Atividades Mestres Das Artes

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Os textos e atividades desta área do site foram desenvolvidos por Ligia M.S. Rego e Angela C. Braga. Mestres das Artes - Leonardo Da Vinci Aqui você vai encontrar conteúdo e atividades para trabalhar em sala de aula utilizando os livros das Coleções Mestres das Artes, Mestres das Artes no Brasil e Mestres da Música no Brasil. ATIVIDADES DICA 1) Pode-se começar o trabalho pela reflexão sobre a leitura do livro Leonardo da Vinci. Os alunos sentam-se em círculos para que se acostumem, desde cedo, a escutar e a perceber uns aos outros. Nessa reflexão, o aluno poderá associar sua opinião às imagens das pinturas e dos projetos científicos. Num segundo plano, o professor, agindo como mediador, demonstra pelo texto os princípios do Renascimento. Finalizando a reflexão, o professor deverá ser um articulador levando os alunos a associar as ilustrações do livro sobre Da Vinci aos princípios da Renascença. 2) Para envolver os alunos com a vida e a obra de Leonardo, o arte-educador poderá conduzi-los a uma reflexão sobre a personalidade marcante de Da Vinci. A) Vivenciando a proposta O professor poderá pedir aos alunos uma análise sobre a relação das ilustrações do livro com a personalidade de Leonardo. Os alunos devem ser estimulados pela leitura das imagens a descobrir quais são os trabalhos de Leonardo que demonstram: a) o seu amor pela natureza; b) seu amor pela ciência destacando seu espírito de inventor; c) seu lado egoísta; d) seu lado irreverente. B) Produção da atividade na escola Para a execução desta atividade, o aluno deverá ter feito a atividade 24 , podendo registrá-la por escrito.

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Os textos e atividades desta área do site foram desenvolvidos por Ligia M.S. Rego e Angela C. Braga.

Mestres das Artes - Leonardo Da Vinci Aqui você vai encontrar conteúdo e atividades para trabalhar em sala de aula utilizando os livros das Coleções Mestres das Artes, Mestres das Artes no Brasil e Mestres da Música no Brasil.

ATIVIDADES

DICA

1) Pode-se começar o trabalho pela reflexão sobre a leitura do livro Leonardo da Vinci. Os alunos sentam-se em círculos para que se acostumem, desde cedo, a escutar e a perceber uns aos outros. Nessa reflexão, o aluno poderá associar sua opinião às imagens das pinturas e dos projetos científicos. Num segundo plano, o professor, agindo como mediador, demonstra pelo texto os princípios do Renascimento. Finalizando a reflexão, o professor deverá ser um articulador levando os alunos a associar as ilustrações do livro sobre Da Vinci aos princípios da Renascença.

2) Para envolver os alunos com a vida e a obra de Leonardo, o arte-educador poderá conduzi-los a uma reflexão sobre a personalidade marcante de Da Vinci.

A) Vivenciando a propostaO professor poderá pedir aos alunos uma análise sobre a relação das ilustrações do livro com a personalidade de Leonardo.Os alunos devem ser estimulados pela leitura das imagens a descobrir quais são os trabalhos de Leonardo que demonstram:

a) o seu amor pela natureza;b) seu amor pela ciência destacando seu espírito de inventor;c) seu lado egoísta;d) seu lado irreverente.

B) Produção da atividade na escolaPara a execução desta atividade, o aluno deverá ter feito a atividade 24 , podendo registrá-la por escrito.

Exemplosa) o seu amor pela natureza encontra-se:na capa: Mona Lisa (têmpera e óleo sobre madeira), em que o fundo representa uma paisagem viva, contribuindo para o destaque da figura em primeiro plano;na página 6: Estudo de Botânica (desenho), em que registrou, por meio de esboços, seus estudos sobre as plantas;na página 9: A Anunciação (têmpera e óleo sobre madeira), em que necessitou dos seus estudos sobre as asas dos pássaros para fazer as asas do anjo.b) seu amor pela ciência destacando seu espírito de inventor encontra-se:na página 6: Reconstrução das proporções humanas (desenho), em que se constatam seus

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estudos sobre a anatomia humana e seu domínio da geometria;na página 20: Máquina de guerra (desenho), em que se percebe o seu caráter de inventor e cientista;na página 21: Besta gigante (desenho).c) seu lado egoísta encontra-se:no registro de seus esboços, em que fazia anotações escritas ao contrário, provavelmente por medo de que alguém lhe roubasse as idéias.d) seu lado irreverente encontra-se:nas suas obras inacabadas como São Jerônimo e A adoração dos magos;nas suas inovações no preparo das tintas e modificação da técnica do afresco etc.

C) Proposta como tarefa de casaPara que o professor reforce a conclusão tirada em sala de aula sobre a genialidade de Leonardo, poderá pedir para que seus alunos experimentem ser inventores. Recorrendo à fantasia, podem imaginar-se "Leonardo" perante o duque de Milão ao ser solicitado para desenvolver projetos de máquinas de guerra. Cada aluno deverá, então, criar o seu projeto bélico. Uma das regras dessa atividade poderá ser a inclusão nos desenhos de mensagens secretas que deverão ser escritas ao contrário.

Sugestão de Material:envelopepapel sulfitelápis para esboço tipo carvão, conté, 6Bcaneta ultra fine preta ou bico-de-pena

D) Conclusão da atividadeNa data, cada aluno deverá entregar o seu projeto dentro de um envelope identificado com seu nome escrito ao contrário. O professor distribuirá os envelopes aleatoriamente entre os alunos e eles terão de decifrar, de uma forma lúdica e prazerosa, a mensagem secreta.

3) Baseado no conhecimento que o aluno adquiriu de parte da história da arte renascentista ao estudar Leonardo da Vinci, o arte-educador poderá incentivar a produção de uma releitura artística.

A) Seqüência para a atividade de releitura de uma obra de arte

Sugestão de material:utilização de uma máquina xerox que possa ampliar ou reduzirtesoura, colarevistas, postais, fotosgiz de cera, caneta hidrocor, lápis de cor

O aluno terá a liberdade de escolher uma figura do livro que possua como fundo uma paisagem (campo ou cidade).Após essa seleção, o aluno fará uma cópia xerox dessa figura, que deverá ser destacada de seu fundo sendo recortada com tesoura.O aluno também providenciará uma nova imagem para o fundo: uma foto da cidade onde

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mora, um postal ou uma revista contendo a imagem de uma paisagem urbana ou campestre ou até mesmo um desenho de sua criação. Deverá tirar uma cópia xerox desse material e adaptá-lo, por meio de colagem, ao tamanho da figura escolhida e já recortada como pede o item anterior.Para que a proporção entre figura e fundo seja respeitada, o aluno poderá utilizar os recursos do xerox (ampliações ou reduções) necessários para o ajuste da imagem na figura de fundo.

B) Conclusão da atividadeFeita a montagem final em uma última cópia xerox, o professor poderá sugerir que esta seja pintada (giz de cera, lápis de cor, hidrocor etc.) e afixada em sala de aula para a apreciação verbal e visual de todos os alunos.

4) Por meio do jogo dramático, o arte-educador poderá desenvolver com seus alunos atividades em grupo de forma descontraída e lúdica, para que haja uma interação entre obra e espectador.

A) Proposta em sala de aulaComo sugestão, apresentamos algumas propostas de questões que o professor poderá fazer para seus alunos.

B) Desenvolvimento da proposta em sala de aulaTodas as perguntas dirigidas que o arte-educador fizer a seus alunos deverão ter suas respostas registradas por escrito e, quando solicitados, também deverão respondê-las por meio de desenhos. Essa atividade tem como finalidade principal despertar o lado sensível e criativo de cada aluno. Em seguida, o professor poderá formar grupos de alunos que escreverão um diálogo baseado nas conclusões tiradas do exercício proposto.

C) Conclusão da propostaA conclusão desta atividade pode ser uma simples improvisação ou até a montagem de pequenas peças (a produção de texto terá o auxílio do professor de Português), com as crianças vestidas a caráter.

5) Professor: Ressalte a importância da pesquisa, da observação e do conhecimento para melhor desenvolver esta atividade.O professor de Ciências poderá estudar o ar com seus alunos e indicar como leitura complementar o livro Vôo, de Kim Taylor, Editora Moderna.

6) Em uma segunda etapa, o professor de História poderá ler o texto aos alunos.Além de estabelecer um paralelo entre duas épocas diferentes, poderá destacar a importância de Leonardo da Vinci como um homem sensível, de visão e com descobertas que em muito contribuíram para a formulação de conceitos científicos e a construção de máquinas que usamos até hoje.

7) Na disciplina Português, pode-se sugerir uma redação que comece assim: "Leonardo da Vinci nasceu em Vinci, pequena cidade italiana, em 1952..." e pedir para que os alunos continuem a história de um Leonardo artista, matemático, inventor e gênio do século XX.

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8) O professor de Arte-Educação deverá trabalhar com o lado artístico de Da Vinci e colaborar com as demais disciplinas na elaboração de desenhos, ilustrações e dramatizações.

Sugestão: Os filmes A rainha Margot, dirigido por Patrice Chéreau, ou Agonia e êxtase, dirigido por Carol Reed, poderão ser utilizados não só para mostrar o espírito da época, mas também como fonte de pesquisa sobre vestuário, cenário etc. para a elaboração de uma atividade teatral.

BIOGRAFIA

Intelectual e artista polivalente, Leonardo da Vinci (1452-1519) foi um típico sábio do Renascimento. De suas pinturas, tornaram-se célebres os quadros A Gioconda (Mona Lisa) e A Virgem dos rochedos e o afresco última Ceia, pintado no refeitório do Mosteiro Santa Maria das Graças, em Milão, na Itália.

Mestres das Artes - Pieter Bruegel Aqui você vai encontrar conteúdo e atividades para trabalhar em sala de aula utilizando os livros das Coleções Mestres das Artes, Mestres das Artes no Brasil e Mestres da Música no Brasil.

ATIVIDADES

DICA

1) Após a leitura do livro Pieter Bruegel, o arte-educador poderá começar a apreciação da obra Os ceifeiros. Trata-se de uma paisagem, gênero que teve início no século de Bruegel. Antes disso, na Idade Média, desprezava-se a retratação do ambiente e a temática das obras era a representação do céu e do inferno.

Leve o aluno a perceber o efeito de profundidade nessa obra, ao contemplá-la a partir de um ponto de vista que permita deslizar o olhar para além das colinas, das árvores, em direção ao céu.Esse efeito de profundidade foi obtido pela aplicação das cores. Em primeiro plano, surgem os tons de terra; em segundo, faixas em tons de verde e, ao fundo, mesclas de azul que fundem o céu e o mar.

A) Vivenciando a propostaO arte-educador poderá pedir que os alunos contemplem a paisagem das páginas 14 e 15. Em seguida deve tentar envolvê-los na atmosfera que ela transmite, por meio de uma conversa com a classe, fazendo-lhe algumas perguntas.

Para uma melhor compreensão das paisagens de Bruegel, peça aos alunos que encontrem, no livro, outras reproduções desse mesmo gênero e repita o exercício acima com eles.

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B) Desenvolvendo a propostaSugestão de materiais:papel canson (A4 ou A3)aquarelapincéispapel espelho ou revistascolatesoura

Peça aos alunos que pintem, na folha de papel canson, os três planos característicos das paisagens de Bruegel: cores de terra, no primeiro plano; tons de verde no plano intermediário; e tons de azul no infinito (céu/mar) reforçando a profundidade da perspectiva. Vale a pena ressaltar que Bruegel utilizava muito as linhas diagonais em suas composições.Em seguida, o professor deverá sugerir que os alunos completem a paisagem fazendo uma colagem. A dimensão das figuras deverá estar de acordo com a proporção de cada plano. Lembre aos alunos que, quanto mais distantes, menores serão as figuras.

C) Finalizando a propostaAo finalizar essa atividade em sala de aula, é aconselhável organizar a exposição dos trabalhos dos alunos, discutindo com eles os resultados obtidos e reforçando que "o homem deve viver em harmonia com a natureza; à semelhança dos animais e das plantas ele faz parte dela" (Hagen, 1995, p. 57).

2) Esta atividade terá como objetivo proporcionar ao aluno a experiência de conceituar, descrever, analisar, interpretar, interferir, imaginar e produzir a partir da análise de uma obra de arte.

A)Vivenciando a propostaO arte-educador poderá desenvolver esta atividade de maneira imaginativa, lúdica e prazerosa, pois a arte de Bruegel é comandada por um dinamismo realista, evidenciado pela composição das linhas com movimento e pela utilização de formas coloridas.A obra escolhida é Banquete nupcial. Pode-se começar com algumas perguntas.

B) Desenvolvendo a proposta

a) Etapa de sensibilizaçãoO professor poderá pedir aos alunos que expressem suas idéias, emoções e sensações após apreciarem a obra, escrevendo palavras-chave que as representem.

b) Etapa de descrição da obraPor meio da observação, o aluno deve assinalar se a obra contém:

(  ) Linhas   (  ) Luz  (  ) Ritmo(  ) Planos  (  ) Texturas (  ) Movimento(  ) Figuras (  ) Som (  ) Cores(  ) Sombras  (  ) Líquido  (  ) Manchas

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c) Etapa de análiseApós a observação e descrição da obra, faremos a análise de sua composição.Os alunos deverão assinalar, a respeito da obra em discussão, no caderno ou em uma folha previamente preparada pelo professor, os itens a seguir.

Linhas:

(  ) Curvas   (  ) Sinuosas  (  ) Sinuosas (  ) Retas   (  ) Quebradas (  )Horizontais(  ) Inclinadas   (  ) Verticais  (  )Contínuas(  ) Sobrepostas 

  (  ) Finas  

Cores:

(  ) Quentes  (  ) Cítricas  (  ) Opacas(  ) Frias (  ) Misturadas  (  ) Neutras(  ) Puras   (  ) Luminosas  (  )

Transparentes

Formas:(  ) Orgânicas    (  ) Geométricas

O professor deve organizar com a classe uma discussão sobre os resultados da análise.

C) Finalizando a propostaO arte-educador poderá pedir aos alunos que tragam fotografias, poesias, letras de músicas etc., que lembrem algum aspecto da pintura analisada, como festas, casamentos, noivas, reuniões, comidas etc.Caso deseje ampliar a atividade, poderá pedir-lhes que, divididos em grupos, representem com dança e música a pintura, Dança camponesa.

3) Bruegel expressava-se também por meio de figuras de um mundo onírico, de seres estranhos e demoníacos, que representavam suas mensagens secretas. A obra Dulle Griet ou Margarida, a louca, mostra a influência de seu antecessor, Bosch. O arte-educador poderá comparar os dois artistas e evidenciar a semelhança entre ambos. Também poderá mostrar os prenúncios da arte surrealista nesta pintura ao compará-la com algumas obras de Salvador Dalí, pintor surrealista do século XX.

A) Vivenciando a propostaO arte-educador poderá pedir aos alunos que comparem a figura central dessa obra com a mulher dos dias de hoje, fazendo uma releitura. Apropriando-se do imaginário de Bruegel, passarão, em seguida, a utilizar elementos de sua própria imaginação, criando mensagens secretas ou lembrando de algum de seus sonhos.

Sugestão de materiais:papel canson

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nanquim escolar de várias corespincelbico-de-pena

O aluno elaborará seu trabalho com nanquim colorido e poderá detalhá-lo com nanquim preto, utilizando a técnica do bico-de-pena.

B) Finalizando a propostaAo término da atividade, sugira aos alunos que troquem seus trabalhos e tentem identificar a mensagem secreta da imaginação ou do sonho dos colegas.

4) O arte-educador poderá sugerir aos alunos que façam uma pesquisa sobre pinturas de paisagem, mencionando as obras do artista Joachim Patenier (c.1480-1524) que faziam a ponte entre as obras de Bosch e de Bruegel.

Assim, o professor conduzirá seus alunos, de forma plena e lúdica, ao maravilhoso mundo da imaginação, pedindo que relatem a pesquisa por escrito, ou por meio de reproduções visuais, ou de uma pequena representação cênica. O objetivo maior é registrar as sensações obtidas por eles nesse estudo paisagístico.

5) Analisando a obra Jogos infantis, na qual há 84 brincadeiras, os alunos poderão, juntamente com o professor de Educação Física, resgatar brincadeiras e jogos infantis do passado.

6) Observando a obra Torre de Babel, o professor de História poderá apresentar não só relatos a respeito da cena retratada, mas também organizar uma discussão sobre as possíveis críticas embutidas por Bruegel nessa pintura.

O arte-educador, juntamente com o professor de História, após uma reflexão sobre os fatos históricos da época em questão e da apreciação da obra Torre de Babel poderá propor a divisão da classe em grupos para a construção de maquetes da torre.

7) O arte-educador poderá examinar junto com seus alunos a obra de Bruegel, desvendando com eles as figuras que têm ligação com os provérbios citados a seguir; o professor de Português poderá trabalhar os conceitos propondo aos alunos uma atividade escrita ou cênica.

"Chorando sobre o leite derramado." Figura na parte inferior direita da pintura, que tenta colocar dentro do balde, com uma colher, o leite derramado."Quem guarda tem." Figura de capa vermelha, à direita superior, em pé nos degraus, jogando moedas no rio (desperdício)."É preciso dois para fazer uma fofoca." Duas mulheres sentadas junto ao muro, fofocando. "Ser como São Tomé: ver para crer." Figuras próximas a um barraco, logo acima da mulher com o leite derramado. O homem que toca o rosto de Cristo lembra São Tomé."Amarrar o sino no pescoço do gato." Figura à esquerda, no meio do muro."A sorte está lançada." Figura à esquerda, apoiada na janela, ao alto, jogando cartas fora.

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Recomenda-se ao professor o filme O nome da rosa, que apresenta um panorama do controle da Igreja sobre a informação, bem como da tirania que ela exerceu e a Inquisição na Idade Média, fatores que influenciaram o surgimento da Reforma Protestante na época do Renascimento.

CONTEXTO HISTÓRICO

O século XVI foi um período muito conturbado para quem vivia nos Países Baixos (Holanda). A Espanha, radicalmente católica, dominava a Holanda, protestante, e sua meta era erradicar o protestantismo ali. O rei espanhol Felipe II enviou o duque de Alba, em 1567, para Flandres, com a incumbência de converter ao catolicismo todos os protestantes. O duque de Alba ficou famoso por sua enorme brutalidade. Sacrificou mais de 100 mil vidas em nome da perseguição aos "hereges", que representavam uma ameaça política.

Diante dessa situação ameaçadora, a obra de Bruegel tornou-se uma pintura de gênero, sem explicitar claramente de que lado estava. Muitos de seus quadros tinham como tema motivos da Bíblia católica, mas retratavam, na verdade, o momento político da época. Acredita-se que ele utilizava em suas pinturas uma linguagem codificada para não ser perseguido. É o que se observa, por exemplo, em Massacre dos inocentes. Nesta obra, Bruegel usou a narrativa bíblica sobre a matança de todos os recém-nascidos do sexo masculino, de Belém, executada por ordem do rei Herodes, para representar o duque de Alba (vestido de preto, sobre um cavalo, na parte central da pintura) comandando sua tropa de cavaleiros armados contra protestantes inocentes.

No século XVI, a arte flamenga tornou-se conhecida pela sua técnica requintada e por sua maneira própria de retratar a realidade, antes de aceitar as lições renascentistas da Itália, influenciando com seu estilo outros países europeus, como a Alemanha, a Inglaterra, a Espanha e os da Escandinávia. Bruegel conciliou o estilo gótico com o da renascença italiana dos Países Baixos por meio da interpretação científica da realidade. Retratava a cultura medieval ainda presente nas pequenas aldeias.

O conceito medieval de sofrimento e pecado perdeu sua força com o Renascimento. Redescobriu-se o ser humano não apenas por intermédio da pintura, valorizada pela perspectiva, mas também na exploração do mundo por sábios e cientistas, que visavam o sentido prático de suas novas necessidades. Na Holanda, Amsterdã consagrou-se como centro comercial da época, tornando-se um porto exportador de alimentos para toda a Europa. Na literatura, o holandês Erasmo de Roterdã escreveu Elogio à loucura (1511) e publicou provérbios célebres de autores latinos; Rabelais, na França, publicou Pantagruel (1564), contendo provérbios que refletiam os grandes acontecimentos do século XVI.

Houve significativos avanços nos conhecimentos geográficos. Em 1521, o português Fernão de Magalhães, a serviço do rei da Espanha, fez a primeira viagem de circunavegação pela Terra, provando que ela é redonda. Em 1570, foi publicado o primeiro atlas mundial pelo geógrafo Abraham Ortelius, amigo de Bruegel.

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Na botânica, em 1548, Pierre Coudenberg organizou um jardim para estudo de plantas exóticas, em Bruxelas.

Em 1560, o clero aboliu a proibição da dissecação de cadáveres e concedeu permissão à medicina para o estudo do corpo humano. Porém, o maior desafio da medicina foi o de tentar controlar os surtos de peste negra que dizimaram grande parte da população da Europa, do século XIV ao XVII. Essa epidemia foi retratada por Bruegel na pintura O triunfo da morte, de 1562.

CARACTERÍSTICA DA OBRA

Político? Contestador? Religioso? Cômico? Enigmático? Paisagista? Há dúvidas, porém Bruegel soube compreender, como poucos, a humanidade.

Realista e colorista, religioso e humanista, registrava com detalhes e com uma técnica precisa os acontecimentos de sua época.Produtor de composições dispersas. Tendência para utilização de linhas diagonais.Influenciado pelas miniaturas ou iluminuras (Livro das horas, do duque de Berri) e pelas tapeçaarias palacianas (cuja temática era a sociedade retratada em cenas de caçadas, danças, jogos e nos tipos populares, como, por exemplo, lenhadores).

Intérprete de provérbios e alegorias em que os personagens assumiam um cunho social e político mais que moral.

Paisagista, retratava a natureza - com seus rochedos abruptos, cenários românticos, vales no fundo de penhascos e regiões alpinas.

Melancólico; a ausência de sorriso em seus personagens é uma característica cada vez mais evidente e constante em suas últimas obras.

Cômico, ao representar a tradição popular, mais com deboche do que com denúncia social.

Considerado um maneirista, segundo Hauser, embora tivesse pouco em comum com eles. O que chama a atenção é sua visão de mundo dividida, sua abordagem pouco espontânea e natural da vida, como a dos maneiristas. Toda sua obra pode ser resumida em "como eu a vejo", o que exprime seu individualismo genuíno e único.

Mestres das Artes - Pablo Picasso Aqui você vai encontrar conteúdo e atividades para trabalhar em sala de aula utilizando os livros das Coleções Mestres das Artes, Mestres das Artes no Brasil e Mestres da Música no Brasil.

ATIVIDADES

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DICA

1) Pode-se começar o trabalho pela leitura de imagens do livro de Picasso, conseqüente análise e reflexão. O arte-educador levará o aluno a apreender o todo e dele extrair conteúdos e significados mediante o registro de suas conclusões comparativas entre as imagens, para melhor fixar as diversas fases da produção do artista.

A) Vivenciando a propostaO arte-educador pedirá a seus alunos que observem atenta e minuciosamente, durante 5 a 10 minutos, as obras O coroinha, 1896, e Menino vestido de marinheiro com rede para apanhar borboletas, 1938. Eles poderão, após esse tempo, estabelecer as diferenças das composições por escrito. O professor fornecerá um roteiro para que o aluno estabeleça um critério na apreciação das obras (datas, estilos, temas, volume, luz, organização do espaço, forma, cor), induzindo o aluno a concluir por que Picasso mudou tanto a maneira de se expressar. Peça que escrevam suas conclusões.

B) Desenvolvendo a propostaSugestão de material:papel cansonguachepincéis

Nessa etapa do trabalho, o professor já poderá estabelecer algumas comparações entre as duas imagens, tentando aproveitar ao máximo as conclusões de seus alunos, destacando as características de cada imagem. A primeira figura, O coroinha, é clássica, proporcional, usa a técnica do claro-escuro, luz e sombra, é objetiva etc. A outra, Menino vestido de marinheiro para apanhar borboletas mais moderna, desproporcional, plana, com jogo de cores e formas geométricas, é subjetiva. As duas são figurativas, as composições são equilibradas e harmônicas, sendo a figura humana o tema central. O professor deve trabalhar apenas com a composição, sem, nesse momento, mencionar as escolas artísticas a que pertencem. Após o registro dos alunos e a exposição do professor, os alunos selecionarão uma das imagens e escolherão uma das técnicas para fazer a inversão dos estilos, isto é, deixar a figura A com as características da B, ou vice-versa.

2) O professor poderá aplicar um dos segmentos do estudo das cores como, por exemplo, a analogia, associando a fase azul de Picasso à fase rosa. Além da teoria da cor, o arte-educador poderá sensibilizar os alunos com o estudo das cores quentes e frias e com a aplicação da monocromia.

Sugestão de materiais:papel canson ou papel Kraftlápis de cor aquarelado ou giz de ceracreative paper ou papel espelho (para colagem)

Por meio da análise visual e de reflexão sobre as imagens que representam, o arte-educador pedirá aos alunos que associem essas imagens com um fato que ele vivencia ou vivenciou no seu dia-a-dia, e que levem em consideração os aspectos políticos, sociais e emocionais.

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Questione os seus alunos sobre qual o momento de suas vidas que eles escolheriam para expressar em azul e qual o momento que representariam em rosa. Proponha a seus alunos que apresentem as suas idéias fazendo dois desenhos distintos, um para cada fase.

3) Este exercício terá como finalidade levar o aluno a vivenciar algumas etapas como conceituar, descrever, analisar, interpretar, interferir e produzir a partir da observação de uma obra de arte.

A obra escolhida para este exercício é Retrato de D. H. Kahnweiler, 1910, tela, 100 X 73 cm, Instituto de Arte de Chicago.

O professor deve retomar com seus alunos os conceitos de Cubismo e suas fases analítica e sintética. Dando continuidade ao diálogo estabelecido pelo autor no texto da página 19 do livro, convém o professor articular mais perguntas com o aluno.

A) Vivenciando a propostaO arte-educador deve procurar desenvolver esta atividade de maneira lúdica e prazerosa, pois a arte moderna é comandada por um dinamismo contagiante, e o movimento cubista, por doses de humor. O professor não pode esquecer que será sempre um fruidor e decodificador entre a obra de arte e o aluno. Ao envolvê-lo nas atividades relacionadas à arte, irá torná-lo apreciador e participante de uma aventura. Pode iniciar com as sugestões de perguntas.

B) Desenvolvimento da atividade práticaO arte-educador poderá colocar uma música de fundo para criar uma atmosfera mais envolvente. Sugerimos o Bolero, de Maurice Ravel, músico contemporâneo a Picasso.

a) Etapa de sensibilizaçãoNum primeiro momento, o professor poderá pedir aos alunos que anotem suas idéias, emoções e sensações após observação da obra.

b) Etapa de descriçãoPor meio da observação, o aluno responderá se a obra contém:

(  ) linhas (  ) ângulos (  ) letras (  ) cores (  ) formas (  ) número (  ) manchas (  ) planos (  ) vidro (  ) figuras (  )

movimentos (  ) papel

c) Etapa de análisePassado o processo de descrição, analisaremos a obra na sua estrutura linear. Ela é constituída por linhas:

(  ) retas (  ) horizontais (  ) intercaladas

(  ) contÃnuas (  ) verticais (  )

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interrompidas(  ) inclinadas (  ) curvas (  ) grossas (  ) sobrepostas

   

Questione o aluno:- se a composição apresenta alguma figura;- quais as figuras que podem ser identificadas, em caso afirmativo.

d) Etapa de interpretaçãoO aluno já sentiu, descreveu e analisou a obra. Para se fazer a interpretação, pode-se colocar na lousa algumas perguntas, para que ele escolha apenas uma, respondendo-a por escrito.

e) Etapa de interferênciaApós essas etapas, o aluno já terá condições de interferir na obra. Por meio de uma cópia xerox ou em papel de seda (ou similar), e escolhendo para trabalhar o material que desejar, o aluno será o criador, interferindo na obra pela ressonância de suas emoções e idéias que fruíram durante as etapas anteriores.

f) Etapa de finalizaçãoAproveitando as sensações e o envolvimento dos alunos com a pintura de Picasso, o arte-educador poderá propor-lhes a elaboração de um texto, um poema ou uma composição plástica permitindo que trabalhem suas emoções e sentimentos.

Sugestões de atividades:Fazer um desenho utilizando elementos visuais descobertos na obra analisada durante a atividade.Escrever um pequeno texto ou um poema sobre a obra ou sobre Picasso.Fazer uma composição plástica utilizando a colagem de vários materiais como letras, palavras, números etc.

4) PortuguêsO professor poderá, mesmo sem entrar em conceituações literárias, pedir a seus alunos que façam uma poesia "desenhada" com palavras. Também junto ao professor de artes, poderá propor atividades utilizando onomatopéias.

5) HistóriaO professor, ao introduzir o estudo do século XX, poderá aproveitar o cinema para caracterizar a velocidade com que as máquinas tomaram conta da vida do homem. Os filmes de Charles Chaplin, em sua personagem Carlitos, retratam muito bem o homem no início de nosso século. Sugere-se a série de filmes Carlitos volume 1, 2 ou 3.Também poderá haver um trabalho envolvendo Arte-Educação na análise do painel Guernica. Enquanto a disciplina História analisa a obra em seu aspecto político, a Arte-Educação analisará sua composição plástica.

BIOGRAFIA

Page 13: Atividades Mestres Das Artes

Pablo Picasso (1881-1973). Considerado o maior artista do século XX, este artista espanhol viveu e trabalhou na França. Sua forma de representar o mundo transcendeu a mente humana. Desenvolveu junto com Braquer a técnica de colagem. Foi o pai do cubismo. Sua obra influenciou artistas de todo o Ocidente.

Mestres das Artes - Salvador Dalí Aqui você vai encontrar conteúdo e atividades para trabalhar em sala de aula utilizando os livros das Coleções Mestres das Artes, Mestres das Artes no Brasil e Mestres da Música no Brasil.

ATIVIDADES

DICA

1) Após a leitura do livro Dalí, conte para seus alunos a seguinte história:

O cientista monstro

por Diléa Frate

Um grande cientista, craque em experiências genéticas, resolveu fazer experimentos com animais domésticos para vender a colecionadores. Depois de realizar alguns cruzamentos estranhos ele criou um gato que andava para trás, um coelho que tropeçava nas orelhas, uma tartaruga com duas cabeças e um cachorro com três olhos.

Esses animais eram vendidos a peso de ouro e logo o cientista ficou riquíssimo. Mas, apesar de sua riqueza e de seus conhecimentos científicos, ele tinha um problema: não podia dormir e sonhar porque logo apareciam em seus sonhos todos os monstros que ele havia criado, para devorá-lo. Um dia, depois de ter um sonho desses pela milésima vez, foi ao laboratório e destruiu todos os experimentos.

Voltou para a cama, dormiu, e os monstros apareceram em seu sonho dizendo: "Não adianta nos destruir assim, porque, como quase todos os monstros, nós existimos dentro de sua cabeça". O cientista então acordou, foi ao laboratório e criou uma cabeça completamente nova para si mesmo: tinha olhos de gato, nariz de cachorro, pele de tartaruga e orelhas de coelho. Depois, olhou-se no espelho e disse: "Eu sou um monstro". E nunca mais precisou dormir e sonhar como as pessoas normais.

O professor poderá, junto com seus alunos, extrair do texto elementos e características comuns à obra de Dalí.

A) Vivenciando a propostaPara despertar a imaginação de seus alunos, o arte-educador poderá pedir que eles ilustrem essa história inspirados pelo estilo de Dalí.

B) Desenvolvendo a propostaSugestão de materiais:Lápis HBLápis de corPapel sulfite ou canson A4

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Os alunos deverão fazer primeiro um esboço de sua composição e só depois aplicar cores nas figuras, não se esquecendo de trabalhar e colorir o fundo também.

C) Conclusão da atividadeO professor deverá expor todos os trabalhos dos alunos para a classe.

2) O arte-educador deverá pedir aos alunos que observem Metamorfose de Narciso, de Dalí e as obras Jardim dos deleites terrenos, de Hieronymus Bosch e Dulle Griet ou Margarida, a louca, de Pieter Bruegel.

A) Vivenciando a propostaO professor poderá propor um jogo. Os alunos devem ser divididos em grupos; cada grupo deve ter uma xerox colorida das obras anteriormente mencionadas de Dalí, Bosch e Bruegel. O professor poderá propor, a seu critério, as regras do jogo. O objetivo principal da atividade é que o aluno consiga descobrir o maior número de elementos comuns entre as três obras.

B) Desenvolvendo a propostaComo a idéia principal é desenvolver a percepção visual, as regras do jogo ficarão a critério do professor, que irá adaptá-las de acordo com a faixa etária dos alunos. Alguns componentes de análise da obra de arte deverão fazer parte deste exercício. Por exemplo, o professor poderá pedir que sejam estabelecidas relações quanto a cor, forma, linha, figuras, fundo.

C) ConclusãoDepois de acabado o jogo, o professor poderá fazer um levantamento das semelhanças encontradas nas obras dos três pintores e entrar num processo interpretativo das mensagens de cada obra.É importante ressaltar que tanto Bosch quanto Bruegel, respectivamente nos séculos XV e XVI, utilizaram o aspecto onírico como tema de sua arte, antecipando características do surrealismo.

3) O professor deverá pedir a seus alunos que façam uma pesquisa iconográfica (na internet ou em livros de Arte, História ou Literatura) de reproduções de artistas clássicos em quem Dalí se inspirava. A pesquisa poderá ser sobre imagens de esculturas da Antiguidade clássica greco-romana, obras de artistas renascentistas, como Rafael, Leonardo da Vinci e Michelangelo, ou barrocas, como as de Velásquez e Vermeer; e românticas, como as de Goya.

A) Vivenciando a PropostaO professor poderá explicar aos seus alunos a definição do termo "clássico", ou "acadêmico", dentro da etimologia artística, usando as reproduções pesquisadas como exemplos. Lembrar aos alunos que as imagens trazidas deverão vir acompanhadas de informações dos artistas: seu nome, ano em que nasceu e morreu e título da obra.

B) Desenvolvendo a propostaO professor poderá conduzir essa atividade por meio de algumas perguntas.

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C) Exercício de conclusãoO professor deverá dividir a classe em grupos e sugerir a montagem de um painel surrealista com colagens sobre papel kraft ou cartolina feitas com cópias xerox (em preto-e-branco) das imagens trazidas pelos alunos. Depois de resolvida esteticamente a composição, os alunos poderão pintar com aquarela sobre a xerox (para não descaracterizar a imagem) e acrescentar novos elementos que tornem o trabalho surrealista.

4) Exercício de interpretação do "método crítico-paranóico", baseado na obra Mercado de escravos e busto

de Voltaire.

5) Auto-retrato mole com bacon frito e A persistência da memória, Dalí pinta auto-retrato que podem ser identificados pelo bigode e pelo nariz. O primeiro encontra-se apoiado por muletas e o outro repousando no solo. Em Auto-retrato mole com bacon frito Dalí representa a fragilidade humana sustentada por muletas e as formigas como a deterioração da humanidade. Já em A persistência da memória ele compara seus relógios moles com o queijo camembert ao escrever: "... os famosos relógios moles são meramente o camembert crítico-paranóico, macio, louco e solitário do tempo e do espaço". Há outras interpretações; uma delas diz serem os relógios moles uma crítica à "pressa" do povo norte-americano, que é escravo do tempo. O relógio, instrumento extremamente rígido e mecânico, ao ser mostrado como algo mole, quebra o mito da rigidez do tempo, que se torna tão mole quanto um queijo camembert.

A) Vivenciando a propostaO professor poderá explicar a seus alunos o que é um auto-retrato e sugerir um exercício em que eles possam passar essas obras para o tridimensional, imaginando uma nova composição em que apareça a releitura das duas em um único trabalho.

B) Desenvolvendo a propostaPara executar a atividade em três dimensões o professor poderá sugerir aos alunos o recurso plástico de modelagem com massa de biscuit.

Massa de biscuit para moldar

500 g de maisena1 copo (de requeijão) de água150 g de polvilho doce3 colheres de sopa de formol750 g de cola branca de rótulo azul3 colheres de sopa de glicerina

Misturar tudo em uma panela e levar ao fogo brando, mexendo com uma colher de pau até que a massa desgrude do fundo.Deixar amornar a massa e misturá-la até que fique homogênea, lisa. Antes de manusear a massa, aplique nas mãos um creme sem silicone.A massa pode ser previamente tingida com anilina em pó comestível, ou, depois do trabalho pronto e seco, pintada com tinta plástica ou acrílica.

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A) ConclusãoCada aluno deverá relatar sua experiência no decorrer da atividade. Posteriormente, poderá tentar definir o conceito de bidimensional e tridimensional.

BIOGRAFIA

Salvador Dalí é um dos artistas mais conhecidos do século XX. Nasceu, em 1904, na cidade catalã de Figueres e aí morreu, em 1989. Foi um autêntico showman, e seu rosto moreno, com os olhos espantados e os longos bigodes levantados nas pontas, tornou-se uma espécie de ícone da irreverente arte de vanguarda do século XX.

A partir de 1927 aproximou-se cada vez mais do Surrealismo, tendo desenvolvido um método a que chamou "crítico-paranóico", que envolvia várias formas subjetivas de associações de idéias e imagens. Ainda que suas imagens fossem fantásticas, eram sempre pintadas com uma incrível técnica acadêmica e precisão fotográfica.

Dedicou-se a várias atividades profissionais, mas destacou-se, sem dúvida, como pintor, tendo deixado algumas obras que já se incorporaram ao imaginário da cultura ocidental, como, por exemplo, a pequena tela intitulada A persistência da memória.

CONTEXTO HISTÓRICO

"O sonho... é um transporte para além da lógica e do raciocínio, onde realizamos todas as nossas tendências e cessam os motivos utilitários que

regem nossa conduta na vida consciente." (Cavalcanti, 1975, p. 177)

As primeiras décadas do século XX foram marcadas pela crise do capitalismo e pelo nascimento das democracias de massa. O homem viveu a guerra e começou a questionar os valores do seu tempo. A Primeira Guerra Mundial (de 1914 a 1918) gerou instabilidade no sistema político, social e filosófico. Em 1917, a Revolução Russa levou, pela primeira vez, a classe operária ao poder. A classe dominante capitalista sentiu-se ameaçada pelo comunismo e pelas idéias de Karl Marx. Em 1929, o crash da Bolsa de Nova Iorque foi um dos prenúncios da Segunda Grande Mundial (1939 a 1945). O curto período entre as duas guerras ficou conhecido como "anos loucos", caracterizados por um estilo frenético de vida provocado pela incerteza de paz gerada pela Primeira Guerra. Eles produziram radicais alterações na forma de analisar a realidade e de representá-la artisticamente.

A arte do século XX passou por várias transformações atravessando verdadeiras polêmicas e escândalos. Após os movimentos de vanguarda da primeira década, as manifestações artísticas se proliferaram e, dentre as que

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surgiram nos anos 20, como o futurismo e o dadaísmo, estava o surrealismo. As correntes de vanguarda anteciparam os acontecimentos captando e antecipando o futuro. Daí serem muitas vezes incompreendidas.

Todos esses movimentos tinham em comum: a proposta de desorganizar a cultura, em especial a arte produzida até então; a integração entre as diversas artes, como a escultura, pintura, música, arquitetura e literatura; a deformação proposital e sistemática da realidade. Apesar da proposta radical para criar uma arte totalmente nova, os vanguardistas nem sempre deixaram de se inspirar em estilos anteriores. Havia uma valorização do ilogismo e da subjetividade.

Em 1924, o poeta francês André Breton lançou o Manifesto

surrealista. Na pintura teve Salvador Dalí, Marx Ernest, René Magritte, André Masson, Juan Miró, Jean Harp como alguns de seus principais representantes, com obras que expressavam mundos de sonhos e alucinações, sem preocupação com coerência, significado, adequação etc. Os surrealistas queriam criar uma arte livre da razão, em que o artista, ao criar, estivesse sonhando acordado.

Todos os conceitos defendidos pelo surrealismo levaram vários de seus membros a ter ligações com o comunismo e a comungar com as idéias marxistas. Para alcançar uma nova realidade acreditavam ser necessária uma transformação radical da sociedade que pusesse fim ao modo de produção capitalista e à estrutura de classes sociais.

Salvador Dalí foi o artista surrealista mais famoso do século XX. Além de exibicionista, Dalí gerava controvérsias por causa de sua maneira exótica e excêntrica de ser. Um artista extremamente versátil que, além de pintor, escultor, ilustrador, designer de jóias e cenógrafo, foi estilista de moda, escritor (Faces Ocultas - 1944) e diretor de cinema, junto com Luis Buñel (Um cão andaluz - 1929; Idade do ouro - 1930). Salvador Dalí, embora tendo transitado sucessivamente pela arte cubista, futurista e pela pintura metafísica, integrou-se ao movimento surrealista em 1929, estilo que a partir de então adotou para o resto de sua vida.

O surrealismo foi um movimento artístico de grande aceitação tanto popular quanto da crítica, provavelmente por sua anarquia extravagante e pela sensação de estranheza obsessiva que provocava. A cultura de massa transformou o surrealismo

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em moda. As tendências desse movimento artístico retornam de tempos em tempos. Atualmente as idéias surrealistas são aplicadas em anúncios de propaganda das produções em vídeo.

MOVIMENTO ARTÍSTICO

Surrealismo

- Valorização do mistério: as relações da arte com a realidade estavam vinculadas às descobertas de Freud a respeito do inconsciente e aos estudos da psicanálise sobre o mecanismo dos sonhos com o propósito de atingir uma outra realidade.

- Automatismo psíquico: ilogismo, devaneio, sonho, loucura, hipnose, humor negro, imagens violentas, impacto inusitado. A imaginação deixando fluir imagens incongruentes e provocantes sem se preocupar com a ordem lógica.

- Arte como veículo de conhecimento irracional e inconsciente.

- Divisão da pintura em duas tendências estéticas: a figurativa e a abstrata.

Mestres das Artes - Vincent Van Gogh Aqui você vai encontrar conteúdo e atividades para trabalhar em sala de aula utilizando os livros das Coleções Mestres das Artes, Mestres das Artes no Brasil e Mestres da Música no Brasil.

ATIVIDADES

DICAS

1) Após a leitura do livro Van Gogh, o arte-educador deverá entrar no campo da reflexão abordando o conteúdo do livro e explorando os sentimentos nele sugeridos.

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A) Introduzindo a atividadeO arte-educador deverá envolver seus alunos quanto às características de Van Gogh e de como elas se apresentam em suas telas, sensibilizando em especial os sentimentos evocados pelo artista na manipulação das cores.Sugerimos o vídeo Sonhos, de Akira Kurosawa, uma coletânea de histórias dentre as quais o episódio Corvos é destinado a Van Gogh colocando à vista dos espectadores o percurso de um homem indo em busca de si mesmo, por meio da magia das cores e de suas pinceladas atormentadas.

a) Emoção/sentimentoO arte-educador poderá iniciar essa etapa da atividade questionando seus alunos.

O professor poderá pedir a seus alunos que façam um relato das obras em ordem crescente quanto à velocidade e intensidade das pinceladas, comparando-as com os sentimentos nelas expressados.O arte-educador poderá pedir um relato quanto ao grau de luminosidade conquistado por Van Gogh e conseqüente deformação da imagem.

b) Cor/expressão"... procuro com o vermelho e verde exprimir as mais terríveis paixões humanas." (Van Gogh,

Cartas a Theo)

Ao estudar Van Gogh, o aluno terá maior rendimento se conhecer o estudo das cores, pois o pintor tornou-se um colorista singular, apaixonado a princípio pelas tonalidades sombrias, e por fim conquistando sua verdade profunda por meio do seu mundo subjetivamente colorido.

O professor poderá escrever na lousa as seguintes palavras: tristeza, alegria, luminosidade, luz, fantasia, dúvida, dinamismo, paixão, sofrimento, desânimo, pobreza, calor, tranqüilidade, brilho, sobriedade, medo, infinito etc. e depois pedir a seus alunos que associem as palavras aos sentimentos e sensações contidos nos títulos das obras abaixo:

Os comedores de batata, NuenunDuas mulheres na turfaCasa de fazenda na Provença, ArlesNoite estreladaOs ciprestesOliveiras

O professor poderá trabalhar com seus alunos a emoção que as cores representam e sua influência em nosso psiquismo.Após completar o exercício de associação, o arte-educador deverá estabelecer os conceitos de cores primárias e secundárias para que, utilizando o círculo cromático, conceitue cores complementares. Poderá também conceituar cores quentes e frias.

B) Concluindo a atividade em sala de aula

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Sugestão de material:papel canson A4 ou A3guachepincéis

O professor sugerirá aos alunos que façam um círculo e pedirá que cada um relate a sua experiência durante o desenvolvimento da atividade. Um dos alunos fará uma releitura da obra que mais tocou suas emoções.

2) Van Gogh, além de colorista, trabalhou com linha, perspectiva, deformação, equilíbrio, sempre em função de expressar os seus sentimentos. Em 1888, nota-se em seus trabalhos uma forte influência da arte japonesa.

O arte-educador poderá desenvolver com seus alunos princípios de representação plástica, como: traçado, cores, desenhos, volume e expressão na arte japonesa. Em um segundo momento, o arte-educador conduzirá o aluno a associar os itens acima quanto à expressividade de Van Gogh (textura, tonalidades, anatomia, perspectiva, deformação).

a) Vivenciando a proposta em sala de aulaO arte-educador poderá propor a seus alunos que se dividam em grupos. Cada grupo trará para a aula uma pintura japonesa e escolherá do livro Van Gogh uma pintura de influência japonesa (1888). Em seguida, o professor poderá induzi-los a observar e analisar as obras quanto a:

traçado (textura, linhas);cores (cores sombrias, cores quentes, cores frias);desenho (anatômico, figurativo);volume (perspectiva);expressão (deformação).

b) Produção da atividade em sala de aulaSugestão de material:papel Kraftgiz de cera ou guache

O arte-educador poderá pedir para os alunos que façam uma composição em que empregarão os mesmos elementos expressivos que Van Gogh utilizou nessa fase.

3) O professor poderá pedir a seus alunos que façam um paralelo entre as obras Trigal com corvos (1890) e Café à noite (1888), levando em conta seu lado sentimental e a análise das obras. Após a reflexão sobre Van Gogh e seus sentimentos, o arte-educador poderá estabelecer comparações entre as semelhanças de cor e divisão do espaço e a diferença dos significados.

O arte-educador poderá solicitar que seus alunos façam uma interferência em uma das obras analisadas, alterando seu significado contornando as formas com linhas cheias e

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preenchendo os espaços com cores chapadas. O professor deverá estabelecer com seus alunos que o uso de técnicas diferentes influencia no significado da obra.

Sugestão: Deixamos em aberto, a critério do professor, uma atividade de releitura de Van Gogh. Não faremos sugestões transdisciplinares por ser Van Gogh um artista totalmente voltado para seu mundo absoluto, não dando conta das transformações do final do século.Leitura para referência do professor: Van Gogh, Cartas a Theo.

BIOGRAFIA

Vincent Van Gogh. Filho de um pastor protestante, ele seguiu a carreira do pai até optar definitivamente pela pintura, dedicando-se a ela com o mesmo fervor que dedicara à pregação religiosa. Na arte, foi sobretudo um autodidata, mas absorveu as férteis lições do Impressionismo durante os dois anos que viveu em Paris. Morou também em Arles, no sul da França, onde pintou paisagens, naturezas-mortas e retratos que se tornaram seus trabalhos mais famosos.

Em todos assinava simplesmente "Vincent". A vida para Van Gogh foi uma sombria e desesperada luta contra a pobreza, a fome, o alcoolismo e a loucura. Sua tentativa e fundar uma colônia de artistas, junto com Paul Gauguin, terminou em desastrosa experiência de automutilação, quando cortou parte de sua orelha esquerda. Embora sempre apoiado pelo irmão Theo, encerrou sua agonia com um tiro no peito.

MOVIMENTO ARTÍSTICO

Expressionismo

Movimento artístico do final do século XIX, do qual Van Gogh foi o precursor e Edvard Munch o principal expoente; visou expressar as emoções íntimas do artista, usando a distorção violenta das imagens e o exagero da cor forte.

CONTEXTO HISTÓRICO

Van Gogh representou a reação ao movimento impressionista. Juntamente com Cézanne e Gauguin formou o grupo de pintores pós-impressionistas que veio, no século XX, influenciar os movimentos expressionista, cubista e fauvista.

Do ponto de vista histórico, temos uma Europa politicamente palpitante com a expansão da Revolução Industrial que já atingira a Bélgica, a França, a Itália, a Alemanha, a Suécia e a Áustria. A França cessa as importações e cria uma política protecionista estimulando a exportação. A Alemanha e a Itália concluem o seu processo de unificação e a Rússia adere ao sistema industrial. Na América apenas os Estados Unidos entram na Revolução Industrial superando a Inglaterra e a Alemanha. Na Ásia a industrialização abrange o Japão

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que sai de uma economia feudal para o mundo moderno com a Revolução Meiji, em 1868, assimilando a técnica ocidental e explorando a mão-de-obra por meio de baixos salários.

A multiplicação das estradas de ferro em 1870 acelera o desenvolvimento dos transportes e o conseqüente aumento do consumo. Com a abertura do canal de Suez e a invenção da hélice, aumenta a velocidade das navegações marítimas.

As nações européias passam a identificar o poderio de um país por seu desenvolvimento industrial. Como conseqüência da industrialização, a população cresce e intensificam-se os movimentos migratórios. No final do século XIX, o capitalismo industrial entra em colapso: é a chamada Grande Depressão, levando ao fortalecimento das empresas pela centralização e concentração de capital. Inicia-se uma nova fase do capitalismo, a fase monopolista ou financeira, que se desdobra na exportação de capitais e no processo de colonização da África e da Ásia.

A produção artística de Van Gogh coincide com o período da Grande Depressão européia (1873-1896). Van Gogh convive com uma sociedade apoiada em duas classes sociais: os capitalistas, que viviam de lucros, e uma classe média em crise. Apesar de o final do século ser conhecido pelo intenso progresso científico e tecnológico, não se conseguia esconder a profunda crise que atingiu o continente europeu. Na última década do século registram-se falências de banqueiros e fechamento de fábricas.

Surgem os partidos socialistas que pregavam o fim do capitalismo atraindo as classes operárias. O materialismo, que havia prometido felicidade para todos, é questionado. Começam a emergir novos valores compartilhados por Van Gogh não de uma maneira consciente - pois ele é alheio ao mundo ao seu redor -, mas inconsciente. Sua obra denotava a preocupação com os problemas sociais, a melancolia, as emoções expressas pelas cores intensas e puras, a rebeldia ao aprendizado tradicional, o instinto de obedecer aos seus próprios impulsos: sua maneira de retratar a realidade tal qual a sentia e não como a via. Van Gogh, por meio de sua obra, expunha todo o seu universo interior. Seu trabalho, hoje de grande valor para a humanidade, abriu caminho para a arte moderna exercendo influência direta no movimento expressionista.

CARACTERÍSTICAS DA OBRA

Foi academista, impressionista até desenvolver sua técnica original, que influenciaria o expressionismo.

Usou a cor como expressão, dominando-a e fundindo-a em pequenas manchas isoladas de superfícies coloridas.

Por meio de sua obra, traduziu sensações, expressou seus sentimentos e suas reações afetivas traduzindo-os em valores simbólicos.

Deformou o desenho, a anatomia, a cor e a perspectiva linear para melhor satisfazer a expressão de seus sentimentos.

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Contornou os objetos com linhas interiores sacrificando o plenarismo dos impressionistas.

Usou as aparências visuais da realidade como um modo de expressar as suas realidades interiores que eram paradoxais, impulsivas e afetivas.

Sua intensidade de sentimentos é observada não apenas pela expressiva deformação, mas também por suas pinceladas curtas, nervosas, contínuas e impulsivas.

Fases vangoghianas

1ª fase:holandesa (1880) Influência de Rembrandt; problemas sociais retratados; uso de tons sombrios e terrosos e de fortes contrastes de claro-escuro.

2ª fase: parisiense (1881) Conflitos pessoais; impressionista; clareou as cores e até foi pontilhista.

3ª fase:colorista em Arles (1888) Abandona o Impressionismo, sem no entanto abandonar a luminosidade comandada pelas cores e a influência da pintura japonesa.

4ª fase: final em Anvers (1890) Intercalando crises nervosas, internações e tratamentos médicos, pinta em três meses 80 telas. Suas cores são mais intensas e retorcidas.

"Em lugar de repetir com exatidão o que tenho diante dos olhos, sirvo-me arbitrariamente da cor para exprimir-me com intensidade.Mas deixemos isso de lado, porque vou dar-lhe um exemplo do que desejo fazer. Quero pintar o retrato de um amigo artista, que trabalha como o rouxinol canta, pois assim é a sua natureza. Esse amigo é louro. Desejaria pôr no retrato minha admiração e meu afeto por ele. Para começar o desenharia tal e qual, tão fielmente como pudesse. Mas o retrato não estaria terminado. Para concluir, serei agora um colorista arbitrário. Exagero o louro da cabeleira, chego aos tons alaranjados, aos cromos, ao limão pálido. Atrás da cabeça, em lugar de pintar o muro banal do mesquinho apartamento, pinto o infinito, fazendo um fundo simples do mais rico e mais intenso azul que possa conseguir e, por essa simples combinação, a cabeça loura e iluminada sobre esse fundo de azul rico, obtenho misterioso efeito como o da estrela no céu profundo."(Carta de Van Gogh a Theo, apud Cavalcanti: 1975, p. 109.)