Aula Nº 15 – Mercado de Call Center No BrasilObjetivos

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Marketing em Administração de Call Center Aula 15 - Mercado de Call Center no Brasil 108 Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb Aula Nº 15 – Mercado de Call Center no Brasil Objetivos da aula: Esta aula proporcionará ao aluno entender o quadro da gestão de Call Centers no Brasil. 1. Crescimento do Mercado Segundo Sá (2007), a década de 90 marcou o crescimento do mercado de call center no Brasil, que ocorreu a partir de uma série de fatores (processo de estabilização econômica, competição empresarial, abertura ao mercado externo e criação do Código de Defesa do Consumidor). Além disso, houve um grande aumento na planta da telefonia fixa no Brasil, decorrente do processo de privatização do setor. Segundo a ANATEL, o ano de 2000, especialmente, representou um “salto” no número de linhas telefônicas. Em 1997, o Brasil contava com 18,8 milhões de telefones fixos e 4,6 milhões de celulares, enquanto, em 2001, já possuía 40,5 milhões de telefones fixos e 29,2 milhões de aparelhos celulares, fomentando, significativamente, o mercado consumidor de produtos ofertados via campanhas de telemarketing. É exatamente nesse período que ocorre a explosão do número de PA’s (posições de atendimento) - o que, conseqüentemente, marcou o setor de call center como o principal em oferta de postos de trabalho na área de serviços. Em 1997, por exemplo, o setor de telemarketing empregava 151 mil pessoas e, em 2002, o número de postos de trabalho pulou para 465 mil, segundo a ABT (Associação Brasileira de Telemarketing). Além disso, o cenário econômico imprimiu a necessidade de reduzir custos e, conseqüentemente, terceirizar as atividades de atendimento. Fatores

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    Aula N 15 Mercado de Call Center no Brasil

    Objetivos da aula:

    Esta aula proporcionar ao aluno entender o quadro da gesto de Call

    Centers no Brasil.

    1. Crescimento do Mercado

    Segundo S (2007), a dcada de 90 marcou o crescimento do mercado de

    call center no Brasil, que ocorreu a partir de uma srie de fatores (processo

    de estabilizao econmica, competio empresarial, abertura ao mercado

    externo e criao do Cdigo de Defesa do Consumidor). Alm disso, houve

    um grande aumento na planta da telefonia fixa no Brasil, decorrente do

    processo de privatizao do setor.

    Segundo a ANATEL, o ano de 2000, especialmente, representou um salto

    no nmero de linhas telefnicas. Em 1997, o Brasil contava com 18,8

    milhes de telefones fixos e 4,6 milhes de celulares, enquanto, em 2001,

    j possua 40,5 milhes de telefones fixos e 29,2 milhes de aparelhos

    celulares, fomentando, significativamente, o mercado consumidor de

    produtos ofertados via campanhas de telemarketing. exatamente

    nesse perodo que ocorre a exploso do nmero de PAs (posies de

    atendimento) - o que, conseqentemente, marcou o setor de call center

    como o principal em oferta de postos de trabalho na rea de servios. Em

    1997, por exemplo, o setor de telemarketing empregava 151 mil pessoas e,

    em 2002, o nmero de postos de trabalho pulou para 465 mil, segundo a

    ABT (Associao Brasileira de Telemarketing).

    Alm disso, o cenrio econmico imprimiu a necessidade de reduzir custos

    e, conseqentemente, terceirizar as atividades de atendimento. Fatores

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    como a privatizao, que introduziu no mercado metas de universalizao

    da ANATEL; fechamento das lojas de atendimento e concorrncia entre as

    grandes operadoras tambm contriburam para o crescimento do setor.

    Soma-se a isso a conscientizao dos consumidores quanto aos seus

    direitos ratificados na Lei de Proteo ao Consumidor; o surgimento de

    SACs e o incio das aes focadas no cliente.

    Dessa forma, o comportamento de compra de consumidores e clientes

    motivou a criao de call centers com funo ativa, inovando o conceito de

    reteno de clientes como forma de aumento da lucratividade. E, diante da

    necessidade do aprimoramento do atendimento, da satisfao e reteno

    do cliente, surgem tambm as prticas de CRM - Consumer Relationship

    Management.

    Em decorrncia de todo esse crescimento, a demanda por tecnologia que

    sustenta as operaes do cotidiano do call center no somente aumentou

    na mesma proporo, como tambm se posiciona como fator primrio

    no atendimento s necessidades das operaes. Entre as solues

    mais procuradas pelas empresas de call center esto CTIs - Computer &

    Telephony Integration - abertos e inteligentes, discadores com algoritmo

    de preditividade, softwares para gerenciamento dos recursos humanos,

    gravadores digitais e softwares produtores de informaes gerenciais.

    Todos integrados entre si.

    Uma das tendncias previstas para o segmento de call centers a

    expanso das operaes off-shore, termo que designa o atendimento ao

    mercado internacional nas centrais, utilizado, largamente, pela empresa

    nacional A&C. O Brasil, alm de possuir uma mo-de-obra mais barata

    comparativamente aos mercados mais desenvolvidos, apresenta, tambm,

    um ndice baixo de turnover1 de pessoal nos call centers.

    Ao longo da aula 14, discutimos sobre os Clientes que Interessam. Ser

    que as empresas sabem responder seguinte questo: Quais so os seus

    melhores clientes?.

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    Atrs de uma resposta a essa pergunta, as empresas seguiram pelo

    caminho da segmentao nas relaes de consumo no incio do sculo

    XXI. Resultado da ampla divulgao no meio empresarial dos conceitos

    de marketing one-to-one e Customer Relationship Management (CRM),

    emergiu no pas uma nova categoria de consumidores. Na era industrial,

    as empresas precisavam ser gigantes para competir com outras gigantes.

    Agora, na era da informao e da interatividade, o que importa no mais

    somente quantos clientes a empresa tem, mas quais conquistou.

    Conhecidos como clientes estratgicos, a eles foi atribudo o poder de

    sustentar o negcio das organizaes. No mercado, viraram moscas

    brancas. Identific-los e cortej-los tornou-se necessidade de primeira

    ordem nas empresas. Nas entrelinhas dessa situao, l-se que o tempo

    de sobrevivncia de uma organizao est diretamente ligado ao seu

    talento em conquistar e fidelizar seus clientes de maior potencial de

    rentabilidade.

    De fato, dar as boas-vindas aos clientes estratgicos no significa botar os

    menos rentveis no olho da rua. Quer dizer apenas que, ao ser convidados

    a entrar, nem todos recebero tapete vermelho e acesso a determinadas

    salas especiais da casa. Para quem considerar a estratgia discriminatria

    demais, Martha Rogers (Pepers and Rogers Group)defende-a, fazendo duas

    perguntas: Vale a pena gastar tanto dinheiro da mesma forma que todo

    mundo gasta e com a probabilidade que muitos clientes no sero meus?

    No prefervel gastar dinheiro com as pessoas que me faro ser lucrativo?

    Na telefonia mvel, setor que cresceu a passos largos (cerca de 40% ao

    ano) aps a privatizao do Sistema Telebrs em 1998, ultrapassando a

    telefonia fixa em nmero de usurios pela primeira vez em agosto de

    2003, os clientes grados ganharam o ttulo de heavy users (usurios em

    massa). E perderam o sossego. Sob fogo cruzado, passaram a ser aliciados

    pela concorrncia - o que estimulou a infidelidade, apelidada de churn2. A

    guerra acirrou-se aps a consolidao do setor at o final de 2003, perodo

    em que o quadro de competidores foi drasticamente reduzido. A maioria

    das 22 operadoras formadas aps a privatizao foi aglutinada por players

    com grande abrangncia, como Vivo, Claro, Oi e TIM.

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    Reter clientes estratgicos tornou-se um trabalho cada vez mais rduo para

    as empresas, que se esmeraram em desenhar estratgias de marketing

    de relacionamento e trataram de recrutar agentes com tima lbia para

    ocupar as baias das clulas de reteno no call center. Sob esse campo de

    batalha, escondiam-se razes histricas. A telefonia mvel tambm sofreu

    com as chagas da excluso e da alta concentrao de renda no Brasil. Os

    levantamentos do IBGE em 2002 ilustram a disparidade: o telefone (fixo

    ou celular) foi encontrado em 98% dos domiclios cujo rendimento era

    superior a dez salrios mnimos. Entretanto, a porcentagem caa para 28,6%

    quando as luzes eram jogadas sobre lares cuja renda no ultrapassava dois

    salrios mnimos. E o dado mais interessante da pesquisa foi que, em 8,8%

    de todas as residncias, o nico telefone era o celular, algo inimaginvel

    menos de uma dcada atrs, quando a linha fixa era um bem que constava

    da declarao de imposto de renda.

    Apesar de o nmero de usurios dos servios mveis ter ultrapassado os

    40 milhes em 2004, os problemas agravaram-se justamente no perodo

    do boom do setor. O crescimento meterico da base de usurios deu-se s

    custas do lento aumento da taxa de penetrao de aparelhos por nmeros

    de habitantes (mdia de 20% at o final de 2003, diante de ndices europeus

    superiores a 80%) e da reduo da receita mdia por usurio (pouco mais

    de 45 mensais de reais em 2003 e cerca de 70% do total de aparelhos no

    plano pr-pago). A tendncia de queda ou estagnao de receita mdia

    por usurio estava estampada nas ruas da cidade. Um dos cones dessa

    fase expansionista da telefonia mvel no Brasil foram as Casas Bahia,

    rede varejista voltada ao pblico de baixa renda, que, conforme se lia em

    outdoors das grandes capitais, consagrou-se como o maior revendedor

    de aparelhos celulares do pas, com aproximadamente dois milhes de

    unidades vendidas apenas em 2003.

    Mais do que mera ferramenta de comunicao, o celular tornou-se um

    objeto de desejo dos brasileiros, que no pouparam lgrimas para saci-

    lo. Entre 1999 e 2003, as tarifas de telefone registraram uma elevao de

    75,35%, enquanto a inflao medida pelo ndice de Preos ao Consumidor

    (IPC) foi de 52,27%, segundo pesquisa da Fundao Getlio Vargas (FGV),

    divulgada em janeiro de 2004. Esse mesmo levantamento constatou outras

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    bruscas mudanas dos hbitos do consumidor mdio (com rendimentos

    na faixa de um a 33 salrios mnimos), tais como maiores gastos com TV

    paga, DVD e internet, superando as despesas com alimentao.

    A Vivo, operadora do grupo ibrico formado por Portugal Telecom e

    Telefnica, preparou-se para a batalha pelos heavy users. O portugus

    Ablio An Henriques, presidente da antiga Telesp Celular (que ganhou

    nova identidade e maior abrangncia ao aglutinar-se com a Telefnica

    Celular e Global Telecom) j falava sobre suas estratgias de marketing

    one-to-one, em entrevista revista Consumidor Moderno (edio 41), em

    dezembro de 2000. Segundo Henriques, o atendimento a seus clientes

    mais rentveis estava sob a responsabilidade de uma clula do call center

    destinada a atendimento corporativo, em alguns casos com direito a

    gerente de conta.

    Outro bom exemplo de como a mentalidade empresarial comeou a

    mudar em razo da necessidade de ajustar o foco do cliente est no start

    up da Oi, operadora da Telemar Norte Leste, com atuao em 16 Estados

    brasileiros. O presidente escolhido para inaugurar a operao, em abril

    de 2002, foi Lus Eduardo Falco, que no tinha, rigorosamente, nenhuma

    experincia em telecomunicaes, mas uma bagagem respeitvel na

    arte de encantar o cliente. Ex-vice-presidente de marketing e comercial

    da TAM, Falco trouxe de seu tempo de convivncia com o comandante

    Rolim Amaro o esprito de servir e a estratgia de priorizar o contato

    com os clientes. Do Jeito TAM de Voar ao Jeito Oi de Atender (Jia),

    o presidente aterrissou na operadora, disseminando o hbito de sempre

    ligar para dar um oi aos clientes e perguntar se esto satisfeitos com os

    servios.

    2. Os consultores

    Embora embrionrios, os casos bem-sucedidos de segmentao

    comearam a surgir no Brasil no incio do sculo. Mas as melhores

    prticas de que se tinha notcia eram, na maior parte das vezes, apenas

    bons exemplos que vinham de fora. Foi necessrio peneirar tudo o que

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    se ouviu sobre o assunto. Se levados ao p da letra, os ensinamentos do

    CRM teriam induzido muitas empresas a erro, pois cairiam na inadequao

    ou comeariam a promover uma fria e cruel seleo de clientes. Salvo as

    raras excees, como as empresas que, espontaneamente, conseguiam

    analisar quais eram as suas prprias necessidades e direcionar aes e

    investimento com maestria, muitas clamavam por um empurrozinho

    na hora de definir o melhor caminho e, assim, evitar frustraes, ao

    tentar colher os frutos do CRM. Devido a elas, os servios de consultoria

    ganharam terreno no mercado com empresas como Accenture, CPM, IBM

    Business Consulting Services (BCS), Ernst & Young, Delloitte, Damovo,

    Wittel, Prockwork e Stefanini, responsveis pela definio estratgica do

    CRM, reviso de processos e pela integrao dos sistemas de retaguarda e

    da linha de frente.

    Em contrapartida, os altos investimentos em solues completas de

    CRM comearam a abandonar as pranchetas. Enquanto se repetia em

    congressos e mesas redondas o bordo de que o CRM no decolara no

    Brasil em decorrncia da confuso do conceito, jogando toda a culpa da

    estagnao das vendas sobre as costas dos pobres empresrios, em cujas

    cabeas no entrara a idia de que CRM no tecnologia, mas estratgia,

    o mercado caa na real, atentando para o fato de que seria mais barato

    e eficiente investir no treinamento e no bem-estar de seus funcionrios

    e imprimir uma velocidade mais lenta s aquisies de software e aos

    projetos de consultoria e integrao.

    Sem negligenciar os propalados benefcios da integrao total, como viso

    nica do cliente, cross-selling, up-selling, fila universal e gerenciamento da

    cadeia de demanda, os casos de sucesso em relacionamento com clientes

    comearam a pipocar de aes simples e criativas de empresas que, do

    ponto de vista do projeto, encontravam-se apenas nos alicerces do CRM. A

    DaimlerChrysler do Brasil, por exemplo, identificou, por meio de pesquisa

    realizada em setembro de 2002, a necessidade de disponibilizar um chat na

    internet aos seus consumidores. No contact center da montadora, nasceu

    o Sales Support, que passou a dar informaes sobre preos de produto,

    financiamentos, condies de compra para portadores de deficincia e

    agendar test drive. Ao receber o contato por internet ou telefone, o contact

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    center encaminha a solicitao concessionria mais prxima do cliente e

    monitora o processo. Em apenas oito meses de operao, apurou-se que

    30% das consultas pelo chat da DaimlerChrysler resultaram em vendas

    (algumas dezenas de automveis). Para no perder os clientes de vista,

    a montadora encomenda, semestralmente, a institutos de pesquisas

    independentes um levantamento da satisfao de seus clientes quanto ao

    atendimento prestado na concessionria e ao produto.

    Como conceito, o CRM j traz resultados h muito tempo em empresas

    que nasceram com vocao para o relacionamento. Para elas, o ideal

    da segmentao sempre foi uma meta. Com a cultura da excelncia em

    servios sendo disseminada pela empresa desde o incio da dcada de

    1990, o Po de Acar deu uma arrancada no rumo da segmentao, com

    o carto Mais, em 2000, quando passou a rastrear os hbitos de consumo

    dos clientes da rede de supermercados e definir aes especficas com

    base na garimpagem desses dados.

    Em agosto de 2002, por exemplo, o Po de Acar fez uma parceria com

    o usque Chivas para distribuir gravatas exclusivas a todos os clientes

    cadastrados que adquirissem a bebida em uma das lojas Po de Acar.

    Para essa ao, a rede varejista enviou mala-direta para 30 mil clientes

    das classes A e B, selecionados entre um universo de cerca de cinco

    milhes de consumidores cadastrados. A promoo trouxe um resultado

    surpreendente: as vendas da bebida quadruplicaram em relao mdia

    nos meses que antecederam a ao. Desde outubro de 2002, com o

    lanamento do Guia Mais Vantagens, que oferece descontos, brindes e

    condies diferenciadas de pagamento em academias, provedores de

    internet, cartes de crdito, seguradoras, restaurantes, hotis, escolas de

    informtica e de idiomas, as aes passaram a extrapolar o ambiente das

    lojas Po de Acar e mostraram que o limite para a segmentao ainda

    est muito distante de ser definido.

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    3. Arquitetos de marca

    Enxergar os consumidores por todos os ngulos e observar o seu

    comportamento o que todas as organizaes sensatas buscam fazer. Os

    caminhos podem ser vrios, at mesmo valer-se das solues tecnolgicas.

    Aps a definio dos pontos de partida e de chegada, hardware e software

    devem caber dentro desse caminho, cujas pistas tm a inteno de abrir

    veredas para encontrar os clientes mais interessantes e paparic-los.

    Caso contrrio, tiro ngua. Para identificar esses alvos, mais uma classe

    de especialistas despontou no mercado. Craques na segmentao, as

    agncias de marketing direto e de relacionamento entraram em campo,

    entre elas Incentive House, OgilvyOne, Plurismidia, Market Data, Fbrica e

    Datamidia, FCBi.

    Alm de adotar o marketing de relacionamento, as empresas que

    pretendiam fidelizar clientes bons e fiis trataram de zelar por sua

    reputao no mercado, ou melhor, cuidar da marca. Imagem tudo, dizem

    os marqueteiros, com exceo daqueles que idealizaram a campanha do

    refrigerante Sprite no final da dcada de 1990: Imagem no nada, sede

    tudo. Em sua forma original, a frase continua vlida, mas sofre algumas

    interferncias negativas, relativas prpria imagem do marketing. A priori,

    a atividade de construir uma marca levanta suspeitas, que se acentuam

    medida que cresce o nmero de especialistas em fazer propagandas

    de cerveja de pssima categoria e em colocar laos caprichados sobre

    organizaes que tm faces vergonhosas ou sobre produtos que fazem

    mal sade ou sobre servios que no entregam o que prometem ou

    sobre polticos de passado desconhecido e duvidoso. Vo perguntas

    como: possvel construir uma imagem slida de algo inconsistente?

    E vm respostas como a que deu Washington Olivetto, presidente da W/

    Brasil, a Consumidor Moderno (edio 23), em junho de 1998, justificando

    sua recusa em fazer marketing poltico: O publicitrio tenta ressaltar

    qualidades e omitir defeitos. Portanto, os eleitores correm o risco de votar

    em uma embalagem em vez de em um produto. Mas, por melhor que

    seja a campanha publicitria, impossvel transformar um produto ruim

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    em um produto de qualidade. Eu no gosto de fazer campanha poltica,

    porque gosto de anunciar produtos que o consumidor possa devolver se

    no gostar.

    Deixando a histria e a imagem do marketing para uma outra oportunidade,

    o relacionamento dos consumidores com uma marca est intimamente

    ligado ao conjunto de suas percepes em relao a um produto, uma

    empresa ou uma idia. Os posicionamentos das organizaes e a forma

    pela qual elas vo ao mercado constituem, portanto, uma estratgia para

    ocupar a mente do consumidor. No entanto, alm do enorme desafio para

    o futuro do chamado branding, processo que envolve todos os estgios

    de administrao de uma marca, inclusive o marketing, a memria do

    brasileiro no est, digamos, repleta de boas lembranas.

    O nascimento e a trajetria das relaes de consumo no Brasil firmaram-

    se, at o sculo passado, na remoo de obstculos que impediam o

    estabelecimento de uma via de mo dupla entre os dois extremos, a oferta

    e a demanda. Em 500 anos, as conquistas sociais, polticas e civis foram

    desimpedindo esse trajeto e gerando maior equilbrio na relao entre

    fornecedores e consumidores. Nessa estrada, as relaes entre fornecedores

    e consumidores deixaram marcas da explorao, acomodao, avareza,

    falsidade e tenso. Apenas nas ltimas dcadas, surgiram os primeiros

    sinais de transparncia e cordialidade.

    Apesar de representarem etapas de evoluo no curso da histria, todas

    essas caractersticas, boas ou ruins, tambm compem a imagem atual

    das experincias de consumo. Qual o consumidor que no pode contar

    boas histrias em que se sentiu injustiado, demasiadamente paciente,

    consumista, lesado, irado, seguro e cortejado? O conjunto dessas sensaes

    compe a argamassa para a construo de marcas e relacionamentos.

    Aos olhos do consumidor, a edificao uma s, mas, como os alicerces

    escondem o veio da cultura corporativa, esse universo dos sentidos

    resulta em uma postura subjetiva e bipolar diante da imagem da marca:

    confiana ou suspeita. Em seu livro Marketing para o Sculo XXI - Como

    Criar, Conquistar e Dominar Mercados, Philip Kotler escreve:

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    A construo da marca exige mais do que apenas a construo da imagem da

    marca. Ela requer o gerenciamento de todo o contato com a marca que o cliente

    possa ter. Uma vez que todos os funcionrios, distribuidores e revendedores

    da empresa podem afetar a experincia com a marca, o desafio gerenciar a

    qualidade de todos os contatos com a marca.

    4. Fidelizao do cliente interno: muito alm do treinamento

    Ser humano tem vontade prpria e livre arbtrio. Sente-se bem quando

    opta por exercer a sua funo com empenho e excelncia. Aceita regras,

    procedimentos, scripts e estratgias, mas falando popularmente, no

    digere nada que desce pela goela abaixo. Ele no ouve apenas. Tambm

    fala, v, enxerga, apalpa, escuta, cheira, quer ser percebido e exige retorno.

    Tem lngua felina, mas tambm sabe reconhecer posturas corretas e, vez

    por outra, fala bem.

    Para obter sucesso em iniciativas de CRM, o caminho conquistar, antes, a

    fidelidade do cliente interno (funcionrios, parceiros, colaboradores etc.).

    Em primeiro lugar, preciso medir, com freqncia, o humor de todos eles.

    A comunicao interna, com ferramenta, como jornais, revistas, pesquisas,

    reunies, vdeo e ouvidoria interna, um excelente meio para promover

    interao.

    Mas lembre-se: comunicao tem sempre duas vias, caso contrrio

    informao. O importante perceber que preciso ouvir o pblico interno

    e dar-lhe retorno. Mais do que isso, preciso mostrar-lhes que aquilo que

    foi estabelecido como meta no discurso est ocorrendo, na prtica, dentro

    da empresa. As informaes devem ser claras e completas. Incoerncias

    no discurso so facilmente detectadas e podem destruir uma estratgia

    mais ampla de relacionamento com clientes.

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    Outra boa dica incluir o cliente interno no processo de conquista da

    lealdade do cliente externo, principalmente quando h indcios de

    insatisfao. Reconquistar um cliente externo faz o funcionrio se tornar

    responsvel por ele - o que gera maior compromisso com a satisfao dos

    demais clientes. Mais um lembrete: os elogios so bons e todos gostam.

    Se puder transformar o tapinha nas costas em bnus, e vrios bnus em

    promoo, melhor ainda. A melhor estratgia para motivar funcionrios

    faz-los enxergar que eles tambm fazem parte da meta estabelecida

    pela empresa.

    Em terceiro lugar, disponibilize cursos e programas de capacitao e de

    estudo. Ao final desses cursos, pague bolsas de 50% para faculdade ou

    ps-graduao. Isso ressaltar as pessoas que buscam aperfeioamento.

    Funcionrios capacitados atendem melhor o cliente e assimilam mais

    facilmente a cultura da empresa.

    Em campanhas de fim de ano, interessante dar bnus proporcionais. Se

    um melhor do que o outro, tem de receber uma recompensa melhor.

    Caso contrrio, para o prximo ano, qual ser a motivao de um bom

    funcionrio em empenhar-se novamente se o companheiro relapso foi

    agraciado com o mesmo bnus?

    O relacionamento com o cliente interno vai bem quando se pode dizer

    isto: Nossos funcionrios tm enorme afeio pela empresa e valorizam

    o ambiente de trabalho. Essa declarao foi dada revista Consumidor

    Moderno (edio 49) em setembro de 2001 por Antnio Ulrich, diretor-

    superintendente da Companhia Brasileira de Petrleo Ipiranga, em cuja

    rede de milhares de postos de combustvel h convenincia em servios,

    produtos de qualidade e, principalmente, atendimento corts e eficiente.

    Ah, a Petrleo Ipiranga tambm faz constantes atualizaes tecnolgicas,

    adota o conceito do CRM, mantm programa de qualidade em seus

    postos de combustveis, investe em preservao ambiental, tem o hbito

    de promover pesquisa de satisfao para avaliar a imagem da empresa

    e da concorrncia junto a seus pblicos prioritrios e tem agilidade para

    mudar a rota da comunicao e reposicionar a marca de acordo com os

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    resultados apurados.

    As organizaes devem ter bom carter, ser cidad, empenhar-se na

    poltica da boa vizinhana e engajar-se em aes sociais. Qualquer

    semelhana com atributos e atividades de gente no mera coincidncia.

    No incio do sculo XXI, as empresas que desejassem aproximar-se de

    seus clientes precisariam sair do casulo e correr os riscos da aventura do

    relacionamento. Motivos para isso: tica e engajamento social tornaram-

    se questes cruciais para as relaes entre consumidores e empresas.

    O conceito da responsabilidade social emergiu no Brasil em 2000, fruto

    da crescente demanda das organizaes por prticas socialmente

    responsveis e do trabalho desenvolvido pelo Instituto Ethos de Empresas

    e Responsabilidade Social, entidade sem fins lucrativos fundada em 1998.

    O instituto iniciou promovendo congressos sobre o tema e recrutando

    associados para fomentar as iniciativas no Brasil.

    Um dos fatores do sucesso das prticas socialmente responsveis foi a

    divulgao. Ao contrrio da caridade ou do socorro ao prximo, atitudes

    que perdem o significado ao se tornarem pblicas, as iniciativas ligadas

    responsabilidade social ganharam visibilidade e mostraram que poderiam

    ser interessantes sob diversos aspectos. Elas tornaram-se mais um fator de

    composio da imagem de marca, uma vez que o foco das aes est em

    projetos auto-sustentveis, que so agentes de transformaes e devem

    estar alinhados com os valores da organizao. Para os funcionrios

    e colaboradores, que tambm so alvo das aes, fazer parte de uma

    organizao socialmente responsvel uma questo de orgulho. E, como

    conseqncia para as relaes de consumo, os consumidores modernos

    enxergaram mais uma possibilidade de interferir no curso da histria,

    prestigiando empresas empenhadas em promover o seu bem-estar e de

    sua comunidade. A partir de 2000, o Instituto Ethos divulgou pesquisas que

    mostravam que os consumidores brasileiros estavam dispostos a rejeitar

    empresas ou aderir a elas de acordo com o grau de comprometimento

    que mantinham com a sociedade. Meu objetivo que a responsabilidade

    social entre na deciso de compra das pessoas e seja clusula das transaes

    comerciais - o que j est comeando na prtica , disse Oded Grajew, co-

    fundador do Ethos, em entrevista Consumidor Moderno - revista pioneira

    na disseminao desse conceito no Brasil - em julho de 2002 (edio 36).

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    Sntese

    Como conceito, o CRM j traz resultados, h muito tempo, em empresas

    que nasceram com vocao para o relacionamento. Para elas, o ideal

    da segmentao sempre foi uma meta. Com a cultura da excelncia em

    servios sendo disseminada pela empresa desde o incio da dcada de

    1990, o Po de Acar deu uma arrancada no rumo da segmentao com

    o carto Mais em 2000, quando passou a rastrear os hbitos de consumo

    dos clientes da rede de supermercados e definir aes especficas com

    base na garimpagem desses dados.

    E, para obter sucesso em iniciativas de CRM, o caminho conquistar, antes,

    a fidelidade do cliente interno (funcionrios, parceiros, colaboradores

    etc.).

    Para finalizar, as organizaes devem ter bom carter, ser cidad, empenhar-

    se na poltica da boa vizinhana e engajar-se em aes sociais.

    Desejo-lhe sucesso!

    Referncias

    KOTLER, Philip. Marketing para o Sculo XXI - Como Criar, Conquistar e

    Dominar Mercados. So Paulo: Futura, 2004.

    PEPPERS and ROGERS. Disponvel em http://www.1to1.com.br. Acesso em:

    23/05/2007.

    VOLPI, Alexandre. Os detalhes que fazem a diferena. So Paulo, 2005.

    ZAMBON, Marcelo Socorro. Gesto do Relacionamento com o Cliente.

    So Paulo: Thomson, 2006.