AULAS DE EDUCAÇÃO FISICA X - Operação de migração ... · Para levantar a prevalência, foram...
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AULAS DE EDUCAÇÃO FISICA X BULLYING:
Como prevenir, intervir e agir !
Autor: Edvaldo Oliveira Souza1
Orientador: Renan Felipe Hartmann Nunes2
Resumo
O presente artigo fala do fenômeno bullying que nos últimos anos faz parte
dos mais distintos contextos escolares causando inquietude à alunos,
professores, equipe pedagógica, pais e sociedade. Este tipo de violência juvenil
“permitida” apesar de se confundir com a própria origem da escola tem sido
apenas alvo de estudos e pesquisas recentes. Esta problemática é altamente
prejudicial dentro do processo de ensino-aprendizagem e no desenvolvimento
psíquico dos alunos, buscou-se compreender como os alunos tem lidado e
como podem contribuir no sentido de prevenir, intervir e agir no combate ao
problema. A implementação da Unidade Didática proporcionou aos alunos
vídeos, filmes, palestras, grupos de estudos e pesquisa, confecção de cartazes
e concurso de frases, buscando aumentar a conscientização a respeito do
fenômeno, eliminando alguns mitos, além de apoiar e proteger as vítimas. Para
levantar a prevalência, foram aplicados dois questionários (pré/pós
implementação) aos alunos, onde constatou-se que a maioria conheciam o
problema, foram citadas algumas ocorrências de agressão, ofensa verbal,
ameaça, subtração de dinheiro e outros pertences, brincadeiras raciais
maldosas, xingamentos, materiais escondidos e mentiras ou boatos. Em todas
as ocorrências citadas houve diminuição das mesmas após a implementação,
comprovando a eficácia de campanhas antibullying realizadas na escola. Este
fenômeno tornou-se um problema social grave, deve ser enfrentado por todos
os segmentos da comunidade escolar com apoio de toda a sociedade
organizada, principalmente no seio familiar onde os jovens estão inseridos para
que comece ali o trabalho de melhorar as relações humanas e interpessoais.
Palavras - chave: Bullying, Violência juvenil, Educação Física, Conscientização.
Introdução
1 Professor da Rede Estadual de Ensino, participante do PDE 2010/2011, lotado no Colégio
Estadual Antônio Maximiliano Ceretta em Marechal Cândido Rondon – Paraná.
2 Professor Orientador pertencente ao Curso de Educação Física da UNIOESTE, campus de
Marechal Cândido Rondon.
O Governo do Estado do Paraná através da SEED- Secretaria de Estado
da Educação no ano de 2004, criou no ano de 2004 o PDE -Programa de
Desenvolvimento Educacional como uma política pública de Estado que
estabelece o diálogo entre os professores do ensino superior e os da educação
básica, através de atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado
a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da
escola pública paranaense. (SEED, 2010)
Através de parcerias com as IES – Instituições Públicas de Ensino
Superior os professores tiveram a oportunidade retornar ao meio acadêmico
objetivando a atualização e aprofundamento de seus conhecimentos. O PDE,
está integrado às atividades da formação continuada em educação, disciplina a
promoção do professores da Rede Pública Estadual de Ensino.
Objetivo do PDE é proporcionar aos professores da rede pública estadual
subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações
educacionais sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de sua
prática. (SEED, 2010)
Este artigo descreve a experiência de implementação pedagógica
realizada nas 7ª e 8ª séries do período vespertino, perfazendo um total de 91
alunos com idade entre 13 e 15 anos no Colégio Estadual Antônio Maximiliano
Ceretta – Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante, no município de
Marechal Cândido Rondon-Paraná.
A referida implementação aconteceu no segundo semestre de 2011
com a participação do corpo discente e docente, através da realização de
leitura e discussão de uma Cartilha sobre bullying (Observatório da infância) ,
através de vídeos curtos do You Tube, assistindo o filme bullying- Provocações
sem limites, confecção de cartazes e concurso de frases sobre o tema.
A escolha desta temática foi porque os profissionais da Educação no
quotidiano tem reparado que o ambiente escolar não é mais o mesmo. A
intolerância e a falta de respeito tem causado muitos problemas de
relacionamento entre os alunos de nossas escolas, casos de violência física e
moral, infelizmente estão presentes tanto dentro como fora da sala de aulas,
assim como nas aulas de Educação Física, onde é mais intenso o contato
físico entre os alunos, este fenômeno também está presente.
A implementação deste Projeto objetivou esclarecer à comunidade
escolar a respeito do que é e o que não é bullying, discutir as causas,
conseqüências e ações de intervenção no enfretamento deste tipo de violência
juvenil “permitida” nas escolas, buscando melhorar o relacionamento
interpessoal entre os alunos, tornando o ambiente escolar propicio e adequado
à não prejudicar o desempenho profissional dos professores e o
desenvolvimento intelectual dos alunos.
A relevância de estudar este tema está na importância de buscar uma
discussão da problemática no âmbito escolar, principalmente nas aulas de
Educação Física, realizando o processo de sensibilização dos alunos e
conscientização de toda a comunidade escolar.
Com a proximidade e confiança que os professores de Educação Física
tem com seus alunos, ele poderá contribuir na concientização dos educandos,
mas devido à complexidade do assunto é necessário uma ação conjunta de
alunos, professores, pais, coordenadores, diretores, seviços gerais, formando
uma equipe mutidisciplinar para que se tenha êxito na formulação e
implementação do projeto e execução das atividades.
A ação da escola contra o bullying deve ser precoce, intervindo
imediatamente tão logo seja identificada a prática, e manter a atenção
permanente são estratégias ideais, buscando uma efetiva mudança de atitude
comportamental dos alunos. O dia a dia dos alunos participando das aulas de
Educação Física, devem servir de instrumento de diagnóstico para a detecção
dos mais diversos atos de violência, quer seja explícita ou implícita de exclusão
dos colegas, sendo esporádicas ou persistentes.
A participação de toda a comunidade escolar na criação de regras de
comportamento e normas de convivência dos alunos, influenciam na garantia
de que eles cumpram o que foi acordado, se comprometam e se
responsabilizem em cumprir as mesmas, e em caso de não cumprimento
algumas sanções.
O tempo que os alunos permanecem realizando as atividades nas aulas
de Educação Física deve servir de estímulo à integração social, busca melhora
nas de relações humanas e interpessoais, baseadas principalmente nos
valores humanos, como respeito, justiça, amizade, cooperação,
companheirismo e solidariedade, buscando sempre a formação de uma
consciência cidadã. Durante a socialização, o princípio da igualdade faz com
que prevaleça direitos iguais entre todos os participantes, prevalecendo o
respeito e tolerando e aceitando toda e qualquer diferença individual.
Na Educação Física este fenômeno ainda não é amplamente discutido
em suas aulas, que poderiam servir como um meio de intervenção. Sabendo
deste problema, perguntou-se: como os alunos nas aulas de Educação Física
têm lidado com o bullying? Como eles têm contribuído para prevenir, evitar,
auxiliar a combater o problema?
Buscando responder estes questionamentos, este trabalho propôs-se
discutir o fenômeno no âmbito escolar, especificamente nas aulas de Educação
Física, tentando identificar as melhores ações e procedimentos anti- bullying
dentro da pratica esportiva e no ambiente escolar como um todo.
Com este objetivo definido, elaborou-se estratégias na tentativa de
estruturar ações que venham auxiliar a combater esta problemática na escola.
Foi então realizado o levantamento da prevalência, suas causas e
conseqüências, através da aplicação de questionários aos alunos. Com os
dados analisados, o corpo docente foi mobilizado no processo de
sensibilização dos alunos. As ações priorizadas e as estratégias adotadas
foram definidas coletivamente, pelo grupo composto por representantes de
todos os segmentos da comunidade escolar e amplamente divulgadas.
Fundamentando o fenômeno bullying
Objetivando fundamentar a pesquisa para uma melhor compreensão
sobre o fenômeno é importante observar que devido à complexidade deste tipo
de violência e o crescente interesse dos educadores em discutir ações e
estratégias de enfrentamento desta problemática que assola e está presente
em todos os tipos, níveis e tamanho de escolas, provocando preocupação em
toda a comunidade escolar (alunos, pais, professores, diretores, funcionários e
equipe pedagógica).
O tipo de violência juvenil que trata este trabalho vai muito além das
brigas e discussões “normais” que acontecem no quotidiano das escolas. Mas
a violência que muitas vezes não chega ao conhecimento de pais, professores,
pedagogos e diretores, e são exercidas de forma freqüente e repetida contra
um ou um grupo de pessoas.
O fenômeno bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, sendo executado dentro de uma relação desigual de poder. Essa assimetria de poder associada ao bullying pode ser conseqüente da diferença de idade, tamanho, desenvolvimento físico ou emocional, ou de maior apoio dos demais estudantes. ( LOPES NETO, 2003, p.S165)
As vítimas, impossibilitadas de defesa e sem contar com a compreensão
e ajuda adequada, para lidarem com o constrangimento sofrido, aos poucos
vão se retraindo, se isolando do grupo, carregando consigo as seqüelas da
vitimização, podendo extrapolar ao período acadêmico, se não houver
intervenção.
Bullying: palavra origem inglesa, adotada em muitos países para definir o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa e colocá-la sob tensão; termo que conceitua os comportamentos agressivos e anti-sociais, utilizado pela literatura psicológica anglo-saxônica nos estudos sobre o problema da violência escolar. (FANTE, 2005, p. 27)
A violência entre estudantes, quer seja física, verbal, material,
psicológica, moral ou sexual se confunde com a própria história da escola. Os
alunos sempre sofreram as mais diversas ações violentas de seus colegas,
mas este tipo de violência muitas vezes era camuflada pela escola bem como
pelas vítimas. Mas com o aumento dos casos buscou-se aprofundar melhor as
investigações, a pesquisa e os estudos, visando a resolver ou diminuir o
problema.
O bullying é um fenômeno tão antigo quanto a própria instituição denominada escola. No entanto, o tema só passou a ser tema de estudo científico no inicio dos anos 70. Tudo começou na Suécia, onde grande parte da sociedade demonstrou preocupação com a violência entre estudantes e suas conseqüências no âmbito escolar. (SILVA, 2010: p. 111).
Dentro do contexto escolar onde é um local de encontro bastante
heterogêneo, composto por representantes das diversas camadas sociais,
religiosas e comportamentais, onde a maioria dos alunos vão para aprender e
uma minoria vão com outras intenções, sendo muitas vezes obrigados pelos
pais ou o Conselho Tutelar. Esta falta de compromisso com a escola e os
estudos fazem com que seu comportamento anti social seja refletido através de
agressões contra os colegas.
A presença do fenômeno bullying na realidade escolar é incontestável e não possui, aparentemente, fatores determinantes, ou seja, independente da localização da escola, tamanho, turno escolar, séries iniciais ou finais, ou mesmo escola pública ou privada. (GUARESCHI E REIS DA SILVA 2008: p. 49).
As vítimas do fenômeno bullying apresentam características peculiares:
tem poucos laços de amizade, são inertes, pouco participativos, apresentam
pouca afeição e baixa auto estima, sofre calados, não reagem às agressões,
muitas vezes não por falta de vontade, mas principalmente por não ter forças
de lutar em busca de seus direitos e em alguns casos por se considerar
merecedor dos castigos impostos pelos agressores ou por conformismo.
Aqueles que praticam o bullying, denominados “bullies”, perseguem e hostilizam suas vítimas, desferindo-lhes uma série de maus-tratos, como apelidos pejorativos, humilhações, zoações, perseguições, exclusões, ameaças, calúnias, difamações. As agressões são deliberadas e cruéis, com o intuito de ferir o outro e podem ser verbais, morais, sexuais, físicas, materiais, psicológicas e virtuais. (FANTE 2005: p. 28).
Este conjunto de atos ostensivos faz com que eles passem a ter baixo
desempenho escolar, resistam ou se recusem a ir a escola, chegando a simular
doenças. Para fugir das agressões, mudam de colégio com frequência, ou
abandonam os estudos. Há ainda jovens que com extrema depressão acabam
tentando ou cometendo o suicídio.
As conseqüências da conduta bullying afetam todos os envolvidos e em todos os níveis, porem especialmente a vítima, que pode continuar a sofrer seus efeitos negativos muito alem do período escolar. Pode trazer prejuízos em suas relações de trabalho, em sua futura constituição familiar e criação dos filhos, além de acarretar prejuízos para a sua saúde física e mental. (FANTE, 2005: p.79)
Nos principais meios de comunicação, como televisão, rádio, internet,
jornais e revistas, as cenas de assaltos, guerras, sequestros, agressões físicas,
ofensas morais, brigas de gangues, vandalismo e assassinatos, infelizmente
tornaram-se parte do dia a dia em muitos países, sociedades e regiões, não
importando mais o ambiente (familiar, escolar, social, hospitalar ou religioso), a
idade (bebês, crianças, jovens, adultos ou idosos), o gênero, as classes sociais
(baixa, média ou alta), condições psicológicas e físicas.
Este tipo de violência por suas peculiaridades e particularidades já que
apresenta fatores próprios, precisa ser observada sob uma visão bastante
complexa necessitando da análise dos mais diversos profissionais, como
professores, psicólogos, sociólogos, psiquiatras, filósofos, juristas e cientistas .
Por isso, é urgente o desenvolvimento de programas antibullying, que
envolva toda a comunidade escolar, em parceria com as diversas instituições e
membros da sociedade. A prevenção começa pelo conhecimento, portanto, é
imprescindível que as escolas conscientizem seus alunos sobre a gravidade
desse tipo de comportamento, que são passíveis de punição em Lei. Algumas
iniciativas bem sucedidas vêm sendo implantadas em escolas nacionais na
tentativa de reduzir este tipo de comportamento.
Nessa perspectiva, um dos programas mais divulgados é o da ABRAPIA, "Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes", realizado entre 2002 e 2003, no município do Rio de Janeiro. Este programa, que contou com o patrocínio da Petrobrás, diagnosticou e implementou ações efetivas para a redução do comportamento agressivo entre estudantes. (LOPES NETO, MONTEIRO FILHO, SAAVEDRA, 2003),
Considerando trabalho desenvolvido por instituições como a Abrapia -
Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e a
Adolescência/Programa de redução do bullying nas Escolas, o Observatório da
Infância e da Adolescência e a Childhood Brasil, é possível uma melhor
orientação de como agir para lidar com este fenômeno.
Outra iniciativa brasileira que merece destaque é o "Programa Educar para a Paz", realizado na cidade de São José do Rio Preto-SP, que tem como objetivos diagnosticar o fenômeno Bullying e aplicar estratégias psico pedagógicas para combatê-lo. É um programa que se baseia em referenciais teóricos, como os valores humanos da tolerância e da solidariedade, apresentando um esquema psicodinâmico de duas etapas gerais: etapa A – conhecimento da
realidade escolar; e etapa B – modificação da realidade escolar. Na primeira fase de implantação do programa - conhecimento da realidade escolar – identificou-se que 67% dos alunos estavam envolvidos em bullying. Desses, 26% eram vítimas, 22% eram agressores e 19% eram vítimas agressoras. Após um semestre de execução das estratégias psico pedagógicas anti bullying, os resultados caíram para 10% de envolvimento. No final de dois anos, havia apenas um resíduo de 4% de bullying. (FANTE 2005, p.94),
É usado o termo bullying como uma forma de qualificar um tipo de
violência bastante particular, peculiar e específica relativa às repetidas
agressões e humilhações realizadas geralmente contra um ou um grupo de
alunos dentro do contexto escolar, causando graves danos psicológicos,
podendo afetar inclusive o desempenho escolar.
Existem dois tipos de ações de bullying: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores
masculinos, subdivididas em agressões físicas (bater, chutar, tomar pertences) e verbais (apelidos, insultos, atitudes preconceituosas).
b) bullying indireto (ou emocional), sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, caracterizado pelas agressões verbais e de intimidação, disseminação de histórias desagradáveis, indecentes ou pressões sobre outros, para que a pessoa seja discriminada e excluída de seu grupo social”. Estão inclusos neste contexto os apelidos pejorativos criados com a intenção de humilhar os colegas ou pessoas. (FANTE, 2005: p.50).
Os envolvidos diretamente com o fenômeno bullying são classificados e
enquadrados dependendo de seu papel desempenhado no momento da
ocorrência do ato.
Os alunos envolvidos com o bullying são classificados em três categorias, de acordo com seu envolvimento: Alvos ou vítimas, são alunos(as) que somente sofrem as conseqüências do bullying. Autores/agressores, são aqueles que vitimizam os mais fracos. Testemunhas ou expectadores são os(as) alunos(as) que não sofrem nem praticam o bullying, mas assistem ou convivem com as agressões e humilhações. (FANTE, 2005: p.73).
A promoção de atividades em grupos como gincanas, danças circulares,
grandes e pequenos jogos que estreitem as relações de comprometimento e
afetividade, sensibilizam seus participantes à pratica de valores humanos entre
os componentes do grupo. A estimulação da elaboração de peças teatrais,
dramatizações e contos com conteúdos que estejam envolvidos nos valores
morais e éticos também podem sensibilizar a reflexão acerca de situações de
bullying que acontecem no cotidiano escolar e outras formas de violência
presentes no seu dia a dia. Com a realização dessas atividades espera-se
contribuir para que exista maior respeito às diferenças e desigualdades
inseridas dentro de cada contexto.
Os jogos cooperativos buscam aproveitar as condições, capacidades, qualidades ou habilidades de cada indivíduo, e aplicar em um grupo e tentar atingir um objetivo comum". (AMARAL, 2004, p. 13).
Os jogos cooperativos apresentam-se como uma boa estratégia para a
superação de conflitos associados ao fenômeno. Estes jogos promovem a
autoestima e a convivência, sendo dirigidos para a prevenção de problemas
sociais, antes de se tornarem problemas reais.
Nestas atividades os alunos jogam uns com os outros e não contra, tornando-se parceiros, solidários em um empreendimento e não adversários; os participantes jogam pelo prazer e deixam aflorar a espontaneidade e a alegria de atuar; desenvolve a autoconfiança, pois todos são bem aceitos e importantes; estreita as relações sociais, desenvolvendo o senso de unidade no grupo; todos os jogadores vivenciam um sentimento de vitória e estimula a perseverança frente as dificuldades enfrentadas (SOLER, 2002, 2005; BROTO, 2001).
Desenvolvimento
Este estudo propõe–se a inteirar toda a comunidade escolar a respeito
deste assunto tão presente no quotidiano escolar nos dias de hoje, fazendo
com que professores e alunos pudessem identificar com maior clareza o
fenômeno e estrategicamente realizar ações de combate ao mesmo. Neste
trabalho foi utilizada a metodologia da pesquisa-ação onde o pesquisador
detecta um problema e busca contribuir na solucioná-lo por intermédio de uma
ação, fazendo do problema o objeto do estudo. Segundo Vergara (2007, p. 49)
pesquisa-ação é um tipo particular de pesquisa participante e de pesquisa
aplicada que supõe intervenção participativa na realidade social. Quanto aos
fins é, portanto, intervencionista.
A pesquisa-ação um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo e participativo. THIOLLENT(2008, p.16 )
Para maior clareza da ocorrência do fenômeno na Escola, foi aplicado
um questionário de pré-implementação da proposta com o objetivo de levantar
os casos de bullying entre os alunos. Para tanto foi realizado um questionário
contendo um total de 11 questões objetivas, sem que os alunos tivessem a
necessidade de se identificar. Este levantamento foi realizado com 91 alunos
com idade entre 13 e 16 anos do Ensino fundamental.
Identificada a problemática em nosso ambiente escolar, procurou-se a
seguir desenvolver ações de conscientização, intervenção e combate. A seguir,
estão descritas algumas ações utilizadas pelo professor na aplicação do
projeto:
Identificou-se os alunos em risco, evitando que se tornassem vítimas
e/ou agressores;
Buscou-se situações que pudessem provocar o aparecimento de
comportamentos negativos;
Realizou-se atividades orientadas (cartazes e mural) e concurso de
frases;
Evitou-se que os alunos realizassem jogos ou brincadeiras de forma
intensa, agressiva e sem supervisão;
Em grupos (turmas) foi trabalhada a cartilha sobre bullying,
desenvolvida pelo Observatório da infância;
Reproduziu-se vídeos curtos e filmes específicos ou relacionados
com o tema.
Os alunos participaram em todas as atividades e ações propostas,
tantos nas atividades relacionadas à parte teórica como a cartilha, os vídeos, o
filme e o concurso de frases que foi realizada em parceria com a professora da
disciplina de português das turmas, assim como nas atividades práticas
realizadas na sala de educação física, como a confecção de cartazes e do
mural assim como os cartazes que foram confeccionados em parceria com a
professora da disciplina de inglês da turmas, que em conjunto com os alunos
traduziram os termos utilizados para ilustrar e exemplificar o bullying.
O material didático utilizado no projeto como a cartilha, os vídeos, o
filme bullying - Provocação sem limites , foi socializado com outros professores
do educandário e também com outros alunos que não faziam parte do projeto.
Os cartazes assim como o mural confeccionados pelos alunos participantes do
projeto ficaram expostos no saguão da escola para que toda a comunidade
fossem impactadas e conscientizadas a respeito desta problemática.
Além do envolvimento específico dos alunos e professores das turmas
participantes do projeto, também houve a disseminação do conhecimento
adquirido através do estudo realizado com profissionais da Educação da Rede
Estadual de Ensino através do GTR- Grupo de Trabalho em Rede.
O Governo do Estado do Paraná através da SEED- Secretaria de
Estado da Educação criou no ano de 2007 o GTR – Grupo de Trabalho em
Rede, que é um espaço onde os professores PDE podem sociabilizar seus
projetos de Intervenção Pedagógica com outros professores da Rede Estadual
de Ensino que se inscreveram para participar do GTR em um curso de
capacitação de 64 horas que é ofertado exclusivamente na modalidade à
distância, que é realizado dentro do Ambiente Virtual de Aprendizagem,
denominado e-escola da SEED- Secretaria de Estado da Educação, utilizando
a plataforma Moodle. (SEED, 2010)
A plataforma de aprendizagem à distancia Moodle, é um acrônimo de
Modular Object Oriented Dynamic Learning Environment através do AVA-
Ambiente Virtual de Aprendizagem, é um software livre e gratuito e de fácil
utilização e que proporciona a oportunidade de estudo e troca de experiências
e conhecimento. Os professores-tutores atuam como mediadores e
facilitadores da aprendizagem, os alunos dialogam, refletem e devem participar
ativamente na construção do conhecimento mútuo, interagindo nos fóruns de
discussões, realizando as tarefas propostas, respondendo os questionários,
opinando nas pesquisa de opinião, participando dos (chat’s) salas de “bate
papo”, realizando avaliação e troca de materiais didáticos.
O objetivo do GTR- Grupo de Trabalho em Rede é oportunizar aos
professores da Rede Estadual de Ensino possibilitar através da inclusão virtual
sua formação continuada, por meio do ambiente virtual de aprendizagem,
interagir com os professores PDE/2010 que na condição de tutores
estudaram, discutiram e socializaram os projetos de pesquisa que fizeram parte
de sua produção teórico-metodológica.
Através deste curso todos os professores participantes na condição de
cursistas puderam trocar experiências a respeito do tema já que todos os
participantes demonstraram interesse na participação justamente por ter
enfrentado situações de bullying em suas escolas, provocando uma tremenda
interação dos participantes nos fóruns de discussões e também na realização
das tarefas propostas.
Os GTR- Grupos de Trabalho em Rede desempenham um papel
nunca antes imaginado pelos profissionais da Educação paranaense.
Possibilitando mesmo dentro de um ambiente virtual, on line, via internet,
encurtando a distância e aproximando diversos professores interessados em
discutir, debater e analisar determinado tema ou assunto, mesmo a quilômetros
de distância . Através da plataforma Moodle que tornou-se o elo de ligação
entre os alunos cursistas e o professor-tutor, as trocas de experiências e
informações, trouxeram crescimento mútuo entre os participantes.
Análise e discussão dos resultados
Os dados apresentados são resultado do projeto de pesquisa implantado
no Colégio Estadual Antônio Maximiliano Ceretta, de Marechal Cândido
Rondon com 91 alunos com idade entre 13 e 16 anos do Ensino fundamental.
Objetivando levantar a prevalência deste tipo de violência juvenil no meio
escolar. Para em seguida proceder a implementação da produção didática e
analisar para ver se houve alguma melhoria na diminuição nas ocorrências de
bullying na escola. Foram apresentados dois questionários aos alunos que
participaram da implementação do projeto, o primeiro antes da implementação
da unidade didática e o segundo após a implementação das atividades da
unidade didática.
Para tanto foi utilizado como instrumento um questionário composto de
11 perguntas fechadas de múltipla escolha, formulado e desenvolvido pelo
professor PDE e pelo professor orientador. A coleta de dados realizado com os
alunos foi de forma espontânea e voluntária. Na seqüência os dados
levantados foram organizados e analisados, recebendo tratamento de pesquisa
estatística.
Figura 1a- Pré implementação
O primeiro questionamento foi relacionado ao conhecimento dos alunos
relacionado ao fenômeno bullying. Constatou-se que 83 (91,21%)
responderam que sim, 07 (7,69%) responderam pouco e 01 (1,10%)respondeu
que não tinha conhecimento sobre o assunto. Segundo Lopes Neto(2005, p.
s166) um levantamento que foi realizado pela ABRAPIA (2002), envolvendo
5.875 estudantes de 5ª a 8ª séries, de onze escolas localizadas no município
do Rio de Janeiro, revelou que 79,9% dos alunos admitiram conhecer o tema,
esse aumento deve-se às campanhas promovidas pela mídia nos últimos anos,
principalmente a virtual. Após a implementação da Unidade didática, 79
(86,82%) alunos receberam alguma informação nova a respeito do fenômeno,
enquanto 07 (7,69%) afirmaram que pouco aprenderam e 05 (5, 49%) não
aprenderam nada de novo.
Figura 1b – Pós implementação
Percebeu-se que entre os alunos a grande maioria tem conhecimento a
respeito desta problemática dentro do ambiente escolar. Mas alguns
educandos ainda tinham dúvida sobre o que pode ser considerado bullying ou
não. De acordo com uma pesquisa da Organização Não Governamental Plan
Brasil(2009, p. 9) os dados coletados na etapa qualitativa da pesquisa mostram
que, para os alunos entrevistados, o termo é praticamente desconhecido, com
poucas exceções de alguns que já o tinham ouvido na mídia. No entanto, sua
prática é imediatamente reconhecida por todos e associada a episódios de
maus tratos na escola. Sem exceção, todos os alunos entrevistados são
capazes de identificar e/ou relatar casos de presenciados ou nos quais
estavam envolvidos.
Figura 2a- Pré implementação
Na segunda pergunta os alunos foram questionados a respeito de casos
acontecidos dentro da sua escola. Os que relataram que sim, ou seja, vários
casos de bullying, foram 71 (78,03%) alunos, os que relataram ter acontecido
poucos casos foram 16 (17,58%) e os que não presenciaram nenhum caso
foram 04 (4,39%) entrevistados. Após a implementação da Unidade Didática,
34 (37,36%) dos alunos acreditaram que diminuiu a ocorrência na Escola,
enquanto 41 (45,06%) alunos pensam que contribuiu um pouco nos casos, e
16 (17,58%) alunos afirmaram que continuou igual.
Figura 2b- Pós implementação
A maioria dos alunos entrevistados afirma que havia muitos casos e
ocorrências na Escola, mas após a implementação do projeto o problema foi
apenas amenizado. Conforme com a pesquisa da Plan Brasil(2009, p. 7) a
violência é um fenômeno relevante nas escolas brasileiras: cerca de 70% dos
alunos pesquisados informam ter visto, pelo menos uma vez, um colega ser
maltratado no ambiente escolar. Quase 9% dos alunos afirmam ter visto
colegas serem maltratados várias vezes por semana e outros 10%, que vêem
esse tipo de cena todos os dias. Ou seja, cerca de 20% dos alunos presencia
atos de violência dentro da escola com uma frequência muito alta, o que é um
indício de que o bullying está presente significativamente nas escolas
investigadas.
Segundo Lopes Neto (2005, p. s170) nas escolas onde estudantes
tiveram participação ativa nas decisões e organização, observou-se redução
dos níveis de vandalismo e de problemas disciplinares e maior satisfação de
alunos e professores com a escola. No projeto da ABRAPIA (2002), 63,5% dos
alunos participaram ativamente de seu desenvolvimento.
Figura 3a – Pré implementação
Na terceira questão os alunos deveriam responder a respeito de
agressões sofridas dentro do ambiente escolar. A grande maioria, 67 (73,63%)
dos alunos nunca havia sido agredido, mas 19 (20,88%) afirmaram ter sofrido
algumas agressões dos colegas e 05 (5,49%) relataram serem poucos os
casos de violência física. No questionário pós-implementação, 73 ( 80,22%)
entrevistados não foram mais agredidos, 08 ( 8,79%) afirmaram que diminuiu
um pouco as agressões e 10 (10,99%) disseram não deixaram de ser
agredidos.
Você deixou de ser agredido fisicamente na
Escola?
Sim - 73
Pouco - 8
Não - 10
Figura 3b – Pós implementação
A agressão física dentro do contexto bullying é a ação mais evidente e
presente em qualquer ambiente escolar. A grande maioria dos alunos não são
agredidos, mas na parcela dos agredidos houve uma redução. Conforme o
IBGE(2009) na realização da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar os dados
mostram que: em 30 dias anteriores a pesquisa, (12,9%) dos estudantes se
envolveram em alguma briga com agressão física, chegando a (17,5%) entre
meninos e (8,9%) entre as meninas, envolvendo uso de armas brancas (6,1%)
dos estudantes ou armas de fogo declarado por (4%) dos entrevistados.
Segundo Lopes Neto(2005, p. s166) um levantamento que foi realizado pela
ABRAPIA (2002), e que 40,5% desses alunos admitiram ter estado diretamente
envolvidos em atos, naquele ano, sendo 16,9% alvos, 10,9% alvos/autores e
12,7% autores .
Figura 4a – Pré implementação
Na quarta pergunta o questionamento foi sobre as situações de
agressão verbal (xingamentos) sofridos pelos alunos. Nas respostas obtidas,
39 (42,86%) responderam que sim, 38 (41,76%) responderam que não e 14
(15,38%) responderam que poucas vezes sofreram agressão verbal. Pós
implementação, 61 (67,04%) alunos não foram mais agredidos verbalmente,
enquanto 15 (16,48%) continuaram sendo agredidos e para outros 15 (16,48
%) minimizou um pouco as agressões.
Figura 4b – Pós implementação
Para alguns alunos a ofensa verbal é mais entendida como uma
brincadeira do que como uma violência. Mas para outros alunos os danos
causados por essas “brincadeiras”, geralmente de mau gosto, ferem e
machucam mais do que qualquer outro tipo de violência. De acordo com a
pesquisa da Plan Brasil (2009, p. 9) pouco mais de 29% dos alunos
pesquisados afirmam que já maltrataram colegas no ambiente escolar pelo
menos uma vez, número muito semelhante à incidência das vítimas de maus
tratos entre colegas no ambiente escolar que se manifestam, principalmente,
na forma de agressões verbais (xingamentos, apelidos, insultos e ameaças),
muitas vezes interpretadas pelos próprios alunos envolvidos como brincadeira.
A partir desse dado, e com base em relatos e discursos de professores, pais e
alunos, pode-se inferir que tais tipos de agressões verbais são as formas mais
comuns de manifestação do bullying nas escolas.
Foi ameaçado por algum colega?
Sim - 17
Pouco - 04
Não - 70
Figura 5a – Pré implementação
A quinta questão da pesquisa, 70 (76,92%) alunos afirmaram que não
haviam sido ameaçados pelos colegas, outros 17(18,68%) afirmaram que
varias vezes foram ameaçados, enquanto 04 (4,39%) afirmaram que poucas
vezes sofreram ameaças. Por outro lado no questionário de pós
implementação, 77 (84,62%) alunos afirmaram que pararam as ameaças,
enquanto que para 12(13,19%) pesquisados as ameaças não cessaram e para
02 (2,19%) alunos diminui um pouco as ameaças.
Figura 5b – Pós implementação
Os casos de ameaça entre colegas é uma das maiores ocorrências de
situações ocorridas nas escolas, porque geralmente é utilizada pelos “mais
fortes” fisicamente para amedrontar os “mais fracos”. Percebeu-se que não é
grande a quantidade de ameaçados, mas todo esforço deve ser feito no sentido
de cessar estas ameaças. Segundo a pesquisa da Plan Brasil(2009, p. 36)
para a questão “de que maneira você tem sido maltratado na escola ”, as cinco
respostas mais freqüentes fornecidas pelas vítimas de maus tratos entre
colegas são diferentes tipos de agressões verbais, tais como apelidos,
xingamentos, insultos e ameaças. As opções mais citadas foram: i) “xingaram-
me” (9,8%), ii) “colocaram apelidos vexatórios me mim” (5,7%), iii) “me
ameaçaram” (4,8%), iv) “disseram coisas maldosas sobre mim ou sobre minha
família” e v) “insultaram-me por causa de alguma característica física” (4,5%).
Figura 6a – Pré implementação
No sexto questionamento da pesquisa, 81 (89,02%) pesquisados informaram
que nunca tiveram dinheiro ou outros pertences subtraídos. 09 (9,89%) alunos
foram vítimas algumas vezes de subtração, enquanto 01 (1,09%) aluno poucas
vezes foi vitimado. No questionário de pós implementação, 76 (83,52%) alunos
não tiveram mais problemas relacionados à subtração de dinheiro ou outros
pertences, 13 (14,29 %) ainda tiveram alguns problemas e 02 (2,19%) tiveram
poucos problemas.
Deixaram de tirar dinheiro ou outras coisas de você?
Sim - 76
Pouco - 2
Não - 13
Figura 6b – Pós implementação
A Escola sendo um local de encontro de várias culturas, idades, crenças
e raças, pode potencializar esta busca de imposição de poder de forma
desigual por parte de alguns alunos ou grupos de alunos contra um aluno ou
um pequeno grupo de alunos, que através da violência impõe seu domínio e
autoridade, subtraindo dinheiro e outros pertences. Conforme Silva (2010 p.
43) os agressores apresentam, desde muito cedo, aversão às normas, não
aceitam serem contrariados ou frustrados, geralmente estão envolvidos em
atos de pequenos delitos, como furtos, roubos ou vandalismo, com destruição
do patrimônio publico ou privado.
Figura 7a – Pré implementação
No sétimo questionamento, 75 (82.41%) dos alunos afirmaram que
nunca sofreram brincadeiras maldosas por causa de sua raça ou cor, um total
de 10 (10,99%) alunos responderam que algumas vezes já sofreram
preconceito, enquanto para 06 (6,60%) dos alunos poucas vezes foram alvo
deste tipo de violência. Após a implementação da unidade didática os
resultados foram os seguintes: dos 71 (78,03%) dos pesquisados acreditam
que diminuiu as brincadeira maldosas, para 14 (15,37%) dos alunos disseram
que diminui um pouco a ofensas, mas para 6 (6,60%) dos pesquisados não
pararam este tipo de agressão.
Figura 7b – Pós implementação
Os dados mostram existem alguns problemas relacionados à
brincadeiras maldosas relacionadas à cor ou raça, que devem ser enfrentados,
para que não se tornarem um problema social mais grave. Para a Revista
Eletrônica do CEAF (2012, v. 1, n. 2) o preconceito, por seu turno, é
caracterizado por uma “atitude de hostilidade nas relações interpessoais,
dirigida contra um grupo inteiro ou contra os indivíduos pertencentes a ele, e
que preenche uma função irracional definida dentro da personalidade”. Veja-se
que a função do preconceito é tida como “irracional” porque o mesmo advém
de julgamentos ou opiniões formadas sem levar em conta fatos que os
contestem. Intolerância e preconceito são, assim, conceitos vizinhos. Na
verdade, pode-se pensar que o preconceito diz respeito às raízes psíquicas de
uma atitude que, quando manifesta, surge como intolerância. E não obstante
ser a manifestação do preconceito individual, isso não equivale a dizer que
suas raízes sejam puramente psicológicas – uma vez que ele surge no
processo de socialização de cada sujeito.
Figura 8a – Pré implementação
Na oitava pergunta feita aos alunos, 41 (45,05%) dos alunos tinham sido alvos
de xingamentos e ofensas enquanto jogavam bola, outros 34 (37,37%) dos
pesquisados sofreram mais ofensas, e para 16 (17,58 %) poucas vezes foram
ofendidos pelos colegas. No questionário de pós implementação, responderam
sim 62 (68,14%) dos alunos, para 17 (18,68 %) diminui um pouco as ofensas,
mas para 12 (13,18 %) não pararam de ser xingados ou ofendidos.
Os seus colegas deixaram de te xingar ou te ofender enquanto jogava bola?
Sim - 62
Pouco - 17
Não - 12
Figura 8b – Pós implementação
Os xingamentos e as ofensas entre colegas nas atividades esportivas é
bastante corriqueiro,este tipo de manifestação geralmente antecede às
agressões físicas se o professor responsável não intervir e resolver a questão
de imediato. Uma análise mais aprofundada deve ser feita para constatar se
essas ofensas são momentâneas ou habituais para serem consideras casos de
bullying. Segundo Costa (2007, p. 28 apud Machado, 2006): defende que o
comportamento agressivo e violento dos alunos está diretamente ligado à
importância emocional que a competição representa para cada desportista, e
seu envolvimento emocional com a atividade. Cabe ao professor, enquanto
mediador, atentar para o quanto está sendo valorizada a competição nessas
atividades, e que sensações as mesmas estão proporcionando a seus alunos.
Ainda conforme Costa ( 2007, p. 28 apud LIPELLT, 2004): um exemplo claro de
esporte que mal conduzido durante as aulas pode gerar muitos conflitos é o
futebol, que mal interpretado perde a qualidade de jogo competitivo saudável,
que tem solidariedade e companheirismo entre suas equipes, se tornando mera
reprodução do futebol-espetáculo: jogo viril de muitas faltas, e contato violento
entre as equipes.
Figura 9a – Pré implementação
Na pergunta 09 do questionário de pré implementação, 48 (52,75%) dos
alunos pesquisados não tiveram algo seu escondido pelos colegas, já 33
(36,27%) afirmaram que tiveram muitos pertences escondidos de propósito, e
10 (10,98%) foram vítimas deste tipo de brincadeira de mau gosto. Após a
implementação 65 (71,43%) dos pesquisados disseram que melhorou a atitude
dos colegas, para 15 (16,48%) não melhorou, e para 11 (12,09%) melhorou um
pouco as atitudes dos colegas.
Figura 9b – Pós implementação
As brincadeiras de mau gosto praticadas por alguns alunos geralmente não é
considerada uma ocorrência de bullying, visto que normalmente é mais uma
brincadeira entre colegas. Mas isto ocorrendo de forma sistemática e frequente
com um ou grupo de alunos deve ser feita uma análise mais criteriosa. Antes
da implementação da unidade didática mais da metade dos pesquisados
tinham sido alvos destas brincadeiras de mau gosto. Após implementada a
ações previstas diminuiu esta incidência. Segundo a Plan Brasil (2009, p. 40)
os alunos tem dificuldade em diagnosticar as causas do bullying, assim como
em estabelecer as diferenças e limites entre brincadeiras e agressões. A
dificuldade que eles têm de diferenciar brincadeira e agressão faz com que
situações de violência surjam da falta de limites para as brincadeiras, muitas
vezes sem que os próprios envolvidos se dêem conta da gravidade da
situação. Questionadas sobre as motivações subjacentes aos maus tratos
praticados, as vítimas apresentam como resposta mais freqüente (10% das
citações) a opção “não sei”. A motivação apontada com a segunda maior
freqüência é “por brincadeira”, com 7,5% das citações, o que indica que
confundir agressões e brincadeiras pode ser comum entre as crianças. De
acordo com os agressores, a principal motivação para a prática de maus tratos
é sentir-se provocado (a). Isso pode sugerir que, muitas vezes, um mau trato
pode ser fruto de uma atitude reativa, uma forma de defesa ou uma
incapacidade de lidar com os conflitos e tensões existentes entre os colegas da
escola.
Figura 10a – Pré implementação
No decima pergunta do questionário pré implementação, 50 (54,94
%) dos pesquisados não tinham sido alvos de mentiras o boatos maldosos, 30
(32,97 %) dos alunos pesquisados foram vitimados em algumas situações,
enquanto 11 (12,09 %) dos alunos poucas vezes passaram por este
constragimento. Realizada a implemtentação do projeto 67 (73,62 %) dos
alunos afirmaram que haviam diminuido as mentira e boatos, para 15 (16,49 %)
diminuiu um pouco os problemas, mas para 09 (9,89 %) as ocorrências
continuaram.
Figura 10b – Pós implementação
Enquanto os meninos tendem a praticar o bullying direto, caracterizado
principalmente pelas agressões físicas, as meninas preferem usar o bullying
indireto, caracterizado pelas ofensas verbais e morais. Observou-se que era
grande os casos deste tipo na escola, e também observa-se que houve uma
ligeira melhora nas ocorrências. Para Fialho et all (2005 p.12) as meninas
diferem dos meninos na forma de agredir. Enquanto eles fazem ameaças
físicas ou comentários sobre a opção sexual do outro, elas são mais sutis, e
por isso mesmo, nesta modalidade de bullying, muitas vezes, mais cruéis.
Espalham boatos, mentiras, agem psicologicamente contra sua vítima.
Protegidos pelo anonimato, agressores de ambos os sexos, que nunca se
envolveram com o bullying dito tradicional, aventuram-se a fazê-lo, mesmo que
para defender-se. As conseqüências dessas agressões são inúmeras, tal qual
o modelo de bullying tradicional. Desde queda no rendimento escolar, sintomas
psicossomáticos, depressão e mudança de escola até uma situação limítrofe
de suicídio citando somente alguns exemplos.
Figura 11a – Pré implementação
Na décima primeira e última pergunta do questionário, os alunos que
nunca praticaram atos de bullying foram um total de 47 (51,64%) dos
pesquisados, aqueles que assumiram muitas vezes ter praticado tais atos
foram de 23 (25,28%) alunos pesquisados, e os praticaram poucos atos de
totalizaram 21 (23,08%) dos pesquisados. Após a aplicação do questionário 71
(78,03%) dos alunos não praticaram mais atos, mas 14 (15,38%) dos
pesquisados ainda continuam praticando, enquanto 6 (6,59%) dos alunos
pesquisados diminuiriam esta prática.
Figura 11b – Pós implementação
Apesar de ainda existir alguns alunos que tendem a se envolver em
algumas ocorrências, aumentou consideravelmente aqueles que deixaram de
praticar tais atos. Por isso a atuação da escola frente a este problema deve ser
constante, visto que a qualquer momento pode acontecer uma ocorrência do
problema. Segundo a Plan Brasil (2009, p. 46) pouco mais de 29% dos alunos
pesquisados afirmam que já maltrataram colegas no ambiente escolar pelo
menos uma vez , número muito semelhante à incidência das vítimas de maus
tratos. Os dados coletados revelam que 10% da amostra de alunos afirmam ter
praticado bullying (maus tratos a colegas com freqüência superior a três vezes
no ano de 2009), porcentagem que converge com a incidência de vítimas
desse fenômeno captada pela pesquisa. Ainda segunda a Plan Brasil (2009, p.
64) dentre as escolas investigadas na etapa qualitativa da pesquisa, duas do
estado do Rio Grande do Sul destacam-se como exceção, pois desenvolveram
recentemente campanhas direcionadas especificamente ao controle do
bullying. Essas campanhas partiram de um trabalho de discussão sobre tal
fenômeno e de conscientização a respeito de suas conseqüências, realizado
tanto junto a professores e equipe técnica quanto aos alunos. Além dessas
duas escolas com ações voltadas especificamente ao tratamento do tema,
algumas outras escolas traçam estratégias de combate à violência de modo
geral. Uma delas, situada no Distrito Federal, investiu numa infraestrutura física
acolhedora e pautada na criação de espaços de convivência e integração entre
os alunos, bem como no trabalho constante do tema e da prática da inclusão
social de alunos com deficiências. Outra escola que se destaca, localizada em
São Luís do Maranhão, optou por criar uma rotina de convivência intensa entre
alunos, professores e funcionários. Nessa escola, os alunos estão sempre na
presença de professores e funcionários, inclusive nos intervalos e nos horários
de entrada e saída das aulas. Os gestores do estabelecimento acreditam que a
presença intensa e maciça de professores e funcionários inibe a violência por
parte dos alunos, assim como melhora a relação deles entre si e com as
pessoas do sistema escolar.
Conclusão
O bullying pode ser responsável por vários resultados negativos no processo de aprendizagem e no relacionamento interpessoal entre alunos e no próprio desenvolvimento psíquico, devido as suas características, dentre elas: maltratar, causar sofrimento, desestruturar o emocional e acabar com a motivação da criança em relação à vida escolar. (FANTE, 2005 p.78).
A mobilização de toda a comunidade escolar em programas antibullying
no enfrentamento desta problemática é o melhor caminho para a resolução
deste tipo de violência “liberada”, que segundo vários pesquisadores faz parte
de todos os mais diversos contextos escolares, interferindo negativamente em
todo o processo de ensino-aprendizagem. Objetivou-se discutir o fenômeno
dentro das aulas de Educação Física afim de saber como os alunos tem lidado
com o problema e como eles podem contribuir para prevenir, evitar, auxiliar a
combatê-lo. Conclui-se que ação da escola deve ser precoce e imediata. A
intervenção deve ser imediata tão logo seja identificada a prática, e manter a
atenção permanente são estratégias ideais, buscando uma efetiva mudança de
atitude comportamental dos alunos. As aulas de Educação Física devem servir
de estímulo à integração social, busca de relações interpessoais, baseadas
principalmente nos valores humanos, como o respeito, justiça, amizade,
cooperação, companheirismo e solidariedade, buscando sempre a formação de
uma consciência cidadã. Durante a socialização, o princípio da igualdade faz
com que prevaleça direitos iguais entre todos os participantes, prevalecendo o
respeito e tolerando e aceitando toda e qualquer diferença individual.
O PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional trouxe a
oportunidade de estudo e aprofundamento desta temática através do Projeto
de pesquisa e da implementação da Unidade Didática proporcionou aos alunos
vídeos, filmes, palestras, grupos de estudos e pesquisa para confecção de
cartazes e concurso de frases, buscando aumentar a conscientização a
respeito do fenômeno, eliminando alguns mitos além de apoiar e proteger as
vítimas. Para levantar a prevalência, foi aplicado dois questionários aos alunos
participantes do projeto. Nas perguntas realizadas no questionário de pré
implementação e pós implementação da Unidade didática, foi constatado que
91,21 % conheciam o fenômeno bullying, mesmo assim 86,82 % admitiram ter
aprendido algo novo na implementação do projeto. Também foram citados
algumas ocorrências de agressão, ofensa verbal, ameaça, subtração de
dinheiro e outros pertences, brincadeiras raciais maldosas, xingamentos,
materiais escondidos e mentiras ou boatos. Em todas as ocorrências citadas
houve diminuição das mesmas após a implementação. Na pergunta final sobre
o envolvimento dos alunos em ocorrências de bullying, foi equilibrada a
participação (48,36%) ou não (51,64%). Os alunos foram questionados pós
implementação, e 78,03 % deixaram de praticar tais atos, comprovando a
eficácia de campanhas antibullying realizadas na escola.
Este fenômeno sendo um problema social grave, deve ser enfrentado
por todos os segmentos da comunidade escolar com apoio de toda a
sociedade organizada, principalmente no seio familiar onde todos o jovens
estão inseridos para que comece ali o trabalho de melhorar as relações
humanas interpessoais. Como é um tema bastante abrangente e que envolve
muitos fatores, sociais, humanos, raciais, sexuais e familiares ainda pode ser
melhor explorado no sentido de se formular as melhores ações de intervenção
e combate a esta problemática.
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