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Curso 80

Aula 21 – data 28/10/80

Diabo e Demônio

Huberto Rohden

Eu vou ler em primeiro lugar o texto, depois eu vou explicar. Nós vamos entrar hoje

no subsolo do universo... No subsolo!...Vamos ver o que quer dizer isto. Vamos entrar num

subsolo escuro do universo. Está abaixo da humanidade. Primeiro: vou ler o texto que está em

Mateus, Marcos e Lucas. Nota-se que Mateus e Marcos assistiram ao fato que aqui vem

narrado - discípulos de Jesus - assistiram, testemunhas oculares. Lucas não assistiu, veio

depois, mas ele diz que tudo que ele conta lhe foi dito por testemunhas presenciais dos fatos.

Ele não vai contar nada que não tenha sido presenciado pelas testemunhas oculares – Lucas, o

médico grego. Mateus e Marcos estiveram pessoalmente presentes ao fato que vem agora, que

é do subsolo do universo: o possesso, o endemoninhado de Gérasa. Gérasa é uma zona do

oriente, do lago da Galiléia. Aquele lago da Galiléia é o centro de toda atividade de Jesus. Ele

sempre está perto do lago. O lago da Galiléia que também se chama de Genesaré tem 165 km

de comprimento. Tem 13 km de largura.

Neste lago, do lado oriental deste grande lago cheio de peixes... (Eu comi daquele

peixe em 69 - estive lá, tomei banho no lago de Genesaré. Mergulhei, tirei umas pedras roliças

lá do fundo que ainda guardo aqui em casa como lembrança. Este lago maravilhoso de águas

bonitas, límpidas... Lago de Genesaré na Galiléia que é o norte da Palestina).

Então o evangelista Marcos conta o seguinte no capítulo 5: Chegaram à margem

oposta, quer dizer oriental, contrária a Cafarnaum, do lago de Genesaré país dos gerasenos.

Mal tinha Jesus desembarcado quando lhe correu ao encontro da parte dos sepulcros um

homem possesso dum espírito impuro. Vivia nos sepulcros e não havia ninguém que o

pudesse trazer preso, nem mesmo com cadeias. Muitas vezes já o tinham ligado de perna e

mãos. Mas ele rompia as algemas e despedaçava os grilhões. Ninguém o podia dominar –

sempre de dia e de noite andava pelos sepulcros, (pelos cemitérios aí) e pelas montanhas,

gritando e ferindo-se com pedras. Quando avistou Jesus de longe, correu a ele e lhe prostrou

aos pés, com um grito estridente. “Que tenho eu contigo, Jesus, filho do Deus Altíssimo?” (O

grito do possesso). “Conjuro-te por Deus que não me atormentes!” Perguntou-lhe Jesus:

“Como é teu nome?” Respondeu o possesso: “Meu nome é legião - porque nós somos

muitos”. E pôs-se a suplicar encarecidamente que Jesus não o expulsasse daquele país.

Ora andava por aí pastando num monte, uma grande manada de porcos. Suplicaram-

lhe (os demônios que estavam dentro dele). “Suplicaram-lhe: Manda-nos entrar nos porcos”.

Jesus permitiu. Ao que os espíritos impuros saíram e entraram nos porcos e toda a manada

se precipitou morro abaixo para dentro do lago onde se afogou. Eram quase 2000.

Os pastores fugiram e contaram o caso na cidade e no campo – acudiu muita gente a

ver o que acabava de suceder. Quando chegaram à presença de Jesus, e viram aí sentado o

homem, que estivera possesso de uma legião, vestido e de perfeito juízo, ficaram perplexos. E

tiveram medo. Passaram as testemunhas oculares a relatar a cena com o possesso e com os

porcos, ao que eles foram insistentemente a Jesus e pediram que se retirasse deles – do

terreno deles.

Quando Jesus ia embarcando para o outro lado do lago veio-lhe ao encontro aquele

homem que fora possesso e o pediu que o admitisse como seu discípulo. Jesus, porém, não

permitiu que o acompanhasse, mas ele disse, - “vai para a tua casa e conta aos teus as

grandes coisas que Deus te fez”. Pasmaram todos.

Estavam no subsolo do universo.

O que vocês dizem disso? Temos que fazer uma grande obra de faxina. Hoje é dia de

faxina mesmo. Temos que remover muito entulho, muita sujeira. Que é isto, negócio de

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demônios? Nada tem que ver com diabo. Todo o mundo pensa que se trata de diabos aqui.

Nunca se falou em diabos aqui. Nenhuma palavra de diabos. Só de demônios.

O cientista argentino Padre Quevedo que escreveu muitos livros sobre parapsicologia

diz que não há nenhum demônio objetivo. Esses demônios – desta legião, é tudo dentro da

cabeça do possesso. É pura parapsicologia. E Jesus curou aquele possesso de uma doença

mental e a doença entrou nos porcos. A doença mental do possesso entrou em 2000 porcos,

diz o Padre Quevedo - faça o favor, não eu. Entrou em 2000 porcos. E todos os 2000 porcos

enlouqueceram. Jogaram-se na água e se afogaram. Quem quiser aceitar isto pode aceitar. Eu

não posso. Que sai uma doença mental de um homem e entra nos porcos. Uma doença

mental... - como diz o Padre Quevedo. Bem, quem é tão crédulo pode aceitar, eu não posso. É

muita credulidade.

Outra hipótese. Era o diabo. Isso é geral em todo o mundo que esse homem estava

possesso do diabo. Até houve um filme por aqui, “O exorcista” que explorou um caso

semelhante que se deu em Washington. Eu nunca vou ao cinema desde que o cinema acabou

em sexomania e selvageria – que não temos outra coisa senão sexomania e selvageria. Mas

quando veio “O exorcista” aí pediram que eu fosse ver porque era muito importante ver.

Fiquei decepcionado da confusão que fizeram naquele filme e naquele livro (porque o filme é

baseado num livro). Confusão entre diabo e Deus. Uma confusão de alto a baixo. Fui embora,

não aguentei até o fim do cinema.

Bem, vamos desvendar este caso. Jesus foi para o outro lado do lago. Para o lado

oriental do lago onde só moram pagãos. Não há judeus daquele lado. Lá se chama a Decápole

- 10 cidades. Era uma grande planície, uma grande estepe povoada só por pagãos. É bom

saber isto porque se tratam de porcos. Os judeus não criavam porcos. Nem criam, nem

criaram porque é proibido pela lei de Moisés comer carne de porco. Então se fosse entre os

judeus seria impossível. Entre os judeus não havia um porco, mas entre os pagãos havia. Aqui

é uma zona pagã.

Então Jesus desembarcou nessa zona e foi-lhe ao encontro um homem. Correu-lhe ao

encontro e diz: “que temos nós contigo? Jesus, filho do Altíssimo. Vieste para nos atormentar

antes do tempo? Peço que não me mandes para o abismo”. Tudo isto foi dito pelo possesso. O

que quer dizer isto é muito misterioso. O que é que eles chamam abismo? Por que é que eles

chamam atormentar? Cada um tem que descobrir... E Jesus perguntou ao possesso: “como é

teu nome?” E o possesso diz: “meu nome é legião. Porque nós somos muitos”. Uma legião

romana eram 6000 soldados. Isso não quer dizer que tivesse 6000 demônios nele. Mas uma

grande quantidade que se chama legião.

E então o possesso pediu a Jesus que não expulsasse os demônios dele, que não os

mandasse para o abismo. Que não os atormentasse, mas Jesus não atendeu. Então o possesso

disse: “se nos expulsares do corpo deste homem, dá licença que entremos nos porcos”. Havia

uma manada de porcos de quase 2000 porcos. E Jesus disse: “podeis entrar nos porcos”. No

mesmo instante a legião de demônios saiu do possesso e entrou nos porcos. Entrou nos 2000

porcos. Os 2000 porcos que andaram pastando calmamente na ladeira do monte ficaram todos

furiosos. Jogaram-se ladeira abaixo para dentro do lago e se afogaram todos. 2000. Contado

por uma testemunha ocular e não é inventado.

Depois o que tinha o possesso da legião dos demônios que nunca permitia que o

vestisse, andava sempre nu e feria-se com pedras, andava nos sepulcros, quer dizer, nas

montanhas... Há muitas cavernas e os mortos eram enterrados naquelas cavernas. Isso chama

região dos sepulcros. E o possesso gostava de viver junto com os cadáveres. Cadáveres

frescos, cadáveres velhos ele gostava. Vivia sempre no sepulcro. Não saía do cemitério, dos

sepulcros. Sentia-se bem nos cemitérios. Mas quando ele foi curado, permitiu que o

vestissem. Ele andava sempre nu. E era muito forte, muito furioso, atacava toda gente.

Vestiram-no e o homem se sentou aos pés de Jesus escutando-lhe a palavra calmamente. E

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pediu a Jesus que o aceitasse como seu discípulo. Jesus aceitou, mas, não permitiu que o

acompanhasse. Mas aceitou, não recusou. Mandou que ficasse lá mesmo e contasse a todo o

mundo as grandezas que lhe tinham acontecido ultimamente. Então ele ficou.

Agora eu quero saber de vocês duas ou três coisas. Vocês acham que esses demônios

são o diabo que pede para Jesus que o aceite como seu discípulo? Quer dizer, este homem

mau... Este homem não era mau, este homem que fora possesso dos demônios era um homem

bom, muito bom. Tanto assim que ele pede a Jesus que o aceite como seu discípulo. E Jesus

aceitou. Como é que vocês explicam que um homem possesso do diabo é bom? Este homem é

bom. E como é que vocês explicam que os demônios pedem a Jesus que, por favor, não nos

mandem embora daqui. Nenhum demônio mostrou hostilidade a Jesus. Nunca um demônio

falou mal de Jesus. Nunca teve ódio dele. Apenas respeito e medo. Respeito eles têm. Muito

medo. Eles têm medo na presença de Jesus. E gritam em altas vozes: - tu és o filho do Deus

altíssimo. Por que é que vieste aqui para nos atormentar? Eles não têm ódio de Jesus. Têm

respeito, admiração e medo. Isso são os demônios.

Portanto faça o favor daqui por diante, nunca me identifiquem mais demônio com

diabo. Todo mundo identifica demônio com diabo. O Evangelho nunca faz confusão. O

Evangelho é o único livro do mundo que eu conheço que não faz confusão entre demônio e

diabo. Todo o mundo faz confusão. Todo o mundo, para cá e para lá do Atlântico.

Uma vez eu comprei um livro de Papini, aquele grande escritor italiano. Chama-se “Il

Diávolo”. O Diabo. Eu quis ver o que Papini escrevia sobre o diabo. Fala dos demônios e

confunde o diabo com os demônios outra vez. Mesma coisa!

Quando eu tomava refeições outrora lá na “Sanitas” aqui na Paulista. Eu ia lá para

almoçar. Então a senhora da Sanitas que tinha sido minha colega de filosofia, minha discípula

de filosofia disse: - eu lhe vou emprestar um livro maravilhoso de um padre jesuíta francês, o

“Cura d‟Ars”. Eu disse, eu conheço Cura d‟Ars, é um padre muito santo lá da França. “Mas,

este é um livro maravilhoso”, ela disse: “este Cura d‟Ars, este padre tinha poder até sobre o

diabo”. Eu disse: - “ah, tinha poder sobre o diabo, então ele era mais poderoso que Jesus”.

“Não, não, Jesus também tinha poder sobre o diabo”. “Jesus tinha poder sobre o diabo, a

senhora pode me provar isso?” – “leia o livro”, ela disse. – “vai ver que esse padre tinha

muito poder sobre o diabo, expulsava o diabo a torto e a direito”. Li o livro, o autor do livro,

um padre jesuíta francês, confunde demônios com o diabo. Não é uma vergonha mesmo?

Todo o mundo vive na confusão. Então vamos retificar um pouco essas confusões. O

que é diabo e o que é demônio?... Um nada tem que ver com o outro. Mas todo o mundo

confunde. O que é que no Evangelho se chama diabo. Depois vamos ver o que no Evangelho

se chama demônio. Diabo só se usa no singular no Evangelho. Nunca ocorre diabo no plural.

Não existem diabos no plural. Só existe o diabo no singular. O diabo também se chama satan

ou satanás. É a mesma coisa. Satan é palavra hebraica, quer dizer adversário. Diabo é uma

palavra grega que quer dizer adversário. As duas palavras, satan e diabo querem dizer, o

adversário. Adversário de quê? Adversário do mundo espiritual.

Quando há uma mentalidade contrária ao mundo espiritual, isso se chama satan –

diabo, nos Evangelhos. Uma mentalidade, não uma entidade, por favor. O Evangelho não

entende por diabo ou satan, uma entidade. Entende uma mentalidade. O homem pode ser

satan se ele se revolta contra o mundo espiritual. Os anjos também podem ser satan, quando

se revoltam contra o mundo espiritual. Porque nós que temos livre arbítrio, e os anjos que têm

livre arbítrio, nós podemos ser bons ou maus. O livre arbítrio permite, pró ou contra Deus. Se

alguém se revolta contra Deus, então o Evangelho chama isso, satanás ou diabo. Nunca fala

de uma entidade existente lá na natureza. Isto é invenção nossa. Não existe nenhum diabo fora

de nós. Não existe. Vocês nunca vão encontrar nenhum diabo feito por Deus. Vocês podem

encontrar um diabo feito por vocês mesmos. Pode fazer. E há mesmo. Vou trazer dois

exemplos do Evangelho.

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Uma vez Jesus falava que ele ia morrer voluntariamente, e Pedro, o discípulo dele, o

chefe da turma, disse – “mestre, que é isso? Tu vais morrer, nós vamos impedir isto”. Ele

andava sempre de espada, puxou a espada e disse, - “nós vamos impedir que alguém te mate”.

Isto disse Pedro. Jesus se voltou para Pedro e disse: “vai na minha retaguarda satanás”. Jesus

não é muito suave nas suas palavras. Ele fala forte. A verdade lhe vale mais que toda

caridade. “Vai na minha retaguarda, satanás”. Chamou Pedro de satanás. Mas Pedro era um

homem, como é que de repente virou satanás. Jesus não quer dizer que ele é uma entidade

chamada satanás. Ele manifestou uma mentalidade satânica. Depois Jesus explica o que é que

ele entende por satanás.

- “Vai na minha retaguarda, vai atrás de mim satanás, não te ponhas na minha frente

porque o teu modo de pensar não é segundo Deus, mas é segundo o homem”. É a explicação

que Jesus dá a satanás. Muito boa! Quem pensa contrariamente a Deus é satanás, seja o que

for. Pedro era satanás, deixou de ser, graças a Deus. Converteu-se mais tarde e não foi mais

satanás depois. Isto está lá no Evangelho. Pedro é chamado satanás. A mentalidade de Pedro é

satânica.

Judas, outro caso do Evangelho. Jesus estava falando em público. De repente ele

parou. Olhou para os 12 discípulos que estavam diante dele, eram 12 e disse: “como é? Eu

não escolhi a vós 12, como é que um de vós é diabo?” Aí ele usa a palavra diabo em vez de

satan. Diabo é grego. Satan é hebraico, mas é mesma coisa. Como é que um de vós é meu

adversário... Meu diabo. João que contou o caso. João evangelista, o discípulo amado diz:

“Jesus chamava diabo a Judas porque Judas não tinha fé nas palavras do Mestre”. Então

João dá a definição o que Jesus entendia por diabo. Quando alguém não tem fé nas palavras

do Mestre Jesus, então ele é diabo. Isso se diz de Judas. Não consta que Judas se tenha

convertido. Ele se suicidou, mas não se converteu. Apenas se arrependeu, mas

arrependimento não é conversão. Ele se arrependeu e se suicidou. Isso é mau sinal. Parece que

não se libertou do diabo.

A mentalidade antidivina ou antiespiritual no Evangelho é chamado satanás e é

chamado diabo, constantemente através de toda Bíblia. Diabo nunca é chamado uma creatura

creada por Deus. Nunca, nenhuma vez. Deus não creou nenhum diabo, não creou nenhum

satanás, mas o mundo faz uma confusão medonha, e pensa que Deus tenha creado uma porção

de diabos. O mundo está cheio de diabos. Deus não creou nenhum diabo. O diabo é creação

do livre arbítrio humano. E talvez angélico, porque segundo a profecia de Isaias até houve

uma luta no céu e houve uma revolta contra Deus. Logo o céu não é um lugar definitivo não.

O céu é povoado de creaturas dotadas de livre arbítrio, pró e contra Deus.

Então, diz Isaias: “houve uma revolta contra Deus no céu e o chefe da revolta foi

precipitado para baixo’. E dá nome de Lúcifer a esse chefe da revolta. Mas, isto não é uma

entidade. Isto era uma entidade angélica que revoltou contra Deus e por isso que chama

satanás. Satanás não é uma creatura. Satanás é uma mentalidade contrária a Deus. Qualquer

creatura dotada de livre arbítrio que se revolta contra Deus é satanás e pode deixar de ser. E

pode deixar de ser porque o livre arbítrio permite ser bom ou mau. Isto é diabo nos

Evangelhos. Vamos acabar com esta confusão de identificar o diabo com demônio. E o

demônio o que é agora?

Agora vamos ao ponto capital da história. Os demônios são entidades da natureza

creadas por Deus. Não têm nada que ver com diabo. São entidades objetivas reais que existem

na natureza, mas de corpo invisível, não têm corpo visível. Têm corpo astral. Nós chamamos

a essas entidades as entidades do mundo elemental. Nós estamos no mundo mental. Os anjos

estão no mundo espiritual e abaixo de nós há entidades que estão no mundo elemental. Note

bem três palavras:

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Parte II

Espiritual – acima de nós

Mental – aqui

Elemental – abaixo de nós.

Abaixo, não quer dizer geograficamente abaixo porque não existe nenhum abaixo

geograficamente. O mundo está suspenso no espaço e não há em cima nem embaixo. Abaixo

quer dizer, uma evolução atrasada. Quem tem pouca consciência e pouco livre arbítrio é um

ser atrasado. E isso se chama demônio. Entidades dotadas de uma ligeira consciência e um

pouco de livre arbítrio, mas muito pouco se chamam demônios. Os demônios são entidades da

natureza. Entidades creadas por Deus, mas muito inferiores a nós. Não são capazes de pensar

como nós pensamos. Também não conhecem a diferença entre o bem e o mal. Um demônio

nunca é bom nem mau, moralmente falando. Ele não é virtuoso nem vicioso porque ele está

num estado muito primitivo, é quase um animal ainda. Ele está entre o homem e o animal. O

animal está no mundo biológico.

Nós estamos no mundo mental e entre nós e o animal existem creaturas que estão no

mundo elemental de corpo invisível. Isto é que se chama no Evangelho demônios –

“dáimones”, em grego. Dáimones são entidades invisíveis da natureza. Não têm nenhuma

maldade. Não são moralmente maus. Vejam bem como os demônios tratam bem a Jesus.

Nunca diz uma palavra contra ele. Nunca o insultam, nunca o hostilizam, nunca têm ódio

dele. Só têm medo dele. Por que é que nos viestes atormentar antes do tempo? Nós sabemos

quem tu és Jesus, tu és o filho do altíssimo. Os demônios sabem disto, imaginem! Mas não o

hostilizaram.

Quer dizer, nós não podemos identificar os demônios com o diabo, porque o diabo é

uma atitude hostil contra Deus. Por isso é que se chama diabo ou satanás porque é hostil ao

mundo espiritual. Combate, revolta-se contra o mundo espiritual. Isto é diabo. Satan. Nenhum

demônio se revolta contra Deus. Vivem pacificamente com Jesus, mas têm medo dele. Por

que é que têm medo dele?

Quando Jesus se aproxima deles, os demônios, eles tremem de medo. Por quê?

Provavelmente se deve explicar assim porque eles tinham medo: Jesus tinha uma vibração,

uma aura como nós dizemos, uma áurea ao redor de si, do seu corpo, uma vibração de alta

frequência, de alta voltagem, que os demônios sentiam. Aí vem alguém que é muito acima de

nós. É uma alta frequência espiritual. E sentiam-se mal na vibração de alta frequência da

presença de Jesus. Tinham medo.

Se vocês jogam um morcego, que é um bicho noturno, ao meio dia, ele fica todo

desorientado, porque no sol ele não sabe para onde voar. Se você joga uma coruja noturna

para dentro do sol, ela fica completamente desnorteada. Isso é parecido com os demônios. Os

demônios se sentem mal na presença de muita luz, e como Jesus era a luz do mundo, os

demônios que são das trevas, que gostam das trevas, da escuridão, eles se sentem mal na luz

espiritual de Jesus.

E por que é que eles se agarram ao homem? Sempre no Evangelho se conta de novo e

de novo o caso dos processos. Mais de 10 vezes em diversas ocasiões se conta que Jesus

expulsou mais um demônio. Expulsou dois demônios, expulsou 10, expulsou uma legião.

Tudo cheio disto. Por que é que os demônios se agarram ao corpo humano. Eles precisam

disto... Porque os demônios são duma evolução muito atrasada, muito mais atrasada do que

nós, e precisam desenvolver o seu corpo. Não têm meios para desenvolver senão agarrando-se

a um corpo mais desenvolvido do que eles. O nosso corpo é muito mais desenvolvido do que

o corpo astral dos demônios.

Então os demônios têm a irresistível tendência de se agarrar a um corpo que tenha

mais vitalidade do que eles. E o nosso corpo humano tem muito mais vitalidade do que a

vitalidade dos demônios, por isso eles se agarram à fonte de vitalidade. Eles precisam

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aumentar a sua evolução. É uma necessidade biológica. Eles não são maus moralmente, eles

não querem mal ao homem, mas eles precisam aumentar a sua vitalidade, porque é muito

baixa a vitalidade dos demônios. Muito abaixo de nós. Então eles se agarram ao corpo

humano. São vampiros. São verdadeiros vampiros. Sugam a energia vital do homem. Sugam e

enfraquecem o homem. Isso chama vampiro do mundo astral. Todos os demônios têm a

tendência de agarrar um corpo humano e chupar, sugar, vampirizar, as energias vitais dele,

sobretudo fosfato. Eles são loucos por fosfato.

Fosfato é a base da inteligência, todo o mundo sabe. Se não temos fosfato no cérebro,

não podemos pensar corretamente. Mas o nosso cérebro é um grande ninho de fosfato. É uma

grande mina de fosfato. Muito mais do que o cérebro animal. O animal também tem fosfato.

Mas não tanto quanto nós. O animal tem fosfato de qualidade muito inferior. Por isso não é

capaz de pensar. O homem tem um fosfato de alta categoria. E por isso o homem é capaz de

pensar. Porque o pensamento está baseado no fosfato.

Então, os demônios que são muito atrasados, intelectualmente atrasados,

espiritualmente atrasados, querem sugar o fosfato do homem para se enriquecer com isto e

poder evoluir. Por isso é que se agarram. Isso sempre acontece. Aconteceu lá no Evangelho,

Jesus sempre de novo encontrava os demônios que se tinham agarrado num corpo humano

para sugar a vitalidade do homem e poder evoluir. Isto está lá.

Repito: em 1o lugar – demônios são entidades objetivas, não são doenças subjetivas

como pensa o Padre Quevedo. São realidades objetivas da natureza.

2o – os demônios não têm corpo visível, são entidades de corpo elemental ou de corpo

astral se quiserem, que é pura energia, mas não é matéria.

3o -

demônio nada tem que ver com diabo. Há uma divisão absoluta entre demônio e

diabo. O Evangelho nunca confunde um com o outro. Todo o mundo confunde, menos o

Evangelho. Vocês não encontram no Evangelho uma única vez que Jesus tenha expulsado um

diabo. Por que é que Jesus não expulsa diabo? Não se pode expulsar diabos porque não

existem diabos. Diabo é uma mentalidade e não é uma entidade. Os demônios são entidades,

mas o diabo não é uma entidade que se possa expulsar de alguém. O demônio é uma

mentalidade não creada por Deus... Mas criada pelo homem - qualquer ser dotado de livre

arbítrio pode criar diabo. Pode. Se ele se revolta contra o mundo espiritual ele vira diabo. E se

ele renuncia à sua perversidade ele expulsa o seu diabo. O homem pode expulsar o seu

próprio diabo, mas um outro não pode expulsar o nosso diabo.

Jesus não expulsou o diabo que era Judas, por que não? Estava sempre com ele. Por

que é que ele não expulsou o diabo que estava em Judas? Ele mesmo diz que Judas é diabo.

Por que é que Jesus não expulsou o diabo que estava no seu discípulo Judas? Não pode. Deus

não contraria o livre arbítrio humano. Se alguém quer ser mau, Deus não o impede. Se quer se

bom também não impede. Deus dá plena liberdade ao homem de ser mau ou ser bom. Jesus

não podia expulsar o diabo que era a mentalidade de Judas porque seria um atentado contra o

livre arbítrio. É um atentado contra o livre arbítrio querer converter alguém. Se vocês tentam

expulsar o diabo de alguém que introduziu o diabo nele, vocês cometem um atentado contra o

livre arbítrio.

O homem que chamou o diabo para dentro de si pode expulsar, porque ele é o dono do

seu livre arbítrio. O outro, que não é dono do livre arbítrio dele, não pode expulsar essa

mentalidade. Quem criou a mentalidade deve expulsar a mentalidade. Um terceiro não pode

expulsar a mentalidade. Pode expulsar demônios porque isso são coisas de inocentes, mas não

pode expulsar diabo. O próprio homem que criou o seu diabo dentro de si deve expulsar o seu

diabo, mas Jesus nunca pode expulsar um diabo de um de seus discípulos. Não expulsou o

diabo de Pedro – ele diz que Pedro era satanás. Por que é que Jesus não disse: - Pedro, você

que é satanás venha cá... vou fazer o exorcismo agora com você. Vou expulsar o diabo dede

dentro de você.

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Isso é bobagem. Isso é invenção nossa. Fazer exorcismo num diabo... Isso é um

absurdo! Fazer exorcismo do demônio, sim. Mas aquele filme confunde completamente diabo

com demônio. Chega a um ponto ridículo esse filme. Também é baseado no livro.

Uma vez quando o possesso lá do filme “O exorcista” não queria atender ao pedido de

expulsão – todos mandaram que ele saísse, saísse, saísse, ele não saiu... Então fizeram essa

coisa ridícula. Trouxeram um ostensório... Vocês sabem o que é ostensório? Ostensório é para

guardar a hóstia consagrada na procissão. Trouxeram um ostensório com uma hóstia

consagrada no meio. Apresentaram ao possesso lá no exorcista para ver se o diabo que estava

dentro do possesso tinha raiva da hóstia consagrada ou não. Nem ligou! Ficou completamente

indiferente. Ele não viu Jesus naquilo. O diabo também não disse nada. Se fosse diabo que

estava dentro daquele homem, ou demônio... Ninguém ligou.

Os diabos seriam hostis a Jesus. Os demônios teriam medo, segundo o Evangelho.

Mas não se vê nenhuma hostilidade, naquele filme, nenhuma hostilidade do suposto diabo e

nenhum medo do suposto demônio. Nada. Ficou tudo indiferente. Simplesmente ignorou.

Porque aquilo que apresentou na hóstia consagrada pensava que era a presença de Jesus e que

o diabo tinha raiva de Jesus e o demônio pelo menos tinha medo dele. Não tiveram nem raiva

nem medo. Malogrou completamente a tentativa de expulsar o diabo ou o demônio... Naquele

filme “O exorcista”. É uma palhaçada o que eles fizeram! Querer expulsar o diabo ou o

demônio. Nem diabo nem demônio, nada. Ninguém ligou para aquela hóstia consagrada

porque não viu daquilo nenhum cristo.

Então este possesso de uma legião de demônios, de muitos demônios, se prostrou aos

pés de Jesus pedindo que não expulsasse os seus demônios. E se expulsasse os demônios -

que os demônios pediram isso, não o homem. Os demônios através da boca do homem

pediram isto. Os demônios pediram: “Se nos expulsarem do corpo deste homem, dá licença

que entremos nos porcos. Porque não nos mande para o abismo”, disseram. Não nos mande

para o abismo. O que é que eles entendem por abismo? Eles moram num abismo. O abismo é

uma região inferior à humanidade. Não é um abismo geográfico. É um abismo de evolução.

Não nos mandes para nossa zona de entidades atrasadas. E chamam isso abismo. Nós

chamamos isto os ínferos. Esse abismo de que falam os demônios, nos livros sagrados se

chamam os ínferos. Mas como muita gente não conhece a palavra “os ínferos”, e a identificam

com inferno... – outra confusão! Os ínferos nada têm que ver com inferno. Que são os

ínferos? Os gregos chamavam os ínferos o “hades”. E os judeus chamavam os ínferos o

“cheol”. E nós chamamos os ínferos „a região dos demônios‟. Não dos diabos, porque os

diabos não moram em nenhum lugar. Os demônios podem morar em algum lugar – os ínferos.

Duas vezes ocorre a palavra “ínferos” nas coisas espirituais. Paulo de Tarso na

Epístola aos Filipenses (2,10) conta o seguinte: “ao nome de Jesus, o Cristo, se dobram todos

os joelhos”, quer dizer, todos adoram o Cristo... “Dos celestes, dos terrestres e dos

infraterrestres”. Ele nomeia três humanidades. Os celestes que são os espirituais. Os

terrestres que somos nós, os mentais e os infraterrestres que são os elementais que nós

chamamos os demônios. “Todos têm respeito ao nome de Jesus” - diz Paulo de Tarso. As três

humanidades. “A humanidade dos celestes, a humanidade dos terrestres e a humanidade dos

infraterrestres respeitam o nome de Jesus”. Paulo de Tarso diz isto. Logo Paulo de Tarso

supõe que haja uma região de entidades inferiores a nós, que ele chama os infraterrestres – e

que nós chamamos os ínferos ou os demônios. Os ínferos, os demônios, os infraterrestres são

a mesma coisa. São entidades da natureza creadas por Deus, que estão numa evolução

atrasada – muito atrasada.

No 2o século o cristianismo criou o chamado credo apostólico. São 12 artigos. “Creio

em Deus Pai todo poderoso creador do céu e da terra...” É o credo apostólico que nós

tivemos que aprender no catecismo e decorar. São 12 artigos. No fim do credo apostólico vem

isto: “Jesus que foi crucificado, morto e sepultado, desceu aos ínferos” – está lá no credo

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apostólico. Desceu aos ínferos. Mas como muita gente confunde ínfero com inferno, e que nós

entendemos que o diabo está no inferno (não está em lugar nenhum, mas nós pensamos) nós

dizemos, vamos tirar isso do credo, vamos tirar isso porque é feio, que Jesus desceu aos

infernos depois da morte... Que história é essa? E tiraram a palavra inferno. No concilio

vaticano mandaram tirar. Lá não está “infernos‟, está “ínferos”. Mas eles entenderam que era

inferno. E substituíram a palavra inferno por „mansão dos mortos‟. Jesus desceu à mansão dos

mortos. Onde é que é a „mansão dos mortos‟? Vocês pensam que os mortos moram em algum

lugar? Não moram em lugar nenhum. Estão no espaço da evolução e involução.

Quer dizer, substituíram os ínferos pela „mansão dos mortos‟. A emenda saiu pior que

o soneto. É evidente! Porque não existe nenhuma região dos mortos. Jesus não foi visitar os

mortos em nenhuma região. Ele foi visitar uma humanidade muito atrasada, muito abaixo da

nossa humanidade que se chama os ínferos, os infraterrestres, os demônios. Quer dizer, os

demônios não são entidades moralmente más, senão Jesus não teria visitado. Os demônios

não são entidades espiritualmente más, mas são entidades fisicamente perigosas. Fazem males

físicos ao homem. Mas um demônio nunca vai perverter o homem para o mal. O demônio

não tem o menor interesse em fazer o homem pecar. Pervertê-lo para o mal, isto não é do

demônio, isto é do nosso diabo interno... Mas não é de demônio externo.

Portanto, vamos sair dessa enorme confusão de que todo o mundo está vivendo. Toda

a literatura está baseada nesses erros, sobretudo na teologia, confundindo duas coisas

completamente diferentes, segundo os livros inspirados. Os livros inspirados nunca fazem

confusão entre demônio e diabo. Jesus nunca expulsou nenhum diabo, nem se pode expulsar

diabo. É absolutamente impossível. Expulsar um diabo é proibido. Quem introduziu o diabo

em si, esse pode expulsá-lo pelo livre arbítrio. Mas um outro não pode expulsar o diabo dele.

Isso é um atentado contra o livre arbítrio de outro. Eu não posso expulsar um diabo de um

outro, se ele chamou o diabo para dentro de si. O diabo não é uma entidade. O diabo é uma

mentalidade. É um modo de pensar. É um modo de viver é que é satânico.

Então Jesus teve pena daquele endemoninhado, não do endiabrado, mas do

endemoninhado... Não digamos que estava endiabrado, mas estava endemoninhado. As

entidades astrais se tinham apegado ao corpo dele e estavam sugando a vitalidade dele,

sobretudo fosfato. Por isso ele estava meio louco. Arrebentava qualquer correia. Não se podia

acorrentar o homem. Arrancava qualquer roupa do corpo. Feria-se com pedras e vivia em

regiões dos sepulcros. Gostava dos cemitérios. Provavelmente se aproveitava dos cadáveres

recém trazidos lá para o cemitério para sugar também ainda o fosfato dos cadáveres.

Possivelmente... Por que é que diz que vivia sempre na região dos sepulcros? Sempre vivia na

região dos sepulcros. Ele gostava de viver juntamente com cadáveres. Eu suponho que ele se

aproveitava até dos cadáveres recém falecidos para chupar energias vitais mesmo dos mortos.

Quando não encontrava um vivo ele se aproveitava dos mortos. Por isso ele vivia no meio dos

sepulcros. Isto é o que está lá.

Este texto é muito importante para esclarecer definitivamente a eterna confusão que

nós criamos sobre estas coisas que Jesus teria expulsado diabos. Jesus nunca expulsou

nenhum único diabo. Dois dos seus discípulos estavam com o diabo. Pedro é chamado

satanás. Judas é chamado diabo. Pedro se converteu, mas Jesus não o converteu. Ele se

converteu. Nós não podemos converter os outros, isto é proibido. Nós só podemos converter a

nós mesmos. Se vocês querem converter o seu vizinho, vocês cometem um atentado contra o

livre arbítrio. Vocês podem dar um conselho a seu vizinho, que ele se converta... Isso sim.

Isso nós fazemos. Mas querer obrigá-lo a converter-se à força, isto nós não podemos fazer.

Isto é um atentado contra o livre arbítrio. O livre arbítrio é coisa sagrada.

Se alguém é livremente mau, Deus não o impede. Se é livremente bom, Deus não o

impede. E nós não podemos impedir que alguém seja livremente mau. Podemos aconselhar

que ele se converta, mas nós não podemos converter um outro. Jesus nunca converteu nenhum

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dos seus discípulos. Isto é glorioso! Nunca converteu nenhum dos seus discípulos, porque

converter alguém é um atentado contra o livre arbítrio. Não converteu nenhum dos seus

discípulos e todos eram pecadores naquele tempo. Mas todos os seus discípulos a exceção de

Judas Iscariotes, se autoconverteram no dia do pentecostes. Aí eles todos saíram

autoconvertidos. Não convertidos por Jesus, mas voluntariamente convertidos por si mesmos.

Isso se pode fazer.

Autoconversão existe. Aloconversão não existe. Eu não posso converter alguém, eu só

me posso converter a mim. Alguém pode converter o seu alguém, mas não pode converter um

outro alguém fora dele. Nós não temos poder sobre o livre arbítrio dos outros. Livre arbítrio é

uma coisa inexpugnável e sagrada. O livre arbítrio é uma fortaleza que não tem entrada por

fora. Só tem entrada por dentro.

Então, não vamos mais dizer daqui por diante que Jesus tenha expulsado diabos. Ele

não expulsou nenhum diabo porque não é possível. Expulsou muitos demônios.