Authier e Pecheux

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AUTHIER-REVUZ/PÊCHEUX: AUTHIER-REVUZ/PÊCHEUX: AUTHIER-REVUZ/PÊCHEUX: AUTHIER-REVUZ/PÊCHEUX: AUTHIER-REVUZ/PÊCHEUX: UMA INTERFACE EM CONSTRUÇÃO UMA INTERFACE EM CONSTRUÇÃO UMA INTERFACE EM CONSTRUÇÃO UMA INTERFACE EM CONSTRUÇÃO UMA INTERFACE EM CONSTRUÇÃO Carolina Fernandes * RESUMO: Este trabalho propõe uma discussão teórica a respeito do modo como a teoria pêcheutiana é absorvida por Authier-Revuz durante o processo de balizagem teórica de sua disciplina. Para isso, analiso como é desenvolvido o conceito de interdiscurso elaborado por Pêcheux na teoria das não- coincidências do dizer de Authier-Revuz, ponto onde a autora assume a interface com a análise do discurso e, mais especificamente, com a análise empreendida por Michel Pêcheux. Revelo, neste artigo, que tal interface proposta por Authier-Revuz ainda se mostra muito insipiente apesar da finalização de sua tese, uma vez que a noção de interdiscurso é ressignificada e sua pertinência a respeito da questão da dupla heterogeneidade não é considerada. PALAVRAS-CHAVE: interface, Authier-Revuz, Pêcheux. ABSTRACT: This work prososes a theoretical discussion on the way how the pêcheutian theory was absorbed by Authier-Revuz, during the theoretical fundament of her discipline. Thus, I analyse how the concept of interdiscourse elaborated by Pêcheux is developed in the theory of the non-coincidences of the saying of Authier-Revuz, a point in which the author assumes the interface with discourse analysis e, more especifically, with the analysis effected by Michel Pêcheux. I reveal, in this article, that the interface, proposed by Authier-Revuz, still is very insipient, although the ending of her thesis, since the notion of interdiscourse is resignified and its pertinence in relation to the issue of the double heterogeneity is not considered. KEY-WORDS: Interface,Authier-Revuz, Pêcheux. INTRODUÇÃO No meu processo de preparação na análise de discurso, tive contato com os textos da lingüista Jacqueline Authier-Revuz cujo escopo teórico inserido na Teoria da Enunciação abre espaço para operar interfaces com outras áreas do conhecimento tais como a psicanálise, a teoria bakhtiniana e a análise do discurso. O que me provocou certa inquietação foi justamente a última interface apontada, já que não percebi, de imediato, uma significativa intervenção da análise do discurso, mais especificamente da análise desenvolvida por Michel Pêcheux na França, nos estudos de Authier-Revuz. Este trabalho se refere, então, ao modo como a teoria pêcheutiana, por meio do conceito de interdiscurso, interfere no quadro teórico elaborado * Mestranda em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, linha de pesquisa Análise Textuais e Discursivas.

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    Carolina Fernandes *

    RESUMO: Este trabalho prope uma discusso terica a respeito do modo como a teoria pcheutiana absorvida por Authier-Revuz durante o processo de balizagem terica de sua disciplina. Para isso,analiso como desenvolvido o conceito de interdiscurso elaborado por Pcheux na teoria das no-coincidncias do dizer de Authier-Revuz, ponto onde a autora assume a interface com a anlise dodiscurso e, mais especificamente, com a anlise empreendida por Michel Pcheux. Revelo, neste artigo,que tal interface proposta por Authier-Revuz ainda se mostra muito insipiente apesar da finalizao desua tese, uma vez que a noo de interdiscurso ressignificada e sua pertinncia a respeito da questo dadupla heterogeneidade no considerada.

    PALAVRAS-CHAVE: interface, Authier-Revuz, Pcheux.

    ABSTRACT:This work prososes a theoretical discussion on the way how the pcheutian theory wasabsorbed by Authier-Revuz, during the theoretical fundament of her discipline. Thus, I analyse how theconcept of interdiscourse elaborated by Pcheux is developed in the theory of the non-coincidences of thesaying of Authier-Revuz, a point in which the author assumes the interface with discourse analysis e,more especifically, with the analysis effected by Michel Pcheux. I reveal, in this article, that the interface,proposed by Authier-Revuz, still is very insipient, although the ending of her thesis, since the notion ofinterdiscourse is resignified and its pertinence in relation to the issue of the double heterogeneity is notconsidered.

    KEY-WORDS: Interface,Authier-Revuz, Pcheux.

    INTRODUO

    No meu processo de preparao na anlise de discurso, tive contatocom os textos da lingista Jacqueline Authier-Revuz cujo escopo tericoinserido na Teoria da Enunciao abre espao para operar interfaces comoutras reas do conhecimento tais como a psicanlise, a teoria bakhtinianae a anlise do discurso. O que me provocou certa inquietao foi justamentea ltima interface apontada, j que no percebi, de imediato, uma significativainterveno da anlise do discurso, mais especificamente da anlisedesenvolvida por Michel Pcheux na Frana, nos estudos de Authier-Revuz.

    Este trabalho se refere, ento, ao modo como a teoria pcheutiana,por meio do conceito de interdiscurso, interfere no quadro terico elaborado

    * Mestranda em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, linha de pesquisa AnliseTextuais e Discursivas.

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    pela lingista em seu estudo de tese de Estado desenvolvido entre os anosde 1977 e 1992.

    O artigo consta de um captulo introdutrio acerca da teoria deAuthier-Revuz, onde busco justificar a presena dos exteriores invocados construo de seu embasamento terico. Tomando a interface com aanlise de discurso pcheutiana como objeto de discusso terica,desenvolvo os demais captulos objetivando apreender o modo pelo qualse d esse atravessamento por meio da noo de interdiscurso importadapor Authier-Revuz. Em outro captulo, trao um esboo dessa noo talcomo foi desenvolvida por Pcheux (1975-1983), para ento, no prximocaptulo discutir seu modo de apreenso na teoria de Authier-Revuz. J naconcluso, avaliando o estudo terico aqui esboado, busco desenvolverum gesto interpretativo questo da efetividade da interface entre ambosos autores.

    A TEORIA DE AUTHIER-REVUZ

    Inscrita no terreno lingstico que se ocupa do estudo da enunciao,entendendo esta como Benveniste (1989, p.82) a concebeu: este colocar emfuncionamento a lngua por um ato individual de utilizao, Authier-Revuz ocupanele um espao singular do qual trato, nesse captulo, a fim de, revelandosuas peculiaridades e influncias, compreender o modo como sua teoriase articula com as reas que dialoga.

    Como mostra Teixeira (2000, p.133), de Saussure, Authier-Revuzpreserva a lngua como ordem prpria, sem com isso, denegar o exterior quea constitui, mostrando afinidade com a teoria de Benveniste por meio daqual o lingista revela a existncia do sujeito, entidade considerada porSaussure externa ao sistema lingstico, como parte integrante e inseparvelda lngua, vista pelo vis enunciativo. Essa constatao Benveniste faz apartir do estudo que revela as marcas lingsticas de tempo, pessoa e lugarcomo sendo evidncias da presena da exterioridade no sistema formallingstico. Tais evidncias, a autora observa tambm quanto s modalizaesautonmicas que dizem respeito capacidade do sujeito de opacificar alngua durante o ato enunciativo, ou seja, o sujeito reflete acerca doprprio uso que faz da linguagem no prprio momento de us-la.

    Ao mesmo tempo em que se aproxima de Benveniste, Authier-Revuzse distancia no modo como o exterior apanhado pela teoria benvenistianaacerca da subjetividade. De acordo com a Teixeira, Authier-Revuz consideraque, para estudar a lngua, precisa-se recorrer aos seus exteriores, masno os deslocando de seu lugar especfico, como o fez Benveniste ao trazero exterior para dentro do sistema lingstico, desconsiderando seu modode ser. Para essa lingista, preciso perceber o sujeito como uma

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    exterioridade necessria constituio da lngua, que a afeta e a desestabiliza.Authier-Revuz objetiva, ento, teorizar esse conceito dentro do

    escopo terico da Teoria da Enunciao, ou teorias da enunciao, comoprefere chamar. No entanto, para isso, recorre, alm dos exterioresconceituais, a exteriores tericos que importa de outras reas doconhecimento estranhas Lingstica stricto sensu. Convida ao dilogo,ento, a psicanlise freudiana e sua releitura por Lacan, assim como odialogismo bakhtiano e, em certo momento, julga necessria a intervenodo conceito de interdiscurso desenvolvido por Pcheux. justamente,nesse modesto ponto da teoria, que reside a discusso a qual abordo maisdetidamente nos captulos que seguem. Passo agora a uma breve explicitaodos resultados obtidos por Authier-Revuz em seu trabalho de tese deEstado considerando tais interfaces.

    A relao com a psicanlise permite autora perceber o sujeito comosendo descentrado, clivado, afetado pelo inconsciente e, por isso, no sendo,portanto, fonte do seu dizer, tal como explicita em:

    O sujeito no uma entidade homognea, exterior linguagem, quelhe serviria para traduzir em palavras um sentido do qual ele seriafonte consciente. (Authier-Revuz, 1982, p. 63)

    Embora no seja fonte do seu dizer, o sujeito tem a necessidade e ailuso de s-lo, iluso esta essencial sua constituio. A autora (idem, p.69) toma o sujeito, ento, conforme o pensamento lacaniano, como sendoum efeito de linguagem, no podendo existir fora dela, numa posio deexterioridade em relao linguagem, j que esta vista como condio doinconsciente, do Outro que constitui o um, bem como seu discurso.

    O sujeito toma a palavra, mas a palavra no sua, j est l, vem dealgum lugar - por isso a recorrncia ao interdiscurso - e vem de outroalgum que o constitui, alm de constituir sua fala. ao dialogismobakhtiano que Authier-Revuz recorre para estudar a interferncia dodiscurso outro no discurso do sujeito compreendendo as noes dealteridade e polifonia no estudo do discurso relatado e citado. Nota-se apresena de mais um outro, este com o minsculo que se refere aointerlocutor, diferente do locutor (Authier-Revuz, 1990, p. 31), que, sendoexterno, o sujeito se julga separado dele, como se este fosse um objeto deseu discurso.

    Desse novo modo de conceber o sujeito no quadro dos estudosenunciativos, Authier-Revuz chega a formular os conceitos de heterogeneidademostrada e heterogeneidade constitutiva. A forma explcita da constituioheterognea do sujeito, denominada de heterogeneidade mostrada, definida pela autora (1990) como sendo a inscrio do discurso do outrono discurso do sujeito, assinalando a fronteira entre o externo e o interno

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    no fio do discurso. Tal heterogeneidade ainda dividida em marcada eno-marcada, conforme o modo de aparecimento no discurso, ou seja, aheterogeneidade mostrada e marcada quando as formas lingsticas estoclaramente delimitadas no discurso, podendo ser assinaladas e descritas, ja heterogeneidade mostrada e no- marcada mais velada, j que adelimitao das formas lingsticas no facilmente reconhecida, mas podeser recupervel. Logo, somente a heterogeneidade mostrada e marcada setorna passvel de formalizao pela Lingstica na forma de discurso direto,indireto.

    Desse tipo de heterogeneidade, retiramos, a ttulo de exemplificao,apenas duas seqncias do corpus o qual a autora (1982, p. 14-15) descreveexaustivamente: Feijes verdes, al dente, como dizem os italianos. verdade queatualmente, para usar uma expresso da jovem gerao, se arrebentam fazendo poltica,mas...

    Ao contrrio da heterogeneidade mostrada, a heterogeneidadeconstitutiva avessa a qualquer modo lingstico de descrio, visto suapresena implcita e dissimulada no discurso do sujeito. Authier-Revuz(1982, p. 21) a considera, portanto, o ponto-limite da Lingstica com relaoao estudo da heterogeneidade, onde o embasamento terico-metodolgicose esgota e clama por auxlio. Mas, se a heterogeneidade constitutiva estaqum dos estudos lingsticos, por que seu interesse por ela? Quer aautora desviar seu campo de pesquisa? A resposta claramente negativa.Como exposto acima, no h linguagem sem sujeito, no h estudoenunciativo sem sujeito, assim como, na perspectiva adotada por Authier-Revuz, no h sujeito isolado da heterogeneidade, que, sendo mostradaou no, constitui todo o sujeito assim como toda a linguagem.

    Portanto, a lingista no ignora a heterogeneidade constitutiva nasua teoria, uma vez que o Outro onipresente e est em toda parte (idem).Entretanto, para abord-la precisa recorrer a um horizonte que se encontrafora do alcance lingstico (ibidem), mexendo, assim, com o prprio objetoda Lingstica, que de objeto bem delimitado, passa a ser encarado pelovis da falta (Authier-Revuz, 1994), ou seja, a autora mostra que o processode nomeao falho e se inscreve na meta-enunciao por meio da qualvem enxertar [palavras] em um ponto do fio do dizer para a nomear afalha (idem, p. 269).

    Desse modo, a opacidade da linguagem conduz a autora a consideraruma forma mais flexvel de sistematizao, considerando os lapsos, as falhas,os equvocos como constitutivos da linguagem. No entanto, como lingista,Authier-Revuz reconhece o seu lugar e os limites de sua disciplina. Porisso, aponta a relao da lngua com esses exteriores, mas no ultrapassa olimite da descrio lingstica por julgar inconveniente deslocar-se de suarea de formao.

    Pode-se notar, portanto, que Authier-Revuz forja uma teoria muitoadversa da Lingstica formal desenvolvida em torno da imanncia da

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    lngua, sem, com isso, deixar de ser lingista, ampliando o espao deatuao dos profissionais da rea e, ao mesmo tempo, reconhecendo oslimites desse espao.

    Feito esse breve percurso pela teoria de Authier-Revuz, passo aoestudo da noo de interdiscurso tal como foi forjada por Pcheux paralogo aps verificar o modo de insero desse conceito nesse quadro tericoque acabo de esboar.

    O CONCEITO DE INTERDISCURSO EM PCHEUX

    Pcheux, instigado com a abordagem dada ao sentido nos estudosda linguagem, logo o relaciona ao conceito que elabora de formaodiscursiva3 , doravante FD. Segundo o autor (1971), em texto que contoucom a colaborao dos lingistas Claude Haroche e Paul Henry, a noo deFD definida como sendo aquela que determina o que pode e deve serdito [...] a partir de uma posio dada numa conjuntura dada. (idem, p.148).4

    Para o terico, o sentido das palavras, expresses ou proposiesno dado a priori, precisa antes passar por uma FD que indica a posioideolgica que o sujeito deve ocupar, tal como explicita em: constata-seque as palavaras podem mudar de sentido segimdp as posies tomadaspor aqueles que as empregam (ibidem, p.140) concluindo que as palavrasmudam de sentido passando de uma formao discursiva a uma outra.(op.cit., p.148)5

    Assim, se o sentido encontra abrigo numa FD durante o atoenunciativo, onde estaro colocados os dizeres aps a realizao desse ato?Eles perdem o sentido, deixando-o preso na massa amorfa da FD? Quantoa isso, Pcheux deixa claro que os sentidos e, do mesmo modo, os dizeres,esto em constante curso, transitando pelos discursos, produzindo o efeitode j-l, de j-dito, embora esquecido.

    Para dar conta desses sentidos e dizeres j-l, Pcheux (1975) forja anoo de interdiscurso como sendo o lugar que abriga todos os dizeresadvindos de todas as FDs, por isso, caracteriz-lo por non-sens, ou seja, olugar do no-sentido, onde a ideologia ainda no fez eleger seus sentidospossveis, l todos encontram permisso para existir.

    Desse modo, o autor (idem, p. 162) formula a concepo deinterdiscurso como sendo esse complexo com dominante das formaes discursivas,j que nesse espao que a FD recorta seu domnio de saber.3 O termo formao discursiva foi cunhado por Foucault, em Archologie du Savoir, de 1969, para quem a FD refere-se

    a um domnio associado de saberes.4 Traduo minha de: dterminent ce qui peut et doit tre dit [...] partir dune position donne dans une conjoncture

    donne . (Pcheux et al., 1971, p. 148).5 Minha traduo para: les mots changent des sens en passant dune formation discursive une autre (Pcheux et

    al. , 1971, p. 148).

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    Alm de relacionar ao discurso do sujeito discursos outros, ointerdiscurso tambm diz respeito ao discurso do Outro, aquele constitutivodo sujeito, j que atravs dele que a Ideologia, em geral, atua no processode interpelao dos indivduos em sujeitos, salientando que esse processo se dde modo plenamente inconsciente ao passo que esse algo que fala sempreantes, em outro lugar e independentemente (Pcheux, op. cit., p. 162), confundeas noes de interdiscurso e inconsciente no processo discursivo. Ointerdiscurso , portanto, recalcado no inconsciente, apagado, esquecidol, para poder retornar no discurso do sujeito, dissimulando sua presena.

    O autor tambm mostra que o interdiscurso tambm pode seridentificvel no fio discursivo, por meio da anlise do processo discursivo,indicando as noes de pr-construdo e discurso-transverso como sendoindcios do interdiscurso no intradiscurso, ou seja, a voz do Outrodissimulada no outro do discurso.

    O autor observa que aquele discurso que entra atravessado nodiscurso do sujeito por ter vindo de outra FD, ao se re-inscrever nointradiscurso (fio do discurso), deixa traos daquilo que o determina(ibidem, p. 163) - ponto onde a heterogeneidade mostrada de Authier-Revuz encontra suporte.

    Por outro lado, o indcio do interdiscurso no intradiscurso no servepara indicar sua determinao. Pelo contrrio, refora o processo deesquecimento em que a ideologia dissimula o interdiscurso no intradiscurso, demodo que o este aparece como o puro j-dito daquele (op. cit., p.167). Essaabsoro-esquecimento dos discursos outros que constituem o discursodo sujeito diz respeito interpelao ideolgica e constituio subjetiva dosujeito, para quem todo o processo dissimulado via inconsciente. , assim,que Pcheux, tendo em vista a noo de interdiscurso, cria as bases paraconstruir sua Teoria no-subjetiva da subjetividade, calcada na Lingstica, noMaterialismo Histrico e, sobretudo, na psicanlise lacaniana.

    Criticado por Authier-Revuz (1990) de provocar a homogeneizaode seus conceitos e tendo com ela debatido acerca da questo daheterogeneidade constitutiva, Pcheux, na dcada de 80, reformula sua teoriaem prol de uma maior e definitiva flexibilizao dos conceitos pertinentes AD. A noo de heterogeneidade passa, ento, a alicerar o escopo tericodessa disciplina, desde sua noo mais crucial, aquela da ideologia. Estaadmite um carter intrinsecamente heterogneo e, at mesmo,contraditrio, bem como a redefine Pcheux (1980, p. 192): Uma ideologiano idntica a si mesma, no existe seno sob a modalidade da diviso, e s se realizaque na contradio que com ela organiza a unidade e a luta dos contrrios.6

    6 Traduo minha de: una ideologa es no idntica a s misma, no existe sino bajo la modalidad de la divisin, y nose realiza ms que en la contradicctin que con ella organiza la unidadad y la lucha de los contrarios. (Pcheux, 1980,p. 192)

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    Sendo a FD a representao da linguagem no discurso, e o sujeitopor ela interpelado, nem FD, nem sujeito, podem ser considerados poroutro vis que no o da heterogeneidade. Assim, o atravessamento danoo de heterogeneidade provoca fundamental mudana interna na AD,resolvendo vrias questes deixadas em aberto, tais como: a imobilidadesubjetiva, a homogeneidade da FD e, principalmente, a relao entreinterdiscurso e FD.

    O interdiscurso, como reformula Courtine (1981), passa a serentendido como o regulador do deslocamento das fronteiras da FD. ointerdiscurso, por meio da insero dos discursos advindos de outras FDssob a forma de pr-construdos e discursos transversos, que mexe coma organizao dos saberes da FD, fornecendo, alm do que pode e deveser dito, tambm o que no pode e no deve ser dito.

    Percebo, portanto, a clara influncia da reflexo de Authier-Revuznessa nova fase da AD, convencionada por Pcheux de AD3. Questiono,entretanto, se esse dilogo entre os dois tericos teria sido, na mesmamedida, profcuo ao desenvolvimento dos estudos enunciativos. O aparatoterico que lano mo para levantar respostas a essa questo desenvolvidono prximo captulo, atravs do qual discuto a insero do conceito deinterdiscurso, tal como foi elaborado por Pcheux, nos estudos de Authier-Revuz.

    O ATRAVESSAMENTO DA NOO DE INTERDISCURSO NATEORIA DAS NO-COINCIDNCIAS DO DIZER

    A relao com a teoria de Pcheux, Authier-Revuz explicita somentenos textos de concluso da tese, onde insere o interdiscurso no estudo dasno-coincidncias do dizer - novo modo de tratar a dupla heterogeneidadepercebida a partir da articulao entre os dois tipos de heterogeneidade.

    Para realizar essa articulao entre heterogeneidade mostrada eheterogeneidade constitutiva, a autora convoca apenas os domnios do pontode vista da psicanlise e do dialogismo bakhtiniano. Tarefa nada simplescomo a prpria autora (1982, p. 68) assume: os dois pontos do dialogismo e dapsicanlise constituem questionamentos radicais, ambos com bases diferentes.

    O antagonismo entre essas reas se efetua devido oposio de seusconceitos e objetivos que chegam a ser at mesmo excludentes. Explico.Avesso teoria freudiana do inconsciente, o que declara abertamente emsua obra Freudismo, e na citao que segue: o estudo das ideologias no dependeem nada da psicologia e no tem nenhuma necessidade dela. Bakhtin (1929, p. 36),

    Bakhtin (idem) considera que a interao verbal do sujeito com ooutro promove a livre aceitao ou recusa de seu modo de constituio.Para esse filsofo, a interpelao ideolgica, ou a constituio pelo Outro- j que a Authier-Revuz no interessa a ideologia - , portanto, plenamente

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    consciente. O suporte para a constituio consciente do sujeito se encontrana lngua, uma vez que esta, enquanto signo ideolgico, consideradainstrumento da conscincia (Bakhtin, ibidem, p. 37). Enquanto que o sujeito,em psicanlise, atravessado pelo inconsciente, em nada tem a ver com aideologia, visto que a preocupao do psicanalista com casos clnicos eno com a submisso ideolgica.

    reas intrinsecamente to dspares como estas, cujos objetosmesmos se repulsam, so articuladas pela AD bem no ponto onde o contatono parece ser possvel - no caso, o da relao entre ideologia e inconsciente.Por meio da noo de interdiscurso, Pcheux (1975) relaciona os discursosoutros, que, para ele, carregam o ideolgico das formaes discursivas, aoinconsciente, mostrando que a interpelao ideolgica do indivduo emsujeito se realiza via inconsciente, ou seja, se para Bakhtin a ideologia estencrostada no signo e o sujeito a recebe conscientemente, Pcheux mostraque o assujeitamento dissimulado para o sujeito que no tem conscinciado modo como se efetua sua constituio.

    No entanto, Authier-Revuz no leva em considerao esse aspectoda teoria pcheutiana, deixando o interdiscurso apenas do lado dodialogismo bakhtiniano como possvel perceber no modo como concebea segunda no-coincidncia, aquela da no-coincidncia do discurso consigo mesmo:

    A no-coincidncia do discurso consigo mesmo colocada comoconstitutiva em referncia ao dialogismo bakhtiniano - considerandoque toda a palavra que, por se produzir no meio do j-dito dosoutros discursos, habitada pelo discurso outro - e teorizao dointerdiscurso, em anlise de discurso, que remete o eu falo aqui eagora ao algo fala em outro lugar, antes e independentemente (M.Pcheux) [...] 7 (Authier-Revuz, 1992, p.22)

    Nota-se, a partir dessa citao, que o algo que fala em outro lugar,antes e independentemente de Pcheux entendido como sendo o outroexterno ao sujeito, fazendo com que a noo de interdiscurso perca suarelao com o discurso Outro constitutivo do sujeito bem como a evidencieimais acima. Assim, a interdiscursividade percebida como representada(idem, p. 23), ou ainda como uma interdiscursividade mostrada que representaa fronteira entre o interior e o exterior (Authier-Revuz, 1988, p. 183), i.e.,o interdiscurso, para Authier-Revuz representa o lugar onde se d a relaoentre o outro externo e o interior do sujeito, tornando-se plenamenteidentificvel no fio do discurso, como indicam as estruturas lingsticaslevantadas pela autora (idem): X, como diz fulano; para retomar as palavras de...;como se diz l, nesse meio, nesse tipo de discurso; como se dizia; X, no sentido em quefulano emprega; X, no sentido de tal discurso.8

    7 Os grifos so meus.8 Grifo da autora.

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    Tomando apenas esse recorte da teoria enunciativa de Authier-Revuz, poder-se-ia dizer que a noo de interdiscurso ressignificada pelalingista como sendo a pura relao entre discursos outros na perspectivadialgica, em que um sujeito traz para compor seu discurso, de modoconsciente, o discurso de outro sujeito externo a ele.

    Contudo, considero que o estudo de Authier-Revuz procura ir maisalm das relaes dialgicas, mostrando que esse outro externo tambm constitutivo do sujeito, o que conclui, ao pr em paralelo os conceitos deOutro, apreendido pela relao com a psicanlise, e de outro, retirado dodialogismo bakhtiniano, como se observa em: todo discurso se mostraconstitutivamente atravessado pelos discursos outros e pelo discurso Outro (Authier-Revuz, 1982, p. 69).

    A relao entre ambos feita a partir do estudo do processo dedenegao em que o sujeito afirma sua interao com o discurso do outropara dissimular sua constituio pelo discurso do Outro. Desse modo,Authier-Revuz (idem, p. 73-74) conclui que:

    As marcas explcitas de heterogeneidade respondem ameaa querepresenta, para o desejo de domnio do sujeito falante, o fato de queele no pode escapar ao domnio de uma fala que, fundamentalmente, heterognea. Atravs dessas marcas, designando o outro localmente, osujeito empenha-se em fortalecer o estatuto do um. nesse sentidoque a heterogeneidade mostrada pode ser considerada como um modode denegao no discurso da heterogeneidade constitutiva que depende dooutro no um.9

    Sendo assim, a autora (1990, p. 33) reformula o conceito de denegaofreudiano que passa a ser considerado como o processo pelo qual o sujeitoreconhece a heterogeneidade, mas para melhor negar sua onipresena.

    Reconheo a pertinncia do estudo da denegao para explicar arelao entre a heterogeneidade mostrada e a heterogeneidade constitutiva.Entretanto, percebo que tal estudo no revela a articulao entre ambas nomodo de constituio do sujeito bem como o revelei quanto teoriapcheutiana da noo de interdiscurso, uma vez que a lingista apenascoloca as reas com que dialoga lado a lado sem articul-las com receio deprejudicar a preservao de suas faces.

    Esse naco de inconsistncia terica, a meu ver, resulta do modo comoa autora insere a noo de interdiscurso nos seus estudos, reduzindo-a heterogeneidade mostrada e no relacionando-a ao processo de constituiodo sujeito pelo Outro a partir do discurso do outro.

    9 Grifos da autora.

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    Se Authier-Revuz objetiva, mesmo que ilusoriamente, interagir comoutras reas do conhecimento de modo que suas bases tericaspermaneam intactas, a teoria de Michel Pcheux, compreendida a partirdas reformulaes da dcada de 80, parece-me uma soluo razovel articulao dessas disciplinas, visto que o autor j disponibiliza dos arranjostericos necessrios sem que a lingista precise deslocar-se de sua posio.

    A intensificao dessa interface no necessitaria mais do que oaperfeioamento da relao de sua teoria enunciativa com a noo deinterdiscurso, reconhecendo suas especificidades e as determinando, senoem suas anlises, no quadro terico o qual elabora.

    CONCLUSO

    No esboo do texto de 1983, Anlise do discurso: trs pocas, ondePcheux avalia o percurso do desenvolvimento da disciplina, suasreformulaes e novas perspectivas, o autor (idem, p. 316) revela que aterceira fase da AD tem relao com os estudos que abordam a questo daheterogeneidade enunciativa e tematizam as formas lingstico-discursivas dodiscurso outro, sugerindo, a ponto de revelar, sua relao com a teoria deAuthier-Revuz. Seu estudo enunciativo passa, ento, a dar suporte construo do dispositivo analtico em AD, j que uma das etapas dapesquisa na rea, geralmente, passa por uma fase de estudo do fio dodiscurso.

    Se a AD, por sua vez, encontrou na teoria de Authier-Revuz umalingstica mais apropriada aos seus propsitos, percebo que o mesmono ocorre, no na mesma proporo, a respeito da influncia da AD nosestudos de Authier-Revuz.

    Como foi visto, a AD entra nesse escopo terico por meio da noode interdiscurso que inserida dentro do quadro no qual a lingistadesenvolve a reflexo acerca das no-coincidncias do dizer, cujo texto foiapresentado como concluso sua tese de Estado defendida em 1992.

    Durante o estudo do modo como o interdiscurso, tal como foielaborado por Pcheux, incorporado no-coincincia do discurso consigomesmo, conclumos que essa noo ressignificada por Authier-Revuzcomo sendo a representao marcada no discurso do sujeito dos discursosoutros, aliando-a apenas heterogeneidade mostrada. Claro que duranteo estudo da dupla heterogeneidade e do processo de denegao, pudeperceber que o objetivo da autora articular os dois tipos deheterogeneidade de modo que um possa constituir o outro. por esselado, considerando a unio entre o aspecto mostrado e o constitutivo daheterogeneidade, que verifico a importncia de um aprofundamento nainterface com a dita AD3, reelaborando a noo de interdiscurso na prpriabase terica delineada por Authier-Revuz.

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    Nesse artigo, portanto, procurei mostrar que a noo deinterdiscurso, unindo, no discurso, os discursos outros ao discurso doOutro do inconsciente, to pertinente teoria de Authier-Revuz quantoa psicanlise ou o dialogismo bakhtiniano, j que articula essas teorias toantagnicas, dispondo um espao possvel para que ambas se imbriquem.

    Saliento ainda que, embora a anlise executada por Authier-Revuzno comporte a ultrapassagem da superfcie lingstica, preciso, pelomenos, que a noo de interdiscurso receba maior relevncia durante odesenvolvimento de sua base terica, visto seu aspecto aglutinador dasteorias em interface.

    REFERNCIAS

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  • 96 Revista T Revista T Revista T Revista T Revista Trama - Vrama - Vrama - Vrama - Vrama - Volume 4 - Nmerolume 4 - Nmerolume 4 - Nmerolume 4 - Nmerolume 4 - Nmero 7 - 1 Semestre de 2008 -o 7 - 1 Semestre de 2008 -o 7 - 1 Semestre de 2008 -o 7 - 1 Semestre de 2008 -o 7 - 1 Semestre de 2008 - p. 85-96p. 85-96p. 85-96p. 85-96p. 85-96

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