Aula 08_LP

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PORTUGUÊS P/ TST - (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 08 Intelecção de textos. Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas). Olá, pessoal! Quanto ao assunto intelecção de textos, vamos observar que a banca Fundação Carlos Chagas trabalha a interpretação de uma forma bem clara. Você deve se lembrar do seguinte: todo professor que propõe qualquer questão de concurso tem que provar que a alternativa eleita por ele como correta é a única resposta possível. Para isso, as bancas cobram dele tudo documentado: os fundamentos, prováveis recursos, índice de dificuldade, tempo aproximado de resolução. Com a interpretação de texto é a mesma coisa. Interpretar não é algo subjetivo, como muitos têm dito por aí. Entender o texto tem sua lógica, seu princípio norteador, e a banca FCC sabe cobrar isso como ninguém. Assim, quem monta a questão de interpretação tem que provar no texto qual a alternativa é a correta. Por isso, não podemos resolver questões de interpretação somente no achismo. Temos que provar que nossa alternativa é a correta, com fundamento no texto. É importante notarmos que, dentro de um texto, há informações implícitas (aquilo que o texto sugere) e explícitas (aquilo que está escrito literalmente). É mais fácil o concursando encontrar as informações explícitas, por isso basicamente as bancas examinadoras exploram o outro tipo de informação: o implícito – o autor não mostra claramente, mas a interpretação bem feita alcança essa informação. Toda informação implícita do texto é “carregada” de vestígios. Como em uma investigação, o criminoso não está explícito, mas ele existe. Um bom investigador é um excelente leitor de vestígios. Assim, vestígios podem ser: uma palavra irônica, as características do ambiente e do personagem, a época em que o texto foi escrito ou a que o texto se refere, o vocabulário do autor, o rodapé do texto, as figuras de linguagem, o uso da primeira ou terceira pessoa verbal etc. Tudo isso pode indicar a intenção do autor ao escrever o texto, daí se tira o vestígio que nos leva à boa interpretação. Portanto, não se deixe levar pelo tamanho do texto antes de lê-lo. Há texto chato, e outros intrigantes. Ao iniciar sua leitura, faça-a duas ou três vezes, atentamente, antes de responder a qualquer pergunta. Primeiro, é preciso captar sua mensagem, entendê-lo como um todo, e isso não pode ser alcançado com uma simples leitura. A cada leitura, novas ideias serão assimiladas. Tenha a paciência necessária para agir assim. Só depois tente resolver as questões propostas. As questões da Fundação Carlos Chagas têm uma tendência: elas podem ser localizadas (voltadas só para um determinado trecho do texto) ou referir- Português para Tribunal Superior do Trabalho (TST) (teoria e questões comentadas)

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    Aula 08

    Inteleco de textos. Redao (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas).

    Ol, pessoal!

    Quanto ao assunto inteleco de textos, vamos observar que a banca Fundao Carlos Chagas trabalha a interpretao de uma forma bem clara. Voc deve se lembrar do seguinte: todo professor que prope qualquer questo de concurso tem que provar que a alternativa eleita por ele como correta a nica resposta possvel. Para isso, as bancas cobram dele tudo documentado: os fundamentos, provveis recursos, ndice de dificuldade, tempo aproximado de resoluo. Com a interpretao de texto a mesma coisa. Interpretar no algo subjetivo, como muitos tm dito por a. Entender o texto tem sua lgica, seu princpio norteador, e a banca FCC sabe cobrar isso como ningum.

    Assim, quem monta a questo de interpretao tem que provar no texto qual a alternativa a correta. Por isso, no podemos resolver questes de interpretao somente no achismo. Temos que provar que nossa alternativa a correta, com fundamento no texto.

    importante notarmos que, dentro de um texto, h informaes implcitas (aquilo que o texto sugere) e explcitas (aquilo que est escrito literalmente). mais fcil o concursando encontrar as informaes explcitas, por isso basicamente as bancas examinadoras exploram o outro tipo de informao: o implcito o autor no mostra claramente, mas a interpretao bem feita alcana essa informao.

    Toda informao implcita do texto carregada de vestgios. Como em uma investigao, o criminoso no est explcito, mas ele existe. Um bom investigador um excelente leitor de vestgios. Assim, vestgios podem ser: uma palavra irnica, as caractersticas do ambiente e do personagem, a poca em que o texto foi escrito ou a que o texto se refere, o vocabulrio do autor, o rodap do texto, as figuras de linguagem, o uso da primeira ou terceira pessoa verbal etc. Tudo isso pode indicar a inteno do autor ao escrever o texto, da se tira o vestgio que nos leva boa interpretao.

    Portanto, no se deixe levar pelo tamanho do texto antes de l-lo. H texto chato, e outros intrigantes. Ao iniciar sua leitura, faa-a duas ou trs vezes, atentamente, antes de responder a qualquer pergunta. Primeiro, preciso captar sua mensagem, entend-lo como um todo, e isso no pode ser alcanado com uma simples leitura. A cada leitura, novas ideias sero assimiladas. Tenha a pacincia necessria para agir assim. S depois tente resolver as questes propostas.

    As questes da Fundao Carlos Chagas tm uma tendncia: elas podem ser localizadas (voltadas s para um determinado trecho do texto) ou referir-

    Portugus para Tribunal Superior do Trabalho (TST) (teoria e questes comentadas)

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    se ao conjunto, s ideias gerais do texto. No primeiro caso, leia no apenas o trecho (s vezes uma linha) referido, mas todo o pargrafo em que ele se situa. Lembre-se: quanto mais voc ler, mais entender o texto. Tudo uma questo de costume, e voc vai acostumar-se a agir dessa forma.

    Lembre-se, ainda, de que a banca examinadora no pede a sua opinio, mas a interpretao da opinio do autor.

    Tenha pacincia, aplicao e perseverana: afinal, concurso isso!

    a) As informaes implcitas

    Observe a seguinte frase:

    Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.

    Nela, o falante transmite duas informaes de maneira explcita: a) que ele frequentou um curso superior; b) que ele aprendeu algumas coisas.

    Ao ligar essas duas informaes com uma conjuno "mas", comunica tambm de modo implcito sua crtica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa a transmitir a ideia de que nas faculdades no se aprende quase nada...

    Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto a verificao de que ele pode dizer coisas que parece no estar dizendo: alm das informaes explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explcitos quanto os implcitos. Leitor perspicaz aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso contrrio, ele pode passar por cima de significados importantes e decisivos ou - o que pior - pode concordar com coisas que rejeitaria se as percebesse.

    No preciso dizer que alguns tipos de texto exploram, com malcia e com intenes falaciosas, esses aspectos subentendidos e pressupostos.

    Que so pressupostos? So aquelas ideias no expressas de maneira explcita, mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou expresses contidas na frase, aqui chamadas de vestgios.

    Assim, quando se diz "O tempo continua chuvoso", comunica-se de maneira explcita que no momento da fala o tempo de chuva, mas, ao mesmo tempo, o verbo "continuar" deixa perceber a informao implcita de que antes o tempo j estava chuvoso.

    Na frase "Pedro deixou de fumar" diz-se explicitamente que, no momento da fala, Pedro no fuma. O verbo "deixar", todavia, transmite a informao implcita de que Pedro fumava antes.

    Na leitura e interpretao de um texto, muito importante detectar os pressupostos (vestgios), pois seu uso um dos recursos argumentativos utilizados com vistas a levar o leitor a aceitar o que est sendo comunicado. Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressuposto, o autor transforma o leitor em cmplice, uma vez que essa ideia no posta em discusso e todos os argumentos subsequentes s contribuem para confirm-la.

    Por isso, pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de pensamento montado pelo autor.

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    A demonstrao disso pode ser encontrada em muitas dessas "verdades" incontestveis postas como base de muitas alegaes do discurso poltico, como:

    O governo investiu 8 bilhes de reais na merenda escolar. Assim, nossas crianas esto mais saudveis e certamente aprendem muito mais.

    Ora, natural que criana bem alimentada seja mais desperta para a aprendizagem, naturalmente h possibilidade de a criana aprender mais e melhor. Mas h vrias circunstncias que permeiam a entrada de recurso da merenda, o uso efetivo desse recurso nas escolas e a consequente melhoria no ensino. Note que h possibilidade de melhoria, no h certeza.

    Os pressupostos so marcados, nas frases, por meio de vrios indicadores lingusticos (vestgios), como, por exemplo:

    a) certos advrbios

    Os resultados da pesquisa ainda no chegaram at ns.

    Pressupostos: Os resultados j deviam ter chegado. ou

    Os resultados vo chegar mais tarde.

    b) certos verbos

    O caso do contrabando tornou-se pblico.

    Pressuposto: O caso no era pblico antes. c) as oraes adjetivas

    Os candidatos a prefeito, que s querem defender seus interesses, no pensam no povo.

    Pressuposto: Todos os candidatos a prefeito tm interesses individuais.

    Mas a mesma frase poderia ser redigida assim:

    Os candidatos a prefeito que s querem defender seus interesses no pensam no povo.

    No caso, o pressuposto seria outro: Nem todos os candidatos a prefeito tm interesses individuais.

    No primeiro caso, a orao explicativa; no segundo, restritiva. As explicativas pressupem que o que elas expressam refere-se a todos os elementos de um dado conjunto; as restritivas dizem o que concerne a parte dos elementos de um dado conjunto.

    d) os adjetivos

    Os partidos radicais acabaro com a democracia no Brasil.

    Pressuposto: Existem partidos radicais no Brasil.

    Vamos ao macete da resoluo das questes de interpretao. NUNCA MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA, sempre elimine as erradas. Esse o princpio. Disso no se pode fugir.

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    Outro detalhe, h palavras como s, somente, apenas, nunca, sempre, ningum, tudo, nada etc, que tm papel importante nas alternativas das questes. Essas palavras so chamadas categricas, pois no admitem outra interpretao e normalmente esto nas alternativas para que o candidato as visualize como errada.

    Vamos exercitar tomando como exemplo a seguinte frase:

    preciso construir msseis nucleares para defender o Ocidente de ataques de extremistas.

    Marque (C) para informao de possvel inferncia do texto e (E) como informao equivocada do texto.

    1. O Ocidente necessita construir msseis. 2. H uma finalidade de defesa contra ataques de extremistas. 3. Os msseis atuais no so suficientes para conter os ataques de extremistas. 4. Uma guerra de msseis vai destruir o mundo inteiro e no apenas os extremistas. 5. A ao dos diplomatas com os extremistas o nico meio real de dissuadi-los de um ataque ao Ocidente. 6. Todo o Oriente est contra o Ocidente. 7. O Ocidente est sempre sofrendo invases do Oriente. 8. Msseis nucleares so a melhor sada para qualquer situao blica. 9. Os extremistas no tm bom relacionamento com o Ocidente. 10. O Ocidente aguarda esttico um ataque do Oriente. Vamos s respostas com base nos vestgios! 1. O Ocidente necessita construir msseis. (C) (Inferncia certa, pois o vestgio preciso)

    2. H uma finalidade de defesa contra o ataque de extremistas. (C)

    (Inferncia certa, pois o vestgio a orao subordinada adverbial de finalidade para defender o Ocidente de ataques de extremistas.) 3. Os msseis atuais no so suficientes para conter o ataque de extremistas. (E) (Inferncia errada, pois no h evidncia no texto de que j havia msseis)

    4. Uma guerra de msseis vai destruir o mundo inteiro e no apenas os extremistas. (E) (Inferncia errada, pois a expresso destruir o mundo inteiro uma suposio com base em expresso categrica. No h certeza de que os msseis destruiro por completo o mundo, mas certo que vo abalar o mundo inteiro.)

    5. A ao dos diplomatas com os extremistas o nico meio real de dissuadi-los de um ataque ao Ocidente. (E) (Inferncia errada, pois novamente h expresso categrica e pode haver outros meios, outras negociaes, no s pelos diplomatas.)

    6. Todo o Oriente est contra o Ocidente. (E) (Inferncia errada, pois novamente h expresso categrica. No se sabe se todo o Oriente est contra o Ocidente. Pelo texto, apenas os extremistas)

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    7. O Ocidente est sempre sofrendo invases do Oriente. (E) (Inferncia errada, pois novamente h expresso categrica: sempre. Alm disso, houve uma palavra que extrapolou o texto: invases. No foi afirmado nada sobre invaso no texto.)

    8. Msseis nucleares so a melhor sada para qualquer situao blica. (E) (Considerao sem fundamento no texto. Veja as palavras categricas.)

    9. Os extremistas no tm bom relacionamento com o Ocidente. (C) (Inferncia possvel, pois vista a preocupao de possvel ataque.)

    10. O Ocidente aguarda esttico um ataque do Oriente. (E) (Considerao sem fundamento no texto.)

    Assim, quando voc for realizar as questes de interpretao, ver muitas dessas expresses categricas ou palavras que extrapolam o contedo do texto. Normalmente, eliminamos essas expresses j na primeira leitura, por estarem bem fora do contexto. Assim, normalmente ficaremos entre duas alternativas. A vem o burilamento. Deve-se ter pacincia para encontrar os vestgios que comprovem sua resposta como a correta. s vezes voc nem a ache, mas encontra pelo menos o vestgio que torne errada a outra alternativa, sobrando uma como correta.

    Observao: antes que algum pergunte no frum, a banca FCC no cobra a diferena entre vestgio, pressuposto, inferncia, subentendido e palavra categrica, o que importa voc observar que isso ajuda a achar os dados implcitos.

    TRT 17 R - 2004 - Analista Pobreza e indigncia

    Como se quantifica o nmero de pobres existentes no Brasil? necessrio, em primeiro lugar, definir o que um pobre. Pouca gente teria dificuldade em dar sua prpria definio. Provavelmente a maioria diria que os pobres so aqueles que ganham mal e tm pouco ou nenhum patrimnio. So as pessoas que pedem dinheiro nas ruas ou vivem de trabalhos precrios. Embora suficiente para conversas informais sobre o assunto, trata-se de definio muito imprecisa. Um exemplo: como qualificar empregadas domsticas que trabalham em casas de famlias ricas de So Paulo, Porto Alegre ou Rio de Janeiro? Em comparao com os patres, razovel imaginar que elas sejam consideradas pobres, mas em comparao com um miservel do interior do Nordeste, que passa fome durante vrios meses do ano, certamente isso no seria verdade. Para que a discusso sobre o tema possa ser feita em bases mais slidas, vital avanar para uma definio mais rigorosa. Na maioria dos trabalhos acadmicos, a contagem dos pobres realizada da seguinte forma: admite-se, em primeiro lugar, uma cesta de bens e servios (alimentos, transporte, moradia etc.) qual todo mundo deveria ter acesso para no ser considerado pobre. A seguir, atribui-se um valor monetrio a essa cesta (que pode variar de regio para regio), tambm chamado de linha de pobreza. A partir da, verifica-se quem tem renda superior ao valor da cesta (os que no so pobres) e quem tem renda inferior (os que so pobres). claro que

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    aqueles com renda inferior no conseguem comprar todos os bens e servios da cesta. Portanto, o nmero de pobres depende sempre da definio do que a linha de pobreza. O mesmo argumento vale para a linha de indigncia. A cesta de bens inclui, nesse caso, apenas os alimentos mnimos necessrios para que a pessoa permanea viva, de acordo com os padres da Organizao Mundial da Sade. Ou seja, teoricamente, quem est abaixo da linha de indigncia no conseguiria sequer sobreviver se o faz porque complementa minimamente sua renda com esmolas ou algum tipo de cultura de subsistncia, que representa um recurso adicional que no levado em conta pelos pesquisadores.

    (Andr Lahz. Revista VEJA, 15/05/2002) Questo 1: De acordo com o texto, uma quantificao objetiva do nmero de pobres no Brasil depende

    (A) de uma fixao criteriosa do que seja, exatamente, a linha de indigncia. (B) da fixao do valor monetrio de uma determinada cesta de bens e

    servios. (C) dos padres que venham a ser fixados pela Organizao Mundial de

    Sade. (D) dos critrios acadmicos que permitem subestimar as diferenas

    regionais. (E) de pesquisas orientadas por diferentes critrios e metodologia. Comentrio: importante responder questo sempre por eliminao. Assim, a primeira passagem nas alternativas no assegurar a correta. O que sobrar das eliminaes, ns voltaremos para confirmar no texto. Na alternativa (A), perceba que o texto faz meno linha de indigncia (3 pargrafo), que um nvel ainda mais baixo em relao linha da pobreza. Alm disso, exatamente palavra categrica que fixa a quantificao do nmero de pobres com a preciso da linha de indigncia, o que no correto. Assim, esta pode ser eliminada. A alternativa (B) parece ser a correta, pois o incio do segundo pargrafo est bem claro: Para que a discusso sobre o tema possa ser feita em bases mais slidas (quantificao objetiva), vital avanar para uma definio mais rigorosa. Na maioria dos trabalhos acadmicos, a contagem dos pobres realizada da seguinte forma: admite-se, em primeiro lugar, uma cesta de bens e servios (alimentos, transporte, moradia etc.) qual todo mundo deveria ter acesso para no ser considerado pobre. A seguir, atribui-se um valor monetrio a essa cesta.... Mas devemos confirmar com as demais alternativas. Na alternativa (C), perceba que a Organizao mundial da Sade fixa a linha de indigncia: O mesmo argumento vale para a linha de indigncia. A cesta de bens inclui, nesse caso, apenas os alimentos mnimos necessrios para que a pessoa permanea viva, de acordo com os padres da Organizao Mundial da Sade. Na alternativa (D), observa-se que o texto no deixa dvida que se deve levar em conta a regio em que se vive: A seguir, atribui-se um valor monetrio a essa cesta (que pode variar de regio para regio), tambm chamado de linha de pobreza..

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    Na alternativa (E), h erro, porque o texto bem claro ao definir a linha de pobreza. Assim, a metodologia e os critrios foram expostos objetivamente. Ele no vago e diverso como expe esta alternativa. Assim, passamos por todas as alternativas e vimos que a nica que preencheu corretamente o pedido da questo foi a (B). Lembre-se de que eliminamos todas primeiro, para depois nos certificarmos de que esta a correta. Essa ser a nossa forma de abordagem das interpretaes de texto. Gabarito: B Questo 2: Considere as seguintes afirmaes:

    I. A maioria das pessoas tem uma precria definio do que seja pobreza, precariedade que compromete o nvel das pesquisas acadmicas sobre o tema.

    II. O acesso ou falta de acesso a determinados bens e servios um critrio pelo qual se identificam os que esto acima e os que esto abaixo da linha de pobreza.

    III. A linha de indigncia definida pelo acesso parcial de um indivduo tanto aos bens como aos servios considerados essenciais para o pleno exerccio de sua cidadania.

    Em relao ao texto, est correto SOMENTE o que se afirma em

    (A) I. (B) I e II. (C) II. (D) II e III. (E) III. Comentrio: Este tipo de questo aborda o contedo localizado no texto. A frase I quer do candidato a inferncia do texto. Os dados no esto literalmente escritos, mas podemos entender que o fato de a populao no saber determinar o que venha a ser a linha de pobreza no implica dificuldade para os tcnicos fazerem isso. Os vestgios que confirmam isso so encontrados no primeiro pargrafo. Como temos certeza de que esta afirmativa est errada, podemos eliminar as alternativas (A) e (B). Na frase II, percebemos que ... quem tem renda superior ao valor da cesta (os que no so pobres) e quem tem renda inferior (os que so pobres). so dados literais do texto. Poderamos ter dvida apenas na falta da palavra respectivamente na alternativa, pois o candidato poderia se enrolar no entendimento da questo. Veja: O acesso ou falta de acesso a determinados bens e servios um critrio pelo qual se identificam os que esto acima e os que esto abaixo da linha de pobreza (respectivamente). Por isso, ficaramos na dvida, ento no eliminamos a alternativa, nem adotamos como correta. A frase III est errada, porque considera que a linha de indigncia definida pelo acesso parcial de um indivduo tanto aos bens como aos servios considerados essenciais para o pleno exerccio de sua cidadania. A banca queria chamar a ateno sobre a ressalva dada no texto de que a linha de indigncia terica, pois quem est abaixo dela no conseguiria sobreviver, mas consegue por contar com algum recurso adicional. Mas esse adicional no considerado pelos pesquisadores. Se o fosse, entenderamos

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    como acesso parcial. Assim, os pesquisadores so categricos: estando acima da linha ou abaixo dela, define-se teoricamente o no-indigente ou o indigente. Veja: Ou seja, teoricamente, quem est abaixo da linha de indigncia no conseguiria sequer sobreviver se o faz porque complementa minimamente sua renda com esmolas ou algum tipo de cultura de subsistncia, que representa um recurso adicional que no levado em conta pelos pesquisadores. Assim, veja que a dvida que havia na frase II agora no h mais; pois a nica alternativa possvel. Vendo mais claramente, observamos que faltou o advrbio respectivamente, mas podemos entender que no houve incoerncia sem ele. Gabarito: C Questo 3: No segundo pargrafo, a utilizao das expresses em primeiro lugar, a seguir e a partir da presta-se a descrever uma metodologia de trabalho baseada em

    (A) um alargamento de possibilidades. (B) uma concomitncia de fatos. (C) uma srie de alternativas. (D) um encadeamento de operaes. (E) uma sucesso de hipteses. Comentrio: Vamos aos trechos em que haja esses conectivos para melhor visualizao da resposta correta.

    ...admite-se, em primeiro lugar, uma cesta de bens e servios (alimentos, transporte, moradia etc.) qual todo mundo deveria ter acesso para no ser considerado pobre. A seguir, atribui-se um valor monetrio a essa cesta (que pode variar de regio para regio), tambm chamado de linha de pobreza. A partir da, verifica-se quem tem renda superior ao valor da cesta (os que no so pobres) e quem tem renda inferior (os que so pobres).

    Na alternativa (A), transmite-se uma impreciso que no cabe ao contexto (alargamento de possibilidades). Na alternativa (B), perceba que concomitncia significa ao mesmo tempo. justamente o contrrio que expressam esses conectivos. Na alternativa (C), uma srie de alternativas tem valor bem parecido com a alternativa (A). Perceba que no h alternativas, mas um acmulo de procedimentos para uma s concluso. A alternativa (D) a correta, pois encadeamento justamente o que requer a interpretao dos conectivos acima negritados no texto, pois se mostra uma sequncia de aes, procedimentos a serem tomados. Mas ainda no temos certeza, temos que verificar o ltimo. Na alternativa (E), h transmisso de ideia parecida com as alternativas (A) e (C). No houve abertura para vrias alternativas, hipteses ou possibilidades, mas uma sequncia de procedimentos que levam a uma situao. Assim, confirmamos a (D) como correta. Gabarito: D

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    Questo 4: Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de uma expresso do texto em

    (A) embora suficiente = ainda que bastante (B) em bases mais slidas = de modo mais especulativo (C) atribui-se um valor monetrio = calcula-se a demanda (D) cultura de subsistncia = hbitos da pobreza (E) recurso adicional = atribuio necessria Comentrio: Este tipo de questo pede a contextualizao. O chato ter que achar as expresses no texto, pois a banca no delimita a linha. (A): A conjuno embora adverbial concessiva e permite ser substituda pela locuo conjuntiva de igual valor ainda que. Note que est subentendido o verbo seja nesta orao subordinada adverbial concessiva (embora seja suficiente). O adjetivo suficiente sinnimo contextual de bastante, por isso pode haver a troca. Veja um problema que o candidato poderia ter na hora da prova: no texto, a conjuno est com letra inicial maiscula, mas na questo foi colocada com inicial minscula. Isso porque a questo no est pedindo a substituio literal, mas pergunta apenas se o sentido preservado. Isso est correto. Embora suficiente para conversas informais sobre o assunto, trata-se de definio muito imprecisa. (Ainda que bastante para conversas...) Portanto, a alternativa correta. (B): em bases mais slidas tem o mesmo sentido de efetivo, objetivo, fundamentado, contundente. Mas no h noo de algo especulativo. (C): A expresso atribui-se de certa forma se entende como calcula-se; mas demanda significa necessidade, o que no cabe no contexto. (D): cultura de subsistncia no tem sentido de hbito de pobreza, pois esta cultura no significa somente com os pobres. H alguns povos que sobrevivem da cultura de subsistncia, nem por isso so considerados pobres. (E): recurso adicional um ganho extra, a mais. No h relao desta expresso com necessidade de atribuio. Por isso est errada a alternativa. Gabarito: A

    Entre o fato e a notcia

    A decantada objetividade jornalstica tem, na verdade, duas faces: se de um lado toda notcia deve se prender originalmente a um fato cuja ocorrncia seja inquestionvel, por outro lado ela implica sempre uma dose de interpretao desse fato. O espao concedido, o estilo empregado, o ngulo adotado, as nfases (intencionais ou inconscientes), tudo isso traz para a matria jornalstica uma certa conformao subjetiva. Por isso, um dos requisitos do bom leitor de jornais ou revistas est na ateno que ele saiba dar no apenas ao fato relatado, mas ao modo como o foi. Ao se transformar em linguagem, todo fato torna-se, tambm, um fato lingstico; com a linguagem que se produz uma notcia, por meio de palavras que entramos em contato com a base de realidade de um acontecimento. Nesse sentido, no h, e nem pode haver, jornalismo inteiramente inocente, ainda quando se trate do mais honesto dos profissionais. Por isso, tambm o leitor deve recusar a ingnua credulidade de

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    quem acha que uma notcia no uma imagem construda, mas a materialidade mesma do fato ocorrido.

    (Celso de Oliveira) Questo 5: Ao afirmar, referindo-se notcia jornalstica, que todo fato torna-se, tambm, um fato lingstico, o autor fornece um argumento para a seguinte tese:

    (A) da realidade mesma de um fato que a matria jornalstica depende, se quiser ser inteiramente objetiva.

    (B) A ocorrncia de um fato e a sua divulgao jornalstica so realidades em si mesmas contraditrias.

    (C) O jornalismo competente aquele em que a plena transparncia da linguagem garante a transparncia da realidade mesma do fato.

    (D) Cabe ao leitor, entre o fato gerador da notcia e o fato relatado, escolher de que lado est a verdade.

    (E) A leitura crtica no se prende apenas ao fato que gerou a notcia, mas forma pela qual esta forosamente o interpreta.

    Comentrio: A banca queria que o candidato percebesse que o texto faz uma diferena do que fato (verdade, o ocorrido) e a notcia (muitas vezes carregada de impresses, interpretaes de quem publica a notcia). Assim, temos a tese do texto: A decantada objetividade jornalstica tem, na verdade, duas faces: se de um lado toda notcia deve se prender originalmente a um fato cuja ocorrncia seja inquestionvel, por outro lado ela implica sempre uma dose de interpretao desse fato. O texto crtico ao que veiculado na mdia, entre o real e o transmitido ao povo. Assim, uma face o fato em si, o outro o fato lingstico, isto , a interpretao lingustica dele, o que ser passado populao. Confirmando isso, a alternativa (E) uma outra forma de dizer o que est escrito no ltimo perodo do 1 pargrafo: Por isso, um dos requisitos do bom leitor de jornais ou revistas est na ateno que ele saiba dar no apenas ao fato relatado, mas ao modo como o foi (como foi relatado). Compare: A leitura crtica no se prende apenas ao fato que gerou a notcia, mas forma pela qual esta (notcia, ou melhor, quem gerou a notcia) forosamente o (o fato) interpreta. Com base na interpretao literal do texto, vemos que as demais alternativas no esto corretas. Gabarito: E Questo 6: Considere as seguintes afirmaes:

    I. A expresso conformao subjetiva, no primeiro pargrafo, tem sentido vago, pois no h exemplos que a materializem.

    II. A frase no h, e nem pode haver, jornalismo inocente no uma acusao moral, mas uma decorrncia da tese central defendida pelo autor do texto.

    III. A expresso ingnua credulidade, no segundo pargrafo, refere-se ao leitor que considera a notcia um espelho que reflete a verdade incontestvel do fato.

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    Em relao ao texto, est correto o que se afirma em

    (A) I, II e III. (B) I e II, somente. (C) II e III, somente. (D) I e III, somente. (E) III, somente. Comentrio: Para entendermos as afirmativas, vamos reescrever trechos do texto.

    O espao concedido, o estilo empregado, o ngulo adotado, as nfases (intencionais ou inconscientes), tudo isso traz para a matria jornalstica uma certa conformao subjetiva. Por isso, um dos requisitos do bom leitor de jornais ou revistas est na ateno que ele saiba dar no apenas ao fato relatado, mas ao modo como o foi. (1 pargrafo)

    A expresso conformao subjetiva significa no texto o ngulo, o ponto de vista de quem publica uma matria jornalstica. Isso vai depender do espao concedido (a englobando tempo e lugar), do estilo empregado, o ngulo adotado, as nfases (intencionais ou inconscientes). Essas expresses so justamente os exemplos da conformao subjetiva. Por isso, a frase est errada. Assim, eliminamos as alternativas (A), (B) e (D). Na frase II, a acusao moral poderia ser interpretada como uma linguagem acusativa e ofensiva do autor contra um reprter ou comunicador da mdia; mas a estrutura textual clara e no permite esse tipo de interpretao. Primeiro se mostra na tese do texto que h duas faces na decantada objetividade jornalstica. Todo o texto vem na sequncia desenvolvendo esta ideia de que a realidade expressa por palavras e esta linguagem deve ser entendida bem criticamente, pois foi a interpretao do reprter, no quer dizer que seja a verdade nua e crua. Na frase III, ingnua credulidade se refere ao leitor no atento, no crtico (por isso ingnuo), que v na notcia a realidade dos fatos. Assim, s cabe a alternativa (C). Gabarito: C

    TRT 18 R 2008 Analista

    Viagem para fora

    H no tanto tempo assim, uma viagem de nibus, sobretudo quando noturna, era a oportunidade para um passageiro ficar com o nariz na janela e, mesmo vendo pouco, ou nada, entreter-se com algumas luzes, talvez a lua, e certamente com os prprios pensamentos. A escurido e o silncio no interior do nibus propiciavam um pequeno devaneio, a memria de alguma cena longnqua, uma reflexo qualquer. Nos dias de hoje as pessoas no parecem dispostas a esse exerccio mnimo de solido. No sei se a temem: sei que h dispositivos de toda espcie para no deixar um passageiro entregar-se ao curso das idias e da imaginao pessoal. H sempre um filme passando nos trs ou quatro monitores de TV, estrategicamente dispostos no corredor. Em geral, um filme ritmado pelo som de tiros, gritos, exploses. tambm bastante

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    possvel que seu vizinho de poltrona prefira no assistir ao filme e deixar-se embalar pela msica altssima de seu fone de ouvido, que voc tambm ouvir, traduzida num chiado interminvel, com direito a batidas mecnicas de algum sucesso pop. Inevitvel, tambm, acompanhar a variedade dos toques personalizados dos celulares, que vo do latido de um cachorro verso eletrnica de uma abertura sinfnica de Mozart. Claro que voc tambm se inteirar dos detalhes da vida domstica de muita gente: a senhora da frente pergunta pelo cardpio do jantar que a espera, enquanto o senhor logo atrs de voc lamenta no ter includo certos dados em seu ltimo relatrio. Quando o nibus chega, enfim, ao destino, voc desce tomado por um inexplicvel cansao. Acho interessantes todas as conquistas da tecnologia da mdia moderna, mas prefiro desfrutar de uma a cada vez, e em momentos que eu escolho. Mas parece que a maioria das pessoas entrega-se gozosa e voluptuosamente a uma sobrecarga de estmulos udio-visuais, evitando o rumo dos mudos pensamentos e das imagens internas, sem luz. Ningum mais gosta de ficar, por um tempo mnimo que seja, metido no seu canto, entretido consigo mesmo? Por que se deleitam todos com tantas engenhocas eletrnicas, numa viagem que poderia propiciar o prazer de uma pequena incurso ntima? Fica a impresso de que a vida interior das pessoas vem-se reduzindo na mesma proporo em que se expandem os recursos eletrnicos.

    (Thiago Solito da Cruz, indito) Questo 7: Considerando-se o sentido integral do texto, o ttulo Viagem para fora representa

    (A) uma aluso exterioridade dos apelos a que se entregam os passageiros. (B) um especfico anseio que o autor alimenta a cada viagem de nibus. (C) a nostalgia de excurses antigas, em que todos se solidarizavam. (D) a importncia que o autor confere aos devaneios dos passageiros. (E) a ironia de quem no se deixa abalar por tumultuadas viagens de nibus. Comentrio: O tema, isto , o sentido central do texto, normalmente expresso pelo ttulo, elemento estrutural que o resume ou nos induz a perceber seu sentido. Viagem para fora remete a uma aluso exterioridade dos apelos a que se entregam os passageiros. Observe que a alternativa (A), citada anteriormente, transmite explicitamente o que se diz na segunda frase do terceiro pargrafo do texto: Mais parece que a maioria das pessoas entrega-se gozosa e voluptuosamente a uma sobrecarga de estmulos udio-visuais. As expresses-chave tanto da resposta quanto da alternativa (A) foram colocadas em negrito para comparao e observao de sua proximidade semntica. Tendo em vista a explicao da alternativa (A), eliminam-se os outros itens. Mesmo assim, veja em negrito o que est errado nas demais alternativas: (B) um especfico anseio que o autor alimenta a cada viagem de nibus. (C) a nostalgia de excurses antigas, em que todos se solidarizavam. (D) a importncia que o autor confere aos devaneios dos passageiros. (E) a ironia de quem no se deixa abalar por tumultuadas viagens de nibus. Gabarito: A

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    Questo 8: Atente para as seguintes afirmaes:

    I. No primeiro pargrafo, configura-se a tenso entre o desejo de recolhimento ntimo de um passageiro e a agitao de uma viagem noturna.

    II. No segundo pargrafo, o cruzamento de mensagens, em diferentes meios de comunicao, considerado invasivo por quem preferiria entregar-se ao curso da imaginao pessoal.

    III. No terceiro pargrafo, o autor considera a possibilidade de os recursos da mdia eletrnica e o cultivo da vida serem usufrudos em tempos distintos.

    Em relao ao texto, est correto o que se afirma em

    (A) I, II e III. (B) I e II, somente. (C) II e III, somente. (D) I e III, somente. (E) II, somente. Comentrio: Perceba que este tipo de questo trabalha o contedo localizado. Ele induz o candidato a interpretar cada parte do texto. Na frase I, o erro est em dizer que houve a tenso entre o desejo de recolhimento ntimo de um passageiro e a agitao de uma viagem noturna. Verifique que a agitao alvo dos prximos pargrafos, no do primeiro. A frase II a expresso ... o cruzamento de mensagens, em diferentes meios de comunicao, considerado invasivo por quem preferiria entregar-se ao curso da imaginao pessoal. est inteiramente correta. Basta confront-la com a seguinte passagem do texto: ... sei que h dispositivos de toda espcie para no deixar um passageiro entregar-se ao curso das idias e da imaginao pessoal. Por isso, est correta. A frase III a expresso ... o autor considera a possibilidade de os recursos da mdia eletrnica e o cultivo da vida serem usufrudos em tempos distintos. est correta, porque encontra base na primeira frase do terceiro pargrafo: Acho interessantes todas as conquistas da tecnologia da mdia moderna, mas prefiro desfrutar de uma a cada vez, e em momentos que eu escolho. Perceba que o autor prefere desfrutar de cada conquista a seu tempo, e essa forma de desfrutar de algo implicitamente leva o leitor a entender que essa a maneira de o autor do texto ver o cultivo da vida. Assim, a frase III tambm est correta. Gabarito: C Questo 9: O autor vale-se do emprego do pronome voc, ao longo do segundo pargrafo, da mesma forma que esse pronome empregado em:

    (A) Quando perguntei se voc gostava de viajar, voc titubeou, e no me respondeu.

    (B) J sei a opinio dele acerca da mdia eletrnica; gostaria que voc me dissesse, agora, qual a sua.

    (C) No aquele ou aquela passageira que me interessa; meus olhos no conseguem desviar-se de voc.

    (D) Quando se est em meio a um tumulto, voc no consegue concentrar-se em seus prprios pensamentos.

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    (E) Espero que voc no tenha se ofendido por eu lhe haver proposto que desligue o celular enquanto conversamos.

    Comentrio: O autor do texto vale-se do pronome de tratamento voc de sentido geral, indefinindo o agente, quer dizer, quem se passar por tal situao. Deve-se inferir das alternativas (A), (B), (C) e (E) que o pronome de tratamento retrata o locutor (com quem se fala, uma pessoa especfica), e no esse o uso no texto. Porm, na alternativa (D), o exemplo de que Quando se est em meio a um tumulto, voc (isto , qualquer pessoa que estiver nesta situao) no consegue concentrar-se em seus prprios pensamentos. O autor poderia tambm optar por indeterminar o sujeito: ... no se consegue concentrar nos prprios pensamentos. Gabarito: D Questo 10: O ltimo perodo do texto retoma e arremata, conclusivamente, uma idia que j se representara na seguinte passagem:

    (A) (...) h dispositivos de toda espcie para no deixar um passageiro entregar-se ao curso das idias (...).

    (B) A escurido e o silncio no interior do nibus propiciavam um pequeno devaneio (...).

    (C) Claro que voc tambm se inteirar dos detalhes da vida domstica de muita gente (...).

    (D) Quando o nibus chega, enfim, ao destino, voc desce tomado por um inexplicvel cansao.

    (E) H sempre um filme passando nos trs ou quatro monitores de TV, estrategicamente dispostos no corredor.

    Comentrio: O ltimo perodo : Fica a impresso de que a vida interior das pessoas vem-se reduzindo na mesma proporo em que se expandem os recursos eletrnicos. Percebemos que essa frase no se refere aos trechos expostos nas alternativas (B), (C), (D) e (E). Mas a alternativa (A) mostra literalmente as palavras-chave do ltimo perodo: (A): ...h dispositivos de toda espcie para no deixar um passageiro entregar-se ao curso das idias e da imaginao pessoal. (texto): Fica a impresso de que a vida interior das pessoas vem-se reduzindo na mesma proporo em que se expandem os recursos eletrnicos. Gabarito: A

    A amizade Uma amizade verdadeira possui to grandes vantagens que mal posso descrev-las. Para comear, em que pode consistir uma vida vivvel que no encontre descanso na afeio partilhada com um amigo? Que h de mais agradvel que ter algum a quem se ousa contar tudo como a si mesmo? De que seria feita a graa to intensa de nossos sucessos, sem um ser para se alegrar com eles tanto quanto ns? E em relao a nossos reveses, seriam mais difceis de suportar sem essa pessoa, para quem eles so ainda mais

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    penosos que para ns mesmos. Os outros privilgios da vida a que as pessoas aspiram s existem em funo de uma nica forma de utilizao: as riquezas, para serem gastas; o poder, para ser cortejado; as honrarias, para suscitarem os elogios; os prazeres, para deles se obter satisfao; a sade, para no termos de padecer a dor e podermos contar com os recursos de nosso corpo. Quanto amizade, ela contm uma srie de possibilidades. Em qualquer direo a que a gente se volte, ela est l, prestativa, jamais excluda de alguma situao, jamais importuna, jamais embaraosa. Por isso, como diz o ditado, nem a gua nem o fogo nos so mais prestimosos que a amizade. E aqui no se trata da amizade comum ou medocre (que, no entanto, proporciona alguma satisfao e utilidade), mas da verdadeira, da perfeita, qual venho me referindo. Pois a amizade torna mais maravilhosos os favores da vida, e mais leves, porque comunicados e partilhados, seus golpes mais duros.

    (Adaptado de Ccero, filsofo e jurista romano) Questo 11: Ao tratar da amizade verdadeira, Ccero d um peso especial ao fato de que ela

    (A) um privilgio desfrutado de uma forma nica e exclusiva. (B) intensifica nossas conquistas e ameniza nossos infortnios. (C) abre caminho para o exerccio de um poder que todos desejamos. (D) produz honrarias que todos os amigos podem compartilhar. (E) afasta os padecimentos morais e multiplica as alegrias. Comentrio: As ltimas frases do texto relatam: E aqui no se trata da amizade comum ou medocre (...), mas da verdadeira, da perfeita, qual venho me referindo. Pois a amizade torna mais maravilhosos os favores da vida, e mais leves, porque comunicados e partilhados, seus golpes mais duros. A alternativa (B) a correta, pois nela se diz que amizade verdadeira intensifica nossas conquistas (os favores da vida) e ameniza nossos infortnios (golpes mais duros). Gabarito: B Questo 12: No segundo pargrafo, os segmentos iniciados por as riquezas (...), as honrarias (...) e os prazeres (...) deixam subentendida a forma verbal:

    (A) aspiram. (B) contm. (C) obtm. (D) suscitam. (E) existem. Comentrio: Deve-se observar nesta questo o motivo da vrgula aps as palavras riquezas, poder, honrarias, prazeres. Elas marcam a elipse de um verbo e so seus sujeitos. A questo apenas pede para identificar o verbo. No texto, temos: Os outros privilgios da vida a que as pessoas aspiram s existem em funo de uma nica forma de utilizao: as riquezas (existem), para serem gastas; o poder (existe), para ser cortejado; as honrarias (existem), para suscitarem

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    os elogios; os prazeres (existem), para deles se obter satisfao... Essa estrutura ocorre para no haver repetio de vocbulo facilmente subentendido no contexto. Gabarito: E Questo 13: Atente para as seguintes afirmaes:

    I. A expresso nossos reveses (1 pargrafo) empregada com sentido equivalente ao de golpes mais duros (3 pargrafo).

    II. Em vez de podermos contar (2 pargrafo), o emprego da forma pudermos contar seria mais adequado construo da frase.

    III. Os termos comunicados e partilhados (3 pargrafo) referem-se ao termo anterior favores.

    Em relao ao texto, est correto SOMENTE o que se afirma em

    (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III. Comentrio: A frase I est correta, pois os reveses so entendidos como problemas, desgostos na vida. Podemos entender a palavra golpes tambm com esse mesmo sentido. A frase II est errada porque podermos est na forma nominal infinitiva, haja vista que se encontra em orao subordinada adverbial de finalidade reduzida (a preposio para introduz essa construo); j o verbo pudermos seria o futuro do subjuntivo e no caberia nesse contexto. Para entender que a frase III est errada, deve-se reescrever um fragmento da ltima frase na ordem direta: a amizade torna (...) mais leves seus golpes mais duros, porque comunicados e partilhados. Ento so os golpes mais duros comunicados e partilhados, e no os favores. Portanto, a correta a alternativa (A). Gabarito: A Questo 14: Que h de mais agradvel que ter algum a quem se ousa contar tudo como a si mesmo?

    Pode-se substituir o segmento sublinhado na frase acima, sem prejuzo para o sentido, clareza e correo, por:

    (A) com a audcia de contar tudo para si mesmo? (B) que pode contar com si mesmo? (C) com a coragem de quem ousa contar tudo? (D) com fora para contar tudo sobre si prprio? (E) para confidenciar, sem receio, tudo de si? Comentrio: Deve-se perceber nesta questo a presena do objeto indireto a quem, significando que algum receberia alguma ao, portanto esse algum deve ser paciente e no agente. As alternativas (A, B, C e D) transmitem o sentido desse algum retomado pelo a quem como agente. No entanto, somente a alternativa (E) pode ser entendida com valor paciente: algum para confidenciar, sem receio, tudo de si. Quem conta, quem

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    confidencia no foi abordado nesse trecho. Apenas a quem isso foi dirigido. Observe-se o erro gramatical na (B), no existe com si mesmo, mas consigo mesmo. Gabarito: E

    TRE TO 2011 Analista

    Carto de Natal Pois que reinaugurando essa criana pensam os homens reinaugurar a sua vida e comear novo caderno, fresco como o po do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de voo, e parece que vo enfim poder explodir suas sementes: que desta vez no perca esse caderno sua atrao nbil para o dente; que o entusiasmo conserve vivas suas molas, e possa enfim o ferro comer a ferrugem o sim comer o no.

    Joo Cabral de Melo Neto Questo 15: No poema, Joo Cabral

    (A) critica o egosmo, e manifesta o desejo de que na passagem do Natal as pessoas se tornem generosas e faam o sim comer o no.

    (B) demonstra a sua averso s festividades natalinas, pois nestes dias a aventura parece em ponto de vo, mas depois a rotina segue como sempre.

    (C) critica a atrao nbil para o dente daqueles que transformam o Natal em uma apologia ao consumo e se esquecem do seu carter religioso.

    (D) observa com otimismo que o Natal um momento de renovao em que os homens se transformam para melhor e fazem o ferro comer a ferrugem.

    (E) manifesta a esperana de que o Natal traga, de fato, uma transformao, e que, ao contrrio de outros natais, seja possvel comear novo caderno.

    Comentrio: Um poema no deve ser lido como um texto em prosa. Voc deve perceber que o poema deve ser curto e sugestivo; pois poucas palavras devem induzir o leitor a entender algo alm do que est apenas escrito. S h delicadeza, arte e valor quando o poema no diz diretamente o tema, mas sugere por sensibilidade, sonoridade, linguagem figurada. Veja que o poeta no fala da passagem do ano. Ele a sugere como consequncia da expresso reinaugurando essa criana. A expresso essa criana uma meno ao menino Jesus. Ao reinaugur-lo, manifestada a passagem de natal e o desejo do homem em mudar (reinaugurar) sua vida e pensar a mudana desta vida (comear novo caderno).

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    Note no final da segunda estrofe a expresso explodir suas sementes. lgico que ela no est em seu sentido direto, denotativo; mas figurado, conotativo. Veja os dois-pontos na sequncia. Isso quer dizer que h uma explicao dessa exploso de sementes. Para que as sementes explodem? Para germinar, para florescer, para gerar nova vida. E o que pensamos nas passagens de ano, no o mesmo? Queremos sempre mudana, sempre pensando positivo para que a vida melhore. esse o desejo do poeta. Mas ele no fala diretamente, mas sugere. A est a arte, a melodia, o ritmo. Veja que este caderno a vida, na qual escrevemos nossa histria. O verso que no perca sua atrao nbil para o dente mostra o desejo de que os problemas (o dente) no destruam nossos objetivos, nossa unio (atrao nbil) e que tenhamos sempre entusiasmo em nossa vida para que tudo corra bem (conserve vivas suas molas). E assim a vida possa ser melhor com nosso desejo vencendo os problemas (o ferro comer a ferrugem / o sim comer o no). Pela forma como abordamos, veja agora a alternativa (E): No poema, Joo Cabral manifesta a esperana de que o Natal traga, de fato, uma transformao, e que, ao contrrio de outros natais, seja possvel comear novo caderno. Pois que reinaugurando essa criana pensam os homens reinaugurar a sua vida e comear novo caderno, fresco como o po do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de voo, e parece que vo enfim poder explodir suas sementes: que desta vez no perca esse caderno sua atrao nbil para o dente; que o entusiasmo conserve vivas suas molas, e possa enfim o ferro comer a ferrugem o sim comer o no. Gabarito: E Questo 16: correto perceber no poema uma equivalncia entre

    (A) ferrugem e aventura. (B) dente e entusiasmo. (C) caderno e vida. (D) sementes e po do dia. (E) ferro e atrao nbil. Comentrio: Veja que o terceiro e quarto versos so paralelos, ligados pela conjuno e. Isso mostra a juno de mesmas ideias, mesmos princpios. Veja abaixo o poema com as palavras das alternativas em destaque e em

    1

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    seguida o significado dessas palavras. Pois que reinaugurando essa criana pensam os homens reinaugurar a sua vida e comear novo caderno, fresco como o po do dia;(amanhecer) pois que nestes dias a aventura (vontades, desejos) parece em ponto de voo, e parece que vo enfim poder explodir suas sementes: (trazer consequncias boas, nova vida) que desta vez no perca esse caderno sua atrao nbil para o dente; (casamento, enlace) X (problema) que o entusiasmo conserve vivas (vontade, desejo) suas molas, e possa enfim o ferro (nosso desejo) comer a ferrugem (nossos problemas) o sim comer o no. Gabarito: C Questo 17: Pois que reinaugurando essa criana

    O segmento grifado acima pode ser substitudo, no contexto, por:

    (A) Mesmo que estejam. (B) Apesar de estarem. (C) Ainda que estejam. (D) Como esto. (E) Mas esto. Comentrio: Note que essa estrutura uma orao reduzida de gerndio. A banca nos ajudou muito inserindo 4 alternativas com valor de oposio. As alternativas (A), (B) e (C) transmitem valor adverbial concessivo. A alternativa (E) possui valor coordenado adversativo. O nico diferente a alternativa (D), com o valor adverbial de causa. Por isso esta a correta. Gabarito: D Questo 18: que desta vez no perca esse caderno

    Com a frase acima o poeta

    (A) alude a uma impossibilidade. (B) exprime um desejo. (C) demonstra estar confuso. (D) revela sua hesitao. (E) manifesta desconfiana. Comentrio: Pela nossa explicao anterior, verificamos que h vontade de mudana. O verbo perca encontra-se no presente do subjuntivo, e sabemos que esse tempo verbal exprime desejo, possibilidade. Isso confirma a alternativa (B) como correta. Gabarito: B

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    Assembleia Legislativa SP - 2010 - Analista "Nenhum homem uma ilha", escreveu o ingls John Donne em 1624, frase que atravessaria os sculos como um dos lugares-comuns mais citados de todos os tempos. Todo lugar-comum, porm, tem um alicerce na realidade ou nos sentimentos humanos e esse no exceo. Durante toda a histria da espcie, a biologia e a cultura conspiraram juntas para que a vida humana adquirisse exatamente esse contorno, o de um continente, um relevo que se espraia, abraa e se interliga. A vida moderna, porm, alterou-o de maneira drstica. Em certos aspectos partiu o continente humano em um arquiplago to fragmentado que uma pessoa pode se sentir totalmente separada das demais. Vencer tal distncia e se reunir aos outros, entretanto, um dos nossos instintos bsicos. E a ele que atende um setor do mercado editorial que cresce a passos largos: o da autoajuda e, em particular, de uma autoajuda que se pode descrever como espiritual. No porque tenha necessariamente tonalidades religiosas (embora elas, s vezes, sejam ntidas), mas porque se dirige quelas questes de alma que sempre atormentam os homens. Como a perda de uma pessoa querida, a rejeio ou o abandono, a dificuldade de conviver com os prprios defeitos e os alheios, o medo da velhice e da morte, conflitos com os pais e os filhos, a frustrao com as aspiraes que no se realizaram, a perplexidade diante do fim e a dvida sobre o propsito da existncia. Questes que, como sculos de filosofia j explicitaram, nem sempre tm soluo clara mas que so suportveis quando se tem com quem dividir seu peso, e esmagadoras quando se est s. As mudanas que conduziram a isso no so poucas nem sutis: na sua segunda metade, em particular, o sculo XX foi prdigo em abalos de natureza social que reconfiguraram o modo como vivemos. O campo, com suas relaes prximas, foi trocado em massa pelas cidades, onde vigora o anonimato. As mulheres saram de casa para o trabalho, e a instituio da "comadre" virtualmente desapareceu. Desmanchou-se tambm a ligao quase compulsria que se tinha com a religio, as famlias encolheram drasticamente no s em nmero de filhos mas tambm em sua extenso. A vida profissional se tornou terrivelmente competitiva, o que acrescenta ansiedade e reduz as chances de fazer amizades verdadeiras no local de trabalho. Tambm o celular e o computador fazem sua parte, aumentando o nmero de contatos de que se desfruta, mas reduzindo sua profundidade e qualidade. Perdeu-se aquela vasta rede de segurana que, certo, originava fofoca e intromisso, mas tambm implicava conselhos e experincia, valores slidos e afeio desprendida, que no aumenta nem diminui em funo do sucesso ou da beleza. Essa a lacuna da vida moderna que a autoajuda vem se propondo a preencher: esse sentido de desconexo que faz com que em certas ocasies cada um se sinta como uma ilha desgarrada do continente e sem meios de se reunir novamente a ele.

    (Isabela Boscov e Silvia Rogar. Veja, 2 de dezembro de 2009, pp. 141143, com adaptaes)

    Questo 19: A afirmativa inicial do texto significa, em outras palavras, que

    (A) o fato de uma pessoa se manter isolada das demais um dos aspectos inerentes natureza humana.

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    (B) todos os homens podem usufruir, por deciso prpria, situaes de afastamento dos demais, semelhana de uma ilha.

    (C) o sentimento coletivo transforma os homens num aglomerado de ilhas, como num arquiplago.

    (D) o isolamento entre os homens pode fazer parte de sua natureza, embora eles vivam em sociedade.

    (E) os homens so dependentes uns dos outros por natureza, distintos das ilhas, que so isoladas por definio.

    Comentrio: Esta outra questo localizada, em que a banca situa a interpretao a partir de um ponto determinado no texto. Na alternativa (A), o erro dizer que se manter isolado uma caracterstica do ser humano, mas o primeiro pargrafo prova o contrrio em: Durante toda a histria da espcie, a biologia e a cultura conspiraram juntas para que a vida humana adquirisse exatamente esse contorno, o de um continente, um relevo que se espraia, abraa e se interliga. Na alternativa (B), uma ilha no tem deciso prpria. Alis, ela no decide nada!!!!! Na alternativa (C), o sentimento coletivo faz o contrrio, ele une, no d margem individualizao (ilha). Na alternativa (D), o primeiro pargrafo nos mostra que no faz parte do ser humano a cultura de se isolar, mas de se agrupar. A alternativa (E) a correta, pois o homem se interliga (primeiro pargrafo); diferente da ilha, cuja definio j a de isolar-se. Gabarito:E Questo 20: De acordo com o texto,

    (A) as mudanas sociais ocorridas no sculo XX alteraram o modo de vida das pessoas, permitindo maior aproximao entre elas.

    (B) a transformao de um mundo rural em uma sociedade urbana favoreceu o surgimento de uma rede de contatos pessoais mais prximos.

    (C) a ausncia de um verdadeiro sentimento religioso induz as pessoas a uma insatisfao que marca at mesmo as relaes de trabalho na sociedade moderna.

    (D) a beleza e o sucesso pessoal passaram a ser mais importantes na vida moderna, em detrimento das relaes de verdadeira e desinteressada afeio.

    (E) a vida moderna instituiu novos padres e valores que regem a sociedade, aproximando os homens em torno de servios oferecidos pelas cidades.

    Comentrio: A correta a alternativa (D); pois, no ltimo pargrafo, temos os vestgios Perdeu-se e que no aumenta nem diminui em funo do sucesso ou da beleza. Isso nos faz inferir que hoje so muito valorizados o sucesso e a beleza, algo que no era antigamente e com isso se perdeu a vasta rede de segurana. Note que as demais alternativas possuem ideias bem fora do contexto. (A): Segundo o texto, as mudanas ocorridas no sculo XX esto fazendo o ser humano distanciar-se dos outros. (B): Esta alternativa est errada pelo mesmo motivo da anterior. Com a urbanizao, o homem teve a tendncia de isolar-se. (C): Esta alternativa extrapolou o contedo do texto. No h no texto indcio

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    de que no h verdadeiro sentimento religioso e que isso induza as pessoas a uma insatisfao. (E): Esta alternativa tambm extrapolou o contedo do texto no fragmento aproximando os homens em torno de servios oferecidos pelas cidades. Gabarito:D Questo 21: Considerando-se o 2 pargrafo, est INCORRETO o que se afirma em:

    (A) O pargrafo se articula com o 1 por meio de uma ressalva, expressa por porm.

    (B) O segmento grifado em partiu o continente humano pode ser substitudo por partiu-lhe.

    (C) H relao de causa e consequncia no segmento um arquiplago to fragmentado que uma pessoa pode se sentir totalmente separada das demais.

    (D) H nele enumerao de situaes que exemplificam as questes de alma que sempre atormentam os homens.

    (E) Substituindo-se o segmento grifado em quando se est s por estamos, a palavra s dever ir obrigatoriamente para o plural ss.

    Comentrio: Basta notar que foi pedida a alternativa errada. Assim, o verbo partiu transitivo direto e o continente humano o objeto direto, s cabendo o pronome oblquo tono o. Na alternativa (A), bastava o candidato ver a conjuno porm deslocada (A vida moderna, porm, alterou-o) e se lembrar de que as conjunes coordenadas adversativas e adverbiais concessivas transmitem contraste, oposio e ressalva. Na alternativa (C), bastava o candidato verificar a estrutura da orao subordinada adverbial consecutiva, a qual exploramos na aula 3. A conjuno consecutiva que se ligou ao intensificador to, assim temos a orao principal (um arquiplago to fragmentado - valor de causa) e a orao subordinada adverbial consecutiva (que uma pessoa pode se sentir totalmente separada das demais - consequncia). Na alternativa (D), a palavra denotativa de exemplificao Como inicia uma sequncia de situaes (enumerao). Isso serve para confirmar o que se diz na orao anterior: quelas situaes de alma que sempre atormentam os homens. Na alternativa (E), bastava atentar-se quanto concordncia nominal do adjetivo s/ss. Gabarito: B Questo 22: A expresso cujo sentido est corretamente transcrito, com outras palavras, :

    (A) um alicerce na realidade = uma base na existncia efetiva. (B) alterou-o de maneira drstica = substituiu-o paulatinamente. (C) um arquiplago to fragmentado = ilhas de relevo acidentado. (D) foi prdigo em abalos de natureza social = permitiu algumas alteraes na

    sociedade. (E) a ligao quase compulsria = uma convico extrema.

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    Comentrio: Esta questo tpica da Fundao Carlos Chagas e vamos explorar bastante a partir da prxima aula, com as provas comentadas. No se quer que o candidato conhea o sentido de todos os vocbulos, o que deve ser feito a contextualizao da palavra. Numa leitura bem atenta do texto, conseguimos interpretar o sentido destes vocbulos, mesmo no conhecendo seu sinnimo extra-textual. Assim, vamos por eliminao. Normalmente, devemos eliminar as alternativas que esto bem fora do contexto. Se ficarmos em dvida em alguma, voltamos ao texto e tiramos a dvida. Veja: Na alternativa (A), alicerce tem a ver com base, realidade tem a ver (conotativamente) com existncia efetiva. Assim, no eliminamos esta alternativa, porque tem possibilidades de ser a correta. Na alternativa (B), alterou tem a ver com substituiu, mas maneira drstica no tem nada a ver com paulatinamente. Eliminamos, portanto, esta alternativa. Na alternativa (C), arquiplago tem a ver com ilhas, porm to fragmentado (sentido figurado, conotativo) no tem nada a ver com relevo acidentado (sentido real, concreto, denotativo). Tambm eliminamos. Na alternativa (D), prdigo em abalos (cheio de, em excesso) no tem nada a ver com permitiu algumas alteraes . Eliminamos mais uma. Na alternativa (E), compulsria (algo forado, exigido) no tem nada a ver com extrema, alm de ligao no ter a ideia de convico. Gabarito: A Questo 23: As mudanas que conduziram a isso no so poucas nem sutis... (3 pargrafo)

    A expresso grifada refere-se, corretamente,

    (A) s condies impostas tanto pela biologia quanto pela cultura ao modo de vida que se desenhou nos dias de hoje.

    (B) ao crescimento de um tipo de literatura que se difundiu pelo mundo todo, como alternativa perda do antigo sentimento religioso.

    (C) retomada do esprito de unio que sempre caracterizou os agrupamentos humanos, com a conscincia de que cada um parte de um todo social.

    (D) s questes existenciais que se agravaram diante da percepo de isolamento existente nas contingncias da vida moderna.

    (E) certeza de que frases que se tornam repetitivas ao longo do tempo constituem a base da autoajuda, to importante nos dias de hoje.

    Comentrio: Esta questo trabalha o assunto coeso referencial, isto , a quem o vocbulo se refere. Perceba onde se localiza esta palavra, ela retoma expresso anterior: a enumerao dos exemplos de situaes que envolvem as questes existncias. Por isso, a alternativa (D) a correta. Gabarito: D Questo 24: E a ele que atende um setor do mercado editorial que cresce a passos largos... (2 pargrafo)

    O pronome grifado acima substitui corretamente, considerando-se o contexto,

    (A) um arquiplago fragmentado. (B) um relevo que se espraia.

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    (C) um dos nossos instintos bsicos. (D) um dos lugares-comuns mais citados de todos os tempos. (E) um setor de autoajuda do mercado editorial. Comentrio: Outra questo de coeso referencial. Observe o posicionamento no texto deste pronome. Veja a quem se liga: ao termo anterior. Esse termo um dos nossos instintos bsicos. Note que ele retoma o ncleo um, por isso est no singular e masculino. Gabarito: C

    DNOCS 2010 Superior

    Texto: Cultura de massa e cultura popular

    O poder econmico expansivo dos meios de comunicao parece ter abolido, em vrios momentos e lugares, as manifestaes da cultura popular, reduzindo-as funo de folclore para turismo. Tal a penetrao de certos programas de rdio e TV junto s classes pobres, tal a aparncia de modernizao que cobre a vida do povo em todo o territrio brasileiro, que, primeira vista, parece no ter sobrado mais nenhum espao prprio para os modos de ser, pensar e falar, em suma, viver, tradicionais e populares. A cultura de massa entra na casa do caboclo e do trabalhador da periferia, ocupando-lhe as horas de lazer em que poderia desenvolver alguma forma criativa de autoexpresso; eis o seu primeiro tento. Em outro plano, a cultura de massa aproveita-se dos aspectos diferenciados da vida popular e os explora sob a categoria de reportagem popularesca e de turismo. O vampirismo assim duplo e crescente; destri-se por dentro o tempo prprio da cultura popular e exibe-se, para consumo do telespectador, o que restou desse tempo, no artesanato, nas festas, nos ritos. Poderamos, aqui, configurar com mais clareza uma relao de aparelhos econmicos industriais e comerciais que exploram, e a cultura popular, que explorada. No se pode, de resto, fugir luta fundamental: o capital procura de matria-prima e de mo de obra para manipular, elaborar e vender. A macumba na televiso, a escola de samba no Carnaval estipendiado para o turista, so exemplos de conhecimento geral. No entanto, a dialtica uma verdade mais sria do que supe a nossa v filosofia. A explorao, o uso abusivo que a cultura de massa faz das manifestaes populares no foi ainda capaz de interromper para sempre o dinamismo lento, mas seguro e poderoso da vida arcaico-popular, que se reproduz quase organicamente em microescalas, no interior da rede familiar e comunitria, apoiada pela socializao do parentesco, do vicinato e dos grupos religiosos.

    (Alfredo Bosi. Dialtica da colonizao. S. Paulo: Companhia das Letras, 1992, pp. 328-29)

    Questo 25: Tomando como referncias a cultura de massa e a cultura popular, o autor do texto considera que, entre elas,

    (A) no h qualquer relao possvel, uma vez que configuram universos distintos no tempo e no espao.

    (B) h uma relao de necessria interdependncia, pois no h sociedade que possa prescindir de ambas.

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    (C) h uma espcie de simbiose, uma vez que j no possvel distinguir uma da outra.

    (D) h uma relao de apropriao, conforme se manifestam os efeitos da primeira sobre a segunda.

    (E) h uma espcie de dialtica, pois cada uma delas se desenvolve medida que sofre a influncia da outra.

    Comentrio: Notamos ao longo do texto um contraste entre a cultura de massa e a cultura popular, em que a primeira tenta se apoderar da segunda. Assim, a alternativa (D) a correta, pois realmente h uma relao de apropriao da cultura de massa sobre a cultura popular. Note que esta alternativa no possui palavras categricas. Assim, entendemos que de maneira geral ocorre essa apropriao, mesmo no sendo total.

    Voc poderia ter ficado na dvida em relao alternativa (E), mas veja que nela dito que uma sofre a influncia da outra. Como no h uma identificao das culturas, nenhum trecho nos induz a interpretar que haveria uma influncia mtua: a cultura de massa influenciaria a cultura popular e vice-versa. Isso confirma a alternativa como errada.

    A alternativa (A) est bem fora, pois a palavra qualquer categrica e transmite uma interpretao bem equivocada.

    A alternativa (B) est errada, pois no h uma relao de necessria interdependncia.

    A alternativa (C) est errada, pois todo o texto mostra os contrastes entre essas culturas, assim no h simbiose (associao entre dois seres em comum). Gabarito: D Questo 26: Atente para as seguintes afirmaes:

    I. No primeiro pargrafo, afirma-se que a modernizao determinante para a sobrevivncia de algumas formas autnticas da cultura popular.

    II. No segundo pargrafo, a expropriao sofrida pela cultura de massa vista na sua concomitncia com o desprestgio da cultura popular.

    III. No terceiro pargrafo, aponta-se a resistncia das manifestaes de cultura popular, observadas em determinados crculos sociais.

    Em relao ao texto, est correto SOMENTE o que se afirma em

    (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III. Comentrio: A afirmativa I est errada, pois a modernizao no determinante para a cultura popular. A afirmativa II est errada, pois quem sofre expropriao a cultura popular. A afirmativa III est correta, pois realmente no terceiro pargrafo h um contraste, mostrando que a cultura popular ainda resiste (A explorao, o uso abusivo que a cultura de massa faz das manifestaes populares no foi

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    ainda capaz de interromper para sempre o dinamismo lento, mas seguro e poderoso da vida arcaico-popular). Alm disso, foi afirmado que isso ocorre em alguns crculos sociais. Veja o trecho que comprova isso: que se reproduz quase organicamente em microescalas, no interior da rede familiar e comunitria, apoiada pela socializao do parentesco, do vicinato e dos grupos religiosos. Assim, a alternativa correta a (C). Gabarito: C Questo 27: Um mesmo fenmeno expresso pelos segmentos:

    (A) poder econmico expansivo e socializao do parentesco. (B) aparncia de modernizao e forma criativa de autoexpresso. (C) aspectos diferenciados da vida popular e reportagem popularesca. (D) aparelhos econmicos e a dialtica uma verdade mais sria. (E) o dinamismo lento e se reproduz quase organicamente. Comentrio: Esta questo cobrou simplesmente a localizao dos trechos no texto e a observao da referncia ao mesmo argumento (fenmeno). Na alternativa (A), poder econmico expansivo refere-se aos meios de comunicao (cultura de massa); j socializao do parentesco refere-se cultura popular. Assim, fenmenos diferentes. Na alternativa (B), aparncia de modernizao o mascaramento provocado pela cultura de massa; j a forma criativa de autoexpresso se refere cultura popular. Assim, fenmenos diferentes. Na alternativa (C), aspectos diferenciados da vida popular se refere cultura popular; j reportagem popularesca refere-se cultura de massa. Assim, fenmenos diferentes. Na alternativa (D), aparelhos econmicos refere-se cultura de massa; mas dialtica uma verdade mais sria trecho que trata da cultura popular. Assim, fenmenos diferentes. A alternativa (E) a correta, pois se refere ao mesmo fenmeno: a cultura popular. Para isso, basta verificar este trecho no texto: "o dinamismo lento, mas seguro e poderoso da vida arcaico-popular, que se reproduz quase organicamente em microescalas". Gabarito: E Questo 28: Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

    (A) reduzindo-as funo (1 pargrafo) = incitando-as extrapolao. (B) vampirismo (...) crescente (2 pargrafo) = progressiva avidez. (C) seu primeiro tento (2 pargrafo) = sua primitiva meta. (D) estipendiado para o turista (2 pargrafo) = estilizado para o visitante. (E) socializao do parentesco (3 pargrafo) = sociabilidade dos vnculos. Comentrio: Na alternativa (A), "reduzindo-as funo" restringe algo, diminui suas possibilidades. J, em "incitando-as extrapolao", o sentido oposto. Na alternativa (B), veja que, no contexto em que se encontra, "vampirismo" significa sugar as potencialidades. Esse o sentido prximo de avidez(cobia, ambio). Os vocbulos "crescente" e "progressiva" tambm

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    so sinnimos contextuais. Assim, a alternativa correta. Na alternativa (C), a expresso "seu primeiro tento" significa o primeiro dos objetivos, a primeira meta. Esse sentido bem diferente de "primitiva" meta. Este vocbulo tem o sentido de primrio (original). No contexto, bem diferente de primeiro. Na alternativa (D), "estipendiando" significa cobrando, tirando proveito pecunirio. Bem diferente de estilizado, concorda? Se voc no sabia o que significava a palavra "estipendiando", a palavra estilizado nos ajudou a perceber que no cabe no contexto. Ento, tambm conseguiramos eliminar esta alternativa. Na alternativa (E), "parentesco" e "vnculo", fora do contexto, at poderiam ter proximidades de sentido. Mas, no contexto, "parentesco" um subgrupo dos diversos tipos de vnculos. Assim, o primeiro possui um valor bem mais restrito, especfico, enquanto o outro tem um valor bem generalizante, o qual engloba os outros termos do texto, como "vicinato", "grupos religiosos", os quais esto paralelos a "parentesco". Gabarito: B Questo 29: No 3 pargrafo, o autor vale-se do termo dialtica para indicar

    (A) a dinmica pela qual a cultura popular ainda resiste cultura de massa. (B) a absoluta absoro que a cultura de massa impe cultura popular. (C) a contradio entre interesse econmico e a macumba na televiso. (D) o contraste entre manifestaes populares e relaes de vicinato. (E) o apoio que a cultura de massa acaba representando para a popular. Comentrio: Perceba que o terceiro pargrafo inicia-se com a conjuno coordenada adversativa No entanto, para fazer um contraste ao que foi dito anteriormente. Nos dois pargrafos anteriores, observa-se a nfase na tentativa de absoro da cultura popular pela cultura de massa. No terceiro pargrafo, mostra-se a sobrevivncia da cultura popular, mesmo com a fora que a cultura de massa possui. A alternativa (A) a correta, pois refora que a cultura popular ainda resiste cultura de massa por meio de seu dinamismo lento, mas seguro e poderoso da vida arcaico-popular.

    A alternativa (B) est errada, pois no houve absoluta absoro. Veja isso na expresso no foi ainda capaz de interromper.

    A alternativa (C) est errada, porque no houve contradio entre interesse econmico e a macumba na televiso.

    A alternativa (D) est errada, pois no h contraste entre manifestaes populares e relaes de vicinato.

    A alternativa (E) est errada, percebemos ao longo do texto e mais enfaticamente no terceiro pargrafo que no h apoio da cultura de massa para a popular. Gabarito: A Questo 30: No segundo pargrafo, o elemento sublinhado na construo

    (A) ocupando-lhe as horas de lazer refere-se ao termo casa. (B) eis o seu primeiro tento refere-se expresso forma criativa.

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    (C) eis o seu primeiro tento refere-se expresso cultura de massa. (D) ocupando-lhe as horas de lazer refere-se expresso cultura de massa. (E) eis o seu primeiro tento refere-se expresso horas de lazer. Comentrio: O pronome lhe retoma caboclo ou trabalhador e o pronome seu retoma cultura de massa. Assim, a alternativa correta a (C).

    Gabarito: C

    Vamos partir para outro assunto: Redao (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas). Neste tema, temos vrias frases em que a banca pede para verificar se h respeito norma culta, e s vezes, pede qual das alternativas possui atendimento clareza, coeso e coerncia. Na realidade, a banca bem objetiva. Ela quer nos testar quanto ao conhecimento gramatical como um todo. Uma leitura atenta das alternativas nos ajuda muito. Por isso, vamos direto prtica. Questo 31: TRT 16R 2009 Tcnico Os nmeros iniciais do Censo 2000 revelam melhorias. A queda das taxas de mortalidade infantil foi maior do que o esperado. Boa parte da populao brasileira continua vivendo na pobreza.

    As frases acima formam um nico perodo, com correo e lgica, em:

    (A) Se as taxas de mortalidade infantil entraram em queda maior do que era esperada, a populao brasileira continua vivendo na pobreza, apesar das melhorias que o Censo 2000, revelam em seus dados iniciais.

    (B) A populao brasileira em boa parte continua vivendo na pobreza, os nmeros iniciais do Censo 2000 revelam as melhorias, onde as taxas de mortalidade infantil em queda, maior do que se esperava.

    (C) Com a queda das taxas de mortalidade infantil, e os nmeros iniciais do Censo 2000 revela que foi maior que o esperado, mas boa parte da populao brasileira continua vivendo na pobreza.

    (D) Os nmeros iniciais do Censo 2000 melhoraram, com a queda das taxas de mortalidade infantil, que foi maior do que se esperavam, onde boa parte da populao brasileira continua vivendo na pobreza.

    (E) Boa parte da populao brasileira continua vivendo na pobreza, conquanto os nmeros iniciais do Censo 2000 revelem melhorias, como a queda das taxas de mortalidade infantil, maior do que o esperado.

    Comentrio: O ideal primeiro partir para o exame dos erros gramaticais. Se sobrar alguma dvida, observamos tambm a ligao entre as estruturas. Isso importante, para ganharmos tempo de prova.

    Na (A), no pode haver vrgula entre o sujeito e o predicado, por isso devemos retirar a vrgula aps o Censo 2000.

    Na (B), o primeiro problema o uso do onde sem se referir a lugar. Alm disso, a ltima orao precisa de um verbo. Corrigindo, teramos:

    A populao brasileira em boa parte continua vivendo na pobreza, os nmeros iniciais do Censo 2000 revelam as melhorias, mas as taxas de mortalidade

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    infantil em queda ainda so maiores do que se esperava.

    Na (C), deve-se retirar a conjuno e, pois no h adio. O verbo revela deve concordar com o sujeito plural os nmeros: revelam. Veja:

    Com a queda das taxas de mortalidade infantil, os nmeros iniciais do Censo 2000 revelam que foram maiores que o esperado, mas boa parte da populao brasileira continua vivendo na pobreza.

    Na (D), o verbo esperavam deve se flexionar no singular, porque seu sujeito que, o qual retoma o (singular), isto , isso era esperado. O vocbulo onde deve ser substitudo por mas, por haver uma ideia adversativa. Veja:

    Os nmeros iniciais do Censo 2000 melhoraram, com a queda das taxas de mortalidade infantil, que foi maior do que se esperava, mas boa parte da populao brasileira continua vivendo na pobreza.

    A alternativa (E) a correta. Poderamos pensar que maior deveria se flexionar no plural, entendendo revelam melhorias (...) maiores do que o esperado. uma estrutura possvel; porm, tambm podemos entender que maior do que o esperado apenas o comentrio do autor sobre a queda das taxas de mortalidade infantil. Para ficar mais claro, basta colocarmos esta expresso entre parnteses. Veja:

    Boa parte da populao brasileira continua vivendo na pobreza, conquanto os nmeros iniciais do Censo 2000 revelem melhorias, como a queda das taxas de mortalidade infantil (maior do que o esperado).

    Gabarito:E Questo 32: TRT 16R 2009 tcnico O vapor liberado pela transpirao das rvores sobe na atmosfera. O vapor encontra camadas de ar frio. O vapor se condensa e forma as nuvens.

    As frases acima encontram-se articuladas em um nico perodo, com clareza, correo e lgica, em:

    (A) O vapor, quando vai subindo na atmosfera com o vapor da transpirao das rvores, vo encontrar camadas de ar frio se condensando e formando as nuvens.

    (B) A fim de ser liberado pela transpirao das rvores, o vapor que se condensa formando as nuvens, quando encontra camadas de ar frio na atmosfera.

    (C) Ao subir na atmosfera, o vapor liberado pela transpirao das rvores encontra camadas de ar frio e se condensa, formando as nuvens.

    (D) O vapor que encontra camadas de ar frio se condensa e formam as nuvens, quando liberado pela transpirao das rvores, subindo na atmosfera.

    (E) O vapor se condensa formando as nuvens, sendo liberado pela transpirao das rvores que sobem na atmosfera, com as camadas de ar frio.

    Comentrio: J eliminamos a (A) porque a locuo verbal deve ficar no

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    singular por concordar com o sujeito O vapor: vai encontrar.

    Na (B), veja que no h coerncia, pois falta a orao principal. O problema foi a insero do pronome relativo que, o qual torna a orao que se condensa subordinada adjetiva. Porm esta estrutura deve fazer parte da orao principal. Para que a estrutura sinttica seja preservada, basta retirar o que. Por enquanto, estamos analisando apenas sintaticamente. Assim, ficaria:

    A fim de ser liberado pela transpirao das rvores, o vapor se condensa formando as nuvens, quando encontra camadas de ar frio na atmosfera.

    A alternativa (C) a correta. Perceba as vrgulas corretamente posicionadas e a concordncia tambm correta.

    Na (D), o problema maior a flexo no plural do verbo formam. Ele est paralelo orao anterior, fazendo referncia a O vapor (O vapor forma as nuvens). Alm disso, necessrio corrigir a estrutura oracional seguinte. Veja:

    O vapor que encontra camadas de ar frio se condensa e forma as nuvens. Quando liberado pela transpirao das rvores, sobe para a atmosfera.

    Na (E), as rvores no sobem na atmosfera... Gabarito: C Questo 33: TRT 24R 2006 Tcnico O animal silvestre dissemina sementes. O animal silvestre essencial para o equilbrio do meio ambiente. As sementes atuam na reproduo e na recomposio da vegetao. As sementes participam da cadeia alimentar e perpetuam a vida.

    As frases acima estruturam-se em um nico perodo com lgica, clareza e correo, em:

    (A) O animal silvestre quando dissemina sementes, essencial para equilibrar o meio ambiente, que essas sementes atuam na reproduo e na recomposio da vegetao, e participam da cadeia alimentar e perpetuam a vida.

    (B) O animal silvestre essencial para o equilbrio do meio ambiente, pois dissemina sementes que atuam na reproduo e na recomposio da vegetao, alm de participar da cadeia alimentar, perpetuando a vida.

    (C) As sementes, as quais atuam na reproduo e na recomposio da vegetao, participam da cadeia alimentar e perpetuam a vida, o animal silvestre que dissemina essas, essencial para o meio ambiente.

    (D) Essencial para o meio ambiente, as sementes reproduzem e recompe a vegetao, que o animal silvestre lhes dissemina, sementes para participar da cadeia alimentar e perpetuar a vida.

    (E) O animal silvestre dissemina sementes j que atuam na reproduo e na recomposio da vegetao, com a participao da cadeia alimentar, para a perpetuao da vida, o qual essencial para o meio ambiente.

    Comentrio: Este tipo de questo cobra de voc o ajuste semntico de quatro ideias (uma ideia em cada orao). Ao juntarmos todas, poderemos ficar meio perdidos quanto ao sentido. At chegarmos concluso desta

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    questo, poderamos perder muito tempo. Assim, vai um macete: encontrar erro gramatical mais fcil e rpido de eliminar as alternativas. Ento, faamos uma leitura em cada alternativa e vamos eliminando quando der. Veja:

    (A) O animal silvestre quando dissemina sementes, essencial para equilibrar o meio ambiente, que essas sementes atuam na reproduo e na recomposio da vegetao, e participam da cadeia alimentar e perpetuam a vida.

    Observe que a orao quando dissemina sementes subordinada adverbial temporal e est intercalada; por isso deve ficar entre vrgulas (no apenas no final, como est na alternativa). Veja a falta de coeso na expresso que essas. Esse pronome relativo deve ser precedido de preposio (em que). Os verbos atuam, participam e perpetuam esto paralelos (coordenados), por isso, antes do verbo participam deve-se retirar a conjuno e, deixando-se apenas a vrgula separando o primeiro do segundo termo enumerado. Corrigindo, temos:

    O animal silvestre, quando dissemina sementes, essencial para equilibrar o meio ambiente, em que essas sementes atuam na reproduo e na recomposio da vegetao, participam da cadeia alimentar e perpetuam a vida.

    Ao lermos a alternativa (B), no observamos problemas gramaticais. Assim, passamos frente, pois o que importa agora eliminar as erradas.

    (C) As sementes, as quais atuam na reproduo e na recomposio da vegetao, participam da cadeia alimentar e perpetuam a vida, o animal silvestre que dissemina essas, essencial para o meio ambiente.

    Veja como a expresso o animal silvestre que dissemina essas, essencial para o meio ambiente est mal construda. No h ligao com a estrutura anterior e est gramaticalmente incorreta. Ento, pulamos esta alternativa e vamos prxima.

    Na (D), veja que o verbo recompe deve se flexionar no plural. Alm disso, a estrutura que o animal silvestre lhes dissemina no retoma vegetao, e o verbo dissemina transitivo direto, no cabendo o pronome lhes.

    (E) O animal silvestre dissemina sementes j que atuam na reproduo e na recomposio da vegetao, com a participao da cadeia alimentar, para a perpetuao da vida, o qual essencial para o meio ambiente.

    Deve-se substituir a locuo j que por portanto, dessa forma ou por conseguinte pois no h causa, mas uma concluso, consequncia. Alm disso, Note como o pronome relativo o qual est longe de seu referente animal silvestre. Assim, novamente h truncamento sinttico. Percebemos, ento, que a nica resposta possvel realmente a (B). Gabarito: B Questo 34: TCE-SP 2012 Auxiliar de Fiscalizao Esforos devem ser feitos no sentido de preservar a regio Amaznica.

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    O potencial eltrico da Amaznia deve ser desenvolvido. reas devem ser oferecidas como compensao aos efeitos dos impactos

    ambientais, por exemplo. preciso conciliar os objetivos que se contrapem explorao do

    potencial hidreltrico da Amaznia.

    As frases acima articulam-se em um nico perodo, com clareza, correo e lgica, em:

    (A) Ainda que esforos devem ser feitos no sentido de preservar a regio Amaznica e o seu potencial eltrico desenvolvido, com reas que devem ser oferecidas como compensao aos efeitos dos impactos ambientais, assim se concilia os objetivos que se contrapem explorao do potencial hidreltrico da Amaznia.

    (B) O potencial eltrico da Amaznia deve ser desenvolvido, e com esforos no sentido de preservar a regio Amaznica, sendo preciso conciliar os objetivos que se contrapem essa explorao, em reas que devem ser oferecidas como compensao aos efeitos dos impactos ambientais.

    (C) Para conciliar os objetivos que se contrapem a explorao do potencial hidreltrico da Amaznia, deve ser feito esforos no sentido de preservar a regio Amaznica, com reas de compensao aos efeitos dos impactos ambientais, onde esse potencial eltrico deve ser desenvolvido.

    (D) O potencial eltrico da regio Amaznica, que deve ser desenvolvido com reas oferecidas como compensao aos efeitos dos impactos ambientais, e com esforos no sentido de preservar essa regio, sendo preciso conciliar os objetivos que se contrapem a explorao do potencial hidreltrico.

    (E) preciso conciliar os objetivos que se contrapem explorao do potencial hidreltrico da Amaznia, que deve ser desenvolvido, ao lado de esforos no sentido de preservar a regio, como, por exemplo, a oferta de reas que possam compensar os efeitos dos impactos ambientais.

    Comentrio: Faamos uma leitura de cada alternativa e vamos eliminando os erros gramaticais. Nem precisamos, ainda, julgar se o sentido original foi preservado. A alternativa (A) est errada, pois a locuo conjuntiva adverbial concessiva Ainda que traz um sentido de contraste, mas isso no cabe no perodo. O ideal seria sua substituio por Com seguido do pronome relativo que. O pronome apassivador se faz com que o sujeito paciente e plural (os objetivos) force o verbo transitivo direto ao plural (conciliam). Veja:

    Com esforos que devem ser feitos no sentido de preservar a regio Amaznica e o seu potencial eltrico desenvolvido, com reas que devem ser oferecidas como compensao aos efeitos dos impactos ambientais, assim se conciliam os objetivos que se contrapem explorao do potencial hidreltrico da Amaznia.

    A alternativa (B) est errada, pois no pode haver crase antes de pronome demonstrativo (se contrapem a essa explorao). Deve ser retirada a conjuno e, pois h apenas um adjunto adverbial de modo e este no est composto a outro anterior.

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    O potencial eltrico da Amaznia deve ser desenvolvido, com esforos no sentido de preservar a regio Amaznica, sendo preciso conciliar os objetivos que se contrapem a essa explorao, em reas que devem ser oferecidas como compensao aos efeitos dos impactos ambientais.

    A alternativa (C) est errada, pois a estrutura se contrapem exige a preposio a e o substantivo explorao est antecedido do artigo a. Assim, deve haver crase (se contrapem explorao do potencial hidreltrico da Amaznia). A locuo verbal deve concordar com seu sujeito plural (devem ser feitos esforos).

    Para conciliar os objetivos que se contrapem explorao do potencial hidreltrico da Amaznia, devem ser feitos esforos no sentido de preservar a regio Amaznica, com reas de compensao aos efeitos dos impactos ambientais, onde esse potencial eltrico deve ser desenvolvido.

    A alternativa (D) est errada, pois a estrutura adverbial composta possui a conjuno aditiva e, a qual no pode ser antecipada de vrgula, por no haver dentre esses termos adverbiais diviso interna com vrgula ou outra conjuno e. Assim devemos retirar tal vrgula. Alm disso, veja que a orao principal inicia-se com o sujeito O potencial eltrico da regio Amaznica, mas este no possui verbo conjugado em modo e tempo verbal, para que haja coeso e coerncia (O potencial eltrico da regio Amaznica ... sendo preciso...). Assim, devemos iniciar o pargrafo com uma expresso adverbial (Quanto ao potencial eltrico da regio Amaznica), alm de flexionar o verbo sendo no presente do indicativo, pois o seu sujeito a orao subordinada substantiva subjetiva reduzida de infin