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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA JOÃO GABRIEL BRÚSSOLO FERREIRA ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO COM USO DE BIOESTIMULANTES E FERTILIZANTES FOLIARES NA CULTURA DO FEIJOEIRO Uberlândia – MG JUNHO - 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CURSO DE AGRONOMIA

JOÃO GABRIEL BRÚSSOLO FERREIRA

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO COM USO DE BIOESTIMULANTES E

FERTILIZANTES FOLIARES NA CULTURA DO FEIJOEIRO

Uberlândia – MG

JUNHO - 2015

JOÃO GABRIEL BRÚSSOLO FERREIRA

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO COM USO DE BIOESTIMULANTES E

FERTILIZANTES FOLIARES NA CULTURA DO FEIJOEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Agronomia, da Universidade Federal de Uberlândia, para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo.

Orientadora: Regina Maria Quintão Lana

Uberlândia – MG JUNHO – 2015

JOÃO GABRIEL BRÚSSOLO FERREIRA

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO COM USO DE BIOESTIMULANTES E FERTILIZANTES FOLIARES NA CULTURA DO FEIJOEIRO

Monografia apresentada ao Programa de Graduação em Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo.

Aprovado pela Banca Examinadora em vinte e nove de junho de 2015.

Rafaella Ferreira Batista Bernardes Ana Carolina Pereira

Membro da Banca Membro da Banca

_____________________________________

Prof. Dra. Regina Maria Quintão Lana

Orientadora

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO COM USO DE BIOESTIMULANTES E ADUBOS FOLIARES NA CULTURA DO FEIJOEIRO

Resumo: O Brasil é o maior produtor de feijão comum do mundo. No entanto, a produtividade

brasileira ainda é muito baixa. Uma das alternativas é a utilização e procedimentos técnico-

científicos com o objetivo de otimizar as vantagens e identificar as limitações do uso de novas

tecnologias, que é uma tendência da agricultura moderna. Com isso o objetivo desse trabalho

foi avaliar a influência do uso de bioestimulantes e adubos foliares na cultura do feijoeiro nos

atributos químicos do solo na região do Triângulo Mineiro-MG. O uso de bioestimulantes

(Pilatus e Biozyme) e adubos foliares (K-tionic; Raizal, Biozyme, Kfol e junção de Pilatus +

K-tionic; Raizal; Kfol) não influenciam nos atributos químicos e matéria orgânica do solo.

Não houve resposta entre o uso bioestimulantes, fertilizantes foliares e testemunha na análise

univariada e multivariada.

Palavras Chaves: Biorreguladores; Phaseolus vulgaris L.; adubação foliar; hormônios

vegetais.

ATTRIBUTES OF CHEMICAL SOIL BIOSTIMULAYTORS USE AND FOLIAR

FERTILIZERS CULTURE OF BEAN

Abstract: Brazil is the largest bean producer in the world. However, Brazilian productivity is

still very low. One alternative is the use of technical and scientific technical procedures in

order to optimize the benefits and identify the limitations of the use of new technologies,

which is a trend of modern agriculture. Therefore, the objective of this work was to evaluate

the use of bio-stimulants and foliar fertilizers in bean plants in soil chemical properties in the

region of Triangulo Mineiro, Minas Gerais / Brazil. The use of bio-stimulants (Pilatus and

Biozyme) and foliar fertilizers (K-tionic; Raizal, Biozyme, Kfol and junction Pilatus + K-

tionic; Raizal; Kfol) do not influence the chemical properties and soil organic matter. There is

the distinction being Biostimulants use, foliar fertilizers and control treatments in the

univariate and multivariate analysis.

Palavras Chaves: Plant hormones; Phaseolus vulgaris L; foliar fertilization; foliar fertilizers;

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

2 REFENCIAL TEÓRICO...............................................................................................2

3 MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................4

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................8

5 CONCLUSÕES............................................................................................................12

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................12

1

INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor de feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) do mundo. Na

primeira safra 2013/2014 o feijão obteve um crescimento de 34,6% (334,2 milhões de

toneladas) em relação à safra anterior, em uma área de 1,17 milhão de hectares, o que

configura um crescimento de 4,1% em relação à safra passada (CONAB, 2013). O feijoeiro é

cultivado em todos os estados brasileiros e em diversas condições edafoclimáticas, épocas,

sistemas de cultivo (CARNEIRO, 2002) e com grande quantidade de cultivares (KAPPES et

al., 2008). O Paraná é considerado o maior produtor nacional com aproximadamente 48,2% da

produção do feijão (CONAB, 2013).

No entanto, mesmo com esse crescimento ainda existe uma necessidade no aumento

da produtividade do feijoeiro devido ao alto consumo. Uma das alternativas é a utilização de

técnicas e procedimentos técnicos científicos com o objetivo de otimizar as vantagens e

identificar as limitações do uso de novas tecnologias, que é uma tendência da agricultura

moderna (BERNARDES et al., 2008).

O uso de bioestimualantes na cultura do feijoeiro é uma alternativa para aumentar a

produtividade. São definidos como misturas de reguladores de crescimento vegetal ou mistura

de um ou mais destes com outros compostos de natureza química diferente, como

aminoácidos, vitaminas, sais minerais entre outros (BERNARDES et a., 2008). Considerados

como substâncias naturais ou sintéticas que podem ser aplicadas em sementes, plantas e solo e

provocam alterações dos processos vitais e estruturais, a fim de aumentar a produtividade e

qualidade de sementes (ALLEONI et al., 2008).

Os bioestimulantes quando aplicados nos tecidos da planta possuem ações similares

aos grupos de hormônios vegetais conhecidos como auxinas, giberelinas e citocininas

(CASTRO; VIEIRA, 2001), que são os principais hormônios vegetais de uso exógeno (TAIZ;

ZEIGER, 2009). A auxina é o regulador chave de muitos aspectos do crescimento e

desenvolvimento de plantas, incluindo a divisão celular e alongamento, diferenciação,

tropismos, dominância apical, senescência, abscisão, e florescimento (TEALE et al., 2006).

As citocininas são responsáveis, principalmente, pela divisão celular, e também atua em

outros processos dentro da planta, como o desenvolvimento vascular, dominância apical e

mobilização de nutrientes, principalmente quando interagem com as auxinas (NISHIMURA et

al., 2004).

O uso de bioestimulantes e adubos foliares ainda requerem mais estudos na cultura do

feijão. Portanto, o objetivo foi avaliar a influência do uso de bioestimulantes e fertilizantes

2

foliares na cultura do feijão nos atributos químicos do solo na região do Triângulo Mineiro-

MG.

3

REFERENCIAL TEÓRICO

A cultura do feijoeiro

Originário da América do Sul e México e Guatemala o feijão (Phaseolus vulgaris, L.,

Leguminosae) é um dos principais alimentos da população brasileira especialmente a de baixa

renda. Na maioria das regiões produtoras predomina a exploração da cultura por pequenos

produtores, com uso reduzido de insumos, obtendo-se baixas produções. O grão é utilizado na

alimentação humana, na maioria das ocasiões de modo obrigatório, como cardápio diário. Ele

é consumido em mistura com arroz e farinha, em saladas frias, transformado em pastas (tutu)

ou ainda compondo feijoadas. (SEAGRI, 2007).

Hormônios vegetais e reguladores do crescimento

Uma planta para crescer necessita de luz, CO2, H2O e minerais. A planta faz mais do

que simplesmente aumentar sua massa e volume. Ela se diferencia, desenvolve-se e adquire

forma criando uma variedade de células, tecidos e órgãos. Os principais fatores que interferem

no crescimento e desenvolvimento das plantas são de natureza química. Esses sinais químicos

carregam informações e modificam o estado fisiológico das células, dos tecidos e, em alguns

casos de sistemas mais complexos. Nesse contexto, sabe-se que uma mesma substância pode

produzir respostas diferentes em diferentes fases do desenvolvimento da planta. A partir do

conhecimento das ações dos principais grupos de hormônios vegetais (auxina, citocinina,

giberelina e brassinoesteróides) tornou-se claro que sinais químicos adicionais são utilizados

pelas plantas (RAVEN et al., 2001).

Hormônios vegetais são compostos orgânicos, não nutrientes, produzidos na planta, os

quais a baixas concentrações (10-4M), promovem, inibem ou modificam processos

fisiológicos e morfológicos do vegetal (CASTRO; VIEIRA, 2001).

Processos como germinação, crescimento vegetativo, florescimento, frutificação e

maturação são afetados por diversos fatores, sendo que os hormônios vegetais desempenham

um papel importante no controle do desenvolvimento dos componentes que interferem na

produtividade. Conhecer a respeito dos locais de produção, biossínteses, vias de transporte,

estrutura química, mecanismo de ação e efeitos fisiológicos destas substâncias é importante

para estudos que visam alterar as respostas das plantas, através da manipulação destas e/ou a

aplicação de seus similares (CATO, 2006).

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Segundo Arteka (1996) citado por Castro e Vieira (2001), substâncias reguladoras do

crescimento podem trabalhar sozinhas ou em combinação com outras, como se verifica no

caso dos bioestimulantes, durante o processo de germinação de sementes e também, nos

eventos pós-germinativos, como a mobilização de reservas, que favorece o desempenho das

sementes no processo de germinação.

Como forma de acelerar e melhorar a germinação de sementes e também promover o

crescimento das plântulas, vários pesquisadores preconizam o uso de reguladores vegetais

(PRADO NETO; et al., 2007).

O uso de reguladores é uma prática já difundida principalmente em países com

pequena extensão territorial, onde se faz necessário o uso de tecnologia para a obtenção de

maiores produtividades com qualidade superior. No Brasil ainda existe, de forma geral,

resistência por parte dos agricultores em adotar novas tecnologias. Neste sentido, a utilização

de reguladores vegetais se torna uma alternativa interessante. Com a descoberta dos efeitos

dos reguladores vegetais sobre as plantas cultivadas e os benefícios promovidos por estas

substâncias, muitos compostos e combinações desses produtos têm sido pesquisados com a

finalidade de resolver problemas do sistema de produção e melhorar qualitativa e

quantitativamente a produtividade (CASTRO; VIEIRA, 2001).

Segundo Castro et al. (1998), fitorreguladores ocasionam benefícios como incremento

do crescimento e do desenvolvimento vegetal, estimulando a divisão celular, a diferenciação e

o alongamento das células, aumenta a absorção e utilização dos nutrientes e é especialmente

eficiente quando aplicados com fertilizantes foliares, sendo também compatível com

defensivos.

Os reguladores de crescimento podem ser utilizados para vários outros objetivos, entre

eles a aplicação em fases iniciais da cultura, para melhorar a germinação, a emergência e o

desenvolvimento inicial das plantas, pois no momento em que a lavoura está se estabelecendo

em campo, diversos fatores podem influenciar negativamente seu desempenho, como

desuniformidade de germinação, crescimento lento e insuficiente desenvolvimento do sistema

radicular (EMBRAPA, 2003).

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Os bioestimulantes

Esse produto químico pode, em função da sua composição, concentração e proporção

das substâncias, incrementar o crescimento e desenvolvimento vegetal estimulando a divisão

celular, diferenciação e o alongamento das células, podendo também, aumentar a absorção e a

utilização de água e dos nutrientes pelas plantas (CASTRO; VIEIRA, 2001).

Apesar de já terem sido feitos alguns estudos utilizando os bioestimulantes em

diferentes culturas, os resultados obtidos até agora têm sido controversos, sendo necessárias,

portanto, novas pesquisas para melhor avaliação dos efeitos destes produtos na agricultura,

uma vez que seu uso tem sido propagado em várias regiões do mundo (VASCONCELOS,

2006).

Vieira (2001) relata que o bioestimulante aplicado via semente proporcionou uma

melhor uniformidade de germinação, favorecendo o surgimento de plântulas com qualidade

superior, resultando em plantas com sistemas radiculares mais desenvolvidos, apresentando

raízes mais vigorosas, com massa seca, crescimento e comprimento total superiores aos

encontrados nas plantas não-tratadas, aspectos que certamente influem positivamente na

produtividade das plantas.

6

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da Área

O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Capim Branco, pertencente à

Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em Uberlândia, localizada no sudoeste do estado

de Minas Gerais - Brasil, na intersecção das coordenadas geográficas de 18° 55’23’’ latitude

sul e 48° 17’ 19’’ longitude. O clima local é classificado como tropical de altitude, Aw

(KÖPPEN, 1948), com temperatura média anual de 22,3°C, umidade relativa do ar em torno

de 71% e precipitação pluviométrica de aproximadamente 1500 mm anuais.

O experimento foi realizado em delineamento em blocos casualizados (DBC) com 6

tratamentos, a seguir: testemunha (T1); pilatus + K-tionic (T2); Raizal (T3); Biozyme (T4);

Kfol (T5) e a junção do Pilatus + K-tionic; Raizal; Biozyme; Kfol (T6), com 4 repetições.

Totalizando 24 parcelas com 4 metros de comprimento por 4 metros de largura, contendo

desse modo 8 linhas com área total de 16x24 m, respectivamente largura e comprimento.

Para a caracterização química do solo foram utilizadas amostras deformadas na

camada de 0-20 cm, transformadas em terra fina seca ao ar (TFSA) para determinar os teores

de fósforo (P), potássio (K+), cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), acidez potencial (H + Al), pH

em água utilizando as metodologias de acordo com EMBRAPA (2009). O solo foi

classificado Latossolo Vermelho Amarelo com textura argilosa de acordo com o sistema

brasileiro de classificação do solo (EMBRAPA, 2013).

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Tabela 1. Atributos químicos de um Latossolo Amarelo na Fazenda Experimental Capim Branco da Universidade Federal de Uberlândia, no município de Uberlândia, região do Triângulo Mineiro, estado de Minas Gerais/Brasil.

pH P Mg2+ Ca2+ K1+ Al3+ H+Al M.O.

SOLO

mg dm-3 --------------- cmolc dm-3 --------------- dag Kg-1

5,5

4,4

0,9

2,3

0,41

0,0

4,70

3,5

SB T T B Cu Fe Mn Zn

- - - -------------------- mg dm-3 --------------------

3,61 3,61 8,31 0,06 7,4 18 9,4 1,5

pH em água, relação 1:2,5. Ca2+ e Al3+: extrator KCl 1 mol L-1. H+Al: extrator Ca (OAc)2 0,5 mol L-1 pH 7,0. P e K: extrator Mehlich-1, M.O. (Walkley-Black). B (BaCl2.2H2O a 0,125% à quente); Cu, Fe, Mn, Zn (DTPA 0,005 mol L-1 + CaCl2 0,01 mol L-1+ TEA 0,1 mol L-1 a pH 7,3);

Caracterização do experimento

Os fertilizantes foram aplicados em dosagens diferentes, sendo que o tratamento

testemunha foi feito sem nenhuma aplicação. O (T2), Pilatus® mais K-tionic®, foi aplicado

nas dosagens de 0,5 L ha-¹ e, 1,0L ha-¹ respectivamente, no sulco de plantio. O (T3), Raizal®,

foi aplicado no estádio vegetativo V2, na dosagem de 1,0 Kg ha-¹. O (T4), Biozyme®, foi

aplicado no tratamento de sementes, numa dosagem de 2 ml por Kg de sementes e, também

nos estádios R5 e R7, na dosagem de 250 ml por hectare. O (T5), Kfol®, foi aplicado no

estágio R8, na dosagem de 2,0 Kg ha-¹. O (T6) foi a junção de todos os produtos.

A semeadura do feijoeiro foi realizada manualmente em abril de 2014, 3 dias após o

preparo do solo. A cultivar utilizada foi a Pérola, pertencente ao grupo Carioca, arbustivo, de

hábito de crescimento indeterminado (entre os tipos II e III). O espaçamento foi de 0,5 m

entre linhas, utilizando-se de 13 a 15 sementes por metro e estas foram colocadas a

aproximadamente 5 cm de profundidade. A adubação de plantio foi realizada manualmente

durante a abertura dos sulcos para plantio, utilizando-se 40 kg ha-1 do formulado 5-30-15.

A pulverização foliar foi realizada no início da manhã, quando não havia ventos fortes,

aplicando-se a solução sobre a folhagem do feijoeiro até estas ficarem molhadas, não

deixando causar escorrimento. Utilizou-se um pulverizador costal manual com capacidade de

20 L.

O Biozyme® é um bioestimulante que apresenta em sua composição dos nutrientes:

Fe, Zn, B, Mn, Mg e fitormônios giberelina, ácido indolacético e zeatina. Já o pilatus (R) é

composto de extratos vegetais (30%), ácido fúlvico (3%), aminoácidos (2%) e inositol

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(0,42%).

Dentre os fertilizantes avaliados, K-tionic® é considerado um promotor e assimilador

de nutrientes composto por nitrogênio total (6.00 g L-1), nitrogênio ureíco (6,00 g L-1),

potássio solúvel em água (38,00 g L-1), extrato de carbono húmico total (100,00 g L-1),

carbono de ácidos húmicos (10,0 g L-1) e extrato de ácidos fúlvicos (90,0 g L-1).

Também foi utilizado o Raizal®, um fertilizante foliar desenvolvido para fornecer os

nutrientes necessários ao desenvolvimento de plantas em estádios iniciais provenientes de

transplantes ou de semeadura direta. Composto por nitrogênio solúvel em água (9,00 %pp),

fósforo solúvel em água (45,00 %pp), óxido de potássio solúvel em água (11,00 %pp). O Kfol®

também é um fertilizante foliar altamente solúvel, caracterizado por a concentração elevada de

potássio sem nitrogênio e equilibrado com fósforo, magnésio, enxofre e boro enriquecido com

ácido carboxílico. Composto por fósforo assimilável (20%), potássio - K2O (50%), magnésio

- MgO (0.01 %), enxofre (0.08 %), boro solúvel agua (0.01 %) e carbono orgânico total –

COT (2.24 %).

Variáveis analisadas

Para a caracterização dos nutrientes do solo realizou-se a coleta das amostras

deformadas. Para tal, utilizou-se um perfurador de solo motorizado com uma broca helicoidal

de 40 cm e circunferência 120 mm acoplado a um reservatório de plástico. Posteriormente, as

amostras foram devidamente identificadas e enviadas para o laboratório.

A disponibilidade de macronutrientes, fósforo – (P); Potássio – (K+); Cálcio – (Ca+2)

Magnésio – (Mg+2) e enxofre – (S) e micronutrientes (Boro – (B); Cobre – (Cu); Ferro – (Fe);

manganês – (Mn); e zinco – (Zn), assim como o alumínio (Al+3), acidez potencial e pH-H2O

foram determinados de acordo as metodologias recomendadas pela EMBRAPA (2009).

Análise Estatística univariada

A variabilidade das variáveis estudadas foi previamente avaliada por meio da estatística

descritiva calculando-se os valores de média, desvio padrão, mínimo, máxima e mediana.

Para a interpretação dos resultados utilizou os testes das pressuposições da normalidade

dos resíduos (Teste de Shapiro-Wilk, SPSS Inc., USA) e homogeneidade das variâncias

(Teste Bartlett, SPSS Inc., USA) e obteve-se o aceite da hipótese H0 e não requerendo

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transformações dos dados. Em seguida, os dados foram submetidos ao teste F, quando

rejeitado a hipótese H0 e aceito a hipótese H1 as médias foram comparadas pelo teste de

Tukey a 5 % de probabilidade (Sisvar Inc., Brasil).

Análise Estatística Multivariada

Dentre os métodos multivariados utilizou-se o método do agrupamento hierárquico com

o objetivo de analisar simultaneamente diferentes variáveis no solo. Para tal, realizou-se a

padronização dos dados para obter uma média nula e uma variância constantes (SNEATH;

SOKAL, 1973). Posteriormente, calculou-se a distância euclidiana entre os acessos entre

todas as variáveis.

Dentre os algoritmos utilizou-se o Ward para a obtenção dos agrupamentos de acessos

similares. Pois, neste método a distância entre dois grupos é definida como a soma de

quadrados entre os dois grupos para todas as variáveis (HAIR et al., 2005). Os resultados das

análises foram apresentados em forma gráfica (dendrograma) que auxiliou na identificação e

interpretação dos agrupamentos dos acessos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise univariada

Com teste de média verificou que não houve diferença significativa entre os tratamentos para a disponibilidade de Ca+2, Mg+2 e K+, assim como para a adição de P nos solos com adição de bioestimulantes e adubos foliares. A quantidade de Ca+2 variou entre 1,78 à 2,03 cmolc dm-3, baixa variação também ocorreu com o Mg+2 e K+, respectivamente, 0,63 à 0,75 e 0,29 à 0,35 cmolc dm-3 (Figura 1).

Figura 1. Disponibilidade de potássio (K+), cálcio (Ca+2), magnésio (Mg+2) e fósforo no solo na região do Triângulo Mineiro com a testemunha (T1), T2 (Pilatus + K-tionic), T3 (Raizal), T4 (Biozyme), T5 (Kfol) e T6 (Pilatus + K-tionic; Raizal; Biozyme; Kfol).. As variáveis não apresentaram distinção entre si pelo Tukey (p<0,05) para Ca+2 (CV: 10.07 e DMS: 0,420), Mg+2 (CV: 19.17 e DMS: 0,29), K+ (CV: 25.13 e DMS: 0,18) e P (CV: 30,73 e DMS: 11,51).

11

Provavelmente as quantidades aplicadas de K+ nos tratamentos com adição de K-

tionic®, Raizal® e o Kfol® que possuiu respectivamente concentrações de 38,00 g L-1; 11,00

% pp e 50,0 % não foram significativamente notáveis para alterar a disponibilidade destes

nutrientes no solo. Uma vez que o feijoeiro apresenta como característica resposta as

adubações potássicas, em termos de rendimento instáveis, sendo o elemento mais abundante

na constituição química da planta, sobretudo nas vagens e sementes (EMBRAPA, 2009).

O K é exigido pelo feijoeiro em quantidades relativamente elevadas, menores apenas

que as de N (LIMA et al., 2001). Em baixas quantidades, a deficiência de K retarda a

maturação, reduz o vigor das plantas e a produção de grãos ocasionando nas plantas menor

crescimento, reduzida produção de ramos e flores, os folíolos das folhas mais velhas podem

apresentar coloração amarelada ou verde pálida (EMBRAPA, 2009)

A disponibilidade do Mg2+ no solo só poderia ser afetada pela aplicação do Kfol® que

apresenta uma concentração de 0,01 % de MgO. No entanto, não foi verificado distinção deste

com os demais produtos. Já para o Ca+2 nenhum dos produtos utilizados são fonte desse

nutriente para o solo, possivelmente esse o motivo da ausência de diferença estatística.

A disponibilidade de P apresentou maior variação, com media oscilando entre 9,88 à

12,85 mg dm-3 no solo com a adição do bioestimulantes e adubos foliares, mas sem diferença

estatística notável entre os tratamentos (Figura 1). Dentre os produtos utilizados o Raizal®

possui 45,00 %pp de fósforo solúvel em água e o Kfol® possuiu 20.0 %.

A maior disponibilidade de P no solo é importante para o cultivo do feijão porque é

considerado o nutriente que mais influencia a produção de grãos de feijão. Sua atividade está

relacionada com a composição das principais moléculas transferidoras de energia

(EMBRAPA, 2005).

Ausência no efeito significativo também foi verificada para a disponibilidade de MOS

do solo. Tal resultado já era esperado com o uso bioestimulantes por não apresenta alguma

fonte de carbono ao solo (Figura 2). No entanto, esperava-se efeito na quantidade de carbono

no solo com a utilização K-tionic ® que possui 10.0 g L-1 de carbono de ácidos húmicos e

90,0 g L-1 ácidos fúlvicos e Kfol® que possuiu 2.24 % de carbono orgânico total – COT.

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Figura 2. Valores de pH (H2O) e matéria orgânica (MOS) no solo com adição de bioestimulantes nos tratamentos: T1 (Testemunha), T2 (Pilatus + K-tionic), T3 (Raizal), T4 (Biozyme), T5 (Kfol) e T6 (Pilatus + K-tionic; Raizal; Biozyme; Kfol). As variáveis não apresentaram distinção entre si pelo Tukey (p<0,05).

O pH do solo também não apresentou diferenças significativas entre os tratamentos

(Figura 2). Em relação à disponibilidade de micronutrientes para o solo o Kfol® e Biozyme,

respectivamente são fontes de boro solúvel agua (0.01 %) e de Fe, Zn, B e Mn, não ocorreu

distinção com o tratamento testemunha (Tabela 2).

Os valores de B apresentaram baixa oscilação entre os tratamentos 0.05 à 0.09 mg dm-

3. Comportamento semelhante ocorreu com a disponibilidade de Cu, Fe, Mn e Zn, com

oscilações respectivamente de 5,35 à 5,58; 11,25 à 13,75; 7,78 à 9,13 e 0,93 à 1.15 mg dm-3

no solo (Tabela 2).

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Tabela 2. Análise estatística descritiva com: média, desvio padrão (D. Padrão), máximo e mínimo para as variáveis: boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn) e zinco (Zn) nos solo com adição de bioestimulantes nos tratamentos: T1 (Testemunha), T2 (Pilatus + K-tionic), T3 (Raizal), T4 (Biozyme), T5 (Kfol) e T6 (Pilatus + K-tionic; Raizal; Biozyme; Kfol).

B Cu Fe Mn Zn B Cu Fe Mn Zn T1 T2

Média 0.06 5.38 13.75 9.13 0.93 0.06 5.58 12.75 8.68 1.05 Des Padrão 0.02 0.26 1.71 1.01 0.10 0.01 0.17 1.50 0.29 0.06 Máximo 0.08 5.60 16.00 10.00 1.00 0.08 5.80 14.00 9.10 1.10 Mínimo 0.04 5.00 12.00 8.20 0.80 0.05 5.40 11.00 8.50 1.00

T3 T4 Média 0.09 5.43 12.50 7.78 0.95 0.06 5.58 13.00 8.40 1.15 Des Padrão 0.04 0.10 1.29 0.56 0.17 0.01 0.22 1.41 1.47 0.06 Máximo 0.15 5.50 14.00 8.30 1.20 0.07 5.90 14.00 10.50 1.20 Mínimo 0.06 5.30 11.00 7.00 0.80 0.04 5.40 11.00 7.20 1.10

T5 T6 Média 0.07 5.35 11.50 9.05 0.93 0.05 5.50 11.25 8.58 1.13 Des Padrão 0.02 0.10 1.73 0.85 0.15 0.01 0.08 0.96 1.13 0.25 Máximo 0.08 5.40 13.00 10.00 1.10 0.05 5.60 12.00 9.60 1.40 Mínimo 0.04 5.20 9.00 8.00 0.80 0.04 5.40 10.00 7.50 0.80 Valores expressos em mg dm-3. As variáveis não apresentaram distinção entre si pelo Tukey (p<0,05) para: B (CV: 34,0 e Erro padrão: 0,01), Cu (CV: 3,11 e Erro padrão: 0,08), Fe (CV: 11,70 e Erro padrão: 0,72), Mn (CV: 11,22 e Erro padrão: 0,48) e Zn (CV: 14,4 e Erro padrão: 0,07).

Análise Multivariada

Os resultados da analise multivariada confirmam a não diferença significativa entre as

variáveis estudadas com a formação de apenas um grupo com todos os tratamentos (Figura 3)

e não ocorrendo a formação de pequenos grupos pontuais entre os tratamentos. Podendo assim

confirmar que o uso do bioestimulantes e adubos foliares aqui avaliados não distinguem dos

tratamentos testemunho, ou seja, sem a adição.

Contudo, o uso de outros bioestimulantes como Stimulate nas culturas de feijão, arroz

e milho apresentaram efeitos positivos e significativos sobre a germinação de sementes e

vigor de plântulas (VIEIRA, 2004) e na produtividade do feijoeiro, independente do cultivo

utilizado, convencional ou direto (COBUCCI et al., 2005).

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Figura 3. Dendograma resultante da análise hierárquica de agrupamentos com a formação de grupo com base no uso do solo com cultivo de feijão com adição de bioestimulantes nos tratamentos: Testemunha (T1), pilatus + K-tionic (T2), Raizal (T3), Biozyme (T4), Kfol (T5) e junção de Pilatus + K-tionic; Raizal; Biozyme; Kfol (T6).

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CONCLUSÕES

O uso de bioestimulantes (Pilatus e Biozyme) e fertilizantes foliares (K-tionic; Raizal, Biozyme, Kfol e junção de Pilatus + K-tionic; Raizal; Kfol) não influenciam nos atributos químicos e matéria orgânica do solo. Não ocorre distinção ente o uso bioestimulantes, adubos foliares e tratamentos testemunha na análise univariada e multivariada.

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