Audição - Você cuida da sua?

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A exposição a sons intensos é a segunda causa mais comum de deficiência auditiva. Muito se pode fazer para prevenir a perda auditiva induzida por ruído, mas pouco pode ser feito para reverter os danos que ela causa. Al- gumas vezes, uma simples e única exposição a um som muito intenso pode ser suficiente para levar a um dano auditivo irreversível. Isso ocorre porque o som de alta in- tensidade lesa as células sensoriais auditivas, causando perda auditiva proporcional ao dano gerado, podendo levar a zumbidos e distorção sonora. Os sintomas iniciais da perda auditiva induzida por ruí- do são sutis, começando, na maioria dos casos, pelas fre- qüências agudas. Conseqüentemente muitas pessoas não percebem que apresentam uma perda auditiva induzida por ruído, pois todas as outras freqüências sonoras estão dentro da normalidade, e continuam se expondo a ele por falta de orientação ou conhecimento. Ao contrário do que muitos imaginam, a exposição a sons intensos não atinge somente profissionais que trabalham em locais com elevado nível de ruído, como indústrias ou aeroportos, mas pode acontecer numa va- riedade de situações, que são muito freqüentes no dia- a-dia da maioria das pessoas. Para se ter uma idéia comparativa da intensidade so- nora de algumas situações/ambientes, colocamos numa tabela alguns sons ambientais aos quais nos expomos habitualmente: A Sociedade Brasileira de Otologia adverte: O SOM INTENSO PROVOCA PERDA DE AUDIÇÃO Como se pode notar na tabela de intensidade sonora, a exposição a sons intensos ocorre com muito mais fre- quência do que se imagina. Uma pessoa não pode permanecer em um ambiente com atividade sonora de 85 decibéis (dB NA) de intensi- dade por mais de oito horas. Esse tempo cai para quatro horas em lugares com 90 dB NA; duas horas em locais com 95 dB NA; uma hora aonde a intensidade chega a 100 dB NA. Dependendo do período de exposição, sons de intensidades superiores a 85 dB NA podem causar um infortúnio de dupla perversidade, pois ao mesmo tempo em que comprometem nossa capacidade auditiva para sons ambientais, normalmente agradáveis e prazerosos, nos incute um ruído intrínseco, contínuo, e não rara- mente desesperador: o zumbido. Alguns estudos mostram que a chance de um indiví- duo desenvolver perda auditiva quando exposto a ruídos de 90 decibéis (dB) durante 40 anos é de 25%. Isso sem levar em consideração que apenas um único som acima de 100dB pode lesar irreversivelmente as células sen- soriais de pessoas suscetíveis. Essa intensidade sonora é facilmente atingida em cinemas, danceterias, shows musicais, comemorações com fogos de artifício, que fa- zem parte dos hábitos comuns da vida cotidiana. Algumas dicas podem ser seguidas para saber se você está, ou esteve, em um ambiente com intensidade sono- ra potencialmente lesiva à sua audição: se há necessidade de gritar em um determinado am- biente para se fazer ouvir; se zumbidos ocorrem após exposição a um som intenso se a sensação de ouvidos cheios ou de diminuição de audição aparece após a exposição sonora. Portanto, se você já experimentou essa situação ou está exposto habitualmente a sons intensos, a Sociedade Bra- sileira de Otologia (SBO) e a Associação Brasileira de Otor- rinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) re- comendam que procure um médico otorrinolaringologista para avaliação e acompanhamento de sua saúde auditiva. Ás vezes, ouço o vento passar, e só de ouvir o vento passar, já vale a pena ter nascido” Fernando Pessoa Campanha Nacional da Audição A Audição é o primeiro sentido a se estabelecer em nossa formação, antes mesmo de nascermos. É também um dos mais fascinantes, já que nos permite conhecer o mundo através de todos os sons. Ouvir bem é fundamental para o desenvolvimento daquela que talvez seja a mais importante das habilidades do ser humano: a comunicação. Ela é tão importante para a educação normal e o desenvolvimento global da criança, que sua falta pode ser devastadora. É necessária para a aquisição da fala, para o re- conhecimento dos sons, identificação dos objetos e eventos e a interiorização de conceitos. A Campanha Nacional da Saúde Auditiva foi criada especial- mente para levar a você mais informações sobre todos os as- suntos que envolvem a Otologia, esse interessante universo de estudos da audição. Com a nossa campanha, esperamos trazer todas as orientações para que você possa entender melhor a importância dos cuidados com a sua saúde auditiva, desde os primeiros meses de vida até a preservação de uma boa quali- dade de sua audição na terceira idade. A Situação no Brasil 60% dos casos dos distúrbios da comunicação são represen- tados pelas deficiências auditivas. 25 milhões de brasileiros têm diminuição auditiva 90% podem ser ajudados por tratamento médico, cirúrgico ou por aparelhos de audição Estima-se que no Brasil 3 a 5 crianças em 1000 nascem surdas. 10 a 15% das crianças em idade escolar são portadoras de deficiência auditiva leve e flutuante. 2% das crianças em idade escolar são portadoras de defici- ência auditiva que exigiriam o uso de aparelhos de amplifi- cação sonora. 50 a 75% das deficiências auditivas são passíveis de serem diagnosticadas no berçário através da triagem auditiva (Otoe- missões acústicas, também conhecida com teste da orelhinha).

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A exposição a sons intensos é a segunda causa mais comum de deficiência auditiva. Muito se pode fazer para prevenir a perda auditiva induzida por ruído, mas pouco pode ser feito para reverter os danos que ela causa. Al-gumas vezes, uma simples e única exposição a um som muito intenso pode ser suficiente para levar a um dano auditivo irreversível. Isso ocorre porque o som de alta in-tensidade lesa as células sensoriais auditivas, causando perda auditiva proporcional ao dano gerado, podendo levar a zumbidos e distorção sonora.

Os sintomas iniciais da perda auditiva induzida por ruí-do são sutis, começando, na maioria dos casos, pelas fre-qüências agudas. Conseqüentemente muitas pessoas não percebem que apresentam uma perda auditiva induzida por ruído, pois todas as outras freqüências sonoras estão dentro da normalidade, e continuam se expondo a ele por falta de orientação ou conhecimento.

Ao contrário do que muitos imaginam, a exposição a sons intensos não atinge somente profissionais que trabalham em locais com elevado nível de ruído, como indústrias ou aeroportos, mas pode acontecer numa va-riedade de situações, que são muito freqüentes no dia-a-dia da maioria das pessoas.

Para se ter uma idéia comparativa da intensidade so-nora de algumas situações/ambientes, colocamos numa tabela alguns sons ambientais aos quais nos expomos habitualmente:

A Sociedade Brasileira de Otologia adverte:O SOM INTENSOPROVOCA PERDADE AUDIÇÃO

Como se pode notar na tabela de intensidade sonora, a exposição a sons intensos ocorre com muito mais fre-quência do que se imagina.

Uma pessoa não pode permanecer em um ambiente com atividade sonora de 85 decibéis (dB NA) de intensi-dade por mais de oito horas. Esse tempo cai para quatro horas em lugares com 90 dB NA; duas horas em locais com 95 dB NA; uma hora aonde a intensidade chega a 100 dB NA. Dependendo do período de exposição, sons de intensidades superiores a 85 dB NA podem causar um infortúnio de dupla perversidade, pois ao mesmo tempo em que comprometem nossa capacidade auditiva para sons ambientais, normalmente agradáveis e prazerosos, nos incute um ruído intrínseco, contínuo, e não rara-mente desesperador: o zumbido.

Alguns estudos mostram que a chance de um indiví-duo desenvolver perda auditiva quando exposto a ruídos de 90 decibéis (dB) durante 40 anos é de 25%. Isso sem levar em consideração que apenas um único som acima de 100dB pode lesar irreversivelmente as células sen-soriais de pessoas suscetíveis. Essa intensidade sonora é facilmente atingida em cinemas, danceterias, shows musicais, comemorações com fogos de artifício, que fa-zem parte dos hábitos comuns da vida cotidiana.

Algumas dicas podem ser seguidas para saber se você está, ou esteve, em um ambiente com intensidade sono-ra potencialmente lesiva à sua audição:

se há necessidade de gritar em um determinado am-biente para se fazer ouvir;

se zumbidos ocorrem após exposição a um som intenso

se a sensação de ouvidos cheios ou de diminuição de audição aparece após a exposição sonora.

Portanto, se você já experimentou essa situação ou está exposto habitualmente a sons intensos, a Sociedade Bra-sileira de Otologia (SBO) e a Associação Brasileira de Otor-rinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) re-comendam que procure um médico otorrinolaringologista para avaliação e acompanhamento de sua saúde auditiva.

Ás vezes, ouço o vento passar, e só de ouvir o vento passar, já vale a pena ter nascido”

“Fernando Pessoa

Campanha Nacional da AudiçãoA Audição é o primeiro sentido a se estabelecer em nossa

formação, antes mesmo de nascermos. É também um dos mais fascinantes, já que nos permite conhecer o mundo através de todos os sons. Ouvir bem é fundamental para o desenvolvimento daquela que talvez seja a mais importante das habilidades do ser humano: a comunicação. Ela é tão importante para a educação normal e o desenvolvimento global da criança, que sua falta pode ser devastadora. É necessária para a aquisição da fala, para o re-conhecimento dos sons, identificação dos objetos e eventos e a interiorização de conceitos.

A Campanha Nacional da Saúde Auditiva foi criada especial-mente para levar a você mais informações sobre todos os as-suntos que envolvem a Otologia, esse interessante universo de estudos da audição. Com a nossa campanha, esperamos trazer todas as orientações para que você possa entender melhor a importância dos cuidados com a sua saúde auditiva, desde os primeiros meses de vida até a preservação de uma boa quali-dade de sua audição na terceira idade.

A Situação no Brasil60% dos casos dos distúrbios da comunicação são represen-tados pelas deficiências auditivas.

25 milhões de brasileiros têm diminuição auditiva

90% podem ser ajudados por tratamento médico, cirúrgico ou por aparelhos de audição

Estima-se que no Brasil 3 a 5 crianças em 1000 nascem surdas.

10 a 15% das crianças em idade escolar são portadoras de deficiência auditiva leve e flutuante.

2% das crianças em idade escolar são portadoras de defici-ência auditiva que exigiriam o uso de aparelhos de amplifi-cação sonora.

50 a 75% das deficiências auditivas são passíveis de serem diagnosticadas no berçário através da triagem auditiva (Otoe-missões acústicas, também conhecida com teste da orelhinha).

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Campanha Nacionalda Saúde Auditiva

Você cuida da sua audição?Respeite os limites de seus ouvidos.Não exponha sua audição a sons com intensidades superiores a 85 decibéis.

Iniciativa

FONTE SONORA

arma de fogo

concerto de “rock”

serra elétrica furadeira pneumática

Pátio do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (medição fornecida pela Infraero)

tráfego pesado

automóvel (passando a 20 metros)

conversação a 1 metro

sala silenciosa

área residencial à noite

falar sussurrando

INTENSIDADE SONORA EM DECIBÉIS (nível de pressão sonora)130-140

110

100-105

80-85

80

70

60

50

40

20

Tempo de exposição máxima por dia, em horas

8

6

4

3

2

1 1/2

1

1/2

< 1/4

Nível sonoro em decibéis

85

92

95

97

100

102

105

110

115

Quem é o primeiro profissional que você deve procurar?Otorrinolaringologista é o médico mais indicado, pois é especializado em ouvidos, nariz e garganta e no tratamento dos distúrbios da comunicação.

Apoio

(dosimetria - 8h)