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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina Campus Joinville Curso: CTI - Mecânica e Eletroeletrônica Módulo: III Unidade Curricular: História II Prof. Anderson dos Santos AULA 3 – O ISLÃ Aspectos gerais: Monoteísmo: Alah (Deus em Árabe); Península Arábica; Fundador: Maomé; Livro sagrado: Corão; Cidades sagradas: Meca, Medina (Yathrib) e Jerusalém; Caaba: antigo templo em forma de Cubo (antes do Islamismo abrigava 360 imagens e símbolos das divindades cultuadas pelas tribos), que guarda a Pedra Negra, um suposto pedaço de meteorito, representando um presente de Deus aos homens, enviado pelo Arcanjo Gabriel; A Arábia antes do Islamismo: Península localizada entre a Ásia e a África (Oriente Médio) – região extremamente desértica; Habitada desde a Antigüidade pré-cristã, por tribos nômades e semi-nômades; Surgimento de primeiros núcleos urbanos, próximos ao litoral e aos “oásis”; Nômades (beduínos) e sedentários: em comum – organizações tribais, língua, sociedade patriarcal e organização social baseada em castas nobres; Chefe de cada tribo ou clã, escolhido entre os homens mais velhos e era chamado de sheik; Meca e Yathrib (Medina) importantes centros comerciais: ligação entre o Oriente e o Mediterrâneo; Meca – importante centro religioso desde antes do surgimento do Islamismo; Arábia Pré-Islâmica: politeísta (cada tribo e cada cidade cultuava seu(s) próprio(s) deus(es); Trajetória religiosa e política de Maomé: Nasceu em Meca, por volta de 570 (família da tribo dos coroaxitas); Foi pastor, comerciante e guia de caravanas; Casou-se com uma viúva rica; Recebeu a revelação do Arcanjo Gabriel: Maomé seria o mensageiro único de Deus (Alah); Fundação de uma nova religião, “Islamismo” final do século VI e início do VII;

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

Campus Joinville Curso: CTI - Mecânica e Eletroeletrônica Módulo: III Unidade Curricular: História II Prof. Anderson dos Santos

AULA 3 – O ISLÃ

Aspectos gerais: Monoteísmo: Alah (Deus em Árabe); Península Arábica; Fundador: Maomé; Livro sagrado: Corão; Cidades sagradas: Meca, Medina (Yathrib) e Jerusalém; Caaba: antigo templo em forma de Cubo (antes do Islamismo abrigava 360

imagens e símbolos das divindades cultuadas pelas tribos), que guarda a Pedra Negra, um suposto pedaço de meteorito, representando um presente de Deus aos homens, enviado pelo Arcanjo Gabriel;

A Arábia antes do Islamismo: Península localizada entre a Ásia e a África (Oriente Médio) – região

extremamente desértica; Habitada desde a Antigüidade pré-cristã, por tribos nômades e semi-nômades; Surgimento de primeiros núcleos urbanos, próximos ao litoral e aos “oásis”; Nômades (beduínos) e sedentários: em comum – organizações tribais, língua,

sociedade patriarcal e organização social baseada em castas nobres; Chefe de cada tribo ou clã, escolhido entre os homens mais velhos e era

chamado de sheik; Meca e Yathrib (Medina) importantes centros comerciais: ligação entre o

Oriente e o Mediterrâneo; Meca – importante centro religioso desde antes do surgimento do Islamismo; Arábia Pré-Islâmica: politeísta (cada tribo e cada cidade cultuava seu(s)

próprio(s) deus(es);

Trajetória religiosa e política de Maomé: Nasceu em Meca, por volta de 570 (família da tribo dos coroaxitas); Foi pastor, comerciante e guia de caravanas; Casou-se com uma viúva rica; Recebeu a revelação do Arcanjo Gabriel: Maomé seria o mensageiro único de

Deus (Alah); Fundação de uma nova religião, “Islamismo” final do século VI e início do VII;

Ameaças de morte ao profeta; Migração de Maomé e seus seguidores para diversas cidades; Estabelecimento em Yathrib, rival de Meca; Criação de um exército de fiéis; LEMBRETE: a saída de Maomé de Meca pra Yathrib, que passaria a ser

chamada de Medina (cidade do profeta), em 622 ficou conhecida como HÉGIRA, e marcou o início do calendário muçulmano;

Pilhagem de caravanas; Oito anos de lutas contra os coroaxitas; Destruição das divindades da Caaba; Invasão de Meca; Implantação do Islamismo e expansão a toda a Península; Unificação dos árabes em torno de uma mesma crença e de um Deus (Alah);

Corão e cinco preceitos básicos do Islã: Reconhecer Alá como único Deus e Maomé como seu profeta (Chahada); Orar cinco vezes por dia com a face voltada para Meca (Salá); Dar contribuições para a comunidade, geralmente em forma de um dízimo sobre

os ganhos (Zakat); Jejuar durante todo o nono mês do ano, até o pôr do sol (Ramadã); Visitar Meca pelo menos uma vez na vida (Hajj);

Proibições contidas no Corão: Comer carne de porco, ingerir bebidas alcoólicas, praticar jogos de azar,

homicídio e roubar; LEMBRETE: outros preceitos contidos no Corão são – a crença nos profetas,

nas idéias de ressurreição, de juízo final e de predestinação; LEMBRETE: o Corão permite a poligamia (vários casamentos) para os

homens, a escravidão, a pilhagem e a Guerra Santa (jihad);

O alcorão: O Alcorão está organizado em 114 capítulos, denominados suras, divididas em

livros, seções, partes e versículos. Considera-se que 92 capítulos foram revelados ao profeta Maomé em Meca, e

22 em Medina. Os capítulos estão dispostos aproximadamente de acordo com o seu tamanho e

não de acordo com a ordem cronológica da revelação. Cada sura pode por sua vez ser subdividida em versículos (avat). O número de

versículos é de 6536 ou 6600, conforme a forma de os contar. A sura maior é a segunda, com 286 versículos; as suras menores possuem

apenas três versículos. Os capítulos são tradicionalmente identificados mais pelos nomes do que pelos

números. Estes receberam nomes de palavras distintivas ou de palavras que surgem no início do texto, como por exemplo A Vaca, A Abelha, O Figo ou A Aurora. Contudo, não se deve pensar que o conteúdo da sura esteja de alguma forma relacionado com o título do capítulo.

A Arábia pós-Maomé:

Morte em 632; Questão da sucessão; Dois grupos: Sunitas e Xiitas - (soluções políticas opostas e divergentes posições

religiosas); Sucessores de Maomé – Califas (chefes políticos e religiosos); Surgimento de um Império Islâmico: conquistas da Síria, da Palestina, da

Mesopotâmia, da Pérsia, do Egito, do Irã, chegando ao noroeste da China;

Segundo a revelação transmitida por Deus a Maomé: “Quando encontrardes infiéis, matai-os; fazei neles uma grande carnificina, e apertai bem as cordas dos prisioneiros. Depois os poreis em liberdade ou os restituireis mediante resgate, quando tiver cessado a guerra... Fazei assim; se Deus quisesse, ele mesmo triunfaria deles; mas ele vos faz combater para experimentar-vos, uns aos outros; Deus não deixará perecer as obras dos que tiverem sucumbido em seu caminho. Ele os dirigirá e tornará retos seus corações. E os introduzirá no paraíso”. A Arábia pós-Maomé: 660 – califado hereditário (domínio da dinastia Omíada); Conquista do norte da África e da Península Ibérica (Portugal e Espanha) e Ilhas

do Mediterrâneo; 750 – Revolução e início da Dinastia Abássida; Longo período de decadência; Surgimento de vários califados independentes e rivais; Século IX – início das guerras de Reconquista Cristã Séculos XI ao XIII – Cruzadas; Séculos XIII ao XV – ataques dos mongóis e dos turcos; Esfacelamento do Império Islâmico.

Sunitas contra xiitas: O historiador Robert Mantran, um dos maiores especialistas na história da expansão islâmica, sublinha que a disputa política travada após a morte de Maomé deu origem às duas principais ramificações do islamismo: sunitas e xiitas. Os sunitas não encaravam o califa nem como profeta nem como intérprete infalível da fé, mas como um chefe cujo dever era manter a paz e a justiça na comunidade. Era consenso que o califa devia pertencer ao grupo dos coraixitas, a tribo de Maomé, dominante em Meca. O termo sunita deriva de Sunna, coleção de “palavras e atos atribuídos a Maomé e posteriormente compilados em livro complementar ao Corão. Os xiitas, por sua vez, diziam que a legítima sucessão do profeta cabia aos descendentes de seu genro, Ali, com sua filha Fátima. O próprio termo xiita provém de Shiat Ali, que significa “os partidários de Ali”. Os xiitas defendiam que a autoridade máxima do islã deveria caber aos imãs, dirigentes espirituais da comunidade, e não aos califas. Atualmente, os sunitas são ampla maioria no mundo islâmico, alcançando quase 90% dos seguidores de Alá. Expansão guiada pela fé e pela espada: Jihad – Guerra Santa; Cobrança de impostos às populações submetidas;

Tolerância religiosa com os povos submetidos (liberdade de culto aos cristãos, judeus e persas);

Coerção às tribos politeístas; Conversões como forma de escapar às cargas tributárias e opressões;

Intercâmbio cultural e o legado árabe para o mundo ocidental: Filosofia: diálogo entre árabes, ocidente e oriente; Matemática: desenvolvimento da álgebra, da trigonometria e algarismos

arábicos, readaptados da Índia; Química: avanços na alquimia, descoberta do álcool e do ácido sulfúrico; Literatura: As mil e uma noites; As aventuras de Simbad, o Marujo; Arquitetura: construção de mesquitas, influência dos persas e bizantinos (arcos,

colunas, mosaicos e arabescos decorativos); Artes plásticas: caligrafia e miniatura (decorar o corão); proibição da

representação de figuras humanas (anti-idolatria).

A condição feminina no mundo islâmico: Alguns historiadores afirmam que, ao contrário do que diz o senso comum, o Corão apresenta diversas disposições favoráveis à mulher. Por exemplo: a limitação da poligamia masculina a quatro mulheres, embora califas e sultões tivessem várias mulheres; o direito da mulher a uma parte da herança; o direito de a mulher separar-se do marido. Também é certo que Maomé tratava bem as mulheres. No entanto, o mesmo Corão estabelece que os homens são superiores às mulheres; que eles deviam encarcerar para sempre as mulheres adúlteras; que podiam impedir suas esposas de se enfeitarem como pagãs, obrigando-as a usar o véu para cobrir-se; que baixassem os olhos quando andassem em público. No mundo islâmico, a mulher não chegava a ser uma propriedade do marido, do ponto de vista legal, mas era mantida num estado de menoridade durante toda a sua vida. Para ler:

• ARBEX JR, José. Islã: um enigma de nossa época. São Paulo: Moderna, 1996. • BARBOSA, Elaine S. A Encruzilhada das Civilizações. Católicos, ortodoxos e

muçulmanos no velho mundo. São Paulo: Moderna, 1997. • BELTRÃO, Cláudia. Os Árabes na Idade Média. São Paulo: FTD, 2001.

Para assistir: • As Mil e Uma Noites, EUA, 2000. Direção de Steve Barron. 150 min. • Cruzada, EUA/Espanha/Itália, 2005. Direção de Ridley Scott. 145 min.