuráveis ou fotopolimerizáveis. Todos os

componentes estão juntos em uma só pasta, onde está contida uma amina

ativadora e um sistema iniciador, o qual consiste de uma molécula de fotoinibidor

que libera os radicais livres. Sob a ação da luz visível, com comprimento de onda

de aproximadamente 468nm, ocorre excitação do fotoinibidor e interação com a

amina para formar os radicais livres que iniciam a reação de polimerização

(ANUSAVICE, 1998; CHEVITARESE; RUELLAS, 2005). A apresentação sob a

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22

forma de pasta única tem como vantagem o maior tempo de trabalho, no entanto,

a profundidade que a luz alcança é limitada. No caso de colagem de bráquetes

,deve-se considerar a presença do acessório como um fator limitante à passagem

da luz, principalmente quando este é metálico. Este problema pode ser

contornado em grande parte aplicando-se a luz em torno de bráquete. De acordo

com Schulze e colaboradores (2003), os materiais fotopolimerizáveis são os que

oferecem melhor estabilidade de cor.

Na seleção do compósito ideal para colagem ortodôntica deve-se

considerar a exigência mínima da resistência adesiva, entretanto, também é

fundamental avaliar a estabilidade de cor de tais sistemas adesivos, visto que

esses materiais podem ser passíveis de alteração de cor com o tempo

(CHEVITARESE; RUELLAS, 2005; VILELLA et al., 2001).

1.3.2 Modificações Cromáticas dos Compósitos

Estudos sobre a descoloração de restaurações em resina composta são

freqüentes na literatura odontológica (BAGHERI et al., 2005; GULER et al., 2005;

PRADO JÚNIOR; PORTO NETO, 2000). Contudo, pesquisas a respeito das

alterações cromáticas do esmalte, relacionadas à pigmentação do material que

permaneceu sob a forma de tags, no interior da estrutura dentária, após a

remoção dos acessórios ortodônticos, são escassas (ELIADES et al., 2001).

Ao término do tratamento ortodôntico os acessórios são removidos, assim

como a resina remanescente na superfície dentária. Esta resina é removida

utilizando-se brocas de tungstênio (HOSEIN et al., 2004; TUFEKÇI et al., 2004).

Em seguida, realiza-se o polimento da superfície com taça de borracha e pedra

pomes. Assim, mesmo após o polimento do esmalte, remanescentes de adesivo e

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compósito podem permanecer no interior deste (MENEZES; CHEVITARESE,

1994).

A etiologia da alteração de cor dos compósitos utilizadas na Odontologia

pode ser intrínseca ou extrínseca. A descoloração externa resulta do acúmulo de

placa e manchamento superficial, resultante da alteração da superfície provocada

pela degradação superficial do material e penetração de pigmentos extrínsecos. A

pigmentação interna é resultado de reações físico-químicas em porções mais

profundas de componentes do material resinoso (ELIADES et al., 2004; VILLALTA

et al., 2006).

A descoloração interna ocorre devido ao grau de conversão do polímero

(FIROOZMAND et al., 2005; IMAZATO et al., 1995) e à composição do material,

especificamente, a quantidade e o tipo de amina residual (ASMUSSEN, 1983) e a

quantidade de bis-GMA e TEGDMA (IMAZATO et al., 1995). Os monômeros

insaturados que não participaram da reação de polimerização, permanecendo no

interior do material, podem sofrer oxidação, resultando em grupos vinílicos, que

poderão reagir com oxigênio, formando peróxidos coloridos (FERRACANE et al.,

1985). Há uma tendência inerente às resinas à base de bis-GMA de tornarem-se

amareladas, sendo esta predisposição acelerada pela exposição à radiação

ultravioleta (CHEVITARESE; RUELLAS, 2005). As aminas utilizadas nos

materiais odontológicos estão presentes em menor quantidade nos compósitos

fotopolimerizáveis (ASMUSSEN, 1983).

Após teste de envelhecimento, utilizando lâmpada de radiação ultravioleta,

em discos confeccionados com cinco diferentes tipos de resinas ortodônticas,

Eliades e colaboradores (2004) concluíram que todos os materiais testados

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apresentaram alteração de cor, sendo que em apenas dois destes não foi

observado uma pigmentação clinicamente visível.

A instabilidade da cor pode ser atribuída à formação de subprodutos da

oxidação, os quais contêm grupos cromóforos, resultantes da reação de adição.

Além disso, nos sistemas quimicamente ativados, a oxidação dos grupos reativos,

presentes nas aminas terciárias, ou grupos hidroxilícos pode modificar a cor pela

substituição do anel aromático (ELIADES et al., 2004).

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25

2 PROPOSIÇÃO

Diante do exposto, a autora se propôs a:

Comparar, in vitro, a estabilidade de cor de cinco diferentes marcas

comerciais de compósitos para colagem ortodôntica, submetidos a pigmentação

experimental, durante os períodos de 24, 48, 96 horas, 7 e 14 dias.

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3 ABORDAGEM EXPERIMENTAL

3.1 Determinação da confiabilidade do método: teste de repetitividade

Para assegurar a confiabilidade da metodologia empregada no estudo

colorimétrico, foi realizado, antes do início do experimento, o teste de

repetitividade das medidas do espectrofotômetro, utilizando-se 15 corpos-de-

prova.

A leitura foi realizada após o corpo-de-prova ter sido removido da solução

de armazenamento. Antes, os discos foram secados com papel absorvente, pois

gotículas de água poderiam influenciar na dispersão da luz e, conseqüentemente,

alterar a leitura da cor (DOZIC et al, 2004).

O teste consistiu na avaliação da variabilidade da cor do disco, após a

colocação e retirada do aparelho, por oito vezes consecutivas no mesmo tempo.

3.2 Confecção da amostra

A amostra foi constituída por noventa (90) discos confeccionados com

resina ortodôntica, utilizando-se uma matriz de teflon bipartida. Esta era composta

por quatro partes distintas: um cilindro de 3,0 centímetros (cm) de altura e um

disco externo com 3,0cm de diâmetro. No disco externo encaixavam-se as outras

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Quadro 2: Divisão da amostra, considerando os grupos experimentais e o controle.

duas partes da matriz. Estas, quando unidas, formavam no centro um disco com

9,0 milímetros (mm) de diâmetro e 2,0mm de espessura (Fig. 1).

A matriz foi preenchida com resina ortodôntica de acordo com os grupos

experimentais, como demonstrados no Quadro 2.

GRUPOS MARCA COMERCIAL

POLIMERIZAÇÃO N° DE DISCOS

Repetitividade e

Controle

Transbond XT

3M/Unitek

Fotopolimerizável 15

Grupo 1 Concise

Ortodôntico

3M/Unitek Quimicamente ativada

– duas pastas

15

Grupo 2 Fill Magic

Ortodôntico

Vigodent Fotopolimerizável 15

Grupo 3 Orthobond Morelli Fotopolimerizável 15

Grupo 4 Superbond Ortho Source Quimicamente ativada

– pasta e adesivo

15

Grupo 5 Transbond XT 3M/Unitek Fotopolimerizável 15

3,0 cm

3,0 cm

Figura 1 Matriz de teflon bipartida utilizada

para confecção dos discos.

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Para o preenchimento da matriz, o compósito foi condensado com auxílio

de uma espátula metálica (Hu Friedy), específica para restaurações com resina

composta. Em seguida, foi colocada uma tira de poliéster sobre o mesmo e uma

lâmina de vidro para ensaios histológicos (Perfecta), de 1,0mm de espessura,

sobre a tira de poliéster, exercendo leve pressão, com objetivo de remover os

excessos do material (Fig. 2).

Os discos de resina fotopolimerizável, foram polimerizados usando

aparelho de luz halógena – Dabi Atlante® com densidade de potência de

aproximadamente 600mW/cm2. Durante o procedimento, a ponta do aparelho

fotopolimerizador esteve em contato direto com a lâmina de vidro. O tempo

utilizado para a polimerização foi de 40 segundos, sendo 20 segundos para a

superfície superior e 20 segundos para a inferior (Fig. 2). Para os compósitos

quimicamente ativados foi aguardado um tempo de 5 minutos, conforme

instruções do fabricante.

Figura 2 Confecção dos discos de resina

ortodôntica utilizando a matriz bipartida.

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3.3 Preparo dos corpos-de-prova

Após a polimerização completa, os discos foram removidos da matriz

bipartida, procedendo-se a inclusão dos mesmos em resina orto-fitálica. Foram

utilizados cilindros de PVC de 4,0cm de diâmetro e 1,5cm de altura para a

confecção dos corpos-de-prova. Estes tinham as superfícies superior e inferior

paralelas entre si, sendo uma de suas bases vedadas por cera n° 7 branca. Os

discos de compósito ortodôntico foram posicionados exatamente no centro da

cera vedante, estando o conjunto sobre uma placa de vidro. Desta forma, a

superfície externa do disco ficava em contato direto com a placa de vidro,

deixando livres as demais superfícies para inclusão na resina orto-fitálica, que

preencheu integralmente o cilindro. Este procedimento assegurou o isolamento

das demais faces do disco, ficando exposta somente a face externa, para

avaliação colorimétrica.

A resina foi manipulada em recipiente de vidro, na proporção indicada pelo

fabricante, e vertida no interior do cilindro de PVC, preenchendo-o de maneira que

o disco de resina ortodôntica fosse totalmente incluído. Após a polimerização da

resina orto-fitálica removeu-se a cera, expondo-se a superfície externa dos discos.

As figuras 3, 4 e 5 ilustram as etapas de obtenção dos corpos-de-prova.

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Figura 5 Disco incluído em resina orto-

fitálica, constituindo o corpo-de-prova.

Figura 3 Fixação do disco no centro da

cera vedante.

Figura 4 Preenchimento do cilindro de

PVC com resina orto-fitálica .

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Posteriormente, foi realizado um polimento seqüencial dos discos de

resina ortodôntica com discos Sof-lex® (3M) médio, fino e extra-fino, sendo esses

lixados cinco vezes em cada uma das granulações. Para tanto, foi utilizado um

motor de baixa rotação (Dabi Atlante®) acoplado ao motor elétrico de bancada

(Dentec®). Os discos de polimento foram trocados a cada dez corpos-de-prova.

Em seguida, os corpos-de-prova foram lavados com spray água/ar por 20

segundos e secados com jato de ar, isento de óleo ou umidade, por 10 segundos.

Após o polimento dos discos de resina ortodôntica, a superfície inferior do

corpo-de-prova, oposta à face que contém o disco, foi aplainada com lixas de

carbureto de silício de granulações 400 e 600, com finalidade de eliminar

excessos de resina existentes (MAGALHÃES, 2003). Para esse procedimento, foi

utilizada uma folha de lixa para cada oito corpos-de-prova, dividindo-se a área de

cada lixa em oito segmentos. Os corpos-de-prova foram lixados com movimentos

verticais (para cima e para baixo), cerca de dez vezes com cada uma das

granulações utilizadas (MAGALHÃES, 2003). Em seguida, cada corpo-de-prova

foi numerado na porção superior, utilizando-se broca de aço n° 6 (Maissinger) em

baixa rotação.

Os corpos-de-prova foram armazenados em água deionizada, à

temperatura de 37 ± 1°C em estufa, por 24 horas, a fim de promover a

polimerização completa da resina ortodôntica (CHAMDA; STEIN, 1980). Após

este período, foi realizada a primeira leitura no espectrofotômetro.

3.4 Pigmentação dos corpos-de-prova

Todos os corpos-de-prova, com exceção do grupo controle, foram

submersos em um recipiente contendo solução aquosa de 250ml de chá preto,

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250ml de café, 250ml de vinho tinto, 250ml de solução de tabaco, 250ml de coca-

cola e 250ml de saliva artificial (GOMES, 2005). Em seguida foram colocados em

estufa a 37°C, por 14 dias.

As amostras do grupo controle foram continuamente mantidas em água

deionizada e estufa a 37°C, sendo esta solução trocada a cada dois dias.

3.5 Mensuração de cor da amostra

As avaliações de cor foram feitas em um espectrofotômetro digital

(Easyshade – Vita), ilustrado na figura 6.

Para realizar a mensuração da cor, o equipamento foi calibrado

previamente a cada tempo experimental, conforme recomendado pelo manual de

instruções do fabricante. Em seguida, os corpos-de-prova foram lavados em água

corrente e secados com papel absorvente. Assim, foram dispostos sobre um

campo branco e, para efetuar as medições, a extremidade da sonda, com 5mm de

diâmetro, foi posicionada perpendicularmente à superfície do disco de resina

ortodôntica, de modo a não perder contato com a mesma.

Figura 6 Espectrofotômetro Easyshade – Vita

utilizado para medição da cor.

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Com as superfícies em contato, a tecla de medição, presente na peça de

mão do equipamento, era pressionada até que fosse observado um sinal sonoro,

identificando a conclusão do processo de medição. Então, os valores das

coordenadas L*, a*, b* eram apresentados no visor digital do aparelho. As

medidas das cores foram realizadas por um único examinador nos diferentes

tempos experimentais, sendo obtidas três leituras de cada corpo-de-prova em

cada tempo, considerando-se o valor médio da triplicata.

As variações de cor nos grupos experimentais foram quantificadas nos

seguintes tempos experimentais: T0 – inicial, após 24 horas de armazenamento

em água deionizada; T1 – 24 horas após imersão na solução corante; T2 – 48

horas após pigmentação; T3 – 96 horas após pigmentação; T4 – 7 dias após

pigmentação; T5 – 14 dias após pigmentação.

Calculou-se a diferença de cor entre duas amostras (∆E) através da

seguinte fórmula:

Nesta fórmula, os valores de L*, a*, b* representam as médias das três

medidas realizadas em cada corpo-de-prova.

3.6 Análise dos dados

Os valores dos parâmetros L*a*b* obtidos através de análise colorimétrica

com o espectrofotômetro foram submetidos à análise estatística. Foi realizado o

teste ANOVA (análise de variância) com um nível de significância de 5%.

Encontrando-se diferença estatisticamente significante aplicou-se o teste de

Tukey para identificar em quais grupos encontrava-se a diferença.

∆E = (∆L2 + ∆a2 + ∆b 2)1/2

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4 RESULTADO

4.1 Teste de repetitividade e controle negativo

O grau de repetitividade da amostra foi avaliado utilizando-se a análise de

variância (ANOVA). Os resultados deste teste estatístico não demonstraram

diferenças estatisticamente significativas (p=0,676) entre os valores dos

parâmetros L*, a* e b*, nas oito medidas consecutivas de cada corpo-de-prova.

Sendo assim, confirma-se a confiabilidade do método empregado nesta pesquisa.

Na avaliação dos corpos-de-prova que foram mantidos em água deionizada

durante os 14 dias do experimento, controle negativo, observou-se que os valores

L*, a*, b* nos tempos T0 e T5 não mostraram diferença de cor estatisticamente

significativa (p=0,39), nem clinicamente perceptível, indicando que o

armazenamento em água deionizada não interferiu na cor dos corpos-de-prova,

no período de tempo avaliado.

4.2 Valor de L*

Os resultados da variável L*, que representa a luminosidade da amostra

estudada, nos tempos T0, T1, T2, T3, T4 e T5, referentes aos grupos Concise

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Tabela 1 Medidas de tendência central e dispersão do valor L* para os grupos experimentais nos

tempos T0, T1, T2, T3, T4 e T5.

(Grupo 1), Fill Magic (Grupo 2), Orthobond (Grupo 3), Superbond (Grupo 4) e

Transbond XT (Grupo 5), estão expressos na Tabela 1.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupos Tempos

Média 63,22 79,63 36,43 85,75 50,18 T0

DP 4,21 1,11 2,74 1,44 0,59

Média 62,01 78,56 36,39 83,81 49,25 T1

DP 4,43 1,09 3,20 1,41 0,90

Média 62,47 78,22 36,41 83,87 49,28 T2

DP 5,02 1,04 3,19 1,30 0,92

Média 62,23 79,00 37,21 84,98 50,13 T3

DP 5,62 1,44 2,97 2,34 1,12

Média 61,12 78,45 36,53 83,91 49,51 T4

DP 4,52 0,93 3,19 1,55 0,92

Média 59,76 78,13 36,28 83,95 49,18 T5

DP 5,02 1,05 2,98 1,29 0,83

Nota: DP – desvio padrão; T0 – valor de L* antes do escurecimento experimental, T1 – 24 horas após imersão na solução corante, T2 – 48 horas, T3 - 96 horas, T4 - 7 dias e T5 - 14 dias.

Considerando-se a diferença de luminosidade entre os corpos-de-prova do

mesmo grupo, no T0 e no T5, observou-se diminuição do valor de L* para todos

os grupos experimentais (Tab. 1.)

Através de comparação intergrupos pôde-se constatar diferença

estatisticamente significante (p<0,05) no valor de L* para todos os tempos

experimentais de T0 a T5. Isolando o T0 observou-se diferença estatisticamente

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Gráfico 1 Representação gráfica das médias e intervalos de confiança do valor de L*,

considerando os grupos experimentais nos diferentes tempos .

significante (p<0,05) entre todos os grupos experimentais, demonstrando cores

iniciais distintas (Graf. 1).

4.3 Valor de a*

Os resultados do parâmetro a*, que representa a variação no eixo

vermelho-verde, estão demonstrados na Tabela 2.

A comparação entre os valores de a* nos tempos T0-T5 mostrou uma

manutenção destes valores nos grupos 1 e 3, aumento no grupo 2 e diminuição

nos grupos 4 e 5, sendo a alteração do grupo 5 estatisticamente significante

(p<0,05). Assim, houve tendência de os discos da resina Fill Magic (Grupo 2) se

tornarem mais avermelhados ao longo do tempo e dos corpos-de-prova dos

grupos 4 e 5 variarem para o eixo verde, após 14 dias de imersão na solução

corante (Tab. 2 e Graf. 2).

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Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupos Tempos

Média -2,50 -11,40 3,34 -1,08 -1,97 T0

DP 0,38 0,34 1,63 0,72 0,45

Média -2,60 -11,12 3,65 -0,72 -2,62 T1

DP 0,47 0,27 1,88 0,71 0,49

Média -2,60 -10,89 3,38 -0,66 -2,80 T2

DP 0,44 0,35 1,90 0,78 0,56

Média -2,59 -10,79 3,51 -1,09 -3,18 T3

DP 0,52 0,38 1,99 0,69 0,66

Média -2,64 -10,78 3,22 -1,13 -3,24 T4

DP 0,59 0,27 1,73 0,88 0,42

Média -2,54 -10,42 3,32 -1,62 -3,47 T5

DP 0,76 0,43 1,82 0,66 0,50

Nota: DP – desvio padrão; T0 - valor de a* antes do escurecimento experimental, T1 -24 horas após imersão na solução corante, T2 -48 horas, T3 - 96 horas, T4 - 7 dias, T5 - 14 dias.

Pode-se observar no Gráfico 2, que não houve diferença estatisticamente

significante (p>0,05) entre os tempos experimentais nos grupos estudados, com

exceção do grupo 5 entre T0 e T5.

Na comparação entre os grupos, mantendo-se a variável tempo fixado,

constatou-se diferença estatisticamente significante (p<0,05) para os grupos 1, 2

e 3 em T0, T1, T2, T3, T4 e T5, reafirmando a diferença na cor das resinas

inicialmente. Os demais grupos (4 e 5) não mostraram diferença significativa entre

si (Graf. 2).

Tabela 2 Medidas de tendência central e dispersão do valor a* para os grupos experimentais nos

tempos T0, T1, T2, T3, T4 e T5.

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Gráfico 2 Representação gráfica das médias e intervalos de confiança do valor de a*,

considerando os grupos experimentais nos diferentes tempos .

4.4 Valor de b*

A distribuição numérica da variável b*, que representa o grau de amarelo,

para os diferentes grupos nos tempos T0 a T5 está ilustrado na Tabela 3.

Constatou-se um aumento no valor de b* para todos os grupos estudados,

quando realizada a comparação entre as médias e respectivos intervalos de

confiança dos valores nos tempos T0 e T5 (Tab. 3).

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Tabela 3 Medidas de tendência central e dispersão do valor b* para os grupos experimentais nos

tempos T0, T1, T2, T3, T4 e T5.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupos Tempos

Média 5,52 17,15 -12,49 21,46 -16,25 T0

DP 2,74 1,62 2,02 2,28 0,91

Média 8,86 18,69 -9,83 25,58 -14,16 T1

DP 3,07 0,99 2,80 2,21 1,22

Média 10,07 19,71 -9,85 26,85 -13,64 T2

DP 3,35 1,08 2,84 1,85 1,43

Média 11,87 20,60 -9,63 27,99 -13,18 T3

DP 3,80 1,08 3,21 1,69 1,35

Média 12,30 19,75 -10,17 27,98 -12,80 T4

DP 3,71 1,07 2,80 2,27 1,27

Média 14,26 19,37 -9,98 29,67 -12,35 T5

DP 4,12 0,86 2,40 1,44 1,64

Nota: DP – desvio padrão; T0 – valor de b* antes do escurecimento experimental, T1 –24 horas após imersão na solução corante, T2 – 48 horas, T3 - 96 horas, T4 - 7 dias, T5 - 14 dias.

Foi observado, no Gráfico 3, através de comparação entre T0 e T5, um

aumento no grau de amarelo, estatisticamente significante (p<0.05), para os

grupos 1, 4 e 5. Para os grupos 2 e 3 foi constatado um aumento no valor do

parâmetro b*, embora não tenha sido estatisticamente significante (p>0,05).

No T0 os valores de b* foram estatisticamente diferentes, quando

analisados entre grupos, ratificando a diferença inicial entre as cores dos

compósitos, que já havia sido observada em L* e a* (Graf. 3).

Os grupos 1 e 4 apresentaram um padrão crescente de aumento no grau

de amarelo, enquanto os grupos 2, 3 e 5 atingiram um valor máximo em T3, e a

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Gráfico 3 Representação gráfica das médias e intervalos de confiança do valor de b*,

considerando os grupos experimentais nos diferentes tempos .

partir deste ponto se mantiveram constantes, conforme pode ser observado no

Gráfico 3.

4.5 ∆E – Variação de cor

A partir da mensuração dos valores de L*, a* e b*, determinou-se o valor de

∆E, que expressa a diferença total de cor entre dois tempos experimentais, sendo

considerada clinicamente perceptível quando ∆E foi maior que 3,0 unidades. De

T0 a T1 pode-se afirmar que os grupos 1 e 4 apresentaram diferença de cor

visível clinicamente, sendo que esta alteração se tornou cada vez maior com o

passar do tempo. O grupo 1, seguido do 4, apresentaram os maiores valores de

∆E entre todos os tempos experimentais (Tab. 4).

Entre T0-T1 e T0-T2, nas resinas dos grupos 2, 3 e 5 foi observado

diferença de cor, embora esta não tenha sido clinicamente perceptível. Contudo,

em 96 horas de pigmentação (T0-T3) a diferença de cor se tornou clinicamente

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Tabela 4 Valores descritivos do ∆E entre os tempos estudados.

visível nos grupos 2, 3 e 5 e, em T3, todos os grupos apresentavam alteração de

cor estatisticamente significante, sendo esta maior nos grupos 1 e 4.

Comparando-se o intervalo entre T1 e T3 percebeu-se diferença clínica na

cor apenas para os grupos 1 e 4. Ao comparar os intervalos T3-T4 e T4-T5,

constatou-se ter havido manutenção dos valores de ∆E em todos os grupos (Tab.

4). Não foi observada importância clínica entre os demais intervalos de tempo,

desde que a variação de cor apresentada foi mínima e não interferiu na descrição

dos grupos.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupos Tempos

T0 – T1 4,20 1,99 2,89 4,64 2,42

T0 – T2 5,69 2,99 2,85 5,78 2,93

T0 – T3 6,98 3,94 3,06 6,91 3,41

T0 – T4 7,56 2,96 2,53 6,88 3,77

T0 – T5 9,78 2,91 2,62 8,52 4,33

T1 – T3 3,31 2,50 1,11 3,16 1,65

T3 – T4 2,00 1,74 1,18 2,46 1,19

T4 – T5 2,56 1,01 0,96 2,04 1,06

p < 0,05

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5 DISCUSSÃO

O presente estudo avaliou a estabilidade de cor dos compósitos

ortodônticos, através da confecção de discos de resina quimicamente ativados e

fotopolimerizáveis, de cinco marcas comerciais distintas. A metodologia aplicada

foi fundamentada em estudos prévios realizados na área de Dentística

Restauradora, que mostram ser possível, através desta, avaliar a susceptibilidade

à pigmentação dos compósitos (BAGHERI et al., 2005; ELIADES et al., 2004;

GULER et al., 2005; KOLBECK et al., 2006; VILLALTA et al., 2006).

O grau de modificação da cor foi avaliado com o espectrofotômetro, que

permite a realização de avaliação quantitativa, rápida e objetiva (CHU, 2003). Este

aparelho foi desenvolvido para atuar em superfícies planas (CAL et al., 2004;

GUAN et al., 2005), sendo, dessa forma, adequado para o tipo de amostra

empregada, os discos de resina.

A opção pelo CIELab para avaliação da cor no presente estudo se justifica

pelo fato de este sistema ser referenciado em outros trabalhos sobre as

alterações cromáticas dos compósitos (ELIADES et al., 2004; ELIADES et al.,

2001; GULER et al., 2005; HINTZ et al., 2001). Como referência para análise da

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variação cromática utilizou-se o valor de ∆E, pois a vantagem deste método é que

as alterações de cor podem ser relacionadas à percepção visual e,

conseqüentemente, à significância clínica (JOINER, 2004). Neste estudo a

variação de cor foi considerada clinicamente visível quando os valores de ∆E

foram maiores que 3,0 unidades (DOZIC et al., 2005).

Quanto ao teste do controle negativo ou estabilidade de cor realizada neste

estudo, as alterações ocorridas nos valores L*, a* e b* entre o primeiro e último

dia do experimento não foram estatisticamente significantes, assim como o ∆E foi

de 0,86 unidades (DOZIC et al., 2004; JOHNSTON; KAO, 1989). Dessa forma, a

variação de cor apresentada pelos discos armazenados em água deionizada por

um período de 14 dias, pode ser considerada clinicamente irrelevante, uma vez

que não é perceptível pela visão humana, o que também foi observado por

Bagheri e colaboradores (2005) e Villalta e colaboradores (2006).

Através de comparação intergrupos puderam-se constatar diferenças

estatisticamente significantes nos parâmetros L*, a* e b* no T0 para todos os

grupos, com exceção dos 4 e 5 na variável a* que não foram estatisticamente

diferentes entre si (p>0,05) (Graf. 1, 2 e 3). Essa variação demonstra a

divergência das cores iniciais dos compósitos, o que torna difícil compará-los

pelos parâmetros L*, a* e b*. Por isso, a avaliação intergrupos foi realizada

baseada no valor de ∆E.

O procedimento de pigmentação experimental provocou alterações na cor

inicial dos discos de compósito ortodôntico, verificada pela diminuição do valor de

L* entre T0 e T5, embora não seja significativo estatisticamente (p>0,05) (Tab. 1 e

Graf. 1), o que está de acordo com os resultados de Carvalho, Robazza e Lage-

Marques (2002). Este resultado pode ser justificado pelo aumento da rugosidade

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superficial, que resulta em maior opacidade, influenciando na reflexão da luz,

conforme descrito por Vichi, Ferrari e Davidson (2004).

A variável a* não apresentou modificações significativas, por isso não foi

fator relevante na alteração da cor. Quanto ao grau de amarelo, foi verificado

aumento no valor de b*, entre a leitura inicial e após 14 dias de pigmentação, ou

seja, os discos ficaram mais amarelos em todos os grupos experimentais,

concordando com Leibrock e colaboradores (1997). Esta variável foi a principal

responsável pela modificação total da cor e uma possível explicação para isto é o

fato de haver maior predisposição das resinas à base de bis-GMA de tornarem-se

mais amareladas com o tempo (CHEVITARESE; RUELLAS, 2005).

A etiologia desta descoloração pode ser um fator extrínseco ou intrínseco,

todavia, pode-se prever, com base nos resultados deste estudo, que o fator

iniciador foi o externo, e que o período de 14 dias de pigmentação possivelmente

não foi suficiente para promover alterações internas, visto que o grupo controle

não apresentou modificação significativa na cor. Entretanto, a presença do

corante pode ter acelerado as alterações internas.

Sabe-se que, provavelmente, a maior incorporação de pigmentos do

corante deveu-se a degradação superficial provocada pela imersão dos

compósitos em solução corante ácida, como indicado por Villalta e colaboradores

(2006). Entretanto, Bagheri, Burrow e Tyas (2005) afirmam que a absorção de

corantes da dieta está mais relacionada à polaridade destes pigmentos e

compatibilidade da matriz polimérica em absorvê-los, do que com o baixo pH.

Para Eliades e colaboradores (2004) e Guler e colaboradores (2005) a

pigmentação externa é resultado da decomposição de partículas do corante sobre

a superfície do compósito, sendo o acúmulo de biofilme um fator complicador. Na

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Ortodontia este tipo de descoloração pode ser pode ser minimizada se, durante a

colagem, os excessos de resina forem adequadamente removidos

(CHEVITARESE; RUELLAS, 2005).

A presença de alguns fatores, como: degradação e liberação de monômero

residual (ELIADES et al., 1995; SIDERIDOU et al., 2002), tipo de polimerização

(GULER et al., 2005), quantidade de carga (ELIADES, 2006; SCHULZE et al.,

2003) e presença de aminas terciárias (ELIADES et al., 2001; ELIADES et al.,

2004) podem ter sido responsáveis pela descoloração interna.

Entre T0 e T5 observou-se aumento no valor de ∆E em todos os grupos,

sendo maior nos grupos das resinas autopolimerizáveis (Concise e Superbond), o

que confirma a maior tendência à pigmentação deste tipo de resina, o que

também foi relatado por Eliades e colaboradores (2001 e 2004), Prado Júnior e

Porto Neto (2000) e Schulze e colaboradores (2003).

Dentre os compósitos quimicamente ativados, a maior alteração de cor

apresentada foi no grupo Concise (Tab.4). Este resultado foi, possivelmente,

devido à manipulação das duas pastas para promover a polimerização do

conjunto, que, de acordo com Chevitarese e Ruellas (2005) e Eliades e Eliades

(2001), resulta em incorporação de bolhas no interior do material, com

conseqüente liberação de monômero residual e absorção de pigmentos externos,

sendo este um fator contribuinte para a mudança de cor ao longo do tempo.

O grupo Superbond, classificado como sistema pasta e adesivo apresentou

a segunda maior descoloração (Tab. 4). Neste tipo de compósito para a

polimerização se realizar, o líquido, que contem o ativador, deve entrar em

contato com o compósito e isto ocorre quando o bráquete é pressionado contra a

superfície dentária, durante a colagem ortodôntica (ELIADES; ELIADES, 2001).

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Uma possível explicação para este resultado é a deficiência no mecanismo de

polimerização em massa, que se tornou dificultado nas porções mais profundas

dos discos, diante da maior espessura. Um outro fator contribuinte, destacado por

Chevitarese e Ruellas (2005), é a presença de amina terciária em alto teor na sua

composição, o que torna tais produtos passíveis de sofrerem alteração de cor.

Avaliando-se as resinas fotopolimerizáveis tem-se, em ordem crescente de

alteração de cor: Orthobond, Fill Magic e Transbond XT. Nestes grupos a

diferença de cor foi percebida 96 horas após imersão na solução corante,

estabilizando-se por 14 dias nos grupos Orthobond e Fill Magic, corroborando

com os resultados de Prado Júnior e Porto Neto (2000). Diferentemente, os

compósitos quimicamente ativados alteraram a cor após 24 horas e aumentaram

progressivamente esta alteração até o final do experimento.

Segundo Bagheri, Burrow e Tyas (2005) a parte orgânica é a principal

responsável pela alteração de cor apresentada. Nos compósitos ortodônticos

estudados, a matriz de resina é à base de bisfenol A-glicidilmetacrilato (bis-GMA)

e o trietilenoglicoldimetacrilato (TEGDMA). A incorporação do monômero diluente

(TEGDMA) à matriz é necessária devido à alta viscosidade do bis-GMA. Contudo,

esta modificação resulta em aumento na sorpção de água, que aumenta a

probabilidade de pigmentação devido à maior absorção dos corantes

(SIDERIDOU et al., 2002). Este fato provavelmente está relacionado à

susceptibilidade à pigmentação dos compósitos ortodônticos, utilizados neste

estudo.

Além da matriz orgânica, a presença e tamanho das partículas de carga

inorgânica são fatores relacionados à descoloração dos compósitos. Segundo

Schulze e colaboradores (2002), a incorporação de compostos inorgânicos

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confere a resina maior estabilidade de cor, diante da menor tendência à absorção

de água e pigmentos da dieta, entretanto, o tamanho da partícula de carga

também é importante, considerando-se que, para Vichi, Ferrari e Davidson (2004)

quanto maior o tamanho da carga, maior será o manchamento. As resinas

ortodônticas não apresentam um alto teor de carga, e quando estas estão

presentes são macropartículas, nos compósitos autopolimerizáveis (ELIADES;

ELIADES, 2001), o que pode ter influenciado na maior alteração da cor inicial.

O equipamento utilizado para fotopolimerização deve ser considerado, pois

de acordo com Asmussen (1983) a incompleta polimerização das camadas mais

profundas do material resinoso e teor aumentado de monômeros residuais são os

verdadeiros responsáveis pela mudança na cor. Baseada nesta afirmativa pode-

se supor que um fator modificador para a descoloração apresentada pelos

compósitos fotoativados foi a penetração insuficiente da luz incidente. Contudo,

Firoozmand e colaboradores (2005) afirmam que a utilização de luz halógena

possibilita a polimerização completa de camadas de resina de 2,0 a 4,0mm,

descartando a influência do aparelho fotopolimerizador na alteração de cor

apresentada pelos grupos fotoativados. Nas colagens ortodônticas com bráquetes

metálicos este efeito pode ser minimizado aplicando-se a luz em torno dos

acessórios (CHEVITARESE; RUELLAS, 2005).

A alteração na cor do dente resultante da descoloração do material de

colagem que permaneceu na estrutura dentária sob a forma de tags é uma real

possibilidade com o uso de alguns materiais. O fato ocorre devido à presença dos

tags, prolongamentos resinosos, que não podem ser removidos no momento da

descolagem ortodôntica. A instabilidade de cor destes compósitos resultará

inevitavelmente em mudança na coloração da estrutura dentária no local

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correspondente à colagem, comprometendo a estética do sorriso. Por isso, deve-

se considerar a importância da continuidade de estudos avaliando a estabilidade

de cor dos compósitos ortodônticos e sua relação com os prolongamentos

resinosos, através de microscopia eletrônica de varredura e análise colorimétrica.

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6 CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos, conclui-se que:

6.1 As resinas quimicamente ativadas (Concise e Superbond)

apresentaram maior alteração de cor quando comparadas às fotoativadas (Fill

Magic, Orthobond e Transbond XT), sendo esta descoloração clinicamente

perceptível após 24 e 96 horas, nos compósitos autopolimerizáveis e fotoativados,

respectivamente.

6.2 Ao final do período de pigmentação observou-se maior modificação de

cor na resina Concise, seguida pela resina Superbond. Dentre os

fotopolimerizáveis, constatou-se uma alteração em ordem crescente para os

grupos Orthobond, Fill Magic e Transbond XT.

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7 ARTIGO CIENTÍFICO

Estabilidade de cor dos compósitos ortodônticos. Priscila Fortunato

Jandiroba Castello Branco; Lucianna de Oliveira Gomes; Paula Mathias. Artigo a

ser traduzido e enviado para a revista American Journal of Orthodontics and

Dentofacial Orthopedics.

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Estabilidade de cor dos compósitos ortodônticos

JANDIROBA, P.; GOMES, L. O. de; MATHIAS, P.

RESUMO

O objetivo deste estudo foi comparar in vitro a estabilidade de cor de cinco

diferentes compósitos para colagem ortodôntica. Noventa discos foram divididos

em seis grupos com quinze corpos-de-prova cada, de acordo com o tipo de

compósito utilizado para confecção: controle (Transbond XT), Concise

Ortodôntico, Fill Magic, Orthobond, Superbond e Transbond XT. Todos os discos,

exceto os do controle, foram submetidos à pigmentação experimental por 14 dias.

A cor foi avaliada usando o espectrofotômetro Easyshade – Vita®, com base no

sistema CIELab, nos tempos: T0 (inicial), T1, T2, T3, T4 e T5, após 24, 48, 96

horas, 7 e 14 dias de imersão na solução corante, respectivamente. Os

resultados foram descritos pelos parâmetros L*, a* e b*, enquanto a diferença total

da cor pelo ∆E. Os resultados do presente estudo (ANOVA e Tukey/p<0,05)

demonstraram aumento nos valores de b* (p<0,05), indicando maior grau de

amarelo em todos os grupos após pigmentação experimental. Todos os

compósitos apresentaram alteração de cor clinicamente visível após 96 horas de

pigmentação, sendo maior nos quimicamente ativados.

Descritores: tratamento ortodôntico, compósito, alteração de cor.

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INTRODUÇÃO

A busca pela estética é um dos principais motivos que levam os pacientes

à terapia ortodôntica (JOHNSON; SMITH, 1995), portanto, deve-se considerar não

somente a correção da maloclusão, mas principalmente a prevenção de possíveis

problemas, como alteração da cor original da superfície dentária após remoção

dos bráquetes (CHEVITARESE; RUELLAS, 2005).

Com o desenvolvimento da técnica de colagem ortodôntica foi possível à

substituição dos acessórios fixados às bandas pelos diretamente colados ao

esmalte (JENKINS, 2005). Contudo, este procedimento resultou em problemas

para a preservação da integridade estrutural do dente, pois, após a remoção dos

bráquetes, pode-se observar a presença de manchas na superfície dentária.

Estas geralmente são decorrentes da pigmentação dos materiais utilizados na

união bráquete-dente (BAGHERI et al., 2005; ELIADES et al., 2004).

Sabe-se que o sucesso da colagem ortodôntica deve-se a presença dos

tags, componentes resinosos que se estendem no interior da estrutura dentária,

entretanto, após a remoção dos bráquetes é impossível removê-los

(CHEVITARESE; RUELLAS, 2005; HINTZ et al., 2001). Desta forma, o compósito,

presente nos prolongamentos resinosos podem, ao longo do tempo, absorver

produtos da dieta ou sofrer reações físico-químicas, resultando em alterações de

cor do material remanescente (ELIADES et al., 2004; VILLALTA et al., 2006;

ZACHRISSON, 2000) e conseqüentemente resultar em manchas no dente no

local correspondente ao bráquete (VILLELA et al., 2001).

Os sistemas de colagem se encontram sob três formas: duas pastas, pasta

e adesivo e pasta única. No primeiro é necessária a manipulação das duas pastas

para promover a polimerização, enquanto o segundo não necessita desta fase,

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pois a ativação ocorre quando os dois componentes entram em contato durante a

colagem. O último necessita de fonte luminosa, sendo considerado

fotopolimerizável (ANUSAVICE, 1998; CHEVITARSE; RUELLAS, 2005). Na

seleção do compósito ideal para colagem ortodôntica deve-se considerar a

exigência mínima da resistência adesiva, entretanto, além disso, também é

fundamental avaliar a estabilidade de cor de tais sistemas adesivos, visto que

esses materiais podem ser passíveis de descoloração com o tempo

(CHEVITARESE; RUELLAS, 2005; VILELLA et al., 2001).

Estudos sobre as alterações cromáticas do esmalte, relacionadas à

probabilidade de manchamento do material que permaneceu sob a forma de tags,

após a remoção dos acessórios ortodônticos, são escassos (ELIADES et al.,

2001). Assim, o objetivo deste estudo é comparar in vitro a estabilidade de cor de

cinco diferentes marcas comerciais de compósitos para colagem ortodôntica,

considerando-se os períodos de 24, 48, 96 horas, 7 e 14 dias.

MATERIAL E MÉTODO

A amostra foi constituída por noventa discos de compósito ortodôntico. O

Quadro 1 lista os materiais selecionados para o estudo. Foram confeccionados15

discos, utilizando-se uma matriz de teflon bipartida, com 9,0mm de diâmetro e

2,0mm de espessura, para cada grupo.

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Quadro 1 Divisão da amostra, considerando os grupos experimentais e o controle.

GRUPOS MARCA COMERCIAL

POLIMERIZAÇÃO

Repetitividade e Controle

Transbond XT 3M/Unitek

Fotopolimerizável

Concise Ortodôntico 3M/Unitek Autopolimerizável – duas pastas Fill Magic Ortodôntico Vigodent Fotopolimerizável

Orthobond Morelli Fotopolimerizável

Superbond Ortho Source Autopolimerizável – pasta única Transbond XT 3M/Unitek Fotopolimerizável

Para o preenchimento da matriz, o compósito foi condensado com uma

espátula metálica, específica para restaurações com resina composta. Em

seguida foi colocada uma tira de poliéster sobre o mesmo, pressionando-a com

uma lâmina de vidro de 1,0mm de espessura, com objetivo de remover os

excessos do material.

Os discos de resina fotopolimerizável foram polimerizados usando aparelho

de luz halógena – Dabi Atlante®, estando a ponta do aparelho em contato direto

com a lâmina de vidro. O tempo foi de 40 segundos, sendo 20 segundos para a

superfície superior e 20 segundos para a inferior. Para os compósitos

quimicamente ativados foram aguardados 5 minutos, de acordo com as instruções

do fabricante.

Após a polimerização completa, os discos foram incluídos em resina orto-

fitálica. Para tanto, cilindros de PVC com bases paralelas foram utilizados. Uma

de suas bases foi vedada com cera n° 7 branca, sendo o disco de compósito

ortodôntico posicionado no centro da cera vedante, estando o conjunto sobre uma

placa de vidro. Assim, a superfície externa do disco ficava em contato direto com

a placa de vidro, deixando livres as demais superfícies para inclusão na resina

orto-fitálica, que preencheu integralmente o cilindro.

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Posteriormente, foi realizado um polimento seqüencial dos discos de

resina ortodôntica com discos Sof-lex® (3M) médio, fino e extra-fino. Após este

procedimento, a superfície inferior do corpo-de-prova, oposta à face que contém o

disco, foi aplainada com lixas de carbureto de silício de granulações 400 e 600,

com finalidade de eliminar excessos de resina existentes (MAGALHÃES, 2003).

Todos os corpos-de-prova foram armazenados em água deionizada, à

temperatura de 37 ± 1°C em estufa, por 24 horas, a fim de promover a

polimerização completa do compósito (CHAMDA; STEIN, 1980). Em seguida,

foram imersos em solução de pigmentação constituída de 250ml de café, 250ml

chá preto, 250ml bebida à base de cola, 250ml vinho e 250ml solução de tabaco

(GOMES, 2005), com exceção do grupo controle, que foi mantido em água

deionizada durante todo o experimento.

Avaliação da Cor

A cor foi mensurada com um espectrofotômetro digital (Easyshade –

Vita), de acordo com o sistema CIELab, usando medidas repetidas (n=3). O L*

varia de 0 (preto) a 100 (branco). Os valores de a* e b* devem situar-se entre -80

e +80, sendo: valores positivos de a* e b*, vermelho e amarelo e negativos, verde

e azul (FRASER et al., 2003; JOINER, 2004). A vantagem desse sistema é que as

diferenças de cor (∆E) podem ser expressas em unidades relacionadas com a

percepção visual e a significância clínica (O’BRIEN et al., 1997).

As variações foram quantificadas no T0 – inicial, após 24 horas de

armazenamento em água deionizada; T1 – 24 horas após imersão na solução

corante; T2 – 48 horas após pigmentação; T3 – 96 horas após pigmentação; T4 – 7

dias após pigmentação; T5 – 14 dias após pigmentação. A diferença de cor entre

duas amostras (∆E) foi obtida aplicando a seguinte fórmula:

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∆E = (∆L2 + ∆a2 + ∆b 2)1/2

Uma diferença de cor ∆E > 3,0 unidades foi considerada clinicamente

perceptível (DOZIC et al., 2005). Os valores de L*, a*, b* e do ∆E foram

submetidos à análise estatística, utilizando-se o teste de ANOVA (análise de

variância) com um nível de significância de 5%. Encontrando-se diferença

estatisticamente significante para ANOVA aplicou-se o teste de Tukey para

identificar em quais grupos encontrava-se a diferença.

RESULTADOS

O grau de repetitividade da amostra foi avaliado pelo teste ANOVA. Os

resultados desta análise não demonstraram diferença estatisticamente significante

(p=0,676) entre os valores dos parâmetros L*, a* e b* nas oito medidas

consecutivas de cada corpo-de-prova.

Quanto ao teste do controle negativo, as alterações ocorridas nos valores

L*, a* e b* entre o primeiro e último dia do experimento não foram estatisticamente

significantes, assim como o ∆E foi de 0,86 unidades (DOZIC et al., 2004).

A avaliação dos resultados dos valores L*, a* e b* revelou que

inicialmente (T0) os compósitos tinham cores distintas e por isso a comparação

intergrupos foi feita em relação ao ∆E.

O parâmetro L* demonstrou diminuição, embora não estatisticamente

significante entre T0 e T5 (p>0,05), após 14 dias de pigmentação experimental. A

variável a* não apresentou modificações significativas, no período de tempo

indicadoo.

Todos os grupos estudados apresentaram aumento no grau de amarelo,

sendo estatisticamente significante (p<0,05) para Concise, Superbond e

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Gráfico 1 Representação gráfica das médias e intervalos de confiança do valor de b*,

considerando os grupos experimentais nos diferentes tempos

Transbond XT. Os compósitos quimicamente ativados (Concise e Superbond)

apresentaram um padrão crescente de aumento no grau de amarelo, enquanto os

fotoativados (Fill Magic, Orthobond e Transbond XT) atingiram um valor máximo

em 96 horas, e a partir deste ponto a alteração de cor foi estabilizada, conforme

pode ser visualizado no Gráfico 1.

B

grupo

tempo

40

30

20

10

0

-10

-20

t0 t1 t2 t3 t4 t5 t0 t1 t2 t3 t4 t5 t0 t1 t2 t3 t4 t5 t0 t1 t2 t3 t4 t5 t0 t1 t2 t3 t4 t5

CONCISE FILL MAGIC ORTHOBOND SUPERBOND TRANSBOND XT

-30

A diferença total da cor entre dois tempos experimentais foi determinada

pelo valor de ∆E. Em 24 horas de pigmentação pode-se afirmar que os

compósitos autopolimerizáveis apresentaram alteração de cor clinicamente

visível, sendo que esta foi crescente com o passar do tempo. Nos

fotopolimerizáveis a diferença de cor foi perceptível após 96 horas de imersão na

solução corante, mantendo-se constante até o fim do experimento nos grupos Fill

Magic e Orthobond (Tab. 1).

Comparando-se os grupos entre si percebe-se que os compósitos

quimicamente ativados, Concise, seguido do Superbond, apresentaram os

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Tabela 1 Valores descritivos do ∆E entre os tempos estudados.

maiores valores de ∆E. Entre as resinas fotoativadas tem-se em ordem crescente

de alteração de cor: Orthobond, Fill Magic e Transbond XT (Tab. 1).

Concise Fill Magic Orthobond Superbond Transbond XT

Grupos Grupos Tempos

T0 – T1 4,20 1,99 2,89 4,64 2,42

T0 – T2 5,69 2,99 2,85 5,78 2,93

T0 – T3 6,98 3,94 3,06 6,91 3,41

T0 – T4 7,56 2,96 2,53 6,88 3,77

T0 – T5 9,78 2,91 2,62 8,52 4,33

p < 0,05

DISCUSSÃO

O presente estudo avaliou a estabilidade de cor dos compósitos

ortodônticos, através da confecção de discos de resina quimicamente ativados e

fotopolimerizáveis, de cinco marcas comerciais distintas. Esta metodologia foi

aplicada baseada em estudos prévios na área de Dentística Restauradora

(ELIADES et al., 2004; GULER et al., 2005; VILLALTA et al., 2006).

O grau de modificação da cor foi avaliado com o espectrofotômetro, através

do espaço de cor CIELab. Este aparelho foi desenvolvido para atuar em

superfícies planas (CAL et al., 2004; CHU, 2003; GUAN et al., 2005), sendo,

dessa forma, adequado para o tipo de amostra empregada, os discos de resina.

O teste de repetitividade não revelou diferenças estatisticamente

significativas, confirmando-se a confiabilidade do método empregado nesta

pesquisa.

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59

O procedimento de pigmentação experimental provocou alterações na cor

inicial dos discos de compósito ortodôntico, verificada pela diminuição no valor de

L* (p>0,05) e pelo aumento, estatisticamente significante, no grau de amarelo

(p<0,05). A variável a* não influenciou sobremaneira no ∆E.

A diminuição do valor de L* encontrada está de acordo com os resultados

de Carvalho, Robazza e Lage-Marques (2002) e pode ser justificado pelo

aumento da rugosidade superficial que resulta em maior opacidade, influenciando

na reflexão da luz, conforme descrito por Vichi, Ferrari e Davidson (2004).

Quanto ao grau de amarelo, foi verificado aumento no valor de b*, ou seja,

os discos ficaram mais amarelos em todos os grupos experimentais, concordando

com Leibrock e colaboradores (1997). Esta variável foi a principal responsável

pela modificação total da cor e uma possível explicação para isto é o fato de haver

maior predisposição das resinas à base de bis-GMA de tornarem-se mais

amareladas com o tempo (CHEVITARESE; RUELLAS, 2005).

A etiologia desta descoloração pode ser um fator extrínseco ou intrínseco,

todavia, pode-se prever, com base nos resultados deste estudo, que o fator

iniciador foi o externo, e que o período de 14 dias de pigmentação possivelmente

não foi suficiente para promover alterações internas, visto que o grupo controle

não apresentou modificação significativa na cor. Entretanto, a presença do

corante pode ter acelerado as alterações internas.

Sabe-se que, provavelmente, a maior incorporação de pigmentos do

corante deveu-se à degradação superficial provocada pela imersão dos

compósitos em solução corante ácida, como indicado por Villalta e colaboradores

(2006). Entretanto, Bagheri, Burrow e Tyas (2005) afirmam que a absorção de

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60

corantes da dieta está mais relacionada à polaridade destes pigmentos e

compatibilidade da matriz polimérica em absorvê-los, do que com o baixo pH.

Dentre os compósitos estudados, a maior alteração de cor (∆E)

apresentada foi no Concise (Tab. 4). Este resultado possivelmente foi devido à

manipulação das duas pastas que, de acordo com Chevitarese e Ruellas (2005) e

Eliades e Eliades (2001), resulta em incorporação de bolhas de ar no interior do

material, com conseqüente liberação de monômero residual e maior absorção de

pigmentos, sendo este um fator contribuinte para a mudança de cor ao longo do

tempo.

O grupo Superbond, classificado como um sistema pasta e adesivo

apresentou a segunda maior descoloração (Tab. 4). Neste tipo de resina, para a

polimerização se realizar, o líquido, que contem o ativador, deve entrar em

contato com a pasta e isto ocorre quando o bráquete é pressionado contra a

superfície dentária, durante a colagem ortodôntica (ELIADES; ELIADES, 2001).

Uma possível explicação para este resultado é a deficiência no mecanismo de

polimerização em massa, que se tornou dificultado nas porções mais profundas

dos discos, diante da maior espessura (GIOKA et al., 2005). Um outro fator

contribuinte, destacado por Chevitarese e Ruellas (2005), é a presença de amina

terciária em alto teor na sua composição, o que torna tais produtos passíveis de

sofrerem alteração de cor.

Avaliando-se as resinas fotopolimerizáveis tem-se, em ordem crescente de

alteração de cor: Orthobond, Fill Magic e Transbond XT. Nestes grupos a

diferença de cor foi percebida 96 horas após imersão na solução corante,

estabilizando-se por 14 dias nos grupos Orthobond e Fill Magic, corroborando

com os resultados de Prado Júnior e Porto Neto (2000). Diferentemente, os

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compósitos quimicamente ativados alteraram a cor após 24 horas e aumentaram

progressivamente esta alteração até o final do experimento.

Segundo Bagheri, Burrow e Tyas (2005) a parte orgânica é a principal

responsável pela alteração de cor apresentada. Nos compósitos ortodônticos

estudados, a matriz de resina é à base de bisfenol A-glicidilmetacrilato (bis-GMA)

e o trietilenoglicoldimetacrilato (TEGDMA). A incorporação do monômero diluente

(TEGDMA) à matriz é necessária devido à alta viscosidade do bis-GMA. Contudo,

esta modificação resulta em aumento na sorpção de água, que aumenta a

probabilidade de pigmentação devido à maior absorção dos corantes

(SIDERIDOU et al., 2002). Este fato provavelmente está relacionado à

susceptibilidade à pigmentação dos compósitos ortodônticos utilizados neste

estudo.

Além da matriz orgânica, a presença e tamanho das partículas de carga

inorgânica são fatores relacionados à descoloração dos compósitos. Segundo

Schulze e colaboradores (2002), a incorporação de compostos inorgânicos

confere a resina maior estabilidade de cor, diante da menor tendência à absorção

de água e pigmentos da dieta, entretanto, o tamanho da partícula de carga

também é importante, considerando-se que, para Vichi, Ferrari e Davidson (2004)

quanto maior o tamanho da carga, maior será o manchamento. As resinas

ortodônticas não apresentam um alto teor de carga, e quando estas estão

presentes são macropartículas, nos compósitos autopolimerizáveis (ELIADES;

ELIADES, 2001), o que pode ter influenciado na alteração da cor inicial.

O equipamento utilizado para fotopolimerização deve ser considerado, pois

de acordo com Asmussen (1983) a incompleta polimerização das camadas mais

profundas do material resinoso e teor aumentado de monômeros residuais são os

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verdadeiros responsáveis pela mudança na cor. Baseada nesta afirmativa pode-

se supor que um fator modificador para a descoloração apresentada pelos

compósitos fotoativados foi a penetração insuficiente da luz incidente. Contudo,

Firoozmand e colaboradores (2005) afirmam que a utilização de luz halógena

possibilita a polimerização completa de camadas de resina de 2,0 a 4,0mm,

descartando a influência do aparelho fotopolimerizador na alteração de cor

apresentada pelos grupos fotoativados. Nas colagens ortodônticas com bráquetes

metálicos este efeito pode ser minimizado aplicando-se a luz em torno dos

acessórios (CHEVITARESE; RUELLAS, 2005).

A alteração na cor do dente resultante da descoloração do material de

colagem que permaneceu na estrutura dentária sob a forma de tags é uma real

possibilidade com o uso de alguns materiais. O fato ocorre devido à presença dos

tags, prolongamentos resinosos, que não podem ser removidos no momento da

descolagem ortodôntica. A instabilidade de cor destes compósitos resultará

inevitavelmente em mudança na coloração da estrutura dentária no local

correspondente à colagem, comprometendo a estética do sorriso. Por isso, deve-

se considerar a importância da continuidade de estudos avaliando a estabilidade

de cor dos compósitos ortodônticos e sua relação com os prolongamentos

resinosos, através de microscopia eletrônica de varredura e análise colorimétrica.

CONCLUSÃO

Os compósitos quimicamente ativados (Concise e Superbond)

apresentaram maior alteração de cor quando comparadas aos fotoativados (Fill

Magic, Orthobond e Transbond XT), sendo esta descoloração clinicamente

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perceptível após 24 e 96 horas, nos compósitos autopolimerizáveis e fotoativados,

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