AVALIAÇÃO CLÍNICA DA RELAÇÃO ENTRE O ÍNDICE DE … · "A melhor de todas as coisas é...

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  • Eudivar Correia de Farias Neto

    Natal/RN 2009

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CINCIAS DA SADE

    DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ODONTOLOGIA

    MESTRADO EM ODONTOLOGIA REA DE PERIODONTIA E PRTESE DENTRIA

    AVALIAO CLNICA DA RELAO ENTRE O NDICE DE PLACA, NDICE GENGIVAL,

    ALINHAMENTO DENTAL, MUCOSA CERATINIZADA, TIPO DE PERIODONTO E

    DISTRBIOS OCLUSAIS COM A OCORRNCIA DE RECESSO GENGIVAL

  • Eudivar Correia de Farias Neto

    AVALIAO CLNICA DA RELAO ENTRE O NDICE DE PLACA, NDICE GENGIVAL, ALINHAMENTO DENTAL,

    MUCOSA CERATINIZADA, TIPO DE PERIODONTO E DISTRBIOS OCLUSAIS COM A OCORRNCIA DE

    RECESSO GENGIVAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps- Graduao em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obteno do Grau de Mestre em Odontologia, rea de Concentrao em Periodontia e Prtese Dentria.

    Orientador: Prof. Dr. Gustavo Augusto Seabra Barbosa

    Natal/RN 2009

  • Farias Neto, Eudivar Correia de. Avaliao clnica da relao entre o ndice de placa, ndice gengival, alinhamento dental, mucosa ceratinizada, tipo de periodonto e distrbios oclusais com a ocorrncia de recesso gengival / Eudivar Correia de Farias Neto. Natal, RN, 2009. 76 f. : il. Orientador: Prof. Dr. Gustavo Augusto Seabra Barbosa. Dissertao (Mestrado em Odontologia) Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Cincias da Sade. Programa de Ps-Graduao em Odontologia. 1. Recesso Gengival Dissertao. 2. ndice Periodontal Dissertao. 3. Mucosa Ceratinizada Dissertao. 4. Distrbios oclusais Dissertao. I. Barbosa, Gustavo Augusto Seabra. II. Ttulo. RN/UF/BSO Black D64

    Catalogao na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia Prof Alberto Moreira Campos.

  • Eudivar Correia de Farias Neto

    AVALIAO CLNICA DA RELAO ENTRE O NDICE DE PLACA, NDICE GENGIVAL, ALINHAMENTO DENTAL, MUCOSA

    CERATINIZADA, TIPO DE PERIODONTO E DISTRBIOS OCLUSAIS COM A OCORRNCIA DE RECESSO GENGIVAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obteno do Grau de Mestre em Odontologia, rea de Concentrao em Periodontia e Prtese Dentria.

    Aprovada em: ___/___/___ ___________________________________________________________________

    Prof. Dr. Gustavo Augusto Seabra Barbosa Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Orientador

    ___________________________________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Gomes Seabra

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte Membro

    ___________________________________________________________________

    Prof. Dr. Alfredo Jlio Fernandes Neto Universidade Federal de Uberlndia

    Membro

  • DEDICATRIA

    A Deus, razo da nossa existncia, fonte inesgotvel de amor, compreenso e perdo.

    A Ele sempre toda honra e toda glria.

    A minha famlia, pela confiana depositada e pela torcida. Especialmente a minha

    bisav Lourdinha, pela acolhida, pelo amor incondicional e pela dedicao a minha formao

    pessoal e profissional.

    Aos meus pais Eudivar Jnior e Flvia Janete, que sempre revestem minha existncia

    de amor, carinho e dedicao e que cultivam em mim valores sagrados e que levarei para

    sempre.

    Aos meus irmos nio Benicio e Lvia Janete, e ao meu sobrinho Joo Lucas,

    companheiros dessa longa caminhada, onde juntos, seguimos superando as adversidades e

    obstculos dessa vida.

    A minha amada Lidiane, companheira de todas as horas, to importante nos momentos

    de angstia, medo e aflio. Que tem feito dos seus sonhos os meus sonhos, edificando a cada

    dia uma fortaleza dentro de mim, ajudando-me a enfrentar todas as importantes e rduas

    tarefas que se apresentam.

    A todos vocs dedico este trabalho, e desde j, expresso minha eterna gratido, amor e

    carinho!

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, arquiteto do universo, pela sabedoria, sade, paz e esperana doadas durante

    todas as misses enfrentadas por ns.

    A Lidiane, pela parceria, inicialmente no mestrado, depois na vida. Agradeo pelos

    momentos de compreenso, pacincia, incentivo e carinho. Obrigado por acreditar em mim,

    acreditar que a cada dia serei uma pessoa melhor. Voc tem sido luz para minha vida.

    Ao professor Eduardo Gomes Seabra, pelo incentivo na minha carreira acadmica

    desde os tempos da graduao e tambm pelo exemplo de dignidade, honestidade,

    profissionalismo e tica.

    Ao meu orientador, professor Gustavo Augusto Seabra Barbosa, pela ateno,

    pacincia e conhecimentos compartilhados durante esta jornada.

    Aos professores Flvio Seabra e Ricardo Duarte pela contribuio durante o perodo

    de qualificao deste trabalho.

    Ao professor ngelo Roncalli pela disponibilidade e ajuda durante a anlise estatstica

    dos dados da pesquisa.

    Aos demais professores do Programa de Ps-Graduao em Odontologia Adriana

    Carreiro, Carlos Augusto, Knio Lima, ngela Ferreira, ris Costa, Socorro Costa, Elisabethe

    Cristina e Isauremi Assuno pelos ensinamentos e experincias divididas conosco.

    Aos colegas do mestrado Adriana, Aldinha, Alessandra, Ana Rafaela, Arcelino,

    Gergia, Lbia, Luana, Luciana, Marina, Miguel, Pedro, Rossana e Stela pelo

    companheirismo, amizade, ajuda, troca de conhecimentos e pela agradvel convivncia

    durante estes anos.

    A todos que fazem o Departamento de Odontologia da UFRN, pela ateno e

    profissionalismo com que tratam esta unidade de ensino, fazendo dela uma das melhores

    escolas de odontologia do Brasil.

    Aos funcionrios Sandra, Cleide, Ocean, Nelson e Ceclia pela ateno com que

    sempre nos trataram desde a graduao at o mestrado.

  • Aos funcionrios da Secretaria Municipal de Sade de Macaba - RN, nas pessoas das

    Dras. Ederlinda Dias, Marilia Dias e ngela Medeiros, pelo incondicional apoio, amizade e

    incentivo durante toda a minha carreira profissional e acadmica.

    A todos os voluntrios participantes desta pesquisa. Sem vocs este sonho no teria se

    concretizado.

    Enfim, a todos os meus amigos que direta ou indiretamente contriburam para o meu

    crescimento pessoal e intelectual, compartilhando os momentos de alegria e tristeza e sempre

    torcendo para o meu sucesso.

  • "A melhor de todas as coisas aprender. O dinheiro pode ser perdido ou roubado, a sade e fora podem falhar, mas o que voc

    dedicou sua mente seu para sempre. "

    Louis L.Amour

  • RESUMO Este trabalho avaliou clinicamente a relao das recesses gengivais com o ndice de

    placa, ndice gengival, alinhamento dental, mucosa ceratinizada, tipo de periodonto, e

    distrbios oclusais. Participaram do estudo indivduos com idades variando entre 19 e 33

    anos. As avaliaes foram realizadas utilizando-se questionrios e exames clnicos. Nos

    indivduos examinados, os dentes foram avaliados e divididos por grupos (Molares, pr-

    molares, caninos e incisivos). As recesses gengivais foram mensuradas na regio central dos

    dentes e os indivduos foram submetidos evidenciao de placa e sondagem para observao

    dos ndices de placa e gengival, respectivamente. Foram examinados 558 dentes, sendo que

    24,1%, isto , 135 apresentavam recesso gengival maior ou igual a 1mm. Por meio dos

    testes de associao utilizados para avaliao da mdia das recesses e sua relao com as

    variveis pesquisadas, observou-se que o grau de recesso dos elementos dentrios avaliados

    apresentaram, quase que em sua maioria, valores mdios maiores quando associados ao ndice

    de Placa (p=0,101), ndice de Gengival (p=0,053), alinhamento dentrio (p=0,962), largura

    da mucosa ceratinizada (p=0,004) e tipo de periodonto (p=0,033), no entanto diferena

    estatisticamente significante s pde ser considerada quando relacionamos as recesses com a

    mucosa ceratinizada e com o tipo do periodonto. Ainda foi possvel identificar, quando

    avaliamos todo o conjunto dos dentes que os distrbios oclusais (p=0,002) estiveram mais

    fortemente associados aos casos de recesso gengival que o ndice gengival (p=0,006), no

    entanto, essas duas condies se mostraram correlacionadas com os casos de recesso,

    contribuindo na sua ocorrncia.

    Palavras-chave: Recesso Gengival. ndice Periodontal. Mucosa Ceratinizada. Distrbios

    Oclusais.

  • ABSTRACT

    This study clinically evaluated the relationship of gingival recessions with the

    periodontal index of gingival and plaque, dental alignment, keratinized mocous, type of

    periodontal, and occlusal disorders. Study participants were individuals aged between 19 and

    33 years. The evaluations were performed by using questionnaires and clinical examinations.

    In subjects examined, the teeth were assessed and divided into groups (Molars, premolars,

    canines and incisors). The gingival recession were measured in the central region of the teeth

    and individuals were subject to disclosure to the plate and observing the poll of plaque and

    gingival index, respectively. 558 teeth were examined, with 24.1%, 135 had gingival

    recession greater than or equal to 1mm. Through the combination of tests used to evaluate the

    average of the recession and its relationship with the variables studied, we observed that the

    degree of recession of the elements assessed dental showed, almost for the most part, when

    higher values associated with the index plaque (p = 0.101), Gingival Index (p = 0.053), dental

    alignment (p = 0.962), width of keratinized mocous (p = 0.004) and type of periodontium (p =

    0.033), however statistically significant difference could only be considered when related the

    recessions in the keratinized mocous and the type of the periodontium. Although we identify,

    when we evaluate the whole set of teeth that occlusal disturbances (p = 0.002) were more

    strongly associated with cases of gum recession that the gingival index (p = 0.006), however,

    these two conditions were correlated with the cases of recession, contributing to its

    occurrence.

    Keywords: Gingival Recession. Periodontal Index. Keratinized Mocous. Occlusal Disorders.

  • LISTA DE FIGURAS

    Pg.

    Figura 1: Distribuio da recesso gengival segundo o grupo de dentes.

    42

    Figura 2: Distribuio da sensibilidade dentinria.

    42

    Figura 3: Ocorrncia de placa bacteriana nos dentes com recesso gengival.

    43

    Figura 4: Ocorrncia de sangramento nos dentes com recesso gengival.

    43

    Figura 5: Ocorrncia de recesso segundo o nmero de contatos parafuncionais.

    45

    Figura 6: Distribuio do alinhamento dentrio. 45

    Figura 7: Distribuio da largura da mucosa ceratinizada categorizada.

    46

    Figura 8: Distribuio da recesso gengival segundo o tipo do periodonto.

    46

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Tipos Periodontais conforme risco a recesso, segundo Maynard e Wilson. 31

    Tabela 2: Distribuio dos dentes com recesso segundo a posio. 41

    Tabela 3: Mdias dos ndices Gengival e de Placa dos pacientes com recesso. 44

    Tabela 4: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de placa bacteriana.

    47

    Tabela 5: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de sangramento gengival.

    47

    Tabela 6: Diferena da mdia das recesses associadas ao ndice de placa bacteriana. 48

    Tabela 7: Diferena da mdia das recesses associadas ao ndice de sangramento gengival.

    48

    Tabela 8: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de distrbio oclusal.

    49

    Tabela 9: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de interferncia oclusal no lado de trabalho durante lateralidade direita.

    49

    Tabela 10: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de interferncia oclusal no lado de no trabalho durante lateralidade direita.

    49

    Tabela 11: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de interferncia oclusal no lado de trabalho durante lateralidade esquerda.

    50

    Tabela 12: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de interferncia oclusal no lado de no trabalho durante lateralidade esquerda.

    50

    Tabela 13: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de interferncia oclusal durante a guia anterior.

    50

    Tabela 14: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no contato prematuro durante RC.

    50

    Tabela 15: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no contato prematuro durante RC.

    51

    Tabela 16: Diferena da mdia das recesses dos elementos com e sem sensibilidade.

    51

    Pg.

  • Tabela 17: Diferena da mdia das recesses dos elementos alinhados e desalinhados.

    52

    Tabela 18: Diferena da mdia das recesses dos elementos com mucosa categorizada como normal e pequena.

    52

    Tabela 19: Diferena da mdia das recesses de acordo com o Tipo do Periodonto. 53

    Tabela 20: Diferena da mdia do ndice gengival associado presena ou no de recesso.

    53

    Tabela 21: Diferena da mdia dos distrbios oclusais associado presena ou no de recesso.

    54

    Tabela 22: Diferena da mdia do ndice de placa associado presena ou no de recesso.

    54

  • SUMRIO

    1 INTRODUO 14

    2 REVISO DA LITERATURA 17

    2.1 BIOFILME DENTRIO 18

    2.2 DISTRBIOS OCLUSAIS 21

    2.3 ALINHAMENTO DENTAL 24

    2.4 ALTURA DA FAIXA DE MUCOSA CERATINIZADA 26

    2.5 TIPO DE PERIODONTO 30

    3 PROPOSIO 32 4 MATERIAL E MTODOS 34

    4.1 DEFINIO DA AMOSTRA 35 4.1.1 Critrios de Incluso 35

    4.1.2 Critrios de Excluso 35

    4.2 CONSIDERAES TICAS DO ESTUDO 35 4.3 AVALIAO DO PACIENTE 36 4.3.1 Questionrio 36

    4.3.2 Exame Clnico 36

    4.4 ANLISE ESTATSTICA 39 5 RESULTADOS 40

    6 DISCUSSO 55

    7 CONCLUSES 63

    REFERNCIAS 65

    ANEXOS 70

    Pg.

  • INTRODUO

  • 15

    1 INTRODUO

    As recesses gengivais so facilmente encontradas na populao e so alvo de grande

    preocupao por parte dos mesmos j que causam dor, medo de perda do elemento dentrio,

    prejudicam a esttica, facilitam o aparecimento de cries radiculares e reteno de placa. A

    recesso gengival caracteriza-se pelo posicionamento apical da margem gengival em relao

    juno cemento-esmalte com a exposio da superfcie radicular devido a fatores variados,

    tais como: anatomia ssea, posicionamento dentrio, movimentao ortodntica, trauma

    mecnico, fatores locais de reteno de placa, doena periodontal e fumo23. Outra

    conseqncia muito comum a hiperestesia dentinria cervical, estabelecida pela exposio

    da superfcie radicular ao ambiente bucal, freqentemente relatada pelos pacientes como a

    queixa primria em relao s suas recesses1.

    O mecanismo exato pelo qual a recesso do tecido marginal se estabelece ainda no

    est totalmente esclarecido. Na dcada de 20, a hiptese da ocorrncia de uma migrao

    apical fisiolgica do epitlio juncional com o decorrer da idade, ajustada teoria da erupo

    passiva contnua, sugeria o estabelecimento de recesso fisiolgica medida que o dente fazia

    erupo para compensar o desgaste oclusal. Entretanto, estudos subseqentes indicaram que

    tal erupo no implica, necessariamente, em deslocamento apical do epitlio juncional, desde

    que o periodonto mantenha-se saudvel2.

    A presena de placa bacteriana um dos fatores fundamentais para a inflamao

    gengival que, dependendo das caractersticas teciduais, pode estabelecer uma recesso no

    periodonto marginal36. Em pacientes com periodontite, a perda de insero resultante da

    destruio ssea e do tecido conjuntivo e, conseqentemente, da migrao apical do epitlio

    juncional, pode ser expressa primariamente pelo aprofundamento patolgico do sulco

    gengival ou pela recesso do tecido marginal. Nestes casos, a recesso associada doena

    periodontal pode ser vista em qualquer superfcie dentria18, em conjunto com a perda ssea,

    particularmente nas superfcies proximais, onde mais comumente se estabelecem estas perdas.

    Foras traumatognicas tambm tm sido relacionadas ocorrncia de recesso

    gengival42, embora o mecanismo exato de como tal associao se processa ainda seja

    impreciso. Acredita-se que as foras oclusais excessivas possam debilitar o suporte

    periodontal, inclusive a crista ssea, tornando o tecido marginal susceptvel a agentes

    irritantes. O termo ocluso traumtica ou traumatognica usado para definir a fora oclusal

    que causa a injria ao periodonto. O termo trauma oclusal a leso do tecido, resultante da

  • 16

    ocluso traumatognica, que excede a capacidade de adaptao dos tecidos 21. Quando a

    ocluso traumatognica atua associada a outros fatores etiolgicos, ocorre segundo Passanezi

    e Janson39, aumento da mobilidade dental por alargamento do espao do ligamento

    periodontal, mudana de posio do dente no arco, alteraes da margem gengival,

    caracterizando a formao de recesso gengival.

    O posicionamento dentrio no arco outro fator capaz de influenciar o

    desenvolvimento da recesso gengival, estando relacionado s caractersticas da mucosa

    ceratinizada e da espessura do tecido sseo subjacente34,38,45. A posio na qual o dente faz

    erupo atravs do processo alveolar afeta a quantidade de gengiva e osso que se estabelecem

    ao redor do mesmo, de maneira que dentes irrompidos para vestibular, prximos linha

    mucogengival, possuem pouca ou nenhuma mucosa ceratinizada em sua face vestibular.

    Freqentemente esto associados com recesses localizadas3.

    A inflamao gengival causada pela placa bacteriana parece ser um importante fator

    no desenvolvimento da recesso6. Mas, outros fatores como escovao dentria incorreta9,18,

    alinhamento desfavorvel dos dentes37,44, reduzida largura e espessura da mucosa

    ceratinizada25, osso alveolar fino22, insero de freios e bridas38,45, trauma oclusal42,

    movimentao ortodntica10, tm sido associados ao desenvolvimento e progresso das

    recesses gengivais. Sendo assim, estas leses podem ocorrer associadas ao quadro de relativa

    sade periodontal, caracterizada por sulco gengival raso e cristas sseas interproximais

    ntegras, ou podem advir como parte do processo de doena periodontal, no qual o osso

    alveolar, inclusive o interdental, est ausente. Freqentemente, a recesso do tecido marginal

    resulta da combinao de diversos fatores, o que torna complexa a identificao do principal

    fator responsvel pela mesma.

    Embora a literatura apresente vrios estudos relacionando recesso gengival e doena

    periodontal, demonstrando a alterao do comportamento patolgico da inflamao gengival

    frente a foras oclusais excessivas, visvel a escassez de informaes clnicas demonstrando

    a relao entre a recesso gengival e fatores anatmicos, inflamatrios e oclusais.

    Desta forma, este trabalho tem por objetivo esclarecer o possvel relacionamento entre

    dentes que apresentam recesses gengivais e distrbios oclusais (contato prematuro na

    posio de relao cntrica, na mxima intercuspidao habitual e presena de interferncias

    oclusais durante os movimentos excursivos), alinhamento dental, ndice de placa, ndice

    gengival, mucosa ceratinizada e tipo do periodonto.

  • REVISO DA LITERATURA

  • 18

    2 REVISO DA LITERATURA

    Alguns fatores tm sido propostos como participantes na etiologia da recesso

    gengival: o biofilme dentrio e sua conseqente inflamao gengival, a ocluso

    traumatognica e caractersticas anatmicas locais relacionadas ao posicionamento dentrio,

    espessura da gengiva marginal, altura da faixa de mucosa ceratinizada e tecido sseo

    subjacente18.

    No intuito de torn-la mais didtica, a reviso da literatura foi dividida em tpicos para

    que se possa compreender melhor os diversos fatores relacionados com o estudo:

    2.1 BIOFILME DENTRIO

    O acmulo do biofilme bacteriano de suma importncia na perda de tecido de

    insero periodontal. Os estudos de Parffit e Mjr38 demonstraram que, nos dentes em que

    havia maior dificuldade de higienizao, houve maior acmulo de biofilme bacteriano,

    gengivite, com maior gravidade e maior prevalncia de recesso. Em concordncia, Trott e

    Love45 encontraram clculo em 25,5% dos casos de incisivos inferiores com recesso,

    sugerindo a existncia de um desalinhamento dentrio, que permitiu o acmulo de debris.

    Um dos primeiros trabalhos, tentando avaliar a influncia da placa bacteriana, foi

    publicado por OLeary35, quando ele avaliou 713 indivduos procurando correlacionar o nvel

    de placa bacteriana com o grau de recesso gengival. Os resultados mostraram que a rea

    ntero-superior apresentou os menores ndices de placa (1,83), j as reas posteriores das

    arcadas superiores dos indivduos examinados tiveram os maiores ndices de placa, 2,61 para

    o lado direito e 2,62 para o lado esquerdo e ndice de placa mdio encontrado foi de 2,32. O

    autor relata ainda que os ndices mdios de placa nos indivduos com recesso foi

    significantemente menor do que a mdia dos ndices de placa nos indivduos sem recesso.

    OLeary, Drake, Crump e Allen, avaliaram 470 jovens com uma mdia de idade de 22

    anos por um perodo de 32 meses, com o objetivo de verificar a correlao entre o nvel de

    placa e a presena de recesses gengivais. Os indivduos avaliados foram divididos em cinco

    grupos que receberam diferentes quantidades de tratamentos preventivos e diferentes

    quantidades de instrues de escovao, os exames foram realizados em 12, 24 e 32 meses

    onde se avaliavam o status gengival e periodontal dos indivduos (nvel de placa e

  • 19

    mensurao das recesses gengivais). Os autores puderam concluir que os grupos que

    receberam maior cuidado preventivo e instruo de escovao mostraram significantemente

    um maior aumento na sade gengival e no nvel de placa (escores menores) assim como

    houve um aumento da porcentagem de indivduos que apresentavam recesses do que os

    grupos que receberam menos cuidado. Segundo os autores ainda, esse aumento no nmero de

    recesses pode ser explicado pela diminuio da inflamao gengival e subseqente reduo

    do volume da gengiva, incidncia de defeitos alveolares pr-existentes e a um possvel

    efeito traumtico cumulativo decorrente da melhoria da qualidade de escovao.

    A inflamao localizada foi descrita por Baker & Seymour6 como fator bsico no

    processo de recesso gengival. Os estgios da patognese deste processo foram observados

    em ratos, onde um dos incisivos superiores naturais foi substitudo por implante, de forma a

    criar condies para ocorrncia de recesso. Desencadeada por protena corprea alterada ou

    estranha, uma inflamao caracterizada por clulas mononucleares foi observada na regio,

    desencadeando uma remodelao tanto no tecido conjuntivo como no epitelial. medida que

    o tecido conjuntivo foi sendo destrudo, o mesmo foi substitudo pela proliferao epitelial.

    Esta proliferao das clulas epiteliais em direo ao tecido conjuntivo ocasionou

    aprofundamento na superfcie epitelial, manifestado clinicamente como recesso do tecido

    marginal. O rpido desenvolvimento da recesso em tecidos delgados, como nas reas

    deiscncias sseas, foi justificado pelo fato da inflamao embora localizado em pequeno

    volume tecidual, suficiente para envolver todo o conjuntivo marginal causando a recesso.

    Em tecidos espessos, a inflamao confinada a regio do sulco, no levando a destruio de

    tecido conjuntivo gengival mais externo, resultando em uma bolsa periodontal, ao invs de

    recesso. A inflamao, no entanto, sendo essencial ao processo de recesso poderia

    estabelecer um paradoxo entre a maior prevalncia desta condio em pacientes com boa

    higiene bucal. Esta relao foi esclarecida pelo fato de que o uso vigoroso da escova dental,

    possivelmente, causaria um aumento da permeabilidade epitelial, ou um dano fsico ao tecido,

    ambos eventos capazes de desencadear uma reao inflamatria.

    Stoner e Mazdyasna43 realizaram um estudo sobre recesso gengival em incisivos

    inferiores de indivduos com 15 anos de idade. O ndice de placa mdio encontrado foi 1,0

    para os casos com recesso e 0,8 para os casos sem essa alterao. Os autores levantaram a

    dvida se a recesso teria dificultado a higienizao ou o acmulo de placa teria favorecido a

    recesso.

    A manuteno da sade periodontal foi considerada independente da presena ou

  • 20

    ausncia de gengiva inserida por Wennstrm e Lindhe48, baseados em observaes de que,

    estabelecido o controle mecnico meticuloso de placa bacteriana diariamente, reas sem

    gengiva inserida, associadas ou no a um suporte periodontal reduzido, mantiveram-se

    saudveis, sem recesso do tecido marginal ou perda adicional de insero.

    Em 1992, Le, Anerud e Boysen22 publicaram os dados de dois trabalhos longitudinais

    paralelos que investigaram a ocorrncia e os nveis de recesses gengivais em indivduos da

    Noruega e do Sri Lanka por um perodo de vinte anos, com mdias de idade de 15 a 50 anos.

    Na amostra investigada, os participantes da Noruega (565 homens universitrios) reportaram

    ir ao menos uma vez ao ano ao dentista, possuir uma escova de dente e escovar os dentes

    diariamente. Esses indivduos apresentavam leses prematuras, sendo que 63% dos indivduos

    na faixa dos 20 anos j as apresentavam, estando confinadas quase inteiramente na face

    vestibular dos pr-molares e molares superiores e inferiores. No grupo investigado do Sri

    Lanka, com 480 homens que trabalhavam na agricultura, verificou-se que nenhum deles havia

    recebido nenhum tipo de cuidado dental e nem mesmo possuam escovas de dente, sendo que

    na faixa dos 20 anos aproximadamente 30% dos indivduos exibiam recesses gengivais que

    se apresentavam na maioria nas superfcies vestibulares dos incisivos inferiores e primeiros

    molares superiores. Com o passar dos anos, quase todos os indivduos, que j tinham passado

    dos 40 anos e estavam se aproximando dos 50, j apresentavam uma ou mais reas com

    recesses gengivais. Os autores concluem sugerindo que as recesses gengivais esto

    relacionadas para ambos os pacientes que apresentam boa e m higiene oral, sendo causadas

    por dois fatores bsicos: traumas mecnicos e doena periodontal.

    Avaliando comparativamente stios com e sem recesso gengival em dentes contra-

    laterais Goutoudi, Koidis e Konstantinidis15, verificaram que os valores de ndices gengival e

    de placa foram, significantemente mais elevados nos stios portadores de recesso. Estes

    resultados confirmariam o papel da inflamao no desenvolvimento destas leses. A

    interpretao estatstica dos dados ainda permitiu estabelecer correlao negativa entre

    recesso e largura de gengiva inserida, sendo sugerido que a quantidade inicial de gengiva

    poderia influenciar a amplitude da recesso gengival estabelecida. Uma maior freqncia de

    contato oclusal durante a protruso mandibular, assim como freqente desgaste oclusal e

    'fremitus' (mobilidade durante ocluso cntrica, gerada pelo contato entre dentes antagonistas)

    foram observadas nos stios com recesso. Uma forte correlao foi encontrada entre recesso

    gengival e o uso constante de escovas com cerdas duras, evidenciando tambm a escovao

    traumtica como um possvel fator causal destas leses.

  • 21

    Kassab e Cohen19, revisaram estudos epidemiolgicos transversais de recesses

    gengivais e encontraram correlaes da prevalncia das leses com traumas, gnero, dentes

    mal posicionados, inflamao e consumo de tabaco. De acordo com os trabalhos revisados,

    50% dos indivduos com idade entre 18 e 64 anos apresentam um ou mais locais com

    recesses, sendo que, a presena e a extenso das recesses tambm aumentariam com a

    idade. Os autores concluem ainda que, tanto pacientes com higiene oral boa quanto pacientes

    com higiene oral pobre, podem apresentar recesses gengivais e que essas leses so

    multifatoriais, podendo estar relacionadas com fatores anatmicos, fisiolgicos ou

    patolgicos.

    2.2 DISTRBIOS OCLUSAIS

    Segundo Lindhe21, o trauma oclusal representa alteraes periodontais patolgicas ou

    de adaptao, que podem acompanhar foras excessivas provenientes dos msculos da

    mastigao. Uma forma de ocluso traumatognica pode ser estabelecida quando incisivos

    inferiores irrompem em posio ectpica, especialmente vestibular, devido discrepncia

    dentria negativa47. Assim tambm, o trauma originado pelo contato com os incisivos

    superiores poderia levar recesso periodontal nos incisivos inferiores, em ms ocluses de

    Classe II.

    Glickman e Smulow13, investigando os efeitos de foras funcionais excessivas sobre

    os tecidos periodontais de macacos relatam que foras oclusais excessivas alteram a

    patogenicidade da inflamao gengival nos tecidos periodontais e afeta o modo de destruio

    ssea na doena periodontal. Conclui tambm que presso excessiva mais patognica que

    tenso excessiva no desenvolvimento da inflamao gengival, que injrias induzidas no

    periodonto por alteraes artificiais na ocluso so reversveis e que injria periodontal

    induzida por atrio tende a persistir.

    Parffit e Mjr38 no encontraram correlao entre a quantidade de trespasse vertical e o

    grau de recesso nos participantes de suas casusticas, enquanto Trott e Love45 mostraram que

    apenas 11,6% dos incisivos centrais inferiores com recesso apresentaram trauma nos

    movimentos excursivos. Harrel e Nunn17 desmistificaram o assunto, concluindo no haver

    relao entre as discrepncias oclusais, ocluso traumatognica e a ocorrncia da recesso

    periodontal. Os autores alertaram ainda que no h dados consistentes na literatura para

    comprovar a existncia de tal relao.

  • 22

    Em 1965, Gorman14 avaliou 164 indivduos com idades entre 16 e 86 anos com o

    objetivo de determinar a prevalncia e a incidncia de recesses gengivais e sua correlao

    com possveis fatores etiolgicos. Os pacientes examinados foram divididos em grupos, sendo

    que no grupo de pacientes com idade entre 16 a 25 anos verificou-se que 62% apresentavam

    recesses gengivais com uma mdia de 0,97 mm, sendo mais freqentemente encontrados nos

    pr-molares superiores. Os valores relativos ocorrncia das leses aumentaram com a idade

    chegando a 100% nos indivduos com idade entre 46 a 86 anos. O aumento mais pronunciado

    ocorreu entre 26 a 45 anos, sendo que os homens apresentavam maiores leses que as

    mulheres. Os indivduos com melhores nveis de higiene oral apresentaram os maiores graus

    de recesses, os fatores etiolgicos mais freqentemente associados foram o mal-

    posicionamento dentrio e o trauma por escovao, e o trauma oclusal no foi considerado um

    fator importante.

    Com o objetivo de estabelecer uma possvel relao causal entre ocluso

    traumatognica e recesso gengival, Bernimoulin e Curilovic7 compararam a mobilidade de

    29 dentes com recesso gengival a de dentes homlogos contra-laterais sem recesso, em

    resposta a uma fora de 500g. Visto que fora traumatognica capaz de produzir alteraes

    periodontais detectveis clinicamente pelo aumento na mobilidade dentria, esperava-se que

    os dentes com recesso apresentassem maior mobilidade. Os resultados, entretanto, no

    confirmaram esta correlao, sugerindo que os dentes acometidos por recesso gengival no

    estavam sob trauma. Por outro lado, todos os indivduos neste estudo j apresentavam

    recesso gengival estabelecida, no tendo sido possvel elucidar fatores capazes de ter

    iniciado o processo. Como parte da segunda etapa deste estudo, 43 dentes com recesso

    gengival foram submetidos interveno cirrgica, o que permitiu estabelecer associao

    positiva entre recesso e deiscncia ssea. Frente a estes resultados a deiscncia ssea foi

    caracterizada, pelos autores, como um fator predisponente recesso gengival.

    A partir de tratamento exclusivamente oclusal, por meio de ajuste, e controle de placa,

    Solnit e Stambaugh42, estabeleceram a interrupo da progresso e, em muitas situaes, o

    reparo completo de recesso gengival em alguns casos selecionados. Nestes casos,

    observaes clnicas levantaram a suspeita de que dentes com recesses gengivais de maiores

    amplitudes estavam associados ocluso traumatognica, o que veio a ser confirmado por

    exames oclusais. Tais exames revelaram a maior freqncia de interferncias no lado de

    trabalho nos dentes superiores com recesso, enquanto as interferncias no lado de no

    trabalho ocorreram principalmente nos dentes inferiores portadores de recesso gengival. Este

  • 23

    fato aconteceu mais freqentemente nos primeiros pr-molares e primeiros molares, os quais

    apresentavam posicionamento no arco dentrio que Ihes permitiam apenas movimentos em

    direo vestibular, alm de na maxila o osso palatino ser mais denso e inflexvel do que o

    osso vestibular. Caractersticas anatmicas dentrias tambm so capazes de justificar a maior

    ocorrncia de recesso nos primeiros pr-molares superiores comparado aos segundos pr-

    molares, uma vez que naqueles a cspide vestibular mais longa, favorecendo a ocorrncia de

    interferncia oclusal. Os dentes inferiores no mostraram tantas evidncias de recesses

    gengivais, associadas exclusivamente ocluso traumatognica como os superiores,

    provavelmente segundo os autores, pelo fato de que o osso vestibular na mandbula mais

    denso e resistente.

    Em 2003, Marini25, avaliando a prevalncia e os possveis fatores etiolgicos da

    presena de recesses gengivais em 380 indivduos, verificou que cerca de 8% dos dentes que

    apresentavam recesses gengivais tambm apresentavam interferncia no movimento

    excursivo anterior da mandbula e que cerca de 5% dos dentes com recesses apresentavam

    interferncia nos movimentos de lateralidade direita ou esquerda. Alm disso, verificou que

    64% dos indivduos avaliados na faixa dos 20 aos 29 anos apresentaram recesses gengivais,

    chegando a 98,75% a prevalncia nos indivduos com idade acima de 50 anos.

    Harrel e Nunn17 procuraram avaliar uma provvel relao entre foras oclusais e

    recesses gengivais, utilizando-se de exames periodontais e oclusais realizados em um

    consultrio particular por um mesmo examinador, num perodo de 24 anos, em pacientes

    apresentando periodontite moderada a severa. Os pacientes foram divididos em trs grupos:

    pacientes que no receberam nenhum dos tratamentos recomendados (no aceitaram

    voluntariamente receber o tratamento cirrgico nem oclusal); pacientes que receberam apenas

    o tratamento no-cirrgico e um grupo-controle que recebeu tanto o tratamento cirrgico

    quanto no cirrgico. Constatou-se que todos os 91 pacientes selecionados receberam

    indicao de tratamentos periodontais no-cirrgicos e cirrgicos, sendo que destes, apenas 41

    completaram todos os tratamentos, 20 aceitaram receber apenas o tratamento no-cirrgico e

    30 recusaram-se receber qualquer um dos tratamentos. Dos 61 pacientes que foram tratados,

    tanto parcialmente quanto totalmente, 26 receberam algum tratamento oclusal com o objetivo

    de corrigir discrepncias oclusais a aliviar trauma oclusais potenciais. Avaliando-se os

    resultados, observou-se que as maiores perdas de tecido gengival foram encontradas entre os

    dentes que receberam tratamento oclusal, com uma mdia de perda de 0,101 mm por ano.

    Embora essa perda no tenha sido estatisticamente significante, os dentes que no

  • 24

    apresentavam discrepncias oclusais e os dentes no tratados com discrepncias oclusais

    tiveram uma perda mdia de tecido gengival de 0,055 mm por ano. Os autores concluem o

    artigo afirmando que, de acordo com os resultados obtidos, no houve relao

    estatisticamente significante entre a presena de discrepncias oclusais e alteraes nos nveis

    gengivais (p = 0,481).

    Yared, Zenobio e Pacheco49, analisaram criticamente os resultados apresentados na

    literatura sobre a relao entre projeo ortodntica e recesso periodontal vestibular em

    incisivos inferiores. Considerando-se que a recesso periodontal representa condio

    multifatorial, em que ocorre a associao entre variveis externas e caractersticas anatmicas

    locais. Os fatores de maior relevncia detectados neste tema foram: inclinao final associada

    espessura da gengiva marginal dos incisivos inferiores.

    Sabendo que a multifatoriedade no desenvolvimento das recesses dificulta o seu

    diagnstico e prognstico, Valle46 procurou avaliar clinicamente, se as recesses gengivais

    possuam correlao com a presena de contatos parafuncionais, largura da mucosa

    ceratinizada e alterao do alinhamento dental. Os resultados da avaliao dos 660 dentes

    examinados mostraram que as recesses foram encontradas em 94 dentes (14,2%), sendo que

    71,3% estavam em dentes posteriores e 28,7% em dentes anteriores. Os primeiros pr-molares

    superiores mostraram a maior incidncia (25,5%). Dos dentes com recesso gengival, 77,6%

    apresentavam largura da mucosa ceratinizada menor ou igual a 2mm e 46,8% estavam por

    vestibular. Os dentes que possuam recesso gengival apresentavam em 85% dos casos ao

    menos um contato parafuncional. Foi concludo ento, que a ocorrncia da recesso gengival

    possua correlao com a interferncia oclusal, largura da mucosa ceratinizada e alinhamento

    dental.

    2.3 ALINHAMENTO DENTAL

    Observaes clnicas determinaram que muitos dos casos de recesso gengival

    estariam relacionados com o posicionamento dentrio, apresentando rotao ou

    vestibularizao38,45. Em dentes rotacionados, a linha do ngulo da raiz torna-se mais

    proeminente do que a face vestibular, que relativamente lisa. Assim sendo, Menezes,

    Rizzatto, Braga, Rego e Thiesen30 ressaltaram a importncia do controle da mecnica

    ortodntica, bem como do biofilme bacteriano, no caso de dentes com giroverses, j que

    estes so mais susceptveis ao desenvolvimento da recesso gengival.

  • 25

    Gartrell e Mathews12, afirmam que as recesses gengivais so um achado clnico

    comum nos pacientes e alvo de muitas reclamaes pelos mesmos. Segundo os autores, as

    recesses gengivais seriam provavelmente dependentes da existncia ou criao de

    deiscncias do osso alveolar. As deiscncias podem estar associadas com a proeminncia, m

    posio ou rotao do dente. Movimentao dentria pode, algumas vezes, empurrar os dentes

    contra o alvolo resultando em deiscncias. Inseres altas de freio e inseres musculares

    so variveis dentro da mucosa alveolar e que tambm contribuem para formao de

    recesses, se tenso mecnica tambm existe, pode contribuir para acelerar os efeitos da

    inflamao nessas reas. Outros fatores mecnicos irritantes, como trauma por escovao ou

    hbitos nocivos, poderiam tambm iniciar e acelerar a inflamao.

    Artun e Osterberg4 analisaram se a projeo ortodntica dos incisivos inferiores

    durante a correo da Classe II na dentio mista resultava em recesso gengival. Os

    pacientes foram avaliados por meio de radiografias e exames clnicos. Aps o

    acompanhamento no foram observadas alteraes relacionadas a quantidade de recesso, a

    largura da gengiva adjacente, a profundidade de sondagem, ndice de sangramento gengival e

    placa visvel entre os incisivos inferiores dos pacientes. A altura da coroa clnica dos incisivos

    tambm no mostrou alteraes significativas aps o tratamento. Concluiu-se que o avano

    acentuado dos incisivos inferiores pode ser realizado em pacientes adolescentes com retruso

    dentoalveolar, sem aumentar o risco de recesso.

    Mazeland28 observou que o apinhamento, sozinho, no explicaria o padro da faixa

    fina de gengiva, que seria uma caracterstica individual do paciente. Na verdade, o

    posicionamento do dente no arco agiria apenas como um fator de influncia local na altura

    gengival em relao aos dentes adjacentes.

    A patognese da leso mucogengival em dentes posicionados vestibularmente inclui

    os seguintes fatores: trauma pela escovao em uma rea bastante proeminente; tecido

    gengival e osso alveolar subjacente bastante finos na face vestibular18, assim como o nvel

    mais apical da gengiva marginal27, 29 cuja localizao determinada pela inclinao axial e o

    alinhamento dentrio.

    Em um estudo epidemiolgico para investigar agentes etiolgicos da recesso, Stoner

    e Mazdyasna43 observaram que os incisivos inferiores que apresentavam recesso estavam

    freqentemente vestibularizados.

  • 26

    Avaliando os incisivos permanentes irrompidos de 38 crianas, entre 7 e 12 anos, no

    perodo de dois anos, Andlin-Sobocki e Bodin3 encontraram reas vestibulares mais finas de

    mucosa ceratinizada e gengiva inserida em dentes vestibularizados do que nos dentes

    lingualizados. No entanto, a reduo da faixa de gengiva inserida foi menor do que da faixa

    de mucosa ceratinizada, pois houve concomitante diminuio da profundidade de sondagem

    nos incisivos movimentados no sentido vestibular, durante o perodo do acompanhamento.

    Yared50, apresentou valores inditos para espessura da gengiva marginal e foram

    demonstrados por grupos de risco recesso quando da projeo vestibular de incisivos

    centrais inferiores. O estudo foi composto por 34 adultos, entre 18 e 33 anos, saudveis

    periodontalmente, com avaliao clnica aps 7 a 47 meses do tratamento ortodntico, sob

    critrios rigorosos na obteno da casustica. A movimentao foi avaliada por

    telerradiografias em norma lateral, no havendo magnificao radiogrfica significativa entre

    as mesmas. A espessura da gengiva marginal foi medida por meio de paqumetro digital

    modificado para fins prprios. Os resultados mostraram que a inclinao final, independente

    da quantidade total de projeo e a espessura da gengiva marginal representariam reais fatores

    de relevncia na relao com a recesso gengival. A inclinao final dos incisivos centrais

    inferiores acima de 95, associada espessura da gengiva marginal menor que 0,5mm,

    estiveram diretamente relacionadas s maiores incidncia e gravidade da recesso nesses

    dentes, sendo a espessura mais determinante que a inclinao.

    2.4 ALTURA DA FAIXA DE MUCOSA CERATINIZADA

    Ainda na dcada de 50, admitiu-se a indiscutvel importncia da gengiva inserida na

    sade do periodonto, uma vez que trabalhos e observaes clnicas constataram a

    incapacidade de a mucosa alveolar resistir aos esforos mastigatrios e aos procedimentos de

    higiene bucal. A presena de uma determinada faixa de gengiva inserida passou a representar

    o indcio mais significativo na estimativa do prognstico do tratamento periodontal39. A

    necessidade de uma adequada quantidade de gengiva inserida tornava-se irrefutvel, embora o

    termo "adequada" ainda era indefinido. O trabalho de Bowers8 identificou valores mdios e

    extremos da largura da mucosa ceratinizada, de forma a prover informaes bsicas que

    pudessem indicar qual a faixa adequada deste tecido. Seu estudo, no qual 160 indivduos

    foram avaliados clinicamente, revelou que a largura da mucosa ceratinizada variava entre os

    dentes, podendo haver grande diferena desta medida entre os indivduos, mas o padro de

  • 27

    variao entre os dentes, nos diferentes indivduos, mostrou-se bastante semelhante. A largura

    mdia da mucosa ceratinizada aumentou da dentio decdua para a permanente e de forma

    geral foi maior na maxila do que na mandbula. As medidas extremas variaram de menos que

    1 at 9 mm, podendo sofrer interferncia devido a dentes mal-posicionados, inseres altas de

    freios e presena de recesses gengivais.

    Embora no consolidado objetivamente, o conceito de uma adequada largura de

    gengiva inserida, para a manuteno da sade gengival, predominou na dcada de 60, no

    sculo XX. A definio do termo "adequada", referido como a quantidade mnima de gengiva

    para que se tenha um periodonto marginal saudvel, s veio a ocorrer em 1972, por meio do

    trabalho clssico de Lang e Le20. O estudo contou com a participao de 32 estudantes de

    Odontologia com idades entre 19 e 29 anos, os quais mantiveram higienizao bucal

    supervisionada diariamente com o uso de evidenciadores de placa, durante seis semanas. Os

    resultados demonstraram claramente que embora as superfcies dentrias pudessem ser

    mantidas livres de placa clinicamente detectvel, reas com menos de 2 mm de gengiva

    ceratinizada persistiam inflamadas, provavelmente, devido a mobilidade da margem gengival

    favorecer a introduo de microorganismos no sulco gengival, resultando em placa dento-

    bacteriana sub-gengival delgada dificilmente detectada e removida pela escovao

    convencional. A partir deste trabalho sugeriu-se que 2 mm de gengiva ceratinizada,

    correspondente a 1 mm de gengiva inserida, era adequada homeostasia marginal do

    periodonto.

    A largura ou dimenso coronrio-apical da gengiva ceratinizada e sua relao com

    alteraes muco-gengivais instrumento de avaliao no trabalho de Maynard e

    Ochsenbein26, os quais estabeleceram dois fatores que poderiam influenciar tal dimenso: o

    padro de erupo dentria e a largura vestbulo-lingual do processo alveolar. Segundo os

    autores, se o dente fizesse erupo no centro do rebordo sseo, provavelmente haveria

    adequada faixa de tecido ceratinizado, tanto por vestibular como por lingual. Por outro lado,

    se a erupo fosse por vestibular, haveria um tecido ceratinizado mnimo, assim como suporte

    sseo, nesta face. O contrrio aconteceria em dentes lingualmente posicionados. Existiriam

    ainda situaes onde, mesmo com alinhamento dentrio correto, insuficiente dimenso de

    gengiva ceratinizada existiria, tanto por vestibular como lingual devido a um processo

    alveolar vestbulo-lingualmente bastante delgado, estabelecendo condies de menor

    resistncia a agentes agressores.

    A comparao da condio gengival entre reas com mnima e adequada largura de

  • 28

    gengiva inserida feita por Miyasato, Grigger e Egelberg32 contestou os resultados de trabalhos

    anteriores sobre a importncia de adequada faixa de gengiva ceratinizada. Utilizando-se da

    medida do exsudato gengival, da anlise de inflamao clnica e do sangramento sondagem,

    foi constatada que a gengiva com largura de 2 mm, assim como a com largura de 1 mm de

    tecido ceratinizado apresentaram condies similares em 16 indivduos avaliados. Destes,

    apenas seis apresentaram reas contralaterais com largura mnima e adequada de gengiva

    ceratinizada, os quais foram instrudos a cessar os procedimentos de higiene bucal por 25

    dias. Concomitante ao acmulo de placa bacteriana houve aumento do exsudato gengival,

    evidenciando reao inflamatria sem, contudo, haver diferenas entre as reas com

    quantidades distintas de gengiva ceratinizada. Os resultados do estudo, embora limitados

    considerando-se o pequeno nmero de reas e indivduos avaliados, foram indicativos de que

    reas com mnima largura de gengiva ceratinizada no seriam mais propensas a mudanas

    inflamatrias induzida por placa.

    Stoner e Mazdyasna43 observaram que a sade gengival est normalmente

    comprometida quando a altura da mucosa ceratinizada mnima, apresentando- se menor que

    1 ou 2 mm. Provavelmente, a mobilidade da margem gengival, nessas condies, facilita a

    introduo de microorganismos e formao de placa bacteriana subgengival. Esta, uma vez

    instalada, difcil de ser detectada e removida pela higienizao convencional. Tal condio

    ocorre em funo de grupos de fibras colgenas densas e firmemente unidas, encontradas na

    zona de gengiva inserida. Estas fibras bloqueiam melhor a infiltrao de elementos

    inflamatrios do que aquelas esparsas, da mucosa alveolar. A mucosa alveolar no to

    resistente ao trauma da escovao, sendo necessria uma faixa de gengiva inserida. Esta

    gengiva, por estar firmemente aderida ao peristeo subjacente, apresenta maior resistncia ao

    trauma e funciona como ancoragem entre a mucosa alveolar e a margem gengival livre,

    ambas mveis. Na mucosa alveolar se inserem fibras dos msculos de expresso facial, que

    exercem tenso sobre a gengiva inserida no sentido apical. Caso a faixa de gengiva inserida

    seja muito fina, esta pode no resistir s tenses e ceder, retraindo a margem gengival26.

    Segundo Tenenbaum44, faixa estreita de gengiva inserida seria mais uma conseqncia

    da recesso gengival, do que causa propriamente dita, pois em seu trabalho, publicado em

    1982, o mesmo nmero de recesses gengivais foi associada a reas com menos ou com mais

    de 2mm de gengiva inserida. Portanto independente da amplitude da gengiva inserida a

    ocorrncia de recesso foi similar.

    Uma faixa mnima de mucosa ceratinizada pode ser observada quando um dente

  • 29

    irrompe em vestbulo-verso ou forado para uma posio vestibular pela lngua, por falta

    de espao (apinhamento) ou outro mecanismo. Entretanto, mesmo alguns incisivos bem

    posicionados no alvolo podem exibir faixa de mucosa ceratinizada insuficiente nas

    superfcies vestibular e lingual. A explicao est no fato das larguras vestbulo-linguais do

    tecido ceratinizado e do processo alveolar serem muito finas para acomodar o dente. Na

    presena de dimenses mucogengivais inadequadas, a recesso poderia ocorrer em resposta

    ao tratamento ortodntico, relataram Maynard e Ochscenbein26.

    Passanezi, Janson, Campos Junior e Santana39, propuseram que a quantidade de tecido

    mole sobre a crista ssea alveolar fator importante na proteo da integridade da prpria

    crista ssea. Essas observaes foram fundamentadas na anlise de diversos trabalhos, que

    estudaram o comportamento periodontal marginal em funo de variaes na quantidade de

    mucosa ceratinizada. Tais consideraes refletem a importncia da anlise do volume

    (espessura) do de tecidos moles na rea supra-alveolar. Em relao ocluso traumatognica

    nos tecidos periodontais, quando esta atua associada a outros fatores etiolgicos, ocorre,

    segundo os autores um aumento da mobilidade dental por alargamento do espao do

    ligamento periodontal, mudana de posio do dente no arco, alteraes da margem gengival,

    caracterizando a formao de recesso gengival.

    Procurando avaliar a prevalncia, extenso e severidade de recesses gengivais e de

    facetas de desgaste em 60 indivduos, com idades variando entre 17 e 24 anos, Lopes24

    realizou avaliaes utilizando-se de questionrios, exames fsicos das Articulaes

    Temporomandibulares, exames clnicos e modelos de gesso. As recesses gengivais foram

    mensuradas na regio central dos dentes e as facetas de desgaste foram avaliadas duplamente,

    de forma intra-oral e posteriormente nos modelos de gesso. Avaliando as correlaes entre as

    leses e as associaes com os fatores contribuintes pesquisados e de acordo com os testes

    estatsticos utilizados, constatou-se que 73,33% dos alunos apresentaram recesses gengivais

    sendo os pr-molares os dentes mais afetados (49,74%), encontrando-se correlao entre as

    leses localizadas nos pr-molares esquerdos (p = 0.001). A varivel gnero no apresentou

    associao com as leses avaliadas. Observadas as facetas de desgaste e seus provveis

    fatores contribuintes, no houve associao com a presena de rudos nas Articulaes

    Temporomandibulares, mas houve diferena estatisticamente significante nos molares

    esquerdos nos pacientes que apresentavam desocluso em grupo nos movimentos laterais

    excursivos (p = 0.007). Com relao aos hbitos parafuncionais houve relao estatstica entre

    o relato de apertamento e facetas nos incisivos esquerdos (p = 0.044) e entre o relato de

  • 30

    bruxismo e a facetas nos caninos direitos (p = 0.009) e esquerdos (p = 0.006). Frente s

    recesses gengivais no houve relao entre nvel de placa, grau de escovao e tipo de

    gengiva, sendo o tratamento ortodntico significante para as recesses gengivais encontradas

    somente nos pr-molares direitos (p = 0.019).

    2.5 TIPO DE PERIODONTO

    Maynard e Wilson27 sugeriram que a espessura ssea funcionasse como um fator de

    impedimento migrao apical da margem gengival. Quando muito fina, ou na presena de

    fenestraes, a recesso (em decorrncia de trauma, inflamao, entre outros) torna-se mais

    rpida, at encontrar uma rea mais espessa do osso alveolar. Os autores propuseram quatro

    tipos periodontais, sendo o ltimo o de maior risco recesso (Quadro 1). Nesse modelo, a

    faixa de mucosa ceratinizada pequena (menor que 2mm), assim como a espessura ssea

    vestbulo-lingual.

    Handelman16 encontrou uma relao direta entre o aumento facial e a altura alveolar,

    com o estreitamento vestbulo-lingual do osso alveolar. O autor justificou que, medida que a

    altura facial aumenta, os incisivos irrompem na tentativa de manter o trespasse vertical

    anterior e o alvolo torna-se mais afilado, com pequena distncia entre as paredes vestibular e

    lingual.

    Artun e Grobty4 ressaltaram que no planejamento do tratamento ortodntico

    imperativo que se considerem as paredes sseas como limite para o reposicionamento

    dentrio e zona de perigo para a ocorrncia de seqelas, como a formao de deiscncias e a

    recesso.

    As deiscncias e fenestraes sseas constituem um pr-requisito para o

    desenvolvimento da recesso periodontal. Tais deficincias sseas podem ser classificadas

    como de desenvolvimento (anatmicas) e adquiridas (fisiolgicas ou patolgicas). As

    anatmicas so as deiscncias que podem ser formadas quando a direo da erupo dentria

    leva a raiz a uma posio mais vestibular ou lingual aos dentes adjacentes. Desta forma, a

    poro cervical se projeta alm da crista ssea. Tambm podem ser formadas quando a

    espessura vestbulo-lingual da raiz igual ou maior dimenso vestbulo-lingual do alvolo.

    As deiscncias fisiolgicas adquiridas resultam do movimento dentrio, sob fora, para

    posies que ultrapassem a placa cortical vestibular ou lingual. As deiscncias adquiridas

    patolgicas incluem reabsoro ssea por injria periodontal, induzida por placa bacteriana.

  • 31

    Nesses casos, alm do fator da placa, o processo se torna mais complexo quando os fatores

    fisiolgicos esto presentes. Ento, na ausncia de suporte sseo, tecido gengival pode ceder

    em resposta a inmeros fatores como placa, fatores mecnicos e clnicos41.

    Tipos Periodontais Caractersticas Anatmicas Tipo 1 Dimenses gengivais (3 a 5mm de altura

    gengival e espessura favorvel quando da palpao) e espessura ssea normais ou ideais

    Tipo 2 Dimenses gengivais diminudas (menos de 2mm de altura da mucosa ceratinizada) e espessura ssea vestbulo-lingual normal ou ideal

    Tipo 3 Dimenses gengivais normais e espessura ssea diminuda, sendo que a proeminncia da raiz dentria pode ser facilmente palpada com o dedo

    Tipo 4 Dimenses gengivais (menos de 2mm de altura da mucosa ceratinizada) e espessura ssea diminudas

    Tabela 1: Tipos Periodontais conforme risco a recesso, segundo Maynard e Wilson27

  • PROPOSIO

  • 33

    3 PROPOSIO

    O objetivo desta pesquisa foi avaliar em um estudo transversal a presena de recesses

    gengivais, distrbios oclusais (contato prematuro na posio de relao cntrica, na mxima

    intercuspidao habitual e presena de interferncias oclusais durante os movimentos

    excursivos), condies do periodonto (por meio da mucosa ceratinizada e do tipo do

    periodonto) e inflamao (por meio do ndice de placa e ndice gengival), procurando

    verificar:

    1- A correlao entre a presena de recesso gengival localizada com a presena de distrbios

    oclusais e inflamao por meio de uma avaliao clnica;

    2- Verificar a associao entre a presena de recesso gengival localizada e os seguintes

    fatores:

    2.1- ndice de Placa;

    2.2- ndice de Gengival;

    2.3- Distrbios Oclusais;

    2.4- Alinhamento Dental;

    2.5- Mucosa Ceratinizada;

    2.6- Tipo de Periodonto.

  • MATERIAL E MTODOS

  • 35

    4 MATERIAL E MTODOS 4.1 DEFINIO DA AMOSTRA

    Foram avaliados 558 dentes dos quais 135 apresentavam recesso gengival, passando

    a constituir a amostra. Foram examinados 20 indivduos adultos, sendo 13 do gnero feminino

    e 07 do gnero masculino, com idade mdia de 24,1 anos (19-33) aps responderem

    afirmativamente, em questionrio especfico, que eram portadores de recesso gengival. Estes

    indivduos eram estudantes ou cirurgies-dentistas, alunos da graduao ou de um dos cursos

    de Ps-Graduao realizados no Departamento de Odontologia da UFRN.

    4.1.1 Critrios de Incluso

    Foram includos no estudo indivduos que apresentavam recesso gengival e que

    tinham pelo menos o 1 molar em ocluso, bilateralmente. Esta condio se justifica pelo fato

    de que a ausncia acentuada de dentes poderia vir a interferir nos resultados do estudo.

    4.1.2 Critrios de Excluso

    Foram excludos da amostra os casos de doena periodontal clinicamente visvel,

    usurios de aparelho ortodntico, dentes apresentando recesso gengival sem o antagonista e

    acentuada ausncia de dentes.

    4.2 CONSIDERAES TICAS DO ESTUDO

    O projeto de pesquisa desenvolvido foi submetido apreciao do Comit de tica em

    Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN), aprovado sob o

    parecer nmero 077/2008 (Anexo1), sendo os participantes informados a respeito da

    avaliao a qual seriam submetidos, assinando o termo de Consentimento Livre e Esclarecido,

    firmando sua anuncia em participar do estudo (Anexo 2).

  • 36

    4.3 AVALIAO DO PACIENTE

    4.3.1 Questionrio

    O questionrio (Anexo 3) continha itens referentes a informaes demogrficas (idade,

    gnero e telefone), histria mdica (problemas sistmicos), uso de medicao,

    hipersensibilidade dentinria (ao ar e mudanas de temperatura - frio e quente), tratamento

    ortodntico, tratamento periodontal (presena de recesso gengival), higiene bucal (orientao

    oral supervisionada). O preenchimento do mesmo foi realizado pelo examinador, por meio da

    leitura das perguntas com respostas nicas de SIM ou NO. Qualquer esclarecimento aos

    pacientes foi feito pela releitura das perguntas, visando evitar interferncias no resultado da

    pesquisa.

    4.3.2 Exame Clnico

    Aps preenchimento do questionrio, os pacientes foram submetidos ao exame

    clnico para identificao, localizao e quantificao das recesses gengivais. Os dados

    foram registrados em duas fichas clnicas, uma periodontal e outra oclusal (Anexos 4 e 5).

    Todos os pacientes foram avaliados por um nico observador calibrado observando-se a

    presena e localizao das recesses. Durante as avaliaes, foram excludos os terceiros

    molares, por estes no serem dentes permanentemente encontrados, o que poderia alterar o

    resultado final durante os clculos estatsticos.

    Para tal finalidade, o instrumental utilizado, estril, era composto por espelho clnico

    n 5 (Duflex, S.S.White, Rio de Janeiro, Brasil), sonda periodontal milimetrada Tipo

    Williams (TRINITY-SP) e pina clnica (Duflex, S.S.White, Rio de Janeiro, Brasil).

    As recesses gengivais foram avaliadas desde a juno cemento-esmalte (JCE) at o

    ponto mais coronal da margem gengival, tendo sido registradas somente nos stios onde 1 mm

    ou mais de raiz estivesse clinicamente visvel e, portanto, exposta ao ambiente bucal. Nos

    stios onde a JCE estava coberta por clculo, mascarada por uma restaurao ou perdida

    devido a desgaste dentrio ou crie, a altura desta juno era estipulada baseando-se nos

    dentes adjacentes. Foi registrado o dente em que a recesso estava presente e o grau da

    recesso em milmetros com a utilizao da sonda periodontal milimetrada Tipo Williams

    (TRINITY-SP).

  • 37

    Nos dentes que apresentaram recesso gengival, a sensibilidade foi registrada por meio

    de relato no questionrio ou durante o exame fsico, desencadeado por estmulo mecnico.

    A Classificao das recesses foi realizada por meio de uma observao clnica, sem

    auxlio do Raio X, por meio da proposta feita por Miller31, considerando a linha muco

    gengival e a crista ssea interproximal: Classe I - recesso gengival que no atinge a linha

    mucogengival; Classe II - recesso gengival com comprometimento da linha mucogengival,

    mas sem reabsoro ssea do osso interproximal adjacente; Classe III - comprometimento da

    linha mucogengival e da crista ssea interproximal, podendo haver um mau posicionamento

    dentrio; Classe IV - comprometimento da linha mucogengival e severa perda ssea

    horizontal ou no espao interproximal radicular.

    A largura da mucosa ceratinizada foi avaliada medindo-se distncia da margem

    gengival juno muco-gengival (JMG) por meio da sonda periodontal. Para determinar a

    JMG identificava-se o limite coronal de mobilidade da mucosa alveolar fazendo o movimento

    pico-coronal da sonda periodontal em posio horizontal, de tal forma que o limite, entre o

    tecido mvel e inserido, fosse identificado. A largura foi medida em milmetros.

    Avaliou-se visualmente o alinhamento Dental, a posio do dente estudado no arco

    dentrio, de acordo com a curvatura regular do arco, sendo registradas as alteraes no

    sentido vestbulo-lingual, msio-distal e ao longo do seu eixo.

    O tipo do periodonto foi classificado de acordo com Maynard & Wilson27 que

    propuseram uma classificao relacionando espessura e faixa de tecido ceratinizado alm da

    espessura ssea. Onde o Periodonto Tipo I - possui uma Faixa de tecido Ceratinizado espessa

    (3-5 mm) e periodonto espesso palpao; Tipo II Faixa de tecido ceratinizado 2mm de

    altura e periodonto espesso palpao; Tipo III - Faixa de tecido ceratinizado normal e

    rebordo alveolar fino; Tipo IV - Faixa de tecido ceratinizado 2 mm de altura e Rebordo

    alveolar fino.

    Para avaliao do sangramento gengival foi utilizado o ndice dos Pontos

    Sangrantes33, que proporciona uma avaliao da gengiva ao redor de cada dente na boca do

    paciente. O ndice medido introduzindo-se a sonda periodontal 1 mm dentro do sulco

    gengival em direo distal do dente mais posterior no quadrante. A sonda ento conduzida

    delicadamente atravs da extenso do sulco at rea mesial interproximal do lado vestibular.

    Isso realizado em todo o quadrante e 30 segundos aps a sondagem os pontos sangrantes nas

    superfcies mesial, distal e vestibular so registrados. Nas faces lingual e palatina repete-se o

  • 38

    mesmo procedimento sem o registro das faces mesial e distal para evitar a repetio dos

    dados. O clculo do ndice realizado dividindo-se o nmero de superfcies sangrantes pelo

    nmero total de superfcies dentrias (quatro por dente) e convertendo-se o nmero para

    porcentagem, multiplicando-se por 100.

    O ndice de placa foi medido por meio do Registro do Controle de Placa (ndice de

    OLeary modificado)33, onde foi aplicada uma soluo evidenciadora (Eviplac Fucsina

    Bsica Biodinmica) em todas as superfcies dentrias supragengivais. Aps o paciente ter

    enxaguado a boca, cada superfcie dentria (exceto as superfcies oclusais) foram

    inspecionadas, para verificar a presena ou ausncia de depsitos corados na juno dento-

    gengival, quatro superfcies para cada dente. Se presentes s placas eram registradas

    colorindo-se a face apropriada em um diagrama (Anexo 4). Aps todos os dentes terem sido

    marcados, o ndice foi calculado dividindo-se o nmero de superfcies com a placa pelo

    nmero total de dentes vezes 4, e da multiplica-se por 100 para chegar a porcentagem das

    superfcies com a presena de placa.

    Os contatos dentrios foram avaliados durante os movimentos excursivos

    mandibulares: movimentos de lateralidade nos lados de trabalho e no trabalho, protruso e

    nas posies de mxima intercuspidao habitual (MIH) e relao cntrica (RC).

    Na anlise oclusal, com o paciente na cadeira odontolgica (Dabi Atlante, Ribeiro

    Preto, Brasil) em posio padronizada, supina, foram registrados, com a superfcie dentria

    seca por meio de jatos de ar, os movimentos mandibulares de protruso e de lateralidade,

    durante os quais, por meio da fita marcadora (Accu-film 11 - Parkell Farmingdale - USA)

    utilizando pina clnica (Duflex, S.S.White, Rio de Janeiro, Brasil), registravam-se os

    contatos nos lados de trabalho e no-trabalho. Em seguida os contatos foram registrados em

    protruso e MIH. Logo aps, o Leaf-gauge foi utilizado pelos pacientes durante cinco

    minutos, com o objetivo de desprogramar a memria proprioceptiva do Sistema Nervoso e do

    ligamento periodontal, possibilitando relaxamento dos msculos do Aparelho

    Estomatogntico, para facilitar a manipulao da mandbula para a posio de RC, pela

    tcnica frontal (Ramfjord & Ash40). O registro dos contatos prematuros em RC tambm foi

    realizado por meio da fita marcadora

    A ficha clnica utilizada no estudo para o registro de todas estas condies pode ser

    observada no anexo 5.

  • 39

    Os distrbios oclusais foram marcados quando da presena de contato oclusal

    prematuro ou deflectivo e interferncia oclusal.11

    O contato oclusal prematuro foi registrado sempre que havia contato oclusal

    prematuro entre cspide e fossa ou entre cspide e crista marginal (embrasura) de dentes

    antagonistas.

    A interferncia oclusal o contato oclusal no fisiolgico que ocorre entre as

    superfcies oclusais antagonistas, dificultando ou impedindo os movimentos mandibulares

    excursivos de protruso, trabalho e balanceio. Na protruso foram registrados os contatos

    quando ocorria interferncia entre a estrutura oclusal mesial (aresta longitudinal, vertente

    triturante ou crista marginal) do dente inferior e a estrutura oclusal distal do dente superior;

    No movimento mandibular excursivo de trabalho a interferncia foi identificada quando

    ocorria o contato oclusal entre a vertente lisa de uma cspide funcional (palatina superior e

    vestibular inferior) e a vertente triturante de uma cspide no funcional (vestibular superior e

    lingual inferior); E no movimento mandibular excursivo de balanceio foi registrada quando

    ocorria contato oclusal entre as vertentes triturantes de duas cspides funcionais (palatina

    superior e vestibular inferior) 11.

    4.4 ANLISE ESTATSTICA

    De posse dos dados levantados, manualmente registrados nas fichas clnicas, os

    mesmos foram transferidos para o computador por meio do programa Excel. Para as anlises

    estatsticas foi utilizado o Excel juntamente com o SPSS. As avaliaes das associaes e

    correlaes foram apresentadas por meio de tabelas.

    As tcnicas empregadas nas anlises foram anlises descritivas e anlises de

    correlao, alm da anlise de varincia. As descritivas so compostas de freqncias

    relativas e absolutas.

    Utilizou-se o teste t de Student para avaliao da mdia das recesses e sua

    associao com as variveis pesquisadas e o ANOVA para observao dos dados referentes

    ao tipo de periodonto.

    O nvel de significncia utilizado foi de 5%.

  • RESULTADOS

  • 41

    5 RESULTADOS O nmero de dentes avaliados foi de 558, sendo que 24,1%, isto , 135 dentes

    apresentavam recesso gengival maior ou igual a 1mm. Participaram da pesquisa 20

    indivduos, sendo 13 mulheres e 7 homens que correspondem respectivamente a 65% e 35%

    dos investigados. A faixa etria variou de 19 a 33 anos com uma mdia de idade de 24,1 anos.

    A posio dos dentes que apresentaram recesso revelou que 19,8% eram dentes anteriores e 80,2% posteriores (Tabela 2).

    Freqncia %

    Anterior 27 19,8

    Posterior 108 80,2

    Total 135 100

    A distribuio da recesso gengival segundo o arco dentrio foi de 52,6% para

    mandbula e 47,4% para maxila. Para o grupo de dentes com recesso gengival a distribuio

    revelou predominncia dos primeiros pr-molares com 30,4%, seguido dos primeiros molares

    com 23,7%, dos segundos pr-molares com 19,3%, dos caninos com 8,9% e segundos

    molares com 6,7%. Os incisivos centrais e incisivos laterais foram os que apresentaram menos

    recesso com 5,9 e 5,2% respectivamente (Figura 1).

    Tabela 2: Distribuio dos dentes com recesso segundo a posio.

  • 42

    0

    10

    20

    30

    40

    Central Lateral Canino 1 PM 2PM 1 M 2 M

    Distribuio da Recesso Gengival Segundo o Grupo de

    Dentes

    A incidncia de dentes apresentando recesso com alguma sensibilidade foi de apenas

    7,4% dos caos (n=10), sendo a grande maioria, 92,6% dos elementos dentrios, sem sinais de

    hiperestesia dentinria (Figura 2).

    Distribuio da Sensibilidade Dentinria

    92,6%

    7,4%

    Apresentando

    Sensibilidade

    Sem Sensibilidade

    Figura 1: Distribuio da recesso gengival segundo o grupo de dentes.

    Figura 2: Distribuio da sensibilidade dentinria.

  • 43

    A presena de placa bacteriana foi constatada em 110 dentes com recesso gengival

    (81,5%), e a de sangramento em 27 dentes (20%). No foi identificada placa nem

    sangramento em 25 (18,5%) e 108 (80%) elementos examinados, respectivamente (Figuras 3

    e 4).

    Ocorrncia de Placa Bacteriana nos Desntes com Recesso

    18,5%

    81,5%

    Com Placa

    Sem Placa

    Ocorrncia de Sangramento nos Dentes com Recesso

    80%

    20%

    Com Sangramento

    Sem Sangramento

    Figura 3: Ocorrncia de placa bacteriana nos dentes com recesso gengival.

    Figura 4: Ocorrncia de sangramento nos dentes com recesso gengival.

  • 44

    A mdia do ndice de placa dos pacientes avaliados na pesquisa foi de 48,01%, e a de

    sangramento gengival foi de 6,01% (Tabela 3).

    Mdia Mnimo Mximo Desvio

    Padro

    ndice de Placa 48,01% 8,92% 95,37% 24,16%

    ndice de Sangramento 6,01% 0,89% 14,80% 5,02%

    Observando o nmero de contatos parafuncionais distribudos nos dentes com recesso

    presentes na figura 5, pudemos observar que a maioria dos casos no possua contato

    parafuncional, 89 elementos (65,9%). Apresentando 1 contato, 24 casos foram registrados

    (17,8%), com 2 contatos 16 casos (11,9%) , 3 contatos 5 casos (3,7%) e com 4 contatos

    apenas 1 caso (0,7%).

    Tabela 3: Mdias dos ndices Gengival e de Placa dos pacientes com recesso.

  • 45

    Ocorrncia de Recesso Segundo o Nmero de Contatos Parafuncionais

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    Nenhum

    contato

    1 Contato 2 Contatos 3 Contatos 4 Contatos

    O alinhamento dentrio normal ocorreu em 91,1% dos casos, o que representa 123

    dentes. J o alinhamento considerado anormal foi observado em apenas 8,9% dos dentes com

    recesso, totalizando 12 dentes (Figura 6). O desalinhamento era considerado quando os

    dentes se apresentavam vestibularizados, lingualizados ou girovertidos.

    Distribuio do Alinhamento Dentrio

    91,1%

    8,9%

    Alinhado

    Desalinhado

    A mucosa ceratinizada foi categorizada em normal (3mm a 5mm) com 79 observaes

    correspondente a 58,5% e em reduzida (igual ou inferior a 2mm) com 56 observaes, 41,5%

    (figura 7). A variao da largura da mucosa foi de 1 a 5mm.

    Figura 6: Distribuio do alinhamento dentrio.

    Figura 5: Ocorrncia de recesso segundo o nmero de contatos parafuncionais.

  • 46

    Distribuio da Mucosa Ceratinizada

    41,5% 58,5%Normal

    Reduzida

    Quando observamos os elementos que apresentaram recesso gengival analisando o

    tipo de periodonto segundo a classificao de Maynard e Wilson26 (Figura 8) constatamos que

    29,6% dos casos (n=40) possuam periodonto tipo 1, 19,3% periodonto tipo 2 (n=26), 28,1%

    periodonto tipo 3 (n=38) e 26% periodonto tipo 4 (n=31).

    40

    26

    38

    31

    0

    10

    20

    30

    40

    Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4

    Distribuio da Recesso Gengival Segundo o Tipo do Periodonto

    Figura 7: Distribuio da largura da mucosa ceratinizada categorizada.

    Figura 8: Distribuio da recesso gengival segundo o tipo do periodonto.

  • 47

    Para avaliar a associao dos dentes que apresentaram recesses gengivais com as

    variveis independentes estudadas, utilizamos o teste t de Student. A observao foi feita

    cruzando-se os valores das mdias das recesses com as variveis independentes.

    Ao avaliarmos a presena de placa bacteriana (Tabela 4) ou de sangramento gengival

    (Tabela 5) nos elementos dentrios que apresentaram recesso, pudemos observar que apesar

    de existir uma discreta diferena nas mdias do grau de recesso desses dentes, no houve

    diferena estatstica.

    Presena de

    Placa

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Sim 110 1,76 0,703 -0,794 0,428

    No 25 1,64 0,700

    Presena de

    Sangramento

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Sim 27 1,74 0,656 0,000 1,000

    No 108 1,74 0,715

    Tabela 4: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de placa bacteriana.

    Tabela 5: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de sangramento gengival.

    *Teste T de Student (p0,05)

    *Teste T de Student (p0,05)

  • 48

    A mesma avaliao realizada para observar a associao da presena ou no de placa

    bacteriana e de sangramento nos stios com recesso gengival foi testada utilizando-se os

    ndices de placa (Tabela 6) e ndice gengival (Tabela 7), e novamente nenhuma diferena

    estatisticamente significante foi observada.

    ndice de

    Placa

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    49% 72 1,83 0,712 1,650 0,101

    < 49% 63 1,63 0,679

    ndice de

    Sangramento

    Gengival

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    3,60% 57 1,88 0,758 1,952 0,053

    < 3,60% 78 1,64 0,644

    Tabela 6: Diferena da mdia das recesses associadas ao ndice de placa bacteriana.

    Tabela 7: Diferena da mdia das recesses associadas ao ndice de sangramento gengival.

    *Teste T de Student (p0,05)

    *Teste T de Student (p0,05)

  • 49

    Os distrbios oclusais foram avaliados levando-se em considerao os movimentos

    excursivos da mandbula, a posio de MIH e de RC. Os contatos anormais foram avaliados

    tanto no conjunto, considerando-se apenas se existia interferncia ou no naquele elemento

    com recesso, ou nos movimentos individualmente. No entanto, no foi observada diferena

    significativa nas mdias quando se avaliou os contatos em seu conjunto (Tabela 8) ou na sua

    individualidade (Tabelas de 9 a 15).

    Distrbio

    Oclusal

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Sim 46 1,78 0.593 -0,497 0,620

    No 89 1,72 0,754

    Lat. Direita

    L. Trabalho

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Sim 8 1,72 0,709 -1,384 0,201

    No 127 2,00 0,535

    Lat. Direita

    No Trabalho

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Sim 4 1,75 0,957 -0,027 0,979

    No 131 1,74 0,697

    Tabela 8: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de distrbio oclusal.

    Tabela 9: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de interferncia oclusal no lado de trabalho durante lateralidade direita.

    Tabela 10: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de interferncia oclusal no lado de no trabalho durante lateralidade direita.

    *Teste T de Student (p0,05)

    *Teste T de Student (p0,05)

    *Teste T de Student (p0,05)

  • 50

    Lat. Esquerda

    L. Trabalho

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Sim 11 1,91 0,714 -1,049 0,313

    No 124 1,73 0,539

    Lat. Esquerda

    No Trabalho

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Sim 7 1,57 0,710 0,654 0,426

    No 128 1,75 0,535

    Guia

    Anterior

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Sim 11 1,91 0,539 -1,049 0,313

    No 124 1,73 0,714

    MIH N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Sim 16 1,75 0,577 -0,056 0,955

    No 119 1,74 0,719

    Tabela 13: Diferena da mdia das recesses associadas a presena ou no de interferncia oclusal durante a guia anterior.

    Tabela 11: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de interferncia oclusal no lado de trabalho durante lateralidade esquerda.

    Tabela 12: Diferena da mdia das recesses associadas presena ou no de interferncia oclusal no lado de no trabalho durante lateralidade esquerda.

    Tabela 14: Diferena da mdia das recesses associadas a presena ou no contato prematuro durante RC.

    *Teste T de Student (p0,05)

    *Teste T de Student (p0,05)

    *Teste T de Student (p0,05)

    *Teste T de Student (p0,05)

  • 51

    Relao

    Cntrica

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Sim 18 1,78 0,647 -0,240 0,811

    No 117 1,74 0,712

    Quando cruzamos a mdia das recesses dos dentes que no apresentam sensibilidade

    (1,71mm) com as mdias das recesses dos dentes que possuam sensibilidade (2,10mm) no

    encontramos uma diferena estatisticamente significante p=0,092 (Tabela 16) .

    Sensibilidade N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    No 125 1,71 0,658 -1,695 0,092

    Sim 10 2,10 1,101

    O alinhamento dos dentes no arco foi categorizado como alinhado e desalinhando, no

    entanto, nenhuma diferena considervel pde ser constatada entre as mdias das recesses

    dos elementos considerados alinhados e desalinhados, assumindo os valores mdios de

    1,80mm e 1,78mm respectivamente (Tabela 17).

    Tabela 16: Diferena da mdia das recesses dos elementos com e sem sensibilidade.

    Tabela 15: Diferena da mdia das recesses associadas a presena ou no contato prematuro durante RC.

    *Teste T de Student (p0,05)

    *Teste T de Student (p0,05)

  • 52

    Alinhamento

    Dentrio

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Alinhado 123 1,74 0,711 -0,048 0,962

    Desalinhado 12 1,75 0,622

    Ao observarmos a mdia das recesses dos dentes que apresentavam uma mucosa

    ceratinizada categorizada como normal (1,59mm) observamos que o seu valor menor do que

    a mdia das recesses que apresentavam uma mucosa pequena (1,95mm) (Tabela 18). Ao

    aplicarmos o teste t de Student foi encontrada uma diferena significativa para esses valores

    (p=0,004). Isto significa dizer que aqueles dentes que possuem recesso e que esto presentes

    em uma mucosa reduzida apresentaram recesses de maior amplitude.

    Mucosa

    Ceratinizada

    N Mdia (mm) D.P. Valor de t p*

    Normal 79 1,59 0,631 2,950 0,004

    Pequena 56 1,95 0,749

    Para associao do Tipo do Periodonto com o grau das recesses foi realizada uma

    anlise de varincia (ANOVA) para observao dos valores mdios. Constatamos uma mdia

    crescente da recesso a medida que o tipo do periodonto assumia caractersticas mais frgeis,

    uma associao significativa (P=0,033) pode ser constatada (Tabela 19).

    Tabela 18: Diferena da mdia das recesses dos elementos com mucosa categorizada como normal e pequena.

    Tabela 17: Diferena da mdia das recesses dos elementos alinhados e desalinhados.

    *Teste T de Student (p0,05)

    *Teste T de Student (p0,05)

  • 53

    Tipo do

    Periodonto

    N Mdia (mm) D.P. F p*

    Tipo 1 40 1,58 0,594

    3,001 0,033 Tipo 2 26 1,96 0,720

    Tipo 3 38 1,61 0,595

    Tipo 4 31 1,94 0,854

    Quando passamos a avaliar todo o conjunto de dentes examinados e no apenas

    aqueles que possuam recesso gengival, observamos que existiu uma diferena significativa

    com relao ao ndice de sangramento gengival entre os dentes que possuam recesso e

    aqueles que no possuam (p=0,006) (Tabela 20). Essa diferena tambm foi significativa

    quando relacionamos com os distrbios oclusais (Tabela 21). Aqueles dentes que

    apresentavam recesso possuam uma mdia maior de contatos anormais atuando sobre eles,

    e isto foi significativamente mais representativo do que o sangramento gengival (p=0,002). A

    mdia do ndice de placa no apresentou diferena (Tabela 22).

    Recesso N Mdia D.P. Valor de t p*

    Sim 135 5,99 5,03 -2,754 0,006

    No 423 4,20 4,68

    Tabela 19: Diferena da mdia das recesses de acordo com o Tipo do Periodonto.

    Tabela 20: Diferena da mdia do ndice gengival associado presena ou no de recesso.

    *ANOVA (p0,05)

    *Teste T de Student (p0,05)

  • 54

    Recesso N Mdia D.P. Valor de t p*

    Sim 135 0,52 0,860 -3,203 0,002

    No 423 0,27 0,602

    Recesso N Mdia D.P. Valor de t p*

    Sim 135 46,51 24,081 0,182 0,885

    No 423 46,94 23,884

    Tabela 21: Diferena da mdia dos distrbios oclusais associado presena ou no de

    recesso.

    Tabela 22: Diferena da mdia do ndice de placa associado presena ou no de

    recesso.

    *Teste T de Student (p0,05)

    *Teste T de Student (p0,05)

  • DISCUSSO

  • 56

    6 DISCUSSO

    A recesso gengival apresenta etiologia multifatorial, com a combinao de diversas

    variveis. Entre as variveis destacam-se o biofilme bacteriano dentrio, caractersticas

    anatmicas, que podem estar associadas ao posicionamento dentrio e que so constitudas

    pelas dimenses sseas e mucogengivais locais, sendo a espessura da gengiva marginal de

    extrema importncia, alm da ocluso traumatognica. Existem controvrsias entre os autores

    em relao que fatores esto mais fortemente associados as recesses49.

    Durante a reviso da literatura observou-se que, alm da importante atuao etiolgica

    do biofilme bacteriano dentrio, a recesso gengival se apresenta como uma condio de

    etiologia multifatorial18, embora o fator predominante em determinada rea seja impossvel de

    ser identificado41.

    Os resultados apresentados nesta pesquisa se aproximaram consideravelmente dos

    disponveis na literatura, mostrando uma relao positiva entre as variveis estudadas e as

    recesses gengivais. Na maioria das anlises comparamos a mdia do valor da recesso dos

    elementos dentrios com as variveis independentes analisadas, no entanto apenas a

    quantidade de mucosa ceratinizada e o tipo do periodonto se mostraram estatisticamente

    significantes, evidenciando a dificuldade de se estabelecer um fator que seja efetivamente

    predominante na causa das recesses.

    Dos 558 dentes avaliados 24,1% apresentaram recesso gengival igual ou superior a

    1mm, nmero sensivelmente superior ao encontrado por Valle46, que examinou uma

    populao semelhante em termos de caractersticas biolgicas e sociais, onde dos 660 dentes

    examinados, 14,2% mostraram recesso gengival.

    Tambm no estudo de Valle46, 71,3% das recesses encontravam-se em dentes

    posteriores e 28,7 em dentes anteriores, dados bem semelhantes aos achados desta pesquisa

    que encontrou 80,2% das recesses nos elementos dentrios posteriores e 19,8% nos dentes

    anteriores.

    Todas as recesses gengivais analisadas neste trabalho foram classificadas como sendo

    Classe I de Mller, provavelmente devido a pouca idade dos participantes, o que corrobora

    com o encontrado por Mariner25, que em seu trabalho descreveu que a prevalncia, extenso e

    severidade desta condio clnica aumentava com o avano da idade. As recesses classe I

    foram as mais freqentes, mas houve um aumento gradual das recesses classe III e IV

    medida que indivduos mais idosos foram avaliados.

  • 57

    Quando observamos a distribuio da recesso gengival nos grupos de dentes foi

    revelada uma predominncia dos primeiros pr-molares com 30,4%. Essa informao

    corresponde mesma encontrada em diversos artigos analisados22, 42, 24, 46, 14. Le22 ao

    investigar, 565 universitrios noruegueses constatou que 63% dos indivduos na faixa dos 20

    anos j apresentavam recesses gengivais, estando confinadas quase inteiramente na face

    vestibular dos pr-molares e molares superiores e inferiores. Nos exames realizados por Solnit

    e Stambaugh42 foi revelada uma a maior freqncia de interferncias no lado de trabalho nos

    dentes superiores com recesso. Este fato aconteceu mais freqentemente nos primeiros pr-

    molares e primeiros molares, os quais apresentavam posicionamento no arco dentrio que Ihes

    permitiam apenas movimentos em direo vestibular, alm de na maxila o osso palatino ser

    mais denso e inflexvel do que o osso vestibular. Segundo estes mesmos autores as

    caractersticas anatmicas dentrias tambm so capazes de justificar a maior ocorrncia de

    recesso nos primeiros pr-molares superiores comparado aos segundos pr-molares, uma vez

    que naqueles a cspide vestibular mais longa, favorecendo a ocorrncia de interferncia

    oclusal. Ainda evidenciando uma maior freqncia de acometimento dos pr-molares com

    recesso gengival, Valle46 observou que os primeiros pr-molares mostraram maior incidncia

    25,5%, assim como na pesquisa de Lopes24, que encontrou valores ainda maiores, chegando a

    49,74%, desse grupo de dentes acometido por recesso gengival.

    No podemos separar a ocorrncia das recesses gengivais da presena de placa

    bacteriana e de sangramento gengival que nos da uma idia da inflamao presente nos stios

    avaliados. Encontramos uma mdia do ndice de placa nos pacientes examinados de 48,01%,

    e de sangramento gengival de 6,01%. Quando comparamos a mdia das recesses nos dentes

    com presena de placa ou sangramento, no encontramos diferenas significativas (p=0,428)

    e (p=1,000) respectivamente. No entanto ao avaliarmos o ndice sangramento, comparado as

    mdias dos dentes com recesso e com sangramento 3,60%, encontramos valores mdios de

    recesso de 1,88mm, maiores que naqueles stios onde o sangramento era < 3,60% mdia de

    1,66mm de recesso, chegando muito prximo de apresentar um nvel de significncia

    estatstica (p=0,053). Achados semelhantes foram observados nos estudos de Parffit e Mjr38

    onde foi demonstrado que nos dentes em que havia maior dificuldade de higienizao, houve

    maior acmulo de biofilme bacter