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1 O advento da automação: reflexos sobre a qualificação, nível de emprego e condições de trabalho Ellen Fonseca de Assis¹ Resumo Este artigo faz uma análise sobre o desenvolvimento contínuo da automação e os reflexos sociais e econômicos que decorrem da mesma. As mudanças, vantagens e desvantagens, ocasionadas pela sua utilizaçao em diversos setores da economia e as controvérsias entre autores.Alguns defedem que a automação tem contribuído para a redução do número de empregos .Outra linha de pensamento diz que apesar de ser capaz de substituir a mão-de- obra humana, as evoluçoes tecnológicas geram muitos empregos em outras áreas, observado que ela exige maior nível de qualificaçao em tarefas como a operação suporte a essas máquinas e os sistemas que são intrínsecos à elas.² Palavras chave: Automação, mercado de trabalho, desemprego estrutural, qualificação. 1. Introdução Sob uma perspectiva histórica o processo de mecanização não muda somente as formas de produção, mas o modo de vida de toda a sociedade. Nesse contexto social, antigos camponeses e artesãos formam uma nova classe de operários. Essas pessoas agora, não possuem mais seus meios de produção e tem como única alternativa de sobrevivência, a venda de sua força de trabalho para o capitalista. Essa relação de dependência se estende até o mundo moderno. Com a constante evolução da automação tornou se em grande parte das vezes, mais vantajoso para o empresário substituir o trabalho humano pelo trabalho automatizado, capaz de obter melhor desempenho e eficiência nas tarefas, reduzindo assim os custos de produção. A confiabilidade e vantagens de produtividade aferida a esses equipamentos têm preocupado parte da sociedade ao longo dos anos. Até que ponto a automatização poderia substituir a mão-de-obra humana e gerar desemprego? Sua utilização poderia em algum aspecto beneficiar o trabalhador? 1 Estudante de Graduação 6º. semestre do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Economia Unifal-mg: [email protected] ²Trabalho realizado em julho de 2011.

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Livro sobre Automação, completo !

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    O advento da automao: reflexos sobre a qualificao, nvel de

    emprego e condies de trabalho

    Ellen Fonseca de Assis

    Resumo Este artigo faz uma anlise sobre o desenvolvimento contnuo da automao e os reflexos

    sociais e econmicos que decorrem da mesma. As mudanas, vantagens e desvantagens,

    ocasionadas pela sua utilizaao em diversos setores da economia e as controvrsias entre

    autores.Alguns defedem que a automao tem contribudo para a reduo do nmero de

    empregos .Outra linha de pensamento diz que apesar de ser capaz de substituir a mo-de-

    obra humana, as evoluoes tecnolgicas geram muitos empregos em outras reas,

    observado que ela exige maior nvel de qualificaao em tarefas como a operao suporte a

    essas mquinas e os sistemas que so intrnsecos elas.

    Palavras chave: Automao, mercado de trabalho, desemprego estrutural, qualificao.

    1. Introduo

    Sob uma perspectiva histrica o processo de mecanizao no muda somente as

    formas de produo, mas o modo de vida de toda a sociedade. Nesse contexto social, antigos

    camponeses e artesos formam uma nova classe de operrios. Essas pessoas agora, no

    possuem mais seus meios de produo e tem como nica alternativa de sobrevivncia, a venda

    de sua fora de trabalho para o capitalista. Essa relao de dependncia se estende at o

    mundo moderno.

    Com a constante evoluo da automao tornou se em grande parte das vezes, mais

    vantajoso para o empresrio substituir o trabalho humano pelo trabalho automatizado, capaz

    de obter melhor desempenho e eficincia nas tarefas, reduzindo assim os custos de produo.

    A confiabilidade e vantagens de produtividade aferida a esses equipamentos tm

    preocupado parte da sociedade ao longo dos anos. At que ponto a automatizao poderia

    substituir a mo-de-obra humana e gerar desemprego? Sua utilizao poderia em algum

    aspecto beneficiar o trabalhador?

    1 Estudante de Graduao 6. semestre do Bacharelado Interdisciplinar em Cincia e Economia Unifal-mg:

    [email protected]

    Trabalho realizado em julho de 2011.

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    2. Anlise histrica dos mtodos de produo

    O processo de evoluo das ferrramentas de trabalho ocorreram antes mesmo da

    Revoluo Industrial. Ao longo do tempo os indivduos inventaram e aprimoraram

    ferramentas com o objetivo de facilitar as tarefas que executavam, tendo em vista que elas

    eram indispensveis sua sobrevivncia. Alm da facilidade, elas possibilitavam ao produtor

    maior controle da qualidade do que produziam.

    O homem possui uma tendncia a procurar recursos que facilitem ou aumentem sua

    produtividade, que agregue eficincia ao seu trabalho.

    A arte de controlar to antiga quanto as necessidades humanas de desenvolver seus prprios sentidos. Mesmo no dispondo de grandes tecnologias, o homem mantinha a

    qualidade em seus artefatos e desenvolvia projetos eficazes direcionados ao controle de

    suas exigncias. (SILVEIRA; SANTOS, 2002)

    necessrio observar que cada inveno utilizada pela sociedade na produo

    causaram conseqncias que tambm abrangeram o modo de vida das pessoas e a organizao

    social do trabalho. Esses reflexos apresentaram vantagens e tambm desvantagens

    determinada parcela da populao.

    At a Idade Mdia as pessoas utilizavam em seus trabalhos ferramentas primitivas, o

    trabalho braal era intenso, com o auxilio de fora animal aravam a terra e faziam o transporte

    de pessoas e mercadorias. Os produtos eram manufaturados e as estruturas de produo

    A revoluo Industrial teve inicio na Inglaterra, em meados do sculo XVIII.

    Caracterizou-se basicamente, pela introduo de mquinas simples que surgiram para a

    substituio da fora muscular pela mecnica e tarefas repetitivas executadas pelo

    homem. Com efeito, essas atividades produtivas passaram por uma evoluo mais

    rpida, dando origem na Inglaterra era Industrial. (SILVEIRA; SANTOS, 2002)

    .

    Com o incio da Revoluo Industrial no sculo XIX, as mudanas tecnolgicas

    aliadas produo ocorreram de forma mais intensa, e em conseqncia disso a sociedade

    sofreu grande reestruturao em seu modo de vida e organizao de trabalho. Esse perodo

    teve como principal caracterstica a separao de classes sociais entre aqueles que dispunham

    de meios de produo como mquinas e fbricas (capitalistas) e a outra classe desprovida de

    qualquer bem de capital (proletariado). A classe que no possua bens de capital, tinha como

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    nico meio de sobrevivncia vender sua fora de trabalho aos capitalistas. A intensa

    mecanizao ocorrida nesse perodo modificou de forma irreversvel o trabalho e junto com

    ele a organizao social.

    [...] a potncia, que j estava sendo produzida pelas mquinas a vapor existentes no

    mundo, e em operao no ano de 1887, foi calculada pelo departamento de

    estatstica, em Berlim, como o equivalente de 200.000.000 cavalos, o equivalente a

    1.000.000.000 de homens, ou, pelo menos, trs vezes a populao ativa da Terra.

    (SILVEIRA; SANTOS, 2002)

    A classe operaria inclua alm produtores rurais, artesos, que possuam

    pequenas oficinas e certo nmero de funcionrios. Esses artesos no tiveram como suportar a

    forte concorrncia. Os grandes capitalistas por possurem mquinas e produo em grande

    escala tinham condies de vender as mercadorias baixo custo. Os artesos no conseguiram

    competir com o grande exercito de capital, suas oficinas sucumbiram.Como operrios as

    habilidades manuais que posuiam se tornaram inteis. Mestres artesos se juntaram a uma

    multido de indivduos para se tornar uma engrenagem da mquina. Os trabalhadores

    incluam mulheres e crianas. Devido a pouca habilidade e maturidade, acidentes infantis

    eram freqentes. Os operrios enfrentavam uma longa jornada de trabalho, alm de possuir

    um salrio que mal era suficiente para comer. Como inicialmente o processo de mecanizao

    no exigia qualificao, ele tornou o trabalhador facilmente substituvel e conseqentemente

    mais susceptvel a explorao.

    [...] estes ainda se achavam presos por contratos longos e inflexveis, como o da

    servido anual dos mineiros de carvo no nordeste, com mais freqncia eram

    forados a render lucros suplementares atravs da compulso no-economica do

    truck (pagamentos em espcie, ou compras foradas em armazns da companhia), ou

    atravs de multas, de maneira geral dominadas por uma lei do contrato, que os

    tornava passveis de priso por abandono de emprego [...] (HOBSBAW, 2000,

    p.113)

    Essa situao gerou revolta entre os trabalhadores que acreditavam que as mquinas

    seriam a razo de trabalharem tanto, visto que elas ditavam o ritmo de produo industrial.

    Surgiram assim movimentos como o lusismo, onde os operrios organizavam grupos que

    invadiam fbricas e depredavam as mquinas como forma de protesto.

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    2. A Evoluo tecnolgica psrevoluao e a mudana na produo no decorrer da historia

    A automatizao de processos e a substituio do trabalho humano sempre foi alvo de

    grandes discusses, muitos acreditam que ela teria uma direta ligao com o aumento do

    desemprego.

    David Ricardo foi um dos primeiros economistas a fazer anlises mais aprofundadas

    sobre o assunto. Em seu livro Princpios de Economia Poltica e Tributao ele traz uma reflexo sobre a maquinaria seus efeitos na economia embora eu acredite no ter publicado nada sobre a maquinaria de que necessite me retratar, j dei meu apoio, por outras formas, a

    concepes que agora penso serem errneas (RICARDO, 1988, p.287). Ricardo descreve em seu livro que pensava que o aumento da produo gerado pela maquinaria proporcionaria

    benefcios a toda sociedade, incluindo a classe trabalhadora. Essa idia se justificaria pela

    seguinte observao de Adam Smith:

    O desejo de alimentos limitado em todos os homens pela pequena capacidade de

    seu estmago, mas o desejo de confortos e de ornamentos nas residncias, roupas,

    carruagens e mobilirio domstico parece ilimitado, ou pelo menos, sem limites

    determinados. (SMITH, 1983 apud RICARDO, 1988).

    Dessa forma a maior mecanizao proporcionaria maiores quantidades de produtos

    para todos. Tornando menor o custo de produo, a maquinaria possibilitaria reduo nos

    preos e de forma decorrente, o acesso dos trabalhadores a maiores quantidades de produtos

    com o mesmo salrio. Ricardo afirma que essa concepo, que defendia anteriormente,

    continua intacta, mas s no que diz respeito a classes dos proprietrios de terras e capitalistas

    estou convencido de que a substituio de trabalho humano por maquinaria freqentemente muito prejudicial aos interesses da classe dos trabalhadores. O autor afirma que a mecanizao, apesar de aumentar o produto liquido do pas, pode contribuir para um

    excedente de mo-de-obra humana. Desse modo a mecanizao somente no contribuiria para

    o desemprego, se sua utilizao aumentasse tanto o produto lquido de um pas de forma em

    que o produto bruto no decrescesse.

    Esses debates se tornam mais evidentes em momentos de crise, onde geralmente h

    um aumento na taxa de desemprego e consequentemente maior reflexo sobre os mtodos de

    produo adotados.

    Esses debates, no entanto, ocorreram por ondas, como que favorecidas pelo ciclo

    econmico. Nesse sentido, em perodos de forte crescimento as teses dominantes

    tenderam a valorizar os efeitos positivos do progresso tcnico. Em contrapartida, em

    perodos de crise e de introduo mais intensa de novas mquinas, equipamentos e

    formas de produo, proliferaram as anlises que viam o progresso tcnico como o

    grande e nico responsvel pela reduo de empregos. (MATTOSO, 2000)

    Um exemplo foi a grande depresso de 1929, onde os altos ndices de desempregos

    assustaram a sociedade.

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    A preocupao era tanta que em 1945, a primeira dama dos EUA, Sra. Eleanor Roosevelt,

    citou em um jornal o impasse existente entre o emprego da mquina e a substituio do

    trabalho humano: chegamos, hoje, a um ponto em que os processos para economizar mo-

    de-obra s so bons quando no deixam o operrio sem emprego.

    Em 1767, o inventor Hargreaves construiu a mquina de fiar, este invento

    possibilitou a substituio da mo-de-obra de 100 homens. Posteriormente

    Arkwright criou o tear mecnico, esse fato gerou aos trabalhadores na Inglaterra

    uma enorme preocupao com a diminuio dos postos de trabalho. Ao contrrio do

    que esperavam em 25 anos se verificou o aumento de aproximadamente 4.000% no

    nmero de trabalhadores desse setor. (SILVEIRA; SANTOS, 2002)

    Para (SILVEIRA; SANTOS, 2002), a automao compensava os empregos perdidos

    porque gerava maior produtividade aumentando o poder de compra do trabalhador e

    conseqentemente o consumo em outros setores, o que aumentaria o nmero de postos de

    trabalho.

    Na atualidade essa justificativa no se torna concreta, j que a automatizao tem

    alcanado diversos setores da economia como a agricultura e prestao de servios.

    Henry Hazlitt cita em seu livro Economia Numa nica Lio uma anlise de um

    fabricante de roupas que adquire um equipamento para a confeco de roupas. Essa aquisio

    gerou um corte de cerca de 50% no nmero de empregados da fbrica.

    Segundo Smitchz, j julgavam que no mnimo 15% dos trabalhos com equipamentos

    na indstria dos EUA poderiam ser utilizados por robs j encontrados no mercado, e mais de

    40% pelos disponveis nos dias de hoje no mercado, dotados de capacidades sensoriais

    aperfeioados por redes neurais.

    [...] certas redues no nmero de empregados na poca foram apenas aparentes, visto que a

    fabricao de mquinas tambm possibilitou a abertura de novos empregos. (SILVEIRA;

    SANTOS, 2002),

    vlido analisar tambm o fato de que este fenmeno tecnolgico esta difundido na

    sociedade a ponto tecnologia ser utilizada em sua prpria produo. Um exemplo a

    fabricao de microchips, utilizadas em sistemas autmatos e computadores que agora

    tambm j pode ser automatizada.

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    [...] muito provvel que os novos empregos criados no venham compensar as perdas

    causadas pela mo-de-obra (OECD, 1982, p.25 apud SMITCHZ, 1985, p. 15)

    A automao gera inmeras vantagens para o empresrio e para a qualidade do

    produto se comparadas mo de obra humana, j que este esta mais susceptvel a erros

    quando exposto a operaes repetitivas. As mquinas passaram a executar, em larga escala,

    tarefas que antes s podiam ser feitas pelo homem e at mesmo aquelas impossveis de serem

    efetuadas por ele. A robtica possibilitou o alcance de qualidade e eficincia na produo, os

    sensores empregados nesses equipamentos substituem os sentidos humanos. Seus movimentos

    podem ser facilmente programados eliminando a necessidade de longos perodos de

    treinamento para os funcionrios. A preciso e rapidez alcanadas por essas mquinas so

    bem maiores do que as conseguidas pelo homem. Com a tecnologia da inteligncia artificial

    se tornou possvel criar equipamentos capazes de assim como o ser humano responder a

    estmulos de forma quase imediata, essa tecnologia possibilta a otimizao do controle de

    processos, reduzindo a necessidade de grande nmero de funcionrios para vigiar setores da

    produo e agir em tarefas como abrir ou fechar vlvulas para regular a temperatura de uma

    caldeira.

    Acompanhando o histrico de aperfeioamento da automao, pode ser observado que

    a cada avano, a mo-de-obra humana pode ser substituda de forma mais fcil e eficiente.

    Com esse fato, o empresrio no se v mais preso aos direitos trabalhistas. As mquinas no

    precisam descansar, no necessitam de direitos como licena maternidade, auxlio

    transporte ou indenizao por acidentes, alm de demonstrar alta flexibilidade.

    O investimento na automatizao de processos pode ser facilmente dissolvido no

    aumento da produtividade. Os salrios e benefcios pagos aos funcionrios ,ao contrrio, se

    constituem em gastos constantes.

    Com a globalizao do mercado a indstria que no se automatiza no se torna

    competitiva e tende a sucumbir frente a um mercado de grande concorrncia. A automao

    um processo inevitvel e irreversvel.

    Porm, no possvel negar que o desenvolvimento dessa tecnologia, em certa

    perspectiva, foi benfica ao homem. Ela possibilitou a eliminao de inmeros empregos

    indesejveis, que de alguma forma, eram prejudicial ao homem. Tarefas que antes

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    apresentavam os riscos de exposio radiao, fumaa txica, calor/frio excessivo puderam

    ser substitudos por esses equipamentos. A automao tornou muitos produtos mais acessveis

    s pessoas de baixa renda, j que seu uso possibilita a reduo dos preos aos consumidores.

    O advento da robtica, tambm auxiliou o homem em tarefas antes inacessveis. Pode se

    citado o exemplo o rob explorador da NASA Opportunity, que permitiu o estudo de Marte,

    percorrendo o planeta e enviando suas fotos para a Terra.

    3. As consequncias da automao em diferentes pases e sua relao com os

    sindicatos

    observado que os reflexos gerados pela automao no apresentam uma forma

    homognea, elas variam de acordo com a situao econmica dos pases, nmero de

    trabalhadores e polticas econmicas adotadas por eles.

    Os pases que mais sofrem com a reduo no nmero de empregados decorrentes do processo

    de automatizao so aqueles que apresentam grande oferta de trabalhadores. So pases em

    desenvolvimento que possuem grande parte da populao no qualificada e por isso facilmente

    substituveis. Em busca de mo-de-obra de baixo custo, multinacionais mudam sua produo para

    pases como China ndia e Brasil. A medida em que a tecnologia avana e se torna mais vivel frente

    ao trabalho humano, ela se torna sua concorrente. Quando implantada ela tende a aumentar o

    desemprego estrutural visto que ela gera um excedente de mo-de-obra.

    Portanto, a frmula da maquinaria : no a diminuio relativa da jornada individual

    de trabalho - jornada esta que parte necessria da jornada de trabalho, mas a

    reduo da quantidade de trabalhadores, isto , das muitas jornadas paralelas,

    formadoras de uma jornada coletiva de trabalho, fundamental constituio da

    maquinaria. (MARX, 1863)

    Em alguns setores, o emprego da automao e o desenvolvimento da tecnologia da

    informao, geraram o enfraquecimento dos sindicatos e a perda do poder da greve. Como

    exemplo dessa afirmao, podemos citar o setor bancrio, um dos que mais sofreram redues

    de trabalhadores. A reduo de empregos no setor j pode ser sentido a partir da dcada de

    1990.

  • 8

    Nos ltimos 11 anos, os bancos reduziram a categoria bancria, de 655 mil

    empregados, para 400 mil trabalhadores. Ao mesmo tempo, o setor registrou um

    aumento no nmero de contas correntes de 44 milhes para 72 milhes, conforme o

    balano social da Fenaban. O corte nos postos de trabalho, somado ao aumento no

    volume de servio, resultou em novas presses aos bancrios, dentre as quais o

    cumprimento de metas, desrespeito jornada de trabalho e, conseqentemente,

    agravos sade fsica e mental dos trabalhadores. (FBRG, 2005 apud

    MONTECLARO, 2006)

    Para Monteclaro, os grandes processos inflacionrios ocorridos no pas, ofereceram

    enorme rentabilidade ao setor, isso possibilitou o pioneirismo do Brasil na automao

    bancria.

    Com a modernizao dos bancos houve a diminuio da dependncia de mo-de-

    obra humana, neutralizando o poder pressionador da greve.

    A intensificao da automatizao e a difuso dos servios de auto-atendimento nos bancos

    vm diminuindo radicalmente a eficcia das greves enquanto instrumento de presso.

    (JINKINGS, 1995:105 apud MONTECLARO, 2006)

    Um exemplo desse fato pode ser observado com a greve dos bancrios ocorrida em

    outubro de 2011. Foram possveis diversos servios como o dbito automtico em conta

    corrente de dvidas ou o pagamento de contas nos caixas eletrnicos com o cdigo de barra

    dos boletos.

    O desenvolvimento tecnolgico a servio do capital transforma grande parte da fora de

    trabalho bancria em coisa descartvel, tornada desnecessrias ao processo avassalador de

    auto-valorizao do capital (JINKINGS, 1995, p.101 apud MONTECLARO, 2006).

    Com a evoluo dessas tecnologias o perfil profissional tornou-se mais seletivo, o

    trabalhador no qualificado, que era responsvel pela execuo de tarefas repetitivas foi

    deixado para trs e facilmente substitudo por sistemas automticos. O conhecimento tcnico

    e cientfico, cada vez mais avanado para a operao e suporte a essas mquinas, aumentam

    de forma gradativa devido crescente complexidade das mesmas.

    Porm, em algumas reas, os impactos gerados pela automao levam crescente

    precarizao do trabalho, visto que torna ainda mais grave a situao de pases com alto nvel

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    de desemprego. A partir desse ponto o trabalhador passa a ter concorrncia incomparvel da

    mquina. Sem perspectiva de melhores oportunidades de emprego, ele tende a se sujeitar a

    trabalhos mal remunerados alm de migrar para a informalidade, abrindo mo de seus

    prprios direitos.

    Em pases desenvolvidos com reduzidas taxas de natalidade e o aumento da populao idosa a

    automao pode ser vista como uma soluo, j que torna esses pases mais independentes na

    necessidade de contratao de trabalhadores estrangeiros.

    6. Referncias

    SCHMITZ, Hubert. (1985) A microeletrnica: suas implicaes sobre o emprego e o salrio.

    Pesquisa e Planejamento Econmico, 15(3): 639-680 dez.

    SILVEIRA, P. R., SANTOS, W. E. Automao e Controle Discreto. 10a Edio. Editora

    rica. So Paulo. 2002

    HOBSBAWM, Eric J. Da Revoluo Industrial Inglesa ao Imperialismo. Rio de Janeiro:

    Forense Universitria, 1979.

    ROSRIO, J.M. Princpios de Mecatrnica. Pearson, 2004.

    MONTECLARO, Lauro A. Setor bancrio: Na Vanguarda do Desemprego Tecnolgico.

    Revista espao Acadmico. n59 .

    Disponvel em:< http://www.espacoacademico.com.br/059/59cesarjr.htm> Acesso

    31/10/2011.

    HAZLITT, H., Economia Numa nica Lio, Jos Olympio/ Instituto Liberal, Rio de Janeiro,

    1987.