Aula 12 Superexposição á radiação ionizante em radiodiagnóstico
Transcript of Aula 12 Superexposição á radiação ionizante em radiodiagnóstico
Centro Universitário Franciscano
Disciplina: Biofísica
Prof. Valnir de Paula
Sobre-exposição à Radiação em
Radiodiagnóstico
Radiações Ionizantes – Parte II
Doses de Radiação do Ambiente Natural
As fontes naturais de radiação incluem os raios cósmicos,
radiação terrestre, radionuclídeos naturais presentes no corpo,
inalados ou ingeridos.
Existem áreas em países como o
Brasil, França, Índia, entre outros
países, cuja população recebe doses
de radiação natural que variam de
2,6 a 13 mSv ao ano.
2
Percentuais das Radiações Naturais da População
3
Hierarquia das Doses em Radiodiagnóstico
4
Radiologia Convencional
Em geral, este método trabalha com baixas doses de radiação (0,2 a 50 mGy).
Quando o equipamento dispõe de fluoroscopia, as doses são maiores.
Não há registros de efei-tos determinísticos em radiologia convencional
5
Níveis de dose de referência em Radiologia
Exame Incidência DEP *(mGy)
Coluna Lombar
AP 10
Lateral 30
Junção L5-S1 40
Abdômen AP 10
TóraxAP 0,4
Lateral 1,5
Crânio AP 5
Mama Crânio-caudal 10
Odontológico AP 5
*DEP: Dose de Entrada na Pele Fonte: portaria 453/98 da Anvisa
6
Tomografia Computadorizada
Doses maiores que a radiologia convencional
Exposição aumenta para exames que exigem vários cortes da mesma região anatômica.
Em alguns casos, podem ocorrer efeitos determinís-ticos
7
Gradiente de Dose em CT
8
Representação da área que recebe maior radiação em uma sala de tomografia
Distribuição da dose em tomografia
Como o tubo de TC gira em torno do corpo, a distribuição da dose ocorre conforme a figura abaixo
9
Níveis de dose de referência em TC
Exame DEP (mGy)
Cabeça 50
Coluna lombar 35
Abdômen 25
Fonte: portaria 453/98 Anvisa
OBS: As doses podem ser bem maiores para alguns procedimentos especiais de TC
10
11
Procedimento de punção renal para drenagem de abscesso
Punções Guiadas por TC
Neste procedimento, cortes tomográficos são realizados para guiar a localização de lesões a serem biopsiadas. Vários cortes (sobre o mesmo local) podem ser necessários para que o objetivo seja atingido
Perfusão cerebral por TC
Neste procedimento, cujo objetivo é avaliar a evolução de AVCs
isquêmicos, são feitos vários cortes (podendo chegar a 40) numa
mesma posição da cabeça.
Wintermark et al. CHUV
12
Caso Clínico envolvendo Perfusão cerebral por TC
Paciente do sexo feminino, de 53 anos, submetida a 4
procedimentos de perfusão cerebral por TC e 2 de
angiografias (hemodinâmica) num período de15 dias.
A dose recebida na pele pela paciente foi estimada em 2
Gy por procedimento, podendo ter chegado a um total de
14 Gy.
13
Caso Clínico envolvendo Perfusão cerebral por TC
As figuras mostram a epilação em faixa, ocorrida devido á radiação incidente na mesma região da cabeça
14
Fluoroscopia15
Imagens de Fluoroscopia16
Gradiente de Dose em Fluoroscopia
17
Cataratogênese pela Radiação
Catarata é a denominação dada a qualquer opacidade do cristalino, que não necessaria-mente afete a visão.
Na maior parte das vezes, está associada á idade. avançada
A catarata também ocorre quando há exposição crônica à radiação, como em procedimentos de fluoroscopia
18
Parâmetros de Dose em Fluoroscopia19
A dose necessária para causar lesão cutânea é tipicamente 3 Gy
para eritema (entre 1 e 2 dias após a exposição) e depilação tempo-
rária (entre 2 e 3 semanas após a exposição).
Tempo adicional de fluoroscopia acima do limiar de dose aumenta
a gravidade das lesões: Dano vascular é esperado para doses na pele
acima de 20 Gy.
Na atualidade, equipamentos fluoroscópicos produzem taxas
típicas de dose no ar da ordem de 0,02 Gy/ min para modo normal
de fluoroscopia; porém, podem atingir 0,2 Gy/min no modo de alta
taxa.
Parâmetros de Dose em Fluoroscopia20
O risco de aparecimento de lesões na pele está associado a tempos
prolongados de fluoroscopia. O tempo necessário para atingir o
limiar de dose para depilação temporária é tipicamente maior do que
90 minutos em modo fluoroscopia (0,03 Gy/min).
No modo de máxima taxa de exposição, o tempo para ministrar
esta dose em um único local da pele é de 30 minutos no modo
normal de fluoro e 15 minutos no modo alta taxa.
Grandes pacientes são mais suscetíveis a lesões na pele, devido ao
fato de o controle automático de brilho mudar automaticamente os
fatores da técnica para aumentar a produção de raios X
Efeitos Determinísticos em Fluoroscopia21
Efeitos Determinísticos em Fluoroscopia22
Os primeiros sinais em profissionais é a radiodermite crônica, que
pode surgir após alguns anos de exposição cumulativa. Em geral, a
mão esquerda é a região mais afetada, devido à posição ao realizar
os procedimentos.
Efeitos Determinísticos em Fluoroscopia
Dermatite aguda, decorrente de
vários Gy de dose de radiação em
procedimento intervencionista, 3
semanas após a exposição
Dermatite crônica, do mesmo
paciente, 1 anos após a irradiação.
Fonte: Journal of the ICRU 2005 5(2):9-19;
doi:10.1093/jicru/ndi023
23
Paciente do sexo masculino, 40 anos, que se submeteu a um
estudo de Angiografia Coronariana, seguido de Angioplastia com
um segundo exame de Angiografia Coronariana.
Efeitos Determinísticos em Fluoroscopia
A Figura ao lado mostra a lesão da
pele, sugestivo de uma queimadura
de segundo grau, numa área aproxi-
mada de 12x10cm, após 6/8 semanas
da angiografia/angioplastia.
A lesão foi relatada como o surgi-
mento de uma “pele vermelha” após
um mês dos procedimentos e desca-
mação uma semana depois.
24
A Figura 2 mostra uma falsa recupe-
ração do tecido, com exceção da área
central, após aproximadamente 16
semanas dos procedimentos. A
necrose do tecido continuou nos
meses que se seguiram.
Efeitos Determinísticos em Fluoroscopia
25
A Figura 3 mostra a evolução da
necrose, após aproximadamente 21
semanas dos procedimentos.
O paciente foi submetido a uma
cirurgia plástica reparadora.
Efeitos Determinísticos em Fluoroscopia
26
COMO REDUZIR O FATOR DE RISCO
A exposição total à radiação de um paciente é proporcional ao tempo que a Fluoroscopia está ativa. Um sinal sonoro após 5 ou 4 minutos é obrigatório para orientar o médico do tempo de exposição em Fluoro.
Um contador de tempo total é obrigatório nos equipamentos.
A título de orientação é necessário dizer que se deve tirar o “pé do pedal” sempre que não necessitar visualizar imagens em tempo real.
Os modernos sistemas digitais possuem loop de Fluoro e Cine que permite o médico analisar muito bem uma imagem, sem a necessidade de se manter a Fluoro ativada.
27
Referências
Hall, Eric J. Radiobiology for the radiologist. 15th. Philadelphia, USA :
Lippincott Williams & Wilkins , c2000. 588 p.
Radiation-induced temporary hair loss as a radiation damage only
occurring in patients who had the combination of MDCT and DAS - Eur
Radiol (2005) 15:41
28
Aspectos físicos e técnicos da Radiologia IntervencionistaLucía CanevaroDoutora em Biociências Nucleares . Pesquisadora do Serviço de Física Médica de Radiodiagnóstico do Instituto de Radioproteção e Dosimetria/Comissão Nacional de Energia Nuclear (IRD/CNEN), Rio de Janeiro (RJ), Brasil.