Aula 6 - Cerebelo Desgravada

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    Faculdade de Cincias Mdicas Universidade Nova de Lisboa

    Aula 6 Cerebelo

    Localizao e caractersticas gerais:

    O cerebelo descrito tendo duas faces, uma superior e uma inferior, mas no livro do Prof. Esperana Pina e de uma forma correta, descreve trs faces:

    superior;

    inferior que vai ser s composta por esta substncia verde;

    anterior, onde conseguem identificar os pednculos cerebelosos a sarem.

    Apresenta tambm uma margem circunferencial que separa a face superior da inferior, que vai condicionar incisuras e o ngulo lateral do cerebelo e que no tem muito significado funcional. O cerebelo, morfologicamente vai ser atravessado por este conjunto de fissuras horizontais que o dividem em lbulos, em lminas, que vocs no tm de saber. No livro do Prof. Esperana Pina vo encontrar uma descrio clssica, em que se define do centro para a periferia: o ndulo, o flculo, o freio da lingla, o

    lbulo quadriltero, as asas do lbulo quadriltero - Isso tambm no precisam de saber. O que vocs tm de saber a diviso antomo-funcional que vamos ver adiante. Em termos de consideraes gerais, importante saber que o dimetro transversal do cerebelo o maior dimetro deles todos, seguido do dimetro ntero-posterior e depois o dimetro vertical. Pesa

    mais ao menos 140g. (Isto tudo, obviamente, genrico na populao, no nenhuma regra fundamental.) O cerebelo encontra-se numa loca steo-menngea e no numa loca osteo-tendinosa, visto ser

    inferiormente constituda pelas fossas cerebelosas do occipital, posteriormente pela escama do occipital e em cima pela tenda do cerebelo ou tentrio do cerebelo que vai ser uma dependncia da duramter. O cerebelo vai ser coberto por piamter, tal como todo o SNC, por aracnideia (que tem uma lmina visceral e parietal), e entre estas duas lminas da aracnideia temos o espao subaracnoideu (NOTA: nos livros aparece sempre entre pia-mter e aracnideia e no vm descritas estas duas lminas). Este espao, volta da loca cerebelosa, tem quarto dilataes denominadas as cisternas da loca cerebelosa.

    Cisternas um termo que se utiliza quando o espao subaracnoideu dilata e temos uma maior concentrao de lquido cfalo-raquidiano ou liquor ou lquido crebro-espinhal. Na loca cerebelosa temos 4 cisternas e na loca cerebral tambm temos outras 4. As cisternas cerebelosas so:

    Cisterna cerebelosa superior (que no se v muito bem nesta imagem)

    Cisterna pr-pntica (quando a ponte ou protuberncia nmina antiga - se dilata) Cisterna magna do cerebelo

    Cisterna ponto-cerebelosa (no corte sagital no se vai perceber muito bem, mas vai ter mais influncia em termos laterais). Esta cisterna vai ter importncia do ponto de vista anatmico e clnico, devido aos tumores do ngulo ponto-cerebeloso - Todos os pares cranianos desde o trigmio at ao nervo hipoglosso atravessam esta cisterna. Assim, um tumor do ngulo ponto-cerebeloso vai comprimir vrias estruturas nervosas e vai ter uma sintomatologia muito

    Unidade Curricular: Fundamentos de Neurocincias Data da Aula: 17/09/2014 Anotador: Ins Caetano, Laura Guerra, Rebeca Cohen, Zenito Cruz; Turma 6

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    caracterstica. importante fazer esta relao (o contedo que l passa j matria mais includa na anatomia geral...).

    Classificao e diviso:

    A diviso antomo-funcional - em lbulos. Temos trs lbulos, o cerebelo tem trs funes, podendo ento ver-se a correspondncia entre a funo e o lbulo respectivo. importante saber, em termos de constituio, que o cerebelo apresenta dois hemisfrios cerebelosos que so laterais e no meio uma estrutura mediana que o vermis ou eminncia vermiforme. O primeiro lbulo o lbulo floculo-nodular que bastante reduzido; temos o flculo representado no vermis e o ndulo nos hemisfrios cerebelosos. No preciso saber exatamente quais que so e cada lmina que constitui cada lbulo, mas sim que funes podemos atribuir a cada lbulo. Os limites importantes so os limites que esto assinalados na figura, o lbulo anterior que s visvel pela face superior do cerebelo vai ser delimitado atrs pela fissura primria. Se ns percorrermos o cerebelo de diante para trs vamos depois encontrar a fissura vulo-nodular que separa o lbulo posterior do flculo-nodular e tambm o lbulo anterior do lbulo (S necessrio saber estes 2 limites, no preciso saber os nomes todos que esto descritos no livro do Prof. Esperana Pina.) Ns vamos fazer aqui uma correlao com circuitos cerebelosos que no vem no Snell e que a abordagem que faz sentido, associando:

    lbulo floculo-nodular - os centros corticais que vo estar associados com equilbrio vestibular e ao conjunto de vias associadas nesta manuteno do equilbrios ns chamamos arquicerebelo.

    lbulo anterior - Relaciona-se com o tnus de postura e tnus muscular. O circuito que vai

    incluir tanto os centros corticais como os ncleos cinzentos centrais do cerebelo como as vias o paleocerebelo.

    lbulo posterior (ou no Snell lbulo mdio) - Da mesma forma, se relaciona com a coordenao do movimento voluntrio que corresponde ao neocerebelo.

    Estes nomes de arqui, paleo e neo derivam de classificaes filogenticas. A primeira funo que conseguimos identificar nos vertebrados a manuteno do equilbrio (arquicerebelo), evoluindo para o paleocerebelo cuja funo o tnus de postura e por fim, o necerebelo para a coordenao do movimento voluntrio como uma caracterstica j dos vertebrados mais superiores. Em termos de constituio do cerebelo podemos identificar a mesma coisa que na medula e que em todo o SNC: substncia cinzenta e substncia branca.

    Difere da medula espinhal e tronco enceflico na medida em que no cerebelo, h substncia cinzenta no interior, formando ncleos, como substncia cinzenta periferia, que o crtex (encontra-se em finas camadas justapostas). Entre o crtex e os ncleos centrais vamos ter substncia branca interposta que tem o nome de centro medular do cerebelo e que em corte tem este aspecto arborescente e que foi tambm chamada rvore da vida.

    Em termos de crtex podem ver o aspecto plissado (em camadas) que o crtex assume. Este aspecto em camadas uma caracterstica muito tpica do cerebelo. O crtex cerebral no vai ser igual em toda a sua extenso, vamos ter vrios tipos de crtex. J o crtex cerebeloso homogneo em toda a sua extenso

    e tem trs camadas:

    Camada molecular;

    Camada das clulas de Purkinje As clulas de Purkinje, tambm designadas por basket cells clulas em cesto - so as clulas fundamentais do cerebelo. As clulas de Purkinje so neurnios cujos dendritos sobem at camada molecular onde vo fazer sinapse com os axnios das aferncias do cerebelo e depois, do corpo celular das clulas de Purkinje sai o axnio que vai comunicar com os ncleos cinzentos centrais do cerebelo. Estas clulas tm uma grande afinidade para o etanol e portanto ficam com a sua funo alterada numa situao de excesso de ingesto de etanol. Como j vimos, estas clulas esto presentes em todo o cerebelo arqui, paleo e neo - e o

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    que acontece quando algum est alcoolizado que h perda das trs funes dos 3 circuitos.

    Camada das clulas granulosas.

    Os ncleos cinzentos centrais vo ser 4 de cada lado, em cada hemisfrio, ou seja, 8 no total. Vamos poder associar cada um dos ncleos a cada circuito do cerebelo, ou seja, a cada uma das funes.

    O arquicerebelo tem apenas um ncleo que o ncleo fastigial que se encontra ao nvel do

    vermis, na linha mediana. Ns temos 2 ncleos fastigiais, um direito e um esquerdo, na linha mdia, no se esqueam!

    O paleocerebelo o que vai ter mais ncleos cinzentos centrais, de dentro para fora: globoso, emboliforme e poro paleodentada do ncleo dentado. Isto uma diferena do que est no Snell (que no divide o ncleo dentado), mas devemos ir mais especificidade e dividir o ncleo dentado em duas pores: uma paleodentada e uma neodentada; a primeira em relao ao circuito paleocerebeloso e a segunda em relao ao circuito neocerbeloso. Isto tem importncia porque cada uma das partes do ncleo vai comunicar com um ncleo do tronco enceflico que depois vai ter destinos diferentes e circuitos diferentes.

    O neocerebelo faz a coordenao do movimento voluntrio que vai estar em derivao das vias

    piramidais que vm do crtex. A relao do tnus de postura vai ser predominantemente inconsciente, vai responder ao tronco enceflico e vai diretamente para a medula. importante saber isto. Depois, em termos de neocerebelo, o que ns encontramos a poro neodentada do ncleo dentado.

    Tambm importante saber que o ncleo rubro (ncleo do tronco enceflico que se encontra ao nvel do mesencfalo) tambm se divide em duas pores: uma paleorubra e uma neorubra, em relao com estes circuitos. Isto vai ser importante porque depois vo ver que h duas vias que passam pelo ncleo rubro:

    via dentato-rubro-talmica - em relao com o neocerebelo porque sai do neodentado, vai para o neorubro, depois para o tlamo e depois para o crtex, para as vias piramidais

    globoso-emboliformo-rbrica em relao com o paleorubro, temos fibras cerebelo-rbricas que vo do paleodentado para o paleo-rubro e da saem diretamente do rubro-espinhal.

    Assim conseguimos associar, ento, aos lbulos uma funo, aos ncleos cinzentos centrais uma funo e incluir as vias em relao a isso com os circuitos e sua respectiva funo. No se esqueam, temos o vermis e os hemisfrios, nos hemisfrios e vermis distinguimos trs lbulos, a cada lbulo est associado uma poro do crtex e a cada poro do crtex est associado uma funo. assim que isto funciona. Circuitos cerebelosos Qualquer aferncia que entre no cerebelo vai directamente ao crtex. No crtex faz sinapse com as clulas de Purkinje e estas comunicam com o crtex cerebeloso ao ncleo cinzento central cerebeloso e deste sai uma eferncia quer para o tronco enceflico quer para o crtex. o crtex e o tronco enceflico que vo providenciar os efectores dos circuitos. Exemplo: Sendo um circuito ns dizemos sempre:

    Funo? Equilibrio vestibular Do que que estamos a falar? Estamos a falar do circuito arquicerebeloso do lobo floculonodular.

    Como que isto funciona? Vamos ter aferncias, vamos ter crtex, ncleo cinzento central e vamos ter eferncias efectoras.

    O que que isto quer dizer? Para haver equilbrio vestibular vamos ter de receber sensibilidade proprioceptiva do nosso ouvido interno, dos canais semi circulados. Para tal, o nosso ouvido interno vai ter trs canais semi circulados que funcionam em trs eixos, X, Y e Z e, nesses canais circula uma substncia que funciona como funcionam os ecrs dos Iphones. Quando ns rodamos o ecr, os cristais aceleram e o Iphone roda a imagem, ns funcionamos da mesma forma, ns inclinamos a cabea para o lado e a substncia roda (no lado direito para baixo e no esquerdo para cima). Essa informao transmitida para o nervo vestibular e vai chegar ao tronco enceflico, ao nvel do ncleo vestibular, que por sua vez comunica essa informao ao cerebelo Trato Vestibulo-Cerebeloso ( a aferncia, aquilo que chega ao cerebelo) que vai directamente ao crtex no lobo floculonodular e h sinapse. O crtex do lobo floculonodular comunica com o ncleo cinzento

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    central correspondente que o ncleo fastigial. Do ncleo fastigial sai a eferncia que vai ser cerebelo-vestibular.

    Ou seja, o cerebelo recebeu a informao do ncleo vestibular, modula e responde e do ncleo vestibular sai um trato chamado vestbuloespinal que faz sinapse com o corno anterior da medula e vai proporcionar uma resposta motora da medula da que este trato vestbulo espinal vai ser o efector. E assim que se abordam todos os circuitos do cerebelo. Temos sempre uma funo, um crtex, um ncleo cinzento central, aferncias que vo ao crtex, do ncleo cinzento sai uma eferncia e depois h o efector. Nunca se esqueam do efector, isto tudo envolve respostas motoras. importante ter a noo de que tudo vai ter que chegar medula. A regra : UM HEMISFRIO CEREBELOSO CONTROLA O HEMICORPO HOMO/IPSILATERAL, ao contrrio do que acontece no crebro (o hemisfrio direito controla o hemicorpo esquerdo e vice-versa). Esta regra no implica necessariamente que no se possa comunicar com o hemicorpo contralateral. Por exemplo, o trato vestibulospinal decussa parcialmente, o que significa que vai informar os dois hemicorpos, o que faz sentido porque quando viramos a cabea para um lado, vamos receber informao oposta dos dois nervos vestibulares, que vai para os dois hemisfrios cerebelosos e tm comunicao cruzada em termos efectores, cada um informa o outro hemicorpo do que suposto fazer harmonia da resposta. Logo, embora a regra seja, um hemisfrio cerebeloso controla o hemicorpo contralateral, no quer dizer que no haja comunicao entre um hemicorpo contralateral e um hemisfrio cerebeloso. Como em qualquer segmento do sistema nervoso central vamos ter somatotopia (associao de um segmento do SNC a uma extenso ou superfcie corporal quer seja pele ou grupo muscular). Segundo o Snell, no vrmis, na linha mediana, vamos ter a cabea, o pescoo, o tronco, a cintura

    escapular e a cintura plvica (fcil de decorar: no vrmis, na linha mdia so os segmentos que se encontram na linha mdia do corpo). Na poro intermdia que vai ser responsvel pelos membros

    A poro lateral, a maior de todas, est associada com o planeamento e programao do movimento e ainda, correco de erros do movimento voluntrio. A maior extenso de superfcie do cerebelo, no fica atribuda a nenhum segmento corporal mas, est sempre includa no planeamento do movimento, ou seja, antes de iniciar qualquer movimento, por exemplo: a extenso do brao e da mo, j houve transmisso de informao ao cerebelo e feita a coordenao neste segmento do cerebelo. Tambm est associada correco do movimento que feito a meio, ou seja, ns podemos comear um movimento de forma errada e, quando o cerebelo se apercebe deste erro, este segmento corrige o erro a meio do movimento. Estes estudos so feitos sempre atravs de tomografias de emisso de positres (PETs) e agora as TACs associadas a PETs. Ns no tomamos conscincia que estamos a corrigir um erro do movimento, tanto que isto faz parte do componente extra piramidal que obrigatoriamente inconsciente. Vamos ento abordar circuitos, esta a parte mais sucinta e mais gira de se estudar, mas tambm a mais trabalhosa. A maneira mais fcil de decorar isto sempre pensar na funo. Se ns temos a funo do equilbrio, a regra que o equilbrio parte do nosso ouvido interno e desse sistema de 3 eixos dos canais semicirculares, no entanto o equilibrio depende de outros sistemas sensoriais, nomeadamente a viso. Em neurologia vo estudar que temos dois sistemas de sensibilidade proprioceptiva e um deles muito associado viso e por isso que fazemos o teste da ponta do dedo ao nariz que feito sempre de olhos abertos e fechados porque se tivermos uma prova dedo-nariz impecvel de olhos abertos mas falhada de olhos fechados significa que toda a sua propriocepo est dependente da viso. Quando mandamos o doente fechar os olhos, estamos a tirar-lhe o componente visual, estamos a dar inteira responsabilidade da propriocepo ao cerebelo e o dedo no toca no stio certo porque o cerebelo no funciona com deve ser. A isto se chama uma Dismetria.

    A dismetria pode ser estudada de duas maneiras:

    A prova do dedo-nariz;

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    A prova calcanhar-joelho em que, deitamos o doente e pedimos para tocar com o calcanhar direito no joelho esquerdo e seguir a crista da tbia at ao p (tambm feito de olhos abertos e olhos fechados). Um doente de olhos fechados tambm no consegue acompanhar a crista da tbia e o p sai disparado para o outro lado porque no tem a sensibilidade proprioceptiva.

    Circuito Arquicerebeloso: No caso do equilbrio tem de sair do nosso nervo vestibular que recolheu a informao perifrica, vai ao ncleo vestibular e tronco enceflico e depois o trato vestbulo cerebeloso. preciso saber se decussa ou no decussa. Se um hemicerebelo controla o hemicorpo homolateral, se ele decussa uma vez tem de decussar a segunda vez. A nica coisa que tm de saber que se a aferncia decussa ou a eferncia ou o efector vai ter de decussar. Mais uma vez, volto a lembrar que isto no quer dizer que no haja comunicao contralateral. Se ns estamos a falar em circuito cerebeloso, implica um encerramento do mesmo circuito, ou seja, se os ncleos vestibulares comunicaram com o cerebelo, este vai ter de dar uma resposta aos ncleos vestibulares, ele at pode informar outros ncleos que no aquele do qual recebeu a mensagem, mas este vai ter que receber a mensagem. Circuito Paleocerebeloso: Tem a funo de manter o tnus de postura. Em medula espinhal, j foi estudada a sensibilidade proprioceptiva inconsciente (tratos espinocerebelosos posterior e anterior), mas no temos nenhum trato cerebelo-espinal. Em vez disso, vamos ter uma via que vai ser cerebelo rbrica, ou seja, o nosso efector vai ser o trato rubroespinal (vias descendentes da medula), que um trato que decussa totalmente, ou seja, a regra vai ter de ser respeitada, porque a via globoso-emboliformo-rbrica uma via contra-lateral, dos ncleos globoso, emboliforme e paleodentado sai esta via globoso-emboliformo-rubrica (o Snell s tem o globoso-emboliforme e no considera o paleodentado) e vai para o ncleo rubro do lado oposto e forma uma decussao, a decussao do pednculo cerebeloso superior (decora-se sabendo que decussa e o ncleo rubro est no mesencfalo e se est no mesencfalo vai ter de sair do cerebelo atravs do pednculo cerebeloso superior e decussa, e essa decussao tem o mesmo nome que o local onde acontece). O ncleo rubro vai ter uma eferncia para a medula espinhal que o trato rubro espinal que tambm decussa. Portanto, se sai do cerebelo direito e foi ao rubro esquerdo, este envia o trato para a hemi medula direita e assim respeita-se o circuito (a medula informou o cerebelo que respondeu medula) e est tambm respeitada a regra de um hemi-cerebelo controla o hemi-corpo homo lateral. A segunda decussao tambm vai ter o nome de onde acontece, decussao tegmental anterior porque o mesencfalo muitas vezes retratado em termos diminutivos como tectal, isto porque, em termos filogenticos h muitos vertebrados inferiores onde o nvel de SNC mais evoludo o mesencfalo, da o termo tecto do SNC por ser o nvel mais elevado, neste caso temos o tegmento que uma derivao deste nome. Da que uma decussao rubro-espinhal vai ser tegmental anterior, s porque vai estar no tecto, na poro anterior do mesencfalo. Circuito Neocerebeloso:

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    Envolve o movimento voluntrio, que envolve a via piramidal, e esta via vai ser influenciada pelas vias extrapiramidais (que se dividem em vias parapiramidais e as extrapiramidais propriamente ditas) Se dividirmos a motricidade em voluntria e involuntria temos que:

    voluntria - via piramidal

    involuntria - vias extrapiramidais, estas dividem-se em o extrapiramidais propriamente ditas (aponta para cerebelo, na parte do circuito

    neocerebeloso); o parapiramidais (refere mais frente).

    A principal aferncia a via crtico-ponto-cerebelosa, que vai sair dos mesmos stios de onde sai

    tambm a via piramidal (se vai modular uma informao convm que seja a mesma que vai ser modulada), ou seja a origem da que vai para o cerebelo a mesma que sai para a medula, vai para o cerebelo e acaba por voltar por umas fibras chamadas de dento-talmicas (no livro do Professor Esperana Pina- vias dentado- rubro-talmica, como comunica com o neorubro, decussa a e depois no decussa mais, por isso rubro-talmica, porque comunica com o tlamo, do tlamo para o crtex, e do crtex chega s reas motoras principais, nomeadamente rea 4 do crtex frontal e influencia o movimento. Este circuito daqueles circuitos em que se esto a opor as duas regras: um hemisfrio cerebral-um hemicorpo contralateral, um hemisfrio cerebeloso-um hemicorpo homolateral. Isto porque a via cortico-ponto-cerebelosa decussa e a resposta dentado-talmica tambm decussa, o que quer dizer que o hemisfrio cerebral direito comunica com o hemisfrio cerebeloso esquerdo, e depois vai comunicar com o hemisfrio cerebral direito, mas a via piramidal uma via cruzada. Ento o crebro direito vai ser responsvel pelo movimento do hemicorpo esquerdo, e o hemisfrio cerebeloso esquerdo vai ser responsvel pelo movimento do hemicorpo esquerdo a regra respeitada. Depois chegamos aos pednculos cerebelosos, sistematizando: em cada um temos trs pares de cada lado (superior, mdio e inferior) que vo unir as estruturas, que so s substncia branca.

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    Nota: No 4 ventrculo, uma cavidade rombo-drica, em que a parede posterior tem um segmento superior e um inferior e estes segmentos so revestidos pelos vus medulares,(substncia branca muito fina) e atrs pelas telas coroideias do 4 ventrculo. A tela coroideia piamter, o vu medular substncia branca, que vai revestir posteriormente o 4 ventrculo. Se raciocinarmos embriologicamente: no canal central da medula, tem-se tronco frente e cerebelo atrs, e o canal central da medula que se dilata e forma o 4ventriculo, mas independentemente de tudo, temos o encfalo (ou substncia branca ou cinzenta), neste caso substncia branca a fazer parte do canal central da medula (no confundir essa substncia branca com a piamter da tela coroideia). Vascularizao do cerebelo: Vai fazer parte da chamada vascularizao posterior do encfalo. (No crebro) Vai formar o trgono de Willis que vai ser formado anteriormente pela artria cerebral mdia e pela artria cerebral anterior, e posteriormente pela artria cerebral posterior. Nota: As artrias vertebrais so ramos da artria subclvia, nomeadamente segmento pr-escalnico da

    artria subclvia. A artria subclvia forma-se e antes de passar os msculos escalenos vai dar a artria vertebral, que se vai dirigir para trs e vai pela abertura da coluna vertebral, pelos forames transversais (entre os processos transversos, das vertebras) sobe e vai perfurar tanto a duramater como a aracnideia formando o tronco basilar, e este vai caminhar adiante da protuberncia e dentro do mesencfalo divide-se em dois ramos que so as artrias cerebrais posteriores. Este trajeto muito importante e bsico, porque se pensarmos para o nosso encfalo, um dos primeiros ramos que sai da aorta, so as coronrias para vascularizar o nosso corao, o primeiro ramo vai ser o tronco arterial braquioceflico direito que vai dar origem subclvia direita e o primeiro ramo que esta envia para vascularizar o encfalo, ou seja uma grande quantidade de sangue disponvel logo para ir para a vascularizao posterior do sistema nervoso central. Isto importante porque vamos ter trs pares de artrias importantes que vo para o cerebelo:

    Artrias cerebelosas pstero-inferiores;

    Artrias ntero-inferiores;

    Artrias superiores; Podem ser chamadas respetivamente de inferiores, mdias e superiores de acordo com a sua imergncia ao longo do trajeto enunciado. As artrias vertebrais antes de se unirem em tronco basilar sai a artria cerebelosa pstero-inferior, que tal

    como o nome indica vai vascularizar a poro posterior e inferior do cerebelo. importante dizer que estas artrias cerebelosas pstero-inferiores no so s responsveis pela vascularizao do cerebelo, elas vo enviar ramos colaterais que vo vascularizar o tronco enceflico, nomeadamente no andar da medula oblonga (por exemplo se tivermos uma ocluso da artria cerebelosa pstero-inferior, um AVC da PICA, este AVC tem sintomatologia no tronco enceflico que a mais importante, porque ao nvel da medula

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    oblonga tem-se ncleos extremamente importantes , nomeadamente o cardio-pneumo-entrico que o responsvel pelo batimento do corao, independentemente da nossa vontade, respirao independentemente da nossa vontade, e a ausncia do funcionamento deste que condiciona a nossa morte e a ausncia de atividade para cima desse ncleo que define morte cerebral (definida por ausncia de atividade de tronco enceflico e no de hemisfrios cerebrais por no termos reflexos do tronco enceflico, h batimento e respirao autnomos, mas no h distino entre sono e viglia porque a formao reticular foi ativa e todos os pares cranianos associados aos nossos reflexos e mmica facial ). As artrias cerebelosas ntero-inferiores ou cerebelosas mdias, saem do tronco basilar e vo vascularizar a ponte para alm da poro anterior e inferior do cerebelo. As artrias cerebelosas superiores vo sair antes da diviso em cerebrais posteriores e vo vascularizar a face superior e o mesencfalo, estas artrias cerebelosas vo se dividir em dois grupos : um grupo para a linha mediana, as vermianas e as hemisfricas Drenagem venosa (Snell): Divide-se em dois grupos: um para a linha mediana veias vermianas e veias hemisfricas que drenam para a grande veia do crebro e para os seios venosos adjacentes, tanto o seio longitudinal superior como para o seio reto.

    1 Caso clnico Doente do sexo feminino, 24 anos de idade, chinesa, Casada, com uma filha de 2 anos saudvel. Recorre consulta de Neurologia por nusea e vmitos h um ms, sem sintomas acompanhantes. Histria clinica: tonturas e desequilbrio na marcha h mais de 20 anos, ps-se em p sem ajuda aos 4 anos, comeou a andar sem ajuda aos 7 anos, nunca conseguiu correr ou saltar, discurso imperceptvel at aos 6 anos de idade, no entanto desde que comeou a falar no teve dificuldades de aprendizagem. Fez TAC enceflica e uma das nicas 9 pessoas com agensia cerebelosa ou seja, ausncia de cerebelo. Embora tenha demorado imenso tempo a conseguir andar e falar, ela conseguiu, apesar de ter disartria, porque no consegue controlar os movimentos voluntrios - falar um movimento voluntrio. Nota: disartria um distrbio neurolgico caracterizado pela incapacidade de articular as palavras de maneira correta Hoje em dia fazem-se cerebelectomias totais e parciais, pois a verdade que h plasticidade do nosso SNC. Nada da responsabilidade exclusiva de uma s estrutura, excepto o ncleo cardio-pneumo-entrico.

    2 Caso Clnico Doente do sexo masculino, 58 anos de idade, caucasiano. Recorre ao SU por instalao aguda, iniciada h 5 dias de cefaleia intensa, vmitos sucessivos, vertigens e incoordenao dos membros esquerdos. evidencia desequilbrio e falta de coordenao de movimentos voluntrios Exame Objectivo

    PA 180/130mmHg : (elevada)

    Sonolncia acentuada: ( formao reticular)

    Marcha atxica com duplo apoio (falta de equilbrio)

    Paralisia do nervo abducente esquerdo (cujo ncleo est na

    ponte - uma das artrias cerebelosas vasculariza o tronco

    enceflico)

    Sinal de Babinski bilateral; - diz de certeza absoluta que o

    doente tem leso da via piramidal

    Prova dedo-nariz - dismetria, tremor intencional e decomposio

    dos movimentos

    Sem analisarmos o exame neurolgico poderamos pensar em diversas patologias que pudessem estar a causar os sintomas do paciente.

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    Resoluo do 2 Caso Clnico TC-CE Leso hipodensa 5x6 cm no hemisfrio cerebeloso esquerdo Compresso e deformidade do IV ventrculo com hidrocefalia (aumento da presso intracraniana custa de acumulao de liquido cefalorraquidiano) Abordagem Derivao ventrculo-peritoneal (meter um tubo no canal central ao nvel do 4 ventrculo e liga-se ao peritoneu para escoar o liquido cefalorraquidiano) Diagnstico Bipsia tecido isqumico/necrtico AVC cerebeloso