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ALVENARIA DE VEDAÇÃO 1. Definição Pode-se conceituar alvenaria como um componente da edificação, conformado na obra, constituído por pedras naturais, tijolos ou blocos de concreto, unidos entre si por juntas de argamassa, formando um conjunto rígido e homogêneo. A alvenaria pode ser empregada na confecção de diversos elementos construtivos (paredes, pilaretes, sapatas, etc.) e pode ter função estrutural e de vedação. Quando a alvenaria é empregada na construção para resistir cargas, ela é chamada alvenaria resistente ou alvenaria estrutural , pois além do seu peso próprio, ela suporta cargas (peso das lajes, telhados, pavim. superior, etc.). Quando a alvenaria não é dimensionada para resistir cargas verticais além de seu peso próprio é denominada alvenaria de vedação. 2. Elementos da Alvenaria A alvenaria é constituída basicamente de: pedras naturais, tijolos ou blocos argamassa 2.1. Pedras Naturais Embora não utilizada na vedação vertical das edificações, as alvenarias de pedras, sejam elas brutas ou aparelhadas, são bastante utilizadas com outras finalidades, sendo oportuno, portanto, algumas considerações sobre as mesmas. a) Alvenaria com pedra bruta ou argamassada Hoje denominada comumente de alvenaria de pedra marroada, tem grande aplicação em fundações, embasamento e muros de arrimo. Na sua execução, as pedras vão sendo dispostas em camadas, procurando-se diminuir o máximo

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ALVENARIA DE VEDAÇÃO

1. Definição

Pode-se conceituar alvenaria como um componente da edificação, conformado na obra, constituído por pedras naturais, tijolos ou blocos de concreto, unidos entre si por juntas de argamassa, formando um conjunto rígido e homogêneo.

A alvenaria pode ser empregada na confecção de diversos elementos construtivos (paredes, pilaretes, sapatas, etc.) e pode ter função estrutural e de vedação. Quando a alvenaria é empregada na construção para resistir cargas, ela é chamada alvenaria resistente ou alvenaria estrutural, pois além do seu peso próprio, ela suporta cargas (peso das lajes, telhados, pavim. superior, etc.).

Quando a alvenaria não é dimensionada para resistir cargas verticais além de seu peso próprio é denominada alvenaria de vedação.

2. Elementos da Alvenaria

A alvenaria é constituída basicamente de:

pedras naturais, tijolos ou blocos argamassa

2.1. Pedras Naturais

Embora não utilizada na vedação vertical das edificações, as alvenarias de pedras, sejam elas brutas ou aparelhadas, são bastante utilizadas com outras finalidades, sendo oportuno, portanto, algumas considerações sobre as mesmas.

a) Alvenaria com pedra bruta ou argamassada

Hoje denominada comumente de alvenaria de pedra marroada, tem grande aplicação em fundações, embasamento e muros de arrimo. Na sua execução, as pedras vão sendo dispostas em camadas, procurando-se diminuir o máximo possível o volume de vazios, e as juntas são tomadas com argamassa de cimento e areia no traço 1:3 ou 1:4.

b) Alvenaria com pedra aparelhada ou facejada

Alvenaria argamassada constituída de pedras regulares, dispensando posterior revestimento, com utilização na execução de muros de arrimo ou para fins decorativos.

2.2. Tijolos

É definido como um composto industrializado de dimensões e peso que o fazem manuseável, de formato paralelepipedal e adequado para compor uma alvenaria.

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a) Tijolo de barro cozido

São constituídos de cerâmica vermelha onde o principal componente é a argila sedimentar encontrada nas margens de rios, queimada entre 900ºC e 1250ºC. As argilas passam por um processo de conformação feito manualmente e após isso, são secos ao ar livre e submetidos à queima em fornos artesanais.

Devido principalmente à sua produção artesanal e de baixo controle de qualidade, o tijolo maciço encontrado no mercado apresenta uma grande variação em suas dimensões e qualidades. Sua coloração varia em função das características da argila utilizada, sendo mais comum a cor vermelho-amarelada.

Em função de suas características e dimensões, usualmente próximas de 5cm x 10cm x 21cm, os tijolos maciços são bastante empregados para execução de paredes delgadas (armários, box, etc) e para efetuar o encunhamento entre as paredes e as faces inferiores de lajes e vigas.

Características dimensões mais comuns: 21x10x5 massa: 2,50kg resistência do tijolo: 20kgf/cm² quantidades por m²:

parede de 1/2 vez: 50 und parede de 1 vez: 100und

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b) Tijolo Furado

Tijolo cerâmico, vazado, com arestas vivas, superfícies ásperas e com facilidade para corte. É o mais comumente usado na construção civil.

A seção transversal destes tijolos é variável, existindo tijolos com furos cilíndricos e com furos prismáticos.

As faces do tijolo sofrem um processo de vitrificação, que compromete a aderência com as argamassas de assentamento e revestimento, por este motivo são constituídas por ranhuras e saliências, que aumentam a aderência.

Características:

dimensões: 9x19x19cm quantidade por m²:

parede de 1/2 vez: 25 und parede de 1vez: 50 und

massa @ 3,0kg resistência do tijolo @ espelho: 30kgf/cm² e um tijolo: 10kgf/cm²

tijolo com furos cilíndricos

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tijolo com furos prismáticos

2.3. Blocos

São aqueles que paresentam dimensões nominais maiores que o tijolo e comumente são manuseados com ambas as mãos durante o assentamento.

a) Blocos de Concreto

Os blocos de concreto são elementos de alvenaria obtidas a partir de uma dosagem racional de cimento, agregado e água. Os agregados usualmente empregados são: areia, pedra britada (pedrisco), argila expandida ou escória.

A utilização desse tipo de alvenaria nas paredes de vedação vem sofrendo real incremento, em função da disponibilidade no mercado de materiais de construção de blocos com grande regularidade e variedade de dimensões, o que possibilita ao projetista uma perfeita modulação, permitindo o avanço constante e progressivo do sistema construtivo denominado “alvenaria estrutural de blocos de concreto”.

Os blocos de concreto podem ser de dois tipos: os sem função estrutural e os para alvenaria estrutural. Os primeiros, normatizados pela NBR 7173/82, são empregados em alvenarias de fechamento e em paredes onde a carga seja compatível com a resistência do bloco. Os últimos, normatizados pela NBR 6136/80, são destinados à execução de estrutura de alvenaria armada ou parcialmente armada, onde a execução de pilares e de vigas se faz através do lançamento do concreto em suas cavidades.

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2.4 Argamassa de Assentamento

As argamassas, junto com os elementos de alvenaria, são os componentes que formam a parede de alvenaria não armada, sendo a sua função:

- unir solidamente os elementos de alvenaria;- distribuir uniformemente as cargas;- vedar as juntas impedindo a infiltração de água e a passagem de insetos;- reter água para que quando em contato com blocos de elevada absorção

inicial, não perca sua água de hidratação para eles; - fazer a compensação devido às variações dimensionais dos blocos.

As argamassas devem ter boa trabalhabilidade. Difícil é conceituar esta trabalhabilidade, pois são fatores subjetivos que a definem. Ela pode ser mais ou menos trabalhável, conforme o desejo de quem vai manuseá-la. Podemos considerar que ela é trabalhável quando se distribui com facilidade ao ser assentada, não "agarra" a colher do pedreiro; não endurece rapidamente permanecendo plástica por tempo suficiente para os ajustes (nível e prumo) do elemento de alvenaria.

2.4.1.Preparo da argamassa para assentamento de alvenaria de vedação

A argamassa de assentamento deve ser preparada com materiais selecionados, granulometria adequada e com um traço de acordo com o tipo de elemento de alvenaria adotado (Tabela 1.0). Podem ser preparadas:

a) Manualmente

Figura 1 - Preparo da argamassa manualmente

b) Com betoneira

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Figura 2 - Preparo da argamassa com betoneira

Aplicação Traço Rendimento por saco de cimento

Alvenaria de tijolos de barro cozido (maciço)

1 lata de cimento2 latas de cal8 latas de areia

10m²

Alvenaria de tijolos baianos ou furados

1 lata de cimento2 latas de cal8 latas de areia

16m²

Alvenaria de blocos de concreto

1 lata de cimento1/2 lata de cal8 latas de areia

30m²

Tabela 1.0 - Traço de argamassa em latas de 18litros para argamassa de assentamento

2.4.2 Aplicação

Tradicional: onde o pedreiro espalha a argamassa com a colher e depois pressiona o tijolo ou bloco conferindo o alinhamento e o prumo (Figura 3):

Figura 3 - Assentamento Tradicional

Cordão: onde o pedreiro forma dois cordões de argamassa (Figura 4), melhorando o desempenho da parede em relação à penetração de água de chuva, ideal para paredes em alvenaria aparente.

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Figura 4 - Assentamento em cordão

3. Procedimentos Executivos

3.1. Locação

Segundo a NBR 8545/84, a execução da alvenaria deve obedecer ao projeto executivo, no caso de alvenarias de vedação, este projeto é o arquitetônico.

A locação, baseada no projeto arquitetônico, é feita em função da posição dos pilares e vigas, marcando-se os eixos dos pilares e/ou projetando-se os eixos das vigas superiores com auxílio de uma régua e do fio-de-prumo. Em seguida são demarcadas as faces da parede (sem revestimento) ou então já são assentados alguns tijolos que delimitarão as posições das paredes, conforme mostrada na figura 5.

Figura 5 – Locação das paredes

Na locação deverão ser levadas em conta a posição das paredes em relação aos pilares e vigas, o perpendicularismo, as espessuras dos revestimentos e posições dos vãos de portas e janelas. Todas as distâncias entre paredes, comprimentos e posicionamento dos vãos deverão ser conferidos com trena.

Quando as alvenarias são apoiadas sobre alicerces, estas devem ser executadas no mínimo 24h após a impermeabilização destes. (NBR 8545/84)

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3.2. Assentamento da primeira fiada

Estando as paredes devidamente locadas, procede-se o assentamento da primeira fiada de cada uma das paredes, operação esta que deve ser realizada com o máximo cuidado. Recomenda-se molhar os componentes cerâmicos antes de seu emprego (NBR 8545/84)

Deve-se observar com atenção o nivelamento da 1ª fiada, compensando-se, com uso de argamassa, toda e qualquer irregularidade porventura existente, pois da mesma dependerá a qualidade e facilidade da elevação da parede propriamente dita. O nivelamento prévio das primeiras fiadas deve ser feito utilizando-se régua e nível de bolha, ou então partindo-se de pontos de nível demarcados nos pilares com o auxílio de nível de mangueira.

3.3. Levantamento de Paredes

O serviço é iniciado pelos cantos principais ou pelas ligações com quaisquer outros componentes e elementos da edificação (Figura 6), após o assentamento da primeira fiada, obedecendo ao prumo de pedreiro para o alinhamento vertical (Figura 7) e o escantilhão no sentido horizontal (Figura 6).

Os cantos são levantados primeiro porque, desta forma, o restante da parede será erguida sem preocupações de prumo e horizontalidade, pois estica-se uma linha entre os dois cantos já levantados, fiada por fiada.

A argamassa de assentamento utilizada é de cimento, cal e areia no traço 1:2:8.

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Figura 6 - Detalhe do nivelamento da elevação da alvenaria

Figura 7 - Detalhe do prumo das alvenarias

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Podemos ver nos desenhos (Figura 8 a 10) a maneira mais prática de executarmos a elevação da alvenaria, verificando o nível e o prumo.

1) Colocada a linha, a argamassa é disposta sobre a fiada anterior, conforme a Figura 8.

Figura 8 - Colocação da argamassa de assentamento

2) Sobre a argamassa, o tijolo é assentado com a face rente à linha, batendo e acertando com a colher conforme Figura 9.

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Figura 9 - Assentamento do tijolo

3) A sobra de argamassa é retirada com a colher, conforme Figura 10.

Figura 10 - Retirada do excesso de argamassa

Mesmo sendo os tijolos do mesmo lote, nota-se certa diferença de medidas, por este motivo, somente uma das faces da parede pode ser aparelhada, sendo a mesma àquela por onde os andaimes são montados fazendo com que o pedreiro trabalhe aparelhando esta face.

Quando as paredes atingirem a altura de 1,5m aproximadamente deve-se providenciar os andaimes metálicos.

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Para as obras com estrutura de concreto armado, a alvenaria deve ser interrompida abaixo das vigas ou lajes. Este espaço deve ser preenchido após 7 dias, de modo a garantir o perfeito travamento entre a alvenaria e a estrutura, conforme figura 11 e 12 (NBR 8545/84).

Para obras com mais de um pavimento o travamento, respeitado o prazo de 7 dias, só deve ser executado depois que as alvenarias do pavimento superior tiverem sido levantadas (NBR 8545/84). Este preenchimento deve ser feito de cima (pavimentos superiores) para baixo (pavimentos inferiores).

Figura 11.a e 11.b – Travamento entre alvenaria e estrutura

3.3.1. Amarração dos tijolos maciços

Os elementos de alvenaria devem ser assentados com as juntas desencontradas, para garantir uma maior resistência e estabilidade dos painéis (Figura 12).

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Figura 12 - Ajuste corrente (comum)

3.3.2. Formação dos cantos de paredes

É de grande importância que os cantos sejam executados corretamente, pois como já visto, as paredes iniciam-se pêlos cantos (Figura 13 e 14).

Figura 13 - Canto em parede de meio tijolo no ajuste comum

Figura 14 - Canto em parede de espelho

3.3.3. Vãos de Esquadrias

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Na execução das paredes são deixados os vãos de portas e janelas. No caso das portas os vãos já são destacados na primeira fiada da alvenaria e das janelas na altura do peitoril determinado no projeto. Para que isso ocorra devemos considerar o tipo de batente a ser utilizado, pois a medida do mesmo deverá ser acrescida ao vão livre da esquadria (Figura 15).

Figura 15 - Vão de alvenaria

Sobre o vão das portas e sobre e sob os vãos das janelas devem ser construídas vergas(Figura 16).

Quando trabalha sobre o vão, a sua função é evitar as cargas nas esquadrias e quando trabalha sob o vão, tem a finalidade de distribuir as cargas concentradas uniformemente pela alvenaria inferior.

Figura 16 - Vergas sobre e sob os vãos

As vergas podem ser pré-moldadas ou moldadas no local, e devem exceder ao vão no mínimo 30cm ou 1/5 do vão e ter altura mínima de 10cm.

No caso de janelas sucessivas, executa-se uma só verga.