Auto-regulação e Psicofarmacologia Penha Serra 1.

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Auto-regulação e Psicofarmacologia

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Compreendendo a auto-regulação

As estruturas do corpo são organizadas em vários níveis.

Nível químico, inclui os átomos (menores unidades que participamdas reações) e as moléculas;

Nível celular (unidades estruturais e funcionais básicasde um organismo);

Nível tecidual (epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso);

Nível orgânico (formam as estruturas reconhecíveis do corpo);

Nível sistêmico (consiste em órgãos relacionados e que desempenham uma função comum);

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Processos Vitais

Metabolismo: é a soma de todos (formação de componentes estruturais e funcionais do corpo; degradação de moléculas complexas) os processos químicos que ocorrem no corpo;

Responsividade: é a capacidade corporal de detectar as mudanças em seu meio interno e externo e de responder as mesmas;

Movimento : inclui o movimento do corpo inteiro nos diversos níveis de organização do corpo humano;

Crescimento : é o aumento no tamanho corporal, que pode ser devido a um aumento no tamanho das células existentes, do número das células ou da quantidade de materiais intracelulares;

Diferenciação: é o processo no qual as células não-especializadas se transformam em células especializadas (estrutural e funcionalmente);

Reprodução: refere-se a formação de novas células do corpo inteiro durante todo o tempo,

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Principais Sistemas do Corpo Humano

Pele e estruturas dela derivadas: auxilia a regular a temperatura corporal, protege o corpo, elimina resíduos, auxilia na produção de vitamina D e detecta sensações (calor, frio, dor, pressão, etc);

Sistema esquelético (ossos, cartilagens, e articulações): sustenta e protege o corpo, auxilia nos movimentos corporais.

Sistema muscular (tecido muscular esquelético; tecidos musculares lisos e cardíaco): participação da execução dos movimentos, mantém a postura e produz calor;

Sistema nervoso (encéfalo, medula, nervos e órgãos dos sentidos): regula as atividades corporais por meio de impulsos nervosos, detectando mudanças no meio ambiente, interpretando-os e enviando respostas musculares e secreções endócrinas;

Sistema endócrino (glândulas e tecidos que produzem substâncias químicas reguladoras das funções do corpo- os hormônios): regula as atividades do corpo por meio de hormônios transportados pelo sangue aos diversos órgãos alvos;

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Sistema circulatório (sangue, coração e vasos sanguíneos): o coração bombeia o sangue ao longo dos vasos sanguíneos; o sangue distribui oxigênio e nutrientes às células, transporta dióxido de carbono e resíduos das células e ajuda a regular a acidez, a temperatura e o conteúdo hídrico dos fluidos corporais;

Sistema Linfático e imune (fluido e vasos linfáticos; baço, timo, linfonodos e células que efetuam as respostas imunes - células B e células T): protege o corpo contra os organismos causadores de doenças;

Sistema respiratório (pulmões e vias aéreas – laringe, traquéia e brônquios): transporta o oxigênio do ar inalado para o sangue e o dióxido de carbono do sangue para o ar exalado;

Sistema digestivo (boca, esôfago, estômago, estômago, intestino delgado e grosso, reto e ânus; glândulas salivares, fígado, vesícula biliar pâncreas): realiza a degradação fisico-química dos alimentos; absorver os nutrientes; eliminar os resíduos sólidos;

Sistema Urinário (rins, ureteres, bexiga urinária e uretra): produz, armazena e elimina a urina; elimina resíduos e regula o volume e a composição química do sangue; mantém o equilíbrio mineral do corpo; ajuda a regular a produção de células vermelhas do sangue;

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Sistemas genitais (as gônadas femininas e masculinas – ovários e testículos; e ,órgãos associados – epidídimo, ducto deferente pênis nos homens; trompas uterinas, útero, vagina e glândulas mamárias nas mulheres): as glândulas produzem os gametas (espermatozóides ou óvulos), que se unem para formar um novo organismo, e produzem hormônios que regulam a reprodução e outros processos corporais; os órgãos associados transportam e armazenam os gametas. As glândulas mamárias produzem leite.

A capacidade do corpo para manter a homeostase (auto-regulação) concede-lhe um extraordinário poder de cura e uma notável resistência a lesão”. Os fatores responsáveis pela homeostase são, em grande parte, também responsáveis, pela boa saúde. Dois dos fatores mais importantes deste equilíbrio são o ambiente e o “estilo de vida”.

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homeostase x limites

Homeostase é a condição na qual o meio interno permanece num equilíbrio dinâmico, dentro de certos limites;

A homeostase é regulada principalmente pelo sistema nervoso e pelas glândulas endócrinas, em ação conjunta ou separada. O sistema nervoso detecta as alterações corporais e envia impulsos nervosos para manter a homeostase. As glândulas endócrinas regulam a homeostase por meio da secreção de hormônios.

As rupturas na homeostase provém de estímulos externos e internos. Quando a ruptura da homeostase é leve e temporária, as respostas das células do corpo rapidamente restabelecem o equilíbrio dinâmico ou homeostase no meio interno. Se a ruptura for intensa, as tentativas do corpo para restabelecer a homeostase podem fracassar.

Sistema de retroalimentação (receptores, centro de controle e efetores) consiste em: receptores que monitorizam as mudanças em uma condição “controlada” e enviam informação (entrada ou input) para um centro de controle (encéfalo) que estabelece os valores nos quais uma condição “controlada” deve ser mantida; avalia a informação recebida e gera comandos de saída (output), quando necessários; e efetores que recebem uma informação (saída do centro de controle e produzem uma resposta (efeito) que altera a condição “controlada”;

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Se uma resposta neutralizar o estímulo original, o sistema é denominado sistema de retroalimentação negativo. P. ex: o sistema que regula a pressão sanguínea;

Se uma resposta reforçar o estímulo original, o sistema é referido como sistema de retroalimentação positiva. Este sistema tende a reforçar condições que não ocorrem com muita freqüência, tais como: parto, ovulação e coagulação sanguínea. Por reforçar continuamente uma mudança efetuada em uma condição controlada, o sistema de retroalimentação positiva deve ser desligado por algum evento externo ao mesmo. Se a atividade deste sistema não cessar, ele pode “disparar” (descontrolar-se) e produzir alterações que ameaçam a vida;

As rupturas na homeostase (desequilíbrios homeostáticos) podem causar transtornos, doenças e, mesmo, a morte.

Um transtorno é qualquer alteração da função. Doença é um termo mais especifico para uma condição com um conjunto definido de sinais e sintomas;

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Noções Básicas de SN

O SN é divido em dois subsistemas principais: SNC (encéfalo e medula) e SNP ( todo sistema nervoso localizado fora do SNC);

As funções básicas do SN são detectar os estímulos (funções sensitivas); analisar, integrar e armazenar a informação sensitiva (funções integradoras); e responder as decisões integradoras (funções motoras);

Os neurônios sensitivos (aferentes) fornecem a informação (input) ao SNC; os neurônios motores (eferentes) transportam a resposta (output) do SNC para os efetores;

O SNP também é subdividido em sistema nervoso somático (SNS), sistema nervoso autônomo (SNA) e sistema nervoso entérico (SNE);

O SNA contém neurônios sensitivos dos órgãos viscerais e neurônios motores em duas divisões, simpática e parassimpática, que transportam os impulsos do SNC ao tecido muscular, tecido muscular cardíaco e glândulas;

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Os neurônios intercomunicam-se através de potenciais de ação, também chamadas impulsos;

A geração dos potenciais de ação depende da existência de um potencial de membrana em repouso e a presença de canais de Na e K ativados por voltagem;

Um valor típico de membrana em repouso (diferença na carga elétrica através da membrana plasmática) é – 70 mV. Uma célula que mostra um potencial de membrana é polarizada;

O potencial de membrana em repouso surge devido a uma distribuição desigual de íons em ambos os lados da membrana plasmática e à mais alta permeabilidade da membrana para o K do que para o Na. O nível de K é mais alto externamente, uma situação que é mantido pelas bombas de sódio-potássio;

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A capacidade das fibras musculares e dos neurônios para responderem a um estímulo e o converterem em potenciais de ação denominada excitabilidade;

Durante um potencial de ação, os canais de Na e K ativados por voltagem se abrem em seqüência. A abertura dos canais de Na ativados resulta em despolarização, a perda e depois a reversão da polarização da membrana. Depois, a abertura dos canais de K ativados por voltagem permite a repolarização, a restauração do potencial de membrana no nível de repouso;

Durante o período refratário, nenhum outro potencial de ação pode ser gerado;

A condução de um impulso nervoso que ocorre como um processo passo-a - passo ao longo de um axônio amielínico é de condução contínua. Na condução saltatória, o impulso nervoso “salta” de um nódulo de Ranvier ao seguinte ao longo de um axônio mielínico (mais rápido);

Os neurônios comunicam-se com outros neurônios e com efetores nas sinapses, em uma série de eventos conhecidos como transmissão sináptica;

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Transmissão sináptica

Numa sinapse, um neurotransmissor é liberado pelo neurônio pré-sináptico na fenda e depois se liga aos receptores localizados na membrana do neurônio pós-sináptico;

Um neurotransmissor excitatório / “acelerador” (glutamato) despolariza a membrana do neurônio pós-sináptico, aproxima o potencial de membrana ao limiar e aumenta a probabilidade de surgimento de um ou mais potenciais de ação. Um neurotransmissor inibitório/ “freio” (GABA) hiperpolariza a membrana do neurônio pós-sináptico, inibindo assim o potencial de ação;

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As etapas da transmissão sináptica podem ser resumidas em:

Síntese, transporte e armazenamento do neurotransmissor.

Deflagração e controle da liberação do neurotransmissor na fenda sináptica.

Difusão e reconhecimento do neurotransmissor pelo receptor pós-sináptico.

Deflagração do potencial pós-sináptico.

Desativação do neurotransmissor.

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Transmissão Elétrica

O potencial de ação chaga ao terminal pré-sináptico.

A despolarização faz com que os canais de cálcio dependentes de voltagem se abram, resultando em um grande influxo de cálcio.

Excitose: o cálcio faz com que as vesículas se fundam com a membrana e liberem o neurotransmissor.

Os potenciais excitatórios pós-sinápticos se espalham para os dendritos.

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Transmissão Química

Moléculas e enzimas precursoras são transportadas ao longo do axônio e a partir do corpo celular pelos microtúbulos.

Enzimas no terminal sináptico convertem as moléculas precursoras em neurotransmissor ativo.

O neurotransmissor é armazenado nas vesículas até que seja liberado pelo influxo de cálcio.

O neurotransmissor liberado liga-se aos receptores no terminal pós-sináptico e gera um potencial excitatório pós-sináptico.

A recaptação do neurotransmissor limita a duração do sinal e permite que a célula recicle o neurotransmissor.

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Critérios que definem um neurotransmissor

A substância deve ser armazenada no neurônio pré-sináptico.

Ela deve ser liberada com a despolarização desse neurônio induzida pelo influxo de cálcio.

Ela deve ligar-se a um receptor especifico no neurônio pós-sináptico.

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Tipos de Neurotransmissores

Neurotransmissores Clássicos – são pequenas moléculas especialmente elaboradas para serem de fácil uso. Tipos:

Aminoácidos (Glutamato – excitatório / “dá partida no cérebro”; GABA – inibitório / “coloca freio no cérebro”; Glicina – inibitória);

Monoaminas: (Catecolaminas – Dopamina /DA; Norepinefrina ou Noradrenalina/NE; Epinefrina ou Adrenalina) e (Indolaminas - Serotonina; Melatonina). A classe de enzimas no terminal que decompõe os neurotransmissores é a monoaminoxidase (MAO);

Neuropeptídeos (Substância P, ACTH, Ocitocina, endorfina, etc).

Neurotransmissores não convencionais (Sais- ON; Endocanabinoides).

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Neurotransmissores Clássicos

Glutamato/ “Acelerador” – É um aminoácido não essencial. Ele precisa ser sintetizado a partir da glicose e de outros precursores. É o “funcionário mais atarefado do cérebro”, pois os neurônios de glutamato compõem mais da metade dos neurônios excitatórios. Sem ele o órgão não dá partida e nem se mantém em funcionamento. As células gliais auxiliam na recaptação e reabastecimento dessa substância para os neurônios. O glutamato contribui para formação e armazenamento de memórias. Glutamato em excesso,como ocorre em AVC, é tóxico para as células nervosas.

GABA/”FREIO”- É o principal neurotransmissor inibitório do cérebro, sendo usado por 25% dos neurônios corticais. É ele que coloca “freios” no cérebro; se insuficiente, pode levar a convulsões.

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Dopamina- Os neurônios dopaminérgicos totalizam um percentual do total de 100 bilhões de células.

A substância negra, localizada no mesencéfalo ventral, apresenta projeções para o núcleo caudado e o putamen (que formam o corpo estriado). Este caminho é chamado de sistema nigroestriatal ou sistema mesoestriatal. Como parte dos gânglios basais, esse caminho pertence aos movimentos voluntários.

As células da área tegmentar ventral no mesencéfalo ventral, projetam-se para o núcleo accumbens, o córtex pré-frontal, a amígdala e o hipocampo. Estas inervações são chamadas de sistema dopaminérgico mesolimbocortical.

Os tratos curtos no núcleo arqueado do hipotálamo – chamado de sistema dopaminérgico tuberoinfundibular – liberam DA nas veias portas da hipófise, inibindo a síntese e a liberação de prolactina na hipófise anterior. Qualquer processo que interrompa a ação da DA sobre as células produtoras de prolactina acarreta hiperprolactenemia (p.ex: antipsicóticos). Presume-se que o LSD e as drogas alucinógenas ajam no sistema da dopamina.

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Noradrenalina - Os neurônios noradrenérgicos contém uma enzima adicional em seus terminais que converte dopamina em noradrenalina. Cerca de 50% dos neurônios noradrenérgicos estão localizados no lócus ceruleus. Possuímos dois em cada lado do tronco encefálico e o restante encontra-se na formação reticular da medula. Desempenham importante papel para o estado de alerta para a sensação de prazer, é mediadora dos batimentos cardíacos, pressão e conversão de glicogênio (glicose) para energia. O disparo do lócus cerulus aumenta ao longo de um espectro que vai da sonolência a prontidão, sendo que o mais baixo ocorre quando dormimos e o mais alto quando estamos hipervigilantes. Os neurônios noradrenérgicos são importantes para lidar com o perigo. Em estado de risco, o lócus cerulus fica ativo, bem como os neurônios simpáticos do sistema nervoso autônomo, onde se encontram os neurônios noradrenérgicos periféricos. A noradrenalina é retirada da fenda sináptica por um transportador de recaptação que também tem a capacidade de carregar dopamina.

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Serotonina:É sintetizada a partir do triptofano, que deve ser obtido a partir da alimentação. Seus níveis no cérebro podem ser reduzidos significativamente quando há insuficiência de triptofano na alimentação(grãos, carnes e laticínios são fontes desta substância).

Na glândula pineal há duas enzimas que convertem serotonina em melatonina.

A localização dos corpos celulares e a distribuição dos neurônios de serotonina são semelhantes as das catecolaminas. Os corpos celulares estão em quantidades relativamente pequenas e se situam nos núcleos da rafe, no tronco encefálico. Os neurônios de serotonina projetam-se em praticamente todas as aéreas do cérebro e desempenham um papel importante no humor, na ansiedade e no ciclo sono-vigília

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Histamina: Embora seja liberada a partir de mastócitos como parte de uma reação alérgica no tecido periférico, no cérebro ela está envolvida com o nível de alerta e atenção. A maioria dos corpos celulares começa no núcleo túbero-mamilar do hipotálamo posterior com projeções que, apesar de não serem numerosas, se distribuem amplamente por todas as regiões do cérebro e da medula espinhal. Acetilcolina: Desempenha importante papel no SNA, sendo um neurotransmissor da junção neuromuscular. Os neurônios no SNC surgem de corpos celulares no tronco encefálico e no prosencéfalo, com projeções destacadas até o córtex e o hipocampo. São estas projeções até o hipocampo que estão envolvidas com o aprendizado e a memória.  

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EIXO HIPOTALAMO HIPOFISE ADRENAL (HPA)

 O EIXO HPA controla a síntese e a liberação dos corticosteróides. Estes são obtidos por meio do colesterol da alimentação no córtex suprarrenal e incluem os mineralocorticorticoides, os hormônios sexuais e os glicocorticóides .O hormônio que nos interessa no estudo do TEPT é o cortisol.

O cortisol é de grande importância para mobilizar energia ao promover atividade catabólica e aumentar o tônus cardiovascular. Ao mesmo tempo, ele suprime a atividade anabólica, como reprodução, crescimento, digestão e imunidade.

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A secreção do córtex suprarrenal é controlada pelo hipotálamo. O hipotálamo, com estímulos do córtex e resposta através do sangue, sintetiza e libera o hormônio liberador de corticotropina (CRH) na circulação portal da hipófise, a qual, por sua vez, estimula a liberação do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) da hipófise anterior.

Os estímulos do córtex ao hipotálamo incluem sinais inibitórios a partir do hipocampo e sinais atividades a partir da amígdala. Um hipocampo saudável “abaixa o volume” do eixo HPA, enquanto uma amigada ativa “aumenta o volume”. O ACTH é liberado na circulação sistêmica a partir da hipófise anterior. O ACTH estimula a liberação de cortisol na suprerrenal, o que causa uma serie de efeitos fisiológicos, incluindo alterações no SNC.

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Estresse

A resposta aguda é o equivalente biológico de mobilizar tropas para lidar com o que foi percebido como ameaça.

A ativação do SNS e a liberação de cortisol deixam o corpo e o cérebro em um estado de alerta “luta ou fuga”. O cortisol tem o efeito de mobilizar energia aumentando a glicose cerebral e reduzindo as funções não essenciais. No final do processo, o cérebro fica mais alerta e concentrado. O corpo e o cérebro pagam o preço por manter um estado elevado de alerta quando o estresse persiste e a pessoa não consegue se adaptar. O cortisol aumentado ou insuficiente é patológico.

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Um dos efeitos do estresse crônico é que o cérebro não consegue suavizar o eixo HPA, o que expõe o cérebro e o corpo a glicocorticoides em excesso.

Conseqüências patológicas da atividade simpática elevada e da ativação de HPA são: hipertensão, formação de placa aterosclerótica, diabete, úlceras e prejuízo de funcionamento imunológico.

No cérebro, o efeito negativo mais importante envolve o hipocampo, uma estrutura com receptores de glicocorticóide abundantes e fibras aferentes ao hipotálamo. O excesso de glicocorticoides produz os seguintes efeitos:

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Prejuízo do desempenho da memóriaAbalo da potenciação de longa duração (LTP)Indução de atrofia dos dendritos hipocampaisEncolhimento do hipocampoRedução da neurogenese

Tais alterações não se desenvolvem sem a amigada ativa. A amigada, conhecida por sua contribuição para a ansiedade, é estimulada por glicocorticóides que, por sua vez, potencializam o hipocampo. O estresse crônico aumenta a arborização dendritica de neurônios na amigada basolateral, o que pode ser um motivo pelo qual as pessoas têm dificuldade para esquecer eventos traumáticos.

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Noções Básicas de Psicofarmacologia

O tratamento psiquiátrico não se restringe à prescrição de medicamentos. Fundamenta-se em:

A relação médico-paciente deve ser baseada em confiança;

Diagnóstico integral (definição da doença a ser tratada, avaliação do processo do adoecer de cada paciente, estabelecer critérios segundo o CID 10/ DSM e escalas para avaliar objetivamente a evolução) ;

Planejamento terapêutico (hierquização de medicamentos: med. líder e coadjuvante; regras de acompanhamento clinico; avaliação laboratorial periódica; auto-medicação e co-morbidades;

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Psicoeducação/ medidas preventivas e potencializadoras;

Psicoterapia – individual, grupo, familiar;

ECT;

Terapia ocupacional, atividade física, laser, reeducação alimentar/grau de hidratação;

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Farmaco Ideal

Atuar em mecanismos patogenéticos (cura);

Beneficiar a todos os pacientes;

Melhora imediata;

Mínimos efeitos colaterais/toxicidade;

Não produzir tolerância/dependência;

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Não produzir interação medicamentosa prejudicial;

Ausência de teratogenicidade;

Não prejudicar a maturação;

Baixo custo;

Simplicidade de uso.

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O diagnóstico de transtornos e doençasdeve ser feito utilizando os critérios do DSM e CID

Cérebro deprimido:

Atividade reduzida no hipocampo e no núcleo acumbens: desmotivação, desesperança, diminuição do apetite;

Atividade excessiva no Eixo HPA e na amígdala: insônia, ansiedade, pensamentos suicidas;

A situação do córtex pré-frontal é mais complexa (redução, uma disfunção ?);

Redução do giro cingulado e cerebelo;

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Antidepressivos, ECT e lítio agem restaurando o funcionamento normal do eixo HPA em alguns pacientes;

Depressão é um quadro multifatorial, mas a exposição a estressores tem papel importante;

A depressão parece resultar no colapso da relação normal entre o hipocampo e o eixo HPA. O aumento do cortisol pela glândula suprarrenal causa danos no hipocampo, o que resulta em diminuição da resposta inibitória sobre o eixo HPA – que, por sua vez, causa aumento da liberação de cortisol.

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Hipótese da “rede neural” – antidepressivos não melhoram o humor diretamente, mas teriam efeito permissivo, favorecendo a neuroplasticidade e permitindo ao meio ambiente reorganizar a rede neural alterada (importância da psicoterapia);

Antidepressivos aumentariam BNDF e com isto favoreceriam a plasticidade sináptica;

BNDF, no entanto, depende de atividade sináptica para favorecer plasticidade;

Os antidepressivos atuam como neuroprotetores;

O T. Bipolar pode ser resultado de uma interação anormal entre o CPF e estruturas subcorticais, tais como a amígdala;

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Antidepressivos

Critérios de escolha:

Uso prévio;

Eficácia;

Subtipo de depressão;

Sintomas alvo;

Efeitos colaterais;

Segurança;

Comorbidade;

Interação medicamentosa; Simplicidade de uso (adesão);

Rapidez de ação;

Custo.

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Os antidepressivos podem ser classificados de acordo com sua estrutura química ou as propriedades farmacológicas. Atualmente eles são classificados segundo sua ação farmacológica/mecanismo de ação.

Antidepressivos produzem aumento na concentração de neurotransmissores na fenda sináptica através da inibição do metabolismo, bloqueio de recaptura neural ou atuação em receptores pré-sinápticos.

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ADT – no nível pré-sináptico é o bloqueio de monoaminas (NE, 5HT, DA). A atividade pós-sináptica varia de acordo com o neurotransmissor envolvido e geralmente é responsável pelos efeitos colaterais. ADT bloqueiam receptores muscarínicos/colinérgicos, histamínicos, adrenérgicos, serotonérgicos e mais raramente dopaminérgicos.

Efeitos colaterais: boca seca, visão turva, obstipação , retenção urinária, aumento da FC, hipotensão postural, alterações percebidas no ECG, tremores nas mãos, sedação, parestesias, dificuldade para lembrar , gagueira, agitação e hiperexcitação paradoxal, estados confusionais, convulsão., aumento da prolactina, hiponatremia, eritema, urticária, alterações da função hepática.

Contra-indicação: glaucoma, bloqueio de ramo esquerdo, AV total, IAM. Os mais comuns: amitriptilina/typtanol, clomipramina/anafranil, nortriptilina/pamelor,

imipramina/tofranil1.

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ISRS (citalopram/procimax, fluoxetina/fluxene, paroxetina/pondera, sertralina/tolrest) – inibem de forma potente e seletiva a serotonina. As estruturas moleculares diferentes podem explicar as diferenças no perfil. Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, dor abdominal, diarréia/obstipação, agitação, insônia, ciclagem para mania, nervosismo, alteração do sono, fadiga, tremores, perda ou ganho de peso, disfunções sexuais, reações dermatológicas;

ISRSN (venlafaxina, desmetilvenlafaxina): bloqueia a recaptação de serotonina e noradrenalina (e também, fracamente, bloqueia a recaptação de dopamina quando em doses mais elevadas). Efeitos colaterais: náuseas, tonturas, sonolência, HA, sudorese, tremores, disfunção sexual dose dependente.

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ISRD (bupropriona/bup): atividade noradrenérgica e dopaminérgica. Efeitos colaterais: agitação, ansiedade, alterações dermatológicas, convulsão, diminuição do apetite, boca seca e obstipação intestinal.

ANES (mirtazapina/remeron): aumento da atividade noradrenérgica e serotonérgica central. Efeitos colaterais: sedação, ganho de peso , boca seca, edema, obstipação intestinal, dispnéia.

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Ansiolíticos

Mecanismo de ação: o efeito ansiolítico dos benzodiazepínicos está relacionado ao sistema gabaminérgico do sistema límbico. O GABA é um neurotransmissor inibitório capaz de atenuar as reações serotoninérgicas responsáveis pela ansiedade. Os benzodiazepínicos seriam “agonistas” (imitadores) deste sistema nos receptores gabaminérgicos.

Uso terapêutico: diminuição dos sintomas ansiosos, relaxamento muscular, nas desordens convulsivas, alterações do sono, sintomas de abstinência de alcoól, anestesia para procedimentos cirúrgicos;

Potencial de uso nocivo e risco de dependência;

Ef. Colaterais: sonolência excessiva, prejuízo para coordenação motora, amnésia, tontura, zumbido, queda e fraturas, reações paradoxais, “anestesia emocional”, risco de interação medicamentosa, prejuízo no desempenho motor e cognitivo; depressão do SNC, aumento da pressão intra-ocular;

Os mais comuns: diazepam, clonazepam/rivotril, bromazepam/lexotam, lorazepam/lorax, midazolam/dormonid

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Antipsicóticos (neurolépticos)

São medicamentos inibidores das funções motoras, as quais podem encontrar-se aumentadas em estados de agitação/excitação. Simultaneamente, eles atenuam os sintomas psicóticos (delírios e alucinação).

Principais indicações terapêuticas: distúrbios psicóticos agudos e crônicos (esquizofrenia, TAB, psicose induzida por substância, fases desadaptativas dos TP, psicopatologia da doença senil, dores crônicas, tratamento coadjuvante do tétano)

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Antipsicóticos típicos incisivos/ butirofenonas e sedativos/fenotiazínicos (haloperidol/haldol, clorpromazina/amplictil, levomepromazina/neozine, tioridazina/melleril, trifluoperazina/ stelazine, amisulprida/socian, penfkuridol/semap, pimozida/orap, flufenazina/flufenan ou anatensol): bloqueiam os receptores dopaminérgicos, adrenérgicos, serotoninérgicos, colinérgicos e histamínicos.

Efeitos colaterais (balanço entre as atividades dopaminérgicas e colinérgicas): reação distônica aguda, parkinsonismo medicamentoso, acatisia, discinesia tardia, síndrome neuuroléptica maligna, efeitos autonômicos (secura da boca e da pele, obstipação intestinal, dificuldade de acomodação visual e urinária), hipotensão, AVC, isquemia do miocárdio, aumento da prolactina, depósito de pigmento no cristalino/ retinopatia pigmentar, alterações dermatológicas.

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Antipsicóticos atípicos e de última geração (clozapina/leponex; olanzapina/ zyprexa; quetiapina/seroquel; risperidona/ risperdal/ zargus): bloqueiam seletivamente os receptores dopaminérgicos.

Alguns ATA têm um amplo perfil farmacológico, atuando em vários sistemas neurotransmissores.

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Estabilizadores do humor (lítio, anticonvulsivantes)

Lítio/carbolitium: utilizado no tratamento e profilaxia dos episódios agudos da mania e da depressão, como potencializador de antidepressivos. Efeitos colaterais: acne, aumento de apetite/peso, edema, gosto metálico, leucocitose, náuseas/vômitos, dor abdominal, tonturas, disartria, nistagmo, letargia, fraqueza muscular, tremores finos e grosseiros, alteração renal, polidipsia/ poliúria e tonturas.

Ácido valpróico (depakene)/ divalproato/depakote: deve ser evitado em pacientes que apresentam insuficiência hepática, hepatite, hipersensibilidade a droga e durante a gravidez. Efeitos colaterais: aumento de apetite/peso, desatenção, fadiga, náuseas, sonolência/sedação, diminuição dos reflexos, tremores, tonturas, queda de cabelo, alteração do cristalino, alterações dermatológicas.

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Carbamazepina/ Tegretol: de ação equivalente ao lítio enquanto estabilizador do humor ou para potencializar a ação do lítio.Efeitos colaterais: diplopia, epigastralgia, toxicidade hepática, náuseas, prurido, alterações dermatológicas, sedação, tonturas.

Outros estabilizadores do humor: lamotrigina, topiramato, gabapentina.

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Referencias Bibliográficas

1. Apostila do Curso Bases Farmacológicas dos transtornos psiquiátricos, Prof. Marcos Antonio Brasil e colaboradores

2. Apostila de Psicopatologia e psicofarmacologia, Profa. Ana Luiza Prates3. Seção de Notícias da RedePsi4. FADUL, Rogério. Fisiologia Humana Comparada. Disponível em:

http://www.reocities.com/CollegePark/lab/9707/default.html. Acesso em: 1º de março 2011.

5. Neurociencias para a Psiquiatria Clinica, Edmund S. Higgins e Mark S. George, Artmed

6. Fundamentos de Anatomia, Walter Hartwig, Artmed7. Cem Bilhões de Neurônios, Roberto Lent, Artmed 8.  Disponível em 1ª de março 2011 em http://www.webciencia.com/11_29nervoso.htm9. Corpo humano, fundamentos de anatomia e fisiologia, Gerard Tortora, Artmed10. Neurofarmacologia, Douglas Dogal Sucar, Casa Leitura Médica11. Manual d e Farmacologia Clinica, Alan Schatzberg, Artmed

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