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1 Comunidade Virtual de Aprendizagem e de Prática e o Hip Hop Autoria: Daniel Roberto Carnecine de Oliveira, Tania Pereira Christopoulos Resumo Este artigo tem como objetivo identificar se há a necessidade de criação de novos elementos para integrar os membros do movimento Hip Hop do Brasil, utilizando-se as funcionalidades presentes nas comunidades virtuais de aprendizagem e de prática. Para tanto, foi elaborada uma revisão teórica abordando os temas comunidade de prática, comunidade de aprendizagem e comunidade virtual de aprendizagem e de prática. Como abordagem metodológica, foi elaborada uma análise preliminar das características da comunidade virtual Hip Hop, com base em pesquisa bibliográfica e em observação. Posteriormente foi efetuado um levantamento junto à Comunidade virtual Hip Hop, freqüentada por membros do Brasil, a fim de se conhecer a percepção dos mesmos sobre a necessidade de se comunicarem por meio de uma nova ferramenta de colaboração. Os resultados da análise preliminar demostraram que a comunidade virtual existente carece de características que viabilizem maior participação dos seus membros e o resultado do levantamento demonstrou que a maioria dos membros sente a necessidade de adequação da atual comunidade virtual de Hip Hop para ampliar o movimento além das suas fronteiras, possibilitando maior integração entre os participantes da comunidade de todo o país. A conclusão é que há necessidade de maior integração dos membros da comunidade de Hip Hop e de que essa integração pode ser possibilitada pela criação de uma comunidade virtual que incorpore elementos de uma típica comunidade virtual de aprendizagem e de prática, como ferramentas de colaboração que contribuam para gerar aprendizagem. INTRODUÇÃO Hip Hop é um movimento cultural que se originou no mundo, ao final da década de 60, como reação aos conflitos sociais e à violência sofrida pelas classes desfavorecidas da sociedade urbana. Destaca-se por ser uma cultura das ruas, um movimento de reivindicação, de espaço e de voz das periferias das cidades, traduzido nas letras questionadoras e agressivas, e nas imagens grafitadas pelos muros das cidades e por grupos de dança. No Brasil sua origem ocorre no início da década de 80, com manifestações isoladas da cultura Hip Hop. Atualmente, esse movimento revela-se como ferramenta de integração social e de socialização de jovens dentro de sua comunidade. No entanto, a integração ocorre, predominantemente, apenas em âmbito local, sem extrapolar as fronteiras dos bairros. Algumas vezes, os membros realizam reuniões e eventos que integram comunidades de outras cidades ou bairros, mas a freqüência desses eventos é de apenas duas a três vezes por ano. Segundo Furtado, Machado e Tolentino (2004), as comunidades virtuais são resultados das experimentações comunitárias que os indivíduos realizam na busca da satisfação de seus desejos e necessidades e na superação de relações que consideram opressivas por lhes privarem de algo que percebem não ser privado a outros. Por se formarem principalmente a partir de processos comunicativos on-line, essas comunidades instituem um território simbólico e não um território físico, já que seus membros se agregam em torno de interesses comuns desprovidos de limites que não são exclusivamente territoriais. As comunidades virtuais de aprendizagem e de prática vão mais além, pois unem os indivíduos à medida que contribuem para formação e alteração de suas identidades, enquanto os mesmos aprendem, compartilhando uma prática comum (LAVE; WENGER, 1991). Assim, elementos que viabilizem a aprendizagem e a prática podem ser incorporados às comunidades

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Comunidade Virtual de Aprendizagem e de Prática e o Hip Hop

Autoria: Daniel Roberto Carnecine de Oliveira, Tania Pereira Christopoulos Resumo Este artigo tem como objetivo identificar se há a necessidade de criação de novos elementos para integrar os membros do movimento Hip Hop do Brasil, utilizando-se as funcionalidades presentes nas comunidades virtuais de aprendizagem e de prática. Para tanto, foi elaborada uma revisão teórica abordando os temas comunidade de prática, comunidade de aprendizagem e comunidade virtual de aprendizagem e de prática. Como abordagem metodológica, foi elaborada uma análise preliminar das características da comunidade virtual Hip Hop, com base em pesquisa bibliográfica e em observação. Posteriormente foi efetuado um levantamento junto à Comunidade virtual Hip Hop, freqüentada por membros do Brasil, a fim de se conhecer a percepção dos mesmos sobre a necessidade de se comunicarem por meio de uma nova ferramenta de colaboração. Os resultados da análise preliminar demostraram que a comunidade virtual existente carece de características que viabilizem maior participação dos seus membros e o resultado do levantamento demonstrou que a maioria dos membros sente a necessidade de adequação da atual comunidade virtual de Hip Hop para ampliar o movimento além das suas fronteiras, possibilitando maior integração entre os participantes da comunidade de todo o país. A conclusão é que há necessidade de maior integração dos membros da comunidade de Hip Hop e de que essa integração pode ser possibilitada pela criação de uma comunidade virtual que incorpore elementos de uma típica comunidade virtual de aprendizagem e de prática, como ferramentas de colaboração que contribuam para gerar aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Hip Hop é um movimento cultural que se originou no mundo, ao final da década de 60, como reação aos conflitos sociais e à violência sofrida pelas classes desfavorecidas da sociedade urbana. Destaca-se por ser uma cultura das ruas, um movimento de reivindicação, de espaço e de voz das periferias das cidades, traduzido nas letras questionadoras e agressivas, e nas imagens grafitadas pelos muros das cidades e por grupos de dança.

No Brasil sua origem ocorre no início da década de 80, com manifestações isoladas da cultura Hip Hop. Atualmente, esse movimento revela-se como ferramenta de integração social e de socialização de jovens dentro de sua comunidade. No entanto, a integração ocorre, predominantemente, apenas em âmbito local, sem extrapolar as fronteiras dos bairros. Algumas vezes, os membros realizam reuniões e eventos que integram comunidades de outras cidades ou bairros, mas a freqüência desses eventos é de apenas duas a três vezes por ano.

Segundo Furtado, Machado e Tolentino (2004), as comunidades virtuais são resultados das experimentações comunitárias que os indivíduos realizam na busca da satisfação de seus desejos e necessidades e na superação de relações que consideram opressivas por lhes privarem de algo que percebem não ser privado a outros. Por se formarem principalmente a partir de processos comunicativos on-line, essas comunidades instituem um território simbólico e não um território físico, já que seus membros se agregam em torno de interesses comuns desprovidos de limites que não são exclusivamente territoriais.

As comunidades virtuais de aprendizagem e de prática vão mais além, pois unem os indivíduos à medida que contribuem para formação e alteração de suas identidades, enquanto os mesmos aprendem, compartilhando uma prática comum (LAVE; WENGER, 1991). Assim, elementos que viabilizem a aprendizagem e a prática podem ser incorporados às comunidades

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virtuais, transformando-as em espaços de compartilhamento de conhecimento e, portanto, de integração de grupos sociais.

Com base nessas informações, acredita-se que existe a necessidade da criação de ferramentas que possibilitem a integração dos membros da comunidade Hip Hop em âmbito nacional, a princípio, e posteriormente em âmbito global, quando a barreira da língua puder ser vencida.

A fim de confirmar esse pressuposto e oferecer uma contribuição para a integração da comunidade Hip Hop Brasil, o objetivo deste trabalho é avaliar se existe a necessidade da criação de novos elementos para integrar os membros da comunidade Hip Hop do Brasil, utilizando-se as funcionalidades típicas de comunidades virtuais de aprendizagem e de prática, conforme propostas por Wenger (1998b). Este artigo é composto pela introdução, pela fundamentação teórica na qual serão abordadas as características das comunidades virtuais de aprendizagem e de prática, pela abordagem metodológica, pelas considerações finais e, por fim, pelas referências bibliográficas.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Definição de Comunidade de Prática (CoPs)

O termo “comunidade de prática” foi cunhado por Lave e Wenger em 1991, que o

definiu como “um conjunto de relações entre pessoas, atividades e mundo no decorrer do tempo e em relação com outras comunidades tangenciais ou justapostas” (LAVE; WENGER, 1991).

Mitchell (2002) define que comunidades de prática são grupos de pessoas que dividem uma preocupação, um conjunto de problemas ou uma paixão a respeito de algum tema e aprofundam seu conhecimento e experiência sobre ele, por meio da interação contínua.

Lesser e Storck (2001) afirmam que uma Comunidade de Prática pode ser conceituada como um grupo cujos membros estão comprometidos em compartilhar o aprendizado, baseados em um interesse comum. Lesser e Prusak (1999) conceituam Comunidades de Prática como agrupamentos informais ou redes de indivíduos que trabalham juntos, dividindo conhecimentos, compartilhando problemas comuns, histórias e frustrações.

Wenger, Mcdermott e Snyder (2002) afirmam que para que uma comunidade de prática seja assim caracterizada, é necessário que a mesma apresente três dimensões, sendo essas: o domínio de conhecimento, o repertório compartilhado e a construção de relacionamentos. O domínio de conhecimento leva a um empreendimento negociado, pois se caracteriza por interpretações comuns em relação a um determinado assunto, responsabilidade mútua, ritmos e respostas locais. O repertório compartilhado compreende histórias, artefatos, estilos, ferramentas, eventos históricos, discursos e conceitos e, por fim, a construção de relacionamentos que abrange a diversidade, trabalhos conjuntos, relacionamentos e complexidade social.

Wenger (1998b) destaca a temporalidade e a liderança como elementos fundamentais na criação e sustentação das comunidades de prática. Para o autor, a temporalidade, ou seja, a duração das comunidades está diretamente associada à forma como as comunidades passam de um estágio a outro. Nos vários estágios de desenvolvimento das comunidades de prática, os membros apresentam diferentes níveis de interação e desempenham diferentes tipos de atividades, sendo esses os fatores que podem contribuir para a continuidade das comunidades.

Outro ponto fundamental destacado por Wenger (1998a) é a liderança, pois a mesma promove o interesse e a motivação para o trabalho em grupo. Lévy (1998) também enfatiza a importância da liderança nas comunidades de prática para a sua manutenção. Esse autor

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define o líder como um animador, ou seja, o líder tem o papel de auxiliar os membros a pesquisar, selecionar e organizar a informação.

Um aspecto também importante para a manutenção das comunidades de prática e bem definido por Henri e Ludgren (2000), é a coesão do grupo, essencial para a colaboração e para o aprendizado dos membros da comunidade. Olivieri (2002); Hernandes e Fresneda (2002) enfatizam que o desenvolvimento da confiança exerce papel de extrema relevância para a coesão do grupo e contribui para que o mesmo amplie a colaboração, extrapolando suas fronteiras.

De acordo com Christopoulos (2008), há características em comum na maioria das comunidades de prática. Essas características são:

Tópicos Abordagem

Condição de existência das CoPs

Existência de um empreendimento comum entre os membros da Comunidade de Prática.

Temporalidade As CoPs passam por várias fases, desde a sua origem, atingindo maturidade podendo, inclusive, perecer.

Grupo de trabalho As CoPs apresentam características diferentes dos grupos convencionais como projetos, por exemplo, pois não estão sujeitas a cronogramas e objetivos tão rígidos como os primeiros.

Trabalho em grupo A condição para o trabalho em grupo é a existência de confiança entre seus membros. Essa confiança irá permitir a realização de um empreendimento comum na CoP. Há também responsabilidade por apoio mútuo.

Cultivo do capital social

A convivência entre os integrantes de uma comunidade, inclusive o estabelecimento de laços de afinidade, é definida a partir de pactos sociais ou padrões de relacionamento, que são construídos e aprofundados pelo capital social.

Utilização de questionamento produtivo

As CoPs geram questionamentos que estimulam a produção e a transformação do conhecimento que suporta a prática. O compromisso com o aprendizado gera novas capacidades e a necessidade de encontrar uma solução para questões ou problemas, relacionados à sua área de prática.

Auto-administração Através de uma estrutura de governança, princípios e convenções consensuados, há liderança compartilhada entre os membros e alguma forma de facilitação.

Quadro 1 - Características comuns às Comunidades de Prática (CHRISTOPOULOS, 2008) Definição de Comunidade de Aprendizagem Para Wenger (1998b), a comunidade de aprendizagem é a base de sustentação de uma comunidade de prática, pois esta última depende da capacidade de se transformar em uma comunidade de aprendizagem para se manter no decorrer do tempo. Segundo Wenger (1998b), para que as Comunidades de Prática se caracterizem como Comunidade de Aprendizagem, é necessário garantir que o aprendizado ocorra conforme os membros adquiram a identidade do grupo e a participação na prática, e que a organização do ensino seja informal. Para manter a intensidade na relação são necessários dois fatores, sendo estes: 1) permitir que novos membros adquiram os conhecimentos e a experiência da comunidade de prática e 2) convidá-los para que tragam sua experiência pessoal, proporcionando um contexto para que novas idéias surjam, por meio de uma forte união entre experiências individuais e o conhecimento comum.

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As comunidades de aprendizagem são formadas pela combinação de três modos de pertencimento dos membros à essas comunidades: engajamento, imaginação e alinhamento (WENGER, 1998b). De acordo com esse autor, o engajamento é o envolvimento ativo nos processos mútuos de negociação de significados, através de histórias compartilhadas de aprendizagem, relacionamentos, interações e práticas comuns. O engajamento é um processo que inclui a formação de trajetórias e a revelação de histórias da prática. Imaginação é o processo de criação de imagens do mundo e a busca de conexões por meio de relações entre espaço e tempo, que vão além da experiência dos indivíduos. Segundo Wenger (1998b), pela imaginação, podemos nos localizar no mundo e na história, além de incluir outros significados, outras possibilidades, outras perspectivas em nossas trajetórias e identidades. O Alinhamento é compreendido como a coordenação da energia e das atividades de um grupo de pessoas, contribuindo para a ampliação e para a execução dos empreendimentos, e ocorre por meio dos discursos, coordenação de empreendimentos, por estilos próprios e pela submissão a outros.

Os três elementos em conjunto (engajamento, imaginação, alinhamento) são considerados, por Wenger (1998b), os componentes essenciais de uma infra-estrutura viabilizadora da aprendizagem nas comunidades de aprendizagem e de prática, e cada um deles requer um conjunto de facilidades, que serão apresentadas no tópico análise de resultados.

Definição de Comunidade Virtual de Aprendizagem e de Prática

Este tópico apresenta o conceito de comunidade virtual e identifica as diferenças entre uma simples comunidade virtual e uma comunidade virtual de aprendizagem e de prática.

Furtado, Machado e Tolentino (2004) enfatizam que o conceito de comunidade virtual pressupõe interação entre seus membros e, nesse sentido diferenciam uma comunidade virtual de seu suporte tecnológico. Nesse sentido, um canal de IRC, o tópico de uma lista de discussão, uma sala de chat, ou qualquer serviço on-line em que pessoas que não possuem quaisquer relações entre si e cujo único ponto comum é a busca do serviço, não pode ser considerada uma comunidade virtual. Vários fotologs que são hospedados na Internet não formam, por si mesmos, uma comunidade virtual, porém um conjunto de alguns deles pode ser considerado uma comunidade virtual. Para Furtado, Machado e Tolentino (2004), a interação gera pertencimento e o pertencimento gera a permanência, o que é de extrema relevância para a sustentação das comunidades virtuais. Nas comunidades virtuais o que une os membros não é o território, mas a identificação com a comunidade, com seus interesses.

Essa identificação é ampliada quando se tratam de comunidades virtuais de aprendizagem e de prática. Nessas comunidades, não somente a identidade individual pode contribuir para a consolidação da comunidade, mas também a identidade do grupo (WENGER, 2001). A identidade do grupo é relativamente fluída e instável, o que se justifica pelas inter-relações recíprocas com a imagem que o grupo passa para o mundo externo (GIOIA; SCHULTZ; CORLEY, 2000).

O efeito de identificação do indivíduo com a comunidade se consolida porque as comunidades virtuais de aprendizagem e de prática utilizam um modelo que prevê a participação de aprendizes em trabalho colaborativo, com outros que tenham objetivos similares, com a finalidade de construir um contexto de uma comunidade que suporta suas necessidades e os estimula a sua trajetória de aprendizado (ROGOFF, 1990; ROTH, 1998; SCARDAMALIA; BEREITER, 1993).

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Fisher (2002); Dillenbourg (1999), Bernard e Lundgren (2001) e Ellis e Cohen (2001) enfatizam que há a necessidade de se criar um ambiente para a aprendizagem nas comunidades virtuais, o qual motive a participação dos usuários, uma vez que há o constante problema da distância e do freqüente desconhecimento quanto a quem são os participantes das redes virtuais. Algumas das estratégias citadas pelos autores para motivar os usuários são o incentivo à comunicação freqüente e o incentivo à reflexão e à aplicação prática de conhecimentos adquiridos na comunidade. Adotando-se essas estratégias, pode-se transformar simples comunidades virtuais em comunidades de aprendizagem e de prática.

A transformação de comunidades virtuais em comunidades virtuais de aprendizagem e de prática pode ser efetivada por meio da aplicação do modelo proposto por Wenger (1998b), que incorpora os três modos de pertencimento a uma comunidade (engajamento, imaginação, alinhamento). Esse modelo foi apresentado no tópico anterior e será detalhado e exemplificado na apresentação dos resultados.

ABORDAGEM METODOLÓGICA

Os métodos de coleta de dados foram a pesquisa bibliográfica e a observação de

experiências práticas do problema pesquisado, complementados pelo levantamento da percepção dos membros quanto à necessidade de novas funcionalidades para a comunidade, que possibilitem o seu desenvolvimento.

A observação participante foi necessária a fim de se identificar quais características de uma típica comunidade de aprendizagem e de prática estavam presentes na comunidade virtual de Hip Hop (Cultura Hip Hop).

O levantamento foi executado com o objetivo de se conhecer a percepção dos membros da comunidade a respeito da necessidade de implantação de novas funcionalidades na comunidade virtual que a aproximassem do conceito de uma comunidade de aprendizagem e de prática. Segundo Appolinário (2004), o levantamento tem o objetivo de verificar o estado atual do estudo em questão. É o tipo mais simples de pesquisa e consiste na coleta de dados seguida de descrição através das técnicas da estatística descritiva.

Com o objetivo de coletar os dados para o levantamento, foi utilizado um questionário de escala simples, no qual o entrevistado respondeu a questões com as alternativas: sim, não ou não sei. O questionário foi composto por 15 questões e foi enviado para a comunidade do Orkut, utilizando-se a própria comunidade como meio, com uma explicação sobre o objetivo da pesquisa, bem como, o caráter voluntário da participação. O conteúdo das questões é apresentado na análise de resultados. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A análise a seguir foi elaborada a partir de informações presentes na comunidade virtual existente no Orkut.

As origens do Hip Hop estão na participação de seus membros na comunidade de prática presencial, pois seus representantes desenvolvem atividades, como por exemplo, a Semana do Hip Hop e as Oficinas de Hip Hop. A semana Hip Hop de 2007, por exemplo, abordou o tema "Brasil-África e suas identidades". As palestras versaram sobre desenvolvimento étnico, auto-gestão e economia solidária. Também contaram com apresentações de DJs com percussão, exposição de trabalhos de grafite, apresentações de dança de rua e de dança africana, além de um sarau literário dirigido a rimadores.

Em adição à integração existente na comunidade presencial, o movimento apresenta uma extensão em uma comunidade virtual do ORKUT, denominada “Cultura Hip Hop”. Essa

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comunidade tem aproximadamente 245.000 membros, cuja participação é pouco relevante em relação ao seu potencial.

Segundo Wenger (1998b), um modelo ideal de aprendizagem deve apresentar infra-estruturas com características facilitadoras, para os três modos de se pertencer a uma comunidade (engajamento, imaginação e alinhamento). Para suportar o primeiro modo de pertencimento, o modelo apresenta uma infra-estrutura de engajamento, que deve incluir facilidades de reciprocidade, competência e continuidade. Para o modo de imaginação, uma infra-estrutura de imaginação deve considerar as facilidades de orientação, reflexão e exploração. E por último, para o modo de alinhamento, uma infra-estrutura de alinhamento deve incluir facilidades de convergência, coordenação e de decisão coletiva.

Para o movimento Hip Hop ser caracterizado manter como uma comunidade virtual de aprendizagem e de prática é fundamental conter as facilidades de aprendizagem acima citadas. Utilizando-se o modelo proposto por Wenger (1998b), verifica-se que a comunidade “Cultura Hip Hop” existente no ORKUT apresenta algumas funcionalidades típicas de uma comunidade de prática, mas muitas dessas funcionalidades encontram-se, muitas vezes, apenas parcialmente presentes, conforme quadro abaixo:

Modo de

Pertencimento - Engajamento

Tipo de Facilidade

Grau de adoção

da funcionalidade

Exemplos

1. Facilidades interacionais, como espaços físicos e virtuais, tecnologias que estendem o acesso recíproco no tempo e espaço..

A interação ocorre nos espaços virtuais, nos quais os participantes podem apresentar opiniões, mas poucos opinam. Há poucas reuniões presenciais

2. Tarefas conjuntas, que são atividades em grupo e disponibilidade para ajuda

Ausência de tarefas conjuntas, como atividades em grupo, tanto presenciais como virtuais e, e a disponibilidade de ajuda não é freqüente.

Facilidades de Reciprocidade

3. Localização periférica: encontros entre fronteiras, maneiras de pertencimento, participação periférica, pontos de entrada, encontro casuais

Há muitos membros cadastrados na comunidade, mas há baixa participação, pois a maioria é apenas simpatizante e apenas observa.

1. Iniciativa, atividades que induzem ao conhecimento de engajamento, ocasiões para desenvolver soluções e tomar decisões.

Possibilita apenas discussões que induz ao conhecimento e ao engajamento, mas as tecnologias não possibilitam a tomada de decisões.

2. Responsabilidade: ocasiões para exercer julgamentos, negociação para empreendimento mútuo.

Expressam responsabilidade ao emitirem opiniões nos tópicos, mas não há aplicação das opiniões.

Facilidades de Competência

3. Ferramentas: artefatos de suporte às competências, discursos, conceitos e delegação de facilidades

Ausência de ferramentas para delegar

atividades e para estimular novas competências. Há apenas discussões.

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Modo de Pertencimento -

Engajamento Tipo de Facilidade

Grau de adoção

da funcionalidade

Exemplos

1. Memória reificativa, ou seja, reposítórios de informação e documentação e mecanismos para a busca de informação

A memória reificativa é expressa apenas no histórico dos fóruns, mas não há softwares de repositórios de informação Facilidades de

Continuidade 2. Memória participativa, que resultam encontros entre diferentes gerações, como o do ato de contar histórias.

Ausência de memória participativa, pois apenas discutem sobre temas atuais.

Modo de

Pertencimento - Imaginação

Tipo de Facilidade Grau de adoção

da funcionalidade Exemplos

1. Localização no espaço: reificação das constelações através de mapas e outras ferramentas de visualização.

Há localização no espaço através do sistema de busca de nomes do Orkut .

2. Localização no tempo: trajetórias de longo alcance, doutrinas, museus.

A localização no tempo é possível apenas quando se realiza uma busca nos fóruns da comunidade.

3. Localização nas idéias: explicações, estórias, exemplos.

Há localização nas idéias: histórias e explicações encontram-se de forma simples nos tópicos e há também o jogo de rimas, que conta histórias da comunidade.

Facilidades de Orientação

4. Localização no poder, gráficos, transparência processual.

Há pequenas enquetes na comunidade, que estão disponíveis aos membros.

1. Modelos e representações de padrões.

Ausência de modelos e representações de padrões para atuação. Exemplo: modelo de compartilhamento de práticas (formulários, etc) e de facilitação da aprendizagem. Facilidades de

Reflexão 2. Facilidades para comparações com outras práticas; conversações; retiradas; licenças e outras quebras de ritmo

Ausência de facilidade para comparações com outras práticas, como exemplo, o Hip Hop com MPB.

1.. Oportunidades e ferramentas para testar oportunidades externas.

Apresenta oportunidade e ferramentas para testar oportunidades externas, como a possibilidade de inclusão de novas letras de músicas.

Facilidades de Exploração

2. Previsão de possibilidades e trajetórias futuras.

Há possibilidades de trajetórias futuras como a participação em outras posições de liderança.

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Modo de Pertencimento -

Imaginação Tipo de Facilidade

Grau de adoção da funcionalidade Exemplos

3. Criação de cenários alternativos, protótipos; jogos e simulações.

Há possibilidades de criação de cenários alternativos., por exemplo, o Beat Box, letras de músicas e de jogos de rimas.

Modo de

Pertencimento - Alinhamento

Tipo de Facilidade

Grau de adoção da funcionalidade

Exemplos

1. Foco, causa ou interesse comum.

O interesse comum é expresso no tema compartilhado pelas letras das músicas, mas ainda há pouca participação.

2. Direção, visão. Há lideranças na comunidade que são

os criadores, porém não são efetivos para desenvolvê-la.

3. Entendimento mútuo, credo, valores, princípios.

O entendimento mútuo é parcial, pois muitas vezes há necessidade do moderador intervir e apagar tópicos.

Facilidades de Convergência

4. Lealdade, liderança, fontes de inspiração, persuasão.

Apresenta lealdade, liderança e fontes de inspiração.

1. Padrões e métodos, processos, procedimentos, planos, prazos e agendas.

Os procedimentos são definidos pela restrições do Orkut, mas não há métodos definidos pela própria comunidade.

2. Divisão de trabalho

Ausência de divisão de trabalho, pois não há lideranças engajadas em cada elemento ( Break, MC, DJ e Graffiti)

Facilidades de Coordenação

3. Estilos e discursos

Apresenta estilos e discursos, por exemplo, uso da gíria.

1. Comunicação: transmissão de informação, propagação da descoberta, renegociação

Há comunicação, porém somente por meio do fórum da comunidade

2. Facilidades de fronteira: práticas de fronteiras, brokers, objetos de fronteira, suporte para pluripentencimento.

Na comunidade Cultura Hip Hop, há links para outras comunidades de interesse da cultura Hip Hop. Ex. Racionais Mc

Facilidades de Decisão

3. Facilidade de Feedback: coleção de dados, relatórios, medidas.

Ausência de facilidades de Feedback entre membros e líderes.

Quadro 2 - Facilidades de Aprendizagem aplicadas à comunidade “Cultura Hip Hop” de acordo com Wenger (1998b)

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Legenda

Funcionalidade inexistente

Funcionalidade existente, mas ainda insipiente

Funcionalidade existente e plenamente adotada

Quadro 3 – Legenda

Verifica-se no quadro 2 que a comunidade do Orkut, “Cultura Hip Hop”, apresenta funcionalidades típicas das comunidades virtuais de aprendizagem e de prática, mas muitas são ainda parcialmente adotadas ou simplesmente não existem na comunidade. Dessa forma, a comunidade “Cultura Hip Hop” pode ser definida como uma comunidade virtual de aprendizagem e de prática de acordo com Wenger (1998b), mas ainda em estágio potencial, ou seja, em um estágio em que os membros do grupo estão se reconhecendo para o efetivo compartilhamento de uma prática. Sendo assim, se as funcionalidades identificadas não forem desenvolvidas, a comunidade virtual do Hip Hop existente no Orkut tende a ser apenas uma comunidade virtual de interesse, pois não há ferramentas suficientes para estimular a participação e as pessoas apenas participam quando lhes convém (FURTADO, MACHADO E TOLENTINO, 2004). Análise do questionário

O questionário foi composto por 14 questões. Foram elaboradas questões relativas:

1)às ferramentas virtuais ou suportes virtuais desejados e necessários para o aperfeiçoamento da comunidade “Cultura Hip Hop”; 2) à importância de uma liderança descentralizada para cada elemento (Break, Graffite, MC, DJ) do movimento Hip Hop; 3) à associação com outros estilos culturais; 4) à interferência da participação na comunidade na vida privada dos membros e 5) à disponibilidade e compartilhamento de informações para desenvolvimento do aprendizado informal e à necessidade da comunidade oferecer cursos virtuais que propiciassem maior aprendizado formal .

O questionário foi respondido por 35 sujeitos. Segundo Hair (1998), uma análise de freqüência pode ser realizada desde que haja, pelo menos, a resposta de 30 sujeitos. Todavia, sugere-se que estudos futuros ampliem a base de sujeitos entrevistados, a fim de que se possam analisar outras variáveis presentes ou ausentes nas comunidades virtuais de aprendizagem e de prática.

A análise dos dados baseou-se na avaliação da freqüência de fenômenos relevantes para a pesquisa, conforme se verifica abaixo. A cada dois gráficos apresentados, realiza-se a análise.

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1- Verifica-se que 88% concordaram sobre a necessidade da comunidade ter um

suporte como o chat, contra apenas 9%, que discordaram. De acordo com Guimarães (2004), programas de bate-papo sinalizam a presença de seus usuários no ciberespaço para todos que os têm em uma lista de contato, permitindo troca de mensagens, transferência de arquivos e várias outras possibilidades.

2- Em relação à questão se o chat ajudaria na relação com os membros da cominidade, 83% concordaram que ajudaria, contra 17%, que discordaram. De acordo com Guimarães (2004), as descrições textuais de pessoas, como no caso de sistemas baseados em texto (tais como IRC, MUD ou web chat), também podem ser considerados "avatares" na medida em que permitem uma presença corporificada em ambientes de sociabilidade on-line.

3- Quanto à comunidade ter um fórum, 83% concordaram que há necessidade de um fórum na comunidade, contra apenas 11%. De acordo Guimarães (2004), o fórum é um local para resolução de problemas e discussão de questões de natureza "técnica".

4- Quase a totalidade, ou seja 91%, concordaram que a comunidade deveria divulgar eventos sobre o movimento Hip Hop pelo Brasil, contra apenas 6%. De acordo com Wenger (1998b), são facilidades de decisão, no que tange à comunicação, à transmissão de informação, à propagação da descoberta e à renegociação.

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5- Identifica-se que 43% gostariam que a comunidade interagisse com outros

estilos, 20% não gostariam, e 37% não souberam responder. De acordo com Wenger (1998b), esta questão refere-se à facilidade de reflexão, no tópico que tange às facilidades para comparações com outras práticas, conversações, retiradas, licenças e outras quebras de ritmo.

6- Em relação à comunidade trocar experiências com outros grupos de Hip Hop no Brasil e no Mundo, 97% concordam com essa interação. De acordo com Furtado, Machado e Tolentino (2004), a interação ajuda a instituir um território simbólico, agregando membros em torno de interesses comuns, desprovidos da delimitação territorial.

7- Quanto à necessidade de uma liderança para estimular os membros, a maioria, ou seja 51%, concordaram que a comunidade precisa de um lider, 29% é contra e 20% não souberam responder. De acordo com Wenger (1998b), a liderança é fundamental para a manutenção da comunidade.

8- A maioria, ou seja 63%, concordaram que o papel da liderança irá ajudar a integrar e organizar o movimento Hip Hop disperso no país, apenas 29% demonstram-se contra e 8% não souberam responder. De acordo com Lévy (1998), o líder tem o papel em auxiliar os membros a pesquisar, selecionar e organizar a informação.

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9- Quanto à promoção, 88% concordaram que a comunidade necessita de uma

liderança para promover enventos, apenas 9% demonstraram-se contra e 3% não souberam responder. Wenger (1998b) e Lévy (1998) enfatizam a importância do papel do líder na comunidades.

10- Verifica-se que 57% concordaram com a necessidade de uma liderança para cada elemento do movimento Hip Hop, 14% não concordaram e 29% não souberam responder. Além de destacar novamente a importância da liderança, a questão reforça a necessidade da divisão de trabalho (Wenger, 1998b).

11- Identifica-se que apenas 37% concordaram que se os elementos do movimento Hip Hop fossem separados as decisões seriam facilitadas. 11% não concordaram e a maioria não soube responder, ou seja 52%. Esse resultado evidencia a baixa participação dos membros na comunidade. Seguindo os pressupostos de Wenger (1998b), esses dados identificam que a comunidade não gera responsabilidade.

12- Verifica-se que 80% concordaram que participar na comunidade ajuda no aprendizado sobre o movimento, apenas 11% discordaram e 9% não souberam responder. De acordo com Wenger (1998b), uma comunidade só pode ser considerada comunidade de prática e de aprendizagem se ocorrer a aprendizagem entre seus membros.

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13- Identifica-se que a maioria, ou seja 57%, discordaram que a comunidade está

modificando o jeito de ser dos seus membros, sendo que 37% concordaram e apenas 6% naõ souberam responder. De acordo com Wenger(1998b), permitir acesso dos novos membros à competência da Comunidade de Prática significa convidá-los para que tragam sua experiência pessoal, a fim de que incorporem essa competência em suas identidades.

14- Quanto à necessidade da comunidade oferecer cursos, 49% concordaram, 20% discordaram e 31% não souberam responder. De acordo com Wenger(1998b), para que as comunidades de prática se caracterizem como Comunidade de Aprendizagem, é necessário garantir que o aprendizado ocorra conforme os membros adquiram a identidade do grupo e a participação na prática, e que a organização do ensino seja informal.

Considerações Finais

Esta pesquisa é relevante do ponto de vista social, pois a implementação de uma comunidade virtual de aprendizagem e de prática irá facilitar trocas de informações entre as pessoas envolvidas no movimento Hip Hop e também viabilizar a expressão de interesses e reivindicações das camadas da população com baixa renda e carente de serviços sociais.

A finalidade deste estudo foi identificar, essencialmente, a necessidade da criação, ou remodelação das comunidades do movimento Hip Hop. Para analise quanto a necessidade de uma comunidade virtual de prática e de aprendizagem adotou-se, como referência, a estrutura de facilidades do modelo de aprendizagem sugeridas por Wenger (1998b) .

A princípio, analisou-se a comunidade virtual do Orkut, “Cultura Hip Hop”, a fim de se verificar se a mesma apresentava as facilidades sugeridas no modelo de Wenger (1998b).A conclusão foi que a comunidade virtual, “Cultura Hip Hop” apresentou, de forma integral, apenas as seguintes facilidades: localização periférica, ou seja, muitos membros na comunidade e baixa participação, sendo a maioria apenas observadores; interesse comum, entendimento mútuo e estilos e discursos, portanto, ela não está de acordo com a definição de comunidade virtual de prática e aprendizagem em plena atividade, conforme a definição de Wenger (1998b). Trata-se, no entanto de uma comunidade virtual de aprendizagem e de prática em uma fase potencial, na qual seus membros ainda não compartilham suas experiências de forma contínua e não estão totalmente engajados.

Após ser identificada a simplicidade da comunidade e a pouca estrutura, aplicou-se um questionário a fim de se analisarem as necessidades para a criação de uma comunidade virtual de prática e de aprendizagem de Hip Hop.

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O questionário procurou conhecer a necessidade de inclusão de suportes virtuais para a comunidade e identificar se isso contribuiria para a evolução da mesma. Também se procurou conhecer a importância da liderança, se esse fator seria relevante para a união da comunidade e, por fim, foram apresentadas questões sobre a efetividade da aprendizagem na comunidade.

Constata-se que a comunidade virtual Cultura Hip Hop é extremamente simples, com poucos suportes virtuais, insuficientes para contemplar a integração e, principalmente uma participação mais efetiva dos seus membros. Atualmente, a comunidade “Cultura Hip Hop” tem aproximadamente 245.000 membros, dispersos e poucos participativos.

Em relação à necessidade de ferramentas de colaboração, verifica-se que a maioria concorda sobre a necessidade de um suporte técnológico como o chat e um fórum, para melhorar a integração e a relação entre os membros. A existência de um fórum na comunidade elevaria as discussões e o poder decisão dos membros.

Quase a totalidade dos membros concorda que o movimento deve extrapolar as fronteiras locais, podendo ser divulgado em todo o país. Em adição, grande parte dos membros da comunidade gostaria que a comunidade contemplasse facilidades de fronteira, ou seja, há um desejo de que a comunidade interaja com ourtros estilos culturais, compartilhando experiências e gerando aprendizagem.

Quanto à necessidade de uma liderança para motivar os membros, a comunidade parece carecer de um líder para estimular atividades, promover eventos e instigar a participação dos membros da comunidade, dentro e através de suas fronteiras de território.

Por outro lado, os membros valorizam também a existência de lideranças descentralizadas e especializadas para cada grupo do movimento Hip Hop (break, grafite, etc), fortalecendo a divisão do trabalho. Ao mesmo tempo, os membros revelam não saber se essa descentralização de lideranças facilitaria as decisões. Esse desconhecimento pode ser resultado da baixa participação dos membros na comunidade e da convivência com as decisões tomadas no cotidiano.

Importante ressaltar que apesar da comunidade ser caracterizada como uma comunidade de prática em estágio potencial, ou seja que seus membros ainda estejam se reconhecendo e na qual a particpação ainda é baixa, a grande maioria concorda que participar da comunidade ajuda no aprendizado sobre o movimento, mesmo que ainda não reconheçam que esse aprendizado está modificando seu jeito de ser e sua identidade.

Portanto, a partir dos dados obtidos pode-se afirmar que parece haver a necessidade da transformação da comunidades virtual do Hip Hop em uma Comunidade Virtual de aprendizagem e de prática, conforme a definição de Wenger (1998b), para que se possa integrar o movimento Hip Hop existente em todo o Brasil.

Mesmo sabendo que boa parte dos usuários ainda são excluídos digitalmente, a criação de uma Comunidade Virtual de Aprendizagem e de Prática do Hip Hop será um importante passo para consolidar o movimento Hip Hop brasileiro como um movimento sócio-cultural hegemônico encontrado nas periferias do país, contribuindo para aumentar a participação, a integração, a transformação e a aprendizagem dos membros.

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