Aula 4 foucault

10
A Palavra Proibida Lula e seus 4 pleitos: Durante os 12 anos que precederam sua primeira eleição foi preciso: mudar/flexibilizar posições sobre questões sociais e políticas modo de falar, de vestir, de se portar, a fim de tornar-se adequado (ou menos repulsivo) para os grupos dominantes do país. O poder lhe foi ficando acessivel à medida que as mudanças ocorriam. TABUS E OS TEMAS INTOCÁVEIS Nós também podemos interpretar esse mecanismo como sendo relacionado com graus de importância que certos tópicos podem assumir na nossa sociedade. Quando consideramos um tema tabu, restringimos o acesso a esse tema e atribuimos a ele um caráter sobrenatural e um poder místico. “Aquela doença que não se pode falar o nome.” “o coisa ruim” no lugar da palavra diabo. Em uma determinada sociedade, é difícil para os seus membros reconhecer a materialidade e relevância de um determinado tema e sua relação com o poder quando ele pertence a um reino místico e proibido. Isso é a chamada RAREFAÇÃO DOS SENTIDOS, OU SEJA, TORNAR OS SENTIDOS RAROS E ACESSIVEIS SOMENTE A POUQUISSIMOS MEMBROS DA SOCIEDADE (OS DOMINANTES).

Transcript of Aula 4 foucault

Page 1: Aula 4   foucault

A Palavra ProibidaLula e seus 4 pleitos:Durante os 12 anos que precederam sua primeira eleição foi preciso:mudar/flexibilizar posições sobre questões sociais e políticasmodo de falar, de vestir, de se portar, a fim de tornar-se adequado

(ou menos repulsivo) para os grupos dominantes do país. O poder lhe foi ficando acessivel à medida que as mudanças

ocorriam.

TABUS E OS TEMAS INTOCÁVEIS

Nós também podemos interpretar esse mecanismo como sendo relacionado com graus de importância que certos tópicos podem assumir na nossa sociedade. Quando consideramos um tema tabu, restringimos o acesso a esse tema e atribuimos a ele um caráter sobrenatural e um poder místico.

“Aquela doença que não se pode falar o nome.”“o coisa ruim” no lugar da palavra diabo.

Em uma determinada sociedade, é difícil para os seus membros reconhecer a materialidade e relevância de um determinado tema e sua relação com o poder quando ele pertence a um reino místico e proibido. Isso é a chamada RAREFAÇÃO DOS SENTIDOS, OU SEJA, TORNAR OS SENTIDOS RAROS E ACESSIVEIS SOMENTE A POUQUISSIMOS MEMBROS DA SOCIEDADE (OS DOMINANTES).

Page 2: Aula 4   foucault

A LoucuraDe acordo com Foucault, uma pessoa louca é uma pessoa cujo discurso não pode fluir como o das outras pessoas

É exatamente por meio do discurso de que a pessoa louca é reconhecida e cuidada.

Mudanças na bordagem clinica Freud.Novidades sobre o estudo do discurso nao-enquadrado.

Mesmo assim, um procedimento permanece: os loucos são excluídos da sociedade.

Há muito poder envolvido no silêncio dos psicoterapeutas que buscam significados nas palavras de uma pessoa louca. Desta forma, o psicoterapeuta dá significados que ele considera existir em um discurso, mas como alguém pode ter o acesso aos pensamentos do outro?

Sobre a metrialidade do silêncio, ver Orlandi: “As formas do Silêncio”

Page 3: Aula 4   foucault

A Loucura

Como alguém pode ter o acesso aos pensamentos do outro?

O risco da prepotência do Analista de Discurso; esquecer que a AD lida com representações e não com conceitos em si. Não há UMA verdade, mas pistas para modos de ser e fazer na língua.

A psicanálise em si, tem a pretensão de querer ensinar o louco a significar de acordo com os padrões sociais (lembremos que o louco também produz seus sentidos, mas não de modo idêntico às formas hegemônicas de representação). A psicanálise pretende CURAR o louco de sua ENFERMIDADE MENTAL.

A AD quando praticada sem as devidas ressalvas pode levar à ilusão de que o analista de discurso pode se pôr acima da linguagem e da ideologia.

Page 4: Aula 4   foucault

A LoucuraA perversão e a doença são análogas à Loucura.

As pessoas "afetadas" por essas “anomalias” são vistas como elementos que "contaminam" os demais membros da sociedade

A exclusão dessas pessoas em hospitais e cadeias se faz necessária para manter a ordem do discurso e as suas gramáticas sociais.

Exemplos dessa exclusão: Loucos, pedófilos, estupradores, ladrões, drogados, pacientes em estágio terminal e (porque não?) os chamados TERRORISTAS

Quem é o terrorista?/Ditador?

Como vimos com Laraia, o terrorista (bárbaro) que por seus hábitos costuma causar estranhamento e que, por vezes, usa da força para fazer valeus seus costumes sobre os demais.

Page 5: Aula 4   foucault

Muçulmano não cristão que não é de Deus.

Mas quem é Deus? Ou quem são os deuses?

das cruzadas à era obama, temos guerreado para defender e impor o nosso modo de produzir sentidos em detrimento dos sentidos do outro.

Porque a mídia brasileira faz questão de se referir ao “Ditador Hugo Chavez” mas nunca fala de Roberto Michelleti como presidente imposto de Honduras?

Qual o sistema mais democrático de eleição de um presidente? O que elegeu Chávez ou o que elegeu o atual presidente do Iraque?

Page 6: Aula 4   foucault

Deslizamentos semânticos: o termo Xiita.

Quando Sadam Hussein era apoiado pelos americanos, os Xiitas eram tidos como extremistas e os Sunitas (grupo de Sadam) eram tidos como moderados. O quadro só foi mudar depois do atentado às torres de NY.

Aliás os sunitas cumpriram importante função no combate à antiga URSS. Em especial no Afeganistão, onde o principal aliado dos EUA contra o exercito vermelho era Bin Laden, que até então, ao invés de terrorista era considerado um líder nacionalista.

Page 7: Aula 4   foucault

Foucault estuda os manicômios, os presídios e os tabus sobre a sexualidade humana.

Pensemos sobre o tratamento recebido por homossexuais em um passado não muito distante:

Eles eram considerados como "doentes" e "loucos", portanto, eram presos por seus atos “imorais”.

E hoje?

constituem um nicho de mercado muito importante, para o qual o termo "perverter" poderia excluuir-lhes o direito ao consumo, o que não interessa de modo algum ao poder do capital.

A idéia da homossexualidade como uma perversão ou loucura já não cumpre com seu objetivo. Como a manutenção do poder depende do modo de produção capitalista, ignorar qualquer nicho de mercado, seja ele qual for, é o verdadeiro tabu moderno.

Page 8: Aula 4   foucault

TABU HOJE EM DIA É FICAR SEM GERAR CONSUMO E RENDA!

Basta vermos a insistência que a midia tem dado, especialmente nas telenovelas às temáticas homossexuais e veremos que, sob a égide do discurso da responsabilidade social, a mídia tem investido fortemente no atendimento às demandas de consumo cultural e identitário não apenas do público gay, mas também de negros e setores religiosos como o Gospel e os Católicos Carismáticos.

Page 9: Aula 4   foucault

Sobre o desejo da verdade,

Foucault toma de emprestimo para uma analogia, o desejo de poder formulado por Nietzsche. Uma vez que a língua é material e é um meio eficaz de aquisição e manutenção de poder, quando se controlam os discursos, através da ilusão da transparência da linguagem, tenta-se adquirir e controlar o poder. (Item 1.2.3 – 1º. Par p.14)

Não foi por acaso que na URSS os cursos de Letras e a filosofia da linguagem foram banidas pelo regime materialista do cremlin, sob a elegação de que a linguagem não é material e, portanto, não haveria interesse do regime em estuda-la.

Bakhtin (1929), por sua vez, argumenta justamente a respeito da materialidade da linguagem.

Como nos mostra Austin em sua obra “How to do Things with words”, ao dizermos algo, fazemos algo no mundo, modificamos a realidade ao nosso redor. Assim, a lintguagem é material e altera as condições materiais de existência humana.

Page 10: Aula 4   foucault

Ao tentar controlar o signo linguistico exercemos um mecanismo de coerção reforçado pelas instituições sociais e que é constatemente reformulado. Esta vontade de verdade está presente na idéia de que nossa sociedade tem da ciência, por exemplo.

Quando adquirimos o conhecimento científico também estamos adquirindo poder.

Outra possibilidade de observar esta vontade de verdade é o mito que envolve o falante nativo de uma língua.

Aqui temos a idéia de autoridade envolvida.

Se alguém é um falante nativo de uma língua determinada ele é considerado um melhor professor por ser aquele que é “o dono” da linguagem.

DONO = DOMINI = DOMÍNIO (de uma língua)SERÁ MESMO POSSÍVEL DOMINAR UMA LINGUA?

O QUE TORNA UM ENGENHEIRO AMERICANO MELHOR PROF. DE INGLES DO QUEM UM LETRADO BRASILEIRO HABILITADO PARA TAL?