Ato de brincar para crianças surdas

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA - CAMPUS FLORIANÓPOLIS DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO MÓDULO I I – PROJETO INTEGRADOR PROJETO O ATO DE BRINCAR PARA CRIANÇAS SURDAS EM 2034 ANA PAULA SILVA BIANCA NASCIMENTO MARIANA ELEONORA BEHR NUNES STHÉFANY CECHINEL FLORIANÓPOLIS MARÇO DE 2014

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA

CATARINA - CAMPUS FLORIANÓPOLIS

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO

MÓDULO I I – PROJETO INTEGRADOR

PROJETO

O ATO DE BRINCAR PARA CRIANÇAS SURDAS EM 2034

ANA PAULA SILVA

BIANCA NASCIMENTO

MARIANA ELEONORA BEHR NUNES

STHÉFANY CECHINEL

FLORIANÓPOLIS

MARÇO DE 2014

Page 2: Ato de brincar para crianças surdas

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 02

2 PROBLEMA ....................................................................................................................... 03

3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 03

3.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 03

3.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 03

4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 03

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................................... 05

5.1 Surdez ............................................................................................................................ 05

5.1.1 Aspectos da Categoria Médica .................................................................................... 06

5.1.2 Aspectos da Categoria Cultura .................................................................................... 08

5.1.3 Aspectos da Categoria Educativa ................................................................................ 12

5.2 A Infância e o Brincar ...................................................................................................... 13

5.2.1 O Brincar e o Brinquedo .............................................................................................. 19

5.2.2 Tecnologia .................................................................................................................... 21

5.3 Publico Alvo .................................................................................................................... 24

6 METODOLOGIA ................................................................................................................ 27

7 CRONOGRAMA ................................................................................................................. 40

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 41

APÊNDICE QUESTIONÁRIO ............................................................................................... 44

Page 3: Ato de brincar para crianças surdas

2

1 INTRODUÇÃO

No segundo módulo do curso superior de tecnologia em design de produto do

Instituto Federal de Santa Catarina foi proposta a criação de um projeto com o tema o ato

de brincar para surdos em 2034. Com este projeto pretende-se criar um produto que

proporcione o ato de brincar para crianças surdas e pais ouvintes em 2034, para que as

mesmas possam interagir com familiares melhorando a comunicação, a interação e a

inclusão.

Com base em estudos bibliográficos percebe-se que é no período de

desenvolvimento infantil onde as crianças iniciam sua interação social, que caracteriza o seu

crescimento através da capacidade de brincar, imaginar e se comunicar, segundo as

autoras Razuck, Tacca e Tunes (2007) que citam Luria. Com isso, entende-se que é durante

a infância e através de brincadeiras as quais moldam e criam suas visões do real, de acordo

com Silva et al (2005). Logo quando as mesmas brincam de “faz de conta” elas vão alem do

brinquedo. Conclui - se que ambos, brinquedo e brincadeira, são constitutivos da infância.

Porém, com a evolução tecnológica o brincar, as brincadeiras e os brinquedos

também evoluíram. No entanto, com todo esse progresso, a infância com seu caráter

imaginário foi perdendo espaço para jogos individuais que diminuem a interação social

presente neste período. Tal perda gera preocupações quanto à integração e inclusão,

principalmente para crianças com deficiências, pois mesmo com projetos de leis que

prevêem uma integração social, elas ainda se encontram à margem da socialização com

crianças não deficientes.

Segundo o censo do IBGE de 2010, 9,7 milhões de brasileiros possuem deficiência

auditiva, ou seja 5,1% da população. E referente a crianças, estima-se que há um milhão de

crianças surdas. tem pais ouvintes. De acordo com Zwang e Nicoloso (2007) o convívio

com adultos é importante pois proporciona a construção da identidade da criança surda,

como no trecho de Silva et al (2005):

“Uma vez que o tempo transcorrido entre a infância e a idade adulta é muito

grande, e o espaço social da criança se restringe a pequenos grupos, como

a casa dos familiares e a escola, essas referencias assumem uma

importância significativa, pois é em torno delas que as lembranças da

infância vão sendo tecidas. Elas quase sempre se constroem a partir das

lembranças dos adultos, e dependendo da ligação que o indivíduo

estabelecer com o seu grupo familiar, as lembranças da infância se

renovam e se completam com maior facilidade.”

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Do ponto de vista dos autores citados, se percebe a importância da relação familiar para

o desenvolvimento psicológico, social e cognitivo. Pois para a criança surda é muito

importante a interação, com o desenvolvimento da tecnologia as crianças dessa época

tendem a serem mais independentes de interações sociais. Assim, planeja-se uma

retomada da infância criativa e caracterizada pelas brincadeiras com a aparência moderna e

futurística com e as características de brincadeiras atrativas para o público alvo. Sendo um

brinquedo que desperte na criança surda e o seu pai ouvinte em 2034 o interesse de

comprar e brincar com o brinquedo, contendo nele o estimulo da comunicação entre eles.

2 PROBLEMA

Que produto atende as necessidades de interação e comunicação das crianças

surdas com seus pais ouvintes por meio do ato de brincar em 2034?

3 OBJETIVOS

Através do tema proposto foram definidos os seguintes objetivos.

3.1 Objetivo Geral

Foi estabelecido como objetivo geral criar um produto que atenda as necessidades

de interação e comunicação para crianças surdas com seus pais ouvintes através do ato de

brincar no ano de 2034.

3.2 Objetivos Específicos

Para o desenvolvimento deste projeto foram definidas as seguintes metas:

a) pesquisar as necessidades/dificuldades da criança surda;

b) compreender as tendências tecnológicas e sociais para o ano de 2034;

c) investigar possibilidades na interação de crianças surdas e sua família;

d) desenvolver um produto que adéque as necessidades de interação entre crianças

surdas e seus familiares;

4 JUSTIFICATIVA

O ato de brincar é importante pelo fato de estimular a criatividade, imaginação,

cognição, paciência, atenção, como na citação de Lira, “Sutton-Smith (1986) entende o

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4

brincar como uma construção social que se modifica ao longo dos tempos e culturas, mas

que garante em todos os espaços a liberdade da criança de tomar decisões, de participar e

assim se envolver.” Assim foi definido as crianças surdas com algum grau de entendimento

na Língua Brasileira de Sinais (Libras) como publico alvo pois para Zwang e Nicoloso (2007)

“O surdo poderá apresentar atraso em seu desenvolvimento em virtude da pobreza de

experiências e de trocas comunicativas no meio social, da falta ou limitações na linguagem

ou de um diagnóstico tardio, e não por ser uma característica da surdez” logo, as mesmas

se desenvolvem como as crianças ouvintes, no entanto nota-se que há uma dificuldade de

comunicação e interação entre as crianças surdas e seu pais ouvintes já que para os pais a

primeira língua é o português e para seu(sua) filho(a) é a Libras.

Foi possível perceber que os brinquedos voltados para esse público não são

atrativos e muitos chegam a ser desinteressantes. E por serem um nicho nesse mercado, os

brinquedos para os surdos são pouco desenvolvidos, no entanto de acordo com o censo do

IBGE de 2010, 9,7 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva, ou seja 5,1% da

população. E referente a crianças, estima-se que há um milhão de crianças surdas. Em vista

desse dado, nota-se uma brecha para o desenvolvimento de um brinquedo que satisfaça as

necessidades dessas crianças de interagirem com suas famílias ouvintes.

Com isso pretende-se projetar um brinquedo que satisfaça as necessidades das

crianças surdas através da proposta o ato de brincar para crianças surdas em 2034 com

a pretensão de enxergar novas possibilidades para esse publico que muitas vezes é deixado

de lado por um mercado que atende somente a maioria. Tal proposta será impulsionada

pelos recursos tecnológicos que serão usados como ferramenta de comunicação e

interação. Já que cada vez mais esta tecnologia favorece a comunicação e também é

auxiliadora das atividades do dia-a-dia. Logo, será utilizada a ciência tecnológica como uma

ferramenta cujo papel se dará em aproximar familiarmente as crianças surdas dos seus pais

ouvintes.

Assim, este projeto irá atuar nos lares desse publico com intuito de auxiliar essas

famílias, inclusive pela característica de que as famílias das crianças surdas estão passando

a se importarem com as necessidades e anseios dos seus filhos, proporcionando a essas

crianças um desenvolvimento pleno. Visto que é no ambiente familiar onde a comunicação

propicia o desenvolvimento linguístico e cognitivo, inclusive os padrões de interações sociais

dependem dos seguintes fatores: compreendimento de libras por parte das crianças e a

utilização de sistemas manuais de comunicação por seus pais (gestos caseiros). E através

do projeto será proporcionado às crianças surdas um meio de brincar e se intercomunicar1

através da tecnologia com seus pais ouvintes no ano de 2034.

11 inter+comunicar - vtd 1 Abrir ou possibilitar passagem de um a outro lugar.vpr 2 Comunicar-se mutuamente;

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5

A classe social do publico alvo foi decidida em vista de não ter muitas opções de

brinquedos específicos para este e por serem uma minoria,são pouco trabalhados e também

poucos os investimentos de brinquedos para os mesmos. Logo, foi escolhida a classe C (de

três a cinco salários mínimos) em vista do maior índice de consumo dessa classe, assim

esse projeto iria alcançar uma maior porcentagem de crianças surdas. Já que este produto

teria um diferencial, que seria o ato de brincar sem que o som possa influenciar na

brincadeira, más não abrir mão do mesmo, já que seria para Filhos surdos e Pais ouvintes.

Em relação aos seus similares e tal diferencial afetaria no preço do produto e assim

acredita-se que seja mais acessível da classe C para cima.

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A partir do tema e do público alvo foram feitos os seguintes estudos, bibliográficos e

iconográficos.

5.1 Surdez

A partir de pesquisas feitas, percebe-se com o desenvolvimento histórico da surdez,

que tem uma diferença comunicativa, é confundido com uma deficiência mental, pois muitos

surdos não desenvolvem a fala oral, o que dificulta no aprendizado e a comunicação com os

ouvintes. Em vista dessa dificuldade os surdos não conseguiam se expressar e comunicar e

assim eram excluídos. Com isso os surdos começaram a se comunicar através de sinais,

mas este meio de comunicação não era aceito por lei.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948 foi aprovada pela Assembleia

Geral das Nações Unidas, na qual afirma o princípio da não discriminação e proclama o

direito de toda pessoa à Educação. Mas só com a Declaração de Salamanca (1994) que

passou considerar a questão lingüística dos deficientes sensoriais, no caso os surdos e dos

surdos-cegos. Ela assegura a importância das minorias linguísticas, como meio de

comunicação para os surdos e para aqueles deficientes que beneficiarem-se dela, mas que

seja evidentemente a de seu país e de sua cultura. O Brasil aderiu a essas leis, e a partir

disso decretou leis de direito a educação em 1996 (Lei federal nº 7.853/89). Inclusive nessa

época a Libras foi reconhecida como língua, contendo características gramaticais e

morfológicas.

Segundo o censo feito em 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística) há 9.722.163 pessoas com deficiência auditiva no Brasil, sendo 347.481 surdos

profundos, 1.799.885 varia entre a severa e moderadamente severa, 7.574.797 possuem corresponder-se; dar e receber informação. Dicionário Michaelis

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surdez leve a moderada

“[...] A língua de sinais tem estrutura própria, e é autônoma, ou seja,

independente de qualquer língua oral em sua concepção linguística.

Educacionalmente, o uso do português sinalizado tem sido alvo de muitas

criticas, porque se insere na filosofia do bimodalismo. Dentro dessa visão,

encara-se a língua de sinais como um meio para se atingir um fim, ou seja,

um recurso para ensinar a falar uma língua oral (no Brasil, o português),

funcionando como um amálgama dos sinais e de fala.” (Gesser, 2009)

Essa mudança possibilitou a criação de uma identidade cultural a partir da língua

LIBRAS. A língua facilita a comunicação, troca experiências, proporcionando, assim, uma

cultura própria dos surdos. Alem de possuírem sua própria cultura, os surdos tendem a

aprender a gramática da língua de seu país, tornando-se bi cultura, bilíngue e/ou

multilíngue.

Em vista desse contexto histórico, os surdos se sentem ofendidos quando definidos como

deficientes2, pois para eles a surdez não é uma deficiência e sim uma dificuldade, como dito

no trecho “Não é a surdez que compromete o desenvolvimento do surdo, e sim a falta de

acesso a um língua” Gesser (2009). Mesmo os surdos tendo essa dificuldade não os tornam

indivíduos com possibilidades a menos que os ouvintes e sim com possibilidades diferentes.

A surdez pode ser definida em três categorias: a médica, a cultural e a educacional.

5.1.1 Aspectos da Categoria Médica

Pelo ponto de vista médico a surdez, é vista como deficiência auditiva, como cita no

livro “Libras que língua é essa?” de Gesser (2009) “o discurso médico tem muito mais força

e prestígio do que o discurso da diversidade, do reconhecimento linguístico e cultural das

minorias surdas. A surdez é construída na perspectiva do déficit, da falta, da anormalidade.

O “normal3” é ouvir, o que diverge desse padrão deve ser corrigido, “normalizado” ”. Assim

para os médicos a surdez é algo a ser tratado, pois pode ser hereditária ou causada por

doenças como rubéola, sífilis, toxoplasmose podendo ser em alguns casos uma surdez

permanente ou temporária. Logo, existem três tipos de surdez: Condutiva, neurossensorial e

mista.

A condutiva é quando ocorre uma alteração na orelha externa (meato acústico) ou

média (membrana timpânica, cadeia ossicular, janelas oval e redonda e tuba auditiva),

2 Que é falho, incompleto, imperfeito. 2-Escasso. (Michaelis, 2009) 3 Normal: 1-Conforme à norma; regular. 2-Exemplar, modelar. 3-Geom. Perpendicular. (Michaelis, 2009) "Ser "normal" é ser homem, branco, ocidente, letrado, heterossexual, usuário de língua oral padrão, ouvinte, não

cadeirante, vidente, sem "desvios" cognitivos, mentais e/ou sociais." (Gesser, 2009)

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7

(Figura 2), nesse caso, dependendo do nível de surdez, o individuo surdo pode optar pelo

uso do aparelho auditivo (Figura 1), não como uma cura, mas sim como uma forma de

proteção, pois o aparelho só irá ampliar o som proporcionando a identificar ruídos de maior

magnitude.

“A crença de que os aparelhos auditivos funcionariam para restabelecer a

audição do surdo profundo é compartilhada por muitas pessoas. Puro

engano. O que os aparelhos auditivos4 fazem é amplificar um som que

possivelmente funcionaria para pessoas mais idosas que, com o passar de

tempo, perder parte de sua audição, ou mesmo para aqueles que têm um

resíduo auditivo maior.” Gesser (2009)

Figura 1 – Aparelhos Auditivos

Fonte: http://www.mdsaude.com/2012/01/surdez-deficiencia-auditiva.html

O neurossensorial tem a cóclea afetada ou o nervo auditivo, nesse caso, pode haver através

de cirurgias uma recuperação auditiva. Também há as perdas auditivas mistas as quais são

caracterizadas por alterações condutivas e neurossensoriais.

Figura 2 - Divisão da Orelha

4 Aparelhos Auditivos: Dispositivos eletrônicos, miniamplificadores, cuja função é conduzir o som à orelha através

da coleta e transmissão da onda sonora. (Gesser,2009)

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Fonte: http://clariceabreu.com.br/cirurgia-craniomaxilofacial/reconstrucao-de-orelha/

Assim a surdez pode ser dividia em níveis: leve, moderada, moderadamente severa,

severa, profundo. Há uma classificação para os níveis de surdez. São cinco diferentes

níveis, sendo eles: normal, leve (26 a 40 dB), moderada (41 a 55 dB), moderadamente

severa(56 a 70 dB), severa (71 a 90 dB) e profunda (acima 91dB).

Esta classificação de níveis de surdez leva a limitação do entendimento das relações

estabelecidas pelos surdos com a cultura surda. Ex.: Uma pessoa com nível profundo pode

não se identificar com a cultura dos surdos e optar exclusivamente pela oralização, da

mesma forma que um indivíduo com nível leve pode preferir a cultura dos surdos. Neste

caso, não se pode rotular pessoas com algum nível de perda de audição como um individuo

optante pela cultura surda, caso os mesmos não se identifiquem, pois seus meios de

comunicação podem variar muito de acordo com sua bagagem ideológica, seu convívio com

familiares e amigos, o meio onde está inserido na sociedade, a maneira como a cultura

surda é passada, etc.

5.1.2 Aspectos da Categoria Cultural

“O termo cultura possui vários significados. Sociologicamente, “é tudo aquilo

que simboliza o que é aprendido e partilhado pelos indivíduos de um

determinado grupo e que confere uma identidade dentro do seu grupo que

pertença”. Antropologicamente é "o complexo que inclui conhecimento,

crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos

pelo homem como membro da sociedade”. Filosoficamente diz que “cultura

é o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a natureza ou

comportamento natural”. Apesar de todos esses conceitos, um fato é

inegável é que ela é dinâmica e inerente a qualquer ser humano.” Almeida,

et al (2010).

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Compreendendo o significado de cultura. Entende-se que os surdos estão inseridos

em um grupo cultural identitário, caracterizado por elementos próprios que marcam sua

diferença. Por conta de sua língua, expressões, estratégias visuais, costumes, forma de

convivência social etc.

Os primeiros contados da criança com o mundo é muito visual, desenvolvendo a fala

posteriormente. Quando se trata da educação de um surdo, um dos principais recursos

usado para ensinar é a estratégia visual, usando imagens, expressões, luzes, cores, a

língua libras, etc. Um indivíduo com déficit de audição tem os outros sentidos mais

aguçados, geralmente tendo uma boa memória. Por a cultura surda ser tão visual, é

considerado falta de educação enquanto conversam não olhar para os sinais e expressões,

apagar a luz, passar no frente, etc. e as expressões do rosto contam muito na comunicação,

por elas terem interpretações diferentes. Assim quanto mais cedo é descoberto a surdes,

mais fácil será de aprender essas estratégias visuais e a língua de sinais (Libras).

A língua de libras não pode ser considerada mímica, são sinais que representam

palavras (Pereira, 2014), que se manifesta não apenas nas articulações das mãos, mas

também na expressão facial e essas articulações são limitadas do quadril ate o topo da

cabeça, não podendo fazer um sinal esticando demais os braços e o corpo para frente, ou

para baixo chegando aos pés, e nem para os lados, conforme Langevin e Ferreira Brito

(1988). A figura 3 mostra os limites do espaço de sinalização.

Figura 3 – ilustração dos limites espaciais dos sinais na Libras

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10

Fonte: acervo Lengevin e Brito, 1988:1

Para que as articulações sejam compreendidas se faz necessário a utilização de

expressões faciais. As expressões faciais são muito importantes para o entendimento real

do sinal, pois a entonação em Língua de Sinais é projetada por essas expressões. Tais

expressões podem ser afetivas ou gramaticais (lexicais e sentenciais), segundo Quadros e

Pimenta (2006).

• Afetivas – São expressões ligadas a sentimentos/emoções. Exemplo figura 4.

Figura 4

Fonte: Brecailo (2012)

• Gramaticais lexicais– São expressões ligadas ao grau dos adjetivos como na figura

5.

Figura 5

Fonte: Brecailo (2012)

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11

• Gramaticais sentenciais - São expressões ligadas às sentenças: Exemplo Figura 6,7

e 8.

• Interrogativas

Figura 6

Fonte: Brecailo (2012)

• Afirmativas e negativas

Figura 7

Fonte: Brecailo (2012)

• Exclamativas

Figura 8

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12

Fonte: Brecailo (2012)

A língua LIBRAS pode ser comparada com qualquer outra língua em relação a

complexidade e expressividade. Esta língua tem suas próprias estruturas gramaticais,

não sendo derivada do português, podendo assim, ser compreendida da mesma forma

que as outras.

5.1.3 Aspectos da Categoria Cultural

Em relação à escolarização do surdo havia um conflito interno entre os profissionais

na educação dos mesmos, pois alguns acreditam que a melhor maneira de um surdo ser

introduzido no meio dos ouvintes seria aprendendo a leitura labial, não usando libras para se

comunicar. Muitos não conseguem, e para um surdo de nascença é muito mais complicado,

pois não tiveram a experiência sonora. Hoje em dia esse aprendizado oral ainda é uma

imposição por parte dos ouvintes, pois eles não sabem como se comunicarem com os

surdos, caso os mesmo não saibam leitura labial.

Alguns surdos também conseguem se comunicar através da escrita, caso não

saibam a leitura labial e o ouvinte não conheça a língua Libras. No entanto, para os surdos

há uma dificuldade no aprendizado do português, pois é uma língua oral e sua escrita é

baseada em sua oralidade. Assim quando os surdos aprendem o português, eles decoram a

escrita, pois os símbolos utilizados para a escrita de Libras se diferem muito das palavras da

escrita portuguesa.

A inclusão social e escolar para surdos, como afirma Machado (2008), se deu pela

reformulação do sistema de ensino e assim efetivando uma política de interação. Porém,

mesmo com tal política, os surdos ainda sofrem por não estarem completamente incluídos

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socialmente. Visto ainda que as escolas comuns não receberam um preparo adequado, pois

faltam professores intérpretes e os estudantes ouvintes ainda não conhecem a libras. Com

isso os estudantes não ouvintes sofrem com um atraso de ensino e se sentem pouco

inseridos no meio escolar.

5.2 A Infância e o Brincar

Segundo a citação de Rodrigues (2009) “Faria (1997, p.9) ressalta que ‘a criança

será percebida pela sociedade de forma diversificada ao longo dos tempos, conforme as

determinações das relações de produção vigentes em cada época’”. Já que em cada época

a mesma era vista e cumpria funções sociais diferentes. Inclusive entende-se que a mesma

quando nasce já esta inserida em uma sociedade e em determinada classe social, inclusive

(Rodrigues, 2009) o conceito de infância está intrinsecamente vinculado à inserção social da

criança na sua classe.

Para o entendimento da infância, se pode perceber que na Idade Média não havia

nenhuma diferenciação da criança para o adulto, sendo esta vista como um “adulto de

pequeno tamanho” (de acordo com Rodrigues, 2009). A infância nessa época era vista como

uma transição para a vida adulta que dispensava tratamentos diferenciados, pois a partir dos

sete anos a criança era colocada em uma família estranha para que aprendesse através da

prática. Alem de que o anfitrião era chamado de mestre e a criança de aprendiz. Inclusive, a

família desta época não nutria um sentimentalismo entre pais e filhos, já que “a família era

uma realidade moral e social, mais do sentimental” citação que Rodrigues (2009) faz de

Aries (2006, p 158).

Em contra partida, os primeiros registros de atendimento a infância ocorreram

interligados ao contexto do Iluminismo e da Revolução Industrial. Onde, como descreve

Rodrigues (2009), as crianças filhas de mães operárias eram abrigadas em locais

denominados “asilos” ou “refúgios”, sendo essas iniciativas datadas por volta de 1774 na

França. Nesse encadeamento da transição para o capitalismo onde houveram mudanças na

organização: familiar, escolar e no sentimento da infância. Logo a criança se tornou fonte de

alegria para a família, tornando tudo o que a mesma faz ou diz “bonitinho”.

Já no século XVII, a “paparicação” passou a ser considerada prejudicial à criança.

Perdendo a característica de que é agradável e passando a ser vista como educável. Como

no trecho:

A criança deixou de ser divertida e agradável e tornou-se educável. A

substituição da educação prática pela teórica e o apelo dos moralistas foram

correspondidos pelos pais através da preocupação “de vigiar seus filhos

mais de perto e de não abandoná-los mais, mesmo temporariamente, aos

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cuidados de uma outra família” (Ariès,2006, p.159). Esta aproximação pais-

criança, gerou um sentimento de família e de infância que outrora não

existia, e a criança tornou-se o centro das atenções, pois a família começou

a se organizar em torno dela.

Assim, as famílias passaram a educar e cuidar de suas crianças. E junto desse

carinho, a educação passa a tornar-se essencial para formar posteriormente indivíduos

racionais, de bom caráter, incumbindo e responsabilizando o colégio essa tarefa. Na

primeira metade do século XVII a primeira infância era limitada aos seis anos e com os sete

anos já era possível o ingresso na escola. Na segunda metade do século o começo da idade

escolar foi adiado para os dez anos já que havia uma preocupação com a precocidade e

também com a fraqueza, incapacidade e “imbecilidade” dos meninos (Rodrigues, 2009).

Nessa época também foram criados vestimentas que serviam para diferenciar a idade e

condição social de cada criança. O ensino só foi estendido para as meninas no século XVIII.

E nesse mesmo século foi criado o ensino para o povo e para os burgueses que gerou uma

discriminação social no sistema educacional.

Pode-se compreender, pelo ponto de vista de Lira que a infância é considerada um

momento propício para a educação e escolarização devido a flexibilidade, maleabilidade de

aprender da criança. Também reforçado por Rodrigues (2009) que utiliza a teoria burguesa

para definir a criança como a-historico, a-político, a-crítico, fraco e incompleto. Por isso a

mesma deve ser ensinada, educada e escolarizada com o intuito de (Lira) de levá-la a

aquisição de hábitos de obediência e ordem “concretizando-se formas de controle e

configurando-se em um assistencialismo dirigido especialmente aos pobres, com um projeto

educacional para formar sujeitos para uma cultura de maior submissão e silêncio” Para

Rodrigues, a escolarização tinha a intenção de segregar entre classes e separar as crianças

dos adultos como no trecho:

Foi instituído o ensino primário às classes populares que tinha um ciclo de

pequena duração e exclusivamente prático com o intuito de formar mão-de-

obra. Já para a burguesia e a aristocracia, instituiu-se o ensino secundário

que privilegiava a formação de eruditos, pensantes e mandantes e,

consequentemente, sucessores dos grupos hegemônicos.

Assim de acordo com Lira “As primeiras instituições de educação infantil

representaram uma intensa articulação dos adultos em torno da infância e sua educação já

que o cuidado com a infância e sua educação era proclamado como um dos elementos para

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o progresso da nação.” Inclusive a teoria froebeliana5 passa a orientar as instituições com a

visão de que as crianças são “sementeiras do por vir” e que as mesmas devem ser

educadas e dirigidas para que crescessem e “desabrochassem” como seres humanos bons

e desenvolvidos. Assim “as escolas têm uma intencionalidade formadora, que busca não só

transmitir conhecimentos, mas também formar pessoas produzindo comportamentos.”

No Brasil escravista a infância se encerrava entre cinco e seis anos. E dos seis aos

doze a criança escrava desempenhava pequenas tarefas e depois dos doze a mesma era

vista como adulta para o trabalho e para sexualidade. Rodrigues comenta que nos séculos

XVIII e XIX datam registros da Roda, onde se recebiam crianças de qualquer cor, mas seus

usuários eram geralmente filhos de escravas, pois as mães destes eram utilizadas como

amas-de-leite, e estas tarefas não permitiam a essas mulheres a possibilidade de cuidar

integralmente de seus filhos.

A Roda, no entanto, começa a entrar em desuso a partir de 1871 e com isso surge

um novo problema, já que não se sabia o que fazer com os filhos das escravas. E em

seguida, de acordo com Rodrigues (2009), “Surgem então, as primeiras creches brasileiras

que foram implantadas por médicos com a ajuda das mulheres burguesas, visando o

atendimento dos filhos dessas trabalhadoras domésticas.” Assim, se percebe que as

iniciativas voltadas para a infância no Brasil foram marcadas pelo pensamento médico-

sanitarista enquanto na Europa as iniciativas eram voltadas para a educação visando a

formação de mão de obra e a formação de eruditos que se tornariam sucessores de grupos

hegemônicos.

Com a Abolição da Escravatura em 1888 e a Proclamação da República em 1889

ocorrem profundas transformações sociais e políticas que possibilitaram (Rodrigues, 2009) a

abertura de um caminho para a construção de uma nova sociedade de tipo capitalista e

urbano-industrial. Tal construção trouxe ao Brasil a teoria froebeliana para as instituições

(Lira).

Na modernidade há uma contradição segundo Rodrigues (2009) entre “moralizar

(treinar, conduzir, controlar a criança) e paparicar (achá-la engraçadinha, ingênua, pura,

querer mantê-la como criança)”. Inclusive a autora referencia o seguinte trecho:

Segundo Kramer (2007, p.15):

“Crianças são sujeitos sociais e históricos, marcadas, portanto, pelas

contradições das sociedades em que estão inseridas. A criança não se

resume a ser alguém que não é, mas que se tornará (adulto, no dia em que

deixar de ser criança). Reconhecemos o que é específico da infância: seu

5 O primeiro jardim de infância foi criando por Froebel na Alemanha em 1840, sendo que estas instituições difundiram-se por todo o mundo, principalmente a partir do início do século XX.

Page 17: Ato de brincar para crianças surdas

16

poder de imaginação, a fantasia, a criação, a brincadeira entendida como

experiência de cultura. Crianças são cidadãs, pessoas detentoras de

direitos, que produzem cultura e são nela produzidas. Esse modo de ver as

crianças favorece entendê-las e também ver o mundo a partir do seu ponto

de vista. A infância, mais que estágio, é categoria da história: existe uma

história humana porque o homem tem infância”.

Assim a infância pode ser vista como um paradoxo onde por um lado há a

escolarização e formação da criança e por outro lado há a vontade de querer mantê-la

ingênua e pura. Já para Zwang e Nicoloso (2007) “A Educação Infantil tem como objetivo

auxiliar o desenvolvimento da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e

social, comprometendo a ação da família e da comunidade e cumprindo duas funções

indispensáveis, como cuidar e educar.” Mas logo também há estudos quantos quanto à

psicologia da infância e teorias quanto a formação do caráter e do desenvolvimento

cognitivo.

Bee e Boyd (2008) utilizam a Teoria de Freud e explicam que o bebê e a criança

pequena são totalmente id6 sem a força repressora do ego7 ou do superego. O ego começa

a se formar de dois a cinco anos, nesse estágio de formação a criança “aprende a adaptar

suas estratégias de gratificação instantânea”. E o superego8 começa a se desenvolver antes

da idade escolar, quando a criança incorpora tradições e valores culturais de seus pais. Bee

e Boyd também usufruem da Teoria de Erikison a qual afirma que os estágios psicossociais9

são “influenciados muito menos pelo amadurecimento e muito mais por demandas sociais

comuns para a criança de uma determinada idade” pois para Erikison toda a criança passa

por uma sequência fixa de tarefas e cada uma delas esta voltada para uma faceta da

identidade a ser desenvolvida. Assim para criança “satisfazer as demandas desses estágios

dependerá muito fortemente das interações que ela tem com a família e com os objetos em

seu mundo”. Então se a criança não se desenvolve adequadamente em um estagio, esta

carência pode vir a afetar o desenvolvimento de tarefas ou estágios posteriores.

Na Teoria de Piaget (Bee e Boyd, 2008), o psicólogo supôs que a criança busca se

adaptar e entender o ambiente em que esta inserida. Para isso “ela explora, manipula e

examina objetos e pessoas em seu mundo”. Logo, para entender o mundo a criança utiliza

do lúdico para compreendê-lo e moldar sua visão do real.

6 Na teoria freudiana, a proporção inata, primitiva da personalidade, o depósito da libido (energia sexual básica,

inconsciente, instintiva em cada indivíduo) que exige continuamente gratificação imediata. 7 Na teoria freudiana, porção da personalidade que organiza, planeja e mantém a pessoa em contato com a

realidade. Linguagem e pensamento são funções do ego 8 Na teoria freudiana, a parte “consciência” da personalidade que contém valores e atitudes parentais e sociais

incorporados durante a infância 9 Estágios do desenvolvimento da personalidade sugeridos por Erikson, envolvendo confiança básica,

autonomia, iniciativa, diligencia, identidade, intimidade, generatividade e integridade do ego

Page 18: Ato de brincar para crianças surdas

17

Segundo Souza e Silva (2010):

Na brincadeira, a criança pequena tenta agir como adulto,

incorporando aspectos da cultura. Tal ação, guiada pela imaginação, resulta

da necessidade da criança e de seu desejo de incorporar elementos

dispostos no real, por meio da construção de cenários lúdicos e da

assunção de papéis sociais. A criança assume vários personagens para

atingir seus objetivos nas interações, utilizando-se da palavra e do corpo

como elementos que revelam os aspectos imitativos e criativos configurados

nas relações criança-criança.

Nesse sentido, o faz-de-conta possibilita que a criança internalize

aspectos do universo adulto e das relações sociais não apenas

reproduzindo o mundo, como se o brincar fosse uma colagem, mas

transformando, ao brincar, a sua experiência pessoal (Góes, 2000; Silva,

2006).

Assim, o brincar permite que a criança vá alem do cotidiano sem se prender ao

significado real e sim atribuindo novos significados. No entanto, mesmo que a criança vá

alem durante o brincar a mesma se atem as regras da brincadeira. Por exemplo, quando

uma criança brinca de faz-de-conta, esta brincadeira estimula a capacidade de respeitar

regras e de ativar a criatividade, pois através da escolha de papeis terá que criar a vivência

representada na brincadeira. Rodrigues (2009) cita Vygotsky “o brincar é uma atividade

humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas

possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de

novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos”. Para

Vygotsky a criança reproduz o mundo através das brincadeiras de faz-de-conta, mas por

outro lado afirma que essa reprodução não se faz passivamente e sim de forma ativa de

reinterpretação do mundo, a qual abre possibilidade para a invenção e entendimento de

novos significados, saberes e praticas.

De acordo com Rodrigues (2009):

O brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e

aprendizagem. Ele envolve complexos processos de articulação entre o já

dado e o novo, entre a experiência, a memória e a imaginação, entre a

realidade e a fantasia, sendo marcado como uma forma particular de

relação com o mundo, distanciando-se da realidade da vida comum, ainda

que nela referenciada. A brincadeira é de fundamental importância para o

desenvolvimento infantil, na medida em que a criança pode transformar e

Page 19: Ato de brincar para crianças surdas

18

produzir novos significados. O brincar não só requer muitas aprendizagens

como também constitui um espaço de aprendizagem.

. Pode-se compreender que o brincar é importante para o desenvolvimento social e

inclusive de autoconhecimento para a criança. Alem de que serve como meio de

aprendizagem e entendimento cultural, social e simbólico.

Rodrigues (2009) cita Borba (2007) o qual ressalta que a experiência do brincar

transpõe diferentes tempos e lugares, passados, presentes e futuros, mas marcada inclusive

pela mudança. Essa experiência não é somente reproduzida e sim recriada a partir daquilo

que a criança trás de novo graças à sua capacidade de imaginar, cria, reinventar e produzir

cultura. Inclusive aprende-se a brinca desde de cedo, nas relações que se estabelecem com

outros e com a cultura. A referencia da autora “é uma atividade que, ao mesmo tempo,

identifica e diversifica os seres humanos em diferentes tempos e espaços. É também uma

forma de ação que contribui para a construção da vida social coletiva. Para as crianças, a

brincadeira é uma forma privilegiada de interação com os outros sujeitos, adultos e crianças,

e com os objetos e a natureza à sua volta”. O brincar é para Rodrigues uma experiência de

cultura importante não apenas nos primeiro anos da infância mas como também durante

todo o percurso de vida.

Para Rodrigues (2009) há elementos externos a brincadeira que acabam refletindo e

afetando o modo como as crianças brincam, como: o mundo contemporâneo marcado pela

falta de espaça nas grandes cidades, a pressa, a influência da mídia, o consumismo e a

violência. A autora ainda cita “Borba (2006) assinala que essa influência pode ser tanto pelo

contexto físico do ambiente, a partir dos recursos naturais e materiais disponíveis, como

também pelo contexto simbólico, ou seja, pelos significados preexistentes e partilhados pelo

grupo de crianças.”

Esses elementos externos localizados na escola, família, mídia televisiva, no baixo

ou outros espaços facilitadores de experiências sociais e culturais são reinterpretados pela

criança e articulados à sua experiência lúdica, logo geram-se novos modos de brincar

(Rodrigues, 2009).

Rodrigues também utiliza-se de:

Pereira e Santos (2008), a televisão não só transformou a cultura, a política

e o cotidiano das pessoas como também criou novos hábitos e

comportamentos, propondo identidades e linguagens, acelerando o ritmo

entre produção e consumo, sendo uma das principais difusoras de

informações. É a mídia que se tem maior acesso sendo possível até afirmar

sua participação nos processos de socialização e subjetivação infantis.

Page 20: Ato de brincar para crianças surdas

19

Porém, essas transformações trazem como pano de fundo as mudanças

econômicas e culturais do mundo capitalista que migra de uma lógica

centrada na produção e no trabalho do adulto, para a lógica do consumo,

em que a criança na condição de consumidora, já está inserida mesmo

antes de nascer. O mercado está cada vez mais atento ao público infantil,

grupo que tem por linguagem singular a brincadeira, onde o real e o

imaginário/fictício se entrelaçam.

Rodrigues (2009) que nos últimos anos é notável a mudança na cultura lúdica da

criança com um direcionamento constante para o domínio de objetos. No entanto a cultura

lúdica evoluiu com o desenvolvimento de recursos tecnológicos como jogos eletrônicos e o

videogame, os quais se fazem mais atraentes. E a parte disso estão as brincadeiras

desenvolvidas “nas ruas em coletividade, praticada por adultos e crianças, e geralmente,

transmitidas de geração para geração” como por exemplo: ciranda, amarelinha, cabo de

guerra, queimada. Hoje há uma espécie de insaciedade e insatisfação permanentes

(Rodrigues, 2009) já que esta cada vez mais difícil o ritmo de lançamentos de brinquedos ou

jogos.

E mesmo imersos em novas tecnologias e tendo dificuldades em encontrar um

espaço adequado para brincar, pode-se reconhecer que as brincadeiras coletivas onde o

corpo se faz presente é de grande valor para o desenvolvimento da interação social

(Rodrigues, 2009). As novas tecnologias e as novas formas de comunicação via internet e

jogos eletrônicos viabilizam a capacidade de interação social de forma visual e virtual,

porem reduzem esta capacidade presencial.

E de acordo com a Silva, et al (2005) que cita Kishinomoto (1997, p. 27), o brinquedo

e a brincadeira aparecem com significados opostos e contraditórios pois a brincadeira é vista

ora como ação livre e ora como atividade supervisionada pelo adulto. O brinquedo é

expresso por qualquer objeto que sirva de suporte para a brincadeira ou para o ensino.

Estas autoras ainda citam Brougère para afirmarem que o brinquedo é produto de uma

sociedade a qual possui traços culturais específicos, necessitando de uma análise de suas

facetas. A primeira como objeto cultural e a outra como algo que carrega funções sociais que

lhe são conferidas e lhe dão razão para existir.

5.2.1 O Brincar e o Brinquedo

O portal da educação define o brincar da forma mais abrangente como uma ação

importante no mundo infantil, através desse ato a criança descobre, interage e conhece por

meio de vivências, abrindo novos horizontes e possibilidades, do faz de conta, do mundo

imaginário. Trazendo um enfoque pedagógico onde expressam que: é uma das atividades

Page 21: Ato de brincar para crianças surdas

20

fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato da criança

ouvinte poder se comunicar por meio de gestos, sons e representar determinado papel na

brincadeira serve como facilitador do desenvolvimento da brincadeira. E é através da

brincadeira que a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção,

imitação, memória, imaginação. O dicionário Michaelis expressa o brincar como:

divertir-se infantilmente; entreter-se; folgar, foliar:Brincava a garotinha com

uma boneca. Os banhistas brincavam jovialmente. vint2 Agitar-se com

movimentos graciosos: As ondas como que brincavam. vti3 Não levar as

coisas a sério; galhofar, zombar: Não brinque com assunto tão grave. vti4

Divertir-se representando o papel de: Os meninos brincam de soldados. vti5

Divertir-se fingindo exercer qualquer atividade: Brincar de ler. vtd6 Ataviar,

enramalhetar, ornar excessivamente:Brincou suas vestes e seu penteado

para ir ao teatro. Brincar com fogo:tratar levianamente coisas de

ponderação ou perigosas. Fazer uma coisa brincando: fazê-la com muita

facilidade. Nem brincando!:expressão de repulsa a alguma coisa que nos

dizem ou propõem por a julgarmos inconveniente.

Nessa linha de pensamento o brinquedo passa a ser o estimulador. Segundo a

publicação da autora Cristine, no site mundo educação, a mesma considera notável os

brinquedos no processo de aprendizagem das crianças, principalmente para aquelas que

apresentam certa deficiência. Pois através do brincar é que a criança “desenvolve elementos

fundamentais na formação da personalidade, já que aprende, experimenta situações,

organiza suas emoções, processa informações, constrói autonomia de ação”.

A autora ressalta que o brinquedo utilizado pela criança surda, não é diferente de um

brinquedo utilizado por uma criança ouvinte, no entanto as surdas não conseguem utilizar

aqueles que se baseiam nos recursos sonoros. O momento de seleção deles é de extrema

importância. Falcão e Ramos (2002) afirmam que as crianças que tem contato com o

brinquedo desde bebê apuram o desenvolvimento das noções de tamanho, forma, textura.

As autoras Falcão e Ramos citam Kishimoto (1996)a qualexpõem que os brinquedos

devem ser comprados de acordo com a idade, capacidade e área de interesse para criança.

A mesma classifica os brinquedos como “brinquedos de berço, brinquedos do faz-de-conta;

brinquedos pedagógicos, brinquedos de construção,brincadeiras tradicionais

(folclore)”. Falcão e Ramos (2002) afirmam que também devem estar de acordo com o

gênero, a presença de companheiros, além de outros aspectos ligados a novidade,

surpresa, variabilidade, pois a criança pode brincar sozinha ou junto de outras crianças, e

assim alcançando ou não um grau elevado de cooperação para atingir um objetivo comum.

As autoras posteriormente frisam o quão importante é presença de companheiros, inclusive

Page 22: Ato de brincar para crianças surdas

21

a dos adultos, pois os mesmos podem auxiliar a brincadeira proporcionando novas

experiências e conceitos vivenciados para assim haver uma integração completa.

Falcão e Ramos (2002) ressaltam que o brinquedo e as brincadeiras são excelentes

oportunidades para estimular a linguagem verbal e a variedade de situações que o

brinquedo favorece a aquisição de novos conceitos. Já para Vygotsky (1989) citado também

pelas mesmas, o brincar proporciona o desenvolvimento de aspectos específicos de

personalidade, tais como: a afetividade, inteligência, sociabilidade, criatividade. Vygotsky

(1989) segundo Falcão e Ramos (2002), ainda conceitua o brinquedo como um suporte

determinado para auxiliar o ato de brincar, mais que produzirá novos significados através da

brincadeira, pois transmite um significado social e simbólico, ou seja o brinquedo não

conduzirá a ação da criança. Em contraponto, as crianças dependendo da quantidade de

repertório ficam presas ao significado do produto (brinquedo) e não consegue desvincular-se

“impossibilitando” assim a criação de uma nova brincadeira a partir do brinquedo.

Retornando para o contexto de onde surgiram, como se encontram hoje em dia e,o

material em queos brinquedos foram feitos,Falcão e Ramos (2002) citam Kishimoto (1996),a

mesma fala que a Alemanha foi o centro geográfico da Europa, durante o período pré-

revolução industrial, no que se refere no terreno dos brinquedos.

E nos dias atuais, alguns dos brinquedos – soldadinhos de chumbo, as mais velhas

bonecas que se tem registro provem de Munique, na Alemanha -ainda se encontram em

museus e nos quartos das crianças.

O brinquedo teria suas primeiras aparições (antes do século XIX) nas oficinas de

entalhadores de madeiras, fundidores de estanho. Somente no decorrer do século XVIII,

começa a aflorar uma fabricação especializada. Posteriormente as indústrias aderiram a

novos recursos tecnológicos,a utilização de novos\diferentes materiais mais “leves” como

plástico, pvc, pelúcia, papel para preparação de brinquedos.

5.2.2 Tecnologia

Neste item, pretende-se mostrar de forma mais sucinta possível, a definição e

evolução da tecnologia, no âmbito de conhecermos de modo geral alguns dos materiais

utilizados no passado, no presente e a partir desse paralelo, prever como serão esse

materiais (recursos) no futuro de 2034, visando utilizar esses estudos para auxiliar na

confecção do brinquedo.

Dependendo da época em que se situa, o espaço em que está inserida, a tecnologia pode

tornar-se obsoleta ou atual.

A tecnologia é algo muito abrangente, pois quase tudo criado pelo homem pode ser

considerado tecnologia, pois trata-se de inovação. O site Significados traz dentro de um

contexto histórico em ordem crescente o que vem a ser e, exemplos datecnologia. As

Page 23: Ato de brincar para crianças surdas

22

tecnologias primitivas, também conhecidas como clássicas envolvem a descoberta do fogo,

a escrita. Já no período medieval, as invenções no ramo militar, como a criação de armas,

ou recursos que possibilitaram (permitiram) as expansões marítimas. As invenções

tecnológicas da revolução industrial (séc. XVIII) provocaram profundas transformações no

processo produtivo, de forma que impulsionou e acelerou a produção, fazendo com que os

recursos tecnológicos disseminassem-se rapidamente.

A partir do século XX, destacam-se as tecnologias de informação e comunicação

através da evolução das telecomunicações, utilização de computadores, expansão da

internet, e existem ainda tecnologias avançadas ou de ponta, que englobam a utilização de

energia nuclear, nanotecnologia, biotecnologia,etc.

O autor desconhecido que publica no site ainda tira suas conclusões de que, as

novas tecnologias são fruto do desenvolvimento tecnológico alcançado pelo ser humano e

tem um papel fundamental no âmbito da inovação, ou seja, as inovações baseiam-se em

referencias (algo já existente). Os avanços da tecnologia provocam grande impacto na

sociedade. Pelo lado positivo, a tecnologia resulta em inovações que proporcionam melhor

nível de vida ao homem, em outras palavras,a tecnologia é um advento que serve para

melhorar as atividades cotidianas. Como fatores negativos, surgem questões sociais

preocupantes como o desemprego, devido à substituição do homem pela máquina ou a

poluição ambiental que exige um contínuo e rigoroso controle.

O dicionário Michaelis define tecnologia como:

sf (tecno+logo2+ia

1) 1 Tratado das artes em geral. 2 Conjunto dos processos

especiais relativos a uma determinada arte ou indústria. 3 Linguagem peculiar a um

ramo determinado do conhecimento, teórico ou prático. 4 Aplicação dos

conhecimentos científicos à produção em geral: Nossa era é a da grande

tecnologia. T. de montagem de superfície, Inform: método de fabricação de

placas de circuito, no qual os componentes eletrônicos são soldados diretamente

sobre a superfície da placa, e não inseridos em orifícios e soldados no local. T.

social, Sociol: conjunto de artes e técnicas sociais aplicadas para fundamentar o

trabalho social, a planificação e a engenharia, como formas de controle. De alta

tecnologia, Eletrôn e Inform: tecnologicamente avançado: Vendemos

computadores e vídeos de alta tecnologia. Sin: high-tech.

O dicionário Aurélio nos traz outra definição de tecnologia como “Estudo dos

instrumentos, processos e métodos empregados nos diversos ramos industriais.”

De acordo com Bazzo e Silveira a tecnologia foi considerada neutra durante muito

tempo. Todavia, os mesmos consideram essa visão ingênua, pois a tecnologia exerce

influencia de maneira ora positiva ora negativa em cada individuo, dependendo da forma

como é utilizada.

Page 24: Ato de brincar para crianças surdas

23

Conforme Miranda (2002), citada por Bazzo e Silveira, temos que repensar a direção

dada à tecnologia hoje, advertindo da necessidade de minimizar os riscos sem, contudo,

abdicar dos benefícios que a tecnologia propicia a humanidade. Com essa visão, Miranda

(2002) cita Kneller, que assim se expressou:

Alguma inovação tecnológica é essencial e desejável. Ela tem sido

necessária à modernização de todas as sociedades, e habilitará a nossa a

sobreviver e melhorar. O desenvolvimento de novas tecnologias deve ser encorajado

e o treinamento de tecnólogos imaginativos promovido. [...] A tecnologia pode criar

ou destruir, tornar o homem mais humano ou menos. Mas as civilizações, como os

indivíduos, devem correr riscos se quiserem progredir. Se exercermos prudência

para minimizar os danos da tecnologia e incentivar o máximo seus benefícios,

certamente valerá a pena aceitar o risco.

Os autores Bazzo e Silveira fazem referência a Miranda (2002) que

apresenta seu discurso da seguinte maneira:

Na modernidade (a partir do séc. XVI), devido a fatores históricos, sociais, culturais,

econômicos, políticos, a tecnologia sofre e propicia transformações profundas. E

muito além de alterar padrões de comportamento, a tecnologia, a partir da

modernidade, contribui para alterar a relação do ser humano com o mundo que o

cerca, implicando no estabelecimento de uma outra cosmovisão, diferentemente

daquela dos gregos ou dos medievais.

Na mesma linha de pensamento, Bazzo e Silveira expressam que a tecnologia

concede à ciência precisão e controle nos resultados de suas descobertas, facilitando não

só a relação do homem com o mundo como possibilitando dominar, controlar e transformar

esse mundo.

Até o momento, vimos que, a tecnologia é em parte produzida pelo homem, e outra

parte descoberta pelo mesmo (recursos naturais, que aprimorados e passam a ter utilidade

ao ser humano) e sofrem modificações\alterações dependendo de seus conhecimentos. Os

recursos tecnológicos atuais no quesito de brinquedos no cotidiano estão caracterizados por

jogos digitais, eletrônicos, alta tecnologia, estimamos que para 2034 que essa tendência

cresça, com a aprimoração nos mesmos, pois a cada dia que passa novas explorações,

estudos são feitos.

Estimamos que para 2034 continuará se utilizando muito os recursos digitais e

wireless, que vem expandindo-se de crescente forma, só que,com recursos visuais e

sensoriasmais elaborados, e cada vez mais presentes.

Norman (2010) deixa uma indagação “E se as coisas cotidianas a nossa volta

adquirissem vida”? E se elas pudessem sentir a nossa presença, o nosso foco de atenção e

Page 25: Ato de brincar para crianças surdas

24

nossas ações, se reagisse com informações relevantes, sugestões e ações? Se já existem

estudos que apontam que sim, o futuro é incerto.

5.3 Publico Alvo

Gesser (2009) e Silva (2006) afirmam que 95% dos surdos tem pais ouvintes sendo que

há 9,7 milhões de deficientes auditivos no Brasil segundo o censo de 2010. Assim percebe-

se que as crianças surdas com seus pais ouvintes tem uma dificuldade de comunicação e

interação, já que para os surdos a primeira língua é LIBRAS e para os seus pais ouvintes é

o português. Silva (2006) acredita que o maior problema além do comunicativo é a condição

de vida do surdo referente ao acesso à língua de sinais que geralmente é tardio e limitado,

assim afetando o desenvolvimento linguístico e cognitivo desse sujeito. De acordo com

Simões (2006):

No caso de crianças surdas, todo o vínculo entre os pais e o filho

surdo pode ser afetado pela forma como a família irá encarar essa

diferença. A mãe muitas vezes com o diagnóstico da surdez acaba

por deixar de se comunicar de qualquer forma com seu filho

acarretando danos ao seu desenvolvimento em todas as áreas como

cognitivas, afetivas,

simbólicas e lingüísticas. (ROSSI, 2000). Alguns pais não se dispõem

a aprender a língua de sinais, investindo como único meio de forma

de comunicação com seu filho à língua oral. Normalmente há um

(des) entendimento entre pais ouvintes e filhos surdos. O resultado

desses (des) entendimento acarreta no atraso de linguagem no seu

filho surdo. (SACKS, 1998).

Assim, percebe-se que os pais não estão preparados para receberem esses(essas)

filhos(as) surdos(as), e quando os(as) recebem primeiramente acabam procurando médicos

pois vêem a surdez como uma deficiência incapacitadora (Souza e Silva, 2010) e não como

uma criança surda que terá possibilidades diferentes, mas que se desenvolverá cognitiva e

psicologicamente como uma criança ouvinte e normal10. Zwang e Nicoloso (2007) ressaltam

também que a criança surda não deve ser vista apenas por suas dificuldades, limitações ou

deficiência e sim pela dimensão humana, como pessoa com possibilidades e desafios a

vencer. Silva (2006) considera relevante a indagação sobre como a experiência lingüística

se articula e compõe o funcionamento imaginativo do surdo, o autor acredita que os modos

10 Segundo Gesse (2009), "Ser "normal" é ser homem, branco, ocidente, letrado, heterossexual, usuário de língua oral padrão, ouvinte, não cadeirante, vidente, sem "desvios" cognitivos, mentais e/ou sociais"

Page 26: Ato de brincar para crianças surdas

25

de brincar ampliam a compreensão da criança surda em relação ao seu posicionamento

diante do mundo que a cerca e inclusive seu modo de interpretar e se expressar

sensivelmente sobre o real. Inclusive, sem uma aquisição de uma língua como a LIBRAS a

criança acaba criando gestos próprios e caseiros para conseguir se comunicar. Para Souza

e Silva (2010):

A língua tem um papel de destaque na formação dos processos mentais. A

criança adquire a língua por meio do contato informal com as pessoas com

quem convive, do uso contínuo e ativo desta, e não porque lhe é ensinado. O

primeiro lugar no qual o ser humano tem esta experiência é em sua casa,

com seus pais e familiares que serão facilitadores de comunicação,

permitindo que adquira sua cultura naturalmente. A criança a utilizará para

expressar seus sentimentos e estruturar pensamentos, embora nem todo o

pensamento seja expresso por meio de línguas.

Logo, o papel da família é importante para o desenvolvimento da criança, por isso se

inicaram projetos governamentais que estimulassem o entendimento dos parentes em

relação a surdez havendo até estudos psicológicos e congressos como o de Salamanca, na

Espanha em 1994 que difundem o entendimento sobre a surdez e fazendo (Souza e Silva,

2010) “emergir o problema das diferenças linguísticas, da diversidade cultural e do próprio

conceito de normalidade apresentando visões distintas sobre a ideia inclusão social

(Lacerda & Silva, 2006)”.

Simões (2006) evidencia que é relevante criar um ambiente linguístico para que a criança

surda possa adquirir a língua de sinais, no entanto isso pode não ocorrer devido a

resistência dos pais permitirem seu(sua) filho(a) de adquirir uma lingua que não seja a sua.

Para a autora “o desenvolvimento da criança surda deve ser compreendido como processo

social, e suas experiências de linguagem concebidas como instâncias de significação e de

mediação nas suas relações com a cultura, nas interações com o outro” (GÓES, 1999,

p.37)”. A qual também frisa que uma família composta por pais ouvintes e filhos surdos pode

fazer uso de brincadeiras em momentos de interação com a intenção de promover o

desenvolvimento da lingua de sinais e da relação entre pais e filhos. Pois o papel da família

é proporcionar um espaço de desenvolvimento seguro, onde as crianças poderão ser

humanas e desenvolver sua personalidade, sua auto-imagem e saber relacionar-se com a

sociedade em que vivem. Simões (2006) ainda comenta que nas famílias onde se dá o

apoio para o aprendizado da língua de sinais percebe-se os seguintes fatores:

Em crianças surdas de pais ouvintes o sinal inicia-se por volta dos 12 meses

sendo desenvolvido no período de até 2 anos. Diferente dos bebês surdos

filhos de pais surdos que seus primeiros sinais aparecem aproximadamente

Page 27: Ato de brincar para crianças surdas

26

aos 6 meses de idade. (QUADROS, 1997). As primeiras combinações de

sinais para a formulação de frases simples começam mais ou menos aos 2

anos nas crianças surdas. Aos 2 anos e meio a 3 anos de idade, as crianças,

quando expostas a um ambiente lingüístico adequado, apresentam a

explosão do vocabulário em sinais, sendo que o domínio completo dos

recursos morfológicos é por volta dos 5 anos, e aos 5 e 6 anos que se

utilizam os verbos flexionados de forma adequada, “[...]

criança surda de nascença, com acesso a uma língua espaço-visual

proporcionada pôr pais surdos, desenvolverá uma linguagem sem qualquer

deficiência ...os fundamentos da linguagem não estão baseados na forma do

sinal, mas, sim, na função lingüística que a serve” (QUADROS, 1997, p.7).

Simões (2006) conclui seu estudo com o entendimento de que “em relação ao

imaginário no brincar, podemos perceber que essas crianças que são constituídas desde a

primeira infância com a língua de sinais não apresentam déficit de linguagem, apresentando

o mesmo estágio de desenvolvimento das crianças ouvintes e significam o mundo por meio

dessa língua.” Segundo a mesma autora

O estudo possibilitou algumas reflexões sobre como a língua de sinais

favorece a brincadeira das crianças surdas e contribuiu para o

desenvolvimento lingüístico dessas crianças. A brincadeira desenvolve a

língua porque, para as crianças poderem contextualizar suas brincadeiras

precisam fazer uso de uma língua. Com isso há desenvolvimento tanto da

língua quanto da brincadeira, ou seja, uma completa a outra. Vale ressaltar

que essas crianças se comunicam predominantemente em língua de sinais.

O brincar nesse contexto desenvolve a língua de sinais e está possibilita que

a criança entenda o mundo em que vive e represente os papéis sociais

dentro do imaginário do brincar, ou seja, é a aquisição de uma língua que

proporciona significado desses brincar nas crianças surdas.

Ou seja o desenvolvimento de uma língua auxilia o entendimento de significados do

brincar. Inclusive (Simões, 2006) “as crianças encenam situações domesticas como:

cozinhar, limpar a casa, gostam de trocar de roupa, servir o café, fazer comidinha, brincar de

motorista de carro”. Assim é pela brincadeira as crianças acabam realizando desejos e

situações não realizáveis e dessa forma elas se inserem no mundo adulto como qualquer

outra criança.

Page 28: Ato de brincar para crianças surdas

27

6 METODOLOGIA

O pré-projeto se iniciou com a definição do tema o ato de brincar para surdos em

2034. E a partir disso foram iniciadas leituras referentes ao tema, assim definindo como

publico alvo a interação e comunicação das crianças surdas com as ouvintes. Justificado

pela pouca interação de ambas devido às dificuldades de comunicação e compreensão que

ocorria quando se relacionavam. A partir dessa problemática se iniciaram novas leituras

voltadas para as necessidades e anseios desse publico. No entanto, com base nestes

estudos literários percebeu-se que há um déficit maior entre a interação e comunicação das

crianças surdas e dos seus pais ouvintes do que uma dificuldade de interação e

comunicação entre as mesmas e as crianças ouvintes. Logo, redefinimos as atividades do

projeto onde o publico alvo passou a ser a comunicação e interação entre os pais ouvintes e

seus(suas) filhos(as) surdos(as). O problema encontrado é: Que produto atende as

necessidades de interação e comunicação das crianças surdas com seus pais ouvintes por

meio do ato de brincar em 2034?. Inclusive foram arrumados a justificativa e os objetivos:

geral e específicos condizentes com o público alvo escolhido.

Assim continuamos com as pesquisas bibliográficas, mas nesse segundo momento

mais aprofundadas e voltadas para as dificuldades de comunicação e interação das crianças

surdas e seus pais ouvintes. Logo ocorreu a realização de fichamentos dessas leituras para

melhor organização dos materiais de referencia e também houveram procuras quanto a

filmes e documentários, que trouxessem uma melhor perspetiva quanto a vida dos surdos e

seus pais ouvintes. Também se modificou a faixa etária das crianças que inicialmente era de

cinco a dez anos para uma definição de crianças que já tenham iniciado seu aprendizado na

Língua Braliseira de Sinais (libras), essa definição foi decidida com ajuda de leituras

aprofundadas e também é uma definição utilizada por Gesser (2009).

Para um aprofundamento quanto as necessidades das crianças surdas e seus pais

foram realizadas entrevistas informais com os educadores da Associação de Surdos da

Grande Florianópolis (ASFG) onde foi perguntado quais as brincadeiras com que as

crianças surdas mais tinham contato, qual a percepção das mesmas referente aos

brinquedos para surdos, qual a relação que as famílias tem com essas crianças, quais as

dificuldades que as mesmas encontram ao se comunicarem com seus pais, se esses pais

brincam com seus filhos e como esses educadores imaginam que seja a brincadeira daqui a

20 anos (2034). Com essa entrevista foi possível perceber que geralmente as famílias se

comunicam com seus filhos através de gestos caseiros, como os mesmos chamam, e não

de Libras. Que as famílias não estão preparadas pra receber uma criança deficiente e

quando a crianças surdas nascem a primeira ação da família é de procurar médicos. Já que

muitas famílias compreendem que seu(sua) filho(a) é um deficiente e não alguem com

Page 29: Ato de brincar para crianças surdas

28

possibilidades distintas. No entanto, para esses educadores essa visão esta mudando ao

longo dos últimos 40 anos, pois as famílias estão se tornando mais interessadas no

desenvolvimento dessas crianças.

Na segunda etapa do desenvolvimento do projeto foi as atividades do pré-projeto

corrigidas e refeitas, também o cronograma, a metodologia, a fundamentação teórica. Para a

realização da fundamentação teórica foram realizadas leituras relacionadas a surdez, a

tecnologia, a infância e o brincar. A concretização da metodologia ocorreu com a descrição

das atividades que foram e serão desenvolvidas, e com a coleta e análise de dados da

entrevista e do questionário. Para essa etapa será realizado inclusive o cronograma de

execução do projeto, onde consta o detalhamento e a duração das etapas com o período a

qual correspondem as executadas e as que estão previstas. Por fim, haverá um comentários

constando os resultados previstos para a conclusão do produto.

Entrevista Informal realizada com educadoras(surda e interprete) da ASGF.

1. Como as famílias vêem a surdez?

R: Tem muitas famílias que não acreditam que os filhos surdos sejam capazes de levar uma

vida normal

2. Como se comunicam com a família?

R: Teve um caso de um menino aprender "libras" com a família, não era libras de verdade,

era sinais próprios, inventados entre eles para se comunicar com o filho.

3. O que vocês acham dos brinquedos para os surdos?

R: Os brinquedos dos surdos são fracos, não são inteligentes, e os surdos são de mais

4. Como os surdos se relacionam com os recursos tecnológicos

R: Os surdos adoram a tecnologia, redes sociais, mas só os que sabem escrever o

português, que não são muitos, e mesmo sabendo escrever, o escrever deles é diferente do

nosso

5. As crianças surdas brincam com as ouvintes?

R: As crianças sudas brincam com as ouvintes. Não tem diferença nenhuma, porque não

existe preconceito, isso é ensinado pelos adultos

Page 30: Ato de brincar para crianças surdas

29

6. A família apóia os surdos a estarem na associação?

R: Para os surdos estarem aqui, é uma luta eu diaria, porque algumas famílias não querem

e acham perda de tempo.

7. Na sua opinião qual a diferença do brincar de 20 anos atrás para o de agora?

R: O ato de brincar mudou com o tempo, mas não considero o avanço da tecnologia o

motivo principal, os tempos mudaram, a cidade cresceu e ficou mais perigosa. As mãe

antigamente ficavam em casa cuidando do lar e deixava os filhos brincarem na rua, ja hoje

as mães saem pra trabalhar deixando o filho na creche.

Como as entrevistas informais não atenderam totalmente nosso problema, buscamos

estar dialogando com outro publico que não fosse os educadores, e sim os responsáveis

das crianças surdas e as mesmas, para assim conseguirmos um outro ponto de vista. Para

que isso ocorresse, fomos até o Instituto de Audição e Terapia da Linguagem – IATEL é uma

organização não governamental, fundada em 25 de março de 1969, localizada em

Florianópolis e atendente de crianças e adolescentes da Grande Florianópolis e de outras

cidades do estado. A Instituição desenvolve trabalhos educacionais específicos e clínicos,

voltados para os surdos, visando sua inclusão na sociedade, sua capacitação e

encaminhamento ao mercado de trabalho. Promovendo paralelamente ações preventivas,

no que diz respeito aos distúrbios fonoaudiológicos, primando pela qualidade da

comunicação oral e escrita.

Com um questionário destinado as criancas surdas e aos pais ouvintes. No entanto

houveram alguns obstáculos pois a quantidade de crianças que esperada era muito maior

do que as que realmente se encontravam ali. Eram cinco crianças, todas com algum grau de

entendimento em Libras, devido a pouca quantidade de crianças “que frequentavam tal local

” o questionário foi aplicado com o intuito de conhecer mesmo que não de forma quantitativa

essas crianças. As questões e respostas direcionadas a criança são as seguintes:

Questão 2, referente ao questionário das crianças

Page 31: Ato de brincar para crianças surdas

30

Fonte: Acervo próprio

Questão 3, referente ao questionário das crianças

Fonte: Acervo próprio

Questão 4, referente ao questionário das crianças

Page 32: Ato de brincar para crianças surdas

31

Fonte: Acervo próprio

Questão 5, referente ao questionário das crianças

Fonte: Acervo próprio

Questão 6, referente ao questionário das crianças

Page 33: Ato de brincar para crianças surdas

32

Fonte: Acervo próprio

Questão 10, referente ao questionário das crianças

Fonte: Acervo próprio

Questão 11, referente ao questionário das crianças

Page 34: Ato de brincar para crianças surdas

33

Fonte: Acervo próprio

5. Sente dificuldade em se comunicar? se sim por que ?

Surdo 1 R: Porque não tenho pouca libra.

Surdo 2 R: Não.

Surdo 3 R: Nem todo mundo me entende ou tem Libras.

Surdo 4 R: Eu não tenho muito conhecimento em libras.

Surdo 5 R: Não.

6. Você brinca com outras crianças surdas? se não, por que ?

Surdo 1 R: Sim

Surdo 2 R: Não, onde moro não tem crianças surdas da mesma idade.

Surdo 3 R: Sim

Surdo 4 R: Não, onde moro não tem crianças surdas na mesma idade.

Surdo 5 R: Sim

7. Você brinca com outras crianças ouvintes?

Todos responderam sim

8. Quais brincadeiras, brinquedos e/ou jogo você prefere?

Surdo 1 R:Videogame

Surdo 2 R: Jogos no celular, tablet, computador, qualquer um.

Page 35: Ato de brincar para crianças surdas

34

Surdo 3 R: Computador celular , carrinho, bola, pipa

Surdo 4 R: Jogos no celular, qualquer um.

Surdo 5 R: Eu prefiro todo os tipos de brinquedos ou jogos

9. Com quais brincadeiras, brinquedos e/ou jogos você prefere brincar com seus pais?

Surdo 1 R: Brinco sozinho.

Surdo 2 R: Eu uso celular, tablet.

Surdo 3 R: Carrinho, bola.

Surdo 4 R: Na minha casinha de boneca.

Surdo 5 R: Gosto de jogar bola.

10. Você tem alguma dificuldade ao brincar com os seus pais?

Surdo 1 R: Sim, mas não descreveu quais.

Surdo 2 R: Não.

Surdo 3 R: Sim, com meu pai porque ele não convive comigo.

Surdo 4 R: Sim, Porque não tenho total comunicação com meus pais.

Surdo 5 R: Não.

12. Como você imagina que seja as brincadeiras e os jogos no futuro?

Surdo 1 R: Que seja criativo

Surdo 2 R: Que no futuro as brincadeiras e os jogos fossem mas criativas e especificas para

surdos.

Surdo 3 R: Não.

Surdo 4 R: Que no futuro as brincadeiras e os jogos fossem mas criativas e especificas

para os surdos

Surdo 5 R: Um brinquedo educativo

A seguir, as questões e respostas direcionadas aos pais:

Questão 02, referente ao questionário dos pais

Page 36: Ato de brincar para crianças surdas

35

Fonte: Acervo próprio

Questão 04, referente ao questionário dos pais

Fonte: Acervo próprio

Questão 05, referente ao questionário dos pais

Page 37: Ato de brincar para crianças surdas

36

Fonte: Acervo próprio

Questão 06, referente ao questionário dos pais

Fonte: Acervo próprio

Questão 07, referente ao questionário dos pais

Page 38: Ato de brincar para crianças surdas

37

Fonte: Acervo próprio

Questão 10, referente ao questionário dos pais

Fonte: Acervo próprio

Questão 11, referente ao questionário dos pais

Page 39: Ato de brincar para crianças surdas

38

Fonte: Acervo próprio

Questão 12, referente ao questionário dos pais

Fonte: Acervo próprio

6. Você sente dificuldade em se comunicar com o seu(sua) filho(a)?

Mãe do surdo 1 R: Sim, porque tenho pouca libras.

Page 40: Ato de brincar para crianças surdas

39

Mãe do surdo 2 R: Não.

Mãe do surdo 3 R: Não.

Mãe do surdo 4 R: Sim, Porque eu não tenho total conhecimento em libras.

Mãe do surdo 5 R: Não.

8. Quais brinquedos e/ou jogos você utiliza com seu(sua) filho(a) ?

Mãe do surdo 1 R: Jogar de computador

Mãe do surdo 2 R: Dominó

Mãe do surdo 3 R: Pipa, bole, gibi

Mãe do surdo 4 R: Quebra cabeça e na casinha de boneca

Mãe do surdo 5 R: Todos os tipos de brincadeiras

9. Quais brincadeiras,brinquedos e/ou jogos você prefere utilizar com seu(sua) filho(a)?

Mãe do surdo 1 R: Bola , pipa

Mãe do surdo 2 R: Dominó

Mãe do surdo 3 R: Gibi, Skate.

Mãe do surdo 4 R: Quebra cabeça e na casinha de boneca.

Mãe do surdo 5 R: Não tem nenhum em especial.

10. Você tem alguma dificuldade ao brincar com o seu(sua) filho(a)?

Mãe do surdo 1 R: Sim, porque eu não tenho libras

Mãe do surdo 2 R: Não.

Mãe do surdo 3 R: Sim, quanto á utilização de regras.

Mãe do surdo 4 R: Sim, porque eu não tenho total conhecimento em Libras

Mãe do surdo 5 R: Não

13. Você conhece algum brinquedo tecnológico para crianças surdas?

Todos responderam não.

A entrevista e o questionário ajudaram a perceber algumas caracteristica do nosso publico

alvo, crianças surdas, tais como:

• Dificuldade em compreender regras;

• Atração por recursos tecnológicos;

• Maior parte das crianças não entendem o portuques;

• Sem dificuldade em libras;

• Dificuldade ao comunicar-se com ouvintes que não conhecem libras;

Page 41: Ato de brincar para crianças surdas

40

Em relação a família dos surdos, tivemos duas experiências diferentes. Com os

relatos das Educadoras da ASGF - Associação dos Surdos da Grande Florianópolis, foi visto

um grande descaso familiar com o aprendizado e evolução para com as crianças surdas.

Mas no Instituto de Audição e Terapia da Linguagem – IATEL foi observado que as mães

tem uma preocupação para com o aprendizado dos filhos surdos, pois as mesmas os levam

para o instituto com o intuito de lhes fornecer novos aprendizados e também o

aperfeiçoamento da libras. E essas mães também se preocupam em aprender a libras, para

assim poderem se comunicar com seu filho.

Essas experiências nos deram a visão de diferentes situações no convívio de pais

ouvintes e seus filhos surdos, sendo assim não temos apenas um ponto de vista a respeito

do publico alvo, pois tivemos contato com diferentes realidades. De alguma forma essas

experiências irão refletir nos conceitos de alguns modelos de estudo ou/e modelo fianal.

Na terceira etapa ocorrerá o desenvolvimento dos conceitos e do painel imagético,

sendo que ambos serão baseados na pesquisa com o consumidor e nos estudos

iconográficos de produtos similares. Inclusive serão elaborados modelos de estudos (20

bidimensionais e 5 tridimensionais) dos quais somente um será escolhido como base para o

desenvolvimento do modelo final. Também haverá a apresentação do portfólio contendo

todas as etapas do projeto, que auxiliará na definição do conceito do modelo final. Na etapa

referente ao projeto final faremos um relatório contendo todas as etapas anteriores como um

registro da realização do projeto. Por fim será produzido um modelo final sendo que seus

materiais ainda serão definidos. No entanto, pretende-se empregar materiais que melhor

representem o produto real.

7 CRONOGRAMA

Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho ETAPAS DO PROJETO 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4

Apresentação do tema

x o

Encontros do grupo para

realização do projeto

x x x x x x x x x x x x x x

o o o o o o o o

Pesquisas bibliográficas e iconográficas

x x x x x x x x x x

o o o o o

Entrevistas com o público-alvo

x

Apresentação Etapa 1

x

Geração de x

Page 42: Ato de brincar para crianças surdas

41

REFERÊNCIAS

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conceitos

Desenvolvimento de alternativas

x

Painel Imagético x

Simulações de solução do projeto

x

Elaboração dos Modelos

x x

Relatório Final x

Projeto Final x

Defesa x

Page 43: Ato de brincar para crianças surdas

42

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