Aula 04 - O Fauvismo, Seus Pintores e Influências

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1/1 O Fauvismo, seus pintores e influências Matisse A pintura de Matisse tinha cores fortes e brilhantes em largas áreas e apresentava contornos bem delineados. Ele buscou, em uma abordagem bastante intelectual, dar um sentido decorativo à sua pintura e obter uma reorganização do espaço, livre da perspectiva renascentista. Foi influenciado pelo hedonismo dos simbolistas e pelos poetas românticos, sendo que vários de seus quadros são inspirados em escritos de Baudelaire. Acreditava em uma harmonia cromática orientada da mesma forma que em uma música. Matisse foi muito influenciado por Gauguin, que seguiu literal e radicalmente esta proposta de olhar a arte como um primitivo e foi morar no Haiti. Após a morte de Moreau em 1898, Matisse continuou estudando e conheceu Derain (após ser convidado a se retirar de um atelier acadêmico no qual se escrevera anteriormente), que lhe apresentou Vlaminck. Vlaminck Maurice Vlaminck era um espírito livre que fugiu de casa aos 16 anos para viver de ciclismo e como músico de cabarés. Sua pintura era espontânea e ele não teve qualquer treinamento formal. Era autodidata, anarquista e escritor. Muito culto era interessado pelo uso e efeitos do uso da cor pura. Também foi o primeiro a “descobrir” (se interessar) pela escultura africana (que seria importante mais tarde, no desenvolvimento do Fauvismo e no Cubismo). Derain Derain vinha de uma família média e hesitou entre ser pintor ou escritor. A proposta do Fauvismo de usar a cor como agente puramente expressivo, era inadequado para seu temperamento disciplinado. Assim, depois do entusiasmo dos primeiros anos, buscou outros caminhos mais ligados à tradição. Investigou as novas formas introduzidas pela escultura primitiva, e buscou, em sua fase madura, uma realidade mais sólida e tangível do que a possibilitada através de efeitos fugazes de cor. Assim, sentiu-se atraído pelo Cubismo e, segundo Apollinaire, a estética do Cubismo foi inicialmente elaborada na mente de Derain, que compartilhou com Picasso e Braque o entusiasmo por Cézanne (este último teve a sua importância reconhecida em uma retrospectiva em 1907, um ano após sua morte). Branque Braque também expôs com os fauves, mas por um breve período. Foi uma fase importante, na qual a liberdade decorativa e o abandono do uso da perspectiva entre outras regras acadêmicas pelos fauves, o ajudou na formulação da linguagem cubista, da qual ele foi um dos precursores. Isso colaborou para esse movimento ser considerado por Apollinaire como “uma espécie de introdução ao Cubismo”.

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O Fauvismo, seus pintores e influências Matisse A pintura de Matisse tinha cores fortes e brilhantes em largas áreas e apresentava contornos bem delineados. Ele buscou, em uma abordagem bastante intelectual, dar um sentido decorativo à sua pintura e obter uma reorganização do espaço, livre da perspectiva renascentista. Foi influenciado pelo hedonismo dos simbolistas e pelos poetas românticos, sendo que vários de seus quadros são inspirados em escritos de Baudelaire. Acreditava em uma harmonia cromática orientada da mesma forma que em uma música. Matisse foi muito influenciado por Gauguin, que seguiu literal e radicalmente esta proposta de olhar a arte como um primitivo e foi morar no Haiti. Após a morte de Moreau em 1898, Matisse continuou estudando e conheceu Derain (após ser convidado a se retirar de um atelier acadêmico no qual se escrevera anteriormente), que lhe apresentou Vlaminck. Vlaminck Maurice Vlaminck era um espírito livre que fugiu de casa aos 16 anos para viver de ciclismo e como músico de cabarés. Sua pintura era espontânea e ele não teve qualquer treinamento formal. Era autodidata, anarquista e escritor. Muito culto era interessado pelo uso e efeitos do uso da cor pura. Também foi o primeiro a “descobrir” (se interessar) pela escultura africana (que seria importante mais tarde, no desenvolvimento do Fauvismo e no Cubismo). Derain

Derain vinha de uma família média e hesitou entre ser pintor ou escritor. A proposta do Fauvismo de usar a cor como agente puramente expressivo, era inadequado para seu temperamento disciplinado. Assim, depois do entusiasmo dos primeiros anos, buscou outros caminhos mais ligados à tradição. Investigou as novas formas introduzidas pela escultura primitiva, e buscou, em sua fase madura, uma realidade mais sólida e tangível do que a possibilitada através de efeitos fugazes de cor. Assim, sentiu-se atraído pelo Cubismo e, segundo Apollinaire, a estética do Cubismo foi inicialmente elaborada na mente de Derain, que compartilhou com Picasso e Braque o entusiasmo por Cézanne (este último teve a sua importância reconhecida em uma retrospectiva em 1907, um ano após sua morte). Branque Braque também expôs com os fauves, mas por um breve período. Foi uma fase importante, na qual a liberdade decorativa e o abandono do uso da perspectiva entre outras regras acadêmicas pelos fauves, o ajudou na formulação da linguagem cubista, da qual ele foi um dos precursores. Isso colaborou para esse movimento ser considerado por Apollinaire como “uma espécie de introdução ao Cubismo”.

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Influências do Fauvismo A principal influência foi Gauguin, com suas cores simbólicas e imaginadas em lugar de copiadas da natureza, seu desprezo pela perspectiva convencional e sua ênfase na decoração como forma de dar coesão à superfície da tela. Mas também influenciaram o Pontilhismo (desenvolvido por Seurat e Signag e então muito praticado) e Van Gogh, com suas cores vivas, expressivas, simbólicas e seu desenvolvimento do pós-Impressionismo em direção à expressão. Ainda houve influência de Cézanne, com sua ênfase na superfície da tela e suas cores interdependentes que sugeriam novas possibilidades a serem desenvolvidas e até das correntes literárias, que ajudavam a tornar o ambiente propício à experimentação e à circulação de ideias. As esculturas primitivas e sua abordagem diferente de toda a arte europeia começaram a ser colecionadas pelos fauves e logo por Picasso, oferecendo as novas possibilidades para o desenvolvimento da arte desenvolvidas pelo Cubismo.