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Aula 3 – Comunicação científica TADI – Tratamento e Análise de Dados/Informações Prof. Camilo Rodrigues Neto Ao final dessa aula, você deve ser capaz de escrever e julgar criticamente Planos e Relatórios de pesquisa: pesquisa, pesquisadores e leitores; fazendo perguntas, encontrando respostas; fazendo uma afirmação e sustentando-a.

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Aula 3 – Comunicação científica

TADI – Tratamento e Análise de Dados/Informações Prof. Camilo Rodrigues Neto

Ao final dessa aula, você deve ser capaz de escrever e julgar criticamente Planos e Relatórios de pesquisa:

• pesquisa, pesquisadores e leitores;• fazendo perguntas, encontrando respostas;• fazendo uma afirmação e sustentando-a.

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Programa TADIhttp://www.each.usp.br/camiloneto/PageClassesTADI2012.html

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1. Introdução2. Formas de aquisição de conhecimento e Comunicação científica3. Redação Projetos e Relatórios de Pesquisa4. Conhecimento confiável e Crenças duvidosas: vendo o que se espera ver5. Conhecimento confiável e Crenças duvidosas: algo a partir de nada; muito

a partir de pouco; determinantes motivacionais e sociais 6. Ciência e pseudociência - P1 7. Método científico 8. Lógica: dedução e indução9. Falácias10. Representação gráfica de informação quantitativa - P211. Estatística descritiva – medidas de tendência central12. Estatística descritiva – exercícios13. Estatística descritiva – medidas de dispersão14. Estatística descritiva – exercícios15. P3: terceira prova

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• Liste alguns dos seus objetivos de pesquisa?

• Quais as hipóteses que você gostaria de testar?

• Quais são os possíveis resultados de sua pesquisa?

• Quais seriam os critérios para sucesso e fracasso?

• Como planejaria uma pesquisa para corroborar ou refutar suas teorias?

Vocês iniciaram a pesquisa? Iniciaram a redação?

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Tipos de texto

• Um repórter adota o formato de uma pirâmide invertida, começando com a informação de maior interesse.

• O formato de um relatório de auditoria facilita o trabalho do contador, mas deve também permitir aos acionistas encontrar a informação de que precisam.

• Uma enfermeira sabe o que escrever no prontuário de um paciente de modo que outros profissionais possam entende-lo.

• Um policial também utiliza um formato padronizado para o boletim de ocorrência, pensando naqueles que mais tarde irão investigar o crime (boletim de ocorrência deve incluir o uso de violência ou coação).

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Relatório de pesquisa

• Do mesmo modo, um relatório de pesquisa deve ser escrito num formato familiar aos leitores.

• Apesar de limitado pelo formato, quem redige tem a liberdade de:– adotar diferentes pontos de vista;– enfatizar uma variedades de idéias e;– imprimir uma feição personalizada ao trabalho.

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Importância da pesquisa

• O que a pesquisa representa para você?– uma nota de avaliação;– o prazer de resolver um enigma;– a satisfação de descobrir algo novo;– enriquecimento do conhecimento humano.

• Outros benefícios:– é a melhor maneira de compreender o assunto estudado (desde que

seja mais do que um resumo!!!); – aprenderá a coletar informações, organizá-las de modo coerente e

apresentá-las de modo confiante, seja para o projeto ou para a linha de produção;

– avaliar de modo inteligente a pesquisa de outros; – entender como o novo conhecimento depende das perguntas que você

fizer ou deixar de fazer.

7Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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Ciclo de pesquisa

planejamento

revisão pesquisa

pesquisa esboço

rascunho

pesquisa8Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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Usos público e privado da pesquisa

• “Pesquisar é reunir informações necessárias para encontrar resposta para uma pergunta e assim chegar à solução de um problema.”

– Problema: depois de um dia de compras você percebe que sua carteira sumiu.

– Pesquisa: você se lembra dos lugares onde esteve e começa a telefonar aos departamentos de achados e perdidos.

– Problema: você ouve falar de uma nova espécie de peixe e quer saber mais a respeito.

– Pesquisa: você procura em arquivos de jornais uma reportagem sobre o assunto.

• Embora todos façamos esse tipo de pesquisa, em geral não precisamos redigir um relatório.

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A biblioteca representa séculos de pesquisa

• As pesquisas feitas por outros determinam a maior parte daquilo em que acreditamos, e em geral podemos confiar nas pesquisas de outros.

• Entretanto, idéias errôneas, estranhas e perigosas florescem porque muitas vezes aceitamos o que ouvimos ou o que desejamos acreditar, sem evidências válidas.

• O mundo hoje tem a feição que tem devido a esse conhecimento acumulado, porque alguém se deu ao trabalho de escrever a pesquisa que produziu.

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Por que redigir um relatório?

• Escrever para lembrar: para a maioria das pessoas é difícil reunir informações e organizar as conclusões de um longo programa de pesquisa de cabeça.

• Escrever para entender: ao organizar e reorganizar os resultados da pesquisa, você vê novas relações e contrastes, complicações e implicações que de outra forma passariam desapercebidas.

• Escrever para ter perspectiva: vistos depois de algum tempo, nossos textos parecem mais claros e cheio de imperfeições ... e mesmo erros grosseiros.

• Escrever um relatório de pesquisa FORMAL que atenda à expectativa dos leitores é mais difícil do que escrever para si mesmo, mas é quando suas idéias aparecerão como realmente são, não como você gostaria que fossem.

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Relacionando-se com seu leitor

• Imagine um estudioso solitário, lendo em uma biblioteca ou cercado por artefatos de vidro e computadores num laboratório.

• Mas nenhum lugar é tão repleto de vozes quanto uma biblioteca ou um laboratório.

• Nos relacionamos com outras pessoas toda vez que lemos um livro, usamos aparelhos de pesquisa ou confiamos em uma fórmula estatística.

• Trata-se de um diálogo que pode ter décadas ou mesmo séculos.

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Quem é o leitor? Como será a comunicação?

• Antes que possa dar o primeiro passo em direção a um relatório de pesquisa, você deve pensar:– no tipo de diálogo e de relação que deseja ter com os leitores;– e no tipo relação que eles estabeleçam com você.

• Por que lhe pediram para escrever um relatório?

• Quem lerá o relatório? Uma pessoa ou várias?

• Qual a motivação de seu leitor: diversão, uma razão prática ou para entender mais?

• Servirá como base para uma decisão ou como justificativa de uma já tomada?

• Quais as opções quanto à forma do relatório?

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O que se sabe sobre os leitores?

• Todos querem um relatório com o mínimo possível de dificuldades desnecessárias.

• Querem entender o ponto principal do trabalho e como se chegou a ele.

• Procuram de que maneira sua pesquisa e conclusões mudarão suas opiniões e convicções: isso é uma medida da importância de seu trabalho.

• Qual a posição de seus leitores em relação à pergunta que você está respondendo? A pergunta já é um assunto de interesse para eles?

14Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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O que se sabe sobre os leitores?

• A pergunta já é um assunto de interesse para eles?– Se já conhecem a resposta, você os está fazendo perder tempo;– Se acreditam em uma resposta errada, terá de demove-los do erro,

uma tarefa difícil;– Se eles não têm uma resposta, você está com sorte; só precisa

convencê-los de que tem a resposta certa.

• A pergunta não é um assunto de interesse para eles?– Nesse caso também não terão interesse na resposta e será um

desafio interessá-los;– Poderão achar que sua resposta os auxiliará em seus próprios

problemas;– Alguns leitores não poderão ser demovidos de suas posições e você

os deverá ignorar.

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O que se espera dos leitores?

• É preciso não só conhecer as posições de seus leitores, mas também decidir aonde deseja levá-los.

• Pode ser uma ou várias das seguintes possibilidades:– fazê-lo aceitar um conhecimento novo;– fazê-lo mudar convicções;– Levá-lo a praticar uma ação.

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Booth, Colomb e Williams. A arte da pesquisa, p32 e 33

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Fazendo uma afirmação e sustentando-a.

• Uma vez que se tenha acumulado uma “montanha” de informações, é hora de organizar esses dados.

• Deve-se organizar os dados a partir de categorias que procedam de suas perguntas e respostas.

• Suas respostas devem sustentar a afirmação central de seu trabalho – essa afirmação é sua resposta mais importante, sua justificativa para redigir o relatório.

• Os elementos de sustentação dessa resposta, dessa afirmação, forma o que se chama um argumento de pesquisa.

39Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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Problemas e Argumentos de pesquisa

• Argumentos de pesquisa.– Não somos em geral obrigados a explicar nossas opiniões diárias.– Mas espera-se que o pesquisador faça afirmações novas e

importantes o suficiente para interessar o leitor e que possa explicar e sustentar essas afirmações.

• Se você puder antecipar as perguntas de seus leitores, será capaz de sustentar suas afirmações com boas razões e justificativas, isto é, com evidências.

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Criando bons argumentos

• Seu argumento deve encaminhar o leitor à compreensão/resposta/solução de suas perguntas ou problema complicado/interessante.

• Na construção do argumento, uma abordagem possível é imaginar o seguinte dialogo com o leitor.

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Veremos a seguir: componentes de um argumento

• Um argumento tem as seguintes partes:– uma afirmação;– evidências ou justificativas;– um fundamento;– ressalvas.

Afirmação

Fundamento

Ressalvas

Evidência

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Afirmações e Evidências

• Uma afirmação expressa aquilo que você quer que os leitores acreditem.

• Evidências ou justificativas são as razões pelas quais os leitores devem acreditar na afirmação.

– Afirmação: Deve ter chovido ontem à noite,– Evidência: porque as ruas estão molhadas.

– Afirmação: A emancipação dos camponeses russos foi meramente simbólica,

– Evidência: porque não melhorou a qualidade de sua vida diária.

43Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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Fundamentos e Ressalvas

• Para melhorar seu argumento, deve-se acrescentar mais dois elementos: – Fundamentos relacionam as evidências com a afirmação; – Ressalvas tornam as afirmações e evidências mais precisas.

– Afirmação: Deve ter chovido ontem à noite,– Evidência: porque as ruas estão molhadas.– Fundamentos: Sempre que vemos as ruas molhadas, de manhã, podemos

concluir que provavelmente choveu na noite anterior.

– Afirmação: A emancipação dos camponeses russos foi meramente simbólica,

– Evidência: porque não melhorou a qualidade de sua vida diária.– Fundamentos: Sempre que uma ação política não melhora a vida daqueles

a quem pretensamente deveria ajudar, julgamos tal reforma como tendo sido apenas simbólica.

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Fundamentos

• O fundamento de um argumento é seu princípio geral, uma suposição ou premissa que estabelece uma ponte entre a afirmação e a evidência que a sustenta, ligando-as num par logicamente relacionado.

• O fundamento não diz nada sobre à precisão de sua evidência, mas responde sobre a pertinência de sua afirmação.

• Ou ainda, responde se sua afirmação pode ser deduzida a partir de sua evidência.

• Se a questão não é obvia, será é necessário incluir os fundamentos em seu argumento.

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Ressalvas

• As ressalvas:– limitam a certeza de suas conclusões;– estipulam as condições nas quais sua afirmação se sustenta;– fazem você parecer um autor criterioso, cauteloso, ponderado.

• Quando uma afirmação só for verdadeira sob certas condições, ou quando a ligação entre uma evidência e uma afirmação não é 100% correta, mas apenas provavelmente verdadeira, você deve ressalvar sua afirmação adequadamente.

– Afirmação: Deve ter chovido ontem à noite,– Evidência: porque as ruas estão molhadas.– Fundamentos: Sempre que vemos as ruas molhadas, de manhã, podemos

concluir que provavelmente choveu na noite anterior,– Ressalvas: a menos que se utilize irrigadores para baixar a poeira ou se

houve vazamento da adutora ...

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Ressalvas

• A maneira como lidamos com afirmações, evidências, fundamentos e ressalvas não só influi no modo como os leitores julgam nossos argumentos, mas também nossa capacidade profissional.

– Afirmação: A emancipação dos camponeses russos foi meramente simbólica,

– Evidência: porque não melhorou a qualidade de sua vida diária.– Fundamentos: Sempre que uma ação política não melhora a vida

daqueles a quem pretensamente deveria ajudar, julgamos tal reforma como tendo sido apenas simbólica,

– Ressalvas: a menos que voluntariamente eles tenham aderido ao plano de contenção de despesas.

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Vimos até aqui: componentes de um argumento

• Um argumento tem as seguintes partes:– uma afirmação (expressa aquilo que você quer que os leitores

acreditem);– evidências ou justificativas (são as razões pelas quais os leitores

devem acreditar na afirmação);– um fundamento (que relaciona as evidências com a afirmação);– ressalvas (que tornam as afirmações e evidências mais precisas).

Afirmação

Fundamento

Ressalvas

Evidência

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Minaré, Reginaldo. O Presidente Lula e a falácia do desenvolvimento da bioindústria nacional. Portal do agronegócio [On Line], 23/2/2007. Disponível em: <www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=23423>. Acesso em: 12/5/2009

16/08/12 49Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

Con

text

o

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razões/premissas

afirmação principal

razões/premissas

afirmação

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afirmação

16/08/12 51Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

razões/premissas

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razões/premissas

afirm

ação

afirmação principal novamente

sem relação com a afirmação principal

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Afirmações e Evidências

• O elemento central de todo relatório é:– sua afirmação principal;– seu ponto de vista;– sua tese geral.

• É a culminação de sua análise, a declaração do que sua pesquisa significa.

• Mas é preciso apresentar boas razões, evidências confiáveis em que acreditar.

• A afirmação principal (bem como as afirmações subordinadas que a sustentam) deve ser substantiva, contestável e explícita.

53Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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Qualidades das afirmações

• Sua afirmação deve ser substantiva: os leitores querem entender algo importante e mostrarão pouco interesse por afirmações que mostrem apenas o que você fez.

• Sua afirmação deve ser contestável (i.e., importante): uma afirmação só será contestável se mudar algo em que os leitores acreditem - ninguém contesta uma afirmação que só se refere ao próprio relatório ou a você, nem uma afirmação que repete algo em que os leitores já acreditam.

• Sua afirmação deve ser específica: i.e., expressa em linguagem suficientemente detalhada e específica para reconhecerem os conceitos centrais que você desenvolverá ao longo do relatório.

• Atenção: se você está num de seus primeiros relatórios de pesquisa, focalize seus próprios interesses, algo que seja importante para você, ou para alguém com seus interesses e conhecimento.

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• Você deve expressar sua afirmação principal pela primeira vez ao final da introdução (o preferido pelos leitores) ou na conclusão:– em linguagem específica;– deve manter a mesma linguagem ao longo do texto;– isso facilita aos leitores seguir o texto;– dá uma impressão de coerência e organização.

• Não só quanto escrever, mas também quando ler um texto (suas fontes), são essas mesmas características que deverá procurar nas afirmações principais e secundárias:– afirmações substantivas;– afirmações contestáveis;– afirmações explícitas.

55Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

Qualidades das afirmações

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Aviso ou sugestão

• “Se estiver escrevendo seu primeiro relatório, a tarefa de formular uma afirmação significativa, contestável, numa linguagem bastante específica, poderá parecer uma impossível, principalmente se seus leitores forem peritos no assunto. Espera-se que você faça uma afirmação que seja nova e contestável para alguém de seu nível de experiência e conhecimento, como seus colegas de classe, ou talvez apenas nova para você”

(Booth, Colomb e Williams, p. 129)

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Apresentando evidências confiáveis

• Como vimos, a afirmação é o centro de seu relatório, mas a maior parte dele será dedicado às evidências que o sustentam.

• Os leitores podem rejeitar suas evidências porque elas podem ser:– fracas: inexatas, imprecisas, insuficientes, não representativas, não

autorizadas ou incompreensíveis;– irrelevantes;– inadequadas.

• Afirmações com evidências fracas, irrelevantes e inadequadas são, em nossa antiga classificação, respectivamente, falácias com premissas insuficientes, irrelevantes e inaceitáveis.

57Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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• Exatidão: os leitores predispostos a serem céticos em relação a seus argumentos, como em geral o são, poderão aproveitar a menor falha em seus dados, o mais trivial engano em uma citação ou menção (mesmo em ortografia e pontuação), como um sinal de inconfiabilidade irredimível.

– Você pode utilizar uma evidência questionável, desde que reconheça essa característica.

– Rejeitar uma evidência não confiável que parece apoiar sua afirmação mostra que você foi cauteloso e autocrítico.

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Apresentando evidências confiáveis

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• Precisão: isso depende da área em questão. Para um físico pode ser segundos, para um historiador, anos, para um paleontólogo, milhares de anos.– Fique atento a palavras como alguns, a maioria, muitos, quase,

sempre, normalmente, frequentemente, geralmente. Essas palavras podem impedir o leitor de avaliar o conteúdo de sua afirmação.

• Suficiência: isso também depende da área em questão. Na análise de uma obra literária, só existe o próprio texto. Um psicólogo pode utilizar centenas de casos, enquanto um sociólogo provavelmente utilizará milhares.

59Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

Apresentando evidências confiáveis

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• Representatividade: um antropólogo pode interpretar uma pequena cultura na Mova Guiné com base no conhecimento profundo de alguns indivíduos, mas nenhum sociólogo faria uma afirmação sobre as práticas religiosas americanas baseado em dados fornecidos por uma única igreja batista no Oregon.

• Autoridade: refere-se à qualidade de sua fonte, o que inclui também sua atualidade. Em algumas áreas utiliza-me muito Conferências, em outras, Artigos em periódicos ou principalmente Livros.

• Clareza: sua evidência pode ser exata, precisa, suficiente, representativa e autorizada, mas, se os leitores não puderem ver sua evidência como evidência, você não terá argumento algum. Esclareça o que você quer que eles vejam como o ponto central de sua evidência, sua importância.

60Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

Apresentando evidências confiáveis

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Como organizar o relatório

• No esquema para avaliar os argumentos que apresentamos, a ênfase no diálogo com os leitores deve ajudá-lo a encontrar e elaborar suas afirmações.

• Use os elementos da argumentação como um princípio de organização que o ajude a se antecipar às preocupações de seus leitores:– o seu argumento deve estar sempre na forma de afirmação

acrescida de evidências de sustentação (devidamente explicadas).

Afirmação

Fundamento

Ressalvas

Evidência

62Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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• Todo relatório de pesquisa consiste de múltiplos argumentos, de diferentes tipos, mas todos a serviço da afirmação central que o pesquisador quer fazer.

• O diagrama a seguir é um esboço de seu argumento, não de seu relatório.

63Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

Como organizar o relatório

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Fundamentos

• A boa pesquisa deve mudar nossa opinião, levando-nos a aceitar uma idéia nova ou, no caso mais extremo, reestruturar nossas crenças e convicções de maneira profunda.

• Para pedir que seus leitores mudem de opinião, você deve dar-lhes boas razões:– não basta acumular dados confiáveis pois boas razões vão além da

quantidade;– os dados devem ser não só confiáveis, mas pertinentes.

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Fundamentos: a base da argumentação

• Para explicar por que os dados são pertinentes, deve-se enunciar uma parte do argumento que costuma ficar subentendida.

• O fundamento explica/explicita por que os dados são pertinentes.– Afirmação: Deve ter chovido ontem à noite.– Evidência: as ruas estão molhadas esta manhã.– Fundamento: sempre que vemos as ruas molhadas de manhã,

normalmente podemos concluir que choveu na noite anterior.

65Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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Fundamentos: a base da argumentação

– Afirmação: Deve ter chovido ontem à noite.– Evidência: As ruas estão molhadas esta manhã.– Fundamento: Sempre que vemos as ruas molhadas de manhã,

normalmente podemos concluir que choveu na noite anterior.

• Um fundamento é um princípio geral que cria uma ligação lógica entre uma determinada evidência e uma determinada afirmação.

Afirmação

Fundamento

Ressalvas

Evidência

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• Em geral, o fundamento (a relação entre as evidências e a afirmação) é tão óbvia que não é explicitado.

• Mas quando os argumentos são mais complexos, especialmente os que visam assuntos contestáveis, deve-se explicitar os fundamentos.

– Afirmação: O Serviço Florestal desperdiçou dinheiro na prevenção de incêndios.

– Evidência: Desde 1950, o Serviço Florestal gastou milhões na prevenção de incêndios, mas o número de incêndios permaneceu o mesmo.

– Fundamento: Sempre que alguém gasta dinheiro para prevenir algo, mas a incidência permanece a mesma, essa pessoa desperdiçou dinheiro.

Fundamentos e argumentos complexos

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Afirmação, evidência e fundamento

• Para criar um argumento, são necessários explicitar dois elementos:– uma afirmação que seja independente e contestável;– uma evidência que seja confiável e pertinente.

• A evidência e a afirmação podem aparecer em qualquer ordem.

• Na maior parte dos argumentos, sua evidência será nova para os leitores e assim será necessário explicá-la, decompondo-a em afirmações subordinadas, sustentadas por mais evidências.

• O terceiro elemento, seu fundamento, permite relacionar a afirmação com a evidência.

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• Atualmente, Franklin D. Roosevelt é venerado como um dos personagens mais admirados da história americana,contexto embora no final de seu segundo mandato ele aparentemente não fosse muito popular entre a classe média.afirmação Sofreu ataques regulares dos jornais, por exemplo, porque acreditavam que ele estivesse promovendo o socialismo,evidência/afirmação um sinal de que uma administração moderna tem

problemas com eleitores bem informados.fundamento Em 1938, 70% dos jornais do Centro-Oeste acusaram-no de querer que o governo administrasse o sistema bancário ...evidência adicional

Afirmação, evidência e fundamento

72Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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Qualificando os argumentos

• Afirmação, evidência e fundamento: esses 3 elementos são importantes, mas insuficientes.

• Toda afirmação contestável encoraja os leitores a questionarem as condições em que a afirmação retém a verdade e os limites de sua certeza.

• Uma afirmação importante quase sempre depende de suposições que só são verdadeiras em determinadas circunstâncias. Daí a importância de qualificar seus argumentos.

• É necessário reconhecer sua incerteza legítima, os limites de seu fundamento e suas reservas.

• Seu argumento ganha força retórica quando você reconhece seus limites.

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Qualificações e ressalvas

• Há pelo menos 4 maneiras de se qualificar um argumento:– prever e refutar objeções errôneas à sua evidência ou fundamento;– aceitar objeções que não pode refutar;– estipular condições que qualifiquem suas evidências ou limitem a aplicação de

seu fundamento;– estipular o grau de certeza da evidências, do fundamento ou da afirmação.

Afirmação

Fundamento

RessalvasRefutaçõesConcessões

Condições restritivasAlcance restritivo

Evidência

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– Afirmação: Deve ter chovido ontem à noite.– Evidência: As ruas estão molhadas esta manhã.– Fundamento: Sempre que vemos as ruas molhadas de manhã, normalmente

podemos concluir que choveu na noite anterior.– Ressalvas: A menos que na cidade em questão se utilizem aspersores para

baixar a poeira das ruas ou que um estúdio cinematográfico tenha feito uma cena noturna (quando se molha as ruas para melhor efeito visual).

– Afirmação: O Serviço Florestal desperdiçou dinheiro na prevenção de incêndios.

– Evidência: Desde 1950, o Serviço Florestal gastou milhões na prevenção de incêndios, mas o número de incêndios permaneceu o mesmo.

– Fundamento: Sempre que alguém gasta dinheiro para prevenir algo, mas a incidência permanece a mesma, essa pessoa desperdiçou dinheiro.

– Ressalvas: A menos que o número de turistas tenha aumentado, o clima tenha ficado mais seco ou o custo de prevenção tenha triplicado no período.

Ressalvas

75Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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Atualmente, Franklin D. Roosevelt é amplamente venerado como um dos personagens mais admirados da história americana,contexto embora por volta do final de seu segundo mandato ele não fosse especialmente muito popular entre os prováveis eleitores.afirmação Os jornais, por exemplo,

geralmente o atacaram por promover o socialismo,evidência/afirmação um bom indício de que uma administração moderna tem problemas com eleitores da classe média.fundamento Em 1938, 70% dos jornais do Centro-Oeste acusaram-no de querer que o governo administrasse o sistema bancário ...evidência adicional (...) Alguns alegam o contrário, incluindo Nicholson (1983, 1992) e Wiggins (1973), que relatam episódios em que Roosevelt aparecia sempre como merecedor de grande consideração. Apesar de que tais relatos tendem a ser sustentados pelas lembranças daqueles que podiam ter interesse em endeusá-lo. Amenos que possa ser demonstrado que os jornais que criticavam Roosevelt eram controlados por interesses particulares, seus ataques demonstram um descontentamento importante com aspectos-chave de sua presidência. Reconhecidamente, muitos dos mesmos jornais louvaram seus esforços para superar o desemprego. Mas o peso das evidências sugere que, não fosse pela Segunda Guerra Mundial, Roosevelt provavelmente não teria sido reeleito para um terceiro mandato.

Ressalvas: as palavras e frases que limitam suas evidências e afirmações dão nuanças ao seu argumento.

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Ressalvas na quantidade certa.

• Você não precisa declarar todas suas incertezas, apenas as mais importantes.

• É preciso ter jogo de cintura: apresente limitações demais, e parecerá indeciso e inseguro; de menos, e parecerá presunçoso.

77Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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O argumento como guia paraa pesquisa e a leitura

• A estrutura do argumento pode ajudá-lo a refletir ao longo do projeto, do princípio ao fim. Seus elementos (afirmações, evidências, fundamentos e ressalvas) poderão:– orientar sua pesquisa, na medida em que facilita prever o que se deve incluir

no relatório;– ajudar a ler mais criticamente, na medida em que, lendo suas fontes, você

deverá fazer as mesmas perguntas que seu leitor;

– organizar suas informações e opiniões, facilitando a confecção de seus primeiros esboços e depois do rascunho;

– ajudar a prever o que os leitores pensarão sobre seu relatório e a seu respeito.

80Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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E o sentimento, onde entra?

• Até aqui, enfatizamos o lado “lógico” dos argumentos.

• Em ciências naturais, nada é mais valorizado do que um argumento que passe de uma evidência confiável para uma afirmação importante de maneira paciente, imparcial e, acima de tudo, lógica.

• Mas os leitores reagem mais intensamente quando sentem, num argumento correto, o caloroso envolvimento do pesquisador com o que ele acredita ser a verdade.

• Segundo Aristóteles, todo argumento depende de três recursos:– seu logos (lógica);– seu pathos (componente emocional);– seu ethos (o caráter perceptível do autor).

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Manifestos versus Argumentos

• No texto que vimos não encontramos fundamentos nem ressalvas, o que o caracteriza mais como um manifesto do que como um argumento.

Minaré, Reginaldo. O Presidente Lula e a falácia do desenvolvimento da bioindústria nacional. Portal do agronegócio [On Line], 23/2/2007. Disponível em: <www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=23423>. Acesso em: 12/5/2009

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Manifestos versus Argumentos

O proletariado utilizará sua supremacia política para arrancar pouco a pouco

todo capital à burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas

mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado em classe dominante e para

aumentar, o mais rapidamente possível, o total das forças produtivas. Isto

naturalmente só poderá realizar-se, em princípio, por uma violação despótica do

direito de propriedade e das relações de produção burguesas, isto é, pela

aplicação de medidas que, do ponto de vista econômico, parecerão insuficientes e

insustentáveis, mas que no desenrolar do movimento ultrapassarão a si mesmas e

serão indispensáveis para transformar radicalmente todo o modo de produção.

Essas medidas, é claro, serão diferentes nos vários países.

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich, Manifesto do Partido Comunista - 1848. Disponível em: <www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=23423>. Acesso em: 12/5/2009

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Manifestos versus Argumentos

Essas medidas, é claro, serão diferentes nos vários países. Todavia, nos países mais adiantados, as seguintes medidas poderão geralmente ser postas:

1. Expropriação da propriedade latifundiária e emprego da renda da terra em proveito do Estado;

2. Imposto fortemente progressivo;3. Abolição do direito de herança;4. Confiscação da propriedade de todos os emigrados e sediciosos;5. Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com

capital do Estado e com o monopólio exclusivo;6. Centralizarão, nas mãos do Estado, de todos os meios de transporte;7. Multiplicação das fábricas e dos instrumentos de produção pertencentes ao Estado,

arroteamento das terras incultas e melhoramento das terras cultivadas, segundo um plano geral;

8. Trabalho obrigatório para todos, organização de exércitos industriais, particularmente para a agricultura;

9. Combinação do trabalho agrícola e industrial, medidas tendentes a fazer desaparecer gradualmente a distinção entre a cidade e o campo;

10.Educação pública e gratuita de todas as crianças, abolição do trabalho das crianças nas fábricas, tal como é praticado hoje. Combinação da educação com a produção material etc.

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Manifestos versus Argumentos

Uma vez desaparecidos os antagonismos de classes no curso do

desenvolvimento e sendo concentrada toda a produção propriamente falando nas

mãos dos indivíduos associados, o poder público perderá seu caráter político. O

poder político é o poder organizado de uma classe para a opressão de outra. Se o

proletariado, em sua luta contra a burguesia, se constitui forçosamente em classe;

se converte-se, por uma revolução, em classe dominante e, como classe dominante,

destrói violentamente as antigas relações de produção, destrói juntamente com

essas relações de produção, as condições dos antagonismos entre as classes e as

classes em geral e, com isso, sua própria dominação como classe.

Em lugar da antiga sociedade burguesa, com suas classes e antagonismos de

classes, surge uma associação onde o livre desenvolvimento de cada um é a condição

do livre desenvolvimento de todos.

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Um plano para o rascunho: a introdução de trabalho

• Tenha em mente qual é a pergunta que está formulando e pelo menos uma noção de sua resposta.

• A introdução de trabalho é temporária e será alterada muitas vezes até o final da redação.

• Uma opção é iniciar com um pouco de contexto e a seguir os tópicos (ou perguntas) que foram (serão) investigados.

• Defina o problema com mais detalhes do que foi possível até aqui:– defina termos;– delimite o projeto;– revise a bibliografia;– estabeleça fundamentos;– localize o problema em um contexto social e histórico maior.

• Finalize com um resumo do que quer que seus leitores tenham em mente quando começarem a ler o texto principal de sua argumentação.

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• Aqui deve-se organizar os elementos de seu argumento(s).• Ponha seus leitores em primeiro lugar, organizando suas

informações da forma que reflita o que eles já sabem e compreendem.

• Há diversas maneiras de fazer isso (Booth et al, p.186-8):

Um plano para o rascunho: o texto central da argumentação

Como organizar suas informações: do antigo ao novo: revise brevemente o que eles sabem e passe logo ao que eles não sabem. do mais curto e simples ao mais longo e complexo. do menos polêmico ao mais polêmico.

Princípio fundamental: o que os leitores devem saber agora para entender o que virá depois?

108Tratamento e análise de dados/informações / Prof. Camilo

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• Selecione o que realmente contribui para tornar claro seu argumento para os leitores; descarte o resto, mesmo que ele tenha colaborado para formar anteriormente suas próprias idéias.

• Dois estilos de escrever:– rápido e sujo (mais fácil de alterar);– lento e limpo (formatação mais rígida).

• Crie e mantenha uma rotina:– trabalhe todos os dias;– inicie no mesmo horário e trabalhe por no mínimo um período

razoável de tempo;– se não tiver idéia alguma, resuma o que fez até esse ponto ou revise

o resumo da véspera.• Faça a revisão:

– acrescente a bibliografia, corrija o português, verifique se os parágrafos e seções conversam entre si ...

• Peça para alguém ler o texto, ou parte dele: uma visão “de fora” apontará coisas que não se vê quando se está “dentro” do texto.

Criando um rascunho

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BIBLIOGRAFIA

- BOOTH, Wayne C., COLOMB, Gregory G. e WILLIAMS, Joseph M., A arte da pesquisa. São Paulo: Martins Fontes, 2005, 352 p.

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BIBLIOGRAFIA

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- BOOTH, Wayne C., COLOMB, Gregory G. e WILLIAMS, Joseph M., The Craft of Research. Chicago: University Of Chicago 3 edition, 2008, 336 p.

- BOOTH, Wayne C., COLOMB, Gregory G. e WILLIAMS, Joseph M., A arte da pesquisa. São Paulo: Martins Fontes, 2005, 352 p.

- DE WAAL, Frans, Our Inner Ape: a Leading Primatologist Explains Why We Are Who We Are. New York: Riverhead Books, 2006, 304 p.

- LEBRUN, Jean-Luc, SCIENTIFIC WRITING: a reader and writer´s guide. Singapore: World Scientific, 2007, 223p.

- GILOVICH, Thomas. How We Know What Isn't So: The Fallibility of Human Reason in Everyday Life. New York: Free Press, 1993, 216 p.

- GOULD, Stephen Jay. Acerca de heróis e tolos na ciência. In: Darwin e os grandes enigmas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 1987, p. 199-204.

- NAVEGA, Sérgio. Pensamento Crítico e Argumentação Sólida. São Paulo: Publicações Intelliwise, 2005, 312 p.

- SAGAN, Carl, O Mundo Assombrado pelos Demônios. São Paulo: Companhia das letras, 2006, 512 p.

- SCHICK Jr, Theodore e VAUGHN, Lewis. How to think about Weird Things. 4.ed.. New York: Mc Graw Hill, 2005, 338 p.

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