AVALIAÇÃO DA BIOMASSA, CRESCIMENTO E REBROTA DE TOCOS DE MUDAS DE PAU...

3
XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009 AVALIAÇÃO DA BIOMASSA, CRESCIMENTO E REBROTA DE TOCOS DE MUDAS DE PAU-ROSA (Aniba rosaeodora Ducke) E A PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL Blenda Naara Santos da SILVA(l); Antenor Pereira BARBOSA(2);Isabel Maria Gonçalves de AZEVEDO(3) Bolsista FAPEAM/INPA(l); Orientador INPA/CPST(2);Colaboradora-bolsista INPA/FDB/MRN(3). 1. Introdução O pau-rosa foi explorado na Amazônia durante várias décadas para a extração de óleo essencial (Alencar e Fernandes, 1978) e sem os plantios de reposição. Acredita-se que agora a espécie corre sérios riscos de extinção (Rosa et aI., 1997; May e Barata, 2004), uma vez que as populações naturais estão se esgotando e ficando cada vez mais distantes das estradas e rios. Alguns plantios foram feitos por força da Portaria 01/98 IBAMA, que determinava o plantio de 80 mudas para cada barril de óleo produzido e comercializado. Nas áreas plantadas foram feitos estudos sobre a produção de óleo a partir de mudas e utilizando o método industrial por arraste à vapor (Barbosa et aI., 2007). Nas mudas selecionadas para o corte foram deixados os tocos para o estudo da brotação que poderia facilitar o manejo sem necessitar de outro plantio na mesma área (Barbosa et aI., 2006 e 2007). Esses resultados iniciais subsidiaram a elaboração da IN 02/2006 para "estabelecer procedimentos e exigências que disciplinam a colheita de pau-rosa (Aniba rosaeodora Duckel, em área de manejo florestal sustentável, bem como os parâmetros a serem considerados na transformação da matéria-prima em óleo essencial pelas usinas de beneficiamento pelo processo de destilação". No entanto a continuidade desses e de outros estudos foram necessários para a melhoria das técnicas de plantio e manejo e dos processos de produção de óleo. Esse trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento, biomassa e a produção de óleo essencial em mudas de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) plantadas em diferentes sistemas silviculturais e o desenvolvimento de rebrotas dos tocos após o corte para a extração do óleo. 2. Material e métodos As avaliações da biometria foram feitas segundo Barbosa et al.,(2007) e a biomassa calculada pela comparação entre pesos verde e seco das amostras de caule, folhas e galhos obtidos pela secagem em estufa a 75° C e os pesos verde do restante da planta. Os tocos das mudas cortadas foram incluídos nos cálculos da biomassa, obtida pela comparação do volume das dos tocos e das amostras com peso seco conhecido. O armazenamento e secagem das folhas e galhos foram feitos sob galpão coberto e sobre tijolos cobertos com sobrite. 3. Resultados e discussão As mudas plantadas em linhas de enriquecimento de capoeira tiveram a sobrevivência de 63,5% e mediram 134,5±12 cm de altura, 16,l1±l,O mm de diâmetro (colo) e com 6,25±l,O galhos aos três anos após o plantio. A taxa anual de crescimento foi de 25,2 cm de altura, 2,45 mm de diâmetro e 1,87 galhos. Tabela 1 - Tabela dos valores de altura, diâmetro e número de galhos de mudas de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) plantadas em linha de enriquecimento de capoeira. Manaus, Am. Variável estudada Data medição Taxa anual de crescimento Dez/2005* Dez/2008 Altura total (cm) 58,83±3,06 134,48±11,94 25,22 Diâmetro (mm) 8,76±O,12 16,l1±l,03 2,45 N° Galhos O,63±O,07 6,25±O,99 1,87 Sobrevivência (%) --------------------- 63,47 ------------------ * Dados obtidos pelo projeto "Produção de mudas de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) a partir de mudas plantadas por pequenos agricultores no Estado do Amazonas - FAPEAM/INPA" Nos plantios sob floresta raleada a sobrevivência foi reduzida pelo intenso ataque de pragas, principalmente cochonilhas e pulgões que atacaram as folhas mais novas e a gema apical, chegando a 46%. Nesses plantios as mudas plantadas nos primeiros 20 metros da borda tiveram 116

Transcript of AVALIAÇÃO DA BIOMASSA, CRESCIMENTO E REBROTA DE TOCOS DE MUDAS DE PAU...

XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009

AVALIAÇÃO DA BIOMASSA, CRESCIMENTO E REBROTA DE TOCOSDE MUDAS DE PAU-ROSA (Aniba rosaeodora Ducke) E APRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL

Blenda Naara Santos da SILVA(l); Antenor Pereira BARBOSA(2);Isabel Maria Gonçalves deAZEVEDO(3)Bolsista FAPEAM/INPA(l); Orientador INPA/CPST(2);Colaboradora-bolsista INPA/FDB/MRN(3).

1. IntroduçãoO pau-rosa foi explorado na Amazônia durante várias décadas para a extração de óleo essencial(Alencar e Fernandes, 1978) e sem os plantios de reposição. Acredita-se que agora a espécie corresérios riscos de extinção (Rosa et aI., 1997; May e Barata, 2004), uma vez que as populaçõesnaturais estão se esgotando e ficando cada vez mais distantes das estradas e rios. Alguns plantiosforam feitos por força da Portaria 01/98 IBAMA, que determinava o plantio de 80 mudas para cadabarril de óleo produzido e comercializado. Nas áreas plantadas foram feitos estudos sobre aprodução de óleo a partir de mudas e utilizando o método industrial por arraste à vapor (Barbosaet aI., 2007). Nas mudas selecionadas para o corte foram deixados os tocos para o estudo dabrotação que poderia facilitar o manejo sem necessitar de outro plantio na mesma área (Barbosaet aI., 2006 e 2007). Esses resultados iniciais subsidiaram a elaboração da IN 02/2006 para"estabelecer procedimentos e exigências que disciplinam a colheita de pau-rosa (Aniba rosaeodoraDuckel, em área de manejo florestal sustentável, bem como os parâmetros a serem consideradosna transformação da matéria-prima em óleo essencial pelas usinas de beneficiamento peloprocesso de destilação". No entanto a continuidade desses e de outros estudos foram necessáriospara a melhoria das técnicas de plantio e manejo e dos processos de produção de óleo.Esse trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento, biomassa e a produção de óleo essencialem mudas de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) plantadas em diferentes sistemas silviculturais eo desenvolvimento de rebrotas dos tocos após o corte para a extração do óleo.

2. Material e métodosAs avaliações da biometria foram feitas segundo Barbosa et al.,(2007) e a biomassa calculada pelacomparação entre pesos verde e seco das amostras de caule, folhas e galhos obtidos pela secagemem estufa a 75° C e os pesos verde do restante da planta. Os tocos das mudas cortadas foramincluídos nos cálculos da biomassa, obtida pela comparação do volume das dos tocos e dasamostras com peso seco conhecido. O armazenamento e secagem das folhas e galhos foram feitossob galpão coberto e sobre tijolos cobertos com sobrite.

3. Resultados e discussãoAs mudas plantadas em linhas de enriquecimento de capoeira tiveram a sobrevivência de 63,5% emediram 134,5±12 cm de altura, 16,l1±l,O mm de diâmetro (colo) e com 6,25±l,O galhos aostrês anos após o plantio. A taxa anual de crescimento foi de 25,2 cm de altura, 2,45 mm dediâmetro e 1,87 galhos.Tabela 1 - Tabela dos valores de altura, diâmetro e número de galhos de mudas de pau-rosa(Aniba rosaeodora Ducke) plantadas em linha de enriquecimento de capoeira. Manaus, Am.

Variável estudada Data medição Taxa anual de crescimento

Dez/2005* Dez/2008

Altura total (cm) 58,83±3,06 134,48±11,94 25,22

Diâmetro (mm) 8,76±O,12 16,l1±l,03 2,45

N° Galhos O,63±O,07 6,25±O,99 1,87

Sobrevivência (%) --------------------- 63,47 ------------------

* Dados obtidos pelo projeto "Produção de mudas de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) a partirde mudas plantadas por pequenos agricultores no Estado do Amazonas - FAPEAM/INPA"

Nos plantios sob floresta raleada a sobrevivência foi reduzida pelo intenso ataque de pragas,principalmente cochonilhas e pulgões que atacaram as folhas mais novas e a gema apical,chegando a 46%. Nesses plantios as mudas plantadas nos primeiros 20 metros da borda tiveram

116

XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBlC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009

maior crescimento em altura e diâmetro, com 3,67m de altura e 33,7mm de diâmetro na base docaule. Na distância de 35 a 50 m da borda a altura foi de 2,16m e o diâmetro de 22,10 mm. Nadistância de 80 a 95 m da borda a altura das mudas foi de 0,74 cm e o diâmetro de 10,47 mm.

Tabela 2: Altura, diâmetro e sobrevivência de mudas de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke)plantadas sob floresta raleada e com 5 anos (BR 174, Km 23 - Manaus, Am).

Plantio sob floresta raleada Altura (m) Diâmetro (mm)

5 a 20 m da borda 3,67 A 33,68 A

35 a 50 m da borda 2,16 B 22,10 B

80 a 95 m da borda 0,74 C 10,47 C

Médias na mesma coluna seguidas por letras iguais, não diferem entre si a 5% de probabilidadepelo teste de Tuckey.

Avaliando as mudas da faixa de maior crescimento (5 a 20m da borda) a biomassa encontrada foiem média de 1250,75±174,06 g para o caule; 338,38±40,O g para as folhas e de 171,30±23,17 gpara os galhos, totalizando 1760,43±224,52 g para a planta. Esses valores representam cerca de70% para o caule, 20% para as folhas e 10% para os galhos. Os tocos das mudas cortadas, após 3anos de plantadas tinham 1,45±O,21 brotações e 95,O±5,5 cm de altura. Após 4 anos, tinham4,O±O,4 brotações e 114,3±9,O cm de altura. Esses dados mostram que o corte das mudas aos 4anos do plantio produz mais e maiores brotações.

Tabela 3 - Avaliação da brotação dos tocos de mudas de pau-rosa (Aniba rosaeodoraDucke) plantadas sob floresta raleada e cortadas para produção de óleo essencial. Manaus,Am.

Idade das mudas Altura Número Alturaquando cortadas do toco (cm) de brotações das brotações (cm)

3 anos 48,45±1,55 1,45±O,21 94,90±5,48

4 anos 62,73±2,41 4±O,40 114,27±9,04

Figura 1 - Brotações em toco de muda de pau-rosa(Aniba rosaeodora Ducke) cortada aos 4 anos deplantada para produção de óleo essencial. Plantiosob sombra de floresta primária raleada e na faixade 5 a 20 metros de distância da borda da floresta.Observa-se que no toco existem galhos nacoloração esbranquiçada.

A produção de óleo a partir de galhos e folhas de mudas de pau-rosa foi de 0,5% com dois dias dearmazenamento; de 1,28% com sete dias e de 1,5% com 19 dias. O armazenamento de folhas egalhos sob galpão aumentou o rendimento de óleo, resultado da maior perda de umidade domaterial.

117

XVIII Jornada dc Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/lNPA Manaus - 2009

Figura 2 - Armazenamento e secagem de folhas e galhos de mudas de pau-rosa (Anibarosaeodora Ducke) entre camadas de sombrite, sobre tijolos em galpão coberto.

4. ConclusãoO crescimento e a sobrevivência das mudas de pau-rosa plantadas em linhas de enriquecimentoevidenciaram alternativa para o cultivo da espécie com um maior aproveitamento das capoeirasoriundas de áreas abandonadas pela agricultura.O maior crescimento das mudas de pau-rosaplantadas na faixa de zero a 20 metros da borda da floresta raleada mostra que a espécie pode sercultivada em áreas de floresta, com pouca intervenção e em espaçamento adensado. Os tocos dasmudas plantadas há 4 anos e cortadas para produção de óleo produzem mais brotações e commaior tamanho quando comparados com os das mudas plantadas há 3 anos, possibilitando omanejo e a produção de matéria-prima e de óleo sem a necessidade de replantio na mesma área.A distribuição da biomassa nas mudas de pau-rosa com 5 anos de plantadas sob floresta raleadafoi de 70% no caule, 20% nas folhas e de 10% nos galhos com o total de 1760 q/planta. Orendimento na produção de óleo a partir folhas e galhos de mudas plantadas foi maior com o maiorperíodo de armazenamento e secagem sob sombra, alcançando 1,5% aos 19 dias após a colheita.

S. ReferênciasAlencar, J.e., Fernandes, N.P. 1978 Desenvolvimento de árvores nativas e ensaios de espécies. 1.Pau-rosa (Aniba duckei Kostermans). Acta Amazônica, 8(4): 523-541.

Barbosa, A.P.; Zingra, A.F.C.; Azevedo, I.M.G.; Useche, F.L. 2006. O crescimento e o rendimentode óleo essencial do pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) plantado In: III Congresso Brasileiro dePlantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. Varginha, Minas Gerais, 26 a 28 de julho.

Barbosa, A.P.; Azevedo, I.M.G.; Freitas, M. 5.; Chaar, J. 5.2007. O crescimento e o rendimento deóleo essencial de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) por hidrodestilação e arraste a vapor. In: IVCongresso brasileiro de plantas oleaginosas, óleos, gorduras e biodiesel. Varginha, Minas Gerais,03 a 07 de julho.

May, P.H.; Barata, L.E.S. 2004. Rosewood exploitation in the Brazilian Amazon: options forsustainable production. Economic Botanic, 58: 257-265.

Rosa, L.S.; Sá, T.D.A.; Ohashi, S.T.; Barros, P.L.e.; Silva, AJ.V. 1997. Crescimento esobrevivência de mudas de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) oriundas de três procedências, emfunção de diferentes níveis de sombreamento, em condições de viveiro. Boletim da Faculdade deCiência Agrárias do Pará, 28: 37-62.

118