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EIXO
SAÚDE MENTAL ADULTO
AULA 3
Maria Inês Badaró Moreira
São Bernardo do Campo
2012
3ª aula 09/11
Ementa: Análise das demandas de atenção
e dos desafios colocados. A concepção de
rede de proteção social e a necessária
intersetorialidade (educação, lazer e cultura;
assistência social; trabalho; justiça; habitação
etc. Profa. Dra. Maria Inês
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[...] tem uma repetição, que sempre outras vezes em minha vida acontece.
Eu atravesso as coisas – e no meio da travessia não vejo! – só estava era entretido na idéia dos lugares de saída e de chegada
[...] a gente quer passar um rio a nado e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do que em primeiro se pensou.
Viver não é muito perigoso?
(GUIMARÃES ROSA, 2001, p. 51).
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OBJETIVO
Analisar as demandas de atenção em saúde
mental e seus desafios.
Apresentar e discutir a concepção de rede de
proteção social e a rede necessária para
produção do cuidado em saúde.
Analisar e debater sobre intersetorialidade
(educação, lazer e cultura; assistência social;
trabalho; justiça; habitação).
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O campo da saúde mental é
permeado por transformações
importantes na vida das pessoas
que vivenciam sofrimentos
psíquicos graves, seus familiares e,
muitas vezes, a comunidade em
que está inserido.
INTRODUÇÃO
Virgínia
1882 – 1941
Qual é a demanda?
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“NÃO SE ACHA PAZ EVITANDO A VIDA”
Filme As horas: recorte 4 minutos
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Em nossa sociedade, definiu-se a exclusão como resposta ao que parece diferente.
A exclusão da loucura foi um gesto de caráter sócio-histórico marcado pela organização dos espaços sociais.
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Esta exclusão impediu um diálogo possível entre cidade e loucura.
Espaços de habitar da razão - a cidade.
Espaço possível da desrazão - o manicômio.
Numa espécie de morte civil.
Aprisiona e acorrenta.
Concepção: uma doença mental que demanda observação sistemática dos fenômenos para elaboração de uma classificação nosológica clara.
Busca uma explicação fisiológica para os
transtornos mentais.
É sobre o corpo do louco que a Psiquiatria
clássica produziu ciência.
Foi a partir das tentativas de tratamento que
se faz surgir as mais variadas formas de
violência contra o louco, em nome da ciência
e do saber científico. Submetido a práticas
violentas o louco é silenciado.(Pessotti, 1994)
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Perspectiva Biológica
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Eletroconvulsoterapias
Década de 1930
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Centros Cirúrgicos e de
Eletroconvulsoterapias
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Psicofarmacos
Década de 1950
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Camisa-de-Força
Contenção física utilizada por mais de 50 anos, perdeu sua importância com a contenção medicamentosa e com as práticas de reabilitação psicossocial
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Superlotação, descaso, abandono, maus tratos
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Reforma Psiquiátrica no Brasil
Década de 1960 – DM = Lucro
Década de 1970 – Privatização da saúde
Década de 1980 – Crise da saúde.
Organização e Movimentos sociais
Em 1987 – MTSM
Em 1988 – Constituição Federal
Década de 1990 – Estruturação do SUS
2001 - Aprovação da Lei 10216
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Inspiração da experiência
Italiana
Nova maneira de
cuidar e trabalhar
em saúde mental,
com o objetivo de
transformar as
relações de poder
entre instituições e
sujeitos.
FRANCO BASAGLIA
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Em 06 de Abril de 2001 aprovou-se a
LEI 10.216
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A estruturação de Centros de Atenção
Psicossocial – CAPs – 1742 em 2011;
Abertura de leitos psiquiátricos em hospitais
gerais;
Incentivo da integração das ações em saúde
mental nas Unidades Básicas de Saúde;
Equipes Matriciais para ESF;
Centros de Convivência e Cultura;
Serviços Residenciais Terapêuticos - 779.
Das mudanças implementadas pode-se destacar a criação de diversos serviços
substitutivos:
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A POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE
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O PAPEL ESTRATÉGICO DO CAPS
Atender a área de abrangência;
Realizar acompanhamento
clínico;
Promover inserção social dos
usuários pelo acesso ao
trabalho, lazer, exercício dos
direitos civis;
Fortalecer os laços familiares e
comunitários.
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REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
MENTAL Centro
Comunitário
CAPSiCAPSad
HospitalGeral
Instituiçõesde Defesa
dos Direitosdo Usuario
Residências Terapêuticas
CAPS
Centro de AtençãoPsicossocial
PSF/PACSSaúde daFámilia
UnidadesBásicasde Saúde
Prontos-Socorros
Gerais
PSF
PSF
PSFPSF
PSF
PSF PSF
PSF
PSF
PSF
PSF
PSF
Família
Escola
Associaçãode Bairro
Vizinhos
Trabalho
Associações e/ouCooperativas
Esportes
Praças
REDE DE SAÚDE MENTAL
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Quais são os desafios atuais
enfrentados no cotidiano dos serviços
com o portador de sofrimento psíquico?
OS DESAFIOS
Exposição de situação atual dos serviços feita pelos alunos.
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UM CONVITE A OUTROS ATORES
A Clínica na atualidade
A clínica dos serviços territorializados não
compatibiliza com o que foi produzido no
modelo hospitalocêntrico anterior.
Não pactua com a tradição de que os
sintomas são algo negativo e que devem ser
eliminados.
Neste modo de fazer clínica o sofrer humano
é uma dimensão particular do sujeito consigo
e com o mundo.
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Como abordar a loucura nos serviços abertos e
fazer de sua produção delirante uma possibilidade
de acesso e de abordagem deste usuário?
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- O que pode isso pode produzir em nós?
Um delírio que preenche , um delírio que tem muitas possibilidades.
Perspectiva
desinstitucionalizante
Trata-se, pois, de uma ruptura com o paradigma
da clínica ou com os pressupostos ontológicos
que concebem a vida a partir da estabilidade.
Romper com uma perspectiva biológica que vê
a autopoiese como desvio, falta ou
negatividade.
Deslocar a função da clínica da díade
doença-cura
Para uma relação
existência-cuidado.
DIMENSÃO DO CUIDADO
o sentido de cuidar seria desenvolvido
de tal forma a não abandonar uma
pessoa a si mesmo, mas também evitar
a imposição de desejos e objetivos que
não lhes pertencem (ROTELLI, 1990).
Cuidar significa
ocupar-se de alguém enquanto
este transforma sua vida concreta
e cotidiana, (re)arranjando sua
vida em outros modos,
distanciando do que alimenta seu
sofrimento. (ROTELLI, 1990).
É neste campo de práticas que diversos
núcleos de conhecimentos se encontram
para ouvir o sofrimento na voz de quem
melhor pode dele falar: o usuário
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Uma clínica que toma a cidade
as casas,
o entorno do bairro,
os vizinhos,
a circulação,
os serviços de saúde,
a cidade,
os espaços diversos de trocas sociais.
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Maria Inês Badaró Moreira
UNIFESP, 2012
O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.
(GUIMARÃES ROSA, 2005, p. 39)
Referências BASAGLIA, F. A Psiquiatria Alternativa: contra o pessimismo da
razão, o otimismo da prática. Conferencias no Brasil. São Paulo: Brasil
Debates, 1982.
BASAGLIA. F. A instituição negada. São Paulo: Graal, 1985.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Mental no SUS, Brasília, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Mental em dados. Brasília, 2012.
FOUCAULT, M. Doença mental e psicologia. 2. ed. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1984.
FOUCAUL, M. História da Loucura. São Paulo: Perspectiva, 1987.
FREUD, S. A perda da realidade na neurose e psicose. Rio de
Janeiro: Imago, 1996. vol. 19
PESSOTTI, I. A Loucura e as épocas. São Paulo: Ed. 34, 1994.
PESSOTTI, I. Sobre a teoria da loucura no século XX. Temas em
Psicologia. Vol 14, no. 2. São Paulo, 2006. pp. 113-123.
ROTELLI, F. Desinstitucionalização. São Paulo:Hucitec, 1990.