Aula 01 semântica I

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Prof. Edson Ribeiro www.professoredsonribeiro.com Página | 1 L. Portugu e s a Língua Portuguesa MÓDULO 01 Conteúdo da Aula Conteúdo abordado: SEMÂNTICA DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO POLISSEMIA SINONÍMIA ANTONÍMIA CAMPO SEMÂNTICO HIPERÔNIMO HIPÔNIMO HOMÓNIMO PARÔNIMO SUMÁRIO Considerações Iniciais........................................ 01 Conotação x Denotação x Polissemia................ 02 Sinonímia x Antonímia....................................... 03 Lista de Questões Comentadas nas Aulas......... 29 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Todos os pontos da matéria a serem estudados por nós são de extrema importância, entretanto devo salientar que há alguns explorados com maior frequência pelas bancas. Este, com certeza, é um deles. Nas provas sempre nos deparamos com questões pedindo para substituirmos a expressão “x” pela expressão “y”, sem que haja alteração do sentido, bem como pedindo para colocarmos os trechos em ordem, mantendo a coerência e coesão textuais. Pois bem, meus nobres, isso é semântica. Além disso, algumas bancas pedem o sentido em que determinada palavra foi empregada, ou em que contexto a palavra “x” poderá ser substituída pela palavra “y”. Isso também é semântica. Para Aurélio Buarque de Holanda, SEMÂNTICA [Do gr. semantiké, i. e., téchne semantiké, representa “a arte da significação”.]. Trazendo para o nosso contexto, podemos entender semântica como o estudo da relação de significação dos signos e da representação do sentido dos enunciados. Transformando isso em uma linguagem mais acessível, a semântica estuda o significado das palavras, a relação das partes do texto e sua coerência. Portanto, deixemos de conversa e vamos direto ao assunto. Nesta aula iremos estudar sinônimos, antônimos, denotação, conotação, polissemia, coesão textual e coerência textual. Conforme dito na aula demonstrativa, não irei falar de teoria para ao final resolver algumas questões. Irei apresentar as questões, comentá-las e, a partir delas, esclarecer os conceitos e a respectiva teoria. Vejamos um exemplo, “para aquecermos os motores”: 01 - (ESAF – 2008 / STC – Analista de Finanças e Controle - Adaptada) De acordo com o texto, julgue a assertiva abaixo. Valor: O Sr. espera uma piora da crise financeira global? Fernando Cardim: O que estamos assistindo agora no mercado financeiro dos EUA é altamente preocupante. Em menos de duas semanas, após o governo Bush injetar US$ 200 bilhões nas duas casas hipotecárias, quebra o Lehman Brothers, quarto maior banco de investimento local, e é vendido, preventivamente, em apenas dois dias, o Merrill Lynch, banco de investimento independente. E a maior seguradora do mundo, a AIG, está ameaçada. Isso abre uma frente nova na crise. As seguradoras são grandes fornecedoras de CDS para os bancos comerciais. O CDS é um derivativo de crédito que serve como seguro. Quando os bancos fazem empréstimos e os tomadores não pagam eles recorrem às seguradoras para recuperar os valores dos empréstimos. Uma quebradeira nas seguradoras pode significar que a segurança do sistema bancário está sem proteção, os bancos estão nus. (Valor Econômico, 18/09/2008) a) A expressão “estão nus”(ℓ..23) está sendo empregada em sentido denotativo ou literal. Comentários:

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MÓDULO 01

Conteúdo da Aula

Conteúdo abordado:

� SEMÂNTICA � DENOTAÇÃO � CONOTAÇÃO � POLISSEMIA � SINONÍMIA � ANTONÍMIA � CAMPO SEMÂNTICO � HIPERÔNIMO � HIPÔNIMO � HOMÓNIMO � PARÔNIMO

SUMÁRIO

Considerações Iniciais........................................ 01 Conotação x Denotação x Polissemia................ 02 Sinonímia x Antonímia....................................... 03 Lista de Questões Comentadas nas Aulas......... 29

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Todos os pontos da matéria a serem estudados por nós são de extrema importância, entretanto devo salientar que há alguns explorados com maior frequência pelas bancas. Este, com certeza, é um deles.

Nas provas sempre nos deparamos com questões pedindo para substituirmos a expressão “x” pela expressão “y”, sem que haja alteração do sentido, bem como pedindo para colocarmos os trechos em ordem, mantendo a coerência e coesão textuais. Pois bem, meus nobres, isso é semântica.

Além disso, algumas bancas pedem o sentido em que determinada palavra foi empregada, ou em que contexto a palavra “x” poderá ser substituída pela palavra “y”. Isso também é semântica.

Para Aurélio Buarque de Holanda, SEMÂNTICA [Do gr. semantiké, i. e., téchne semantiké, representa “a arte da significação”.]. Trazendo para o nosso contexto, podemos

entender semântica como o estudo da relação de significação dos signos e da representação do sentido dos enunciados. Transformando isso em uma linguagem mais acessível, a semântica estuda o significado das palavras, a relação das partes do texto e sua coerência.

Portanto, deixemos de conversa e vamos direto ao assunto. Nesta aula iremos estudar sinônimos, antônimos, denotação, conotação, polissemia, coesão textual e coerência textual.

Conforme dito na aula demonstrativa, não irei falar de teoria para ao final resolver algumas questões. Irei apresentar as questões, comentá-las e, a partir delas, esclarecer os conceitos e a respectiva teoria.

Vejamos um exemplo, “para aquecermos os motores”:

01 - (ESAF – 2008 / STC – Analista de Finanças e Controle - Adaptada) De acordo com o texto, julgue a assertiva abaixo. Valor: O Sr. espera uma piora da crise financeira global? Fernando Cardim: O que estamos assistindo agora no mercado financeiro dos EUA é altamente preocupante.

Em menos de duas semanas, após o governo Bush injetar US$ 200 bilhões nas duas casas hipotecárias, quebra o Lehman Brothers, quarto maior banco de investimento local, e é vendido, preventivamente, em apenas dois dias, o Merrill Lynch, banco de investimento independente. E a maior seguradora do mundo, a AIG, está ameaçada. Isso abre uma frente nova na crise.

As seguradoras são grandes fornecedoras de CDS para os bancos comerciais. O CDS é um derivativo de crédito que serve como seguro. Quando os bancos fazem empréstimos e os tomadores não pagam eles recorrem às seguradoras para recuperar os valores dos empréstimos. Uma quebradeira nas seguradoras pode significar que a segurança do sistema bancário está sem proteção, os bancos estão nus.

(Valor Econômico, 18/09/2008)

a) A expressão “estão nus”(ℓ..23) está sendo empregada em sentido denotativo ou literal. Comentários:

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O enunciado está ERRADO. A banca apresentou um exemplo de CONOTAÇÃO, não de DENOTAÇÃO. A expressão não assume valor denotativo ou literal, ela assume valor CONOTATIVO, FIGURADO.

Vamos ver a teoria sobre isso?

CONOTAÇÃO – DENOTAÇÃO – POLISSEMIA

Conceitos: CONOTAÇÃO: [Do lat. ed. connotatione, pelo ingl. connotation., representa o sentido translato, ou subjacente, às vezes de teor subjetivo, que uma palavra ou expressão pode apresentar paralelamente à acepção em que é empregada] Para nós, em uma linguagem mais direta, conotação é um recurso linguístico em que a palavra assume um sentido figurado, ou seja, ela adquire uma nova roupagem, diferente do seu sentido original.

Vejamos:

Se abrirmos o dicionário Aurélio e verificarmos o significado da palavra pedra, veremos em sua primeira definição: Pedra [Do gr. pétra, pelo lat. petra.], matéria mineral dura e sólida, da natureza das rochas.

Entretanto a língua nos permite formular frases da seguinte forma:

� Sua falta de compromisso é uma pedra em minha vida.

� Rosana possui um coração de pedra.

Vejam que a palavra “pedra” deixou de ter o seu significado original, vernáculo, para representar obstáculo, problema, dificuldade, frio, duro, insensível.

Nesses dois últimos casos, dizemos que a

palavra pedra adquiriu valor CONOTATIVO, ou seja, ela está sendo utilizada em sentido diferente do seu significado original, chamado também de SENTIDO FIGURADO.

Outro exemplo interessante presenciei

quando fui visitar Salvador no penúltimo Carnaval.

Lá fui convidado a pular na PIPOCA. Até então, pipoca para mim significava o grão de milho rebentado ao calor do fogo [Aurélio. Do tupi = ‘estalando a pele’.]. Nesse contexto, entretanto, pipoca assumiu o sentido CONOTATIVO ou FIGURADO de local popular, muvuca, no meio do povão. Fácil, não acham? Vamos a outra definição: DENOTAÇÃO: Diz-se sentido denotativo quando a palavra assume seu sentido verdadeiro, tal qual constante no dicionário, seu significado de origem. Exemplo: João tropeçou em uma pedra pontiaguda. POLISSEMIA: [Do lat. cient. polysemia< gr. polWsemos, “que tem muitas significações”, + lat. cient. -ia (v. -ia1).]. Diz-se quando um termo possui várias acepções. Vejam que neste caso não damos à palavra um significado figurado. Ela já possui dois ou mais significados denotativos, verdadeiros. Exemplos: - Pena: pluma, peça de metal para escrever, dó, punição. - Mangueira: tubo de borracha ou plástico utilizado para a condução de líquidos ou gás; árvore frutífera; curral.

Na questão nº 01 a expressão “estão nus” não foi empregada em seu sentido verdadeiro. Nus não se refere à nudez propriamente dita. Ela assumiu um valor conotativo, significando desamparado, sem segurança. Portanto: Resposta ERRADA.

Vamos ver mais uma? 02 -(ESAF – 2008 / STC – Analista de Finanças e Controle - Adaptada) Com base no texto, julgue as opções abaixo.

Ao lado de características inéditas, a crise cevada no mercado imobiliário e financeiro americano, com reverberações mundiais, apresenta

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aspectos também verificados em outras situações de nervosismo global.

Não há medida mágica e salvadora que faça cotações se estabilizarem e o investidor recuperar o sono. Só uma sucessão de ações consegue mudar expectativas como as atuais. A Casa Branca, ao contrário da postura que assumira no caso do Lehman Brothers – tragado, sem socorro, por um rombo de US$ 600 bilhões –, decidira estender a mão para a maior seguradora do país, a AIG.

Aos bilhões empenhados para permitir ao Morgan digerir o Bear Stearns, em março; ao dinheiro sacado a fim de evitar a quebra das gigantes Fannie Mae e Freddie Mac, redescontadoras de hipotecas, o governo e o Fed, o BC dos EUA, decidiram somar US$ 85 bilhões para salvar a AIG. Decepcionou-se quem esperava tranquilidade. O emperramento do crédito – ninguém empresta a ninguém, por não se saber ao certo o risco do tomador – continua a travar o mercado global, e as ações novamente desceram a ladeira, empurradas por boatos sobre quais serão, ou seriam, os próximos a cair.

(O Globo, 18 de setembro de 2008 , Editorial)

a) A expressão “cevada”(ℓ..2) está em sentido conotativo e apresenta significado relativo às seguintes ideias: alimentada, ampliada, crescida. b) A expressão “desceram a ladeira”(ℓ..25 e 26) confere ao texto um tom de informalidade e está sendo empregada em sentido conotativo. Comentários: a) O item a) está CORRETO. Cevada, forma no particípio do verbo CEVAR [Do lat. cibare, “alimentar”.] pode adquirir valor figurado de fomentar, estimular. Aurélio traz como exemplo o período “Propôs medidas para cevar a indústria regional.” No contexto acima, vê-se que CEVADA não possui valor real de dar alimento a alguém ou a algo. Ele possui valor conotativo de fomentar, estimular, ampliar, crescer. b) O item b) também está CORRETO. A linguagem utilizada na tecitura de determinado texto é que nos possibilitará enquadrá-lo em um dos níveis ou um dos padrões estabelecidos para a Língua Portuguesa. Sabemos que os três principais níveis de linguagem reconhecidos em nosso país são: Linguagem Culta, Linguagem Coloquial (ou popular)

e Linguagem Empírica (totalmente desprovida de normas gramaticais). A norma culta da língua não admite gírias, nem expressões cristalizadas, tidas como jargões, tampouco será carregada de ambiguidades e subentendidos. Dessa forma, tendo em vista o contexto em que aparece, a expressão dá ao texto um caráter de informalidade ao inserir o jargão “desceram a ladeira”, com valor figurado, pois está significando quedas nos negócios, não a descida de uma ladeira de verdade. 03 - (FCC-2011 / TRE TO – Analista Judiciário) Fragmento do texto: Quando eu sair daqui, vamos começar vida nova numa cidade antiga, onde todos se cumprimentam e ninguém nos conheça. Vou lhe ensinar a falar direito, a usar os diferentes talheres e copos de vinho, escolherei a dedo seu guarda-roupa e livros sérios para você ler. ... escolherei a dedo seu guarda-roupa e livros sérios para você ler. A expressão grifada na frase acima pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido original, por: (A) pessoalmente. (B) de modo incisivo. (C) apontando. (D) entre outras coisas. (E) cuidadosamente. Comentários: Resposta E. Vê-se, pelo contexto, que a expressão escolher a dedo não se refere ao fato de efetivamente utilizar o dedo para fazer escolha. Ao contrário, a expressão significa fazer escolha com cautela, cuidado. Portanto alternativa E. Notem como a expressão assume valor conotativo.

SINONÍMIA X ANTONÍMIA

SINONÍMIA

É um item de suma importância para a interpretação de textos e também para a coesão referencial, pois se pode retomar a palavra anteriormente expressa por seu sinônimo, evitando a repetição viciosa. Há sinonímia quando duas ou

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mais palavras têm o mesmo significado em determinado contexto. Exemplo: O comprimento da sala é de oito metros. A extensão da sala é de oito metros.

A substituição de comprimento por extensão não altera o sentido da frase, pois os termos são sinônimos.

Em verdade, as palavras são sinônimas em certas situações, mas podem não ser em outras. É a riqueza da língua portuguesa falando mais alto. Pode-se dizer, em princípio, que face e rosto são dois sinônimos: ela tem um belo rosto, ela tem uma bela face. Mas não se consegue fazer a troca de face por rosto numa frase do tipo: em face do exposto, aceitarei. Vamos a uma questão de prova:

04 -(ESAF-2012 / MPOG – MDIC - Analista de Comércio Exterior)

A fraqueza da produção manufatureira, nos últimos meses e anos, aqueceu o debate sobre o risco de desindustrialização no Brasil. No ano passado, seu crescimento foi de apenas 0,3%, uma ninharia em comparação com a alta de 6,7% no varejo. Mesmo que se considere um período mais longo, a diferença continua dramática: a manufatura está no nível do início de 2008, contra quase 35% de aumento nas vendas de varejo.

Espera-se alguma retomada para este ano. Uma parte da desaceleração de 2011 decorreu da diminuição de estoques em alguns setores, como o automobilístico, pressionados por importações crescentes e vendas internas estagnadas. Feito um ajuste, a produção pode retornar ao nível normal. a) A substituição da expressão “uma ninharia”(ℓ..4 e 5) por insignificante respeita as relações de sentido do texto e confere-lhe mais formalidade.

Comentários:

CORRETA. O vocábulo ninharia [Do esp. niñería, ‘ação própria de criança’.] representa coisa sem préstimo ou valor; insignificância. Esse termo possui, também, como sinônimos termos populares

como: babugem, bagatela, bugiganga, futilidade e outros. Essa palavra não tem seu uso recorrente na linguagem escrita, aparecendo com maior frequência na linguagem popular, falada. Dessa forma, a resposta está correta. Sua troca por insignificante respeita as relações de sentido e traz maior formalidade para o texto.

CONCEITOS:

O estudo da sinonímia e da antonímia é extremamente complexo. Os melhores autores, ao falarem sobre o assunto, afirmam categoricamente que não existe sinonímia verdadeira, muito menos antonímia verdadeira. Para exemplificar isso, podemos verificar que não há identidade semântica entre cachorro e cão, casa e mansão, alto e grande, baixo e pequeno etc., pois variam tanto em suas conotações como em seu nível linguístico, registro, musicalidade etc. Esses pares são permutáveis em vários contextos, porém não o são em outros. No entanto, o que nos interessa verificar é a identidade referencial em cada contexto, pois a sinonímia não é um problema puramente léxico, mas textual.

Contudo, apesar de tais conflitos conceituais, o estudo da sinonímia e da antonímia são de grande importância no uso da linguagem e na produção textual. As diversas possibilidades que possuímos de trocar elementos, substituir palavras, expressar a mesma ideia de forma diferente enriquecem o discurso e tornam a fala e a escrita muito mais interessantes.

Vamos representar essa explicação melhor:

Peguemos como exemplo as palavras alto e grande.

Ao nos referirmos ao tamanho de uma pessoa, podemos falar tranquilamente que “fulano é alto” ou que “fulano é grande”. No mesmo sentido podemos dizer seus antônimos baixo e pequeno: “João é um homem baixo” ou “João é um homem pequeno”.

Esses pares apresentados já não seriam permutáveis entre si caso levássemos para um outro contexto. Se estivéssemos falando sobre o voo de um pássaro ou de um avião, seria completamente inadequado dizer que o “avião voa grande” ou “o pássaro voa grande”. Poderíamos apenas dizer que ambos voam alto. Neste contexto grande e alto não são sinônimas.

Vamos ver como isso aparece na prova.

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Aplicação:

O Brasil tem o terceiro maior spread bancário do mundo. O nosso fechou 2011 em 33% – só perdemos para Quirquistão (34%) e Madagascar (42%). Países mais parecidos com o Brasil, como Chile e México, cobram entre 3% e 4%. Há possíveis explicações para a anomalia. A mais controversa é se a competição aqui é mais branda do que em outros mercados. Não funcionam no Brasil mecanismos que, no exterior, fazem com que os bancos disputem clientes de forma mais agressiva. O principal deles é o cadastro positivo, um sistema que permite a troca de informações de quem paga seus empréstimos em dia. Ele foi aprovado há quase um ano, mas até agora não deslanchou.

Os bancos dizem que as informações são precárias, porque os clientes precisam autorizar a inclusão de seu nome e retirá-lo se quiserem, o que torna o sistema pouco confiável. O spread elevado também se deve a fatores como alta carga tributária e inadimplência – os empréstimos atrelados a garantias são incipientes, o que aumenta o risco de um calote. 05 - (ESAF – 2012/Receita Federal do Brasil – Analista Tributário) Julgue se a opção abaixo dá justificativa correta para o uso das estruturas linguísticas no texto. a) O valor de condição que a conjunção “se” (ℓ..4 e 5) confere à oração em que ocorre seria mantido também com o uso de talvez, sem prejudicar a correção gramatical do texto. Comentários:

Mesmo sem muitas explicações linguísticas e gramaticais já é possível perceber que a questão está ERRADA. Não soa bem substituir o termo “se” por “talvez”. Geraria uma inconsistência de coesão e de coerência. Vejam como ficaria estranho:

A mais controversa é talvez a competição

aqui é mais branda do que em outros mercados

Dizer que isso está correto é o mesmo que dizer que faz sentido o verso “batatinha, quando nasce, espalha rama pelo chão; mamãezinha, quando deita, jacaré não tem pescoço.” rs... rs...

Não faz sentido! Não são permutáveis entre si nesse contexto.

Mesmo assim, vamos comentar outros

probleminhas encontrados. O comando da questão afirma ser o “se”

uma conjunção condicional. O “se” pode sim assumir essa função,

porém o será, quando impuser uma condição para a realização de um fato expresso na oração principal. Nessa situação, ele terá o mesmo valor que caso, desde que, salvo se, contanto que, a menos que, etc. Exemplo:

“Tudo vale a pena, se a alma não é pequena. (F. P.)” (Or.Subord. Adv. Condicional)

Você terá sucesso desde que se esforce para tal. (Or. Subord. Adv. Condicional)

Por outro lado, o “se” poderá, também, assumir a função de conjunção integrante, ligando as orações subordinadas substantivas às orações principais. Exemplo: Os ornitólogos devem saber se isso é caso comum ou raro. (Cecília Meireles) (Or. Subord. Subst. Objetiva Direta)

Minha dúvida é se você será feliz nesse emprego. (Or. Subord. Subst. Predicativa)

Vejam como o uso do “se” na questão se aproxima deste último caso.

No quesito da prova, esse vocábulo não traz a ideia de uma condição exigida por uma oração principal. Dessa forma, a classificação mais apropriada seria tal qual o da última oração analisada por nós acima, classificando-o como conjunção integrante, não como conjunção adverbial condicional. Portanto, mais uma vez ERRADO.

Já que estamos falando de sinonímia, que tal uma música sobre sinônimos? Vamos lá?! Ao som de uma moda de viola, fica mais fácil memorizar o significado de algumas palavras, não acham?

PAGODÃO DO PALAVREADO

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Desde cedo eu aprendi Minha primeira lição De sempre estudar Com o dicionário na mão Conheço muitas palavras Que se usam na cidade Mas “pra” comunicação Não vejo necessidade São bonitas na literatura E em prova são cobradas Mas não me venha esnobando Com esta papagaiada

Hoje eu sei que samburá é cesto de pescador Que deambular é andar por aí Um cozimento é chamado de cocção Que replicar é o mesmo que retorquir

Minudência é verificar os pormenores Perfídia é o mesmo que traição Indelével é aquilo que não se apaga Corroborar é uma confirmação Inofensiva pode se dizer que é inócua A palavra fado é sinônimo de destino Dissensão é divergência de opiniões A palavra dédalo é o mesmo que labirinto

Hoje eu sei que samburá é cesto de pescador Que deambular é andar por aí Um cozimento é chamado de cocção Que replicar é o mesmo que retorquir

Defectível é o que se diz do incompleto Pesquisar algo é o mesmo que perquirir Aboletar-se significa alojar A palavra gáudio é ser alegre, é sorrir Aliviar é igual a um lenitivo A palavra debalde é fazer algo em vão A palavra jugo é o mesmo que domínio A palavra prêmio se troca por galardão

Hoje eu sei que samburá é cesto de pescador Que deambular é andar por aí Um cozimento é chamado de cocção

Que replicar é o mesmo que retorquir Disponível em: http://www.palcomp3.com.br/profedsonribeiro.com

ANTONÍMIA

Requer os mesmos cuidados da sinonímia. Na realidade, tudo é uma questão de bom vocabulário. Antonímia é o emprego de palavras de sentido contrário, oposto. Ex.: É um menino corajoso. É um menino medroso.

CAMPOS SEMÂNTICOS

As palavras podem associar-se de várias

maneiras. Quando se relacionam pelo sentido, temos um campo semântico. Não se trata de sinônimos ou antônimos, mas de aproximação de sentido num dado Contexto. Ex.: perna, braço, cabeça, olhos, cabelos, nariz^ partes do corpo humano azul, verde, amarelo, cinza, marrom, lilás ^ cores martelo, serrote, alicate, torno, enxada ^ ferramentas batata, abóbora, aipim, berinjela, beterraba ^ legumes Observações a) Também constituem campos semânticos palavras como flor, jardim, perfume, terra, espinho, embora não pertençam a um grupo delimitado; mas a associação entre elas é evidente. b) As palavras podem pertencer a campos semânticos diferentes. Veja o caso de abóbora, citada há pouco. Ela também serve para indicar cor, o que a colocaria no segundo grupo de palavras. c) Essas palavras também podem ser associadas no grupo de hiperônimos e hipônimos que serão vistos em seguida.

HIPERÔNIMO

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Quando há vocábulos reunidos em grupo fazendo parte um mesmo campo semântico, podem-se associar esses vocábulos aos hiperônimos e hipônimos.

O prefixo "hiper" e "hipo" significam, respectivamente, generalização e especificação. Assim, hiperônimo é uma palavra que apresenta um significado mais abrangente do que o do seu hipônimo (vocabulário de sentido mais específico). Por exemplo: Legume(sentido mais geral) é hiperônimo de batata(sentido mais específico). Fruta(sentido mais geral) é hiperônimo de abacaxi(sentido mais específico). Doença(sentido mais geral) é hiperônimo de catapora(sentido mais específico).

HIPÔNIMO Por associação, hipônimo são palavras que se relacionam pelo sentido dentro de um conjunto, ligando-se por afinidade ou por um ser parte do outro. Por exemplo: Banana ou laranja (sentido mais específico) são hipônimos de fruta (sentido mais geral) Azul ou preto (sentido mais específico) são hipônimos de cor (sentido mais geral) Alface ou couve (sentido mais específico) são hipônimos de verdura (sentido mais geral)

Veja o que acontece com as palavras doença e gripe - doença é hiperônimo de gripe porque em seu significado contém o de gripe e o sentido de mais uma série de palavras como dengue, malária, câncer. Então se conclui que gripe é hipônimo de doença.

A relação existente entre hiperônimo e hipônimo é fundamental para a coesão textual. Ex: Grupos de refugiados chegam diariamente do sertão castigado pela seca. São pessoas famintas, maltrapilhas, destruídas.

Note que a palavra "pessoas" é um

hiperônimo da palavra "refugiados", uma vez que "pessoas" apresenta um significado mais abrangente que seu hipônimo "refugiados".

HOMÔNIMOS, PARÔNIMOS e EXPRESSÕES AFINS

Homônimos são vocábulos de sentidos diferentes que, por apresentarem semelhanças formais, costumam provocar dúvidas de significado e de grafia. Há dois tipos de homônimos: homônimos homógrafos e homônimos homófonos.

Os homógrafos são palavras que têm a mesma grafia, podendo a sua pronúncia coincidir ou não, como nos exemplos: manga (de roupa), manga "fruta" e manga "tubo de vidro ou cristal para lâmpadas"; seco /ê/ (adjetivo) e seco /é/ (verbo), gosto /ô/ (substantivo) e gosto /ó/ (verbo).

Já os homófonos caracterizam-se por terem pronúncia idêntica e grafia diferente. Exemplos: censo/senso, cessão/seção/sessão, etc.

Por sua vez, os parônimos são palavras que se apresentam como muito parecidas na pronúncia e na grafia, mas não chegam a ser idênticas. Exemplos: deferir/diferir, infligir/infringir.

Vamos, assim, elencar alguns vocábulos que têm caído nas provas: 1. Uso dos PORQUÊS 1) Porquê (junto e com acento) é usado quando for sinônimo de motivo, causa, indagação. Por ser substantivo, admite artigo e pode ir ao plural: Os considerandos são os porquês de um decreto. O Relator explicou o porquê de cada emenda. Qual é o porquê desta vez?

2) Por quê (separado e com acento) é usado quando a expressão aparecer em final de frase, ou sozinha: Brigou de novo, por quê?

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Brigou de novo? Por quê? Ria, ria sem saber por quê. 3) Porque (junto e sem acento) é usado nos seguintes casos: A. Para introduzir explicação, causa, motivo, podendo ser substituído por conjunções causais como, pois, porquanto, visto que: Traga agasalho, porque vai fazer frio. (conjunção coordenativa explicativa = pois) A reunião foi adiada porque faltou energia. (conjunção subordinativa causal = pois) Porque ainda é cedo, proponho esperarmos um pouco mais. (conjunção subordinativa causal = como) B. Nas frases interrogativas a que se responde com "sim" ou "não": Ele não votou o projeto porque estava de licença? Essa medida provisória está na pauta de votação porque é urgente?

Na realidade, a conjunção "porque" continua sendo subordinativa adverbial causal. A diferença é que na própria pergunta já se dá a causa (oração subordinada adverbial causal). C. Como conjunção de finalidade (= para que), levando o verbo para o subjuntivo. Esta construção é arcaica, mas vez por outra tem sido encontrada: Rezo porque tudo corra bem. Não expressou sua opinião porque não desanimasse os colegas.

Contemporaneamente, para exprimir finalidade, objetivo, prefere-se usar para que em lugar de porque: Rezo para que tudo corra bem. 4) Por que (separado e sem acento) é usado nos seguintes casos: A. nas interrogativas diretas e indiretas: Por que você demorou tanto? (interrogativa direta)

Quero saber por que meu dinheiro está valendo menos. (interrogativa indireta) B. sempre que se puderem inserir as palavras motivo, razão: Não sei por que ele se ofendeu. (Não sei por que motivo ele se ofendeu.) O funcionário explicou por que havia faltado. (O funcionário explicou por que motivo havia faltado.) C. quando a expressão puder ser substituída por pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais, confirma-se que há pronome relativo "que" antecedido da preposição "por": A estrada por que passamos está em péssimo estado de conservação. (A estrada pela qual passamos está em péssimo estado de conservação.) Esse é o motivo por que a reunião foi adiada. (Esse é o motivo pelo qual a reunião foi adiada.) D. quando "que" for conjunção integrante iniciando oração subordinada substantiva objetiva indireta ou completiva nominal, com imposição da preposição "por" pelo verbo ou nome, respectivamente: Torcemos por que tudo se resolva logo. (= torcemos por isso) O Relator estava ansioso por que começasse a votação. (= ansioso por isso).

Não se pode confundir este último caso com o uso da conjunção de finalidade (conforme acima - n° 3, letra c). Veja a diferença: Não expressou sua opinião porque não desanimasse os colegas.

Note que o nome opinião, anterior à conjunção, não exigiu a preposição por. Além disso, percebe-se a intenção, a finalidade de não expressar sua opinião: para que não desanimasse os colegas.

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O Relator estava ansioso por que começasse a votação. Aqui, o nome ansioso exige a preposição por, razão pela qual deve ser separada do que. EXERCÍCIOS 1. A reforma da casa não foi terminada ____________________ o seu proprietário ficou sem verba. 2. ____________________ o arquiteto pediu demissão da firma. 3. Os que estudam aquele período histórico jamais compreenderam o ____________________ de tanta violência. 4. Este supermercado foi fechado. ____________________? 5. Não se preocupe. Tenho certeza de que a situação ____________________ você está passando é transitória. 6. Retiraram-se da assembleia sem dizer ____________________. 7. Você é contra a liberdade de imprensa? ____________________ ? 8. Responda-me ____________________ não podemos sair agora? 9. ____________________ ela perdeu, fiquei triste. 10. Não sei o ____________________ disso. 2. MAU e MAL 1) Mau Maué antônimo de bom. Pode aparecer como: A. adjetivo - varia em gênero e número: Não era mau rapaz, apenas um pouco preguiçoso. Não eram maus rapazes, apenas um pouco preguiçosos. Obs.: (feminino) Não era má atriz nas novelas, mas boa cantora no palco.

B. palavra substantivada: Os bons vencerão os maus. 2) Mal Mal é antônimo de bem. Pode aparecer como: A. advérbio - não varia: O candidato foi mal recebido. Fizeram mal em dizer tais coisas. B. substantivo - varia em número: O mal nem sempre vence o bem. Há males que vêm para o bem. C. conjunção (corresponde a quando) - não varia: Mal cheguei, ele saiu. D. mal é também um prefixo: mal-educado, malcriado, mal-humorado EXERCÍCIOS 1. Antônio sempre foi um ____________________ elemento. 2. Na luta contra o____________________ , devemos nos lembrar de nosso Criador. 3. O rapaz sofria de um ____________________ incurável. 4. Dos ____________________ de nossa época, o pior é a violência. 5. Os ____________________ costumes causam problemas. 6. ____________________ soou o alarme, todos correram. 7. Ele é ____________________ criado e ____________________ aluno. 3. MAS - MÁS - MAIS

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1. Mais pode ser um pronome ou um advérbio. É o contrário de menos:

A. advérbio (indica intensidade) - modifica verbo ou adjetivo: Converse menos e trabalhe mais. A garota está mais bonita hoje. B. pronome indefinido (indica quantidade) - modifica um substantivo: Comprei mais lâmpadas para a sala de aula. 2. Mas é uma conjunção adversativa (indica oposição). Equivale a porém, todavia, contudo: Ele pretendia apoiá-la, mas na última hora desistiu. 3. Más é adjetivo: Ela é uma má aluna. EXERCÍCIOS 1. Embora fizesse o possível, ficava cada vez ____________________ atrasado. 2. Todos sabiam que as irmãs de Pedro eram ____________________ e covardes, ____________________ ninguém fazia comentários. 3. Não diga nem ____________________ uma palavra. Nada pode ser feito agora. 4. O corredor automobilístico esforçou-se ao máximo, ____________________ as condições da pista eram ____________________. 5. Ele reclama sempre, ____________________ acaba fazendo seus deveres de casa. 6. Tudo seria ____________________ fácil se tivesse comparecido à reunião. 4. HÁ - A - À 1) Emprega-se o há:

A. Com referência ao verbo fazer, indicando tempo decorrido: Não o vejo há quinze dias. Não se encontram há tempos. Saiu daqui há duas horas. B. Quando se trata de forma do verbo haver: Há um artigo interessante nesta revista. 2) Emprega-se o a(preposição): A. Com referência a tempo futuro: A dois minutos da peça, o ator ainda retocava a maquilagem. B. Com referência a distância: Morava a cinco quadras daqui. 3) Emprega-se o a(artigo) quando se antepõe a substantivo feminino: A apólice tornou-se grande trunfo na mão do advogado. 4) Emprega-se o à quando houver crase da preposição a com o artigo a ou com o demonstrativo a: Rendeu à colega uma homenagem semelhante à que recebera. EXERCÍCIOS 1. Estávamos _________ uma pequena distância da praia. (a - há) 2. O posto de gasolina fica _________ três quilômetros daqui. (a - há) 3. Vive _________ muitos anos naquela cabana. (a - há) 4. O relatório foi encaminhado _________ dois dias. (a - há) 5. Sairemos daqui _________ dez minutos. (a - há)

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5. SENÃO - SE NÃO 1. A palavra senão é usada equivalendo a: A. do contrário(conjunção) Saia daqui, senão vai se molhar. B.a não ser, salvo, exceto(preposição): Não podia acreditar, senão vendo com os próprios olhos. Não faz outra coisa, senão reclamar. C. mas sim, porém (conjunção adversativa) Não tive a intenção de exigir, senão de pedir. Aconselhava não como chefe, senão como amigo. D. defeito, falha(substantivo): Fez um discurso perfeito, sem nenhum senão. (Esta é a forma que se usa na expressão "senão vejamos".) 2. A expressão se não é usada equivalendo a caso não (conjunção condicional e hipotética): Esperarei mais um pouco; se não vier, irei embora. (caso não venha) Se não buscares, não encontrarás. O dispositivo está na Constituição, se não no Regimento Interno. 6. A FIM DE - AFIM 1. A expressão a fim de indica finalidade; corresponde a para: Cheguei cedo a fim de terminar meu serviço. (Deve-se evitar estar a fim de no sentido de estar com vontade deem textos mais elaborados, pois se trata de modismo, de gíria. Seu emprego só se justifica em textos coloquiais: Eu não estou a fim de sair hoje.) 2. A palavra afim (numa única palavra) corresponde a semelhante ou parente por afinidade:

A Matemática e a Física são ciências afins. A língua portuguesa é afim da espanhola. 7. A PAR ou AO PAR? 1. A expressão a par equivale a ciente, informado, prevenido; em geral, emprega-se com o verbo estar: O diretor não estava a par do assunto. 2. A expressão ao par emprega-se em relação a câmbio; indica título ou moeda de valor idêntico: O real já esteve ao par do dólar. As ações foram cotadas ao par. 8. EM VEZ DE - AO INVÉS DE 1. A expressão em vez de significa em lugar de: Em vez de nos ajudar, prejudicou-nos. Em vez de ir ao cinema, resolveu sair para comer uma pizza. 2. A expressão ao invés de significa ao contrário de: Ao invés de baixar, o preço dos legumes subiu esta semana. GABARITO: 1. 1) (porque: conjunção causal); 2) (Por que: frase interrogativa direta); 3) (porquê: substantivo); 4) (Por quê: único vocábulo da frase); 5) (por que: pronome relativo = pela qual); 6) (por quê: última palavra da frase); 7) (Por quê: único vocábulo da frase); 8) (por que: frase interrogativa, podemos inserir a palavra "motivo"); 9) (Porque: conjunção causal. Inicia oração subordinada adverbial causal); 10) (porquê: substantivo). 2. 1) mau, 2) mal, 3) mal, 4) males, 5) maus, 6) Mal, 7) malcriado e mau. 3. 1) mais; 2) más, mas; 3) mais; 4) mas, más; 5) mas; 6) mais. 4. 1) a; 2) a; 3) há; 4) há; 5) a.

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QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1: TRE TO - 2011 - Analista ... capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. Considerando-se o par de palavras eminentes / iminentes, é correto afirmar que se trata de exemplo de: (A) antonímia. (B) sinonímia. (C) paronímia. (D) homonímia. (E) homofonia. Gabarito: C Comentário:

Perceba que esses vocábulos possuem escrita e pronúncia parecidas, por isso são parônimos. Questão 2: DPE RS 2010 Fragmento do texto: O caso mais recente de tentativas de restringir a livre circulação de ideias envolve a obra Caçadas de Pedrinho, na qual a turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo sai em busca de uma onça-pintada. Ocorre que, ao longo de quase oito décadas de carreira do livro, o Brasil não conseguiu se livrar de excessos na vigilância do politicamente correto, nem de intolerâncias como o racismo. Ainda assim, já não convive hoje com hábitos como o de caça a animais em extinção e avançou nas políticas para a educação das relações étnico-raciais. A palavra animais estabelece ligações com espécies que estão em extinção. Qual a propriedade semântica dessa relação? (A) Hiperonímia. (B) Sinonímia. (C) Homonímia. (D) Paronímia. (E) Antonímia. Gabarito: A Comentário:

Entre a palavra "animais" (nome mais específico) e espécie (nome mais generalizado), há um desnível. Há várias espécies (humana, vegetal, animal etc). Assim, animais está dentro do grupo de

espécies. Portanto, há uma relação de hiperonímia: "espécies" é hiperônimo e "animais" é hipônimo. Questão 3: TRT 24aR - 2006 - Analista Está correto o emprego do elemento sublinhado em: (A) As alterações porque sofrem as instituições podem ser necessárias. (B) Os caminhos porque percorrem os valores humanos são, por vezes, indevassáveis. (C) Se há rigor e ética nas instituições, algumas não funcionam mesmo porquê? (D) Há que se investigar o porquê de as instituições serem tão manipuláveis. (E) Não se sabe o por que das instituições serem falhas, mesmo quando bem arquitetadas. Gabarito: D Comentário:

Na alternativa (A), ocorre pronome relativo antecedido da preposição "por". Veja que "As alterações podem ser necessárias" é a oração principal e "por que(pelas quais) sofrem as instituições" é a oração subordinada adjetiva restritiva.

Na alternativa (B), a estrutura é a mesma da anterior. A oração "Os caminhos são, por vezes, indevassáveis" é a principal, e "por que(pelos quais) percorrem os valores humanos" é a oração subordinada adjetiva restritiva.

Na alternativa (C), em final de frase, deve ficar separado e com acento: Se há rigor e ética nas instituições, algumas não funcionam mesmo por quê?

A alternativa (D) é a correta, pois o vocábulo recebeu artigo, o que o fez transformar-se em substantivo. Assim, recebe o acento e não pode ficar separado: o porquê.

Na alternativa (E), há um artigo "o" antecipando o vocábulo, deve ficar junto e com acento: o porquê. Questão 4: TRT 6aR 2006 Técnico Está correto o emprego do elemento sublinhado em: (A) Muita gente se agarra à imagem artificial de si mesma sem saber porquê.

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(B) Não é fácil explicar o porquê do prestígio que alcança a imagem ilusória das pessoas. (C) Não sei porque razão os outros querem nos impor a imagem que têm de nós. (D) Se a ela aderimos, é por que nossa imagem ilusória traz alguma compensação. (E) Queremos perguntar, diante do espelho artificial, por quê nossa imagem não está lá. Gabarito: B Comentário:

Na alternativa (A), veja que em final de frase, deve ficar separado e com acento: ...saber por quê.

A alternativa (B) é a correta, pois o vocábulo recebeu o artigo, por isso recebe o acento e fica junto: o porquê.

Na alternativa (C), há uma pergunta indireta, por isso deve ficar separado e sem acento. Para confirmar, basta observar o vocábulo "razão" explicitamente após o vocábulo: "Não sei por que razão". Lembre-se de que os vocábulos "razão", "motivo", "causa" podem estar explícitos ou implícitos na frase, para tornar a expressão "por que" separada e sem acento.

Na alternativa (D), perceba que há uma conjunção causal, por isso deve ficar junto e sem acento: "...é porque nossa imagem...". Uma observação: veja que essa conjunção causal não pode ser substituída por "pois". Isso ocorre tendo em vista que a estrutura "Se ...é " é enfática e mais afeita à linguagem coloquial (mas não é errada na norma culta). Sem a estrutura enfática, a conjunção causal fica mais clara. Veja: "A ela aderimos porque nossa imagem ilusória traz alguma compensação." A diferença é apenas a perda da ênfase. Agora, sim, podemos substituir a conjunção "porque" por "pois", "porquanto", etc.

Na alternativa (E), há uma pergunta indireta, típica de estruturas com os verbos "saber", "perguntar", "indagar", "questionar". Esse é o caso em que pode haver explícita ou implicitamente os vocábulos "motivo", "razão" e "causa". Portanto, separado e sem acento: Queremos perguntar (...) por que motivo nossa imagem não está lá. Questão 5: TRF 4aR 2001 Analista Quanto ao emprego da forma sublinhada, está correta a frase:

(A) A razão porque ele se absteve compete a ele esclarecer. (B) Sem mais nem porque, ele resolveu nos deixar. (C) Recusou-se a nos esclarecer o por quê da sua decisão. (D) Que ele renunciou, todo mundo sabe, mas ninguém sabe por quê. (E) Ele se limita a responder apenas: - Por que sim... Gabarito: D Comentário:

Na alternativa (A), ocorre pronome relativo antecedido da preposição "por". Por isso, esse vocábulo deve ficar separado e sem acento. Para confirmar, basta trocar por "pela qual": "A razão por que (pela qual) ele se absteve...".

Na alternativa (B), finalizando enunciado (não só a frase), o vocábulo deve ficar separado e com acento: "Sem mais nem por quê...".

Na alternativa (C), como o vocábulo recebeu o artigo, obrigatoriamente transformou-se em substantivo e recebe acento: esclarecer o porquê.

A alternativa (D) é a correta, pois a expressão encontra-se no final da frase, por isso deve ficar separada e com acento.

Na alternativa (E), há uma resposta, por isso esse vocábulo é uma conjunção causal e deve ficar junto e sem acento: "- Porque sim...". Questão 6: BAHIA GAS - 2010 - Analista Está correta a forma de ambos os elementos sublinhados na frase: (A) Ela não nos disse por que razão tornou-se uma otimista; e se ela tornar ao seu pessimismo, será que nos explicará por quê? (B) A razão porque muitos se tornam pessimistas está no mundo violento de hoje; por quê outra razão haveriam de se desenganar? (C) "Por que sim": eis como respondem os mais impacientes, quando lhes perguntamos porque, de repente, se tornaram otimistas. (D) Sem mais nem porquê, ele passou a ver o mundo com outros olhos, dizendo que isso aconteceu por que encontrara a verdade na religião. (E) Não sei o por quê do seu pessimismo; porque você não me explica? Gabarito: A

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Comentário: A alternativa (A) é a correta, é uma

pergunta indireta, em que podemos perceber o vocábulo "razão" explicitamente, por isso a expressão deve ficar separada e sem acento. No final de frase, essa expressão deve ficar separada e com acento.

Na (B), a expressão deve ficar separada e sem acento, pois "por que" é pronome relativo antecedido da preposição "por". Para perceber isso, basta substituir por "pela qual". A segunda ocorrência da expressão deve permanecer separada e sem acento, pois há uma pergunta, e o termo não está em final de frase.

Na (C), a estrutura entre aspas é uma resposta, por isso a expressão deve ficar unida e sem acento, por ser uma conjunção causal. A segunda ocorrência deve ficar separada e sem acento, pois é uma pergunta indireta, após o verbo "perguntamos" e podemos inserir o vocábulo "motivo", "razão" ou "causa" para a confirmação: "...por que motivo se tornaram...".

Na (D), a expressão encontra-se em final de enunciado, por isso fica separada e com acento: "Sem mais nem por quê". Na segunda ocorrência, os vocábulos devem ficar juntos e sem acento, por haver uma conjunção causal.

Na (E), na primeira ocorrência, há substantivo: "o porquê" (unido e com acento). Na segunda, há pergunta direta e o vocábulo não se encontra no final de frase, por isso deve ficar separado e sem acento. Questão 7: DPE RS 2011 Assinale a alternativa que contém erro gramatical. (A) Os porquês dos conceitos de sujeito e predicado na gramática. (B) Por que os conceitos de sujeito e predicado têm problema? (C) Os conceitos de sujeito e predicado têm problema. Por quê? (D) Os conceitos de sujeito e predicado têm problema. Porquê? (E) Não se sabe por que os conceitos de sujeito e predicado têm problema. Gabarito: D Comentário:

A alternativa (A) está correta, pois o vocábulo recebeu o artigo "Os", por isso deve ficar junto e com acento.

A alternativa (B) está correta, pois há uma pergunta. Como não está em final de frase, a expressão fica apenas separada e não pode receber acento.

A alternativa (C) está correta, pois a expressão "Por quê" é a única da frase e é uma interrogação. Assim, deve ficar separada e com acento.

Por esse mesmo motivo, a alternativa (D) é a incorreta. Tome cuidado, porque alguns candidatos nesta prova relataram-me que não perceberam a separação do vocábulo e pensaram que a banca havia errado colocando duas alternativas iguais. Por isso, marcaram outra alternativa. É mole? Isso acontece. Mas você deve prestar atenção, ok?

A alternativa (E) está correta, pois ocorre uma pergunta indireta. Podemos subentender os vocábulos "motivo", "razão" ou "causa": Não se sabe por que (motivo) os conceitos...Por isso, deve ficar separado e sem acento. Questão 8: TRF 4aR 2001 Analista Está correto e coerente o emprego do termo sublinhado no contexto da frase: (A) Se o piloto não ratificar a trajetória do vôo, haverá uma colisão. (B) Diz-se que é inamovível a pessoa que pouco ou nunca se emociona. (C) Diz-se que é um criminoso contumaz quando ele modifica seus costumes. (D) Ele é indolente, não hesita em despender esforços na realização de suas tarefas. (E) Em vez de reiterar seu julgamento, preferiu retificá-lo. Gabarito: E Comentário:

Na alternativa (A), o ideal seria o verbo "retificar", pois a frase pede o sentido de corrigir, e não o de confirmar.

Na alternativa (B), veja que "inamovível" possui uma estrutura vocabular com o radical "mov", que tem sentido de mover-se. O prefixo "in" nega a possibilidade de movimentação. Daí, entendermos que esse vocábulo tem o sentido de "aquele que não pode ser destituído do seu posto

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por via administrativa", "aquilo, aquele que não pode ser removido". Aquele que não se emociona, como é pedido na questão, seria "inemotivo".

Na alternativa (C), "contumaz" possui o sentido contrário do pedido na questão, pois significa "aquele que age com grande teimosia; obstinação, aferro, afinco, pertinácia". No contexto, não cabe esse vocábulo.

Na alternativa (D), primeiro devemos saber o que vem a ser indolente: aquele que denota falta de energia; apático, preguiçoso inerte, ocioso. Agora, vejamos o que significa "despender": gastar, consumir. Bom, com isso, percebemos que quem é "indolente" (preguiçoso) não vai "despender" (gastar) esforços para realizar algo. Ele vai "poupar" esforços, ou não realizará a tarefa, concorda? Por isso, a alternativa está errada.

A alternativa (E) é a correta somente no tocante ao vocábulo sublinhado ("reiterar" significa confirmar, ratificar, já "retificar" significa corrigir). Mas a regência do verbo "preferir" não admite expressões intensificadoras, comparativas etc. Por isso, é incorreta a presença do termo "em vez de" nesta frase. A regência correta seria:

Preferiu retificar o seu julgamento a reiterá-lo.(confirmá-lo) Ou A reiterar seu julgamento preferiu retificá-lo. Questão 9: Fiscal de rendas SP ...para entender por que a viagem de Colombo acabou e continua sendo uma metáfora... No que se refere à grafia, para estar de acordo com o padrão culto, a frase que deve ser preenchida com forma idêntica à destacada acima é: (A) Referências são sempre interessantes,__________ despertam curiosidade acerca da obra. (B) __________ foi a obra que mais o teria impressionado sobre o assunto, respondeu alguém quando indagado sobre o motivo da citação. (C) Alguém poderá perguntar: - O autor citou Braudel, __________ ...? (D) Gostaria de saber __________ ele se interessou especificamente por essa obra de Braudel acerca do mar Mediterrâneo. (E) Quem sabe o __________ da citação da obra de Braudel? Gabarito: D

Comentário: Na alternativa (A), ocorre a conjunção

causal "porque". Note que podemos substituir por "pois", "porquanto".

Na alternativa (B), também há a conjunção causal "Porque". A única diferença é que essa estrutura oracional é a reposta de alguém a uma pergunta. Veja que podemos substituir por "Pois", "Porquanto".

Na alternativa (C), como a expressão é a última da frase, deve ficar separada e com acento: "O autor citou Braudel, por quê?".

A alternativa (D) é a correta, pois possui a expressão "por que" (separada e sem acento), como no pedido da questão. Isso ocorreu já que a frase é uma pergunta indireta e os vocábulos "motivo", "causa" ou "razão" podem ficar subentendidos após a expressão: "Gostaria de saber por que (motivo) ele se interessou...".

Na alternativa (E), como o vocábulo recebeu artigo "o", deve ficar junto e com acento: "Quem sabe o porquê da citação...".

Sec Edu SP - 2010 - Superior Texto:

Quatro ou cinco cavalheiros debatiam, uma noite, várias questões de alta transcendência, sem que a disparidade dos votos trouxesse a menor alteração aos espíritos. A casa ficava no morro de Santa Teresa, a sala era pequena, alumiada a velas, cuja luz fundia-se misteriosamente com o luar que vinha de fora. Entre a cidade, com as suas agitações e aventuras, e o céu, em que as estrelas pestanejavam, através de uma atmosfera límpida e sossegada, estavam os nossos quatro ou cinco investigadores de coisas metafísicas, resolvendo amigavelmente os mais árduos problemas do universo.

Por que quatro ou cinco? Rigorosamente eram quatro os que falavam; mas, além deles, havia na sala um quinto personagem, calado, pensando, cochilando, cuja espórtula no debate não passava de um ou outro resmungo de aprovação. Esse homem tinha a mesma idade dos companheiros, entre quarenta e cinquenta anos, era provinciano, capitalista, inteligente, não sem instrução, e, ao que parece, astuto e cáustico. Não discutia nunca; e defendia-se da abstenção com um paradoxo, dizendo que a discussão era a forma polida do instinto batalhador, que jaz no homem, como uma herança bestial; e acrescentava que os serafins e os

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querubins não controvertiam nada, e, aliás, eram a perfeição espiritual e eterna. Como desse esta mesma resposta naquela noite, contestou-lha um dos presentes, e desafiou-o a demonstrar o que dizia, se era capaz. Jacobina (assim se chamava ele) refletiu um instante e respondeu:

- Pensando bem, talvez o senhor tenha razão.

[...] (Machado de Assis. O espelho. Melhores Contos de Machado

de Assis.São Paulo: Global, 2001)

Questão 10:No primeiro parágrafo do texto, pode-se observar que o autor estabelece uma sinonímia contextual entre as seguintes expressões: (A) noite e alta transcendência. (B) questões de alta transcendência e misteriosamente. (C) questões de alta transcendência e mais árduos problemas do universo. (D) agitações e aventuras e atmosfera límpida e sossegada. (E) alta transcendência e menor alteração aos espíritos. Gabarito: C Comentário:

Na alternativa (A), "noite" transmite uma relação temporal, e a expressão "alta transcendência" não possui essa relação.

Na (B), "misteriosamente" é o modo como a luz das velas fundia-se com o luar. Não há relação com a expressão "questões de alta transcendência".

A alternativa (C) é a correta. Primeiro, porque podemos excluir as demais alternativas por estarem bem fora dessa relação de semelhança de sentido. Para trabalharmos a semântica neste trecho, é mais didático transcrevê-lo abaixo:

Quatro ou cinco cavalheiros debatiam, uma noite, várias questões de alta transcendência, sem que a disparidade dos votos trouxesse a menor alteração aos espíritos. A casa ficava no morro de Santa Teresa, a sala era pequena, alumiada a velas, cuja luz fundia-se misteriosamente com o luar que vinha de fora. Entre a cidade, com as suas agitações e aventuras, e o céu, em que as estrelas pestanejavam, através de uma atmosfera límpida e sossegada, estavam os¹ nossos quatro ou cinco investigadores de coisas metafísicas, resolvendo

amigavelmente os mais árduos problemas do universo.

Note que o primeiro trecho em negrito está paralelo ao segundo. Compare-os. Veja, inclusive, que o autor utiliza o artigo "os"¹ para enfatizar que o segundo termo está retomando o primeiro. Além disso, perceba que o autor evitou inserir as mesmas palavras para evitar a repetição viciosa. Por isso, ele inseriu sinônimos: "cavalheiros (=investigadores), "debatiam" (=resolvendo), "várias questões de alta transcendência"(=os mais árduos problemas do universo).

Na (D), ocorre o contraste entre "agitações e aventuras "na cidade e "atmosfera límpida e sossegada" no céu.

Na (E), a expressão "menor alteração aos espíritos" não tem relação com "alta transcendência", mas com "disparidade dos votos". Mesmo assim, não há relação sinônima entre eles. Questão 11: Os vocábulos disparidade, árduo se espórtula poderiam ser substituídos, respectivamente, pelos seguintes sinônimos de uso mais comum: (A) igualdade, difíceis e doação. (B) igualdade, duros e contribuição. (C) diferença, difíceis e contribuição. (D) diferença, duros e doação. (E) concordância, duros e contribuição. Gabarito: C Comentário:

Notamos que algo díspare é diferente, não cabendo as alternativas (A), (B) e (E). O adjetivo "árduos" significa "difíceis", mas o adjetivo "duros", em sentido figurado, também poderia transmitir o mesmo sentido. Por isso, não podemos eliminar a alternativa (D), sendo necessário vermos o contexto da palavra "espórtula":

Por que quatro ou cinco? Rigorosamente eram quatro os que falavam; mas, além deles, havia na sala um quinto personagem, calado, pensando, cochilando, cuja espórtula no debate não passava de um ou outro resmungo de aprovação.

Note que o substantivo "doação" não cabe no contexto, pois se mostrou uma participação quase inexistente, apenas resmungo de aprovação. O substantivo "doação" transmite ideia de participação com afinco, dedicação profunda, algo

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que não ocorreu no texto. Por isso, a alternativa correta é a (C), pois o substantivo "contribuição" é mais adequado, pois não transmite intensidade na participação. Questão 12: TRT 23aR 2007 Técnico Estas são o fruto de mecanismos de permanentes negociações intergovernamentais instigadoras do abandono de um destino nacional solitário em prol de um destino compartilhado. O segmento grifado na afirmativa acima tem seu sentido original reproduzido, com outras palavras, em: (A) que abandonaram as nações isoladas em seu ideal, evitando um objetivo comum em seus mecanismos. (B) que semeiam discordância em nações isoladas, como meio de compartilhar possíveis interesses comuns. (C) que provocam a solidão de determinadas nações, tendo em vista o processo de união das demais. (D) que defendem a substituição de uma visão nacional particular por uma reciprocidade de interesses afins. (E) que priorizam a nacionalidade de cada um, em detrimento da comunidade, em seus interesses particulares. Gabarito: D Comentário:

Note que as negociações são instigadoras do abandono de um destino nacional solitário, isto é, fomentam, induzem, provocam o abandono da solidão. Assim, pode-se entender que se quer a interação entre os países, fuga do individualismo, da solidão. Isso é corroborado pela expressão "em prol de um destino compartilhado", interativo, comum a várias nações.

Na alternativa (A), a expressão "evitando um objetivo comum" vai contra o que foi proposto no texto original.

Na alternativa (B), ao semear discordâncias em nações isoladas, não se consegue o compartilhamento de interesses comuns.

Na alternativa (C), não foi dito que haveria solidão de determinadas nações, mas o abandono de um destino nacional solitário.

A alternativa (D) é a correta, pois realmente se quer fortalecer as relações comuns (reciprocidade de interesses afins) e evitar uma visão nacional particular. (abandonar um destino nacional solitário).

Na alternativa (E), não se prioriza a nacionalidade de cada um (o interesse particular), mas o interesse comum. Questão 13: TRT 21aR 2003 Analista Está adequado o emprego da expressão sublinhada na frase: (A) Salvo melhor juízo, é indiscutível que partilhamos do mesmo julgamento: teus argumentos vêm de encontro aos meus. (B) A menos que você retifique seu voto, passando a acompanhar-nos em nossa decisão, não haverá como mantê-lo em nosso partido. (C) Em vista da notoriedade de seu mau caráter, ninguém se surpreendeu quando assumiu a responsabilidade pela trapaça que havia feito. (D) Ele se mostra transigente apenas nos casos em que não lhe convém arredar pé da posição que esteja defendendo com o habitual denodo. (E) A unanimidade na aprovação só foi alcançada porque a bancada de oposição reviu seu voto, ratificando a decisão do líder, renitente adversário do projeto. Gabarito: B Comentário:

Na alternativa (A), o contexto nos mostra que o correto seria "ao encontro de", pois transmite a ideia de "em favor de". Já a expressão "de encontro a" transmite sentido de oposição.

Na alternativa (B), "retifique" transmite o valor de "corrigir, mudar", o que o contexto pede. Deve-se mudar o voto. Por isso, a alternativa (B) é a correta.

Na alternativa (C), o adjetivo "mau" se liga a substantivo, significando o oposto de "bom". Quanto à morfologia, esta palavra foi bem empregada. Porém, observando-se o contexto em que se encontra, o correto seria "bom" caráter, pois houve notoriedade de seu caráter, ninguém se surpreendeu por ele ter assumido algo de errado. Isso não seria normal para uma pessoa de caráter ruim. Por isso, o erro é semântico. O adjetivo correto seria "bom".

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Na alternativa (D), o contexto mostra que alguém se mostra intolerante somente em determinados casos. Por isso o vocábulo correto seria "intransigente". Transigente significa tolerante, o que não ocorre no contexto da frase.

Na alternativa (E), o sentido necessário para a frase é o de corrigir, por isso o correto seria o vocábulo "retificando". Questão 14: MPE RS - 2010 - Médio ... afirma que dados da empresa foram cruciais para os resultados do trabalho. O único adjetivo que NÃO apresenta semelhança de sentido com o de cruciais, entre aqueles que também aparecem no texto, considerada a forma de masculino singular, é: (A) valioso. (B) essencial. (C) isolado. (D) decisivo. (E) significativo. Gabarito: C Comentário:

O adjetivo "isolado" realmente é o único que não transmite uma ideia de importância dos dados para os resultados da empresa. Todos os outros adjetivos transmitem essa ideia. Questão 15: BB - 2011 - Escriturário Nesse processo, o objetivo é, ao mesmo tempo, dinamizar as potencialidades locais e desbloquear aqueles entraves que impedem esse potencial de se realizar. Os dois segmentos grifados acima podem ser substituídos, mantendo-se o mesmo sentido, na ordem, por: (A) reduzir - equacionar os problemas (B) incentivar - afastar os obstáculos (C) desconsiderar - libertar os fatores (D) diversificar - identificar os empecilhos (E) valorizar - perceber as dificuldades Gabarito: B Comentário:

O verbo "dinamizar" traduz uma ideia qualitativa de amplitude, algo que os verbos

"reduzir" e "desconsiderar" não transmitem. Por isso, eliminamos as alternativas (A) e (C). Eliminamos as alternativas (D) e (E), pois "desbloquear" não é o mesmo que apenas "identificar" e "perceber", é algo além. É necessário "afastar os obstáculos". Por isso, a alternativa correta é a (B). Questão 16: BB - 2011 - Escriturário Descendo o rio Negro, no Amazonas, o contraste da frondosa copa de uma árvore, muito acima das outras, atiça a ir ao seu encontro. Na fala dos autores, o trecho grifado significa: (A) mostra nossa direção na floresta. (B) impede que nos aproximemos dela. (C) tenta nos afastar dali. (D) nos inspira certo medo. (E) desperta nossa curiosidade. Gabarito: E Comentário:

O verbo "atiçar" tem o sentido de "despertar". A expressão "a ir ao seu encontro" transmite a ideia de que ir ao local saciaria nossa curiosidade, por isso é correta a interpretação de "desperta nossa curiosidade". Questão 17: TRT 9aR - 2010 - Analista O Deus que interferia no mundo transformou-se no Deus criador: após criar o mundo, deixou-o à mercê de suas leis. A frase acima permanecerá correta e manterá o sentido caso se substituam os elementos sublinhados, respectivamente, por: (A) imiscuía ao - tornou-o à deriva em (B) intercalava ao - pô-lo ao acaso de (C) intervinha no - abandonou-o às (D) entronizava no - confiou-o às (E) imputava ao - manteve-o entregue às Gabarito: C Comentário:

O verbo "imiscuir" já foi visto nas aulas de verbo e de vez em quando vem caindo nas questões de ortografia e semântica. Esse verbo significa "intrometer-se". Semanticamente, esse verbo está adequado; porém, sintaticamente não, pois esse

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verbo exige a preposição "em" e é pronominal. (imiscuía-se no). Assim, a alternativa (A) foi excluída.

Nas alternativas (B), (D) e (E), perceba que "intercalava", "entronizava" e "imputava" não produzem o mesmo sentido de "interferia".

A alternativa (C) é a correta, pois "interferia(em)"tem o mesmo sentido e regência do verbo "intervinha(em)". A expressão "deixou-o à mercê" dá ideia de abandono, como ocorre com a expressão "abandonou-o às". Note que o pronome "o" retoma "mundo", por isso a alternativa está correta. Questão 18: TRE TO - 2011 - Analista ... por que nos darmos o trabalho de lê-lo? A expressão que contém o mesmo sentido do segmento grifado acima é: (A) entediarmos ao. (B) esforçarmos para. (C) preservarmos de. (D) pouparmos de. (E) resguardarmos em. Gabarito: B Comentário:

A expressão dar-se o trabalho de transmite a ideia de que algo necessita de muito esforço. Por isso, a expressão "darmos o trabalho de lê-lo" é o mesmo que "esforçamos para lê-lo". A alternativa (B) é a correta. Questão 19: TRT 1aR - 2011 - Analista Fragmento do texto: Compartilhar o espaço com estranhos é uma condição da qual os habitantes das cidades consideram difícil, talvez impossível, fugir. A presença ubíqua de estranhos é fonte de ansiedade, assim como de uma agressividade que volta e meia pode emergir. Faz-se necessário experimentar, tentar, testar e (espera-se) encontrar um modo de tornar a coabitação palatável. Essa necessidade é "dada", não-negociável. Mas o modo como os habitantes de cada cidade se conduzem para satisfazê-la é questão de escolha. E esta é feita diariamente. ... condição da qual os habitantes das cidades consideram difícil, talvez impossível, fugir.

Mantendo-se a correção e a lógica, o verbo grifado acima pode ser substituído, sem qualquer outra alteração na frase em que se encontra, APENAS por: (A) escapar. (B) afastar. (C) evadir. (D) evitar. (E) prevenir. Gabarito: A Comentário:

Note que as alternativas (D) e (E) não possuem verbos com mesmo sentido de "fugir". Por isso as eliminamos. Os verbos "escapar", "afastar" e "evadir" são sinônimos de "fugir". Mas perceba o contexto:

Compartilhar o espaço com estranhos é uma condição da qual os habitantes das cidades consideram difícil, talvez impossível, fugir.

Deixando mais claro seria: Os habitantes das cidades consideram difícil

fugir dessa condição. O verbo fugir é transitivo indireto e exige

preposição "de". O verbo sinônimo e de mesma regência é "escapar". Veja:

Os habitantes das cidades consideram difícil escapar dessa condição.

Note que os verbos "afastar" e "evadir" são pronominais e deveriam receber o pronome "se". Veja:

Os habitantes das cidades consideram difícil afastar-se dessa condição.

Os habitantes das cidades consideram difícil evadir-se dessa condição.

Assim, o problema é a regência nas alternativas (B) e (C); fazendo com que a alternativa correta seja a (A). Questão 20: TRT23aR - 2004 - Analista Fragmento do texto:

É importante, pois, para todo cidadão, ter consciência de que, em uma sociedade, a coexistência entre os diferentes é necessária, não obstante essa diferença não dever gerar desigualdade de oportunidade. Assim, brancos e negros relacionam-se necessariamente uns com os outros, podem conviver com suas diferenças concretas, e os direitos devem ser proporcionalmente iguais.

Hoje, essa afirmação é utópica, pois a sociedade ainda não conseguiu distinguir as

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diferenças e articulá-las, sem conceder privilégios a uns e restrições a outros. A diferença precisa ser concebida assim: algo produtivo, complementar. Essa é uma visão relativizadora, contrária ao etnocentrismo, que supervaloriza um em detrimento de outro. Na relação entre o vocabulário e os efeitos de sentido do texto, os termos utópica, restrição, detrimento serão substituídos, correta e respectivamente, por: (A) aparente - paliativo - aperfeiçoamento. (B) virtual - omissão - revés. (C) discutível - bloqueio - malogro. (D) ilusória - limitação - prejuízo (E) viável - exceção - enfraquecimento. Gabarito: D Comentário:

De antemão, algo que é utópico é imaginário, fantasioso, ilusório. No texto, a afirmação é utópica, isto é, não é real, não é verdadeira.

Note que, exceto a alternativa (D), as demais estão bem fora do contexto. Por isso, esta é a alternativa correta. Para confirmar, percebemos que "restrição" realmente significa "limitação". Veja o contexto:

"... sem conceder privilégios a uns e restrições (limitações) a outros."

O vocábulo "detrimento" realmente traduz a ideia de "prejuízo". Veja:

Essa é uma visão relativizadora, contrária ao etnocentrismo, que supervaloriza um em detrimento (prejuízo) de outro.

Assim, a reconstrução seria: Hoje, essa afirmação é ilusória, pois a

sociedade ainda não conseguiu distinguir as diferenças e articulá-las, sem conceder privilégios a uns e limitações a outros. A diferença precisa ser concebida assim: algo produtivo, complementar. Essa é uma visão relativizadora, contrária ao etnocentrismo, que supervaloriza um em prejuízo de outro. Questão 21: TRF 1aR - 2006 - Analista Fragmento do texto:

Um editorial da respeitada revista britânica The Lancer sobre o futuro de Cuba acendeu uma polêmica com pesquisadores latino-americanos. O

texto da revista sugeriu que o país pode mergulhar num caos após a morte do ditador Fidel Castro, que sofre de câncer, tal como ocorreu nos países do Leste Europeu após a queda de seus regimes comunistas. E conclamou os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária para os cubanos. De quebra, a publicação insinua que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano fazer frente a esse quadro. Quatro ações são atribuídas, no primeiro parágrafo do texto, ao editorial da revista britânica The Lancer: acender, sugerir, conclamar e insinuar. Considerando-se o contexto, não haveria prejuízo para o sentido se tivessem sido empregados, respectivamente, (A) ensejar - aventar - convocar - sugerir (B) instigar - propor - reiterar - infiltrar (C) dirimir - conceder - atribuir - insuflar (D) solapar - retificar - conceder - induzir (E) conduzir - insinuar - proclamar - confessar Gabarito: A Comentário:

Veja o significado do primeiro verbo de cada alternativa: ensejar: dar ensejo, incitar, provocar; instigar: incitar, estimular; dirimir: suprimir, resolver; solapar: demolir, destruir; conduzir: guiar, levar. Veja que apenas as alternativas (A) e (B) possuem o sentido de acordo com o contexto.

Notamos que o verbo "aventar" e "propor" são sinônimos de "sugerir".

Veja que "conclamar" é sinônimo de "convocar". O verbo "reiterar" só seria possível, neste contexto, se já houvesse sido feita a convocação anteriormente e então pela segunda vez seria a reiteração, a confirmação. Por isso, a alternativa (B) é excluída e a correta é a (A).

Veja que "insinuar" é sinônimo de "sugerir", o que a confirma como correta.