Atv Sem 5 - REVOLUÇÕES - Aluno Fábio Paiva

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Atividade Semanal 5 REVOLUÇÕES A Revolução Inglesa (1640-1688) e a Revolução Francesa (1789-1799) provocaram consideráveis transformações no Regime Absolutista e, por meio da nova ordem estabelecida em seus países, influenciaram profundamente o mundo ocidental moderno, porque criaram as condições para o desenvolvimento do capitalismo. Segundo os historiadores do paradigma marxista, esses movimentos revolucionários são considerados revoluções burguesas, pois se originaram da crise no modo de produção vigente e porque houve participação efetiva da burguesia ou ganhos expressivos para essa classe emergente. Nesse sentido, o presente trabalho pretende realizar uma comparação entre essas duas revoluções, destacando suas UNIVERSIDADE NIVERSIDADE M METODISTA ETODISTA DE DE S SÃO ÃO P PAULO AULO Curso: Ciências Sociais – 2º período Módulo: Desenvolvimento desigual e combinado da sociedade moderna Unidade: Bases Históricas de Formação e desenvolvimento da sociedade capitalista moderna Título: Revolução Francesa Data: 08 setembro 2010 Prof: Cesar Mangolin Nome: Fábio Luís Cardoso de Paiva (Matrícula 197818)

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Atividade Semanal 5

REVOLUÇÕES

A Revolução Inglesa (1640-1688) e a Revolução Francesa (1789-1799) provocaram

consideráveis transformações no Regime Absolutista e, por meio da nova ordem

estabelecida em seus países, influenciaram profundamente o mundo ocidental moderno,

porque criaram as condições para o desenvolvimento do capitalismo.

Segundo os historiadores do paradigma marxista, esses movimentos revolucionários

são considerados revoluções burguesas, pois se originaram da crise no modo de produção

vigente e porque houve participação efetiva da burguesia ou ganhos expressivos para essa

classe emergente.

Nesse sentido, o presente trabalho pretende realizar uma comparação entre essas

duas revoluções, destacando suas semelhanças e diferenças e apresentando um balanço de

cada uma.

Em função da distância de mais 100 anos que separam a Revolução Inglesa da

Francesa, a primeira ideia a considerar nesta comparação se refere às características do

absolutismo que dominava os países em pauta.

O Absolutismo Inglês caracterizou-se por ter uma constituição peculiar, uma

monarquia atípica. Conforme PIRES, no início do século XVII, não haviam sido formados

UUNIVERSIDADENIVERSIDADE M METODISTAETODISTA DEDE S SÃOÃO P PAULOAULO

Curso: Ciências Sociais – 2º período

Módulo: Desenvolvimento desigual e combinado da sociedade moderna

Unidade: Bases Históricas de Formação e desenvolvimento da sociedade capitalista

moderna

Título: Revolução Francesa

Data: 08 setembro 2010

Prof: Cesar Mangolin

Nome: Fábio Luís Cardoso de Paiva (Matrícula 197818)

Pólo: Brasília

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“os elementos básicos do sistema absolutista: autonomia financeira, burocracia e exército

permanente”. A Inglaterra possuía um parlamento forte e atuante e uma igreja, a Anglicana,

que não conseguia unificar a sociedade. A corte não possuía uma fonte de renda fixa,

dependia basicamente da arrecadação de impostos e da venalidade de cargos e terras. Esse

contexto favorecia o aparecimento de divergências entre a monarquia, o clero e a nobreza,

proporcionando, consequentemente, as condições ideais para o movimento revolucionário.

Por sua vez, a França era marcada por um Absolutismo típico. O monarca era uma

figura onipotente, a quem era atribuído o direito divino. A sociedade era dividida em três

estamentos – nobreza, clero e plebe – cada um com estatutos particulares e desiguais. O

soberano controlava o comércio e as manufaturas serviam para fabricar artigos de luxo para

a corte e armas para a tropa. Desta forma, enquanto o rei conseguiu manter seu poder

soberano, exercendo forte controle sobre os estamentos sociais, não houve espaço para

reação, para o desenvolvimento do ideal revolucionário.

Portanto, pode-se verificar que, em referência às características do Antigo Regime,

as revoluções apresentam pontos distintos. A Inglaterra possuía uma monarquia

enfraquecida perante o poder do parlamento, o que contribuiu para a eclosão do movimento

revolucionário burguês da Europa. O Absolutismo Francês, consolidado e potente,

conseguiu retardar a crise do Antigo Regime e a consequente revolução.

O segundo aspecto que merece destaque nesta análise comparativa trata das causas

imediatas que contribuíram para criar um ambiente insustentável e, assim, deflagrar as

referidas revoluções.

Os eventos próximos que desencadearam a Revolução Inglesa estão relacionados

com questões religiosas e políticas. Na busca da unificação da sociedade, são promovidas

reformas na Igreja Anglicana, insistindo em resquícios do catolicismo, o que provoca uma

forte reação puritana. Em meio a uma crise econômica que abalou a Europa, a coroa inglesa

estabeleceu medidas, como a dissolução do parlamento, para implementar o absolutismo

típico, então o parlamento reage e assume o papel decisório no país, dando início à

revolução. O manutenção se tornou insustentável porque a corte estava dissociada do país,

a nação se via solidificada em valores, enquanto considerava a realeza depravada.

Na Revolução Francesa, os acontecimentos imediatos que desencadearam a

revolução foram a influência do pensamento liberal, a reação aristocrática, que impediu o

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acesso da burguesia à nobreza, e a tentativa de reformulação do sistema fiscal, fruto do

déficit provocado pelo enorme custo da monarquia e que manteve os privilégios da nobreza

e do clero e, principalmente, aumentou o peso da arrecadação sobre o Terceiro Estado.

Assim, uma profunda crise socioeconômica se instalou na França e desencadeando uma

grande revolta popular.

Por conseguinte, é possível inferir que, em relação às causas imediatas, as

revoluções apresentam pontos em comum, porque em ambas houve a tentativa de fortalecer

o sistema absolutista, mas também pontos divergentes, pois na Inglaterra ocorreu uma cisão

entre a monarquia e a nobreza/clero, com o parlamento assumindo as rédeas da nação, mas

na França quem impôs sua proposta foi o Terceiro Estado, liderado pela burguesia e

sustentado pelo radicalismo do levante popular.

Outra ideia que sugere uma reflexão quando se propõe comparar as revoluções

inglesa e francesa é sobre a participação da classe burguesa nesses levantes.

Na Revolução Inglesa a burguesia teve uma participação pouco expressiva,

basicamente limitou-se a apoiar a aristocracia rural na Câmara dos Comuns e a acatar as

decisões da alta nobreza e do alto clero na Câmara dos Lordes.

Entretanto, a classe burguesa da França desempenhou um papel primordial no

desenrolar da revolução. Foi ela que durante a convocação dos Estados Gerais conseguiu

manobrar e transformá-la em Assembleia Nacional Constituinte, para assegurar os anseios

da plebe. Com isso, ocorreu uma tentativa de reação da aristocracia com o rei, devidamente

rechaçada pelos levantes populares.

Assim, pode-se concluir que, no que tange à participação da burguesia, as

revoluções apresentam características distintas. A classe burguesa da Inglaterra teve uma

função secundária na revolução, ao passo que a burguesia francesa apresentou uma

participação ativa e fundamental.

Um item que pode ser acrescido a esta análise comparativa entre as revoluções

inglesa e francesa é a intensidade com a qual essas revoluções se desenvolveram e que, por

assim dizer, marcou a história desses eventos.

O movimento revolucionário inglês pode ser considerado como um processo de

intensidade moderada, uma vez que seus fatos marcantes ocorreram ao longo de meio

século e os conflitos desenvolvidos não tiveram a violência como destaque, em que pese a

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decapitação de um rei e uma guerra civil, o radicalismo das posições políticas e religiosas

foram os aspectos que ganharam maior evidência.

Nesse sentido, a Revolução Francesa caracterizou-se como intensa, devido à

velocidade imprimida pelos acontecimentos e, principalmente, ao violento radicalismo que

qualificou as ações dos revoltosos. No espaço de uma década, foram promulgadas quatro

constituições como resultado de quatro movimentos – Monarquia Constitucional (1789-

1792), República e Terror (1792-1794), Reação Termidoriana (1794-1799) e 18 Brumário,

o golpe de Napoleão (1799). Além disso, a violência que envolveu a Tomada da Bastilha e

o levante camponês na destruição dos castelos, resquícios do feudalismo, juntamente com a

condenação da realeza a morte na guilhotina, marcaram o grau de radicalismo do

movimento francês.

Portanto, quanto à intensidade das revoluções, pode-se verificar que em comparação

com a Inglesa a Revolução Francesa apresentou um grau de ebulição muito mais alto.

Como aspecto derradeiro desta comparação proposta cabe ressaltar as principais

consequências dos movimentos revolucionários em questão.

Com a revolução, a Inglaterra transformou-se em uma monarquia constitucional,

configurando a derrota do movimento democrático e do puritanismo, porém, ocorreu a

extinção das relações feudais, com uma profunda mudança na estrutura político-judiciária

do Estado, estabelecendo as bases para a Revolução Industrial e para o desenvolvimento do

capitalismo.

A França pós-revolucionária caracterizou-se como um Estado burguês, baseado em

uma nova unidade estrutural, o modo de produção capitalista, e propagador do pensamento

liberal.

Desta forma, apesar da observância de aspectos distintos na comparação das

principais consequências das revoluções inglesa e francesa, o resultado marcante e comum

desses movimentos revolucionários foi o desenvolvimento do capitalismo.

Por fim, visualizando os aspectos gerais desenvolvidos nesta comparação entre a

Revolução Inglesa e a Revolução Francesa, é possível ratificá-las como revoluções

burguesas e concluir que a consequência síntese dessas revoluções foi o desenvolvimento

do modo de produção capitalista, que influenciou o concerto das modernas nações

ocidentais.

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REFERÊNCIAS

LASLETT, Peter. O mundo que nós perdemos. Tradução de Alexandre Pinheiro Torres e

Hermes Serrão. Edições Cosmos, coleção A Marcha Da Humanidade, Lisboa 1975. Cap. 1:

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<http://cesarmangolin.files.wordpress.com/2010/02/mundoqueperdemos.pdf> Acesso em:

16 ago. 2010.

MANGOLIN, César. Revolução Inglesa. Apresentação. Disponível em:

<http://metodistasp.eduead.com.br/eduead/file.php/279/1208/Slides/Teleaula_cor.pdf >.

Acesso em 12 ago. 2010.

_____, César. A Revolução Francesa. Apresentação. Disponível em:

<http://metodistasp.eduead.com.br/eduead/file.php/279/0209/slides/PPT_-_Colorido.pdf>.

Acesso em 02 set. 2010.

PIRES, Frederico Pieper. A Revolução inglesa. Ciências Sociais – Brasil: economia,

sociedade e cultura. Org. Luci Praun. São Paulo: UMESP, 2009.

______, Frederico Pieper. Revolução francesa: história e historiografia. Ciências Sociais –

Brasil: economia, sociedade e cultura. Org. Luci Praun. São Paulo: UMESP, 2009.

SOBOUL, Albert. A Revolução Francesa. Rio de Janeiro, DIFEL, s/d/ Pp.109-122.

Disponível em: <http://www.4shared.com/file/122620489/cb1880a/soboul.html>Acesso

em: 05 set. 2010.