Auto-narrativas

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Auto-narrativas Jerome Jerome Bruner Bruner Vanessa de Oliveira Vanessa de Oliveira Dagostim Dagostim 2007/1 2007/1

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Apresentação dos textos sobre auto-narrativas do Psicólogo Jerome Bruner

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Auto-narrativas

JeromeJerome BrunerBruner

Vanessa de Oliveira Vanessa de Oliveira DagostimDagostim

2007/12007/1

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Pensamento Narrativo

• Oposto ao pensamento lógico-científico(paradigmático) que usa argumentos para convencer da verdade; causalidade; conceituação; consistência

• Através da narrativa aborda a maneira pela qual as ações humanas se comportam nas mais diversas situações

• As histórias criadas relatam situações humanas

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Características do Pensamento Narrativo

• Busca a verossimilhança (o possível, o que poderia ter acontecido)

• Condições prováveis• Pode ser contraditório• Busca a abstração, transcende o

particular• Gatilho para a mudança de um plano

para o outro

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Life as Narrative (2004)

• Objetivo - estender as idéias sobre narrativas para analisar as histórias que nós contamos sobre nossas vidas: nossas autobiografias. (p.691)

• Contar é construir e reconstruir nossa vida e o mundo

• Será que construímos nossas histórias a partir de nossas experiências?

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Culture and autobiography

1) Parecemos não ter outra forma de descrever nosso tempo vivido a não ser pela narrativa

2) Narrativa imita a vida, vida imita a narrativa: a vida como um tipo de construção da mente humana, assim como a narrativa

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Culture and autobiography

Narrador = figura central da narrativa

DILEMAS

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Dilemas (reflexivity)

• Como verificar o que é contado?

• Como desfigurar-se de si mesmo?

• Indeterminação• Racionalização

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• Ao falar sobre nossas vidas nós transformamos nossa autobiografia

• Formas canônicas de nossa cultura• Talking cures• o poder dos processos cognitivos e

lingüísticos do “dizer sobre si” das narrativas de vida conseguem estruturar a experiência perceptual para organizar a memorganizar a memóóriaria, segmentsegmentáá--lala e construir a finalidadeconstruir a finalidade de muitos eventos de uma vida. (p.694)

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• Autobiografias como formas literárias• Pessoas de todos os lugares podem

contar algo sobre suas vidas; o que varia é a perspectiva cultural e lingüística ou forma narrativa na qual isso é formulado e expresso

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Formas de auto-narrativas• Narratologia :“...a narratologia procura descrever o sistema específico

narrativo, buscando as regras que presidem àprodução e processamento dos textos narrativos. A narratologia incorpora a tendência do estruturalismo por considerar os textos narrativos como meios, regidos por regras, pelos quais os seres humanos re(criam) o seu universo. Competirá ànarratologia distinguir os textos narrativos dos restantes textos e descrever as suas características. Dentro de estas, os formalistas russos distinguem a fábula, a história, o agente narrativo, os actores, o acontecimento, o tempo e o lugar.”

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• A linguagem usada vai auxiliar o que é narrado semanticamente, pragmaticamente e estilisticamente;

• O que são os gêneros? (p.697)• meras convenções ou algo próprio do humano...?• Cada gênero se caracteriza pela utilização da língua

de uma maneira própria: lírico, épico...

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Ação X Consciência

Agentes: dupla projeção –ação e consciência (mundo interno);

Essa dualidade é essencial na narrativa.

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Quatro auto-narrativas• Pesquisa em 4 membros de uma família

e suas auto-narrativas (p.700)• A mãe, o pai e um casal de filhos

adultos• Há regras narrativas que selecionam e

estruturam a experiência de uma maneira particular

• Como esta família seleciona essas regras?

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Família Goodhertz

• Pai• Mãe• Debby, 20 anos• Carl, 30 anos

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• Nas narrativas, observa-se a distinção espacial entre o mundo e a casa;

• A casa é o ponto de referência deles;• Carl: alta freqüência de voz passiva em sua

narração, como se sentisse um objeto;• Sua vida é progressiva;• Debby narra sua vida como cíclica;• O pai é orientado para a ação;• Nas narrativas de pai e filho há pouco espaço

para a intimidade;

Algumas considerações

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Conclusão (?)• A mente nunca é livre de

“precomprometimentos”; não há um olhar inocente e nem um que possa penetrar a realidade primitiva. O que há são hipóteses, versões, o que se espera; concebemos a vida concebemos a vida como uma histcomo uma históória.ria.

• Entendemos melhor a história que alguém pode contar sobre qualquer coisa se consideramos que ela é uma das possibilidadesuma das possibilidades que poderia ser contada.

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SELF-MAKING NARRATIVES (2002)

• Quem é o eu – self?• O que é o eu e o que se espera que

sejam auto-narrativas?• Por que temos necessidade de contar

histórias? Qual a função disso?

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EU

• No séc XX a resposta padrão é que isto estava em nosso insconsciente; nós precisaríamos de mecanismos para encontrar formas para superar a nossa própria resistência e nos descobrir;

• Drama do EGO (Freud): onde havia ID deve haver EGO.

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EGOID

EGO

SUPEREGO = EGO IDEAL

Inconsciente (impulsos, necessidades...)

Controla as experiências conscientes e regula as ações entre pessoa e meio

Natureza superior; fala ao ego quem ele deve ser

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Por que precisamos de histórias para elucidar o EU?

• Primeiramente, não há um eu que está lá, esperando para ser encontrado; mas ele éconstruído e reconstruído constantemente para ir de encontro às necessidades das situações que nós nos deparamos. Essa reconstrução é feita guiada pelas nossas memórias do passado e nossas esperanças e medo do futuro.

• Contando sobre si próprio a si próprio, fazemos uma história sobre quem nós somos, o que aconteceu e porque nós estamos fazendo o que estamos fazendo.

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Auto-narrativa

• É regulada pela memória e pela ficção;• Fontes internas� memória, sentimentos,

idéias, crenças, subjetividade;• Fontes externas� o que esperamos dos

outros, o que esperam de nós, expectativas culturais (inconscientes);

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Selfhood

• Há muitos modelos de individualidade em qualquer cultura;

• Além dos modelos há homilias (lições, discursos morais) que guiam nossa individualidade;

• Distinção entre o nosso eu e o eu dos outros;• Desenvolvemos algo decorado para contar sobre nós

a nós mesmos e aos outros;• PACTO DA AUTOBIOGRAFIA� o que é apropriado

contar sobre nós aos outros?• Nossa individualidade se torna, nesse processo, res

publica.

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Eu X Outro

• John Done: “nenhum homem é uma ilha...”• Neisser reuniu artigos de pesquisadores

sobre essa área: (individualidade e eu) p. 213 que tentam explicar por que nos retratamos através de histórias, tão naturalmente, que a nossa individualidade parece ser produto da nossa própria construção da história?

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PENSAMENTO X LÍNGUA

• Segundo crenças lingüísticas antigas, pensamos para falar; nosso pensamento seria moldado pela língua; a língua favorece perspectivas particulares; o mundo não apresenta eventos a serem codificadas pela língua, mas é ela q filtra nossa percepção por esses eventos; a individualidade seria um meta-evento. p. 215

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...

• a pessoa (EU) sobre qual nós escrevemos é apenas uma versão;

• balanço entre o que alguém realmente era e o que poderia ter sido;

• estamos sempre buscando o equilíbrio entre a nossa memória e a realidade, mas fazemos isso inconscientemente;

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4 exemplos famosos p. 216

• Santo Agostinho• Vico (século XVII)• Jean Jacques Rosseau (1764)• Samuel Beckett (1906-1989)• Para Agostinho, o eu era produto da regulação

guiada da narrativa revelando o que Deus tinha escrito. Um milênio depois, em Beckett, a auto-narrativa era apenas um mero jeito de escrever, produto da imaginação;

• As questões deles são muito diferentes, porém todos tem a preocupação com a individualidade.

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Narrativa: ato de equilíbrioAutonomia X Comprometimento

•• Autonomia:Autonomia: liberdade de escolha, possibilidades;

•• Comprometimento:Comprometimento: relação com os outros, o que limita a autonomia.

• Nossas vidas buscam esse equilíbrio, assim como as auto-narrativas.

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Exemplos

• 1) Christopher McCandless, 23 anos – excesso de autonomia, sem comprometimento com os outros

• 2) MÉDICO – comprometimento• Tanto o médico quanto o garoto tiveram impasses:

ambos descontentes, chateados, foram moldados por comprometimentos precoces, escolheram e previram a continuação;

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Turning points• dificilmente se encontra auto-narrativas sem turing points,

coisas que provocaram uma mudança de vida;• Eles são parte integral do crescimento?• normalmente eles ocorrem em um momento da vida

posterior à juventude; • algumas culturas marcam os turning points através de

ritos de passagem marcantes (até dolorosos); os ritos convencionam os turning points;

• o rito de passagem não apenas encoraja mas legitima a mudança.

• apesar de nossas crenças de que as pessoas nunca mudam, nós mudamos!!!!

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Narrativa como construção

• O dom da narrativa é distintamente humano, como nossa postura ereta, etc; parece ser nossa maneira natural de contar as coisas;

• é através da narrativa que criamos e recriamos a individualidade. O eu é um produto da nossa “auto-contação”;

• sem a capacidade de fazer história sobre nós mesmos não há como ter a individualidade.

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A morte da identidade• Dysnarrativia: desordem neurológica, além de uma

lesão na memória, quebra o senso do eu; a individualidade é virtualmente apagada; completa perda da habilidade de se colocar no lugar dos outros; perde o senso do eu e também do outro;

• os indivíduos que perderam a habilidade de construir narrativas perderam a si próprio; a construção da individualidade não pode ser processada sem a capacidade de narrar; uma vez que nós nos equipamos dessa capacidade, podemos construir essa individualidade que nos une com os outros, nos permite voltar ao passado;

• a dysnarrativia é mortal para a identidade.

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O homem que confundiu sua mulher com um chapéu (SACKS, 1997)

Prefácio:• “O ser essencial do paciente é muito relevante nas

esferas superiores da neurologia e na psicologia, pois, nestas áreas, a individualidade do paciente está essencialmente envolvida, e o estudo da doença e da identidadeidentidade não pode ser desarticulado. De fato, esses distúrbios, juntamente com sua descrição e estudo, exigem uma nova disciplina, que podemos denominar “neurologia da identidade ”, pois lida com as bases neurais do eu, com o antiqüíssimo problema de mente e cérebro.” (Sacks, 1997, p.10).

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...

• A cultura é dialética, repleta de narrativas alternativas sobre o q o eu é

ou pode ser e as histórias q nós contamos para criar a nós mesmos

refletem essa dialética.

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Agradecimento

À colega Lílian

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bibliografia complementar

• E-dicionário de termos literários:http://www.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/N/narratologia.htm• http://www.bonde.com.br/colunistas/colunistasd.php?id

_artigo=1569• http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2005/mpi/tetx

t1.htm

• Representações Mentais: O Pensamento Narrativo e o Pensamento Paradigmático Integrados. Ana Teresa Contier e Marcio Lobo Netto. Disponível em: www.revistafenix.pro.br