Introdução à Macroeconomia Pedro Telhado Pereira António Almeida 29/4/2003.
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INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
1) O estudo da Economia está dividido em dois compartimentos de análise: a
microeconomia e a macroeconomia.
A Macroeconomia é o ramo da Teoria Econômica que estuda o funcionamento da
economia como um todo, procurando identificar e medir as variáveis que determinam o
volume da produção total, o nível de emprego e o nível geral de preços do sistema
econômico, bem como a inserção do mesmo na economia mundial. São importantes
variáveis macroeconômicas: o produto, a renda nacional, as exportações, as
importações, os nível de emprego, o consumo total da economia, os investimentos, a
inflação, os juros, etc.
Para medir e quantificar as variáveis macroeconômicas os países dispõem de institutos de
pesquisa e da chamada Contabilidade Nacional. Esta compreende o registro das
transações realizadas no país entre diferentes setores da atividade econômica. No Brasil, o
IBGE é o instituto que quantifica essas variáveis e divulgam os resultados da produção do
país, anualmente (e ao longo dos trimestres).
Dentre os agregados macroeconômicos, o Produto é o mais importante. Isto por que é da
produção do país que se calcula a Renda Nacional (a riqueza gerada em cada ano). O
PIB (produto Interno bruto) é o que equivale ao “produto” de um país e pode ser medido
por três óticas: do produto, da renda e da despesa. Cada uma delas é representada
pelas seguintes relações contábeis:
Ótica do produto = valor da produção (–) valor dos bens intermediários.
Ótica da renda = soma das remunerações dos fatores de produção.
Ótica da despesa = soma dos gastos finais na economia em bens e serviços (nacionais
e importados).
Esta relação é conhecida como “Equivalência Macroeconômica”, pois dela temos:
Produto = Renda = Despesa.
Ou seja, da atividade produtiva de um país (no qual os recursos de produção são
mobilizados pelos agentes econômicos), são gerados os fluxos de produção. Esta
produção remunera os fatores de produção (pagam-se salários, juros, lucros, aluguéis e
impostos). E estas rendas são direcionadas para o pagamento das despesas (gastos com
consumo e investimentos). Portanto, da produção podemos medir a renda gerada no ano.
E por outro lado, se conhecemos os gastos (despesas), também podemos identificar a
renda, pois estes gastos somente são realizados pelas próprias rendas.
2) O Valor Adicionado:
No caso do Valor Adicionado (VA), este é uma forma alternativa e a mais operacional
para medir o Produto (PIB) e a Renda Nacional (RN), mais do que pela soma de
produtos finais (já que a conceituação de bem final não é muito simples, esta depende do
uso do produto, o que é dificultoso a partir do fabricante). Por exemplo, a gasolina vendida
nos postos pode ser utilizada tanto como bem final para o consumidor, como bem
intermediário para uma empresa. Deste modo, é mais prático aplicar o valor adicionado.
O conceito de Valor Adicionado (VA) é entendido como:
O valor da produção final é representado pela soma do faturamento (receita das vendas
de cada setor produtivo), descontando deste o valor dos gastos com a compra dos
intermediários. O resultado será o Valor Adicionado, equivalente às remunerações dos
fatores de produção de cada setor (salários, juros, aluguéis, lucros mais a parcela referente
aos impostos que estão embutidos nos preços finais dos produtos).
Este então é também a Renda Nacional (e que se dividido pelo número da população,
obtêm-se o valor da renda per capita do país).
Então: VA = PIB = RN.
O Produto ou Renda Nacional é o valor total de todos os bens e serviços finais gerados
em uma economia, no período de um ano, descontando-se todos os bens e serviços
intermediários utilizados para produzi-los.
Então, Valor Adicionado (VA) é o total que cada empresa adicionou ou agregou no
processo produtivo e é igual ao valor da produção de cada empresa deduzidas suas
compras de bens intermediários.
VA = valor da produção final (-) valor dos bens intermediários
Veja o exemplo da tabela 1. Nela são descritas as etapas do processo produtivo e o valor
adicionado (a renda) gerado em cada uma delas. Somando os valores adicionados por
cada setor teremos o total da renda (VA = PIB).
Tabela 1 – Valor Adicionado da produção
trigo
farinha
pão
(a) receita de vendas
100
400
1.000
Produção dos setores = 1.500
(b) compras intermediárias
0
100
400
Gastos com
intermediários = 500
Valor adicionado (a-b) + 100
+ 300
600
VA = RN = 1.000
Renda paga pelo setor de trigo aos
fatores de produção (VA trigo)
Renda paga pelo setor de farinha aos fatores de produção
(VA farinha)
Renda paga pelo setor de
panificação aos fatores
de produção (VA pão)
Fonte: MOCHÓN (2009)
Veja outro exemplo:
3) A diferença entre o PIB e o PNB:
O Produto Interno refere-se ao conceito de que interno é o território econômico
(território terrestre, espaço aéreo e águas territoriais do país, inclusive os extraterritoriais
mantidos no exterior por força de acordos internacionais e os equipamentos móveis
(aeronaves, embarcações, plataformas flutuantes e satélites) que fazem parte dos
estoques de capital do país.
Já o Produto Nacional refere-se à nacionalidade dos fluxos gerados, independente do
território onde ocorram. Portanto, o Produto Nacional Bruto difere do PIB no seguinte: PIB
é o total de bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico da nação,
independente de quais sejam os proprietários dos recursos empregados. E PNB é a renda
gerada pela PIB, descontados os pagamentos dos fatores não nacionais.
Assim, o cálculo do PNB é: PNB = PIB (-) rendas enviadas (+) rendas recebidas
Logo, no caso do Brasil, como existem muitas empresas estrangeiras que operam no país,
as rendas enviadas (remessas de lucros para as matrizes no exterior) são maiores que as
rendas recebidas (entrada de lucros vinda das empresas brasileiras que operam no
exterior). Portanto, no Brasil, o valor do PIB é maior que o do PNB.