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    Literatura PortuguesaGuia de Auto - Estudo

    Aula 02Almeida Garret

    Prof. Luiz Camilo Lafalce

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    DisciplinaLiteratura Portuguesa

    Aula 02 - Almeida Garrett

    I - HABILIDADES A DESENVOLVER1- Ler e compreender texto verbal (modalidade escrita)

    2- Analisar e interpretar texto literrio: gnero lrico e dramtico

    3- Estabelecer relaes interdiscursivas

    II APLICAO

    O conhecimento de Almeida Garrett undamental para compreendermos o processo

    de transormao por que passou a literatura portuguesa no sculo XIX. parte isso, o

    trabalho visa tambm desenvolver a competncia lingstica do aluno.

    Alm disso, contedo que o graduando deve conhecer, pois dever ministrar aulas

    sobre o Romantismo portugus, caso exera atividades no ensino mdio.

    III O ASSUNTO EM SIA poesia de Garrett

    Na aula anterior, apresentei a voc o autor que introduziu o Romantismo em Portugal,

    no ano de 1825, com a publicao do livro de poemas Cames. o nosso Almeida

    Garrett. Voltemos leitura do poema Barca bela para um estudo mais minucioso:

    Barca bela

    Pescador da barca bela,

    Onde vs pescar com ela,

    Que to bela,

    pescador ?

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    No vs que a ltima estrelaNo cu nublado se vela?

    Colhe a vela,

    pescador!

    Deita o lano com cautela,

    Que a sereia canta bela ...

    Mas cautela,

    pescador !

    No se enrede a rede nela,

    Que perdido remo e vela

    S de v-la,

    pescador!

    Pescador da barca bela,

    Inda tempo, oge dela,

    Foge dela,

    pescador !

    Antes de azer alguns comentrios analticos acerca do poema, quero esclarecer uma

    coisa: intencionalmente, vou evitar explicitaes mais pormenorizadas, para que

    voc tenha a oportunidade de pesquisar por si mesmo. Por exemplo, arei reerncia a

    algumas modalidades poticas, como o soneto, a ode, bem como a traos estilsticos

    prprios da poesia, como aliterao e assonncia. Se para voc essas categorias no

    esto claras, pesquise um pouco a respeito. J indico, de antemo, dois livros que o

    ajudaro: do Pro. Massaud Moiss, o Dicionrio de termos literrios. E da Proa. Norma

    Goldstein, Versos, sons, ritmos. Da mesma orma, deixarei a voc a tarea de atribuir

    sentidos a algumas metoras do texto. Mas no passe por cima das dvidas: anote-as,

    procure esclarec-las.

    Vamos ento ao estudo:

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    1. Observe que um texto de cil leitura, se levarmos em conta o seu lxico

    (vocabulrio) e sua sintaxe (estrutura da rase).

    2. H uma voz (do eu lrico) que se dirige ao pescador a m de alert-lo acerca do

    perigo que representa a sereia.

    3. A prpria natureza d indcios do perigo iminente: a ltima estrela se esconde, o

    cu est nublado.

    4. Do ponto de vista ormal, destacam-se alguns aspectos:a) so cinco estroes, com quatro versos cada uma (sendo que o quarto

    verso corresponde ao rero ( pescador!);

    b) uma modalidade potica de orma livre, no segue um padro clssico,

    como, por exemplo, o soneto, a ode, a gloga etc.;

    c) os versos so redondilhos ( o heptasslabo, tambm conhecido como

    redondilha maior);

    d) o esquema rmico regular: rimas paralelas (AAA);

    e) h um jogo de combinaes sonoras, evidente no s nas repeties de

    palavras, como nas aliteraes e assonncias: No se enrede a rede nela,/ Que

    perdido remo e vela;

    5) Do ponto de vista das imagens do poema, aguram-se como nucleares a do pescador

    , a do mare a da sereia. Na linguagem potica, so metoras, palavras tomadas em

    sentido simblico. Pense a respeito: que sentidos, na tradio literria e nesse

    poema, a imagem da sereia potencializa? E a dopescador? E a do mar?

    O teatro de Garrett

    Almeida Garrett tambm autor de uma singular obra teatral: Frei Lus de Sousa. O

    enredo tem como ncleo a histria do casal Manuel de Sousa e Madalena de Vilhena

    que, no incio da pea (incio do sculo XVII), j esto casados h 14 anos, e tm uma

    lha, a menina Maria de Noronha. Ficamos sabendo, logo no primeiro ato, que, depois

    da Batalha de Alccer Quibir (em 1579), Madalena, casada em primeiras npcias com

    D.Joo de Portugal, empenhou-se em procurar o paradeiro de seu marido desaparecido

    na reerida luta. Sem sucesso, passa a consider-lo morto e, assim, resolve casar-se com

    Manuel. Entretanto, paira uma dvida no ar alimentada, em parte, pelo aio Telmo

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    : estaria de ato morto D. Joo de Portugal, o primeiro marido de Madalena? Seucasamento com Manuel de Sousa legtimo?

    * * *

    Embora o autor seja reconhecidamente o introdutor do Romantismo em Portugal,

    preciso dizer que Garrett ainda conservou traos de uma ormao esttica clssica, ato

    que se maniesta, por exemplo, na estrutura tpica da tragdia que a pea incorpora.

    O enredo organiza-se segundo regras do teatro grego, respeitando, relativamente verdade, os elementos estruturais tpicos do teatro trgico. Temos, por exemplo, a

    hybris (o pecado da desmedida, isto , a atitude transgressora, o desao ao destino),

    que desencadeia a sucesso de atos at um ponto mximo (o clmax), a anagnrise (o

    reconhecimento), o pathos (sorimento) e a catstroe nal. parte esses elementos

    constitutivos, nota-se tambm que Garrett procurou aproximar-se da lei das trs

    unidades do teatro clssico: a unidade de tempo (a ao transcorre em mais ou

    menos uma semana), a unidade de espao (cidade de Almada) e a unidade de ao (a

    concentrao de episdios representados cenicamente).

    * * *

    Leia um excerto do primeiro ato da pea. um trecho importante, que traz a conversa

    de Madalena e Telmo. Ela relembra o quanto procurou pelo seu primeiro marido, antes

    de casar-se com Manuel:

    Madalena [...] Sabeis como chorei a sua perda, como respeitei a sua memria, como

    durante sete anos, incrdula a tantas provas e testemunhos de sua morte, o fz procurar por

    essas costas de Berberia, por todas as sjanas de Fez e Marrocos, por todos quantos aduares

    de Alarves a houve... Cabedais e valimentos, tudo se empregou; gastaram-se grossas

    quantias; os embaixadores de Portugal e Castela tiveram ordens apertadas de o buscar

    por toda a parte; aos padres da Redeno, a quanto religioso ou mercador podia penetrar

    naquelas terras, a todos se encomendava o seguir a pista do mais leve indcio que pudesse

    desmentir, pr em dvida ao menos, aquela notcia que logo viera com as primeiras novas

    da batalha de Alccer. Tudo oi intil; e a ningum mais fcou resto de dvida ...

    Telmo Seno a mim.

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    IV ATIVIDADE, ORIENTAO E FONTESSobre o poema Barca bela

    Agora voc dar continuidade ao estudo do poema de Garrett. Refita sobre as

    seguintes questes, procurando justicar sua resposta com uma argumentao

    coerente.

    1. correto dizer que essa composio valoriza a musicalidade do texto? Que

    recursos estilsticos contribuem para produzir esse eeito musical ?

    2. A musicalidade trao especco de toda poesia. Entretanto, em alguns

    momentos da histria literria ela mais ou menos valorizada. Eeitos musicais

    so mais explorados na Idade Mdia ou na Renascena ? Justique.

    3. A que tradio, portanto, se liga o poema de Garrett, do ponto de vista

    ormal?

    4. Que elementos do poema permitem dizer que a sereia representa

    simbolicamente a mulher atal? Qual o sentido simblico que assumem as

    imagens do pescador, da barca, do mar ?

    5. Qual o sentido metarico dos versos No se enrede a rede nela,/ Que perdido

    remo e vela ?

    Obs.: aproveite para pesquisar o conceito das seguintes guras de linguagem:metora, metonmia, anttese, paradoxo. So guras de linguagem muito

    utilizadas na linguagem potica.

    6. No Romantismo, os autores, de um modo geral, valorizam muito a vida

    passional, isto , a vida amorosa, os sentimentos em geral. Costuma-se dizer

    que o romntico sobrepe a emoo razo: a vida s ter sentido se as paixes

    oram vivenciadas intensamente. a lgica do corao que prevalece. O poema

    Barca bela conrma essa tese? Justique.

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    Sobre a pea Frei Lus de Sousa

    Leia a pea completa e, depois, aa uma refexo sobre as questes seguintes:

    1. A crtica arma que o autor segue os princpios da tragdia clssica, mas segue-

    os relativamente. Por que relativamente ? At que ponto a lei das trs unidades

    respeitada? At que ponto transgredida ?

    2. Madalena realmente desafou o destino, cometeu o pecado da hybris ?

    3. A pea tem undamentos histricos? Que atos podem ser considerados

    verdadeiros?

    Indicaes bibliogrficas

    Suas refexes podem e devem estar ancoradas em base terica dedigna. Por

    isso, consulte a seguinte bibliograa:

    Para anlise e interpretao de poemas:

    CANDIDO, Antonio. O estudo analtico do poema. So Paulo: Humanitas

    Publicaes-FFLCH. (H edies mais atuais)

    GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. So Paulo: tica.

    Para consultas gerais, rotineiras:

    MOISS, Massaud. Dicionrio de termos literrios. So Paulo:Cultrix.

    Para a obra de Garrett:

    MOISS, Massaud.A literatura portuguesa. So Paulo: Cultrix.

    MOISS, Massaud. A literatura portuguesa atravs dos textos. So Paulo:

    Cultrix.

    SARAIVA, J.A. ; LOPES, scar. Histria da literatura portuguesa. So Paulo:

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    Martins Fontes. VECHI, Carlos A. A literatura portuguesa em perspectiva. V.3. So Paulo:

    Atlas.

    Para a pea Frei Lus de Sousa

    Alm das obras de histria da literatura indicadas acima, interessante

    que voc leia o ensaio introdutrio de J. Tomaz Ferreira, que est

    na edio Frei Lus de Sousa, de Almeida Garrett, da editora Europa-Amrica.

    Sites interessantes:

    www. alarrbio.di.uminho.pt/vercial

    pelo Google, voc pode buscar Frei Lus de Sousa e acessar, na pgina

    2, o site O texto dramtico Frei Lus de Sousa. H um exerccio de

    reviso interessante.

    V REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    CANDIDO, Antonio.O estudo analtico do poema.So Paulo: Humanitas Publicaes-

    FFLCH.

    FERREIRA, J.Tomaz.Almeida Garrett O Homem e a sua Obra. In: GARRETT, Almeida.

    Frei Lus de Sousa. Europa-Amrica.

    GARRETT, Almeida. Frei Lus de Sousa. Europa-Amrica.

    GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. So Paulo: tica.

    MOISS, Massaud. Dicionrio de termos literrios. So Paulo:Cultrix.

    MOISS, Massaud.A literatura portuguesa atravs dos textos. So Paulo: Cultrix.

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    MOISS, Massaud.A literatura portuguesa. So Paulo: Cultrix.

    SARAIVA, J.A. ; LOPES, scar. Histria da literatura portuguesa. So Paulo: Martins

    Fontes.

    VECHI, Carlos A.A literatura portuguesa em perspectiva. V.3. So Paulo: Atlas.