Ato Guarani – 09 de Agosto de 2013 (Comentário)

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  • 8/18/2019 Ato Guarani – 09 de Agosto de 2013 (Comentário)

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    CURSO “HISTÓRIA DOS ÍNDIOS NO BRASIL” 

    COMENTÁRIO

     Ato Guarani –  09 de Agosto de 2013

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    No dia 09 de agosto de 2013, dia Internacional dos Povos Indígenas, o Grupo de EstudosIndígenas do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade do Estado de Santa Catarina(NEAB/UDESC), coordenado pela professora Dr.ª Luisa Tombini Wittmann, participou damanifestação dos Guarani pelos direitos territoriais da Terra Indígena Morro dos Cavalos (SC),que aguarda a homologação da presidência da República, bem como protestou contra a PEC

    215, que altera o processo de demarcação de terras indígenas e os direitos dos povosresguardados pela Constituição Federal Brasileira de 1988.

     A manifestação procurou dar visibilidade à causa indígena e, em dois breves momentos dosperíodos matutino e vespertino, fechou a BR 101 na altura do Km 233 quando foramdistribuídos panfletos informativos e faixas eram expostas ao longo da rodovia. Vale ressaltarque essa manifestação contou com a preparação e organização da ação na Opy, Casa deReza, localizada próxima a Escola Indígena Itaty, pela cacique Guarani Eunice Paraí elideranças, reunindo, assim, instituições indigenistas, líderes Guarani de outras aldeias,estudantes e professores que apoiam a causa indígena, além da comunidade de Morro dosCavalos.

     As reivindicações da comunidade representam mais do que luta por terra. Os Guaranisprocuram garantir autonomia enquanto povo e o futuro das novas gerações, e, neste sentido, apresença das crianças na manifestação como também dos sábios (idosos) indígenas éconsiderável. 

     Apesar de nem sempre serem visibilizados como protagonistas de suas trajetórias históricas,os povos indígenas como os Guarani enfrentam a precariedade da manutenção de suas terrase a ação de projetos desenvolvimentistas, como é o caso da BR 101 que atravessa a TerraIndígena Morro dos Cavalos e impacta de diversas formas o cotidiano da comunidade. 

    Este impasse na homologação e as nebulosas tentativas de retirar da FUNAI a incumbência dedemarcação das terras indígenas ameaça o futuro dos índios no Brasil e emperra ações dedireito que respeitem a diversidade de modos de vida existentes em nosso país. 

    Participar da luta pela terra e pela visibilidade dos povos indígenas é um dos dentre tantospapeis políticos que a academia deve se comprometer a desempenhar. 

    Carina dos Santos Almeida 

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    Ir ao Morro dos Cavalos, na aldeia Mbya' Guarani, teve dois significados muito profundos: omeu primeiro contato efetivo com alguma população indígena (considero assim porque nuncatinha conversado e estabelecido diálogo com algum sujeito indígena), e o fato de serrecepcionado por eles foi positivo, construtivo para a carreira que quero seguir. O segundo

    significado importante foi a participação efetiva naquele movimento social.

    Ter a oportunidade de interditar a BR-101, ao lado de Guaranis, teve um valor muito diferentedo que eu senti na famosa "Passeata dos 30 mil" que fechou as pontes Colombo Salles ePedro Ivo no começo de Julho. Enquanto na segunda manifestação, haviam pessoasconfraternizando, tirando fotos na ponte, com isopor e cerveja ou indo de encontro aparticipantes do mesmo manifesto, como no caso dos "sem partido", na manifestação de sexta-feira, 9 de agosto de 2013, haviam lideranças indígenas que se moviam à luta instigados pelospensamentos de garantir as terras aos seus filhos, a continuidade de seu povo e de suacultura, de "lutar pelos que ainda não podem, ou não podem mais".

    Para que os objetivos citados acima fossem colocados em primeiro plano, uma das estratégiasadotadas foi a paralisação da BR-101 por volta de 20 minutos, entregar o jornal produzido cominformações sobre a causa indígena, liberar à pista e repetir o procedimento outras vezes.

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    Deste modo, havia uma rotatividade dos carros parados na fila, e os jornais circulavam pormais pessoas.

    O Grupo de Estudos Indígenas da UDESC esteve lá apoiando, saindo dos muros da academia,estando presente na luta pela visibilidade das causas indígenas e com o intuito de estreitarcada vez mais os laços nas diversas batalhas travadas constantemente para a visibilidade e o

    reconhecimento das populações indígenas enquanto agentes protagonistas de seus maisvariados processos históricos.

    Felipe de Oliveira Uba 

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    Presenciamos, no dia em que estivemos lá, uma manifestação dos indígenas contra a PEC215, que passa para o poder Legislativo o poder de aprovar ou não a demarcação de terrasindígenas. A BR 101 foi paralisada brevemente duas vezes, a primeira vez por volta das 13:00horas e, novamente, por volta das 15:00 horas. O que mais me chamou atenção nas duasparalisações foi o descaso de grande parte dos motoristas que estavam parados. Gritavam de

    seus carros “vão trabalhar!”, zombavam de nós, não-indígenas, com dizeres como: “mas sevocês não são índios, o que estão fazendo aqui?” e agrediam verbalmente aqueles queestavam entregando os jornais produzidos para informar sobre as lutas indígenas. Um dosindígenas nos alertou, no ritual anterior à segunda paralisação, para que não reagíssemosnegativamente. Afirmou também que houve, na primeira paralisação, tentativa de agressãofísica por parte de um motorista.

    Porém isso é só uma pequenina parcela dos desafios que enfrentaremos na nossa luta contraos preconceitos, argumentos racistas e invisibilização das populações indígenas no cenário dahistória brasileira. Espero que a nossa iniciativa como estudantes universitários ao revernossos conceitos e prezar pela igualdade, difunda-se e conscientize não só o Brasil, mas todaa população mundial.

    Larissa Canuto de Souza Dantas