Aula02 Cinema
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Aula 02
CINEMA: movimentos estéticos
O cinema apresentou diversas correntes, movimentos e padrões es-
téticos ao longo da história. Isso reflete na produção cinematográ-
fica, e na compreensão da evolução da Sétima Arte. Os verbetes que
tratam desse tema são:
Cinema alternativo • Cinema direto • Cinema marginal • Cinema
militante • Cinema novo • Dogma 95 • Filme cult • Film noir • Neor-
realismo • Neorrealismo italiano •Nouvelle vague • Cinema Novo •
Realismo poético francês
CINEMA DIRETO
O Cinema Direto surge no final dos anos cinquenta e refere-se, na
teoria e prática, a um gênero de documentário que se empenha em
captar, sem fins didáticos ou de ilustração histórica (o que seria um
docudrama), a realidade tal e qual ela é, isto é, que procura reproduzir
aquilo que na realidade acontece. É um cinema do real que, admitin-
do um certo grau de subjetividade enquanto forma de expressão, a
procura ultrapassar pelo uso de técnicas que garantem a fiabilidade
ao objecto ou evento reproduzidos pela câmara. Assume-se, nas
Movimentos Estéticos
Movimentos estéticos - 01
suas aplicações, como ferramenta científica ao serviço da ver-
dade. Filmando o Homem, a máquina será um meio privilegiado ao
serviço da antropologia (ou da etnografia, enquanto filme etnográ-
fico), quer como instrumento de registo e de pesquisa (research
footage) quer como objecto de estudo naquilo que produz (record
fotage), na ficção ou no documentário
A designação refere-se em geral ao uso da câmara (incluindo mais tar-
de o uso do som direto, sincronizado com a imagem) como um meio
de registo estritamente mecânico e automático de uma realidade em
curso, de modo a que ela possa ser vista como «a própria natureza,
apreendida no fato». Sendo um meio mecânico de reprodução do
visível, altamente aperfeiçoado, um «cine-olho» capaz de filtrar as
interferências subjectivas, pode ser mais perfeito que o próprio olho
humano e nessa condição ser usado para fazer descobertas.
CINEMA NOVO
O Cinema Novo é um movimento cinematográfico brasileiro, influencia-
do pelo Neo-realismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa, com repu-
tação internacional. Surge em circunstâncias idênticas ao do movimento
homônimo português, também referido como Novo Cinema.
Empolgados com essa onda neo-realista e frustrados com a falência dos
grandes estúdios paulistas, cineastas do Rio de Janeiro e da Bahia, re-
solveram elaborar novas ideias para o cinema brasileiro, contrários
TextoOrigens do CINEMA NOVO: A Cultura
Política dos anos 50 até 1964Pedro Simonard
http://www.achegas.net/numero/nove/pedro_simonard_09.htm
Movimentos estéticos - 02
aos caríssimos filmes produzidos pela Vera Cruz e avessos às alien-
ações culturais que as chanchadas refletiam. O que esses jovens que-
riam era a produção de um cinema barato, feito com “uma câmera
na mão e uma ideia na cabeça”. Os filmes seriam voltados à realidade
brasileira e com uma linguagem adequada à situação social da época.
Os temas mais abordados estariam fortemente ligados ao subdesen-
volvimento do país.
CINEMA MARGINAL
Por todos os anos 60 os cineastas do Cinema Novo impuseram sua
marca, continuaram a pregar seus dogmas, mas viram suas forças
diminuindo conforme o poder de repressão do Estado crescia. A cen-
sura prévia interditava filmes e não conseguiam exibi-los. O mercado
também não ajudava. Com a proposta de se desprender do cinema
de consumo fácil, rompendo com a platéia um contrato de comuni-
cação, os filmes não encontravam produtores e dependiam do mes-
mo governo que os censurava, através de leis de incentivo existentes.
Porém, apesar da existência de uma (quase) rivalidade entre Cinema
Marginal e Cinema Novo, ambos possuem muitos pontos de contato,
como os baixos orçamentos na fase inicial dos movimentos, a noção
de autor - introduzida no Brasil pelo Cinema Novo e herdada pelo
Cinema Marginal -, personagens típicos em comum, como Paulo de
“Terra em Transe” (Glauber Rocha, 1967) e o próprio “Bandido da Luz
Vermelha”, que são personagens desesperançosos que se desestru-
turam.
Movimentos estéticos - 03
DicaA Cinemateca Brasileira é a institu-ição responsável pela preservação
da produção audiovisual brasileira, localizada em São Paulo. Desenvolve atividades em torno da difusão e da
restauração de seu acervo, um dos maiores da América Latina. São cerca
de 200 mil rolos de filmes, entre lon-gas, curtas e cinejornais. Possui tam-
bém um amplo acervo de documentos formado por livros, revistas, roteiros
originais, fotografias e cartazes.http://www.cinemateca.gov.br
Tinham também entre si diferenças estéticas, fáceis de confirmar, se
compararmos o cinema agitado e estrondoso de Sganzerla e Trevisan,
com os constantes silêncios da obra de Bressane e Candeias. Se o
Cinema Novo utilizou a técnica da infiltração (desejando fundar uma
indústria e conseguindo criar uma distribuidora estatal), os Marginais
partiram para o confronto (fazendo filmes que ignoraram a censura
e o mercado).
Apesar de algumas semelhanças entre personagens já citadas, o Cin-
ema Marginal difere também do Cinema Novo pelo enfoque dado
aos seus personagens. Se no Cinema Novo eles tendem a representar
a classe social à qual pertencem, os Marginais parecem um pouco
mais individualizados. Isso se acentua nos personagens femininos.
Os filmes marginais podiam ser definidos como ultra-revolucionári-
os, pois se as montagens cinemanovistas partiam da crítica padrão
à burguesia, filmes como o Bandido da Luz Vermelha davam uma
forma de apontar para os diversos vilões sociais incrustados no co-
tidiano brasileiro da década de 60.
Dentro do que “deveria” ser essa produção dos anos 60 e 70 (os di-
tos “anos de chumbo”), o experimentalismo deveria ter um caráter
profanador. A ruptura com a tradicionalidade das imagens, bem
como das formas narrativas e estéticas “bem-comportadas” se tor-
naram características peculiares. Os marginais negavam a visão du-
alista de um Brasil dividido entre rural e urbano, utilizada até então
pelas esquerdas para defender uma identidade nacional. As cidades
Movimentos estéticos - 04
começariam a ser retrato também de nosso país. O cinema margin-
al desenvolveu-se principalmente na Boca do Lixo paulistana, nas
ruas próximas à Estação da Luz.
O fator que mais instigava dentro do Cinema Marginal foi a atitude
dos diretores, na época, frente às duras amarras da censura sobre
qualquer meio de expressão, principalmente a artística, e o fato
de eles realizarem seus filmes a qualquer preço. Indiferente dos
rumos que cada diretor deu a sua carreira, não se poder negar a
genial irreverência desta geração de cineastas e sua importante e
criativa contribuição para o cinema nacional, mesmo diante das di-
ficuldades do mercado de exibição.
DOGMA
O Dogma 95 é um movimento cinematográfico internacional lançado a
partir de um manifesto publicado em 1995 em Copenhague, na Dinamar-
ca. Os autores foram os cineastas dinamarqueses, Thomas Vinterberg e
Lars von Trier. Segundo o relato de Vinterberg, os dois levaram apenas 45
minutos para formular as regras.
O Manifesto Dogma 95 foi escrito para a criação de um cinema mais re-
alista e menos comercial. Segundo os cineastas, trata-se de um ato de
resgate do cinema como feito antes da exploração industrial (segundo
o modelo de Hollywood). O manifesto tem cunho técnico — apresen-
ta uma série de restrições quanto ao uso de técnicas e tecnologias nos
VídeoThe Idiots (trailer)
http://youtu.be/g-1nIUuImbU
DicaLista de filmes reconhecidos pelo
dogma, no Internet Archivehttp://web.archive.org/web/
20080526145250/www.dogme95.dk/menu/menuset.htm
Movimentos estéticos - 05
filmes — e ético — com regras quanto ao conteúdo dos filmes e
seus diretores —, e suas idéias são tão controversas quanto seus
filmes.
As regras do Dogma 95, também conhecidas como “voto de castidade”, são:
- As filmagens devem ser feitas em locações. Não podem ser usados acessórios ou ceno-grafia (se a trama requer um acessório particular, deve-se escolher um ambiente externo onde ele se encontre).- O som não deve jamais ser produzido separadamente da imagem ou vice-versa. (A músi-ca não poderá ser utilizada a menos que ressoe no local onde se filma a cena).- A câmera deve ser usada na mão. São consentidos todos os movimentos - ou a imobili-dade - devidos aos movimentos do corpo. (O filme não deve ser feito onde a câmera está colocada; são as tomadas que devem desenvolver-se onde o filme tem lugar).- O filme deve ser em cores. Não se aceita nenhuma iluminação especial. (Se há muito pouca luz, a cena deve ser cortada, ou então, pode-se colocar uma única lâmpada sobre a câmera).- São proibidos os truques fotográficos e filtros.- O filme não deve conter nenhuma ação “superficial”. (Homicídios, Armas, etc. não po-dem ocorrer).- São vetados os deslocamentos temporais ou geográficos. (O filme ocorre na época atual).- São inaceitáveis os filmes de gênero.- O filme final deve ser transferido para cópia em 35 mm, padrão, com formato de tela 4:3. Originalmente, o regulamento exigia que o filme deveria ser filmado em 35 mm, mas a regra foi abrandada para permitir a realização de produções de baixo orçamento.- O nome do diretor não deve figurar nos créditos.
Todos os filmes que recebem o reconhecimento do Dogma 95 seguem
10 regras estipuladas por Trier e Vinterberg. Para tanto, os realizadores
devem enviar cópias de seus filmes à entidade que gerencia o Dogma
95 e submetê-los à avaliação. Caso aprovado e verificado que o voto de
castidade foi cumprido, os autores recebem o Certificado Dogma 95.
Movimentos estéticos - 06
Influenciando uma série de diretores e recebendo influências de
movimentos cinematográficos importantes na História do Cinema,
este documento se mostra, por trás de uma máscara ideológica,
preocupado não tanto com termos estéticos, mas talvez mais com
aspectos econômicos.
Os filmes-Dogma dinamarqueses tiveram seus custos de produção
fechados em torno de 1 milhão de dólares, orçamento extrema-
mente baixo em relação a filmes de longa-metragem comerciais
com lançamento internacional. Isso poderia até ser um indício de
que esta ideologia de “resgate” do cinema, na verdade, seria uma
maneira inteligente de justificar baixa qualidade técnica (não por
falta de competência dos diretores, mas sim por falta de recursos
financeiros). Além, é claro, de gerar uma publicidade instantânea
em cima do nome dos fundadores e seus filmes, dogmáticos ou
não. Entretanto, o baixo custo de produção perseguido no Voto de
Castidade pode ser considerado, principalmente, como um grito de
independência em relação ao modo industrial de se fazer cinema.
O NOVO CINEMA NORDESTINO
Um novo movimento de cinema de baixo custo está acontecendo no
Nordeste, principalmente no Maranhão e no Piauí, com filmes como Ai
que vida!
Ai que vida! é um filme de drama e comédia brasileira lançado em 2008
no Maranhão. Foi dirigido pelo jornalista e cineasta maranhense Cícero
VídeoAi que Vida! - Erros de gravação
http://youtu.be/p9t6gCa07DE
FilmeAi que Vida! (Filme Completo)
http://youtu.be/yCHC2DFFzW0
Movimentos estéticos - 07
Filho. Os atores e os técnicos foram pessoas das próprias comuni-
dades. O filme teve um custo total de trinta mil reais.
O filme foi lançado foi nos cinemas de um shopping center de Ter-
esina, e segundo a direção dos Cinemas Riverside, o filme alcançou
a marca de mil espectadores em menos de uma semana, superando
a bilheteria de um dos filmes da série Harry Potter naquela sala. No
final da temporada neste shopping, o filme chegou a uma marca de
mais de cinco mil espectadores. Depois do Maranhão, o filme teve
sua exibição em festivais da Paraíba e Brasília.
Segundo o cineasta, foram feitas pouquíssimas cópias originais desse
filme, cerca de 300 DVDs apenas. Porém, o filme se tornou popular
graças à ação da pirataria. Em poucos meses, tornou-se uma febre
entre os camelôs de cidades grandes como São Luís, Brasília ou Ter-
esina e se popularizou por outras cidades menores do interior do
Piauí, Ceará, Maranhão, Pernambuco e Paraíba, entre outros estados
do nordeste, espalhado por camelôs, internet e fãs.
Assim como o filme Cidade de Deus, que teve bastante sucesso na-
cional, Ai que Vida! é interpretado por alguns atores e atrizes que
nunca tinham atuado antes. Teve o custo final de trinta mil reais,
e a produção só contava com oitocentos reais quando começou as
filmagens.
O elenco, formado em sua maior parte de amadores, abriu mão de
seus cachês. O próprio criador do filme, Cícero, acumulou várias
Movimentos estéticos - 08
atribuições: roteiro, direção, direção de arte, filmagem, produção,
cenários e, até, maquiagem. A produção foi realizada por dez pes-
soas, entre roteiristas, redatores, câmeras, diretor de fotografia, edi-
tores, sonoplastas...
Foi gravado em tecnologia digital, sendo usado o que havia de mais
moderno em vídeo e áudio no estado.
Comparando aos padrões do cinema norte-americano, e ao or-
çamento e nível de produção de um filme como o Quem quer ser
um milionário?, considerado de baixo custo, um filme como Ai que
vida! seria tido como inviável. O filme mostrou o trabalho da Casa de
Taipa, uma organização que recebe meninos de rua e orfãos. O tema
musical do filme se transformou em um grande sucesso por todo o
nordeste, ganhando um clipe musical gravado pela banda Bali.
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